Ano 1 | Edição 2 - Agosto 2012 | Trimestral MALA DIRETA POSTAL 991 22 58 683 DDR/MG MMS CORREIOS DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS IMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT Tecnologia de ponta ajuda recuperar visão Farmácias informatizadas chegam a hospitais Saúde tem a maior carga tributária da economia Lei cheque-caução não define quem paga a conta do atendimento LEIA MAIS | ENTEVISTA | NOTÍCIAS DO SETOR | GESTÃO E TECNOLOGIA Palavra do presidente O SISTEMA DE SÁUDE NO BRASIL Lei que torna crime a exigência de cheque-caução nas emergências de hospitais particulares deixa brechas e não define quem paga a conta pelo atendimento. PRECISA DE CUIDADOS A FBH HÁ MAIS DE 40 ANOS VEM CUMPRINDO ESTE PAPEL PARA A MELHORIA DE QUALIDADE DA SAÚDE NO BRASIL. A presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei nº 12.653/12, que torna crime exigir cheque-caução, nota promissória ou o preenchimento prévio de formulários administrativos como condição para atendimento médico de emergência em hospitais particulares. É preciso esclarecer que nem todo caso é uma emergência com risco de vida iminente. O médico deve estar muito atento a esta questão, além de reavaliar suas responsabilidades e competências quanto a sua atuação em serviços de traumas, uma vez que a lei vem frontalmente na direção de sua conduta. A exigência de cheque-caução já era considerada irregular pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e por órgãos de defesa do consumidor. A mudança no Código Penal, no entanto, passa a considerar a prática criminosa, com a c r i ação do artigo 135-A, que caracteriza crime condicionar o atendimento médico-hospitalar emergencial a qualquer garantia. Um dos casos que motivaram a iniciativa do governo federal para criação da lei foi a morte do então secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, ocorrida em janeiro de 2012, depois de dois hospitais particulares de Brasília terem recusado atendimento a ele. Com sintomas de infarto, o servidor, de 56 anos, não foi atendido porque estava sem talão de cheques para oferecer a caução. Ao receber socorro, no terceiro hospital, seu quadro já era irreversível. Quem exigir cheque-caução poderá ser punido com detenção de três meses a um ano e multa. A pena poderá ser dobrada se o paciente sofrer lesão corporal grave e até triplicada, se o paciente morrer devido à falta de atendimento. A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) participou de todo o processo de tramitação da lei e, embora não tenha sido sancionada na extensão do que foi discutido, a FBH orienta que a determinação seja cumprida e que um trabalho multidisciplinar intenso, junto às emergências, seja realizado. No entanto, fica o questionamento sobre o pagamento das despesas hospitalares. Sem dúvida, o atendimento ao paciente em estado de emergência é de suma importância, Luiz Aramicy Pinto -Presidente da Federação Brasileira de Hospitais porém as instituições de saúde particulares devem ter a garantia de que o pagamento será efetuado. A lei é omissa porque não esclarece o ente responsável pelo atendimento, o que abre precedente para que o Projeto de Lei nº 125, que tramita no Senado, de autoria do senador Cyro Miranda, ganhe força de complementação de lei para definir os procedimentos e condutas administrativas e financeiras para a nova regra de atendimentos emergenciais. De acordo com o texto do projeto, o prestador de serviço privado de assistência à saúde deve ser ressarcido das despesas decorrentes do atendimento pela operadora do plano privado de assistência à saúde do qual o paciente seja beneficiário. Caso o paciente não esteja vinculado a nenhum plano de saúde, a responsabilidade pelo pagamento deverá ser do Sistema Único de Saúde, através de regras específicas. A partir de agora, os estabelecimentos de saúde com serviço de emergência ficam obrigados, também, a exibir, em lugar visível, a informação: “Constitui crime a exigência de cheque-caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial”. A nova regra evita, sob todos os aspectos, a omissão de socorro e beneficia a população. Porém, é preciso esclarecer ao cidadão, o que configura atendimento de emergência e de urgência e suas implicações. 3 Editorial Não é novidade para ninguém a revolução que a tecnologia fez na medicina. O que era considerado ficção científica há tempos, hoje é a mais pura verdade nas unidades de saúde. É impossível não ser surpreendido com todo este universo high tech disponível para curas, tratamentos e diagnósticos. São equipamentos com alta precisão de imagem, radiações eletromagnéticas, próteses de fibra óptica, fibra de carbono, chips, implantes digitais, dentre tantos outros recursos. Soluções que trazem a qualidade de volta à vida das pessoas. Exemplo desta diversidade de recursos sofisticados da área médica é visto na “Feira Hospitalar”, considerada a maior exposição da America Latina do setor. A feira, realizada todos os anos em São Paulo, apresenta aos visitantes uma infinidade de empresas que expõem o que existe de mais moderno e revolucionário em produtos e serviços médico-hospitalares. Dentro deste universo é possível ter uma noção de como os recursos digitais estarão cada vez mais aliados à medicina. Nossa matéria de capa traz um pouco deste fantástico mundo biônico da saúde, especificamente na oftalmologia e na oncologia. Nesta edição, procuramos conhecer melhor sobre uma recente pesquisa desenvolvida na Alemanha e na Inglaterra para implante de microchip no globo ocular de pacientes com retinose pigmentar, uma doença hereditária que compromete a retina e leva à cegueira. Trata-se de um implante que vai permitir aos portadores recuperarem parcialmente a visão perdida com a retinose. Os estudos do microchip chegam ao Brasil ainda este ano e beneficiarão outras pesquisas afins da oftalmologia. que atendem a pacientes nas recepções dos hospitais estão, na maioria das vezes, mal-humorados e despreparados para receber um doente? Pensando nisso, fomos saber como os gestores investem neste setor que, normalmente, é alvo de muitas reclamações. Surpreendemo-nos ao conhecer o professor Minoru Ueda, especializado no assunto, que nos deu uma aula sobre como funciona o treinamento integrado comportamental, uma qualificação que prepara funcionários para atender a pacientes no primeiro contato burocrático das recepções hospitalares. Descobrimos alguns centros médicos com equipes treinadas sob o foco da empatia e da boa comunicação, que, de acordo com Ueda, são trabalhadas a partir de uma equação aparentemente simples: Competência Emocional + Qualidade no Atendimento = Qualidade de Vida. Eis aí uma postura muito bem-vinda para ser difundida a todos os que trabalham com enfermos e debilitados nos hospitais! Outro universo que contempla requintes tecnológicos para a cura são os elaborados equipamentos da radioterapia. Os raios eletromagnéticos deste tratamento são capazes de destruir tumores e evitar o reaparecimento de células cancerosas. Com alto grau de complexidade, os aceleradores lineares são aparelhos complementares para o tratamento de câncer. A revista Visão Hospitalar também quis saber sobre uma área que quase não se comenta, mas é de vital importância dentro do hospital: a farmácia. E, como não poderia deixar de ser, na era dos comandos eletrônicos, este setor abriu-se para uma metodologia moderna e eficiente para armazenar e distribuir medicamentos. O controle digital de receitas médicas e de remédios traz menos riscos de erros na aplicação de medicamentos aos pacientes. Da farmácia digital, acompanhamos a trajetória de higiene de todo o enxoval hospitalar, composto por lençóis, fronhas, roupas cirúrgicas dos médicos, das internações e do centro cirúrgico. Percebemos que as lavanderias dos hospitais estão perdendo espaço e alguns gestores já consideram terceirizar a assepsia do enxoval como uma das soluções de economia e praticidade. Encontramos empresas especializadas que obedecem a rigorosas exigências da ANVISA para esterilizar as roupas contaminadas. Nesta segunda edição, também vamos abordar a polêmica lei do cheque-caução, sancionada recentemente pela presidenta Dilma Rousseff e que deixou lacunas e incertezas para população e gestores da saúde. Temos, ainda, notícias do setor hospitalar e as participações especiais dos nossos competentes colunistas que, com seus esclarecimentos e avaliações, abordam os mais variados assuntos que interessam a todos nós! Boa leitura! Ana Lúcia Barata | Editora-chefe Você já observou como muitos profissionais 6 10 Pesquisa inédita recupera visão parcial de portadores de retinose pigmentar Hospitais investem em treinamento humanizado 16 Entrevista com Vera Lúcia Fonseca sobre parto humanizado 17 Cartão Nacional de Saúde unifica base de dados de pacientes do SUS 20 18 Darcio Perondi apóia as redes sociais em defesa da saúde Lei proíbe cheque-caução em hospitais particulares 26 24 Ortopedista Marcus Montenegro ressalta cuidados de lesões durante as corridas Radioterapia e os avanços tecnológicos para o tratamento do câncer EXPEDIENTE MEMBROS DA DIRETORIA | FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPITAIS | FBH Presidente: Luiz Aramicy Bezerra Pinto Vice-Presidente: Francisco José Santiago de Brito Vice-Presidente: Luiz Plínio Moraes de Toledo Vice-Presidente: Benno Kreisel Vice-Presidente: Randal Pompeu Ponte Vice-Presidente: Dário Clair Staczuk Vice-Presidente: Renato Botto Vice-Presidente: Maria Luiza Loureiro Vice-Presidente: Adelvânio Francisco Morato Secretário-Geral: Eduardo de Oliveira Secretário Adjunto: Ivo Garcia do Nascimento Diretor Tesoureiro: Mansur José Mansur Tesoureiro adjunto: Danilo de Lira Maciel Diretor de Atividades Culturais: Avelar de Castro Loureiro Assessores de Diretoria: Antônio Dib Tajra Manoel Gonçalves Carneiro Netto Superintendente: Luiz Fernando Corrêa Silva Conselho Fiscal Membros Efetivos: Edivardo Silveira Santos Canísio Isidoro Winkelmann Volney Waldivil Maia Conselho Fiscal Membros suplentes: Luciano Correia Carneiro Paulo Eduardo Garcia Picanço Breno de Figueiredo Monteiro PRODUÇÃO | REVISTA VISÃO HOSPITALAR | SANTAFÉ IDEIAS E COMUNICAÇÃO Diretor Executivo Maurício Júnior Diretora de Redação Flávia Gomes 4 Editora-Chefe Ana Lúcia Barata - 3324/DF [email protected] Departamento Comercial Viviã de Sousa [email protected] Subeditor Dihego Luk [email protected] Revisor: José Geraldo Campos Projeto Gráfico Blog Comunicação Arte e Diagramação Blog Comunicação [email protected] tel. (31) 33091036 Tiragem 5mil Trimestral Publicação Federação Brasileira de Hospitais - FBH Federação Brasileira de Hospitais - FBH - SRTVS Qd. 701 – Conj. E Nº 130 - Bloco 03 - 5º andar - Ed. Palácio do Rádio Asa Sul - Brasília /DF - CEP: 70340-901 - Tel: (61) 3322-3330 - E-mail: [email protected] 34 40 Redução nos custos e segurança levam a terceirização de lavanderias hospitalares Joao Eloi Olenike aponta alta carga tributaria do setor de saúde 48 50 Visão Jurídica do advogado Dagoberto Lima sobre o ressarciamento ao SUS Tecnologia Biomédica da Alemanha SERVIÇO HOSPITALAR Funcionários de recepções hospitalares são treinados em atendimento humanizado Equilíbrio psicológico e processo de cura de doentes começam no primeiro contato com o hospital Renata Guimarães Para o professor da Fundação Instituto de Administração de São Paulo (FIA-USP) e especia- 6 Arquivo Pessoal Recepção hospitalar: espera e ansiedade antes do atendimento médico Todo o universo de dores e doenças leva, necessariamente, à busca de auxílio médico. Algumas pessoas, mesmo muito debilitadas, procuram assistência apenas na última hora, quando a situação chega ao limite. Outras preferem não adiar tanto e buscam socorro imediato para o alívio de suas dores. Mas, ao chegar a um ambiente hospitalar, o candidato a paciente, abatido, se depara com a recepção hospitalar, que normalmente trata da burocracia do atendimento e do encaminhamento aos procedimentos médicos necessários. E, neste momento, é muito comum ouvir pessoas reclamando da indiferença e despreparo destes funcionários no trato com os pacientes. Professor Minoru Ueda é especialista em atendimento humanizado lista em atendimento humanizado, Minoru Ueda, o processo de cura do paciente é iniciado no primeiro contato com o hospital. O especialista acredita que, para que o hospital seja um modelo de sucesso, é necessário que haja treinamento focado em todas as áreas, desde o pessoal do estacionamento até o da manutenção. “A chave para um bom atendimento está na humanização que o colaborador da instituição precisa ter para pas- sar esse sentimento ao paciente e todos aqueles que o acompanham na ida ao hospital.” Muitas instituições já seguem o preceito de ter um atendimento humanizado, com mais atenção e cordialidade com quem entra no ambiente hospitalar como uma meta a ser cumprida. Dessa forma, é organizado um setor com um ou mais profissionais capacitados para chefiar essa área e coordenar tanto o quadro de funcionários da recepção quanto todos os funcionários do hospital. Segundo a coordenadora de atendimento, Maria da Glória Gomes, do Hospital Anchieta, localizado em Taguatinga, Distrito Federal, todos os colaboradores de um hospital devem saber, antes de qualquer informação, que o motivo que leva o paciente a buscar o médico está normalmente ligado à dor e à angústia, e que o paciente já chega ao ambiente hospitalar psicologicamente abalado. Por isso, todos os colaboradores devem ter a noção de que aquele é um território delicado. Os profissionais que atuam nos hospitais devem lidar com os elementos burocráticos e negligentes, que devem ser combatidos a todo o momento, para que a passagem do paciente pelo hospital seja feita da melhor forma possível. Ueda afirma que, para ter um atendimento bem sucedido, é necessário seguir uma simples fórmula: Competência Emocional + Qualidade no Atendimento = Qualidade de Vida. E, para que esse resultado seja possível, é necessário um denominador que ele chama de “comunicação”. O professor cita o pensador Sigmund Freud ao dizer que o elemento da cura está na comunicação. “Este é o único veículo para conceber a alteridade. Sendo assim, a cura dos pacientes também depende do nível de comunicabilidade dos funcionários do hospital. No momento em que a visão de paciente como inimigo for eliminada, teremos pessoas abertas a sentir, com as outras, os momentos de dificuldades. A equipe de uma instituição hospitalar deve criar uma zona de sensação em que se coloquem no lugar dos pacientes e percebam que são feitos da mesma substância, sem divisão de áreas”, enfatiza Ueda. Seguindo esses preceitos, Maria da Glória Gomes relata que os funcionários do Hospital Anchieta que trabalham especificamente na recepção de pacientes recebem treinamento intensivo para lidar com todos os casos de urgência, emergência, marcação de consultas, entre outros, para melhor atender o paciente nessa primeira visita. Mas o aperfeiçoamento do atendimento não para por aí. “Todos os colaboradores do Hospital Anchieta, trimestralmente, recebem atualização sobre os processos que envolvem o atendimento desde a receptividade dos pacientes, sendo observadas, a todo momento, as condições físicas e psicológicas dos pacientes e acompanhantes para prestar um atendimento digno, atencioso e respeitoso”, assinala. 