visualizar o trabalho

Propaganda
TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE TRIPANOCIDA IN VIVO DA (-)-HINOQUININA, OBTIDA PELA
OXIDAÇÃO CATALÍTICA DE (-)-CUBEBINA
CATEGORIA: EM ANDAMENTO
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE
SUBÁREA: FARMÁCIA
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA
AUTOR(ES): ANA JÚLIA GERON
ORIENTADOR(ES): MÁRCIO LUÍS ANDRADE E SILVA
COLABORADOR(ES): ANA HELENA JANUÁRIO, GUILHERME VENÂNCIO SÍMARO, KAREN C. S.
REZENDE, PATRICIA M. PAULETTI, VIVIANE R. ESPERANDIM, WILSON ROBERTO CUNHA
Avaliação da Atividade tripanocida in vivo da (-)-hinoquinina, obtida pela oxidação
catalítica de (-)-cubebina
Resumo
A doença de Chagas é uma Doença Tropical Negligenciada causada pelo protozoário
Trypanosoma cruzi. Durante os últimos anos, a doença tem recebido crescente atenção
como um problema emergente na América do Norte e Europa, devido a migrações
internacionais provenientes de áreas endêmicas para áreas não-endêmicas. Estima-se
que 8 a 10 milhões de pessoas estão infectadas em todo o mundo, principalmente na
América Latina, onde a doença é endêmica. Atualmente os medicamentos disponíveis,
como Benzonidazol e Nifurtimox, demandam um tratamento prolongado, precisam de
acompanhamento cuidadoso e possuem um risco substancial de efeitos adversos.
Publicações recentes revelaram inúmeras atividades biológicas atribuídas à lignana
dibenzilbutirolactônica (-)-cubebina (1), obtida a partir de Piper cubeba. Estudos citam
sua otimização estrutural, a fim de se obter derivados com maior potencial
farmacológico, baixos custo e baixa toxicidade. Dessa forma, considerando os
resultados promissores apresentados pela (-)-hinoquinina (2) contra o parasita T. cruzi,
esta lignana poderia ser considerado como um composto líder para o desenvolvimento
de novos fármacos para o tratamento. Além disso, é importante salientar que diferentes
ensaios in vivo, em diversos protocolos terapêuticos, devem ser desenvolvidos de modo
a obter uma melhor eficácia para as formas intracelulares do parasita. O objetivo deste
estudo foi avaliar a atividade tripanocida in vivo de (2), A atividade biológica in vivo
contra formas promastigotas de Trypanosoma cruzi foi avaliada e (2) mostrou atividade
tripanocida significativa. Pode-se observar que (2) foi capaz de diminuir o número de
parasitas não apenas no pico parasitêmico, mas em todo o ciclo de infecção, com
resultados mais significativos, a uma concentração de 20 mg/kg. Conclui-se, a partir dos
resultados, que a (-)-hinoquinina (2), um promissor candidato à fármaco para o
tratamento da doença de Chagas.
Introdução
A lignana dibenzilbutirolactólica (-)-cubebina (1) (Figura 1) vem despertando
grande interesse nos pesquisadores de diversas áreas, por apresentar várias atividades
biológicas, como a atividade antimicrobiana (MacRae & Towers, 1984), analgésica,
antiinflamatória (Da Silva Filho et. al., 2004; Souza et. al., 2004) e antiparasitárias,
principalmente às atividades esquistossomicida (PI 0503951-7, Processo Fapesp
04/08784-1), tripanocida (Souza et. al., 2005; Da Silva Filho et. al., 2004) e
leishmanicida (Barata et. al., 2000).
OH
O
O
O
Figura 1. Estrutura química da (-)-cubebina
O
(-)-cubebina 1
O
Apesar das políticas preventivas e do progressivo controle sanitário, a doença de
Chagas ou tripanossomíase americana ainda é uma patologia potencialmente fatal,
atualmente reconhecida pela OMS como uma das 13 doenças tropicais mais
negligenciadas do mundo (WHO, 2014). Foi descoberta em 1909, pelo médico
brasileiro Carlos Chagas, que foi quem primeiro descreveu a doença clinicamente, que
tem como agente etiológico o protozoário Trypanosoma cruzi, porém somente a partir
da década de 60 que a patologia foi considerada um grave problema de saúde no Brasil.
