Revista - Federação Brasileira de Hospitais

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Ano 1 | Edição 2 - Agosto 2012 | Trimestral
MALA DIRETA
POSTAL
991 22 58 683 DDR/MG
MMS
CORREIOS
DEVOLUÇÃO
GARANTIDA
CORREIOS
IMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT
Tecnologia de ponta ajuda
recuperar visão
Farmácias
informatizadas
chegam
a hospitais
Saúde tem a
maior carga
tributária da
economia
Lei cheque-caução
não define quem
paga a conta do
atendimento
LEIA MAIS | ENTEVISTA | NOTÍCIAS DO SETOR | GESTÃO E TECNOLOGIA
Palavra do presidente
O SISTEMA DE SÁUDE NO BRASIL
Lei que torna crime a exigência de cheque-caução nas emergências de hospitais
particulares deixa brechas e não define quem paga a conta pelo atendimento.
PRECISA DE CUIDADOS
A FBH HÁ MAIS DE 40 ANOS
VEM CUMPRINDO ESTE PAPEL PARA A
MELHORIA DE QUALIDADE DA SAÚDE NO BRASIL.
A presidente da República, Dilma
Rousseff, sancionou a Lei nº
12.653/12, que torna crime exigir
cheque-caução, nota promissória ou
o preenchimento prévio de formulários administrativos como
condição para atendimento médico
de emergência em hospitais particulares.
É preciso esclarecer que nem todo
caso é uma emergência com risco de
vida iminente. O médico deve estar
muito atento a esta questão, além de
reavaliar suas responsabilidades e
competências quanto a sua atuação
em serviços de traumas, uma vez
que a lei vem frontalmente na direção de sua conduta.
A exigência de cheque-caução já era
considerada irregular pela Agência
Nacional de Saúde Suplementar
(ANS) e por órgãos de defesa do
consumidor. A mudança no Código
Penal, no entanto, passa a considerar a prática criminosa, com a
c r i ação do artigo 135-A, que
caracteriza crime condicionar o
atendimento médico-hospitalar
emergencial a qualquer garantia.
Um dos casos que motivaram a iniciativa do governo federal para criação da lei foi a morte do então
secretário de Recursos Humanos do
Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, ocorrida em janeiro de
2012, depois de dois hospitais particulares de Brasília terem recusado
atendimento a ele. Com sintomas de
infarto, o servidor, de 56 anos, não
foi atendido porque estava sem talão
de cheques para oferecer a caução.
Ao receber socorro, no terceiro hospital, seu quadro já era irreversível.
Quem exigir cheque-caução poderá
ser punido com detenção de três
meses a um ano e multa. A pena
poderá ser dobrada se o paciente
sofrer lesão corporal grave e até
triplicada, se o paciente morrer
devido à falta de atendimento.
A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) participou de todo o
processo de tramitação da lei e,
embora não tenha sido sancionada
na extensão do que foi discutido, a
FBH orienta que a determinação
seja cumprida e que um trabalho
multidisciplinar intenso, junto às
emergências, seja realizado.
No entanto, fica o questionamento
sobre o pagamento das despesas hospitalares. Sem dúvida, o atendimento ao paciente em estado de
emergência é de suma importância,
Luiz Aramicy Pinto -Presidente
da Federação Brasileira de Hospitais
porém as instituições de saúde particulares devem ter a garantia de
que o pagamento será efetuado.
A lei é omissa porque não esclarece
o ente responsável pelo atendimento, o que abre precedente para
que o Projeto de Lei nº 125, que
tramita no Senado, de autoria do
senador Cyro Miranda, ganhe
força de complementação de lei
para definir os procedimentos e
condutas administrativas e financeiras para a nova regra de atendimentos emergenciais.
De acordo com o texto do projeto,
o prestador de serviço privado de
assistência à saúde deve ser ressarcido das despesas decorrentes do
atendimento pela operadora do
plano privado de assistência à
saúde do qual o paciente seja beneficiário. Caso o paciente não esteja vinculado a nenhum plano de
saúde, a responsabilidade pelo
pagamento deverá ser do Sistema
Único de Saúde, através de regras
específicas.
A partir de agora, os estabelecimentos de saúde com serviço de
emergência ficam obrigados, também, a exibir, em lugar visível, a informação: “Constitui crime a
exigência de cheque-caução, de
nota promissória ou de qualquer
garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
administrativos como condição para
o atendimento médico-hospitalar
emergencial”.
A nova regra evita, sob todos os aspectos, a omissão de socorro e beneficia a população. Porém, é preciso
esclarecer ao cidadão, o que configura atendimento de emergência e
de urgência e suas implicações.
3
Editorial
Não é novidade para ninguém a revolução
que a tecnologia fez na medicina. O que era
considerado ficção científica há tempos, hoje
é a mais pura verdade nas unidades de saúde.
É impossível não ser surpreendido com todo
este universo high tech disponível para curas,
tratamentos e diagnósticos. São equipamentos
com alta precisão de imagem, radiações eletromagnéticas, próteses de fibra óptica, fibra
de carbono, chips, implantes digitais, dentre
tantos outros recursos. Soluções que trazem a
qualidade de volta à vida das pessoas.
Exemplo desta diversidade de recursos sofisticados da área médica é visto na “Feira Hospitalar”, considerada a maior exposição da America
Latina do setor. A feira, realizada todos os anos
em São Paulo, apresenta aos visitantes uma infinidade de empresas que expõem o que existe
de mais moderno e revolucionário em produtos e serviços médico-hospitalares. Dentro
deste universo é possível ter uma noção de
como os recursos digitais estarão cada vez mais
aliados à medicina.
Nossa matéria de capa traz um pouco deste fantástico mundo biônico da saúde, especificamente
na oftalmologia e na oncologia. Nesta edição, procuramos conhecer melhor sobre uma recente pesquisa desenvolvida na Alemanha e na Inglaterra
para implante de microchip no globo ocular de
pacientes com retinose pigmentar, uma doença
hereditária que compromete a retina e leva à cegueira. Trata-se de um implante que vai permitir
aos portadores recuperarem parcialmente a visão
perdida com a retinose. Os estudos do microchip
chegam ao Brasil ainda este ano e beneficiarão outras pesquisas afins da oftalmologia.
que atendem a pacientes nas recepções dos
hospitais estão, na maioria das vezes, mal-humorados e despreparados para receber um
doente? Pensando nisso, fomos saber como
os gestores investem neste setor que, normalmente, é alvo de muitas reclamações. Surpreendemo-nos ao conhecer o professor
Minoru Ueda, especializado no assunto, que
nos deu uma aula sobre como funciona o
treinamento integrado comportamental, uma
qualificação que prepara funcionários para
atender a pacientes no primeiro contato burocrático das recepções hospitalares. Descobrimos alguns centros médicos com equipes
treinadas sob o foco da empatia e da boa comunicação, que, de acordo com Ueda, são
trabalhadas a partir de uma equação aparentemente simples: Competência Emocional +
Qualidade no Atendimento = Qualidade de
Vida. Eis aí uma postura muito bem-vinda
para ser difundida a todos os que trabalham
com enfermos e debilitados nos hospitais!
Outro universo que contempla requintes
tecnológicos para a cura são os elaborados
equipamentos da radioterapia. Os raios eletromagnéticos deste tratamento são capazes
de destruir tumores e evitar o reaparecimento de células cancerosas. Com alto grau
de complexidade, os aceleradores lineares
são aparelhos complementares para o tratamento de câncer.
A revista Visão Hospitalar também quis saber
sobre uma área que quase não se comenta,
mas é de vital importância dentro do hospital:
a farmácia. E, como não poderia deixar de ser,
na era dos comandos eletrônicos, este setor
abriu-se para uma metodologia moderna e
eficiente para armazenar e distribuir medicamentos. O controle digital de receitas médicas
e de remédios traz menos riscos de erros na
aplicação de medicamentos aos pacientes.
Da farmácia digital, acompanhamos a trajetória de higiene de todo o enxoval hospitalar, composto por lençóis, fronhas, roupas
cirúrgicas dos médicos, das internações e do
centro cirúrgico. Percebemos que as lavanderias dos hospitais estão perdendo espaço
e alguns gestores já consideram terceirizar a
assepsia do enxoval como uma das soluções
de economia e praticidade. Encontramos
empresas especializadas que obedecem a rigorosas exigências da ANVISA para esterilizar as roupas contaminadas.
Nesta segunda edição, também vamos abordar a polêmica lei do cheque-caução, sancionada recentemente pela presidenta
Dilma Rousseff e que deixou lacunas e incertezas para população e gestores da saúde.
Temos, ainda, notícias do setor hospitalar e
as participações especiais dos nossos competentes colunistas que, com seus esclarecimentos e avaliações, abordam os mais variados
assuntos que interessam a todos nós!
Boa leitura!
Ana Lúcia Barata | Editora-chefe
Você já observou como muitos profissionais
6
10
Pesquisa inédita recupera visão parcial
de portadores de retinose pigmentar
Hospitais investem em
treinamento humanizado
16
Entrevista com Vera Lúcia Fonseca
sobre parto humanizado
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Cartão Nacional de Saúde unifica
base de dados de pacientes do SUS
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Darcio Perondi apóia as redes
sociais em defesa da saúde
Lei proíbe cheque-caução em
hospitais particulares
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24
Ortopedista Marcus Montenegro
ressalta cuidados de lesões durante
as corridas
Radioterapia e os avanços
tecnológicos para o tratamento
do câncer
EXPEDIENTE
MEMBROS DA DIRETORIA | FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPITAIS | FBH
Presidente:
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Secretário-Geral:
Eduardo de Oliveira
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Diretor Tesoureiro:
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Diretor de Atividades
Culturais:
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Antônio Dib Tajra
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PRODUÇÃO | REVISTA VISÃO HOSPITALAR | SANTAFÉ IDEIAS E COMUNICAÇÃO
Diretor Executivo
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4
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Ana Lúcia Barata - 3324/DF
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Subeditor
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Tiragem
5mil
Trimestral
Publicação
Federação Brasileira de
Hospitais - FBH
Federação Brasileira de Hospitais - FBH - SRTVS Qd. 701 – Conj. E Nº 130 - Bloco 03 - 5º andar - Ed. Palácio do Rádio Asa Sul - Brasília /DF - CEP: 70340-901 - Tel: (61) 3322-3330 - E-mail: [email protected]
34
40
Redução nos custos e segurança
levam a terceirização de
lavanderias hospitalares
Joao Eloi Olenike aponta alta
carga tributaria do setor de saúde
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50
Visão Jurídica do advogado
Dagoberto Lima sobre o
ressarciamento ao SUS
Tecnologia Biomédica da
Alemanha
SERVIÇO HOSPITALAR
Funcionários de recepções
hospitalares são treinados
em atendimento humanizado
Equilíbrio psicológico e processo de cura de
doentes começam no primeiro contato com o hospital
Renata Guimarães
Para o professor da Fundação
Instituto de Administração de
São Paulo (FIA-USP) e especia-
6
Arquivo Pessoal
Recepção hospitalar: espera e ansiedade antes do atendimento médico
Todo o universo de dores e doenças leva, necessariamente, à
busca de auxílio médico. Algumas pessoas, mesmo muito debilitadas, procuram assistência
apenas na última hora, quando a
situação chega ao limite. Outras
preferem não adiar tanto e buscam socorro imediato para o alívio de suas dores. Mas, ao chegar
a um ambiente hospitalar, o candidato a paciente, abatido, se depara com a recepção hospitalar,
que normalmente trata da burocracia do atendimento e do encaminhamento aos procedimentos
médicos necessários. E, neste
momento, é muito comum ouvir
pessoas reclamando da indiferença e despreparo destes funcionários no trato com os pacientes.
Professor Minoru Ueda
é especialista em
atendimento humanizado
lista em atendimento humanizado, Minoru Ueda, o processo
de cura do paciente é iniciado
no primeiro contato com o hospital. O especialista acredita
que, para que o hospital seja um
modelo de sucesso, é necessário
que haja treinamento focado em
todas as áreas, desde o pessoal
do estacionamento até o da manutenção. “A chave para um
bom atendimento está na humanização que o colaborador da
instituição precisa ter para pas-
sar esse sentimento ao paciente
e todos aqueles que o acompanham na ida ao hospital.”
Muitas instituições já seguem o
preceito de ter um atendimento
humanizado, com mais atenção e
cordialidade com quem entra no
ambiente hospitalar como uma
meta a ser cumprida. Dessa
forma, é organizado um setor
com um ou mais profissionais capacitados para chefiar essa área e
coordenar tanto o quadro de funcionários da recepção quanto
todos os funcionários do hospital.
Segundo a coordenadora de
atendimento, Maria da Glória
Gomes, do Hospital Anchieta,
localizado em Taguatinga, Distrito Federal, todos os colaboradores de um hospital devem
saber, antes de qualquer informação, que o motivo que leva o
paciente a buscar o médico está
normalmente ligado à dor e à
angústia, e que o paciente já
chega ao ambiente hospitalar
psicologicamente abalado. Por
isso, todos os colaboradores
devem ter a noção de que aquele
é um território delicado. Os profissionais que atuam nos hospitais devem lidar com os
elementos burocráticos e negligentes, que devem ser combatidos a todo o momento, para que
a passagem do paciente pelo
hospital seja feita da melhor
forma possível.
Ueda afirma que, para ter um
atendimento bem sucedido, é
necessário seguir uma simples
fórmula: Competência Emocional + Qualidade no Atendimento
= Qualidade de Vida. E, para que
esse resultado seja possível, é
necessário um denominador que
ele chama de “comunicação”.
O professor cita o pensador
Sigmund Freud ao dizer que
o elemento da cura está na
comunicação. “Este é o único
veículo para conceber a alteridade. Sendo assim, a cura dos
pacientes também depende do
nível de comunicabilidade dos
funcionários do hospital. No
momento em que a visão de
paciente como inimigo for eliminada, teremos pessoas abertas a sentir, com as outras, os
momentos de dificuldades.
A equipe de uma instituição
hospitalar deve criar uma zona
de sensação em que se coloquem no lugar dos pacientes e
percebam que são feitos da
mesma substância, sem divisão
de áreas”, enfatiza Ueda.
Seguindo esses preceitos, Maria da
Glória Gomes relata que os funcionários do Hospital Anchieta
que trabalham especificamente na
recepção de pacientes recebem
treinamento intensivo para lidar
com todos os casos de urgência,
emergência, marcação de consultas, entre outros, para melhor
atender o paciente nessa primeira
visita. Mas o aperfeiçoamento do
atendimento não para por aí.
“Todos os colaboradores do Hospital Anchieta, trimestralmente,
recebem atualização sobre os
processos que envolvem o atendimento desde a receptividade
dos pacientes, sendo observadas,
a todo momento, as condições físicas e psicológicas dos pacientes
e acompanhantes para prestar
um atendimento digno,
atencioso e respeitoso”, assinala.
7
SERVIÇO HOSPITALAR
Para a realização desses treinamentos, Ueda aconselha fazer
um trabalho de reflexão a fim de
despertar várias qualidades nos
trabalhadores. “Nós não conseguimos oferecer para o outro
aquilo que não temos internamente. Então, temos de focar no
indivíduo, que é qualquer colaborador do hospital, um olhar
para que ele possa fazer a entrega
de acolhimento, uma humanização
junto ao paciente. Assim, a humanização acontece a partir do momento em que despertamos isso
dentro do colaborador”, reitera.
