Volume 2, Número 1, 2016 Almanaque de Medicina Veterinária e Zootecnia – AMVZ v. 1, n. 1 - (jan./jun. 2015) Ourinhos, SP - Brasil - 2015 - semestral 1. Medicina Veterinária - 2. Zootecnia - 3. Saúde Animal - 4. Periódico/Científico Faculdades Integradas de Ourinhos - Curso de Medicina Veterinária Rodovia BR-153, Km 338+420m - Água do Cateto, CEP: 19909-100 Ourinhos - São Paulo Telefone (14) 3302-6400 / E-mail: [email protected] EDITORES Prof. Dr. Caio José Xavier Abimussi Prof. Me. Felipe Gazza Romão EDITORES ASSOCIADOS M.V. Allison Maldonado Prof.ª Dr.ª Beatriz Perez Floriano Prof. Me. Breno Fernando Martins de Almeida Prof.ª Dr.ª Cláudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira Prof. Dr. Edson Suzuki Prof.ª Dr.ª Fernanda Saules Ignácio Prof. Esp. Freddi de Souza Bardela Prof.ª Dr.ª Isabela Bazzo da Costa Prof. Dr. Izidoro Francisco Sarto Prof. Dr. Luiz Daniel de Barros Prof. Dr. Luis Emiliano Cisneros Alvarez Prof.ª Dr.ª Márcia Regina Coalho Prof. Me. Marco Aurélio Torrecillas Sturion Prof. Me. Nazilton dos Reis Filho Prof.ª Dr.ª Raquel de Queiroz Fagundes Prof.ª Me. Renata Bello Rossetti Prof. Me. Tiago Torrecillas Sturion. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 1 INDUÇÃO DA LACTAÇÃO EM VACAS LACTATION INDUCTION IN CATTLE Mayara Lima de Oliveira* Claudia Yumi Matsubara Rodrigues Ferreira† RESUMO Os protocolos de indução de lactação se baseiam na combinação de hormônios que simulam uma gestação em seu terço final. Momento no qual os níveis circulantes de esteróides estão elevados (estrógeno e progesterona). O uso dos protocolos de indução também auxiliam as vacas a retornarem a atividade reprodutiva com capacidade de concepção. Essa alternativa pode ser usada em animais de alto valor genético, que encerraram a lactação não gestantes. Uma série de estudos tem sido conduzida na tentativa de melhorar os resultados de produção de leite e de elucidar os fatores que controlam a incompleta proliferação e diferenciação do tecido mamário durante a indução da lactação. O objetivo deste trabalho foi a indução da lactação em quatro vacas de alta produção e três novilhas em idade reprodutiva que não emprenhavam. Após o protocolo de indução quatro retornaram a ciclicidade, foram inseminadas e diagnosticadas gestantes. Palavras-chave: Protocolo; Lactação; Gestação ABSTRACT Lactation induction protocols are based on the use of a combination of homones that simulate the final third of gestation. At this moment, circulating esteroids (progesterone and estradiol) are in high levels. The induction protocols also stimulates the reproductive activity in the treated cow and may be used for valuable genetic animals that finish the lactating period not pregnant. Other studies have been conducted in an attempt to improve milk production results and to elucidate the factors that control an incomplete proliferation and differentiatiation of the mamarian tissue during the lactation induction. The aim of this work was to promote lactation induction of four cows and three heifers of reproductive age that did not become pregnant. After the lactation induction protocol was used four animals began to cycle, were inseminated and became pregnant. Keywords: Protocol; Lactation; Gestation INTRODUÇÃO As falhas reprodutivas são as principais causas de descarte involuntário em propriedades produtoras de leite em todo o mundo, causando grandes perdas de produção e consequentemente, perdas econômicas. A maior causa de descarte de vacas em propriedades leiteiras nos EUA em 2006 foi devido a problemas reprodutivos, correspondendo a 26,3% dos descartes (1). Em um levantamento realizado no Brasil entre os anos de 2000 a 2003 em diferentes rebanhos, com mais de 2000 animais avaliados demonstrou que o descarte por falha reprodutiva representou 27,7% do total de animais em seis grandes fazendas produtoras de * Discente do Curso de Medicina Veterinária. Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected] † Docente, Disciplina de Reprodução Animal. Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil. Oliveira ML, Ferreira CYMR. Indução da lactação em vacas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 1-7. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 2 leite (2). Esses animais se tornam economicamente inviáveis e provocam aumento da reposição de animais (3,4). Portanto, animais que encerraram a lactação, não gestantes pode ser uma fator para aumentar os descartes causados por falhas reprodutivas, principalmente em casos de animais de alto mérito genético. O inicio da lactação é o período no qual a maioria das vacas leiteiras são descartadas (5), pode ter origem nutricional, ambiental, ou ser decorrente de uma associação de ambos os fatores. Tentativas de indução da lactação vêm sendo realizadas a mais de 50 anos, tem sido conduzidas na tentativa de melhorar os resultados de produção de leite e de elucidar os fatores que controlam a incompleta proliferação e diferenciação do tecido mamário durante a indução da lactação (6). Segundo Heinrichs (4), se as novilhas de leite produzissem precocemente, gerariam mais lucros, essa situação pode ser dificultosa quando relacionada a dificuldade de parto. Por conseguinte, o potencial para diminuir a quantidade de tempo de não produtoras de leite utilizando anteriormente reprodução e parto em novilhas é limitado. Assim, uma método para induzir a lactação em novilhas mais jovens, pode aumentar a renda dos produtores. Experiências da decada de 70, mostraram que a lactação pode ser induzida artificialmente em ovinos e bovinos utilizando relativamente dois diferentes protocolos hormonais (7, 8). Nesta mesma decada, Smith e Schanbacher (8) demonstraram que a lactação poderia ser induzida com a utilização de tratamento de sete dias de estradiol -17β (1 mg/kg) e progesterona (0,25 mg/kg), assim reproduziram altas concentrações de esteróides, simulando o ultimo mês da gestação, e estimulando assim o desenvolvimento mamário (9). Havendo variação substancial na produção de leite entre as vacas induzidas e visando reduzir essa grande variação, outros estudos foram sendo realizados aumentando o período de aplicações de sete dias para 11 ou 12, porém não resultaram em melhores taxas de indução e nem eliminaram a variação na produção de leite das vacas induzidas (10 ,11). Técnicas modificadas para a indução hormonal da lactação em novilhas e vacas secas não gestantes pode ser econômico em rebanhos comerciais para salvar o gado leiteiro subfértil (12,13). Os hormônios esteróides como a progesterona e o estrógeno são importantes para o desenvolvimento dos lóbulos-alveolares, principalmente ao final do período gestacional quando as concentrações destes dois esteróides estão mais elevados (14). Além destes hormônios, outros como a prolactina, o GH (hormônio do crescimento) e os glicocorticóides são considerados essenciais, pois em bovinos atuam permitindo ou apenas auxiliando os efeitos mamogênicos dos esteróides e dos fatores de crescimento. Já os glicocorticóides apresentam efeito direto no desenvolvimento mamário. Fisiologicamente o efeito combinado destas substâncias (glicocorticóides, GH, prolactina e estrógenos) associado à redução das concentrações circulantes de progesterona determinam o início da produção de leite (15). Diferentes pesquisadores relatam sucesso reprodutivo em vacas e novilhas após a indução de lactação, com taxas de concepção variando de 30 a 56%, de acordo com o histórico prévio das mesmas (16- 20). Esse fator é de alta relevância, pois permite que animais que seriam inicialmente descartados voltem a produzir com possibilidade de emprenhar novamente. Para se obter sucesso nos protocolos vários pontos devem ser analisados antes de tratar os animais com os protocolos de indução à lactação, tais como o estado de sanidade do animal, período seco, condição nutricional, manejo prévio e durante o tratamento (15). Algumas considerações devem ser observadas nos animais antes do protocolo de indução, como: o estado sanitário do animal para que não comprometa a lactação e o periodo seco de no mínimo 60 dias entre as lactações, oferecendo um descanso e “renovação” das glândulas mamárias (15). Oliveira ML, Ferreira CYMR. Indução da lactação em vacas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 1-7. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 3 O objetivo deste trabalho foi relatar dois protocolos de indução de lactação em vacas e novilhas de uma propriedade que apresentava casos de mumificação fetal, abortos no início da gestação e dificuldade em emprenhar. MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizados dois protocolos de indução da lactação em sete animais de uma propriedade do município de Tomazina- PR, que apresentaram problemas reprodutivos, sendo uma vaca com feto mumificado, uma novilha que após duas confirmações de gestações ocorria absorção fetal, duas novilhas e uma vaca apresentaram abortamento e duas vacas repetiam cio após inseminação. As três novilhas tinahm três anos, uma vaca quatro anos e as outras três vacas tinham seis anos. As quatro vacas