Os únicos medicamentos com eficácia comprovada para o tratamento da doença
de Chagas, desde a década de 60 e 70, são o Benzonidazol (Rochagan ®, Roche) e
Nifurtimox (Lampit ®, Bayer). Se administrados logo após o inicio da infecção, na fase
aguda, apresentam 80% de eficácia na cura da doença. A terapêutica atual na forma
farmacêutica de comprimido de liberação imediata requer administração de várias doses
diárias durante um longo período, cerca de 60 a 90 dias, o que dificulta a adesão do
paciente. Além disso a eficácia do tratamento diminui à medida que se aumenta o tempo
de infecção, devido ao acesso ilimitado aos amastigotas intracelulares, ocasionando
altos níveis de concentração plasmática, alta toxicidade e efeitos colaterais severos
como depressão da medula óssea, trombocitopenia e agranulocitose, hiporexia, náuseas,
vômitos, alergia cutânea e neuropatia periférica (Barrett et. al., 2003; WHO, 2013).
Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar a atividade tripanocida in vivo de (2) (Figura
2), um produto natural, sobre as formas amastigotas de da cepa Y de T. cruzi.
O
O
O
Figura 2. Estrutura química da
O
O
(-)-hinoquinina 2
lignana (-)-hinoquinina.
O
Materiais e Métodos
Ensaio tripanocida sobre a forma amastigota intracelular
Visando avaliar a efetividade do composto obtido através da oxidação catalítica
da (-)-cubebina, foram realizados testes sobre a forma amastigota intracelular de
Trypanosoma cruzi.
Grupos experimentais e avaliação da parasitemia
Para a realização dos ensaios in vivo foram utilizados 25 camundongos albinos,
machos, linhagem BALB/C, pesando aproximadamente 25g cada, que foram divididos
em cinco grupos, onde foi efetuada a análise da atividade da (-)-hinoquinina, de acordo
com o descrito abaixo:
Grupos: Grupo I - controle negativo – 5 animais foram inoculados com 1 x 106
parasitas e tratados com o solvente utilizado na preparação das soluções (DMSO 5%)
durante 20 dias, para a avaliação do comportamento parasitêmico; Grupo II - controle
positivo – 5 animais foram inoculados com 1 x 106 parasitas e tratados com
Benzonidazol com a dosagem correspondente de 10 mg/kg de peso corpóreo durante 20
dias, para a avaliação do comportamento parasitêmico; Grupo III - tratamento - após
48h da inoculação intraperitoneal dos parasitas (1 x 106 parasitas), 5 animais foram
tratados com a substância em estudo na concentração de 5 mg/kg durante 20 dias, para a
avaliação do comportamento parasitêmico; Grupo IV - tratamento - após 48h da
inoculação intraperitoneal dos parasitas (1 x 106 parasitas), 5 animais foram tratados
com a substância em estudo na concentração de 10 mg/kg durante 20 dias, para a
avaliação do comportamento parasitêmico; Grupo V - tratamento - após 48h da
inoculação intraperitoneal dos parasitas (1 x 106 parasitas), 5 animais foram tratados
com a substância em estudo na concentração de 20 mg/kg durante 20 dias, para a
avaliação do comportamento parasitêmico.
Todos os animais foram mantidos nas mesmas condições, em sala com
temperatura e luminosidade controlada, recebendo água e ração ad libitum.
Foram avaliados o tempo de sobrevida e parasitemia dos animais tratados. As
curvas parasitêmicas foram realizadas por meio da coleta de 5µL de sangue da cauda de
cada animal em experimentação, de dois em dois dias, sendo o número de parasitas
quantificado de acordo com a técnica descrita por Brener (1962).