Segundo Maria da Glória, “é necessário que todos os colaboradores compreendam, especialmente
para os casos de urgência e emergência, que a atenção e a observação são fundamentais para
identificação dos riscos e necessidade de atendimento mais ágil
nos casos de maior gravidade.
Além disso, contamos com profissionais que circulam na recepção, na espera e observam o
atendimento médico e de enfermagem até a alta do paciente.
Esses profissionais observam e
identificam as necessidades de
intervenção para agilizar o processo. Contamos, também, com
um sistema que possibilita ao
gerente monitorar a fila de espera e tomar ações para agilizar
o atendimento.”
Para atuação no setor de emergência, Maria da Glória relata
que, além das competências técnicas e habilitações requeridas
para o cargo, o profissional deve
apresentar atitudes compatíveis
com a atividade a ser desenvolvida, além de ter equilíbrio emocional, ser prestativo, atento,
cortês, ter espírito de equipe,
entre outros. Inicialmente, os colaboradores que atuam na emergência passam por um período de
integração na instituição para ter
contato com a cultura, com as
normas internas da instituição e
alinhamento às políticas de qualidade, à missão, visão e valores institucionais. Além disso, recebem
capacitação teórica e prática nas
atividades a serem desenvolvidas.
Ueda relata que há alguns anos,
na década de 80, até o início da
década de 90, os gestores de
hospitais discutiam que o atendimento nos hospitais só melhoraria se houvesse investimento
em tecnologia. “Contudo, o segredo para operar esses equipamentos estava e está nas pessoas,
que fazem essa interface entre o
equipamento e os pacientes.” Segundo ele, esses gestores, atualmente, observam que não existe
apenas o adquirir o equipamento
X ou Y, mas investir também nas
pessoas que lá se encontram por
dois motivos: primeiro porque o
indivíduo interage não somente
com a máquina, mas com o ser
humano. E, segundo, porque desenvolver esse profissional é,
SE VOCÊ
ACREDITA,
VOCÊ CONFIA.
ACREDITE!
também, uma forma de segurar
esse talento na instituição.
O professor reforça ainda que o
melhor modelo de atendimento é
aquele em que acontece um treinamento integrado envolvendo
todas as áreas em um só momento, para que todos os colaboradores pratiquem a comunicação
entre si, trabalhando não somente
os componentes técnicos, mas os
comportamentais. “Não pode
acontecer um apartheid dentro do
hospital, não é somente o pessoal
da enfermaria, da manutenção, da
recepção, pois são todos uma
equipe, essa divisão acaba afetando o paciente e, consequentemente, cria um cartão de visita
negativo para a instituição”, diz.
A ONA - Organização Nacional de
Acreditação, há 13 anos, contribui para o
aprimoramento da qualidade da assistência à
saúde, através do desenvolvimento e
evolução de um sistema de avaliação e
certificação da qualidade, a Acreditação.
Acredite, você só tem a ganhar!
“Os conhecimentos e as competências técnicas representam uma
chave que abre a porta do profissional dentro da organização.
Contudo a sua manutenção
ocorre a partir do momento que
ele possui competência comportamental e emocional desenvolvida, de maneira que ele possa se
autoconhecer para desenvolver
o conhecimento técnico, desenvolver a empatia, colocando-se
no lugar dos outros colaboradores e do paciente, desenvolver o
autocontrole, a paciência, principalmente exercitando a musculatura que está ligada à
comunicação, pois é um ser
humano atendendo outro ser
humano”, finaliza Ueda.
ONA, acreditando na melhoria da Saúde no Brasil
8
9
9
W W W . O N A . O R G . B R
9
Materia de Capa
Brasil participa de pesquisa inédita
para recuperar visão parcial de
portadores de doença ocular rara
O esquema mostra o
a localização do
chip depois
de implantado
Universidade de São Paulo será a primeira no país a dar continuidade à
pesquisa européia para implantar microchip em pacientes com retinose pigmentar
Claudia Carpo
Estudo com microchips implantados no globo ocular de pacientes
que perderam a visão em função
de uma doença genética que destrói células da retina, conhecida
como retinose pigmentar, será
realizado no Brasil. A pesquisa,
inédita no país, será conduzida por
oftalmologistas da Universidade
de São Paulo de Ribeirão Preto
(USP) e dará continuidade a estudos já realizados na Alemanha e
em Londres. O início das pesquisas
na USP de Ribeirão Preto está previsto para dezembro de 2012,
assim que a Comissão Nacional de
Ética em Pesquisa (Conep) der o
aval para o início dos testes com
brasileiros. Ao total, serão cinco
implantes em pacientes com diagnóstico de retinose pigmentar e
que estejam completamente cegos.
Depois da fase de testes, caso tudo
ocorra como o previsto, a Retina
Implant AG, empresa que fabrica o
chip e que financia a pesquisa, vai
10
solicitar a aprovação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) para comercialização do
produto. Só depois, o chip poderá
entrar no mercado. A pesquisa será
coordenada pelo oftalmologista e
professor da Universidade André
Messias, que participou das experiências na Alemanha. O oftalmologista Rodrigo Jorge, cirurgião de
retina e professor da USP, será responsável pela realização dos implantes. “O produto só poderá ser
comercializado quando os resultados das pesquisas forem totalmente satisfatórios. Até que
tenhamos a certeza de que os
chips implantados nos pacientes
irão funcionar, até que possamos
prescrevê-lo como sendo uma solução eficaz”, explica Messias.
A retinose pigmentar é um grupo
de doenças genéticas que se manifestam no olho, de forma muito parecida, agrupadas em um único
nome. “Essas doenças fazem um de-
pósito de pontos pretos na retina,
por isso que se chama retinose pigmentar. Quando as células perdem
a função, ocorre uma cicatrização
na retina, que gera pigmentos”, explica o oftalmologista do Hospital
Oftalmológico de Brasília Sérgio
Kniggenorf, especialista em retina.
Aos poucos, ocorre distrofia das
células da retina que captam a luz:
os cones e os bastonetes. Os cones
são responsáveis pela captação das
cores e ficam mais concentrados
no centro da retina; os bastonetes,
responsáveis pela visão noturna,
criam imagens em preto e branco
e localizam-se na periferia da retina. A retinose pigmentar evolui
gradativamente, destruindo primeiro os bastonetes e depois os
cones, da periferia para o centro
da retina. Por isso, os primeiros
sintomas da doença são a dificuldade de enxergar à noite e a perda
da visão periférica.
Foi o que aconteceu com Aurélio
Aguiar de Sousa. O jovem lavrador
de 29 anos, morador de Pastos
Bons, no Maranhão, descobriu
neste ano que era portador de retinose pigmentar. Ele relata que os
primeiros sintomas começaram
ainda na infância: “Sentia que não
enxergava muito bem à noite”,
conta. No início, Aurélio não se incomodava. Agora, após progressão
da doença, relata que a visão também fica embaçada durante o dia.
Kniggenorf explica que, em
geral, os primeiros sintomas
aparecem ao final da infância,
quando se começa a perceber dificuldade para enxergar à noite.
“O pré-adolescente não se queixa,
na maioria das vezes, pois não
sente nenhuma dor. Enxerga
menos à noite, mas pode achar que
é normal para todo mundo”,
e x plica o oftalmologista. Na
adolescência, o paciente começa a
perder campo de visão, por conta
da degeneração dos bastonetes.
“É um jovem que, com muita faci-
“A doença vai progredindo, não existem
casos de perda de
visão repentina. Como
não é uma doença
aguda e não causa
dor, às vezes não se
percebem os sintomas”
lidade bate nas mesas, nas portas,
porque vai perdendo a visão lateral”, diz. Nesse momento, a visão
central é perfeita, de forma que a
pessoa enxerga normalmente
quando olha para frente. O especialista afirma que, muitas vezes,
esses sintomas passam despercebidos quando não se tem histórico
de retinose pigmentar na família.
Como a doença progride lentamente, muitas pessoas só percebem
os sintomas da retinose na fase
adulta, quando o comprometimento dos cones é maior, a ponto
de afetar a visão central. De acordo
com Kniggenorf, em alguns casos,
adultos ou idosos, podem ter apenas uma visão tubular, quando só
se enxerga o centro da imagem
“Como se estivesse olhando por um
cano, ou pelo buraco de uma fechadura. Não se enxerga nada em
volta, mas perfeitamente no centro”, conta. O especialista explica
ainda que a doença evolui com a
idade e, em alguns casos, pode
levar à perda total da visão. Porém,
não há como prever a evolução da
retinose, já que em alguns indivíduos se manifesta mais tarde.
Em outros, os primeiros sintomas
podem surgir ainda na adolescência
e estagnar-se depois. “A doença vai
progredindo, não existem casos de
perda de visão repentina. Como
não é uma doença aguda e não
causa dor, às vezes não se percebem
os sintomas”, explica. Atualmente,
não existe tratamento eficaz
para a retinose, mas o oftalmologista alerta que os pacientes diagnosticados devem acompanhar a
evolução da patologia, já que é
possível tratar doenças como catarata, edema de mácula e glaucoma,
que normalmente se manifestam
em pacientes com retinose.
11
Através de cirurgia, o aparelho é
implantado no globo ocular e passa
a exercer a mesma função dos
cones e bastonetes que foram destruídos: captar a luz. Para isso, o
chip é composto por células fotossensíveis que absorvem a luz e a
transformam em sinais elétricos.
“Como se fosse uma câmera fotográfica digital. No caso do implante, a luz entra, se transforma
em sinal elétrico, que por sua vez,
manda a informação visual para a
retina e ao nervo óptico”, explica
Messias.
O sistema é mais fino que um fio de
cabelo. Tem aproximadamente
3mm de diâmetro e 50 mícrons (ou
seja, 0,05 mm) de espessura e conta
ainda com uma matriz de 1.500 pixels. Cada pixel é ligado a uma célula receptora e a um amplificador.
“
O chip funciona
como se fosse
uma câmera
fotográfica
digital. No caso do
implante, a luz entra,
se transforma
em sinal elétrico,
que por sua vez,
manda a informação
visual para a
retina e ao
nervo óptico.
As células absorvem a luz e a transforma em sinais elétricos, que são
amplificados por meio de uma bateria externa e estimulam os neurônios próximos à retina. Esses
neurônios transmitem o sinal elétrico para o nervo óptico e centros
visuais, produzindo a visão. Há
também uma unidade de controle
Planejamento
de Incisão
A
B
(que leva energia ao chip) e bateria,
implantadas por baixo da pele, atrás
da orelha. Ambas ligadas a cabos,
que transmitem energia e dados da
unidade de controle para o chip.
Para que seja feito o controle da
sensibilidade, o paciente utiliza
uma unidade de controle externa
ao corpo.
Posicionamento
do Chip
C
Entrada transcleral
e transcoidal
Cabo de fixação
de Chip
Coroide
Esclera
Retina
lente
cornea
Córnea
Unidade de controle e
recarga de bateria externa
O microchip recupera parcialmente a visão de pessoas que ficaram totalmente cegas em função da
retinose pigmentar. A imagem formada será “rudimentar e em preto
e branco, em alto contraste. A pessoa se torna capaz de se orientar no
ambiente, se locomover e perceber
estruturas que estão ao seu redor”,
explica André Messias.
D
O setor de Retina do Ambulatório
de Oftalmologia do Departamento
de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas, da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão
Poscionamento
magnético para operação
E
Nervo Òtico
Controle de sensibilidade
do sistema pelo paciente
F
Após a realização da vitrectomia é confeccionado uma abertura na esclera transpassando a coroide para posicionamento da porção intraocular do sistema. O planejamento da incisão para posicionamento do chip é baseado em modelos tridimensionais do globo ocular do
paciente baseado nas dimensões do globo medidas previamente em ressonância magnética, OCT e angiofrafia da retina . Um guia plástico
é introduzido na incisão para liberação do espaço subretinianaté o posição planejada do implante.
Preto irá realizar os exames pré-operatórios, testes e cirurgia para implantação do chip. A pré-seleção dos
pacientes será feita em Ribeirão
Preto, mas a decisão final será
tomada em conjunto com a equipe
do Institute for Ophthalmic Research de Tübingen, Alemanha.
Documento USP
Detalhamento do microchip e suas dimensões
12
Guia para dissecação do
espaço subretiniano
Documento USP
Como funciona o
chip implantado
“
Materia de Capa
Os estudos com o Retina Implant, o
microchip, também conhecido
como olho biônico, começaram em
1995, na Universidade de Tübingen.
Os experimentos foram feitos inicialmente com animais. Entre 2005
e 2009, foram feitos os primeiros testes em humanos. O implante foi realizado em 11 pessoas e mostrou que
o chip não causa riscos à retina humana. Neste ano, dois pacientes re-
ceberam o implante do chip de
forma permanente, em Londres.
André Messias, que participou
das pesquisas na Alemanha e vai
dar continuidade à pesquisa no
Brasil, fala da importância dos experimentos a serem realizados no
Brasil. “A pesquisa vai possibilitar
a inclusão de pacientes brasileiros
que estão cegos por conta da retinose. Além disso, nos inclui
como pesquisadores no processo
de evolução do chip”, aponta.
O engenheiro eletricista, especializado em microeletrônica e professor
da Universidade de Brasília, campus
do Gama, Sandro Haddad, explica
que os chips implantados no corpo
humano têm características
comuns. São sistemas implantáveis
que proporcionam estímulos biológicos adicionais. “O chip gera um sinal
e recebe um estímulo do organismo.
Dessa forma, têm a capacidade de
substituir órgãos que se tornaram deficientes por conta de alguma
doença”. Além disso, os sistemas têm
de ser portáteis, leves e pequenos para
não causar incômodos. “A ideia é aumentar a qualidade de vida do paciente, não fazer com que o implante
se torne uma limitação”, afirma. Haddad conta que as pesquisas avançam
para causar o mínimo de incômodo
possível ao paciente e acredita que em
um futuro próximo, esse tipo de
mecanismo poderá substituir todo
sistema de sensores da retina.
13
Entrevista
Vera Lúcia Mota da Fonseca
Arquivo Pessoal
“
Em muitos lugares
o médico recebe 180 reais
para realizar um parto em
enfermaria, seja normal
ou cesárea.
O auxiliar que também é um
obstetra, recebe 60 reais e o
instrumentador ganha 18 reais.
Enquanto estes valores
continuarem sendo pagos vamos
ter problemas sim
“
A desmistificação do parto humanizado
Presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro diz que todo
parto deve ser humanizado e que profissional da área é mal remunerado
Renata Guimarães
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é um dos lideres no ranking de partos cesáreas em
todo o mundo. Movimentos articulados pelas redes sociais, ocorridos em
várias cidades brasileiras, nos últimos
meses, uniram profissionais de saúde
e sociedade civil para manifestação
contra os altos índices de cesarianas
e apoio ao direito da gestante em
optar pelo parto normal em casa, o
chamado “parto domiciliar”. Na contramão desta vontade de muitas mulheres, o Conselho Regional de
Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) proibiu os médicos de realizarem partos domiciliares alegando
riscos para mães e bebês. Alguns hospitais encontraram neste desejo um
14
nicho de mercado e passaram a oferecer o "parto humanizado" que, em
princípio, atenderia às condições de
segurança, sem deixar de lado o contato mais intenso entre mãe e recémnascido. O ambiente é preparado
com música calma, banheira com
água quente, pouca luminosidade e
outros recursos que garantem mais
autonomia à gestante.