7 SERVIÇO HOSPITALAR Para a realização desses treinamentos, Ueda aconselha fazer um trabalho de reflexão a fim de despertar várias qualidades nos trabalhadores. “Nós não conseguimos oferecer para o outro aquilo que não temos internamente. Então, temos de focar no indivíduo, que é qualquer colaborador do hospital, um olhar para que ele possa fazer a entrega de acolhimento, uma humanização junto ao paciente. Assim, a humanização acontece a partir do momento em que despertamos isso dentro do colaborador”, reitera. Segundo Maria da Glória, “é necessário que todos os colaboradores compreendam, especialmente para os casos de urgência e emergência, que a atenção e a observação são fundamentais para identificação dos riscos e necessidade de atendimento mais ágil nos casos de maior gravidade. Além disso, contamos com profissionais que circulam na recepção, na espera e observam o atendimento médico e de enfermagem até a alta do paciente. Esses profissionais observam e identificam as necessidades de intervenção para agilizar o processo. Contamos, também, com um sistema que possibilita ao gerente monitorar a fila de espera e tomar ações para agilizar o atendimento.” Para atuação no setor de emergência, Maria da Glória relata que, além das competências técnicas e habilitações requeridas para o cargo, o profissional deve apresentar atitudes compatíveis com a atividade a ser desenvolvida, além de ter equilíbrio emocional, ser prestativo, atento, cortês, ter espírito de equipe, entre outros. Inicialmente, os colaboradores que atuam na emergência passam por um período de integração na instituição para ter contato com a cultura, com as normas internas da instituição e alinhamento às políticas de qualidade, à missão, visão e valores institucionais. Além disso, recebem capacitação teórica e prática nas atividades a serem desenvolvidas. Ueda relata que há alguns anos, na década de 80, até o início da década de 90, os gestores de hospitais discutiam que o atendimento nos hospitais só melhoraria se houvesse investimento em tecnologia. “Contudo, o segredo para operar esses equipamentos estava e está nas pessoas, que fazem essa interface entre o equipamento e os pacientes.” Segundo ele, esses gestores, atualmente, observam que não existe apenas o adquirir o equipamento X ou Y, mas investir também nas pessoas que lá se encontram por dois motivos: primeiro porque o indivíduo interage não somente com a máquina, mas com o ser humano. E, segundo, porque desenvolver esse profissional é, SE VOCÊ ACREDITA, VOCÊ CONFIA. ACREDITE! também, uma forma de segurar esse talento na instituição. O professor reforça ainda que o melhor modelo de atendimento é aquele em que acontece um treinamento integrado envolvendo todas as áreas em um só momento, para que todos os colaboradores pratiquem a comunicação entre si, trabalhando não somente os componentes técnicos, mas os comportamentais. “Não pode acontecer um apartheid dentro do hospital, não é somente o pessoal da enfermaria, da manutenção, da recepção, pois são todos uma equipe, essa divisão acaba afetando o paciente e, consequentemente, cria um cartão de visita negativo para a instituição”, diz. A ONA - Organização Nacional de Acreditação, há 13 anos, contribui para o aprimoramento da qualidade da assistência à saúde, através do desenvolvimento e evolução de um sistema de avaliação e certificação da qualidade, a Acreditação. Acredite, você só tem a ganhar! “Os conhecimentos e as competências técnicas representam uma chave que abre a porta do profissional dentro da organização. Contudo a sua manutenção ocorre a partir do momento que ele possui competência comportamental e emocional desenvolvida, de maneira que ele possa se autoconhecer para desenvolver o conhecimento técnico, desenvolver a empatia, colocando-se no lugar dos outros colaboradores e do paciente, desenvolver o autocontrole, a paciência, principalmente exercitando a musculatura que está ligada à comunicação, pois é um ser humano atendendo outro ser humano”, finaliza Ueda. ONA, acreditando na melhoria da Saúde no Brasil 8 9 9 W W W . O N A . O R G . B R 9 Materia de Capa Brasil participa de pesquisa inédita para recuperar visão parcial de portadores de doença ocular rara O esquema mostra o a localização do chip depois de implantado Universidade de São Paulo será a primeira no país a dar continuidade à pesquisa européia para implantar microchip em pacientes com retinose pigmentar Claudia Carpo Estudo com microchips implantados no globo ocular de pacientes que perderam a visão em função de uma doença genética que destrói células da retina, conhecida como retinose pigmentar, será realizado no Brasil. A pesquisa, inédita no país, será conduzida por oftalmologistas da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP) e dará continuidade a estudos já realizados na Alemanha e em Londres. O início das pesquisas na USP de Ribeirão Preto está previsto para dezembro de 2012, assim que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) der o aval para o início dos testes com brasileiros. Ao total, serão cinco implantes em pacientes com diagnóstico de retinose pigmentar e que estejam completamente cegos. Depois da fase de testes, caso tudo ocorra como o previsto, a Retina Implant AG, empresa que fabrica o chip e que financia a pesquisa, vai 10 solicitar a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercialização do produto. Só depois, o chip poderá entrar no mercado. A pesquisa será coordenada pelo oftalmologista e professor da Universidade André Messias, que participou das experiências na Alemanha. O oftalmologista Rodrigo Jorge, cirurgião de retina e professor da USP, será responsável pela realização dos implantes. “O produto só poderá ser comercializado quando os resultados das pesquisas forem totalmente satisfatórios. Até que tenhamos a certeza de que os chips implantados nos pacientes irão funcionar, até que possamos prescrevê-lo como sendo uma solução eficaz”, explica Messias. A retinose pigmentar é um grupo de doenças genéticas que se manifestam no olho, de forma muito parecida, agrupadas em um único nome. “Essas doenças fazem um de- pósito de pontos pretos na retina, por isso que se chama retinose pigmentar. Quando as células perdem a função, ocorre uma cicatrização na retina, que gera pigmentos”, explica o oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Brasília Sérgio Kniggenorf, especialista em retina. Aos poucos, ocorre distrofia das células da retina que captam a luz: os cones e os bastonetes. Os cones são responsáveis pela captação das cores e ficam mais concentrados no centro da retina; os bastonetes, responsáveis pela visão noturna, criam imagens em preto e branco e localizam-se na periferia da retina. A retinose pigmentar evolui gradativamente, destruindo primeiro os bastonetes e depois os cones, da periferia para o centro da retina. Por isso, os primeiros sintomas da doença são a dificuldade de enxergar à noite e a perda da visão periférica. Foi o que aconteceu com Aurélio Aguiar de Sousa. O jovem lavrador de 29 anos, morador de Pastos Bons, no Maranhão, descobriu neste ano que era portador de retinose pigmentar. Ele relata que os primeiros sintomas começaram ainda na infância: “Sentia que não enxergava muito bem à noite”, conta. No início, Aurélio não se incomodava. Agora, após progressão da doença, relata que a visão também fica embaçada durante o dia. Kniggenorf explica que, em geral, os primeiros sintomas aparecem ao final da infância, quando se começa a perceber dificuldade para enxergar à noite. “O pré-adolescente não se queixa, na maioria das vezes, pois não sente nenhuma dor. Enxerga menos à noite, mas pode achar que é normal para todo mundo”, e x plica o oftalmologista. Na adolescência, o paciente começa a perder campo de visão, por conta da degeneração dos bastonetes. “É um jovem que, com muita faci- “A doença vai progredindo, não existem casos de perda de visão repentina. Como não é uma doença aguda e não causa dor, às vezes não se percebem os sintomas” lidade bate nas mesas, nas portas, porque vai perdendo a visão lateral”, diz. Nesse momento, a visão central é perfeita, de forma que a pessoa enxerga normalmente quando olha para frente. O especialista afirma que, muitas vezes, esses sintomas passam despercebidos quando não se tem histórico de retinose pigmentar na família. Como a doença progride lentamente, muitas pessoas só percebem os sintomas da retinose na fase adulta, quando o comprometimento dos cones é maior, a ponto de afetar a visão central. De acordo com Kniggenorf, em alguns casos, adultos ou idosos, podem ter apenas uma visão tubular, quando só se enxerga o centro da imagem “Como se estivesse olhando por um cano, ou pelo buraco de uma fechadura. Não se enxerga nada em volta, mas perfeitamente no centro”, conta. O especialista explica ainda que a doença evolui com a idade e, em alguns casos, pode levar à perda total da visão. Porém, não há como prever a evolução da retinose, já que em alguns indivíduos se manifesta mais tarde. Em outros, os primeiros sintomas podem surgir ainda na adolescência e estagnar-se depois. “A doença vai progredindo, não existem casos de perda de visão repentina. Como não é uma doença aguda e não causa dor, às vezes não se percebem os sintomas”, explica. Atualmente, não existe tratamento eficaz para a retinose, mas o oftalmologista alerta que os pacientes diagnosticados devem acompanhar a evolução da patologia, já que é possível tratar doenças como catarata, edema de mácula e glaucoma, que normalmente se manifestam em pacientes com retinose. 11 Através de cirurgia, o aparelho é implantado no globo ocular e passa a exercer a mesma função dos cones e bastonetes que foram destruídos: captar a luz. Para isso, o chip é composto por células fotossensíveis que absorvem a luz e a transformam em sinais elétricos. “Como se fosse uma câmera fotográfica digital. No caso do implante, a luz entra, se transforma em sinal elétrico, que por sua vez, manda a informação visual para a retina e ao nervo óptico”, explica Messias. O sistema é mais fino que um fio de cabelo. Tem aproximadamente 3mm de diâmetro e 50 mícrons (ou seja, 0,05 mm) de espessura e conta ainda com uma matriz de 1.500 pixels. Cada pixel é ligado a uma célula receptora e a um amplificador. “ O chip funciona como se fosse uma câmera fotográfica digital. No caso do implante, a luz entra, se transforma em sinal elétrico, que por sua vez, manda a informação visual para a retina e ao nervo óptico. As células absorvem a luz e a transforma em sinais elétricos, que são amplificados por meio de uma bateria externa e estimulam os neurônios próximos à retina. Esses neurônios transmitem o sinal elétrico para o nervo óptico e centros visuais, produzindo a visão. Há também uma unidade de controle Planejamento de Incisão A B (que leva energia ao chip) e bateria, implantadas por baixo da pele, atrás da orelha. Ambas ligadas a cabos, que transmitem energia e dados da unidade de controle para o chip. Para que seja feito o controle da sensibilidade, o paciente utiliza uma unidade de controle externa ao corpo. Posicionamento do Chip C Entrada transcleral e transcoidal Cabo de fixação de Chip Coroide Esclera Retina lente cornea Córnea Unidade de controle e recarga de bateria externa O microchip recupera parcialmente a visão de pessoas que ficaram totalmente cegas em função da retinose pigmentar. A imagem formada será “rudimentar e em preto e branco, em alto contraste. A pessoa se torna capaz de se orientar no ambiente, se locomover e perceber estruturas que estão ao seu redor”, explica André Messias. D O setor de Retina do Ambulatório de Oftalmologia do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Poscionamento magnético para operação E Nervo Òtico Controle de sensibilidade do sistema pelo paciente F Após a realização da vitrectomia é confeccionado uma abertura na esclera transpassando a coroide para posicionamento da porção intraocular do sistema. O planejamento da incisão para posicionamento do chip é baseado em modelos tridimensionais do globo ocular do paciente baseado nas dimensões do globo medidas previamente em ressonância magnética, OCT e angiofrafia da retina . Um guia plástico é introduzido na incisão para liberação do espaço subretinianaté o posição planejada do implante. Preto irá realizar os exames pré-operatórios, testes e cirurgia para implantação do chip. A pré-seleção dos pacientes será feita em Ribeirão Preto, mas a decisão final será tomada em conjunto com a equipe do Institute for Ophthalmic Research de Tübingen, Alemanha. Documento USP Detalhamento do microchip e suas dimensões 12 Guia para dissecação do espaço subretiniano Documento USP Como funciona o chip implantado “ Materia de Capa Os estudos com o Retina Implant, o microchip, também conhecido como olho biônico, começaram em 1995, na Universidade de Tübingen. Os experimentos foram feitos inicialmente com animais. Entre 2005 e 2009, foram feitos os primeiros testes em humanos. O implante foi realizado em 11 pessoas e mostrou que o chip não causa riscos à retina humana. Neste ano, dois pacientes re- ceberam o implante do chip de forma permanente, em Londres. André Messias, que participou das pesquisas na Alemanha e vai dar continuidade à pesquisa no Brasil, fala da importância dos experimentos a serem realizados no Brasil. “A pesquisa vai possibilitar a inclusão de pacientes brasileiros que estão cegos por conta da retinose. Além disso, nos inclui como pesquisadores no processo de evolução do chip”, aponta. O engenheiro eletricista, especializado em microeletrônica e professor da Universidade de Brasília, campus do Gama, Sandro Haddad, explica que os chips implantados no corpo humano têm características comuns. São sistemas implantáveis que proporcionam estímulos biológicos adicionais. “O chip gera um sinal e recebe um estímulo do organismo. Dessa forma, têm a capacidade de substituir órgãos que se tornaram deficientes por conta de alguma doença”. Além disso, os sistemas têm de ser portáteis, leves e pequenos para não causar incômodos. “A ideia é aumentar a qualidade de vida do paciente, não fazer com que o implante se torne uma limitação”, afirma. Haddad conta que as pesquisas avançam para causar o mínimo de incômodo possível ao paciente e acredita que em um futuro próximo, esse tipo de mecanismo poderá substituir todo sistema de sensores da retina. 