Resultados e discussão
A avaliação da atividade tripanocida in vivo da (-)-hinoquinina foi realizada com
o objetivo de mensurar seu potencial sob as formas tripomastigotas de T. cruzi em uma
diferente margem de concentração (5, 10 e 20 mg/kg/dia) em relação aos dados já
relatados na literatura (Souza et al., 2005).
A parasitemia foi monitorada do 2º ao 20º dia após a infecção. Foram colhidos
5μl de sangue da cauda dos animais, e colocados entre lâmina e lamínula. Foi realizada
leitura de 50 campos em microscópio óptico, com objetiva de 40X, ocular de 10X e
fator de correção 106. A parasitemia foi determinada segundo Brener (1962) e
corresponde ao número de parasitos visualizados em 50 campos, multiplicado pelo fator
de correção do microscópio (número de tripomastigotas x 103/5μl de sangue).
Na Figura 3 estão representados os valores da parasitemia realizada em camundongos
Balb/c, machos, pesando em torno de 20 gramas e infectados com 1x106 formas
tripomastigotas pertencentes à cepa Y de T. cruzi.
Figura 3. Comportamento parasitêmico de animais infectados com 1x10 6 formas
tripomastigotas da cepa Y de Trypanosoma cruzi e tratados diariamente por via
intraperitoneal com (-)-hinoquinina nas concentrações de 5 mg/kg, 10 mg/kg e 20mg/kg
durante 20 dias. Controle positivo (Benzonidazol) e controle negativo animais tratados com
solução de DMSO 5%.
Conclusão
Os ensaios antiparasitários in vivo na doença de Chagas foram realizados e a
análise dos resultados obtidos mostrou que a lignana (-)-hinoquinina pode ser
considerada como um promissor produto natural bioativo, o que estimula a realização
de estudos posteriores.
Referências
BARATA, L.E.S.; SANTOS, L.S.; FERRI, P.H.; PHILLIPSON, J.D.; PAINE, A.;
CROFT, S.L. Phytochemistry, v. 55, p. 589–595, 2000.
BARRETT R, BURCHMORE AS, LAZZARI J, FRASCH A, CAZZULO J, KRISHNA
S. Lancet. v.362, p. 1469-1480, 2003.
BRENER, Z. Therapeutic activity and criterion of cure on mice experimentally infected with
Trypanosoma cruzi. Rev.Inst. Med. trop. v. 4, p. 389-396, 1962.
DA SILVA FILHO, A. A., ALBUQUERQUE, S., SILVA, M. L. A., TOMAZELA, D.
M., EBERLIN, M. N., BASTOS, J. K.; Journal of Natural Products, v. 67, p. 42-45,
2004. (a)
DA SILVA FILHO, A. A., SILVA, M. L. A., CARVALHO, J. C. T., BASTOS, J. K.;
Journal of Pharmacy and Pharmacolology, v. 56, n. 9, p. 1179-1184, 2004. (b)
MacRAE, W.D. & TOWERS, G.H.N. Phytochemistry, 23, 6, 1207-1220, 1984.
SOUZA, G. H. B.; DA SILVA FILHO, A. A.; DE SOUZA, V. A.; PEREIRA, A. C.;
ROYO, V. DE A.; SILVA, M. L. A.; DA SILVA, R.; DONATE, P. M.; CARVALHO,
J. C. T.; BASTOS, J. K. II Farmaco. v. 59, n. 1, p. 55-61, 2004.
SOUZA, V. A.; SILVA, R.; PEREIRA, A. C.; ROYO, V. DE A.; SARAIVA, J.;
MONTANHEIRO, M.; SOUZA, G. H. B.; DA SILVA FILHO, A. A.; GRANDO, M.
D.; DONATE, P. M.; BASTOS, J. K.; ALBUQUERQUE, S.; SILVA, M. L. A.
Bioorganic and Medicinal Chemistry Letters, v. 15, p. 303-307, 2005.
WHO. World Health Organization, Chagas Disease. Fact Sheet, 340. Geneva, 2014.
WHO. World Health Organization. Tropical Disease Research (TDR). Programa
Especial De Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais. Geneva, 2013.
Download