A médica Vera Lúcia Mota da Fonseca, presidente da Sociedade de
Ginecologia e Obstetrícia do Rio
de Janeiro (Sgorj) falou, dentre outros assuntos, sobre a iniciativa das
mulheres na busca ao parto normal e a realidade dos médicos da
área, na entrevista a seguir:
O que é o parto humanizado? Por
que as mulheres têm procurado
esse tipo de procedimento?
O verdadeiro parto humanizado é o
nome dado ao parto que recebe assistência obstétrica, psicológica, onde a
paciente possa escolher melhor posição para dar à luz, com o auxílio de
música, inserção em banheira de água
quente e a escolha de um acompanhante. Ou seja, recebe outros complementos que não só o da assistência
obstétrica. Mas para a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, o
parto humanizado é muito mais do
que isso. Nós defendemos que todo
parto normal ou não, seja humanizado, assistido por profissionais
dentro de uma maternidade, com
todos os recursos, para que possa ser
feito um bom trabalho e os envolvidos recebam toda a assistência, por
exemplo, um banco de sangue, caso
seja necessário. Além disso, é necessário ter uma equipe completa, com
anestesista, pediatra, dois obstetras,
onde tenha um fluxograma, para o
caso de mandar essa paciente para o
CTI, além, é claro, de uma boa condição de trabalho. É necessário ter
conforto, para dar esse conforto para
a paciente e para toda a equipe de
trabalho. É um conjunto de atribuições e acessórios que contribuem
para que o nascimento ocorra da
melhor forma possível, sem colocar
em risco a vida da mãe e do bebê e
com o material necessário para o
caso de acontecer algum imprevisto.
Nosso objetivo é sempre o de salvar
as vidas envolvidas nesse processo.
Eu quero deixar bem claro que para
esse parto, que as pessoas têm chamado de humanizado, acontecer
com sucesso, é necessário ter tudo
aquilo que eu já citei. Nós temos de
estar preparados para caso aconteça alguma emergência. Por isso,
não existe o parto humanizado e
o parto não humanizado, todo
procedimento deve ser humanizado, atendendo às necessidades
da paciente. Todo parto deve ser
feito dentro das melhores condições. É louvável que hospitais tenham investido nesses acessórios
que incentivam o parto normal,
mas se o profissional não receber
a valorização necessária, nada
disso irá progredir.
Então, pode-se dizer que essa
busca pelo parto normal, com
condições diferentes, como música, banheiras de água quente
é um resgate dos antigos padrões, da época em que não
existia cesariana?
Não, pois antigamente, quando não
existia a cesariana, morriam muito
mais mães do que atualmente e da
mesma forma com os fetos e com os
recém-nascidos. Nós não queremos
voltar ao passado, não desejamos o
retrocesso. O que a gente deseja é a
diminuição dos níveis de mortalidade materna e neonatal. E nós sabemos que, infelizmente, o que
acontecia antigamente ainda acontece hoje nas regiões mais isoladas
do país, onde morre muita gente
por falta de condições não somente
governamentais, mas de saúde suplementar. As mulheres ainda morrem porque sangram, por não ter
acesso à medicação necessária ou a
um banco de sangue; de pressão alta
por não serem atendidas a contento
em uma unidade intensiva quando
necessário. Esse retrocesso só vai
atrapalhar, com toda a certeza, o
bom andamento da obstetrícia e vai
continuar aumentando os níveis de
mortalidade materna. Nós entendemos que a cesárea não pode ser
condenada, pois é uma excelente
cirurgia e graças a ela muitas mulheres e crianças têm sido salvas. O
que temos de entender é que cada
mulher deve procurar o melhor
meio para dar à luz, da melhor maneira para a saúde de cada uma.
O Brasil lidera o ranking no número de cesárea. Por que isto
acontece? O que isto significa
do ponto de vista cultural?
Na verdade, é um conjunto de fatores que contribuem para esse
nível tão elevado. Esses fatores
mudam muito conforme a região,
principalmente porque a maior
parte da população depende do
serviço público de saúde. Por
exemplo, nas grandes capitais,
como o Rio de Janeiro, nós não
temos a quantidade ideal de leitos
obstétricos, por isso, quando os lei-
tos estão lotados e uma paciente
entra em trabalho de parto, o médico corre o risco de não ter onde
internar essa paciente. Tanto médico quanto paciente não querem
correr esse risco de não ter para
onde ir. Ainda falando de saúde
pública, no interior, nós sabemos
que não é em todos os dias da semana que há uma equipe obstétrica completa para atender as
pacientes que podem aparecer.
Então é preferível marcar uma cesariana para um dia em que a
equipe esteja completa e a mãe não
corra risco de entrar em trabalho
de parto no dia que o anestesista
não esteja presente, por exemplo.
Outro fator importantíssimo é a
questão financeira. Em muitos lugares paga-se R$ 180,00 por cirurgião, por um parto em enfermaria,
seja normal ou cesárea, o auxiliar,
que também é um obstetra, recebe
R$ 60,00 e o instrumentador ganha
R$ 18,00. Um trabalho de parto
normal dura 12 horas e o médico
tem de fazer duas visitas: uma no
dia seguinte e depois para dar alta
para essa paciente. Tudo isso por
R$ 180,00. Você acha que o médico
vai preferir fazer um parto normal,
que dura 12 horas, ou uma cesariana que demora duas horas? Não
tem como comparar. Enquanto
estes valores continuarem sendo
pagos vamos ter problemas, sim. É
principalmente por isso que muitas
cesáreas vêm sendo realizadas. Se o
obstetra não for valorizado, no futuro, teremos um número menor
ainda de partos normais. Existe
também um fator cultural, que nós
queremos deixar bem claro que é
mito essa história de o parto normal afetar a sexualidade da mulher.
Não interfere absolutamente em
nada, mas infelizmente algumas
pacientes ainda têm essa visão.
15
Saúde Suplementar
Entrevista
Vera Lúcia Mota da Fonseca
É comum as mulheres comentarem que não tiveram seus filhos
por meio de parto natural porque
não tiveram dilatação. Porque as
mulheres hoje não atingem a dilatação necessária? Podemos
dizer que isto ocorre devido a
mudança de hábitos, como sedentarismo e má alimentação?
Não é assim que acontece. Temos de
analisar cada caso em separado. Isso
não é um problema geral. Às vezes
não tem dilatação, outras vezes não
tem contração. São várias causas que
interferem nisso, mas as pacientes
acabam dizendo de forma popular
que não tiveram dilatação. Na maioria das vezes não é só o fato de não
ter dilatação, mas de ter uma parada
de progressão, desproporção pélvica,
etc. São várias causas que a paciente
pode atribuir simplesmente à dilatação, mas não é tão simples assim.
As mulheres brasileiras, atualmente, têm medo do parto natural? Existe alguma maneira de
minimizar a dor durante o procedimento?
16
Ultimamente, vários movimentos estão ocorrendo no Brasil, de
mulheres reivindicando o direito ao parto natural, alegando
que os médicos dificultam este
procedimento. O que a senhora
acha disso?
Nós temos grandes problemas relacionados a isso e algumas instituições não têm focado em resolver
essa situação. Os profissionais precisam se mobilizar de alguma forma
para procurar essa valorização a fim
de que cada mulher escolha a maneira que dará à luz, de acordo com
a sua saúde. Nós precisamos cobrar
uma resolução para esses problemas, pois eles acabam desencadeando outros, como essas
manifestações defendendo o parto
domiciliar. Por todos esses motivos
que nós já conversamos, todos os
Conselhos e Federações são totalmente contra o parto domiciliar. Se
nós temos as ferramentas para salvar essas vidas, não tem motivos
para correr o risco de não salvar.
O parto não é um momento único,
é necessário uma preparação e um
pós-parto. Há um caso de uma
médica australiana que defendia
totalmente o parto em casa e
recentemente ela morreu ao dar à
luz em sua residência. Nada é
tão simples quanto parece.
Quais são as medidas necessárias
para sairmos da liderança do ranking das cesáreas?
O parto normal deve ser sempre incentivado, o nome já diz. Mas como
eu disse, é necessário que haja essa
valorização. Outra forma de aumentar a chance de acontecerem
mais partos normais é os hospitais
manterem suas equipes sempre
completas e eu acredito que, além
disso, há algo que é preciso mudar.
Por exemplo, as pacientes costumam querer fazer o parto com o
obstetra que a acompanha desde o
início do pré-natal e isso atrapalha
um pouco a rotina do profissional.
Caso ela fizesse o pré-natal com um
obstetra e o parto com outro obstetra responsável unicamente por
partos, o serviço seria muito mais
facilitado. Com isso, a chance de ter
um parto normal é bem maior, pois
o médico não precisaria sair de seu
local de trabalho prévio para fazer
um parto normal que dura cerca de
12 horas, para ganhar quase nada
com isso e perder todas as suas consultas do dia. Se houver um plantão
24 horas responsável por isso, recebendo um salário justo, não prejudicaria o médico obstetra que
acompanha a paciente desde o prénatal. Essa cultura de fazer o prénatal, parto e pós-parto com o
mesmo médico foi disseminada
no Brasil, mas há países em que
isso não acontece e realmente
não precisa acontecer, pois funciona muito bem. E é por isso,
que nesses países o parto normal
é muito mais comum.
O Sistema Cartão Nacional de Saúde é um instrumento que permite acesso a dados estratégicos para a gestão participativa do Sistema
Único de Saúde. Através dele, o cidadão vai
acompanhar todo seu histórico de atendimento, o profissional de saúde otimizará o trabalho e o gestor terá em mãos uma ferramenta
de governança para a tomada de decisões.
O Cartão Nacional de Saúde é regulamentado
pela Portaria nº 940/2011, do Ministério da
Saúde, e visa, entre seus propósitos, a unificar
a base de dados dos vários sistemas existentes
no SUS, organizando dados estratégicos para
o planejamento das políticas de saúde, sistematizando as informações de quem foi atendido, quando, em que estabelecimento, quais
profissionais prestaram este atendimento e
quais procedimentos foram realizados.
Por meio do Registro Eletrônico de Saúde
(RES) será possível a disponibilização, no
portal, dos dados cadastrais do cartão e o
rol de serviços consumidos pelo usuário. O
RES é uma ferramenta estratégica que funcionará como um prontuário eletrônico
com interoperabilidade, agregando informações que podem ser processadas, compartilhadas e armazenadas de modo seguro
e com acesso a usuários autorizados.
O cartão institui um padrão nacional de registro, integrando os sistemas tecnológicos
aos quais está vinculado. Como tudo no
SUS, universalizar o cartão até 2014 significa trabalhar com um padrão macro. Para
tanto, a base do CadSUS [Cadastro Único do
SUS] passa agora por um processo permanente de higienização para evitar duplicidades, erros e informações desatualizadas.
O Sistema estará ao alcance do usuário até o
final de 2012 no portal Saúde do Cidadão.
Todo acesso ao registro de atendimentos será
Luiz Odorico
Monteiro de Andrade
identificado e monitorado para garantir a segurança e a privacidade da informação. A ideia
é colocar o cidadão no centro da gestão, com
uma identidade que lhe permitirá conhecer
melhor o SUS e saber como ele está presente
em sua vida.
“
O Sistema estará ao
alcance do usuário
até o final de 2012
no portal Saúde do
Cidadão. Todo acesso
ao registro de
atendimentos será
identificado emonitorado para garantir
a segurança e aprivacidade da informação.
No primeiro semestre de 2012, foi concluído o ciclo inicial desse processo, que incluiu 30 milhões de números de cartões
pertencentes a usuários dos planos de
saúde. Esta é uma maneira concreta de reafirmar que todo brasileiro tem, em algum
momento da vida, contato com o SUS. Em
um futuro breve, cada criança que nascer
vai deixar a maternidade com o seu cartão.
Até o momento, foram distribuídos 20 milhões de cartões para 1.300 municípios
que têm Sistema de Regulação (SISReg)
implantado e 100% dos usuários cadastrados no CadSUS. A meta é entregar 102
Foto Luis Oliveira
É necessário que haja uma valorização completa desses profissionais financeiramente falando, para
que eles sejam motivados a realizar o procedimento mais adequado
para cada paciente e não sair fazendo cesarianas aleatoriamente.
Não se pode mais permitir que o
médico ganhe tão pouco por esse
procedimento tão importante.
Fica até irônico nós pregarmos
tanto uma humanização, se ela
não é favorecida por esses fatores.
A analgesia é algo que a gente defende completamente, tanto na
saúde pública, quanto na saúde
privada. Isso minimiza muito a dor
e é um recurso que todas as mulheres têm o direito de exigir. Esse
procedimento é suficiente para dar
alivio à dor sem tirar a mulher do
comando do trabalho de parto.
“
Quando a senhora fala em valorização, seria em que sentido?
A força da
informação
no SUS
milhões durante a primeira fase de implantação.
Para os profissionais de saúde que operam
a base de dados do cartão, já está disponível
na internet o CadSUSWeb, instrumento
que permite visualizar os dados e editá-los
em tempo real e possibilita imprimir imagem e etiqueta do cartão. O CadSUSWeb
pode ser acessado por profissionais que possuem o código de acesso do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES).
O novo ambiente permite a consulta, edição, relatórios, cadastro e impressão do
documento. Tal impressão pode ser feita
em três modalidades: etiqueta no padrão
da impressora, impressão direta na mídia
e impressão em papel. A variedade permite que o município imprima o cartão de
acordo com os recursos de que dispõe.
O Ministério da Saúde está incentivando,
com um total de R$ 30 milhões, estados e
municípios que apresentarem projetos de
soluções informatizadas para se integrar
ao Sistema Cartão Nacional de Saúde. Em
fase de licitação está a aquisição dos kits
de impressão (compostos de uma impressora e dois rolos de etiquetas) que serão
distribuídos nas Unidades Básicas de
Saúde dos municípios da Fase 1.
Mais do que um precioso instrumento de
gestão, o Cartão Nacional de Saúde fortalece o vínculo do cidadão brasileiro
com o SUS. É a materialização da aliança
governo e sociedade por um SUS forte,
universal e de qualidade.
Luiz Odorico Monteiro de Andrade é médico e secretário de Gestão Estratégica e
Participativa do Ministério da Saúde.
17
Darcísio Perondi
Vale destacar, como exemplo, o
que vem acontecendo em meu
Estado, o Rio Grande do Sul,
onde o cidadão, através das redes
sociais, está participando de
forma decisiva da campanha
Redes sociais em
defesa da saúde
“Saúde Rio Grande – Cumpra-se
a Lei” e exigindo que o governo
do Estado cumpra a Constituição
e invista 12% de sua arrecadação
no setor de saúde. Infelizmente,
o Rio Grande do Sul é o único
Estado da Federação que ainda
está longe de cumprir a lei: mal
gastos mínimos do município
(15%), do Estado (12%) e da
União (o investimento do ano
anterior mais a variação do PIB
nominal).