13 Entrevista Vera Lúcia Mota da Fonseca Arquivo Pessoal “ Em muitos lugares o médico recebe 180 reais para realizar um parto em enfermaria, seja normal ou cesárea. O auxiliar que também é um obstetra, recebe 60 reais e o instrumentador ganha 18 reais. Enquanto estes valores continuarem sendo pagos vamos ter problemas sim “ A desmistificação do parto humanizado Presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro diz que todo parto deve ser humanizado e que profissional da área é mal remunerado Renata Guimarães De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é um dos lideres no ranking de partos cesáreas em todo o mundo. Movimentos articulados pelas redes sociais, ocorridos em várias cidades brasileiras, nos últimos meses, uniram profissionais de saúde e sociedade civil para manifestação contra os altos índices de cesarianas e apoio ao direito da gestante em optar pelo parto normal em casa, o chamado “parto domiciliar”. Na contramão desta vontade de muitas mulheres, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) proibiu os médicos de realizarem partos domiciliares alegando riscos para mães e bebês. Alguns hospitais encontraram neste desejo um 14 nicho de mercado e passaram a oferecer o "parto humanizado" que, em princípio, atenderia às condições de segurança, sem deixar de lado o contato mais intenso entre mãe e recémnascido. O ambiente é preparado com música calma, banheira com água quente, pouca luminosidade e outros recursos que garantem mais autonomia à gestante. A médica Vera Lúcia Mota da Fonseca, presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (Sgorj) falou, dentre outros assuntos, sobre a iniciativa das mulheres na busca ao parto normal e a realidade dos médicos da área, na entrevista a seguir: O que é o parto humanizado? Por que as mulheres têm procurado esse tipo de procedimento? O verdadeiro parto humanizado é o nome dado ao parto que recebe assistência obstétrica, psicológica, onde a paciente possa escolher melhor posição para dar à luz, com o auxílio de música, inserção em banheira de água quente e a escolha de um acompanhante. Ou seja, recebe outros complementos que não só o da assistência obstétrica. Mas para a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, o parto humanizado é muito mais do que isso. Nós defendemos que todo parto normal ou não, seja humanizado, assistido por profissionais dentro de uma maternidade, com todos os recursos, para que possa ser feito um bom trabalho e os envolvidos recebam toda a assistência, por exemplo, um banco de sangue, caso seja necessário. Além disso, é necessário ter uma equipe completa, com anestesista, pediatra, dois obstetras, onde tenha um fluxograma, para o caso de mandar essa paciente para o CTI, além, é claro, de uma boa condição de trabalho. É necessário ter conforto, para dar esse conforto para a paciente e para toda a equipe de trabalho. É um conjunto de atribuições e acessórios que contribuem para que o nascimento ocorra da melhor forma possível, sem colocar em risco a vida da mãe e do bebê e com o material necessário para o caso de acontecer algum imprevisto. Nosso objetivo é sempre o de salvar as vidas envolvidas nesse processo. Eu quero deixar bem claro que para esse parto, que as pessoas têm chamado de humanizado, acontecer com sucesso, é necessário ter tudo aquilo que eu já citei. Nós temos de estar preparados para caso aconteça alguma emergência. Por isso, não existe o parto humanizado e o parto não humanizado, todo procedimento deve ser humanizado, atendendo às necessidades da paciente. Todo parto deve ser feito dentro das melhores condições. É louvável que hospitais tenham investido nesses acessórios que incentivam o parto normal, mas se o profissional não receber a valorização necessária, nada disso irá progredir. Então, pode-se dizer que essa busca pelo parto normal, com condições diferentes, como música, banheiras de água quente é um resgate dos antigos padrões, da época em que não existia cesariana? Não, pois antigamente, quando não existia a cesariana, morriam muito mais mães do que atualmente e da mesma forma com os fetos e com os recém-nascidos. Nós não queremos voltar ao passado, não desejamos o retrocesso. O que a gente deseja é a diminuição dos níveis de mortalidade materna e neonatal. E nós sabemos que, infelizmente, o que acontecia antigamente ainda acontece hoje nas regiões mais isoladas do país, onde morre muita gente por falta de condições não somente governamentais, mas de saúde suplementar. As mulheres ainda morrem porque sangram, por não ter acesso à medicação necessária ou a um banco de sangue; de pressão alta por não serem atendidas a contento em uma unidade intensiva quando necessário. Esse retrocesso só vai atrapalhar, com toda a certeza, o bom andamento da obstetrícia e vai continuar aumentando os níveis de mortalidade materna. Nós entendemos que a cesárea não pode ser condenada, pois é uma excelente cirurgia e graças a ela muitas mulheres e crianças têm sido salvas. O que temos de entender é que cada mulher deve procurar o melhor meio para dar à luz, da melhor maneira para a saúde de cada uma. O Brasil lidera o ranking no número de cesárea. Por que isto acontece? O que isto significa do ponto de vista cultural? Na verdade, é um conjunto de fatores que contribuem para esse nível tão elevado. Esses fatores mudam muito conforme a região, principalmente porque a maior parte da população depende do serviço público de saúde. Por exemplo, nas grandes capitais, como o Rio de Janeiro, nós não temos a quantidade ideal de leitos obstétricos, por isso, quando os lei- tos estão lotados e uma paciente entra em trabalho de parto, o médico corre o risco de não ter onde internar essa paciente. Tanto médico quanto paciente não querem correr esse risco de não ter para onde ir. Ainda falando de saúde pública, no interior, nós sabemos que não é em todos os dias da semana que há uma equipe obstétrica completa para atender as pacientes que podem aparecer. Então é preferível marcar uma cesariana para um dia em que a equipe esteja completa e a mãe não corra risco de entrar em trabalho de parto no dia que o anestesista não esteja presente, por exemplo. Outro fator importantíssimo é a questão financeira. Em muitos lugares paga-se R$ 180,00 por cirurgião, por um parto em enfermaria, seja normal ou cesárea, o auxiliar, que também é um obstetra, recebe R$ 60,00 e o instrumentador ganha R$ 18,00. Um trabalho de parto normal dura 12 horas e o médico tem de fazer duas visitas: uma no dia seguinte e depois para dar alta para essa paciente. Tudo isso por R$ 180,00. Você acha que o médico vai preferir fazer um parto normal, que dura 12 horas, ou uma cesariana que demora duas horas? Não tem como comparar. Enquanto estes valores continuarem sendo pagos vamos ter problemas, sim. É principalmente por isso que muitas cesáreas vêm sendo realizadas. Se o obstetra não for valorizado, no futuro, teremos um número menor ainda de partos normais. Existe também um fator cultural, que nós queremos deixar bem claro que é mito essa história de o parto normal afetar a sexualidade da mulher. Não interfere absolutamente em nada, mas infelizmente algumas pacientes ainda têm essa visão. 15 Saúde Suplementar Entrevista Vera Lúcia Mota da Fonseca É comum as mulheres comentarem que não tiveram seus filhos por meio de parto natural porque não tiveram dilatação. Porque as mulheres hoje não atingem a dilatação necessária? Podemos dizer que isto ocorre devido a mudança de hábitos, como sedentarismo e má alimentação? Não é assim que acontece. Temos de analisar cada caso em separado. Isso não é um problema geral. Às vezes não tem dilatação, outras vezes não tem contração. São várias causas que interferem nisso, mas as pacientes acabam dizendo de forma popular que não tiveram dilatação. Na maioria das vezes não é só o fato de não ter dilatação, mas de ter uma parada de progressão, desproporção pélvica, etc. São várias causas que a paciente pode atribuir simplesmente à dilatação, mas não é tão simples assim. As mulheres brasileiras, atualmente, têm medo do parto natural? Existe alguma maneira de minimizar a dor durante o procedimento? 16 Ultimamente, vários movimentos estão ocorrendo no Brasil, de mulheres reivindicando o direito ao parto natural, alegando que os médicos dificultam este procedimento. O que a senhora acha disso? Nós temos grandes problemas relacionados a isso e algumas instituições não têm focado em resolver essa situação. Os profissionais precisam se mobilizar de alguma forma para procurar essa valorização a fim de que cada mulher escolha a maneira que dará à luz, de acordo com a sua saúde. Nós precisamos cobrar uma resolução para esses problemas, pois eles acabam desencadeando outros, como essas manifestações defendendo o parto domiciliar. Por todos esses motivos que nós já conversamos, todos os Conselhos e Federações são totalmente contra o parto domiciliar. Se nós temos as ferramentas para salvar essas vidas, não tem motivos para correr o risco de não salvar. O parto não é um momento único, é necessário uma preparação e um pós-parto. Há um caso de uma médica australiana que defendia totalmente o parto em casa e recentemente ela morreu ao dar à luz em sua residência. Nada é tão simples quanto parece. Quais são as medidas necessárias para sairmos da liderança do ranking das cesáreas? O parto normal deve ser sempre incentivado, o nome já diz. Mas como eu disse, é necessário que haja essa valorização. Outra forma de aumentar a chance de acontecerem mais partos normais é os hospitais manterem suas equipes sempre completas e eu acredito que, além disso, há algo que é preciso mudar. Por exemplo, as pacientes costumam querer fazer o parto com o obstetra que a acompanha desde o início do pré-natal e isso atrapalha um pouco a rotina do profissional. Caso ela fizesse o pré-natal com um obstetra e o parto com outro obstetra responsável unicamente por partos, o serviço seria muito mais facilitado. Com isso, a chance de ter um parto normal é bem maior, pois o médico não precisaria sair de seu local de trabalho prévio para fazer um parto normal que dura cerca de 12 horas, para ganhar quase nada com isso e perder todas as suas consultas do dia. Se houver um plantão 24 horas responsável por isso, recebendo um salário justo, não prejudicaria o médico obstetra que acompanha a paciente desde o prénatal. Essa cultura de fazer o prénatal, parto e pós-parto com o mesmo médico foi disseminada no Brasil, mas há países em que isso não acontece e realmente não precisa acontecer, pois funciona muito bem. E é por isso, que nesses países o parto normal é muito mais comum. O Sistema Cartão Nacional de Saúde é um instrumento que permite acesso a dados estratégicos para a gestão participativa do Sistema Único de Saúde. Através dele, o cidadão vai acompanhar todo seu histórico de atendimento, o profissional de saúde otimizará o trabalho e o gestor terá em mãos uma ferramenta de governança para a tomada de decisões. O Cartão Nacional de Saúde é regulamentado pela Portaria nº 940/2011, do Ministério da Saúde, e visa, entre seus propósitos, a unificar a base de dados dos vários sistemas existentes no SUS, organizando dados estratégicos para o planejamento das políticas de saúde, sistematizando as informações de quem foi atendido, quando, em que estabelecimento, quais profissionais prestaram este atendimento e quais procedimentos foram realizados. Por meio do Registro Eletrônico de Saúde (RES) será possível a disponibilização, no portal, dos dados cadastrais do cartão e o rol de serviços consumidos pelo usuário. O RES é uma ferramenta estratégica que funcionará como um prontuário eletrônico com interoperabilidade, agregando informações que podem ser processadas, compartilhadas e armazenadas de modo seguro e com acesso a usuários autorizados. O cartão institui um padrão nacional de registro, integrando os sistemas tecnológicos aos quais está vinculado. Como tudo no SUS, universalizar o cartão até 2014 significa trabalhar com um padrão macro. Para tanto, a base do CadSUS [Cadastro Único do SUS] passa agora por um processo permanente de higienização para evitar duplicidades, erros e informações desatualizadas. O Sistema estará ao alcance do usuário até o final de 2012 no portal Saúde do Cidadão. Todo acesso ao registro de atendimentos será Luiz Odorico Monteiro de Andrade identificado e monitorado para garantir a segurança e a privacidade da informação. A ideia é colocar o cidadão no centro da gestão, com uma identidade que lhe permitirá conhecer melhor o SUS e saber como ele está presente em sua vida. “ O Sistema estará ao alcance do usuário até o final de 2012 no portal Saúde do Cidadão. Todo acesso ao registro de atendimentos será identificado emonitorado para garantir a segurança e aprivacidade da informação. No primeiro semestre de 2012, foi concluído o ciclo inicial desse processo, que incluiu 30 milhões de números de cartões pertencentes a usuários dos planos de saúde. Esta é uma maneira concreta de reafirmar que todo brasileiro tem, em algum momento da vida, contato com o SUS. Em um futuro breve, cada criança que nascer vai deixar a maternidade com o seu cartão. Até o momento, foram distribuídos 20 milhões de cartões para 1.300 municípios que têm Sistema de Regulação (SISReg) implantado e 100% dos usuários cadastrados no CadSUS. A meta é entregar 102 Foto Luis Oliveira É necessário que haja uma valorização completa desses profissionais financeiramente falando, para que eles sejam motivados a realizar o procedimento mais adequado para cada paciente e não sair fazendo cesarianas aleatoriamente. Não se pode mais permitir que o médico ganhe tão pouco por esse procedimento tão importante. Fica até irônico nós pregarmos tanto uma humanização, se ela não é favorecida por esses fatores. A analgesia é algo que a gente defende completamente, tanto na saúde pública, quanto na saúde privada. Isso minimiza muito a dor e é um recurso que todas as mulheres têm o direito de exigir. Esse procedimento é suficiente para dar alivio à dor sem tirar a mulher do comando do trabalho de parto. “ Quando a senhora fala em valorização, seria em que sentido? A força da informação no SUS milhões durante a primeira fase de implantação. Para os profissionais de saúde que operam a base de dados do cartão, já está disponível na internet o CadSUSWeb, instrumento que permite visualizar os dados e editá-los em tempo real e possibilita imprimir imagem e etiqueta do cartão. O CadSUSWeb pode ser acessado por profissionais que possuem o código de acesso do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES). O novo ambiente permite a consulta, edição, relatórios, cadastro e impressão do documento. Tal impressão pode ser feita em três modalidades: etiqueta no padrão da impressora, impressão direta na mídia e impressão em papel. A variedade permite que o município imprima o cartão de acordo com os recursos de que dispõe. O Ministério da Saúde está incentivando, com um total de R$ 30 milhões, estados e municípios que apresentarem projetos de soluções informatizadas para se integrar ao Sistema Cartão Nacional de Saúde. Em fase de licitação está a aquisição dos kits de impressão (compostos de uma impressora e dois rolos de etiquetas) que serão distribuídos nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios da Fase 1. Mais do que um precioso instrumento de gestão, o Cartão Nacional de Saúde fortalece o vínculo do cidadão brasileiro com o SUS. É a materialização da aliança governo e sociedade por um SUS forte, universal e de qualidade. Luiz Odorico Monteiro de Andrade é médico e secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde. 17 Darcísio Perondi Vale destacar, como exemplo, o que vem acontecendo em meu Estado, o Rio Grande do Sul, onde o cidadão, através das redes sociais, está participando de forma decisiva da campanha Redes sociais em defesa da saúde “Saúde Rio Grande – Cumpra-se a Lei” e exigindo que o governo do Estado cumpra a Constituição e invista 12% de sua arrecadação no setor de saúde. Infelizmente, o Rio Grande do Sul é o único Estado da Federação que ainda está longe de cumprir a lei: mal gastos mínimos do município (15%), do Estado (12%) e da União (o investimento do ano anterior mais a variação do PIB nominal). O mais recente avanço foi a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, que deu origem ao PLC 141. A aprovação, no ano passado, significou a perda na luta dos 10% como percentual de investimento da União, mas representou a definição clara do que é gasto em saúde, o que impede desvios de recursos para outros Participei, recentemente, em ferramentas, inclusive digitais, Hoje, o planeta está pratica- Brasília, de um Fórum sobre Ci- para obter mais informações e mente todo interconectado em A mobilização é liderada pela dadania e Transparência na re- conseguir controlar a qualidade rede. Existe muita informação e Ordem dos Advogados do Brasil lação município-cidadão no dos serviços oferecidos pelo milhões de pessoas se fazem (OAB/RS) com apoio da Federa- redes sociais. O link está fazendo qual destaquei a importância das Executivo nas três esferas de presentes nas redes sociais. ção das Santas Casas e Hospitais o maior sucesso nas redes e, com redes sociais como a mais nova Poder, e o uso do dinheiro pú- Através delas, a distância entre Filantrópicos, Famurs, Amrigs, certeza, a meta de assinaturas Outra campanha, esta de âm- Conselho Regional de Adminis- será ultrapassada em muito. É bito nacional, já está em an- tração (CRA-RS), Cremers, As- uma campanha justa e que foi damento. O objetivo é colher sociação Brasileira em Defesa abraçada por todos os segmentos assinaturas para uma Emenda dos Usuários do SUS (Abrasus), da sociedade. arma da sociedade. O maior instrumento de transparência é o blico em seus estados e municípios. as interações humanas reduziu- Nesse contexto, surgiu uma se consideravelmente. Existe nova ferramenta das comunida- um verdadeiro intercâmbio de na des. As redes sociais já são uma ideias, o compartilhamento do mesma proporção por usuários e realidade e um grande instru- conhecimento tácito dentro prestadores indicados e que mento, esse voluntário, para o de uma microcomunidade. foram implementados a partir fortalecimento do controle so- As redes sociais ultrapassam da Constituição de 1988. Foi um cial. Através das redes sociais, o avanço indiscutível, mas, passa- controle social, que é feito através dos conselhos estaduais e municipais, 18 investe 6% na saúde. “ Através das redes sociais, o cidadão tem condições, cada vez mais, de gritar, cobrar, exigir serviços melhores, além de denunciar o mau uso do dinheiro público e os desvios de conduta. “ Crédito Agência Câmara Conexão Brasília integrados Sindisaúde, Conselho Estadual setores. A regulamentação determina o compromisso cristalino e definitivo do investimento de 12% pelos estados já este ano. de Iniciativa Popular para resgatar a ideia dos 10% de A Constituição de 1988, no ar- gastos da União com a saúde tigo 196, determina que a saúde e, com certeza, as redes so- colher um milhão de assinaturas. é direito de todos e dever do ciais terão, novamente, um qualquer outro veículo de co- O abaixo-assinado será encami- Estado. Foi um avanço, mas não papel decisivo. cidadão tem condições, cada vez municação em velocidade e nhado ao governador Tarso ficaram estabelecidos os per- dos 24 anos, ficou claro que mais, de gritar, cobrar, exigir eficiência. Tudo isso devido à Genro. A assinatura do mani- centuais nos orçamentos dos esses conselhos precisam ser serviços melhores, além de de- rapidez com que elas dissemi- festo pode ser feita pela internet entes federados. Essa garantia modernizados e instrumentali- nunciar o mau uso do dinheiro nam as informações. As redes através do site www.sauderio- veio em 2000 através da Emenda zados. Precisam de novas público e os desvios de conduta. mobilizam as pessoas. grande.org.br. É aí que entram as nº 29, quando ficaram vinculados de Saúde, entre outras entidades da sociedade civil. O objetivo é Darcísio Perondi é deputado pelo PMDB do Rio Grande do Sul e presidente da Frente Parlamentar da Saúde. 19 Legislação Hospitalar Agencia Senado Lei que proíbe cheque-caução em hospitais particulares deixa lacunas e gera incertezas Proposta do senador Ciro Miranda em tramitação no Senado define responsabilidades financeiras pelo atendimento “A nossa Constituição Federal nos diz de emergência, a despesa vai para a que a saúde da população é obrigação conta do plano de saúde ao qual a do Estado. Por isso, quando o Governo pessoa é associada. “O prestador de Federal não oferecer o que a população serviços privado de assistência à precisa e for necessário apelar para uma saúde será ressarcido das despesas de- instituição privada é o Estado quem deve arcar Renata Guimarães com as consequências”, ressalta. Para o senador, a pessoa que não tem dinheiro não pode pagar com a correntes da prestação Lei do cheque-caução não define quem paga a conta do hospital rido no caput pela operadora do plano privado de assistência à saúde do qual o paciente é beneficiário”, completa. própria vida ou deixar A lei do cheque-caução altera o Código as despesas a cargo da iniciativa privada. Penal para incluir um complemento “A saúde privada é onerosa e o Estado é quem deve honrar essa dívida. Os hospitais são empresas e sabem dos riscos que correm. O que nós não queremos que aconteça é que, no caso de o cidadão não poder pagar, o hospital deixe de atendê-lo ou, quando atender, arque com a dívida sozinho”, avalia. 20 do atendimento refe- junto ao artigo 135, que trata da omissão de socorro. A partir de agora, foi adicionado o artigo 135-A, que caracteriza crime vincular o atendimento médico-hospitalar emergencial a qualquer garantia. De acordo com o presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Luiz Aramicy Pinto, a lei será Ainda de acordo com a proposta do obedecida e cumprida, embora, na sua senador quem tem convênio médico avaliação, ela seja omissa por não de- e precisa ser atendido em condições finir o responsável pelo atendimento. 21 Legislação Hospitalar “ O médico terá de reavaliar sua posição como plantonista de emergência e vai precisar rever sua responsabilidade e competência. Não é qualquer médico que pode trabalhar em um serviço de emergência, principalmente de trauma. Para o provedor da Santa Casa de Maceió e trabalhar com essa conscientização para que presidente da Associação dos Hospitais do Es- essa lei possa ser seguida sem prejuízo”, avalia. tado de Alagoas, Humberto Gomes de Melo, a De acordo com Aramicy, o médico tem de estar atento, pois a lei cai sobre ele em alguns casos. Por exemplo, se ele decidir que o paciente não corre risco de vida e morrer, a lei determina que a pena do profissional seja dobrada. “O médico terá de reavaliar sua posição como plantonista de emergência e terá de rever sua Arquivo FBH responsabilidade e competência. Não é qualquer Luiz Aramicy Pinto, presidente da FBH médico que pode trabalhar em um serviço de emergência, principalmente de trauma”, diz. lei do cheque-caução não alterou a situação daqueles que já possuem plano de saúde. De acordo com Melo já não era exigida a garantia de pagamento para quem possuía convênio médico, mas a situação agora abrange toda a população no que diz respeito às emergências. Segundo ele, o paciente deve ser atendido em primeiro lugar. “ A população deve ser instruída de que o atendimento deve ser pago. Se a pessoa não tem condições de pagar, depois de todos os procedimentos realizados, o hos- Enquanto esse complemento à lei tramita nas pital ou até mesmo o paciente pode contatar casas do Congresso Nacional, muitas instituições um gestor público por meio da justiça muni- já estão enfrentando prejuízos. Segundo o advo- cipal, estadual ou federal, para que o devido gado Wellington de Queiroz, atualmente o hos- ressarcimento ao hospital seja feito. A nossa pital não tem amparo legal para cobrar do Estado constituição diz que a saúde do cidadão é de os custos do atendimento, e se a instituição não obrigação do Estado e felizmente já existem “ O presidente da FBH não nega o formada e conhecer a diferença triagem, o primeiro atendi- for persistente junto à justiça, pode acabar no pre- muitas causas em que a justiça tem favorecido fato de que, hoje, os hospitais entre os procedimentos de mento, seja de responsabilidade juízo. “Atualmente, os hospitais particulares estão os hospitais privados, bem como os cidadãos ainda são alvos de inadimplência emergência e urgência. Uma si- do médico, que é a pessoa habi- expostos a uma legislação incompleta”, afirma. expostos a essa situação”, explica Melo. por falta de pagamento pelo aten- tuação é considerada emergên- litada e a quem cabe avaliar se é dimento prestado. Mas, segundo cia quando o paciente precisa uma emergência com risco de O advogado ressalta que é obrigação do Estado O senador Cyro Miranda espera que até o ele, com a aprovação do projeto ser atendido imediatamente, em proporcionar meios para que o cidadão cuide da final de 2012 o projeto de lei de sua autoria sua saúde. Por isso, o complemento da lei precisa seja sancionado para que a lei do cheque-cau- ser regulamentado com urgência. “Se o Estado ção não dê margem a interpretações errôneas. forçar a rede privada a atender aquilo que a rede “Eu acredito que a tramitação será fácil no Se- pública não atende, deve, no mínimo remunerá- nado, mas eu tenho um pouco de receio da de- la de maneira suficiente para que ela cubra seus mora que pode ocorrer na Câmara. A minha O presidente da FBH ressalta custos com certa margem de lucro também, pois expectativa é de que até o final desse ano ou que o médico é a pessoa mais a rede pública não investe em tecnologia, já a começo do ano que vem a presidente Dilma de lei do senador Cyro Miranda, circunstâncias que exijam cirur- vida ou uma urgência, para o paciente possa ser atendido a responsabilidade pela prestação gia ou intervenção médica, uma e , posteriormente, transferido de serviço nas emergências será vez que corre risco de vida. Já a para outra unidade à qual ele definida e a lei poderá ser cum- urgência é menos imediatista esteja prida sem riscos e penalizações. mas não pode ser adiada, deve De acordo com Aramicy, o pro- 22 não. “As emergências de todo o Brasil terão de ser resolvida rapidamente. vinculado”, pondera. jeto de lei vai complementar a “Nós já estamos fazendo um tra- importante nesse contexto por rede privada sim, e investimento é risco. Essas Rousseff possa sancionar essa lei. Enquanto lei já sancionada, mas ele alerta balho intenso de orientação às que é ele quem julga se o pa- instituições não podem sofrer prejuízos para isso, infelizmente, os hospitais particulares que a população precisa estar in- nossas emergências para que a ciente corre risco de morrer ou não correrem o risco de fechar”, aponta. podem sofrer prejuízos”, afirma. 23 Especialidade em Foco | Ortopedia Lula Lopes Marcus Montenegro Corrida e lesões peso corporal, o aumento da capacidade respiratória e a melhora da autoestima. Do ponto de vista ortopédico, a corrida aumenta a massa muscular e estimula a formação de massa óssea, ajudando a prevenir a osteoporose. A popularidade da corrida está associada ao baixo custo para se exercitar – apenas o uso de um tênis adequado -, busca de saúde e melhora do condicionamento físico. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para que a diversão não se transforme em dor de cabeça. 24 “ Uma das recomendações é pedir a realização da baropodometria computadorizada, exame que avalia a pisada e é muito importante para detectar as regiões do pé que sofrem mais sobrecarga. mendável uma atividade cerca de três vezes são capazes de mostrar lesões iniciais, como por semana.É interessante lembrar a impor- edema ósseo e fratura por estresse. tância do alongamento, principalmente após A precaução deve ser feita para evitar lesões decorrentes do excesso de treino ou para identificar se o atleta tem alguma alteração estrutural corpórea que favoreça a lesão. A frequência de exercícios ideal depende, por- É muito importante que o os exercícios, pois a recuperação muscular é feita de forma mais rápida. Antes do treino, entretanto, é necessário fazer um pré-aquecimento adequado: uma caminhada mais forte por 10 minutos é uma boa pedida. tanto, do objetivo e das condições físicas de Marcus Montenegro é ortopedista com cada atleta. Para a maioria iniciante, é reco- especialização em traumatologia esportiva futuro atleta iniciante procure um educador físico, cardiologista ou ortopedista Lesões mais comuns para avaliação e prescrição do treinamento com base em seus objetivos e em suas condições de saúde. 