O
mais
recente
avanço foi a regulamentação da
Emenda Constitucional nº 29,
que deu origem ao PLC 141. A
aprovação, no ano passado, significou a perda na luta dos 10%
como percentual de investimento da União, mas representou a definição clara do que é
gasto em saúde, o que impede
desvios de recursos para outros
Participei, recentemente, em
ferramentas, inclusive digitais,
Hoje, o planeta está pratica-
Brasília, de um Fórum sobre Ci-
para obter mais informações e
mente todo interconectado em
A mobilização é liderada pela
dadania e Transparência na re-
conseguir controlar a qualidade
rede. Existe muita informação e
Ordem dos Advogados do Brasil
lação município-cidadão no
dos serviços oferecidos pelo
milhões de pessoas se fazem
(OAB/RS) com apoio da Federa-
redes sociais. O link está fazendo
qual destaquei a importância das
Executivo nas três esferas de
presentes nas redes sociais.
ção das Santas Casas e Hospitais
o maior sucesso nas redes e, com
redes sociais como a mais nova
Poder, e o uso do dinheiro pú-
Através delas, a distância entre
Filantrópicos, Famurs, Amrigs,
certeza, a meta de assinaturas
Outra campanha, esta de âm-
Conselho Regional de Adminis-
será ultrapassada em muito. É
bito nacional, já está em an-
tração (CRA-RS), Cremers, As-
uma campanha justa e que foi
damento. O objetivo é colher
sociação Brasileira em Defesa
abraçada por todos os segmentos
assinaturas para uma Emenda
dos Usuários do SUS (Abrasus),
da sociedade.
arma da sociedade. O maior instrumento de transparência é o
blico em seus estados e municípios.
as interações humanas reduziu-
Nesse contexto, surgiu uma
se consideravelmente. Existe
nova ferramenta das comunida-
um verdadeiro intercâmbio de
na
des. As redes sociais já são uma
ideias, o compartilhamento do
mesma proporção por usuários e
realidade e um grande instru-
conhecimento tácito dentro
prestadores indicados e que
mento, esse voluntário, para o
de uma microcomunidade.
foram implementados a partir
fortalecimento do controle so-
As redes sociais ultrapassam
da Constituição de 1988. Foi um
cial. Através das redes sociais, o
avanço indiscutível, mas, passa-
controle social, que é feito através dos conselhos estaduais e
municipais,
18
investe 6% na saúde.
“
Através das redes
sociais, o cidadão
tem condições,
cada vez mais, de
gritar, cobrar,
exigir serviços
melhores, além de
denunciar o mau
uso do dinheiro
público e
os desvios de
conduta.
“
Crédito Agência Câmara
Conexão Brasília
integrados
Sindisaúde, Conselho Estadual
setores. A regulamentação determina o compromisso cristalino e definitivo do investimento
de 12% pelos estados já este ano.
de Iniciativa Popular para
resgatar a ideia dos 10% de
A Constituição de 1988, no ar-
gastos da União com a saúde
tigo 196, determina que a saúde
e, com certeza, as redes so-
colher um milhão de assinaturas.
é direito de todos e dever do
ciais terão, novamente, um
qualquer outro veículo de co-
O abaixo-assinado será encami-
Estado. Foi um avanço, mas não
papel decisivo.
cidadão tem condições, cada vez
municação em velocidade e
nhado ao governador Tarso
ficaram estabelecidos os per-
dos 24 anos, ficou claro que
mais, de gritar, cobrar, exigir
eficiência. Tudo isso devido à
Genro. A assinatura do mani-
centuais nos orçamentos dos
esses conselhos precisam ser
serviços melhores, além de de-
rapidez com que elas dissemi-
festo pode ser feita pela internet
entes federados. Essa garantia
modernizados e instrumentali-
nunciar o mau uso do dinheiro
nam as informações. As redes
através do site www.sauderio-
veio em 2000 através da Emenda
zados. Precisam de novas
público e os desvios de conduta.
mobilizam as pessoas.
grande.org.br. É aí que entram as
nº 29, quando ficaram vinculados
de Saúde, entre outras entidades
da sociedade civil. O objetivo é
Darcísio Perondi é deputado
pelo PMDB do Rio Grande
do Sul e presidente da Frente
Parlamentar da Saúde.
19
Legislação Hospitalar
Agencia Senado
Lei que proíbe
cheque-caução
em hospitais
particulares
deixa lacunas e
gera incertezas
Proposta do senador
Ciro Miranda em
tramitação no Senado
define responsabilidades
financeiras pelo
atendimento
“A nossa Constituição Federal nos diz
de emergência, a despesa vai para a
que a saúde da população é obrigação
conta do plano de saúde ao qual a
do Estado. Por isso, quando o Governo
pessoa é associada. “O prestador de
Federal não oferecer o que a população
serviços privado de assistência à
precisa e for necessário apelar para uma
saúde será ressarcido das despesas de-
instituição privada é o
Estado quem deve arcar
Renata Guimarães
com as consequências”,
ressalta.
Para o senador, a pessoa
que não tem dinheiro
não pode pagar com a
correntes da prestação
Lei do
cheque-caução
não define
quem paga
a conta do
hospital
rido no caput pela operadora do plano privado
de assistência à saúde
do qual o paciente é
beneficiário”, completa.
própria vida ou deixar
A lei do cheque-caução altera o Código
as despesas a cargo da iniciativa privada.
Penal para incluir um complemento
“A saúde privada é onerosa e o Estado é
quem deve honrar essa dívida. Os hospitais são empresas e sabem dos riscos
que correm. O que nós não queremos
que aconteça é que, no caso de o cidadão não poder pagar, o hospital deixe de
atendê-lo ou, quando atender, arque
com a dívida sozinho”, avalia.
20
do atendimento refe-
junto ao artigo 135, que trata da omissão de socorro. A partir de agora, foi
adicionado o artigo 135-A, que caracteriza crime vincular o atendimento médico-hospitalar emergencial a qualquer
garantia. De acordo com o presidente
da Federação Brasileira de Hospitais
(FBH), Luiz Aramicy Pinto, a lei será
Ainda de acordo com a proposta do
obedecida e cumprida, embora, na sua
senador quem tem convênio médico
avaliação, ela seja omissa por não de-
e precisa ser atendido em condições
finir o responsável pelo atendimento.
21
Legislação Hospitalar
“
O médico terá de
reavaliar sua posição como
plantonista de emergência
e vai precisar rever sua
responsabilidade e
competência.
Não é qualquer médico
que pode trabalhar em um
serviço de emergência,
principalmente
de trauma.
Para o provedor da Santa Casa de Maceió e
trabalhar com essa conscientização para que
presidente da Associação dos Hospitais do Es-
essa lei possa ser seguida sem prejuízo”, avalia.
tado de Alagoas, Humberto Gomes de Melo, a
De acordo com Aramicy, o médico tem de estar
atento, pois a lei cai sobre ele em alguns casos.
Por exemplo, se ele decidir que o paciente não
corre risco de vida e morrer, a lei determina
que a pena do profissional seja dobrada. “O médico terá de reavaliar sua posição como plantonista de emergência e terá de rever sua
Arquivo FBH
responsabilidade e competência. Não é qualquer
Luiz Aramicy Pinto, presidente da FBH
médico que pode trabalhar em um serviço de
emergência, principalmente de trauma”, diz.
lei do cheque-caução não alterou a situação
daqueles que já possuem plano de saúde. De
acordo com Melo já não era exigida a garantia
de pagamento para quem possuía convênio
médico, mas a situação agora abrange toda a
população no que diz respeito às emergências.
Segundo ele, o paciente deve ser atendido em
primeiro lugar. “ A população deve ser instruída de que o atendimento deve ser pago. Se
a pessoa não tem condições de pagar, depois
de todos os procedimentos realizados, o hos-
Enquanto esse complemento à lei tramita nas
pital ou até mesmo o paciente pode contatar
casas do Congresso Nacional, muitas instituições
um gestor público por meio da justiça muni-
já estão enfrentando prejuízos. Segundo o advo-
cipal, estadual ou federal, para que o devido
gado Wellington de Queiroz, atualmente o hos-
ressarcimento ao hospital seja feito. A nossa
pital não tem amparo legal para cobrar do Estado
constituição diz que a saúde do cidadão é de
os custos do atendimento, e se a instituição não
obrigação do Estado e felizmente já existem
“
O presidente da FBH não nega o
formada e conhecer a diferença
triagem, o primeiro atendi-
for persistente junto à justiça, pode acabar no pre-
muitas causas em que a justiça tem favorecido
fato de que, hoje, os hospitais
entre os procedimentos de
mento, seja de responsabilidade
juízo. “Atualmente, os hospitais particulares estão
os hospitais privados, bem como os cidadãos
ainda são alvos de inadimplência
emergência e urgência. Uma si-
do médico, que é a pessoa habi-
expostos a uma legislação incompleta”, afirma.
expostos a essa situação”, explica Melo.
por falta de pagamento pelo aten-
tuação é considerada emergên-
litada e a quem cabe avaliar se é
dimento prestado. Mas, segundo
cia quando o paciente precisa
uma emergência com risco de
O advogado ressalta que é obrigação do Estado
O senador Cyro Miranda espera que até o
ele, com a aprovação do projeto
ser atendido imediatamente, em
proporcionar meios para que o cidadão cuide da
final de 2012 o projeto de lei de sua autoria
sua saúde. Por isso, o complemento da lei precisa
seja sancionado para que a lei do cheque-cau-
ser regulamentado com urgência. “Se o Estado
ção não dê margem a interpretações errôneas.
forçar a rede privada a atender aquilo que a rede
“Eu acredito que a tramitação será fácil no Se-
pública não atende, deve, no mínimo remunerá-
nado, mas eu tenho um pouco de receio da de-
la de maneira suficiente para que ela cubra seus
mora que pode ocorrer na Câmara. A minha
O presidente da FBH ressalta
custos com certa margem de lucro também, pois
expectativa é de que até o final desse ano ou
que o médico é a pessoa mais
a rede pública não investe em tecnologia, já a
começo do ano que vem a presidente Dilma
de lei do senador Cyro Miranda,
circunstâncias que exijam cirur-
vida ou uma urgência, para o
paciente possa ser atendido
a responsabilidade pela prestação
gia ou intervenção médica, uma
e , posteriormente, transferido
de serviço nas emergências será
vez que corre risco de vida. Já a
para outra unidade à qual ele
definida e a lei poderá ser cum-
urgência é menos imediatista
esteja
prida sem riscos e penalizações.
mas não pode ser adiada, deve
De acordo com Aramicy, o pro-
22
não. “As emergências de todo o Brasil terão de
ser resolvida rapidamente.
vinculado”,
pondera.
jeto de lei vai complementar a
“Nós já estamos fazendo um tra-
importante nesse contexto por
rede privada sim, e investimento é risco. Essas
Rousseff possa sancionar essa lei. Enquanto
lei já sancionada, mas ele alerta
balho intenso de orientação às
que é ele quem julga se o pa-
instituições não podem sofrer prejuízos para
isso, infelizmente, os hospitais particulares
que a população precisa estar in-
nossas emergências para que a
ciente corre risco de morrer ou
não correrem o risco de fechar”, aponta.
podem sofrer prejuízos”, afirma.
23
Especialidade em Foco | Ortopedia
Lula Lopes
Marcus Montenegro
Corrida e lesões
peso corporal, o aumento da capacidade respiratória e a melhora
da autoestima. Do ponto de vista
ortopédico, a corrida aumenta a
massa muscular e estimula a
formação de massa óssea, ajudando a prevenir a osteoporose.
A popularidade da corrida está
associada ao baixo custo para se
exercitar – apenas o uso de um
tênis adequado -, busca de saúde
e melhora do condicionamento
físico. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para que
a diversão não se transforme em
dor de cabeça.
24
“
Uma das
recomendações é
pedir a realização
da baropodometria
computadorizada,
exame que avalia
a pisada e é muito
importante para
detectar as regiões
do pé que sofrem
mais sobrecarga.
mendável uma atividade cerca de três vezes
são capazes de mostrar lesões iniciais, como
por semana.É interessante lembrar a impor-
edema ósseo e fratura por estresse.
tância do alongamento, principalmente após
A precaução deve ser feita para evitar lesões
decorrentes do excesso de treino ou para
identificar se o atleta tem alguma alteração
estrutural corpórea que favoreça a lesão. A
frequência de exercícios ideal depende, por-
É muito importante que o
os exercícios, pois a recuperação muscular é
feita de forma mais rápida. Antes do treino,
entretanto, é necessário fazer um pré-aquecimento adequado: uma caminhada mais
forte por 10 minutos é uma boa pedida.
tanto, do objetivo e das condições físicas de
Marcus Montenegro é ortopedista com
cada atleta. Para a maioria iniciante, é reco-
especialização em traumatologia esportiva
futuro atleta iniciante procure um educador físico,
cardiologista ou ortopedista
Lesões mais comuns
para avaliação e prescrição
do treinamento com base em
seus objetivos e em suas condições de saúde.
1. Canelite: inflamação de
tendões e músculos ao redor
da "canela" - tíbia.
Uma das recomendações é
pedir a realização da baropodometria computadorizada,
exame que avalia a pisada e é
muito importante para detec-
2. Tendinite do tendão
calcâneo: inflamação por
sobrecarga do tendão
calcâneo.
tar as regiões do pé que sofrem mais sobrecarga.
A
ressonância
magnética
também auxilia o diagnóstico
3. Condromalácia: lesão na
cartilagem da patela do
joelho
4. Metatarsalgia: inflamação
dos ossos metatarsos do pé
5. Fratura por estresse:
uma fratura por sobrecarga,
geralmente na tíbia ou
no metatarso
6. Síndrome do tractoileotibial:
dor na região lateral do joelho, ocasionada por fricção
do tractoileotibial com o epicôndilo lateral do fêmur
Banco de imagens : shuterstock
da corrida, estão a redução do
“
É sabido que, entre os benefícios
no joelho, pernas ou pés, pois os raios-x não
quando o atleta relata dores
25
Radioterapia
Ministério da
Saúde quer
fábrica de
acelerador
linear no Brasil
Radioterapia e os
avanços tecnológicos
para o tratamento do câncer
Ministério da Saúde anuncia investimento de mais de
R$ 500 milhões em equipamentos de radioterapia,
Divulgação - Inca
Saiba como são as tecnologias voltadas para a área
Divulgação Elekta
uma das principais técnicas para tratar a doença.
Claudia Carpo
Acelerador linear é o principal aparelho utilizado no tratamento com radioterapia.
U
ma das armas mais
potentes no combate ao câncer é a
radioterapia, tratamento curativo indicado para 60% dos casos da
doença. A técnica, que usa radiação para destruir as células tumorais, “permite que o tumor seja
atingido com maior precisão, de
forma que os demais órgãos não
corram o risco de serem afetados.
Caso o tumor esteja no intestino,
não atinja o rim, que é ao lado”,
explica Ernane Bronzatt, coordenador do serviço de radioterapia
do Hospital Mater Dei, em Belo
Horizonte. Dependendo do tipo
de câncer e do estágio da doença,
a radioterapia pode ser usada
isoladamente ou combinada com
outras técnicas, como a quimioterapia. “Não dá para falar na
cura do câncer sem falar em ra-
26
dioterapia”, explica o presidente
da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Robson Ferrigno.