1. Canelite: inflamação de tendões e músculos ao redor da "canela" - tíbia. Uma das recomendações é pedir a realização da baropodometria computadorizada, exame que avalia a pisada e é muito importante para detec- 2. Tendinite do tendão calcâneo: inflamação por sobrecarga do tendão calcâneo. tar as regiões do pé que sofrem mais sobrecarga. A ressonância magnética também auxilia o diagnóstico 3. Condromalácia: lesão na cartilagem da patela do joelho 4. Metatarsalgia: inflamação dos ossos metatarsos do pé 5. Fratura por estresse: uma fratura por sobrecarga, geralmente na tíbia ou no metatarso 6. Síndrome do tractoileotibial: dor na região lateral do joelho, ocasionada por fricção do tractoileotibial com o epicôndilo lateral do fêmur Banco de imagens : shuterstock da corrida, estão a redução do “ É sabido que, entre os benefícios no joelho, pernas ou pés, pois os raios-x não quando o atleta relata dores 25 Radioterapia Ministério da Saúde quer fábrica de acelerador linear no Brasil Radioterapia e os avanços tecnológicos para o tratamento do câncer Ministério da Saúde anuncia investimento de mais de R$ 500 milhões em equipamentos de radioterapia, Divulgação - Inca Saiba como são as tecnologias voltadas para a área Divulgação Elekta uma das principais técnicas para tratar a doença. Claudia Carpo Acelerador linear é o principal aparelho utilizado no tratamento com radioterapia. U ma das armas mais potentes no combate ao câncer é a radioterapia, tratamento curativo indicado para 60% dos casos da doença. A técnica, que usa radiação para destruir as células tumorais, “permite que o tumor seja atingido com maior precisão, de forma que os demais órgãos não corram o risco de serem afetados. Caso o tumor esteja no intestino, não atinja o rim, que é ao lado”, explica Ernane Bronzatt, coordenador do serviço de radioterapia do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. Dependendo do tipo de câncer e do estágio da doença, a radioterapia pode ser usada isoladamente ou combinada com outras técnicas, como a quimioterapia. “Não dá para falar na cura do câncer sem falar em ra- 26 dioterapia”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Robson Ferrigno. A técnica exige equipamentos de alta tecnologia e de alto custo. “O investimento é alto, o que muitas vezes torna a viabilidade difícil, pois gasta-se muito para manter os aparelhos funcionando”, aponta Ferrigno. Em abril, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o governo investirá R$ 505 milhões no setor. Parte do recurso será utilizada para compra de aceleradores lineares, principal aparelho da radioterapia, e produção de medicamento para leucemia mielóide crônica. O Ministério da Saúde fará uma compra centralizada das máquinas, combinadas com a construção da sala onde ficarão, o que agiliza a instalação dos equipamentos. O ministro explica que como não existe nenhuma empresa que produza aceleradores lineares no Brasil, as empresas que passarem a produzi-los terão preferência em participar do contrato. “Esse acordo vai permitir atrair uma fábrica para produzir no Brasil, fazendo com que a produção de equipamentos de acelerador linear seja cada vez mais sustentável, gere inovação tecnológica e empregos no nosso país”. De acordo com o ministro, o Brasil, atualmente, tem um dos maiores planos de expansão da radioterapia no mundo. O investimento vai permitir, ainda, que 48 equipamentos que já funcionam no SUS sejam substituídos por aparelhos mais novos e modernos. Haverá, também, a criação de 32 novos centros de r a dioterapia. O objetivo das ações é reduzir a desigualdade no acesso aos serviços de radioterapia, sobretudo no norte e nordeste e interior do sul, sudeste e centro-oeste, regiões onde o tempo de espera para iniciar o tratamento é maior. “A preocupação do Ministério da Saúde é reduzir o tempo de espera que uma pessoa tem hoje para começar a radioterapia, que é terapia complementar fundamental no tratamento do câncer”, afirmou o ministro durante coletiva de imprensa realizada em abril durante o Encontro com a Comunidade Científica, evento realizado em Brasília, no Edifício Brasil 21. A radioterapia é um tratamento localizado que utiliza radiação ionizante para destruir as células onde o tumor está localizado. A ferramenta é utilizada em mais da metade dos casos de câncer, podendo ser combinada com a quimioterapia. O oncologistachefe da Unidade de Oncologia Clínica do Hospital de Base, Márcio Almeida, explica que, em alguns tipos de tumores, a radioterapia é o tratamento mais utilizado, principalmente nos casos de colo de útero, câncer de cabeça e pescoço, câncer no sistema nervoso central. Nesses casos, a técnica tem um papel imprescindível. Para outros tipos de tumores, ela complementa o tratamento da quimioterapia, diminuindo as chances de reincidência do câncer na região. “É um tratamento localizado, de curta duração, mas muito intenso”, aponta. A dona de casa Maria Ivoneide de Sousa, de 51 anos, fez mas- tectomia após descobrir um tumor na mama. Após a cirurgia, foi indicado que ela fizesse 21 sessões de radioterapia, combinadas com 16 de quimioterapia. Ivoneide conta que começou o tratamento após 45 dias do diagnóstico. “Ter feito os exames de rotina foi determinante para minha recuperação. Hoje, já me considero curada”, afirma. A reconstituição do seio está prevista para janeiro. Atualmente, a dona de casa sente os efeitos colaterais da radioterapia, como a ardência, efeito colateral comum nesse tipo de tratamento, assim como o cansaço e a perda de apetite. A evolução das tecnologias em saúde permite o aprimoramento das técnicas, bem como o avanço nos equipamentos utilizados. A radioterapia pode ser usada de maneira curativa, a fim de evitar 27 A SUA REVISTA DO SETOR HOSPITALAR Radioterapia o ressurgimento do tumor, ou paliativa, para melhorar a qualidade de vida de pacientes. Existem dois tipos de radioterapia: a externa, também chamada de teleterapia - quando não há contato direto entre os aparelhos e o paciente - e a braquiterapia, também chamada de radioterapia de contato - quando há contato direto entre o aparelho e o organismo do paciente. Atualmente, o principal equipamento da radioterapia externa é o acelerador linear. “A modernidade varia de acordo com os acessórios e os sistemas computacionais, que permitem que a radiação seja mais ou menos concentrada”, explica Robson Ferrigno. O equipamento pode funcionar de duas formas: em casos de tumores mais superficiais, a máquina acelera elétrons que, por meio de um tubo acelerador ressonante, são direcionados ao paciente. Para tumores mais profundos, os elétrons acelerados colidem em um alvo, que produz fótons que, por sua vez, atingem o paciente em forma de radiação gama; quem explica é o engenheiro-biomédico da LM Biotecnologia, Jean Michalaros. As técnicas mais comuns usadas com os aparelhos de aceleradores lineares são a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e radioterapia guiada por imagem (IGRT) que geralmente são usadas de 28 Credito: Ed Alves Após 21 sessões de radioterapia, combinadas com 16 de quimioterapia, a dona- de-casa, Maria Ivoneide, já se considera curada. forma associada. A radioterapia de intensidade modulada (IMRT) é utilizada no tratamento de tumores muito próximos aos tecidos sadios, “além de poupar esses tecidos sadios próximos, é possível aumentar a dose de radiação, aumentando a chance de cura do paciente e trazendo menos toxicidade ao tratamento”, explica a diretora de radioterapia do Hospital do Servidor Público Estadual, do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (HSPE/IAMSPE), Maria José Alves. É associada a técnicas de localização guiada por imagens (IGRT), que monitoram o tumor por imagens digitais e tridimensionais, para que se tenha certeza do posicionamento nas células cancerígenas. A radioterapia conformacional 3D usa a tomografia para avaliar melhor a região e tentar irradiar localmente os pontos específicos. Outra técnica avançada que faz parte da radioterapia externa é a radiocirurgia, muito usada em casos de câncer no sistema nervoso central. Nesses casos, são aplicadas doses maiores de radiação, muito concentradas, no local do tumor. Essa técnica pode ser realizada com o acelerador linear ou com um aparelho chamado Gamma Knife. Já na braquiterapia, as fontes de radiação ficam em contato direto com o organismo do paciente, agindo di- retamente no local do tumor. A radiação pode ser levada até as células malignas por meio de canais, tubos ou agulhas irradiadas e colocadas no tumor por um cateter. Também pode ser feito um implante com sementes radioativas. “É uma técnica em que cápsulas com a radiação atuam exatamente no local do tumor. É feita por meio de cirurgia que implanta a semente na região”, explica Almeida. A braquiterapia é indicada apenas para alguns tipos de tumores, como da cabeça, do pescoço, das mamas, do útero, da tireóide e da próstata. Há também a protonterapia, que utiliza feixes de prótons, partículas com alta energia que penetram o organismo liberando a maior parte de sua carga na área do tumor. É necessária apenas uma aplicação. A grande desvantagem dessa técnica é o alto custo, já que o aparelho custa cerca de 50 milhões de dólares. Para Michalaros, “não dá para separar medicina de tecnologia. A tecnologia veio como uma aliada da medicina. É um caminho sem volta”. Para o engenheiro-biomédico, é importante adotar uma posição ética, que preserve os valores da relação médico-paciente. “A engenharia clínica, como ciência, veio para ajudar nas escolhas corretas, no uso e na gestão dessas tecnologias a serviço da saúde”, afirma. VALORIZANDO A INFORMAÇÃO E A QUALIDADE DA SAÚDE NO BRASIL 5000 EXEMPLARES CIRCULAÇÃO NACIONAL FREQUÊNCIA TRIMESTRAL MÍDIA SEGMENTADA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA FORMADORES DE OPINIÃO NOTÍCIAS DO SETOR QUALIDADE EDITORIAL NOVO CONCEITO - NOVO LAYOUT NOVA PROPOSTA EDITORIAL ANUNCIE, VOCÊ TAMBÉM! REVISTA VISÃO HOSPITALAR REALIZAÇÃO Federação Brasileira de Hospitais SRTVS Qd. 701 - Conj. E Nº 130 - Bloco 03 - 5º andar - Ed. Palácio do Rádio Asa Sul Brasília /DF - CEP: 70340-901 - Tel: (61) 3322 3330 [email protected] - www.fbh.com.br [email protected] PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO Santafé Idéias e Comunicação SHS - Quadra 2 - Bloco J - Bonaparte Hotel - Sala 104 Mezanino Brasília /DF - CEP: 70.322-901 - Tel: (61) 3225 7065 [email protected] - www.santafeideias.com.br [email protected] Notícias Saúde Ministério da Saúde recebe FBH para discutir atendimento à saúde mental Para os profissionais em saúde mental, a reforma na área tornou-se uma necessidade para a sociedade. Hoje, no país, 201 hospitais psiquiátricos remanescentes estão desestruturados, e o atendimento na rede CAPS – Centro de Atenção Psicos- Durante a reunião, o secretário Helvécio Miranda afirmou que o Ministério da Saúde vai compor um grupo de trabalho com especialistas multidisciplinares para discutir o novo modelo de atendimento psiquiátrico sugerido pela FBH. Arquivo FBH A Federação Brasileira de Hospitais, representando a rede privada de hospitais psiquiátricos, contratados ou conveniados com o SUS, apresentou ao Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, um novo modelo de atendimento aos dependentes químicos e aos doentes mentais no intuito de aperfeiçoar a política do sistema psiquiátrico brasileiro. A FBH propôs, durante a reunião no Ministério da Saúde, a criação de um Centro Integrado de Atendimento à Saúde Mental, CIAPS, que funcionaria como xtensão e aprimoramento do modelo vigente (CAPS). A FBH apresentou, neste novo formato de atendimento psiquiátrico, a inclusão de pronto atendimento 24 horas, leitos dia e noite, internação de médio e longo prazos, oficinas de geração de renda, acompanhamento odontológico e estrutura para atendimento ginecológico a portadoras de transtorno mental e dependentes químicos atendidos nestes centros. Rondon Vellozo/MS social – vinculada ao Sistema Único de Saúde, não responde às necessidades dos pacientes psiquiátricos. Ministro Alexandre Padilha recebe proposta de representantes de entidades de saúde para redução da carga tributária no setor. Rondon Vellozo/MS O presidente da FBH, Luiz Aramicy Pinto, apresenta propostas ao Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda. Saúde no Brasil tem a maior carga tributária da economia O Conselho Federal de Medicina (CFM), e a Federação Brasileira dos Hospitais planejam uma campanha que vai garantir vagas para treinamento e qualificação de pessoas com necessidades especiais em estabelecimentos de saúde. As entidades já firmaram parceria com o deputado federal e ex-jogador de futebol Romário, que tem dedicado seu mandato à luta pela inclusão de minorias. Uma cartilha está sendo desenvolvida para a campanha e retrata, em história em quadrinhos, Romário (como jogador) explicando a importância do enfrentamento do preconceito. “É mais do que ganhar copas, é ganhar o respeito pelas diferenças”, 30 Nathália Siqueira Nathália Siqueira CFM e Romário firmam parceria para garantir mais vagas para treinamento a deficientes Romário com representantes do Conselho Federal de Medicina e da Federação Brasileira de Hospitais informa a cartilha. A previsão de lançamento da cartilha é próxima ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado em 21 de setembro. De acordo com o membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, trazer a sociedade para o convívio com pessoas especiais é uma forma de romper o preconceito. Fonte: Conselho Federal de Medicina e Federação Brasileira de Hospitais A saúde no Brasil tem, hoje, a maior carga tributária se comparada a outros setores da economia, como educação, segurança e sistema financeiro. Os tributos excessivos do setor também causam elevados custos em prevenção e tratamento de doenças no país. Para se ter uma ideia, equipamentos utilizados para exames, medicamentos, materiais hospitalares e todos os insumos utilizados no setor de saúde, inclusive consultas dos profissionais da área, são tributados em índices mais elevados que os dos países desenvolvidos. A Federação Brasileira de Hospitais, FBH, representada pelo seu secretário-geral, Dr. Eduardo de Oliveira, representantes das associações de hospitais das cinco regiões brasileiras, juntamente com as entidades do setor saúde, Confederação Nacional de Saúde-CNS, Confederação das Misericórdias do Brasil-CMB e Associação Nacional dos Hospitais Privados-ANAHP reuniram-se em audiência com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no intuito de apresentar alternativas para a redução tributária da saúde no país. De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais do Rio de Janeiro, Aécio Nanci Filho, a audiência com o ministro da Saúde tem o propósito de apresentar alternativas para a situação tributária da saúde, sugerindo a desoneração de impostos que incidem sobre a receita, como a bitributação PIS/COFINS. O presidente da Federação Brasileira de Hospitais, Luiz Aramicy Pinto, ressaltou que a saúde no Brasil é muito onerada e a carga tributária a quem presta o serviço chega a 28%, o setor ainda não foi contemplado com redução de impostos. “Com essa proposta, estamos mostrando o que se pode melhorar caso haja uma redução nos tributos da saúde, que são maiores do que a tributação financeira”, afirma. O médico e deputado federal Chico D'Angelo, que também esteve em reunião no Ministério da Saúde com os representantes das entidades do setor, acredita que a audiência dos representantes da área da saúde com o ministro Alexandre Padilha é uma tentativa de solicitar o apoio do chefe da pasta como instrumento de interlocução junto aos Ministérios da Fazenda, do Planejamento e da presidenta Dilma. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a audiência, comprometeu-se a apresentar as propostas para tomada de decisão ao Palácio do Planalto. 