A técnica exige equipamentos de
alta tecnologia e de alto custo. “O
investimento é alto, o que muitas
vezes torna a viabilidade difícil,
pois gasta-se muito para manter os
aparelhos funcionando”, aponta
Ferrigno. Em abril, o ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o governo investirá
R$ 505 milhões no setor. Parte
do recurso será utilizada para
compra de aceleradores lineares,
principal aparelho da radioterapia, e produção de medicamento
para leucemia mielóide crônica.
O Ministério da Saúde fará uma
compra centralizada das máquinas, combinadas com a construção
da sala onde ficarão, o que agiliza
a instalação dos equipamentos.
O ministro explica que como não
existe nenhuma empresa que
produza aceleradores lineares no
Brasil, as empresas que passarem
a produzi-los terão preferência
em participar do contrato. “Esse
acordo vai permitir atrair uma
fábrica para produzir no Brasil,
fazendo com que a produção de
equipamentos de acelerador
linear seja cada vez mais sustentável, gere inovação tecnológica e empregos no nosso país”.
De acordo com o ministro, o
Brasil, atualmente, tem um dos
maiores planos de expansão da
radioterapia no mundo.
O investimento vai permitir,
ainda, que 48 equipamentos que já
funcionam no SUS sejam substituídos por aparelhos mais novos e
modernos. Haverá, também, a
criação de 32 novos centros de
r a dioterapia. O objetivo das
ações é reduzir a desigualdade no
acesso aos serviços de radioterapia, sobretudo no norte e nordeste e interior do sul, sudeste e
centro-oeste, regiões onde o
tempo de espera para iniciar o
tratamento é maior. “A preocupação do Ministério da Saúde é
reduzir o tempo de espera que
uma pessoa tem hoje para começar a radioterapia, que é
terapia complementar fundamental no tratamento do
câncer”, afirmou o ministro durante coletiva de imprensa realizada em abril durante o
Encontro com a Comunidade
Científica, evento realizado em
Brasília, no Edifício Brasil 21.
A radioterapia é um tratamento
localizado que utiliza radiação
ionizante para destruir as células
onde o tumor está localizado. A
ferramenta é utilizada em mais
da metade dos casos de câncer,
podendo ser combinada com a
quimioterapia. O oncologistachefe da Unidade de Oncologia
Clínica do Hospital de Base,
Márcio Almeida, explica que,
em alguns tipos de tumores, a
radioterapia é o tratamento
mais utilizado, principalmente
nos casos de colo de útero, câncer de cabeça e pescoço, câncer
no sistema nervoso central.
Nesses casos, a técnica tem um
papel imprescindível. Para outros tipos de tumores, ela complementa o tratamento da
quimioterapia, diminuindo as
chances de reincidência do câncer na região. “É um tratamento
localizado, de curta duração,
mas muito intenso”, aponta.
A dona de casa Maria Ivoneide
de Sousa, de 51 anos, fez mas-
tectomia após descobrir um
tumor na mama. Após a cirurgia,
foi indicado que ela fizesse 21
sessões de radioterapia, combinadas com 16 de quimioterapia.
Ivoneide conta que começou o
tratamento após 45 dias do diagnóstico. “Ter feito os exames de
rotina foi determinante para
minha recuperação. Hoje, já me
considero curada”, afirma. A reconstituição do seio está prevista
para janeiro. Atualmente, a dona
de casa sente os efeitos colaterais
da radioterapia, como a ardência,
efeito colateral comum nesse
tipo de tratamento, assim como
o cansaço e a perda de apetite.
A evolução das tecnologias em
saúde permite o aprimoramento
das técnicas, bem como o avanço
nos equipamentos utilizados. A
radioterapia pode ser usada de
maneira curativa, a fim de evitar
27
A SUA REVISTA DO SETOR HOSPITALAR
Radioterapia
o ressurgimento do tumor, ou paliativa, para melhorar a qualidade
de vida de pacientes.
Existem dois tipos de radioterapia:
a externa, também chamada de teleterapia - quando não há contato
direto entre os aparelhos e o paciente - e a braquiterapia, também
chamada de radioterapia de contato
- quando há contato direto entre o
aparelho e o organismo do paciente.
Atualmente, o principal equipamento da radioterapia externa é o
acelerador linear. “A modernidade
varia de acordo com os acessórios e
os sistemas computacionais, que
permitem que a radiação seja mais
ou menos concentrada”, explica
Robson Ferrigno. O equipamento
pode funcionar de duas formas: em
casos de tumores mais superficiais,
a máquina acelera elétrons que, por
meio de um tubo acelerador ressonante, são direcionados ao paciente.
Para tumores mais profundos, os
elétrons acelerados colidem em um
alvo, que produz fótons que, por
sua vez, atingem o paciente em
forma de radiação gama; quem explica é o engenheiro-biomédico da
LM Biotecnologia, Jean Michalaros.
As técnicas mais comuns usadas
com os aparelhos de aceleradores
lineares são a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e radioterapia guiada por imagem (IGRT) que geralmente são usadas de
28
Credito: Ed Alves
Após 21 sessões
de radioterapia,
combinadas com
16 de quimioterapia,
a dona- de-casa,
Maria Ivoneide,
já se considera
curada.
forma associada. A radioterapia de
intensidade modulada (IMRT) é
utilizada no tratamento de tumores
muito próximos aos tecidos sadios,
“além de poupar esses tecidos sadios próximos, é possível aumentar
a dose de radiação, aumentando a
chance de cura do paciente e trazendo menos toxicidade ao tratamento”, explica a diretora de
radioterapia do Hospital do Servidor Público Estadual, do Instituto
de Assistência Médica ao Servidor
Público Estadual (HSPE/IAMSPE),
Maria José Alves. É associada a técnicas de localização guiada por
imagens (IGRT), que monitoram o
tumor por imagens digitais e tridimensionais, para que se tenha certeza do posicionamento nas células
cancerígenas. A radioterapia conformacional 3D usa a tomografia
para avaliar melhor a região e
tentar irradiar localmente os pontos específicos. Outra técnica
avançada que faz parte da radioterapia externa é a radiocirurgia,
muito usada em casos de câncer
no sistema nervoso central. Nesses casos, são aplicadas doses
maiores de radiação, muito concentradas, no local do tumor. Essa
técnica pode ser realizada com o
acelerador linear ou com um aparelho chamado Gamma Knife.
Já na braquiterapia, as fontes de radiação ficam em contato direto com
o organismo do paciente, agindo di-
retamente no local do tumor.
A radiação pode ser levada até as
células malignas por meio de canais,
tubos ou agulhas irradiadas e colocadas no tumor por um cateter.
Também pode ser feito um implante com sementes radioativas. “É
uma técnica em que cápsulas com a
radiação atuam exatamente no local
do tumor. É feita por meio de cirurgia que implanta a semente na
região”, explica Almeida. A braquiterapia é indicada apenas para
alguns tipos de tumores, como da
cabeça, do pescoço, das mamas, do
útero, da tireóide e da próstata.
Há também a protonterapia, que
utiliza feixes de prótons, partículas
com alta energia que penetram o
organismo liberando a maior parte
de sua carga na área do tumor. É
necessária apenas uma aplicação. A
grande desvantagem dessa técnica é
o alto custo, já que o aparelho custa
cerca de 50 milhões de dólares.
Para Michalaros, “não dá para separar medicina de tecnologia. A tecnologia veio como uma aliada da
medicina. É um caminho sem
volta”. Para o engenheiro-biomédico, é importante adotar uma posição ética, que preserve os valores
da relação médico-paciente. “A engenharia clínica, como ciência, veio
para ajudar nas escolhas corretas,
no uso e na gestão dessas tecnologias a serviço da saúde”, afirma.
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Notícias Saúde
Ministério da Saúde recebe FBH para discutir atendimento à saúde mental
Para os profissionais em saúde mental, a reforma na área tornou-se uma necessidade para a sociedade. Hoje, no país, 201
hospitais psiquiátricos remanescentes estão desestruturados,
e o atendimento na rede CAPS – Centro de Atenção Psicos-
Durante a reunião, o secretário Helvécio Miranda afirmou
que o Ministério da Saúde vai compor um grupo de trabalho
com especialistas multidisciplinares para discutir o novo modelo de atendimento psiquiátrico sugerido pela FBH.
Arquivo FBH
A Federação Brasileira de Hospitais, representando a rede
privada de hospitais psiquiátricos, contratados ou conveniados com o SUS, apresentou ao Secretário de Atenção à Saúde
do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, um novo modelo
de atendimento aos dependentes químicos e aos doentes
mentais no intuito de aperfeiçoar a política do sistema psiquiátrico brasileiro.
A FBH propôs, durante a reunião
no Ministério da Saúde, a criação
de um Centro Integrado de
Atendimento à Saúde Mental,
CIAPS, que funcionaria como
xtensão e aprimoramento do modelo vigente (CAPS). A FBH
apresentou, neste novo formato de atendimento psiquiátrico,
a inclusão de pronto atendimento 24 horas, leitos dia e noite,
internação de médio e longo prazos, oficinas de geração de
renda, acompanhamento odontológico e estrutura para atendimento ginecológico a portadoras de transtorno mental e
dependentes químicos atendidos nestes centros.
Rondon Vellozo/MS
social – vinculada ao Sistema
Único de Saúde, não responde às
necessidades dos pacientes psiquiátricos.
Ministro Alexandre Padilha recebe proposta de representantes de entidades
de saúde para redução da carga tributária no setor.
Rondon Vellozo/MS
O presidente da FBH,
Luiz Aramicy Pinto,
apresenta propostas
ao Secretário de
Atenção à Saúde
do Ministério da
Saúde,
Helvécio Miranda.
Saúde no Brasil tem a maior carga tributária da economia
O Conselho Federal de Medicina
(CFM), e a Federação Brasileira dos
Hospitais planejam
uma campanha que
vai garantir vagas
para treinamento e
qualificação de pessoas com necessidades especiais em estabelecimentos de saúde. As entidades
já firmaram parceria com o deputado federal e ex-jogador
de futebol Romário, que tem dedicado seu mandato à luta
pela inclusão de minorias.
Uma cartilha está sendo desenvolvida para a campanha e retrata, em história em quadrinhos, Romário (como jogador)
explicando a importância do enfrentamento do preconceito.
“É mais do que ganhar copas, é ganhar o respeito pelas diferenças”,
30
Nathália Siqueira
Nathália Siqueira
CFM e Romário firmam parceria para garantir mais vagas para treinamento a deficientes
Romário com representantes do Conselho Federal de
Medicina e da Federação Brasileira de Hospitais
informa a cartilha. A previsão de lançamento da cartilha é
próxima ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência,
comemorado em 21 de setembro.
De acordo com o membro da Comissão de Ações Sociais do
CFM, Ricardo Paiva, trazer a sociedade para o convívio com
pessoas especiais é uma forma de romper o preconceito.
Fonte: Conselho Federal de Medicina e Federação Brasileira de Hospitais
A saúde no Brasil tem, hoje, a maior carga tributária se
comparada a outros setores da economia, como educação,
segurança e sistema financeiro. Os tributos excessivos do
setor também causam elevados custos em prevenção e tratamento de doenças no país. Para se ter uma ideia, equipamentos utilizados para exames, medicamentos, materiais
hospitalares e todos os insumos utilizados no setor de saúde,
inclusive consultas dos profissionais da área, são tributados
em índices mais elevados que os dos países desenvolvidos.
A Federação Brasileira de Hospitais, FBH, representada pelo seu secretário-geral, Dr. Eduardo de Oliveira, representantes das associações de hospitais das
cinco regiões brasileiras, juntamente com as entidades
do setor saúde, Confederação Nacional de Saúde-CNS,
Confederação das Misericórdias do Brasil-CMB e Associação Nacional dos Hospitais Privados-ANAHP
reuniram-se em audiência com o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, no intuito de apresentar alternativas para a redução tributária da saúde no país.
De acordo com o presidente do Sindicato dos
Hospitais do Rio de Janeiro, Aécio Nanci Filho,
a audiência com o ministro da Saúde tem o propósito de apresentar alternativas para a situação
tributária da saúde, sugerindo a desoneração de
impostos que incidem sobre a receita, como a bitributação PIS/COFINS.
O presidente da Federação Brasileira de Hospitais,
Luiz Aramicy Pinto, ressaltou que a saúde no Brasil
é muito onerada e a carga tributária a quem presta o
serviço chega a 28%, o setor ainda não foi contemplado com redução de impostos. “Com essa proposta,
estamos mostrando o que se pode melhorar caso haja
uma redução nos tributos da saúde, que são maiores
do que a tributação financeira”, afirma.
O médico e deputado federal Chico D'Angelo, que
também esteve em reunião no Ministério da Saúde
com os representantes das entidades do setor, acredita
que a audiência dos representantes da área da saúde
com o ministro Alexandre Padilha é uma tentativa de
solicitar o apoio do chefe da pasta como instrumento
de interlocução junto aos Ministérios da Fazenda, do
Planejamento e da presidenta Dilma.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a
audiência, comprometeu-se a apresentar as propostas
para tomada de decisão ao Palácio do Planalto.
31
Ministério da Saúde
segue cronograma
de preparação para
Copa
Uma das definições de associativismo diz que o conceito trata de
uma forma de organização social
usada como instrumento para a satisfação das necessidades. Parece
simples mas, em muitos casos – no
da saúde, por exemplo – a dificuldade dos agentes em estabelecer
pautas de apelo coletivo e as diferentes realidades de um país que convive com gigantescas disparidades
sociais fazem com que as entidades
representativas fiquem numa constante luta por consolidação a fim de
liderar, de forma protagonista e
coesa, as demandas do segmento.
Um dos problemas crônicos do modelo de associação é a falta de participação efetiva. “Vivemos num
país que tem, ao mesmo tempo, a
seca do Nordeste e as cheias da
Amazônia. São várias situações diferentes. Então, precisamos ter as
diretorias em peso, precisamos
levar as discussões para a base, precisamos fazer isso chegar ao interior”, sugere o presidente da
Federação Brasileira de Hospitais
(FBH), Luiz Aramicy Bezerra
Pinto, que clama por entidades
mais sólidas. “Hoje, no Brasil, você
tem várias entidades associativas,
mas você precisa de um núcleo de
pessoas para ajudar, não uma dire-
32
toria de dez que é sempre representada por dois”, completa.
O presidente da Confederação das
Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas
(CMB), José Reinaldo de Oliveira
Jr., concorda. “Hoje só se justifica a
criação de novas entidades estaduais se for para serem ativas. Ter
mais uma que não desenvolva trabalhos e à qual os associados não
deem valor não faz sentido. Proatividade nos torna mais fortes”,
considera, antes de narrar um
exemplo clássico do poder das negociações em comum.
Oliveira vê no país falta de engajamento que, em outros locais,
é menos crônica. Segundo o gestor, “isso precisa fazer parte do
nosso DNA”, para que não se repitam situações nas quais instituições maiores, com caminho
livre no contato com ministros,
governos e secretários, acabem
enfraquecendo a coletividade ao
marchar sozinhas por uma causa
“e não necessariamente alcançam os objetivos”, completa.