31 Ministério da Saúde segue cronograma de preparação para Copa Uma das definições de associativismo diz que o conceito trata de uma forma de organização social usada como instrumento para a satisfação das necessidades. Parece simples mas, em muitos casos – no da saúde, por exemplo – a dificuldade dos agentes em estabelecer pautas de apelo coletivo e as diferentes realidades de um país que convive com gigantescas disparidades sociais fazem com que as entidades representativas fiquem numa constante luta por consolidação a fim de liderar, de forma protagonista e coesa, as demandas do segmento. Um dos problemas crônicos do modelo de associação é a falta de participação efetiva. “Vivemos num país que tem, ao mesmo tempo, a seca do Nordeste e as cheias da Amazônia. São várias situações diferentes. Então, precisamos ter as diretorias em peso, precisamos levar as discussões para a base, precisamos fazer isso chegar ao interior”, sugere o presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Luiz Aramicy Bezerra Pinto, que clama por entidades mais sólidas. “Hoje, no Brasil, você tem várias entidades associativas, mas você precisa de um núcleo de pessoas para ajudar, não uma dire- 32 toria de dez que é sempre representada por dois”, completa. O presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), José Reinaldo de Oliveira Jr., concorda. “Hoje só se justifica a criação de novas entidades estaduais se for para serem ativas. Ter mais uma que não desenvolva trabalhos e à qual os associados não deem valor não faz sentido. Proatividade nos torna mais fortes”, considera, antes de narrar um exemplo clássico do poder das negociações em comum. Oliveira vê no país falta de engajamento que, em outros locais, é menos crônica. Segundo o gestor, “isso precisa fazer parte do nosso DNA”, para que não se repitam situações nas quais instituições maiores, com caminho livre no contato com ministros, governos e secretários, acabem enfraquecendo a coletividade ao marchar sozinhas por uma causa “e não necessariamente alcançam os objetivos”, completa. Apesar disso, o representante das filantrópicas celebra a boa participação das associações em algumas discussões relevantes: na Constitui- ção de 1988, por exemplo, quando foi reconhecida a isenção e a preferência pelas entidades filantrópicas na contratação de serviços do Sistema Único de Saúde; no processo de contratualização, no qual, hoje, há um incentivo financeiro para quem se adequa à questão; e na arrecadação de recursos da Timemania para ações de santas casas, hospitais sem fins lucrativos e entidades de reabilitação física, para que seja possível instalar uma rede nacional de videoconferências para capacitação e treinamento, interligando as instituições. Por fim, ambos acusam uma grave deficiência na comunicação entre as partes, na busca por conceitos coletivos e no compartilhamento de ideias e problemas, num cenário em que diversas entidades são associadas a vários núcleos e têm questões mais do que semelhantes. Tanto para o presidente da FBH quanto para o presidente das Santas Casas de Misericórdia, as lideranças estão despidas de vaidades e têm intensificado os encontros regulares. De acordo com os gestores, falta muito para tornar o modelo mais efetivo para uma melhor gestão da saúde. Fonte: Saúde Business Web/SP ANS suspende a comercialização de 268 planos de saúde A Agência Nacional de Saúde Suplementar suspendeu o direito de comercialização de 268 planos de saúde, administrados por 37 operadoras, por descumprimento de prazos estabelecidos pela agência para atendimento médico, realização de exames e internações. A medida, que já entrou em vigor, é uma punição pelo descumprimento dos prazos máximos de atendimento que entraram em vigor em dezembro de 2011. No total, os planos que tiveram a comercialização suspensa atendem a cerca de 7% dos beneficiários de planos de saúde no país, o que equivale a aproximadamente 3,5 milhões de pessoas. Caso a empresa insista na comercialização do plano, será aplicada multa de R$ 250 mil. Além disso, poderão ser adotadas medidas administrativas adicionais, como a instalação de um regime de direção técnica, em que uma pessoa nomeada pela ANS passa a acompanhar a gestão do plano. Em casos extremos, também pode ocorrer a alienação da carteira de clientes e o fechamento do plano. Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a suspensão da comercialização terá um "caráter pedagógico" não apenas para as operadoras afetadas, mas para todo o mercado. Luís Oliveira - ASCOM - MS Associações buscam reforçar protagonismo Banco de imagens : shuterstock Notícias Saúde Secretario-executivo adjunto, Adriano Massuda, coordenador da Câmara de Saúde para a Copa A 8ª reunião da Câmara Temática da Saúde para a Copa do Mundo de 2014, da qual participaram o Ministério da Saúde e representantes dos estados e municípios que sediarão jogos da Copa do Mundo, debateu os planos de preparação do setor da saúde das cidades-sede do mundial. Entre os objetivos da Câmara destacam-se a coordenação do planejamento de ações nacionais na área da saúde, estabelecendo diretrizes gerais e metas, ações estratégicas e o apoio às ações com os municípios-sede. Todos os planos terão seu desempenho avaliado novamente até o final do mês de outubro. Só terão a comercialização liberada aqueles que apresentarem melhora na nota atribuída a partir das reclamações. O secretário-executivo adjunto, Adriano Massuda, coordenador da Câmara, afirmou que o planejamento para a Copa está seguindo o cronograma proposto pelo Ministério da Saúde. De acordo com ele, após sete encontros, grande parte dos planos de ação das cidades-sede para fortalecimento da rede de urgência está em fase de execução. O momento, agora, é de elaboração dos planos de contingência para o evento e definição da Copa das Confederações como evento-teste. A expectativa é que os planos de ação da saúde das cidades-sede deixem como herança o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Fonte : Folha de São Paulo Fonte: www.portalmedico.org.br De acordo com Padilha, a punição dos planos só foi possível devido à participação da sociedade, que denunciou o descumprimento dos prazos das operadoras. Nos três primeiros meses de vigência da norma, a ANS recebeu 1.981 reclamações. No trimestre seguinte, foram 4.682. A partir da quantidade de reclamações, a ANS separou as operadoras por grupos de notas. Foram suspensas as que receberam a pior nota nas duas avaliações. 33 Gestão Hospitais apostam em lavanderias terceirizadas Redução nos custos e segurança levam gestores a desativar lavanderias hospitalares e utilizar serviços fora das unidades de saúde Claudia Carpo As lavanderias hospitalares são ser- Estes ambientes exigem absoluta Carolina Carvalho, responsável viços de apoio responsáveis por re- assepsia e precisam de atenção do- pelo enxoval da unidade, a tercei- ceber roupas das unidades de brada, altos investimentos em rização tem muito mais vantagens saúde, lavar, secar, passar e en- equipamentos, e financeiras, pois o hospital não as- tregá-las em perfeito estado. Pa- grande espaço físico para compor- sume as despesas. “Quando o ser- área específica, é essencial. E assim fun- das e, por fim, distribuídas às unidades de rece ser uma tarefa simples mas, na tar todo o maquinário necessário. viço é terceirizado, o gestor repassa ciona também com a lavanderia da uni- saúde. As áreas são separadas por uma pa- verdade, é um trabalho complexo Por essas razões, muitos gestores os custos para o fornecedor. O hos- dade. Desde que inaugurado, há três anos, rede de vidro e a comunicação entre duas abrem mão de ter uma lavanderia pital paga apenas para que a roupa o Home nunca manteve a lavanderia fun- áreas é por interfone. A divisão entre as funcionando dentro do próprio seja lavada e a empresa entregue o cionando dentro da unidade. “Vimos a áreas é essencial para não contaminar as hospital e optam pela praticidade serviço”, explica. Outra questão necessidade de não lavar o enxoval dentro roupas limpas e, consequentemente, evi- de terceirizar o serviço. As princi- que deve ser considerada na hora do próprio hospital, pois o maquinário tar a propagação de organismos causado- pais vantagens são a liberação do da contratação do serviço é de que, precisa de manutenção, pessoal especiali- res de infecções hospitalares. espaço dentro da unidade de saúde ao terceirizar, o hospital fica total- zado e grande rotatividade”, pondera. que exige a atenção minuciosa dos gestores. Por ser um ambiente propenso a infecções, as unidades de processamento de roupas, como são chamadas as lavanderias hospitalares, devem seguir à risca as - o que antes era ocupado pela la- mente focado em sua área fim, que normas de vigilância, publicadas vanderia pode se transformar em é a prestação de serviços de saúde no manual técnico “Processa- novos consultórios ou novos leitos de qualidade aos pacientes. Para a mento de Roupas de Serviços de 34 funcionários para atendimento, por exemplo, e Assim que as roupas chegam à lavan- Diferentemente das lavanderias comuns, deria, vão para a área suja, onde passam as unidades especializadas em serviços pelo processo de separação, classifica- diretora de Pessoas e Qualidade do hospitalares devem ser divididas em dois ção e pesagem. Elas são separadas por critérios como: grau de sujidade (uma Saúde: prevenção e controle de ris- a diminuição dos gastos com água, Hospital Ortopédico e Medicina ambientes distintos: a área suja - desti- cos” e na resolução RDC nº luz, manutenção de equipamentos Especializada (Home), Susie Lobo, nada ao recebimento, pesagem, separação roupa com resíduos de sangue não é la- 06/2012 da Agência Nacional de e funcionários. Para a gerente de profissionalizar as áreas, direcio- por grau de sujidade e lavagem - e a área vada com uma que está seca, por exem- Vigilância Sanitária (Anvisa). hotelaria do Hospital Daher, Maria nando cada colaborador para sua limpa, onde as roupas são secadas, passa- plo) e tipo de tecido. 35 Gestão Há diversos riscos relacionados ao presença de objetos cortantes que processamento de roupas hospitala- podem ferir os funcionários e da- res. Por isso, todas as lavanderias nificar equipamentos. As lavado- especializadas, independentemente ras devem ter portas duplas, de funcionarem dentro da unidade instaladas entre a área suja e a de saúde, ou terceirizadas, devem limpa. Dessa forma, a roupa suja seguir à risca as normas contidas no entra por uma porta, localizada na manual técnico e na resolução da área suja, e sai lavada por outro Anvisa. Entre as regras, está a li- compartimento, situado na área cença atualizada pelo órgão sanitá- limpa. Assim, as roupas saem la- rio competente, que permite o vadas da máquina e, logo depois, funcionamento da unidade de pro- são colocadas na centrífuga para retirar o excesso de água. Posteriormente, as roupas são passadas de acordo com cada tipo de peça. Na calandra, equipamento que seca e passa ao mesmo tempo, são colocadas as peças leves, como lençóis, fronhas e colchas. As secadoras são usadas para roupas que não precisam ser passadas, como toalhas e cobertores. A prensa a vapor passa roupas que 36 Foto: Ed Alves Nesse momento, é verificada a Panorâmica da lavanderia: ao centro, funcionários colocando lençóis na calandra. Ao fundo, secadoras. À direita, processo de dobragem e embalagem das roupas, para distribuição aos hospitais cessamento de roupas; a regularização de equipamentos e produtos de lavagem junto à Anvisa; o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), como gorro, máscara, protetor auditivo, óculos, botas de borracha, capote e luvas, toca ou gorro; o uso de lavadoras com barreira, que separa a roupa suja da limpa, com portas diferentes: uma para entrada da roupa suja e outra de saída da roupa limpa; o treinamento e a capacitação de funcio- não podem ir para a calandra. Há, nários, entre outras. Para o também, o ferro, usado eventual- proprietário e sócio-gerente da la- mente. Caso haja alguma imper- vanderia Acqua, Roberto Becker, feição nas roupas, as máquinas de obedecer às normas impostas pela costura podem ser utilizadas para vigilância é essencial para o bom fazer conserto. Depois de conser- atendimento às unidades de tadas, voltam para a área suja e saúde. “Nossos clientes visam a passam novamente por todo o uma parceria para que a terceiri- processo. Após lavadas, as roupas zação desenvolva um trabalho de são embaladas e transportadas até acordo com as regras, possua uma o hospital, onde são colocadas nas equipe bem treinada, tenha todos rouparias. os certificados, seja pontual na entrega, sem danificar os enxovais, e apresentem um processo de higienização eficiente”, diz. De acordo com a especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da Anvisa, Maria Dolores Santos da Purificação Nogueira, o cumprimento das normas é extremamente importante para a prevenção de infecções. “Existem vários riscos associados às atividades de processamento de roupas de serviços de saúde que, se não adequadamente controlados, podem acarretar danos ao trabalhador, ao usuário e ao meio ambiente”, afirma. Dolores destaca os perigos da manipulação de objetos cortantes, como seringas e agulhas, que podem vir erroneamente junto com as roupas, e do uso inadequado das má- Equipamentos utilizados na área suja da lavanderia. Do outro lado do vidro a roupa sai limpa. quinas e do contato com os produ- O proprietário da NJ Lavande- O infectologista da Fundação Os- tos químicos. Para a especialista, ria, Nabil Dahdah, diz que o waldo Cruz (Fiocruz Brasília), os padrões garantem a segurança cumprimento das normas é es- Vitor Laerte, adverte que as lavan- do paciente e dos colaboradores da sencial para garantir a qualidade derias são um serviço de suporte lavanderia, bem como a qualidade de vida dos colaboradores da que, muitas vezes, são negligen- do serviço prestado. “Além disso, lavanderia. “Em dois anos de ciados pelos gestores. “Nesse setor, a roupa adequadamente proces- funcionamento, nunca houve sada influencia na qualidade da as- nenhum acidente com funcio- sistência à saúde, principalmente nário, no que se refere à segurança e ao nunca pegou uma infecção aqui, conforto do paciente”. A especia- porque nós seguimos à risca os lista afirma, ainda, que “o uso do padrões e normas da Anvisa”. EPI, além da higienização dos Nabil acrescenta que todos os minante”, aponta. Para Laerte “a a m bientes e equipamentos da funcionários têm de estar com correta instituição de rotinas e unidade, é importante para evitar cartão de vacinas atualizado e processos que obedeçam às nor- a recontaminação da roupa e pre- que, a cada três meses, são rea- mas da vigilância sanitária é indis- venir a transmissão de infecção lizados os exames que atestam a pensável para se minimizar esses entre os trabalhadores”, afirma. saúde dos colaboradores. riscos”, afirma. nenhum colaborador há o potencial de se permitir a propagação de infecções para pacientes internados e, também, de ser local para acidentes de trabalho com material biológico conta- 37 Vitrine Hospitalar Mesa Mesa Cirúrgica - MC 757 Duetto Monitor A unidade de cuidado intensivo DuettoTM é um equipamento de funções híbridas, que opera tanto como incubadora como uma unidade de cuidado intensivo irradiante (berço aquecido). 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Os Estados Unidos (1,6 bilhão de procedimentos de atenção pri- têm uma carga de tributos de 12% nos produ- mária à saúde), chega-se à chocante constata- tos e serviços ligados à saúde, enquanto que o ção de que os governos recebem, em média, Japão tem 13%, Canadá 11%, México e China aproximadamente, R$ 20,00 de tributos de 16%, Coréia do Sul 15% e Índia 17%. cada atendimento de saúde prestado à popula- Portanto, a tributação é a principal razão do alto custo de prevenção e tratamento de doenças no Brasil. Para ser ter uma ideia do absurdo da nossa tribu- A alta carga tributária do setor de saúde tação, mesmo o atendimento efetuado através do SUS é altamente tributado. Isto porque os equipamentos, medicamentos e outros insumos são adquiridos de empresas privadas, as quais sofrem pesada tributação e repassam o custo tributário para o preço que cobram do próprio governo. Em 2009, a arrecadação tributária sobre o setor Em nosso país, temos a determinação expressa talares e todos os insumos utilizados no setor de de saúde foi de aproximadamente R$ 30,5 de que a saúde é um direito fundamental social. saúde e até as consultas dos profissionais da b i lhões. Se houver a divisão deste valor pela Tal garantia figura em nossa Carta Magna saúde são tributados em índice incomparável (Constituição Federal de 1988), conforme segue: mesmo ao dos países desenvolvidos. Art. 6º São direitos sociais: a educação, a saúde, Dos principais direitos fundamentais do cida- o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a dão, educação, saúde e segurança, o setor de previdência social, a proteção à maternidade e saúde é o mais tributado. Por sinal, é até mais à infância, a assistência aos desamparados, na tributado que o setor financeiro. forma desta Constituição. (grifo nosso) No Brasil, há praticamente tributação normal Apesar de a saúde ser um direito fundamental do de PIS, COFINS, ICMS e ISS, denominados tri- cidadão e obrigação do Estado, os governos federal, estaduais e municipais optam por tributar excessivamente todas as atividades ligadas à saúde. 40 SETOR ção brasileira, mesmo aqueles realizados através do SUS – Sistema Único de Saúde. Diante deste quadro nada confortável para a população, resta-nos lamentar esta situação e questionar as autoridades para que revejam este caos tributário no setor da saúde para que, no futuro, possamos ter os nossos direitos constitucionais garantidos. Carga tributária sobre o valor agregado de alguns setores da economia: João Eloi Olenike é contador e advogado % Carga Tributária Valor Agregado - 2008 AGROPECUÁRIA 9,94% SETOR DE EDUCAÇÃO (TOTAL) 14,25% tos, mercadorias e serviços destinados à saúde SETOR DE SAÚDE (TOTAL) 16,07% da população, ao contrário de todos os países SETOR PRIVADO DE EDUCAÇÃO 19,78% SETOR PRIVADO DE SEGURANÇA 20,47% butos sobre o valor adicionado, sobre os produ- desenvolvidos e da maior parte dos países em Em média, 1/3 do valor pago pela população por desenvolvimento que optam por ter uma baixís- qualquer produto ou serviço que se relacione sima tributação sobre os itens que se relacionam SETOR FINANCEIRO 20,84% com a saúde é composto por impostos, taxas e com a saúde. Nos EUA, Canadá, Japão e países SETOR PRIVADO DE SAÚDE 25,23% contribuições. Ou seja, desde os equipamentos da Comunidade Econômica Europeia, a tributa- utilizados para fazer exames ou tratamentos, ção sobre os insumos da saúde é menos que a passando pelos medicamentos, materiais hospi- metade da tributação brasileira. Mesmo países 41 Gestão & Tecnologia Nova tecnologia em farmácias hospitalares reduz riscos de paciente receber medicação errada Prescrição, distribuição e separação eletrônica de medicamentos ganham espaço nos hospitais brasileiros e agilizam atendimento Renata Guimarães 42 Prescrição médica eletrônica são as palavras-chaves utilizadas pelos hospitais que estão apostando nas farmácias automatizadas. Este novo modelo de farmácia foi criado para evitar erros na distribuição e aplicação de medicamentos aos pacientes internados, e conta com aparelhos de alta tecnologia que dispensa manuseio de funcionários no receb i mento, separação, seleção e armazenamento de medicamentos. Esse procedimento, embora pareça simples, é de extrema importância para o sucesso do tratamento, que não pode sofrer nenhum tipo de erro na leitura da receita. Atualmente os enganos de medicação ainda são uma realidade na maioria das instituições de saúde. Dentre os problemas encontrados em receitas estão rasuras, letra ilegível, uso de abreviaturas, falta de explicação sobre os efeitos do medicamento e erros quanto à posologia. O processo de informatização começa quando o médico, em seu consultório, prescreve os medicamentos ao paciente por meio de um sistema que opera em tempo real com a farmácia do hospital. Os farmacêuticos recebem as informações do médico, separam os medicamentos na dosagem e horários específicos e enviam à enfermaria, para que posteriormente possam ser administrado ao paciente. Nos hospitais os farmacêuticos garantem um tratamento diferenciado por conhecer com profundidade os medicamentos, efeitos colaterais, e todas as implicações que envolvem a administração das drogas. Muitos estudos têm sido desenvolvidos com o intuito de minimizar erros e melhorar a qualidade da assistência prestada, com mais segurança, aos pacientes. A tecnologia tem se mostrado uma resposta muito eficiente e chega para agregar ao ambiente da farmácia hospitalar mais segurança no momento de separação e distribuição de medicamentos. A implantação de equipamentos de alta tecnologia nas farmácias hospitalares já é bastante comum em países da Europa e ganha cada vez mais espaço no Brasil. Os farmacêuticos argumentam que a tendência é extinguir a intervenção humana no momento de separação, individualização e distribuição dos medicamentos para que as chances de erro também sejam extintas. Outros processos de inovação acontecem por meio dos equipamentos que separam e individualizam os medicamentos, dispensários eletrônicos, que liberam automaticamente o medicamento no momento em que a receita médica chega à farmácia ou a inserção do carrossel, que é um sistema de armazenamento em atmosfera seca para componentes sensíveis à umidade e para a proteção contra descarga eletrostática, com temperatura controlada constante, altas ou abaixo de zero, que só é aberto por meio de autenticação digital. A farmácia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, é um exemplo neste processo de informatização. A gerente da farmácia, Débora de Carvalho, afirma que a busca por inovação tem de ser constante, pois é necessário que a instituição se atualize, para acompanhar a evolução neste setor. Ela ressalta que o Sírio Libanês recebeu, nos últimos anos, vários tipos de investimentos para a automatização da informática para a prescrição médica eletrônica. O hospital aperfeiçoou esse sistema e incluiu na base de dados que o médico tem acesso um prontuário de cada paciente que contém informações específicas. Por exemplo, se o paciente é alérgico a algum medicamento, se já faz uso de alguma droga, se possui quadros que podem ser agravados pela administração de certos medicamentos, e uma série de outras informações que são de grande importância para o médico no momento da prescrição. “Com esse sistema nós criamos um suporte decisório para o médico no momento da prescrição. Quem abastece esses prontuários de informações são os próprios farmacêuticos e é com esse trabalho em equipe que o paciente receberá o melhor tratamento. O médico terá uma série de informações importantes, por exemplo, alertas de doses máxima, medicamentos mais atuais, efeitos colaterais que podem agravar outros quadros, entre outros. Este é o modelo que nós implantamos e estamos trabalhando para que ele funcione da melhor forma possível”, avalia Débora. A modernização e inovação dos procedimentos não param por aí. De acordo com a farmacêutica, o hospital está se preparando para a utilização de alguns equipamentos, como o carrossel nos almoxarifados e os dispensários eletrônicos, o que proporcionará maior qualidade no armazenamento das drogas. “Nós ainda não temos esse suporte, mas estamos trabalhando para tê- los, pois, eu, como gestora de farmácia, acredito que o modelo de futuro é esse”, aposta. Débora relata que atualmente, o diferencial da farmácia do HSL, é o fracionamento de injetáveis. O sistema de informatização contribuiu para a implantação do processo de fracionamento de injetáveis de forma totalmente automatizada e segura. Este procedimento ocorre na UTI e na farmácia da Oncologia. A farmacêutica avalia que todas essas questões sobre a farmácia hospitalar está apoiada na segurança do paciente, por isso é tão importante. “Com essa estrutura todos ganham, o paciente, o médico, o farmacêutico e todos envolvidos nesse processo”, finaliza. O hospital Daher, em Brasília, Distrito Federal, também tem buscado esta modernização. Agilidade, otimização de processos e segurança do paciente, segundo a farmacêutica clínica Marlla Moura são os pilares da informatização e automatização da farmácia hospitalar. Gestão & Tecnologia Saúde & Tecnologia Segundo ela, todos os médicos do hospital aderiram à prescrição eletrônica e para tornar o serviço ainda mais seguro, depois de recebida a receita, a medicação selecionada pelo farmacêutico, armazenada em um recipiente etiquetado, deve ser bipada e caso não seja a mesma que o médico colocou no sistema, ou esteja com a dosagem errada, ou com o horário incorreto, o computador entra em alerta até a medicação correta ser conferida. A farmacêutica ressalta que também é importante que os outros procedimentos, como separação e distribuição de medicamentos também aconteça de forma eletrônica, pois assim, sofrerá menos interferência humana, e estará menos suscetível a erros. “Nós já conseguimos evoluir na parte de individualização de medicamentos. Atualmente, com exceção dos psicotrópicos, todos os medicamentos são 100% individualizados, que chegam separados por dose unitária ao paciente que está na internação. Segundo ela, fazer com que haja menos interferência humana nos processos também evita erros e possível contaminação com o manuseio. “Tudo é conferido e anotado conforme lote, validade e o nome da pessoa que supervisionou o processo”, descreve. Marlla afirma que conhecimento e informação nunca são dispensáveis, por isso, o hospital Daher está implantando um sistema chamado de CIM - Centro de Informação sobre Medicamentos. Nesse sistema constam informações sobre medicamentos novos, fórmulas que chegaram ao mercado recentemente e também para o caso de a pessoa que faz uso do sistema tenha qualquer dúvida possa contatar a farmácia central do hospital imediatamente via rádio, telefone e e-mail. O serviço pode ser acessado por farmacêuticos, médicos, enfermeiros e até mesmo pacientes. Segundo ela, esse serviço já está funcionando e tem se mostrado bastante útil na construção de relatórios e para o conhecimento de indicadores sobre os medicamentos. “Já tive experiências muito ruins com a prescrição manual, onde não era fácil compreender a medicação, do- Ed Alves Maior evento de saúde das Américas A farmacêutica Marlla Moura aposta na informatização das farmácias hospitalares como modelo de eficiência para o setor. sagem e horários corretos que o médico prescrevia. Nesse tipo de trabalho não podemos perder tempo com erros, nem nos dar ao luxo de errar, pois estamos trabalhando com vidas. É tudo muito sério. Por isso, é muito clara a necessidade de mais automação e menos intervenção humana. Eu acredito que o futuro é esse, onde poderemos ter mais segurança com todos os procedimentos que são feitos nesse sentido. O hospital que não correr para ter uma farmácia minimamente moderna vai ficar para trás, pois os novos tempos já chegaram e a tendência é de que esse serviço fique com o preço cada vez mais acessível”, conclui. Em todo Brasil A Câmara dos Deputados analisa proposta que obriga os médicos de cidades com 200 mil habitantes ou mais a emitir receita digitada e rastreável eletronicamente, por meio de código de barras. A medida, que está prevista no Projeto de Lei 3344/12 valerá também para médicos de cidades menores. O autor da proposta, deputado Ademir Camilo (PSD-MG), explica que esse tipo de receita, que deverá ser acessada por meio de sistema integrado entre médicos, farmácias ou órgãos governamentais de fiscalização, deve evitar erros de interpretação e aumentar a segurança do paciente. Diretoria da FBH durante palestra na Feira Hospitalar 2012 A Feira Hospitalar comemorou, em 2012, sua 19ª edição e reuniu, em São Paulo, 1.250 expositores de 68 países. Durante o maior evento de saúde das Américas, empresários e profissionais da área debateram sobre as tendências na gestão hospitalar. A Feira apresenta todos os anos o que existe de mais mo- derno em equipamentos, tecnologia, produtos e serviços direcionados à saúde. A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) compareceu à Hospitalar 2012, e através do presidente da entidade, Luiz Aramicy Pinto, apresentou palestra sobre o papel dos órgãos representativos da saúde e ressaltou a importância da busca na qualidade da gestão e sintonia na comunicação das entidades. Durante a palestra o presidente da FBH elogiou o propósito da Feira e apontou o evento como um importante fórum de debates e negócios para discussão de rumos e tendências no setor. Técnica industrial permite hospital aumentar número de atendimentos Hospitais de São Paulo têm conseguido diminuir o tempo de espera de procedimentos e atender a um número maior de pacientes com técnicas inspiradas na indústria automotiva. A técnica envolve mudança nos processos internos das instituições conhecida como sistema de produção enxuta para área da saúde (lean healthcare). O primeiro passo para a eficiência desta técnica no setor hospitalar é mapear o funcionamento do hospital e o caminho do paciente dentro dele. O Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, responsável por 24% das quimioterapias do SUS, na cidade de São Paulo, é exemplo de eficiência da técnica lean healthcare. A instituição conseguiu reduzir em 76% o tempo de espera de pacientes na quimioterapia e aumentar em 50% o número de doentes atendidos. O hosp i t a l a t e n dia a 80 pacientes por dia. Com o desenvolvimento das novas práticas, são 120 atendimentos com os mesmos funcionários. De acordo com o consultor responsável pelo projeto, Ronaldo Mardegan, preparar a sala de quimioterapia no dia anterior e adiantar a parte de medicação que será aplicada ao paciente acelera o atendimento e libera espaço para atendimento. Produção Enxuta Criado após a Segunda Guerra Mundial, o lean manufacturing (produção enxuta) é uma filosofia de gestão focada na redução de desperdícios que envolve tempo de espera, superprodução, transporte, movimentação, excesso de processamento, inventário, entre outros. Desde 2002, hospitais americanos começaram a aplicar a técnica. Outros hospitais brasileiros, como o Albert