Apesar disso, o representante das
filantrópicas celebra a boa participação das associações em algumas
discussões relevantes: na Constitui-
ção de 1988, por exemplo, quando
foi reconhecida a isenção e a preferência pelas entidades filantrópicas na contratação de serviços do
Sistema Único de Saúde; no processo de contratualização, no qual,
hoje, há um incentivo financeiro
para quem se adequa à questão; e
na arrecadação de recursos da Timemania para ações de santas
casas, hospitais sem fins lucrativos
e entidades de reabilitação física,
para que seja possível instalar uma
rede nacional de videoconferências
para capacitação e treinamento, interligando as instituições.
Por fim, ambos acusam uma grave
deficiência na comunicação entre
as partes, na busca por conceitos
coletivos e no compartilhamento
de ideias e problemas, num cenário
em que diversas entidades são associadas a vários núcleos e têm
questões mais do que semelhantes.
Tanto para o presidente da FBH
quanto para o presidente das Santas
Casas de Misericórdia, as lideranças estão despidas de vaidades e
têm intensificado os encontros regulares. De acordo com os gestores,
falta muito para tornar o modelo
mais efetivo para uma melhor
gestão da saúde.
Fonte: Saúde Business Web/SP
ANS suspende a
comercialização de
268 planos de saúde
A Agência Nacional de Saúde Suplementar suspendeu o direito
de comercialização de 268 planos de saúde, administrados por
37 operadoras, por descumprimento de prazos estabelecidos
pela agência para atendimento médico, realização de exames
e internações. A medida, que já entrou em vigor, é uma punição pelo descumprimento dos prazos máximos de atendimento que entraram em vigor em dezembro de 2011.
No total, os planos que tiveram a comercialização suspensa
atendem a cerca de 7% dos beneficiários de planos de saúde
no país, o que equivale a aproximadamente 3,5 milhões de
pessoas. Caso a empresa insista na comercialização do
plano, será aplicada multa de R$ 250 mil. Além disso, poderão ser adotadas medidas administrativas adicionais,
como a instalação de um regime de direção técnica, em que
uma pessoa nomeada pela ANS passa a acompanhar a gestão do plano. Em casos extremos, também pode ocorrer a
alienação da carteira de clientes e o fechamento do plano.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a suspensão
da comercialização terá um "caráter pedagógico" não apenas para as operadoras afetadas, mas para todo o mercado.
Luís Oliveira - ASCOM - MS
Associações
buscam reforçar
protagonismo
Banco de imagens : shuterstock
Notícias Saúde
Secretario-executivo adjunto,
Adriano Massuda, coordenador da
Câmara de Saúde para a Copa
A 8ª reunião da Câmara Temática da Saúde para
a Copa do Mundo de 2014, da qual participaram
o Ministério da Saúde e representantes dos estados e municípios que sediarão jogos da Copa
do Mundo, debateu os planos de preparação do
setor da saúde das cidades-sede do mundial.
Entre os objetivos da Câmara destacam-se a
coordenação do planejamento de ações nacionais na área da saúde, estabelecendo diretrizes
gerais e metas, ações estratégicas e o apoio às
ações com os municípios-sede.
Todos os planos terão seu desempenho avaliado novamente até o final do mês de outubro. Só terão a comercialização liberada aqueles que apresentarem melhora
na nota atribuída a partir das reclamações.
O secretário-executivo adjunto, Adriano Massuda, coordenador da Câmara, afirmou que o
planejamento para a Copa está seguindo o cronograma proposto pelo Ministério da Saúde. De
acordo com ele, após sete encontros, grande
parte dos planos de ação das cidades-sede para
fortalecimento da rede de urgência está em fase
de execução. O momento, agora, é de elaboração dos planos de contingência para o evento e
definição da Copa das Confederações como
evento-teste. A expectativa é que os planos de
ação da saúde das cidades-sede deixem como
herança o fortalecimento do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Fonte : Folha de São Paulo
Fonte: www.portalmedico.org.br
De acordo com Padilha, a punição dos planos só foi possível devido à participação da sociedade, que denunciou
o descumprimento dos prazos das operadoras. Nos três
primeiros meses de vigência da norma, a ANS recebeu
1.981 reclamações. No trimestre seguinte, foram 4.682.
A partir da quantidade de reclamações, a ANS separou
as operadoras por grupos de notas. Foram suspensas as
que receberam a pior nota nas duas avaliações.
33
Gestão
Hospitais apostam em
lavanderias terceirizadas
Redução nos custos e
segurança levam gestores a
desativar lavanderias hospitalares
e utilizar serviços fora das
unidades de saúde
Claudia Carpo
As lavanderias hospitalares são ser-
Estes ambientes exigem absoluta
Carolina Carvalho, responsável
viços de apoio responsáveis por re-
assepsia e precisam de atenção do-
pelo enxoval da unidade, a tercei-
ceber roupas das unidades de
brada, altos investimentos em
rização tem muito mais vantagens
saúde, lavar, secar, passar e en-
equipamentos,
e
financeiras, pois o hospital não as-
tregá-las em perfeito estado. Pa-
grande espaço físico para compor-
sume as despesas. “Quando o ser-
área específica, é essencial. E assim fun-
das e, por fim, distribuídas às unidades de
rece ser uma tarefa simples mas, na
tar todo o maquinário necessário.
viço é terceirizado, o gestor repassa
ciona também com a lavanderia da uni-
saúde. As áreas são separadas por uma pa-
verdade, é um trabalho complexo
Por essas razões, muitos gestores
os custos para o fornecedor. O hos-
dade. Desde que inaugurado, há três anos,
rede de vidro e a comunicação entre duas
abrem mão de ter uma lavanderia
pital paga apenas para que a roupa
o Home nunca manteve a lavanderia fun-
áreas é por interfone. A divisão entre as
funcionando dentro do próprio
seja lavada e a empresa entregue o
cionando dentro da unidade. “Vimos a
áreas é essencial para não contaminar as
hospital e optam pela praticidade
serviço”, explica. Outra questão
necessidade de não lavar o enxoval dentro
roupas limpas e, consequentemente, evi-
de terceirizar o serviço. As princi-
que deve ser considerada na hora
do próprio hospital, pois o maquinário
tar a propagação de organismos causado-
pais vantagens são a liberação do
da contratação do serviço é de que,
precisa de manutenção, pessoal especiali-
res de infecções hospitalares.
espaço dentro da unidade de saúde
ao terceirizar, o hospital fica total-
zado e grande rotatividade”, pondera.
que exige a atenção minuciosa dos
gestores. Por ser um ambiente propenso a infecções, as unidades de
processamento de roupas, como
são chamadas as lavanderias hospitalares, devem seguir à risca as
- o que antes era ocupado pela la-
mente focado em sua área fim, que
normas de vigilância, publicadas
vanderia pode se transformar em
é a prestação de serviços de saúde
no manual técnico “Processa-
novos consultórios ou novos leitos
de qualidade aos pacientes. Para a
mento de Roupas de Serviços de
34
funcionários
para atendimento, por exemplo, e
Assim que as roupas chegam à lavan-
Diferentemente das lavanderias comuns,
deria, vão para a área suja, onde passam
as unidades especializadas em serviços
pelo processo de separação, classifica-
diretora de Pessoas e Qualidade do
hospitalares devem ser divididas em dois
ção e pesagem. Elas são separadas por
critérios como: grau de sujidade (uma
Saúde: prevenção e controle de ris-
a diminuição dos gastos com água,
Hospital Ortopédico e Medicina
ambientes distintos: a área suja - desti-
cos” e na resolução RDC nº
luz, manutenção de equipamentos
Especializada (Home), Susie Lobo,
nada ao recebimento, pesagem, separação
roupa com resíduos de sangue não é la-
06/2012 da Agência Nacional de
e funcionários. Para a gerente de
profissionalizar as áreas, direcio-
por grau de sujidade e lavagem - e a área
vada com uma que está seca, por exem-
Vigilância Sanitária (Anvisa).
hotelaria do Hospital Daher, Maria
nando cada colaborador para sua
limpa, onde as roupas são secadas, passa-
plo) e tipo de tecido.
35
Gestão
Há diversos riscos relacionados ao
presença de objetos cortantes que
processamento de roupas hospitala-
podem ferir os funcionários e da-
res. Por isso, todas as lavanderias
nificar equipamentos. As lavado-
especializadas, independentemente
ras devem ter portas duplas,
de funcionarem dentro da unidade
instaladas entre a área suja e a
de saúde, ou terceirizadas, devem
limpa. Dessa forma, a roupa suja
seguir à risca as normas contidas no
entra por uma porta, localizada na
manual técnico e na resolução da
área suja, e sai lavada por outro
Anvisa. Entre as regras, está a li-
compartimento, situado na área
cença atualizada pelo órgão sanitá-
limpa. Assim, as roupas saem la-
rio competente, que permite o
vadas da máquina e, logo depois,
funcionamento da unidade de pro-
são colocadas na centrífuga para
retirar o excesso de água. Posteriormente, as roupas são passadas
de acordo com cada tipo de peça.
Na calandra, equipamento que
seca e passa ao mesmo tempo, são
colocadas as peças leves, como
lençóis, fronhas e colchas. As secadoras são usadas para roupas
que não precisam ser passadas,
como toalhas e cobertores. A
prensa a vapor passa roupas que
36
Foto: Ed Alves
Nesse momento, é verificada a
Panorâmica da lavanderia:
ao centro, funcionários
colocando lençóis na
calandra. Ao fundo, secadoras.
À direita, processo de
dobragem e embalagem
das roupas, para
distribuição aos
hospitais
cessamento de roupas; a regularização de equipamentos e produtos de
lavagem junto à Anvisa; o uso de
equipamentos de proteção individual (EPI), como gorro, máscara,
protetor auditivo, óculos, botas de
borracha, capote e luvas, toca ou
gorro; o uso de lavadoras com barreira, que separa a roupa suja da
limpa, com portas diferentes: uma
para entrada da roupa suja e outra
de saída da roupa limpa; o treinamento e a capacitação de funcio-
não podem ir para a calandra. Há,
nários, entre outras. Para o
também, o ferro, usado eventual-
proprietário e sócio-gerente da la-
mente. Caso haja alguma imper-
vanderia Acqua, Roberto Becker,
feição nas roupas, as máquinas de
obedecer às normas impostas pela
costura podem ser utilizadas para
vigilância é essencial para o bom
fazer conserto. Depois de conser-
atendimento às unidades de
tadas, voltam para a área suja e
saúde. “Nossos clientes visam a
passam novamente por todo o
uma parceria para que a terceiri-
processo. Após lavadas, as roupas
zação desenvolva um trabalho de
são embaladas e transportadas até
acordo com as regras, possua uma
o hospital, onde são colocadas nas
equipe bem treinada, tenha todos
rouparias.
os certificados, seja pontual na
entrega, sem danificar os enxovais, e apresentem um processo de
higienização eficiente”, diz.
De acordo com a especialista em
Regulação e Vigilância Sanitária
da Gerência Geral de Tecnologia
em Serviços de Saúde da Anvisa,
Maria Dolores Santos da Purificação Nogueira, o cumprimento das
normas é extremamente importante para a prevenção de infecções. “Existem vários riscos
associados às atividades de processamento de roupas de serviços de
saúde que, se não adequadamente
controlados, podem acarretar
danos ao trabalhador, ao usuário e
ao meio ambiente”, afirma. Dolores destaca os perigos da manipulação de objetos cortantes, como
seringas e agulhas, que podem vir
erroneamente junto com as roupas, e do uso inadequado das má-
Equipamentos
utilizados na área
suja da lavanderia.
Do outro lado do vidro
a roupa sai limpa.
quinas e do contato com os produ-
O proprietário da NJ Lavande-
O infectologista da Fundação Os-
tos químicos. Para a especialista,
ria, Nabil Dahdah, diz que o
waldo Cruz (Fiocruz Brasília),
os padrões garantem a segurança
cumprimento das normas é es-
Vitor Laerte, adverte que as lavan-
do paciente e dos colaboradores da
sencial para garantir a qualidade
derias são um serviço de suporte
lavanderia, bem como a qualidade
de vida dos colaboradores da
que, muitas vezes, são negligen-
do serviço prestado. “Além disso,
lavanderia. “Em dois anos de
ciados pelos gestores. “Nesse setor,
a roupa adequadamente proces-
funcionamento, nunca houve
sada influencia na qualidade da as-
nenhum acidente com funcio-
sistência à saúde, principalmente
nário,
no que se refere à segurança e ao
nunca pegou uma infecção aqui,
conforto do paciente”. A especia-
porque nós seguimos à risca os
lista afirma, ainda, que “o uso do
padrões e normas da Anvisa”.
EPI, além da higienização dos
Nabil acrescenta que todos os
minante”, aponta. Para Laerte “a
a m bientes e equipamentos da
funcionários têm de estar com
correta instituição de rotinas e
unidade, é importante para evitar
cartão de vacinas atualizado e
processos que obedeçam às nor-
a recontaminação da roupa e pre-
que, a cada três meses, são rea-
mas da vigilância sanitária é indis-
venir a transmissão de infecção
lizados os exames que atestam a
pensável para se minimizar esses
entre os trabalhadores”, afirma.
saúde dos colaboradores.
riscos”, afirma.
nenhum
colaborador
há o potencial de se permitir a
propagação de infecções para pacientes internados e, também, de
ser local para acidentes de trabalho com material biológico conta-
37
Vitrine Hospitalar
Mesa Mesa Cirúrgica - MC 757
Duetto Monitor
A unidade de cuidado intensivo DuettoTM é um equipamento de
funções híbridas, que opera tanto como incubadora como uma unidade de cuidado intensivo irradiante (berço aquecido). Quando
operado como berço aquecido, conta com um sistema de calor
especialmente projetado para atender os recém-nascidos nos
primeiros momentos de vida ou para atendimento prolongado,
quando necessário.
Lançamento Fanem
Autoclave Elevação
Esterilização de materiais diversos em hospitais, laboratórios, universidades, indústrias alimentícias e farmacêuticas. Sistema de elevação vertical, tipo guilhotina:
abertura e fechamento da porta por sistema de elevação
automática, eletromecânico, com acionamento de através
de motoredutores, não necessitando rede ou compressor de ar comprimido.
Lançamento Ortossíntese
Digitalizador Compacto
O CR 30-Xm permite a aquisição de imagens de alta qualidade
em mamografia e radiologia geral, proporciona solução
para clínicas de pequeno porte que desejam ir para o mundo
digital. Conectado a uma estação NX aliado ao software
Música 2 o CR 30-Xm oferece uma resolução de 50 μm para as
imagens de mamografia e 100μm para imagens de radiologia,
sendo facilmente conectado a soluções de impressão ou estação
de diagnóstico.
Lançamento: Agfa HealthCare
Mamógrafo Digital
O DX-M é um equipamento completo para aplicações de
mamografia digital e radiografia geral, para quem exige
qualidade superior de imagem com alta produtividade e
potencial redução de dose para o paciente. Com a nova
tecnologia dos cassetes NIP, proporciona aos radiologistas
alta resolução de imagem.
Lançamento: Agfa HealthCare
38
Equipamento com sistema rápido de mobilização e pedal de
duplo comando. A mesa cirúrgica é de grande versatilidade
que permite, através de articulações, posições adequadas
para o conforto do paciente. Ideal para procedimentos cirúrgicos de pequena, alta e média complexidade, com intensificador de imagem em toda a sua extensão.
Lançamento Ortossíntese
Trius
Equipamento de produção nacional com tecnologia adequada para que médicos ou enfermeiros assegurem com
precisão a classificação do risco clínico dos pacientes. Estão
integrados ao TRIUS® os medidores clínicos: glicosímetro,
termômetro timpânico, oxímetro de pulso e aparelho de
pressão arterial. Além de tela sensível ao toque, impressora
térmica e leitor de biometria. O Trius conta ainda com o
software EMERGES® que funciona como um Sistema de Informação que apóia o processo de atendimento, organiza os
fluxos de pacientes e controla os processos internos.
Lançamento ToLife
Visão Tributária
Arquivo Pessoal
João Eloi Olenike
emergentes, como México, Índia, China,
quantidade de procedimentos ligados à saúde
Chile e Coréia do Sul, têm tributação muito
prestados à população brasileira no mesmo ano
menor que a brasileira. Os Estados Unidos
(1,6 bilhão de procedimentos de atenção pri-
têm uma carga de tributos de 12% nos produ-
mária à saúde), chega-se à chocante constata-
tos e serviços ligados à saúde, enquanto que o
ção de que os governos recebem, em média,
Japão tem 13%, Canadá 11%, México e China
aproximadamente, R$ 20,00 de tributos de
16%, Coréia do Sul 15% e Índia 17%.
cada atendimento de saúde prestado à popula-
Portanto, a tributação é a principal razão do alto custo
de prevenção e tratamento de doenças no Brasil.
Para ser ter uma ideia do absurdo da nossa tribu-
A alta carga tributária
do setor de saúde
tação, mesmo o atendimento efetuado através do
SUS é altamente tributado. Isto porque os equipamentos, medicamentos e outros insumos são
adquiridos de empresas privadas, as quais sofrem
pesada tributação e repassam o custo tributário
para o preço que cobram do próprio governo.
Em 2009, a arrecadação tributária sobre o setor
Em nosso país, temos a determinação expressa
talares e todos os insumos utilizados no setor de
de saúde foi de aproximadamente R$ 30,5
de que a saúde é um direito fundamental social.
saúde e até as consultas dos profissionais da
b i lhões. Se houver a divisão deste valor pela
Tal garantia figura em nossa Carta Magna
saúde são tributados em índice incomparável
(Constituição Federal de 1988), conforme segue:
mesmo ao dos países desenvolvidos.
Art. 6º São direitos sociais: a educação, a saúde,
Dos principais direitos fundamentais do cida-
o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
dão, educação, saúde e segurança, o setor de
previdência social, a proteção à maternidade e
saúde é o mais tributado. Por sinal, é até mais
à infância, a assistência aos desamparados, na
tributado que o setor financeiro.
forma desta Constituição. (grifo nosso)
No Brasil, há praticamente tributação normal
Apesar de a saúde ser um direito fundamental do
de PIS, COFINS, ICMS e ISS, denominados tri-
cidadão e obrigação do Estado, os governos federal, estaduais e municipais optam por tributar excessivamente todas as atividades ligadas à saúde.
40
SETOR
ção brasileira, mesmo aqueles realizados através do SUS – Sistema Único de Saúde.
Diante deste quadro nada confortável para a
população, resta-nos lamentar esta situação e
questionar as autoridades para que revejam
este caos tributário no setor da saúde para que,
no futuro, possamos ter os nossos direitos
constitucionais garantidos.
Carga tributária sobre o valor agregado de
alguns setores da economia:
João Eloi Olenike é contador e advogado
% Carga Tributária
Valor Agregado - 2008
AGROPECUÁRIA
9,94%
SETOR DE EDUCAÇÃO (TOTAL)
14,25%
tos, mercadorias e serviços destinados à saúde
SETOR DE SAÚDE (TOTAL)
16,07%
da população, ao contrário de todos os países
SETOR PRIVADO DE EDUCAÇÃO
19,78%
SETOR PRIVADO DE SEGURANÇA
20,47%
butos sobre o valor adicionado, sobre os produ-
desenvolvidos e da maior parte dos países em
Em média, 1/3 do valor pago pela população por
desenvolvimento que optam por ter uma baixís-
qualquer produto ou serviço que se relacione
sima tributação sobre os itens que se relacionam
SETOR FINANCEIRO
20,84%
com a saúde é composto por impostos, taxas e
com a saúde. Nos EUA, Canadá, Japão e países
SETOR PRIVADO DE SAÚDE
25,23%
contribuições. Ou seja, desde os equipamentos
da Comunidade Econômica Europeia, a tributa-
utilizados para fazer exames ou tratamentos,
ção sobre os insumos da saúde é menos que a
passando pelos medicamentos, materiais hospi-
metade da tributação brasileira. Mesmo países
41
Gestão & Tecnologia
Nova tecnologia em farmácias
hospitalares reduz riscos de
paciente receber medicação errada
Prescrição, distribuição e separação eletrônica de medicamentos
ganham espaço nos hospitais brasileiros e agilizam atendimento
Renata Guimarães
42
Prescrição médica eletrônica são as
palavras-chaves utilizadas pelos
hospitais que estão apostando nas
farmácias automatizadas. Este novo
modelo de farmácia foi criado para
evitar erros na distribuição e aplicação de medicamentos aos pacientes
internados, e conta com aparelhos
de alta tecnologia que dispensa manuseio de funcionários no receb i mento, separação, seleção e
armazenamento de medicamentos.
Esse procedimento, embora pareça
simples, é de extrema importância
para o sucesso do tratamento, que
não pode sofrer nenhum tipo de
erro na leitura da receita. Atualmente os enganos de medicação
ainda são uma realidade na maioria das instituições de saúde. Dentre os problemas encontrados em
receitas estão rasuras, letra ilegível, uso de abreviaturas, falta de
explicação sobre os efeitos do medicamento e erros quanto à posologia.
O processo de informatização começa quando o médico, em seu
consultório, prescreve os medicamentos ao paciente por meio de
um sistema que opera em tempo
real com a farmácia do hospital. Os
farmacêuticos recebem as informações do médico, separam os medicamentos na dosagem e horários
específicos e enviam à enfermaria,
para que posteriormente possam
ser administrado ao paciente.
Nos hospitais os farmacêuticos garantem um tratamento diferenciado
por conhecer com profundidade os
medicamentos, efeitos colaterais, e
todas as implicações que envolvem a
administração das drogas. Muitos estudos têm sido desenvolvidos com o
intuito de minimizar erros e melhorar a qualidade da assistência prestada, com mais segurança, aos
pacientes. A tecnologia tem se mostrado uma resposta muito eficiente e
chega para agregar ao ambiente da
farmácia hospitalar mais segurança
no momento de separação e distribuição de medicamentos.
A implantação de equipamentos de
alta tecnologia nas farmácias hospitalares já é bastante comum em países da Europa e ganha cada vez mais
espaço no Brasil. Os farmacêuticos
argumentam que a tendência é extinguir a intervenção humana no
momento de separação, individualização e distribuição dos medicamentos para que as chances de erro
também sejam extintas. Outros processos de inovação acontecem por
meio dos equipamentos que separam
e individualizam os medicamentos,
dispensários eletrônicos, que liberam
automaticamente o medicamento no
momento em que a receita médica
chega à farmácia ou a inserção do
carrossel, que é um sistema de armazenamento em atmosfera seca para
componentes sensíveis à umidade e
para a proteção contra descarga eletrostática, com temperatura controlada constante, altas ou abaixo de
zero, que só é aberto por meio de
autenticação digital.
A farmácia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, é um exemplo
neste processo de informatização.
A gerente da farmácia, Débora de
Carvalho, afirma que a busca por
inovação tem de ser constante, pois
é necessário que a instituição se atualize, para acompanhar a evolução
neste setor. Ela ressalta que o Sírio
Libanês recebeu, nos últimos anos,
vários tipos de investimentos para a
automatização da informática para a
prescrição médica eletrônica.
O hospital aperfeiçoou esse sistema
e incluiu na base de dados que o médico tem acesso um prontuário de
cada paciente que contém informações específicas. Por exemplo, se o
paciente é alérgico a algum medicamento, se já faz uso de alguma droga,
se possui quadros que podem ser
agravados pela administração de certos medicamentos, e uma série de
outras informações que são de
grande importância para o médico
no momento da prescrição.
“Com esse sistema nós criamos um
suporte decisório para o médico no
momento da prescrição. Quem
abastece esses prontuários de informações são os próprios farmacêuticos e é com esse trabalho em
equipe que o paciente receberá o
melhor tratamento. O médico terá
uma série de informações importantes, por exemplo, alertas de
doses máxima, medicamentos mais
atuais, efeitos colaterais que podem
agravar outros quadros, entre outros. Este é o modelo que nós implantamos e estamos trabalhando
para que ele funcione da melhor
forma possível”, avalia Débora.
A modernização e inovação dos
procedimentos não param por aí.
De acordo com a farmacêutica, o
hospital está se preparando para a
utilização de alguns equipamentos,
como o carrossel nos almoxarifados
e os dispensários eletrônicos, o que
proporcionará maior qualidade
no armazenamento das drogas.
“Nós ainda não temos esse suporte,
mas estamos trabalhando para tê-
los, pois, eu, como gestora de farmácia, acredito que o modelo de
futuro é esse”, aposta. Débora relata que atualmente, o diferencial
da farmácia do HSL, é o fracionamento de injetáveis. O sistema de
informatização contribuiu para a
implantação do processo de fracionamento de injetáveis de forma totalmente automatizada e segura.
Este procedimento ocorre na
UTI e na farmácia da Oncologia.
A farmacêutica avalia que todas
essas questões sobre a farmácia
hospitalar está apoiada na segurança do paciente, por isso é tão
importante. “Com essa estrutura
todos ganham, o paciente, o médico, o farmacêutico e todos envolvidos nesse processo”, finaliza.
O hospital Daher, em Brasília, Distrito Federal, também tem buscado
esta modernização. Agilidade, otimização de processos e segurança do
paciente, segundo a farmacêutica clínica Marlla Moura são os pilares da
informatização e automatização da
farmácia hospitalar.
Gestão & Tecnologia
Saúde & Tecnologia
Segundo ela, todos os médicos do hospital aderiram à prescrição eletrônica
e para tornar o serviço ainda mais seguro, depois de recebida a receita, a
medicação selecionada pelo farmacêutico, armazenada em um recipiente etiquetado, deve ser bipada e
caso não seja a mesma que o médico
colocou no sistema, ou esteja com a
dosagem errada, ou com o horário incorreto, o computador entra em alerta
até a medicação correta ser conferida.
A farmacêutica ressalta que também
é importante que os outros procedimentos, como separação e distribuição de medicamentos
também aconteça de forma eletrônica, pois assim, sofrerá
menos interferência humana, e estará menos suscetível a
erros. “Nós já conseguimos evoluir na parte de individualização de medicamentos. Atualmente, com exceção dos
psicotrópicos, todos os medicamentos são 100% individualizados, que chegam separados por dose unitária ao
paciente que está na internação. Segundo ela, fazer com
que haja menos interferência humana nos processos também evita erros e possível contaminação com o manuseio.
“Tudo é conferido e anotado conforme lote, validade e o
nome da pessoa que supervisionou o processo”, descreve.
Marlla afirma que conhecimento e informação nunca
são dispensáveis, por isso, o hospital Daher está implantando um sistema chamado de CIM - Centro de
Informação sobre Medicamentos. Nesse sistema constam informações sobre medicamentos novos, fórmulas
que chegaram ao mercado recentemente e também
para o caso de a pessoa que faz uso do sistema tenha
qualquer dúvida possa contatar a farmácia central do
hospital imediatamente via rádio, telefone e e-mail.
O serviço pode ser acessado por farmacêuticos, médicos, enfermeiros e até mesmo pacientes. Segundo ela,
esse serviço já está funcionando e tem se mostrado
bastante útil na construção de relatórios e para o conhecimento de indicadores sobre os medicamentos.
“Já tive experiências muito ruins com a prescrição manual, onde não era fácil compreender a medicação, do-
Ed Alves
Maior evento de saúde das Américas
A farmacêutica
Marlla Moura aposta
na informatização das
farmácias hospitalares
como modelo de
eficiência para
o setor.
sagem e horários corretos que o médico
prescrevia. Nesse tipo
de trabalho não podemos perder tempo
com erros, nem nos
dar ao luxo de errar,
pois estamos trabalhando com vidas. É tudo muito sério. Por isso, é
muito clara a necessidade de mais automação e menos
intervenção humana. Eu acredito que o futuro é esse,
onde poderemos ter mais segurança com todos os procedimentos que são feitos nesse sentido. O hospital
que não correr para ter uma farmácia minimamente
moderna vai ficar para trás, pois os novos tempos já
chegaram e a tendência é de que esse serviço fique
com o preço cada vez mais acessível”, conclui.
Em todo Brasil
A Câmara dos Deputados analisa proposta que obriga
os médicos de cidades com 200 mil habitantes ou mais
a emitir receita digitada e rastreável eletronicamente,
por meio de código de barras. A medida, que está prevista no Projeto de Lei 3344/12 valerá também para
médicos de cidades menores. O autor da proposta, deputado Ademir Camilo (PSD-MG), explica que esse
tipo de receita, que deverá ser acessada por meio de sistema integrado entre médicos, farmácias ou órgãos governamentais de fiscalização, deve evitar erros de
interpretação e aumentar a segurança do paciente.
Diretoria da FBH durante palestra
na Feira Hospitalar 2012
A Feira Hospitalar comemorou, em
2012, sua 19ª edição e reuniu, em São
Paulo, 1.250 expositores de 68 países.
Durante o maior evento de saúde das
Américas, empresários e profissionais da
área debateram sobre as tendências na
gestão hospitalar. A Feira apresenta
todos os anos o que existe de mais mo-
derno em equipamentos, tecnologia,
produtos e serviços direcionados à saúde.
A Federação Brasileira de Hospitais
(FBH) compareceu à Hospitalar 2012, e
através do presidente da entidade, Luiz
Aramicy Pinto, apresentou palestra
sobre o papel dos órgãos representativos
da saúde e ressaltou a importância da
busca na qualidade da gestão e sintonia
na comunicação das entidades. Durante
a palestra o presidente da FBH elogiou o
propósito da Feira e apontou o evento
como um importante fórum de debates
e negócios para discussão de rumos e
tendências no setor.
Técnica industrial permite hospital aumentar número de atendimentos
Hospitais de São Paulo têm conseguido
diminuir o tempo de espera de procedimentos e atender a um número maior de
pacientes com técnicas inspiradas na indústria automotiva. A técnica envolve
mudança nos processos internos das instituições conhecida como sistema de
produção enxuta para área da saúde
(lean healthcare). O primeiro passo para
a eficiência desta técnica no setor hospitalar é mapear o funcionamento do
hospital e o caminho do paciente dentro dele.
O Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho,
responsável por 24% das quimioterapias do SUS, na cidade
de São Paulo, é exemplo de eficiência da técnica lean
healthcare. A instituição conseguiu reduzir em 76% o
tempo de espera de pacientes na quimioterapia e aumentar em 50% o número de doentes atendidos. O hosp i t a l a t e n dia a 80 pacientes por dia. Com o
desenvolvimento das novas práticas, são 120 atendimentos
com os mesmos funcionários.
De acordo com o consultor responsável pelo projeto, Ronaldo Mardegan,
preparar
a
sala
de
quimioterapia no dia anterior e
adiantar a parte de medicação que
será aplicada ao paciente acelera o
atendimento e libera espaço para
atendimento.
Produção Enxuta
Criado após a Segunda Guerra
Mundial, o lean manufacturing (produção enxuta) é uma
filosofia de gestão focada na redução de desperdícios que
envolve tempo de espera, superprodução, transporte, movimentação, excesso de processamento, inventário, entre
outros.
Desde 2002, hospitais americanos começaram a aplicar a
técnica. Outros hospitais brasileiros, como o Albert Einstein, Rede D'Or, São Luiz e São Camilo, já desenvolveram
esse conceito de gerenciamento para suas rotinas.
Fonte: Folha de São Paulo
45
Instituto do Câncer de SP terá robô para cirurgias
O Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) começa a realizar cirurgias oncológicas com um robô até o final de
2012. Será o primeiro hospital público paulista a adotar o procedimento. O
governo federal liberou verba de R$ 8 milhões para custear o equipamento
pelo período de dois anos. O robô será usado em cirurgias de cabeça e pescoço,
urológicas e gastrointestinais. De acordo com o diretor do Icesp, Paulo Hoff, o instituto realizará estudos de custo e efetividade
sobre a cirurgia robótica que vão auxiliar o governo na decisão de incorporar ou não a tecnologia ao SUS.
Para o chefe do serviço de otorrinolaringologia do Hospital
São Camilo, em São Paulo, José Antonio Pinto, a técnica é
uma boa opção para pessoas com grau leve de apneia do
sono, que é caracterizada por cinco a 15 interrupções da
respiração em cada hora de sono. A apneia moderada
ocorre quando o sono é interrompido de 15 a 30 vezes e a
grave quando é acima de 30.
Fonte: Folha de São Paulo
A técnica foi apresentada por médicos do Instituto de Ensino
e Pesquisa do Hospital São Camilo, em São Paulo, durante
um curso sobre diagnóstico e tratamento da apneia obstrutiva do sono, mas ainda não é possível avaliar os resultados
porque o procedimento ainda está em processo de análise.
Nova tecnologia para mapeamento do cérebro
Fonte: Estado de São Paulo
Cientistas criam técnica para detectar Alzheimer antes de sintomas
Os cientistas da Escola de Medicina da Universidade de
Washington selecionaram, para o estudo, pacientes britânicos, americanos e australianos que têm risco genético de
desenvolver a doença.
Dos 128 pacientes examinados, 50% têm chances de herdar
uma das três mutações genéticas conhecidas pela ciência
que provocam o mal de Alzheimer.
O grupo também tem chance aumentada de sofrer da
doença a partir dos 30 ou 40 anos, muito mais cedo que a
maioria dos pacientes de Alzheimer, que em geral desenvolvem o mal na casa dos 60 anos.
Os pesquisadores analisaram os pais dos pacientes para descobrir com que idade eles haviam desenvolvido a doença.
A partir daí, começaram a tentar avaliar quanto tempo antes
era possível detectar os primeiros sinais da enfermidade.
Foram realizados exames de sangue, de líquor (fluido cerebrospinal), de imagens do cérebro e, também, avaliações
de habilidades mentais nos pacientes.
Os pesquisadores descobriram que era possível detectar pe-
quenas mudanças no cérebro de quem tinha alguma das mutações que, no futuro, levarão ao surgimento do Alzheimer.
Eles sugerem que a primeira mudança, uma queda nos níveis
da proteína conhecida como amiloide - componente-chave
dos neurônios - no fluido cerebrospinal pode ser detectada
25 anos antes do aparecimento dos sintomas da doença.
o paciente faça movimentos durante o exame e fornecerá imagens
precisas para cirurgias auxiliadas
por robôs. O dispositivo do equipamento é silencioso para não assustar crianças ou pessoas com
claustrofobia durante o exame.
www1.aston.ac.uk
Pesquisadores da Universidade de Aalto, na Finlândia, criaram
um aparelho com sensores de campo magnético ultrassensíveis
a partir da fusão de duas tecnologias essenciais para mapeamento do cérebro, a ressonância magnética (MRI), que visualiza as estruturas do órgão, e a magnetoencefalografia (MEG),
que mede as funções elétricas. O novo equipamento vai garantir maior precisão para diagnosticar doenças na região.
De acordo com os pesquisadores, o MEG-MRI permitirá que
Fonte: Folha de São Paulo
Hospital Quinta D'Or realiza a primeira radiocirurgia de fígado da América Latina
O Centro de Oncologia do Hospital Rede
D'Or, no Rio de Janeiro, realizou a primeira
radiocirurgia para metástases no fígado na
América Latina.
Por volta de 15 anos antes do aparecimento da doença,
pacientes já apresentavam níveis anormais de placas bamiloides. Além disso, imagens do cérebro revelaram
encolhimento em algumas regiões do cérebro desses
pacientes.
O procedimento utilizado foi a radiocirurgia guiada por imagem (IGRT, do inglês,
Image Guided Radiation Therapy) com
acompanhamento do movimento respiratório e rastreamento da localização das lesões
em tempo real. Essa tecnologia chegou ao
país recentemente e fez com que a radiocirurgia ganhasse precisão submilimétrica,
focando as emissões diretamente no tumor
e preservando ao máximo tecidos saudáveis.
Dez anos antes dos primeiros sintomas foram detectados
problemas de memória e um processamento anormal da
glicose no cérebro dos estudados.
Em pacientes que não tinham as mutações não foram
detectadas alterações nesses marcadores.
Os resultados da pesquisa foram publicados no New England
Journal of Medicine.
Fonte: BBC Brasil
Marcos Velloso
http://letra1.com
Microchip no céu da boca pode reduzir ronco em paciente com apneia leve
Pacientes que roncam,
com diagnóstico de apneia leve, têm mais uma
opção de tratamento. Um
microchip implantado
no fundo do céu da boca,
através de um procedimento simples, pode reduzir em até 80% o ruído
do ronco. A técnica, já
usada na Europa e nos Estados Unidos, foi aprovada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
www.dmc-modesto.com
Saúde & Tecnologia
Equipamento Novalis permite
rastreamento em tempo real
De acordo com o médico radioterapeuta,
Felipe Erlich, a radiocirurgia de fígado para
as metástases hepáticas inicia-se com uma rigorosa seleção de pacientes, sendo candidatos
aqueles considerados inoperáveis e que tenham até três lesões, cada uma delas menor
que 6,0cm, e com função hepática preservada. O segundo passo é a implantação de
marcadores fiduciais de ouro, utilizados para
que o aparelho localize a lesão com a máxima
precisão. Após esta etapa, são colocados fiduciais reflexivos externos, utilizados para o
rastreamento da respiração e elaboração da
curva respiratória do paciente. O quarto
passo é a Tomografia 4D. O rastreamento em
tempo real permite que os médicos apliquem
a radiação propriamente dita.
Fonte: www.hospitalar.com.br
Brasileiros testam marca-passo cerebral contra obesidade e depressão
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Heidelberg, no sudoeste da
Alemanha, e do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer, na mesma cidade, utilizou
a tecnologia tablet em cirurgias. A técnica experimental, batizada de navegação
assistida para visão 3D aumentada, poderá ajudar os cirurgiões a visualizar melhor
os órgãos próximos ao rim na retirada de cálculos, e na remoção de tumores em
cirurgias invasivas. O procedimento foi testado para retirada de pedra no rim em
cinco pacientes e está em análise pelos pesquisadores para avaliar se a técnica será
viável. O tablet captura as imagens dos eletrodos e as transmite para um servidor, que
transmite a cirurgia em tempo real, o que facilita a visão geral do médico.
Fonte: Folha de São Paulo
46
www.sempretops.com
virtualworldlets.net
Cirurgia com tablet usa realidade virtual para visualizar órgãos
Usado no controle de sintomas
da doença de
Parkinson há décadas, o marcapasso cerebral
será testado pela
primeira vez no
Brasil para obesidade mórbida e depressão.
Os estudos serão realizados pela equipe do
Centro de Neurociência do Hospital do
Coração (HCor Neuro, em São Paulo), em
parceria com o Ministério da Saúde, por
meio do Instituto de Ensino e Pesquisa
(IEP) do hospital. Os estudos devem ser
realizados pelos próximos três anos como
parte dos projetos de filantropia do HCor.
elétricos no nervo trigêmeo. Os eletrodos
serão colocados sob a pele do paciente, na
altura da testa, e conectados ao aparelho na
região infraclavicular.
O hospital vai verificar o potencial do equipamento implantado na estimulação cerebral profunda para obesidade mórbida. O
equipamento vai ser usado para estimular o
hipotálamo ventromedial, região de 2mm
do cérebro, ligada à fome e à saciedade do
paciente. O estudo do marca-passo para a
depressão vai testar a eficácia dos impulsos
O marca-passo cerebral poderá ter eficácia
também contra outras doenças, como tremor
essencial e distonia, doenças que comprometem os movimentos do paciente. De acordo
com os neurocirurgiões brasileiros responsáveis pelas pesquisas, o implante será realizado
através de cirurgia pouco invasiva e com rápida
Fonte : www.istoe.com.br
recuperação.
47
Dagoberto Lima
Divulgação - www.scritta.com.br
Visão Jurídica
“
Quando um
beneficiário de
convênio privado de
saúde é atendido pela
rede pública, as
despesas geradas
para o SUS
são passíveis de
cobrança da sua
operadora. A dívida
dos convênios de
saúde junto ao
SUS, está estimada
em 2 bilhões de reais.
“
48
49
Tecnologia Biomédica
Para identificar este potencial escondido, o Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha
Arquivo Pessoal
Tilo Mandry
(BMWi) fundou a iniciativa
Health – Made in Germany, que
hoje atua em mais de 20 países e
funciona como uma plataforma
para um primeiro contato com
Saúde Made in Germany
empresas estrangeiras ou investidores que procuram uma mediação no mercado alemão do
setor de saúde. A corporação
do governo federal para o desen-
A demanda internacional para produtos alemães de
reconsiderar métodos atuais de tratamento e encarar
tecnologia biomédica, tais como os aparelhos de me-
a nossa situação futura com ideias novas para trata-
cio exterior, Germany Trade and
dicina hospitalar, é grande. A indústria desse
mento e prevenção.
Invest, foi designada para implementar esta iniciativa.
A demanda internacional por produtos do setor de
Para aumentar a conscientização pública, o pri-
sas operam, atrai clientes e investidores de todo o
saúde pública é um dos principais sustentadores do
meiro passo foi criar um site oficial, (www.health-
mundo. Com décadas de inovações e inúmeros vence-
mercado alemão de tecnologia biomédica. Dois terços
made-in-germany.de), que oferece desde notícias
dores do Prêmio Nobel na área da fisiologia e da me-
do faturamento do setor de saúde no país referem-se
sobre a indústria, detalhes para contatos com as
dicina, as soluções alemãs para o setor de saúde se
à exportação destas tecnologias. Aproximadamente
principais associações e organizações do setor de
tornaram uma constante no mercado global.
60% de todas as exportações vão para fora da União
saúde até um calendário internacional dos princi-
Europeia. As exportações para a América Latina apre-
pais eventos do mercado. Foram lançadas diver-
sentaram, em 2010, um aumento de 31% em compa-
sas publicações em inglês com informações
segmento é uma das líderes mundiais. O ambiente
tecnológico e econômico favorável, no qual as empre-
O Mundo Moderno e a Tecnologia
Biomédica da Alemanha
ração ao ano anterior. Isto mostra que um comércio
volvimento comercial e o comér-
sobre os mercados nacional e internacional.
As mudanças internacionais, como o aumento dos cus-
intercontinental está estabelecido e florescendo, prin-
A iniciativa, em conjunto com os seus parceiros da in-
tos da saúde pública, são dificuldades e desafios para a
cipalmente porque a demanda dos mercados interna-
dústria, do governo, bem como da área de pesquisa e
nossa sociedade, especialmente o setor de saúde do
cionais, entre outros do brasileiro, continua crescendo.
desenvolvimento, procura identificar as principais
Brasil, que entrou em uma fase de rápida expansão de-
50
“
A demanda
internacional por
produtos do setor de
saúde pública é um
dos principais
sustentadores do
mercado alemão de
tecnologia biomédica.
Dois terços do
faturamento do setor
de saúde no país
referem-se à
exportação destas
tecnologias.
“
Interagindo
mundialmente
possibilidades para impulsionar o mercado e criar
vido ao constante crescimento das expectativas em re-
Um dos pontos fortes do poder inovador da indústria
lação à saúde pública. Este desenvolvimento no setor
de tecnologia biomédica é o fato de 30% de todos os
de saúde brasileiro é, também, acompanhado por uma
produtos vendidos no mercado terem menos de três
médica que procuram acessar mercados estrangeiros;
crescente disposição em gastar fundos privados para
anos de idade, com um faturamento anual de mais de
coordena os esforços alemães para promover o comér-
um tratamento de qualidade ou medidas de prevenção
20 bilhões de euros e criação de aproximadamente 90
cio exterior ou realiza eventos para estabelecer uma
apropriadas. Consequentemente, esta realidade deve
mil empregos. A indústria da tecnologia biomédica re-
rede de contatos dentro e fora da Alemanha. Um dos
ser contemplada como uma oportunidade para
presenta um pilar essencial da economia alemã.
projetos atuais é realizar uma série de eventos
novas parcerias por todo o mundo. Dentro desse contexto, a iniciativa apoia empresas de tecnologia bio-
de imprensa também nos países da
América Latina. Já durante a
Medical Fair Hospitalar, em maio
2012, em São Paulo, a iniciativa
teve a oportunidade de se apresentar ao público brasileiro.
O próximo passo do plano é a Expomedical, que será realizada em
setembro de 2012, em Buenos
Aires, e já foram planejadas outras
campanhas em outros países da
América do Sul e da América Central.
Aproximadamente 9% do faturamento do setor de tecnologia
biomédica alemã serão reinves-
tidos em pesquisa e desenvolvimento, e aproximadamente 15% dos funcionários estão trabalhando
nesta área. Para garantir a liderança, mais de 40
universidades, com professores qualificados, formados em áreas de engenharia, biotecnologia ou
medicina, oferecem programas de ponta. Uma
nova tendência está surgindo para a formação em
áreas interdisciplinares, particularmente em combinação com tecnologias da informação.
Um antigo provérbio do filósofo alemão Arthur
Schopenhauer diz: “existem mil doenças, mas só
uma saúde”. Seguindo este credo, a indústria alemã
do setor de saúde busca encontrar a cura para cada
uma delas, mas não só para uma nação.
Tilo Mandry é gerente da empresa Germany
Trade and Invest. Contato: [email protected]
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