Einstein, Rede D'Or, São Luiz e São Camilo, já desenvolveram esse conceito de gerenciamento para suas rotinas. Fonte: Folha de São Paulo 45 Instituto do Câncer de SP terá robô para cirurgias O Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) começa a realizar cirurgias oncológicas com um robô até o final de 2012. Será o primeiro hospital público paulista a adotar o procedimento. O governo federal liberou verba de R$ 8 milhões para custear o equipamento pelo período de dois anos. O robô será usado em cirurgias de cabeça e pescoço, urológicas e gastrointestinais. De acordo com o diretor do Icesp, Paulo Hoff, o instituto realizará estudos de custo e efetividade sobre a cirurgia robótica que vão auxiliar o governo na decisão de incorporar ou não a tecnologia ao SUS. Para o chefe do serviço de otorrinolaringologia do Hospital São Camilo, em São Paulo, José Antonio Pinto, a técnica é uma boa opção para pessoas com grau leve de apneia do sono, que é caracterizada por cinco a 15 interrupções da respiração em cada hora de sono. A apneia moderada ocorre quando o sono é interrompido de 15 a 30 vezes e a grave quando é acima de 30. Fonte: Folha de São Paulo A técnica foi apresentada por médicos do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital São Camilo, em São Paulo, durante um curso sobre diagnóstico e tratamento da apneia obstrutiva do sono, mas ainda não é possível avaliar os resultados porque o procedimento ainda está em processo de análise. Nova tecnologia para mapeamento do cérebro Fonte: Estado de São Paulo Cientistas criam técnica para detectar Alzheimer antes de sintomas Os cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington selecionaram, para o estudo, pacientes britânicos, americanos e australianos que têm risco genético de desenvolver a doença. Dos 128 pacientes examinados, 50% têm chances de herdar uma das três mutações genéticas conhecidas pela ciência que provocam o mal de Alzheimer. O grupo também tem chance aumentada de sofrer da doença a partir dos 30 ou 40 anos, muito mais cedo que a maioria dos pacientes de Alzheimer, que em geral desenvolvem o mal na casa dos 60 anos. Os pesquisadores analisaram os pais dos pacientes para descobrir com que idade eles haviam desenvolvido a doença. A partir daí, começaram a tentar avaliar quanto tempo antes era possível detectar os primeiros sinais da enfermidade. Foram realizados exames de sangue, de líquor (fluido cerebrospinal), de imagens do cérebro e, também, avaliações de habilidades mentais nos pacientes. Os pesquisadores descobriram que era possível detectar pe- quenas mudanças no cérebro de quem tinha alguma das mutações que, no futuro, levarão ao surgimento do Alzheimer. Eles sugerem que a primeira mudança, uma queda nos níveis da proteína conhecida como amiloide - componente-chave dos neurônios - no fluido cerebrospinal pode ser detectada 25 anos antes do aparecimento dos sintomas da doença. o paciente faça movimentos durante o exame e fornecerá imagens precisas para cirurgias auxiliadas por robôs. O dispositivo do equipamento é silencioso para não assustar crianças ou pessoas com claustrofobia durante o exame. www1.aston.ac.uk Pesquisadores da Universidade de Aalto, na Finlândia, criaram um aparelho com sensores de campo magnético ultrassensíveis a partir da fusão de duas tecnologias essenciais para mapeamento do cérebro, a ressonância magnética (MRI), que visualiza as estruturas do órgão, e a magnetoencefalografia (MEG), que mede as funções elétricas. O novo equipamento vai garantir maior precisão para diagnosticar doenças na região. De acordo com os pesquisadores, o MEG-MRI permitirá que Fonte: Folha de São Paulo Hospital Quinta D'Or realiza a primeira radiocirurgia de fígado da América Latina O Centro de Oncologia do Hospital Rede D'Or, no Rio de Janeiro, realizou a primeira radiocirurgia para metástases no fígado na América Latina. Por volta de 15 anos antes do aparecimento da doença, pacientes já apresentavam níveis anormais de placas bamiloides. Além disso, imagens do cérebro revelaram encolhimento em algumas regiões do cérebro desses pacientes. O procedimento utilizado foi a radiocirurgia guiada por imagem (IGRT, do inglês, Image Guided Radiation Therapy) com acompanhamento do movimento respiratório e rastreamento da localização das lesões em tempo real. Essa tecnologia chegou ao país recentemente e fez com que a radiocirurgia ganhasse precisão submilimétrica, focando as emissões diretamente no tumor e preservando ao máximo tecidos saudáveis. Dez anos antes dos primeiros sintomas foram detectados problemas de memória e um processamento anormal da glicose no cérebro dos estudados. Em pacientes que não tinham as mutações não foram detectadas alterações nesses marcadores. Os resultados da pesquisa foram publicados no New England Journal of Medicine. Fonte: BBC Brasil Marcos Velloso http://letra1.com Microchip no céu da boca pode reduzir ronco em paciente com apneia leve Pacientes que roncam, com diagnóstico de apneia leve, têm mais uma opção de tratamento. Um microchip implantado no fundo do céu da boca, através de um procedimento simples, pode reduzir em até 80% o ruído do ronco. A técnica, já usada na Europa e nos Estados Unidos, foi aprovada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). www.dmc-modesto.com Saúde & Tecnologia Equipamento Novalis permite rastreamento em tempo real De acordo com o médico radioterapeuta, Felipe Erlich, a radiocirurgia de fígado para as metástases hepáticas inicia-se com uma rigorosa seleção de pacientes, sendo candidatos aqueles considerados inoperáveis e que tenham até três lesões, cada uma delas menor que 6,0cm, e com função hepática preservada. O segundo passo é a implantação de marcadores fiduciais de ouro, utilizados para que o aparelho localize a lesão com a máxima precisão. Após esta etapa, são colocados fiduciais reflexivos externos, utilizados para o rastreamento da respiração e elaboração da curva respiratória do paciente. O quarto passo é a Tomografia 4D. O rastreamento em tempo real permite que os médicos apliquem a radiação propriamente dita. Fonte: www.hospitalar.com.br Brasileiros testam marca-passo cerebral contra obesidade e depressão Um grupo de pesquisadores da Universidade de Heidelberg, no sudoeste da Alemanha, e do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer, na mesma cidade, utilizou a tecnologia tablet em cirurgias. A técnica experimental, batizada de navegação assistida para visão 3D aumentada, poderá ajudar os cirurgiões a visualizar melhor os órgãos próximos ao rim na retirada de cálculos, e na remoção de tumores em cirurgias invasivas. O procedimento foi testado para retirada de pedra no rim em cinco pacientes e está em análise pelos pesquisadores para avaliar se a técnica será viável. O tablet captura as imagens dos eletrodos e as transmite para um servidor, que transmite a cirurgia em tempo real, o que facilita a visão geral do médico. Fonte: Folha de São Paulo 46 www.sempretops.com virtualworldlets.net Cirurgia com tablet usa realidade virtual para visualizar órgãos Usado no controle de sintomas da doença de Parkinson há décadas, o marcapasso cerebral será testado pela primeira vez no Brasil para obesidade mórbida e depressão. Os estudos serão realizados pela equipe do Centro de Neurociência do Hospital do Coração (HCor Neuro, em São Paulo), em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do hospital. Os estudos devem ser realizados pelos próximos três anos como parte dos projetos de filantropia do HCor. elétricos no nervo trigêmeo. Os eletrodos serão colocados sob a pele do paciente, na altura da testa, e conectados ao aparelho na região infraclavicular. O hospital vai verificar o potencial do equipamento implantado na estimulação cerebral profunda para obesidade mórbida. O equipamento vai ser usado para estimular o hipotálamo ventromedial, região de 2mm do cérebro, ligada à fome e à saciedade do paciente. O estudo do marca-passo para a depressão vai testar a eficácia dos impulsos O marca-passo cerebral poderá ter eficácia também contra outras doenças, como tremor essencial e distonia, doenças que comprometem os movimentos do paciente. De acordo com os neurocirurgiões brasileiros responsáveis pelas pesquisas, o implante será realizado através de cirurgia pouco invasiva e com rápida Fonte : www.istoe.com.br recuperação. 47 Dagoberto Lima Divulgação - www.scritta.com.br Visão Jurídica “ Quando um beneficiário de convênio privado de saúde é atendido pela rede pública, as despesas geradas para o SUS são passíveis de cobrança da sua operadora. A dívida dos convênios de saúde junto ao SUS, está estimada em 2 bilhões de reais. “ 48 49 Tecnologia Biomédica Para identificar este potencial escondido, o Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha Arquivo Pessoal Tilo Mandry (BMWi) fundou a iniciativa Health – Made in Germany, que hoje atua em mais de 20 países e funciona como uma plataforma para um primeiro contato com Saúde Made in Germany empresas estrangeiras ou investidores que procuram uma mediação no mercado alemão do setor de saúde. A corporação do governo federal para o desen- A demanda internacional para produtos alemães de reconsiderar métodos atuais de tratamento e encarar tecnologia biomédica, tais como os aparelhos de me- a nossa situação futura com ideias novas para trata- cio exterior, Germany Trade and dicina hospitalar, é grande. A indústria desse mento e prevenção. Invest, foi designada para implementar esta iniciativa. A demanda internacional por produtos do setor de Para aumentar a conscientização pública, o pri- sas operam, atrai clientes e investidores de todo o saúde pública é um dos principais sustentadores do meiro passo foi criar um site oficial, (www.health- mundo. Com décadas de inovações e inúmeros vence- mercado alemão de tecnologia biomédica. Dois terços made-in-germany.de), que oferece desde notícias dores do Prêmio Nobel na área da fisiologia e da me- do faturamento do setor de saúde no país referem-se sobre a indústria, detalhes para contatos com as dicina, as soluções alemãs para o setor de saúde se à exportação destas tecnologias. Aproximadamente principais associações e organizações do setor de tornaram uma constante no mercado global. 60% de todas as exportações vão para fora da União saúde até um calendário internacional dos princi- Europeia. As exportações para a América Latina apre- pais eventos do mercado. Foram lançadas diver- sentaram, em 2010, um aumento de 31% em compa- sas publicações em inglês com informações segmento é uma das líderes mundiais. O ambiente tecnológico e econômico favorável, no qual as empre- O Mundo Moderno e a Tecnologia Biomédica da Alemanha ração ao ano anterior. Isto mostra que um comércio volvimento comercial e o comér- sobre os mercados nacional e internacional. As mudanças internacionais, como o aumento dos cus- intercontinental está estabelecido e florescendo, prin- A iniciativa, em conjunto com os seus parceiros da in- tos da saúde pública, são dificuldades e desafios para a cipalmente porque a demanda dos mercados interna- dústria, do governo, bem como da área de pesquisa e nossa sociedade, especialmente o setor de saúde do cionais, entre outros do brasileiro, continua crescendo. desenvolvimento, procura identificar as principais Brasil, que entrou em uma fase de rápida expansão de- 50 “ A demanda internacional por produtos do setor de saúde pública é um dos principais sustentadores do mercado alemão de tecnologia biomédica. Dois terços do faturamento do setor de saúde no país referem-se à exportação destas tecnologias. “ Interagindo mundialmente possibilidades para impulsionar o mercado e criar vido ao constante crescimento das expectativas em re- Um dos pontos fortes do poder inovador da indústria lação à saúde pública. Este desenvolvimento no setor de tecnologia biomédica é o fato de 30% de todos os de saúde brasileiro é, também, acompanhado por uma produtos vendidos no mercado terem menos de três médica que procuram acessar mercados estrangeiros; crescente disposição em gastar fundos privados para anos de idade, com um faturamento anual de mais de coordena os esforços alemães para promover o comér- um tratamento de qualidade ou medidas de prevenção 20 bilhões de euros e criação de aproximadamente 90 cio exterior ou realiza eventos para estabelecer uma apropriadas. Consequentemente, esta realidade deve mil empregos. A indústria da tecnologia biomédica re- rede de contatos dentro e fora da Alemanha. Um dos ser contemplada como uma oportunidade para presenta um pilar essencial da economia alemã. projetos atuais é realizar uma série de eventos novas parcerias por todo o mundo. Dentro desse contexto, a iniciativa apoia empresas de tecnologia bio- de imprensa também nos países da América Latina. Já durante a Medical Fair Hospitalar, em maio 2012, em São Paulo, a iniciativa teve a oportunidade de se apresentar ao público brasileiro. O próximo passo do plano é a Expomedical, que será realizada em setembro de 2012, em Buenos Aires, e já foram planejadas outras campanhas em outros países da América do Sul e da América Central. Aproximadamente 9% do faturamento do setor de tecnologia biomédica alemã serão reinves- tidos em pesquisa e desenvolvimento, e aproximadamente 15% dos funcionários estão trabalhando nesta área. Para garantir a liderança, mais de 40 universidades, com professores qualificados, formados em áreas de engenharia, biotecnologia ou medicina, oferecem programas de ponta. Uma nova tendência está surgindo para a formação em áreas interdisciplinares, particularmente em combinação com tecnologias da informação. Um antigo provérbio do filósofo alemão Arthur Schopenhauer diz: “existem mil doenças, mas só uma saúde”. Seguindo este credo, a indústria alemã do setor de saúde busca encontrar a cura para cada uma delas, mas não só para uma nação. Tilo Mandry é gerente da empresa Germany Trade and Invest. Contato: [email protected] 51 Studio Stylita A QUALIDADE DO AR MEDICINAL QUE SEU PACIENTE RESPIRA ESTÁ EM SUAS MÃOS. O Ar produzido em seu hospital é medicinal mesmo? O Ar Medicinal Sintético da White Martins oferece ao seu hospital padrões de pureza e qualidade incomparáveis. Uma tecnologia inovadora que leva mais segurança à terapia respiratória de seus pacientes. • Mistura de dois gases com grau farmacêutico: Oxigênio Medicinal (O2) e Nitrogênio Medicinal (N2) • Totalmente livre de umidade, hidrocarbonetos e outros contaminantes • Reduz os custos com manutenção de ventiladores mecânicos • Opera com consumo de energia desprezível • Elimina a necessidade de investimentos na geração de ar, mesmo no caso de expansões Consulte o seu representante White Martins e comprove as vantagens do processo de geração do Ar Medicinal Sintético através do nosso serviço de Análise da Qualidade do Ar. Com o Ar Medicinal Sintético da White Martins o seu paciente respira melhor! Central de Relacionamento: 0800 709 9000 – www.whitemartins.com.br