tiveram um periodo seco de 60 dias antes do início do protocolo, sendo estes protocolos realizados em períodos diferentes em cada animal. Protocolo de indução da lactação Foram utilizados dois protocolos diferentes de indução por falta de um dos medicamentos do Protocolo 1 no mercado, sendo substituído por um outro similar. Nos Quadros estão descritos os protocolos de indução de lactação utilizados. Quadro 1: Protocolo (1) utilização de implante cutâneo auricular DIA PROCEDIMENTOS 0 2 implantes de Norgestomet (3mg) / 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) / 1 BST-r “somatotropina” (500 mg) SC 2 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 4 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 6 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 8 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) / 1 BST-r “somatotropina” (500 mg) SC 10 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 12 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 14 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 15 Retirada dos implantes / 2 ml de Cloprostenol (0,5 mg) IM / 10mL de Dexametasona(2 mg) IM / 2 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) / 1 BST-r “somatotropina” (500 mg) SC 16 10mL de Dexametasona(2 mg) IM / 5 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) 17 10mL de Dexametasona(2 mg) IM / 5 ml de valerato de estradiol IM (0,005g) / 20 ml de Metoclopramida (100 mg) IM 18 20 ml de Metoclopramida (100 mg) IM - Ordenha manhã 20 ml de Metoclopramida (100 mg) IM - Ordenha tarde 19 20 ml de Metoclopramida (100 mg) IM - Ordenha Obs: Apartir deste momento, ordenho-se 2 x ao dia ou conforme rotina da propriedade e a cada 15 dias realizar a aplicação de 1 BST-r “somatotropina” (500 mg) por via SC. Oliveira ML, Ferreira CYMR. Indução da lactação em vacas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 1-7. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 4 Com a utilização do protocolo 1 foram encontrados os seguintes resultados: Vaca 1 (4 anos, estava com feto mumificado, em período seco por 60 dias) respondeu bem ao protocolo com produção média de leite três meses após protocolo de 29,15L, após sete meses de 25,80L, após oito meses de 22,80L, após dez meses de 17,20L, após onze meses de 16,76L, após doze meses de 18,36L e após catorze meses de 16,45L, retornando a ciclicidade após 60 dias, sendo inseminada e confirmada a gestação. Novilha 2 (3 anos, havia abortado duas vezes) respondeu bem ao protocolo com a produção media de leite após quatro meses do protocolo de 19,86L, após cinco meses de 18,70L, após sete meses de 16,20L, após oito meses de 16,19L, após nove meses de 15,29L e após dez meses de 14,66L, retornando a ciclicidade após 60 dias, sendo inseminada e confirmada gestação. Vaca 3 (6 anos, havia abortado uma vez, estava em período seco por 60 dias) não respondeu bem ao protocolo por ser muito agressiva foi enviada para descarte logo após o inicio do protocolo. Vaca 4 (6 anos, não emprenhava, estava em período seco por 60 dias) respondeu bem ao protocolo com a produção media de leite após dois meses do protocolo de 13,58L retornando a ciclicidade após 50 dias, sendo que não foi inseminada por motivo de idade. Quadro2: Protocolo (2) utilização de implante vaginal DIA PROCEDIMENTOS 0 2 PRIMER® (progesterona) via intravaginal / 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM / 1 de BST-r “somatotropina”(500 mg) SC 2 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 4 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 6 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 8 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 2 de BST-r “somatotropina”(500 mg) SC 10 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 12 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 14 5 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 15 Retirado Primer / 4 ml de Cloprostenol (0,5 mg) IM / 10 ml de Dexametasona (2 mg) IM / 10 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM / 2 BST-r “somatotropina” (500 mg) 16 10 ml de Dexametasona (2 mg) IM / 10 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM 17 10 ml de Dexametasona (2 mg) IM / 10 ml de Benzoato de Estradiol (0,005g) IM / 20 ml de Metoclopramida (100 mg) IM 18 ordenha da manhã, aplicação de 20 ml de Metoclopramida (100 mg) por via IM ordenha da tarde, aplicação de 20 ml de Metoclopramida (100 mg) por via IM 19 ordenha da manhã, aplicação de 20 ml de Metoclopramida (100 mg) por via IM Obs: Apartir deste momento, ordenhou-se 2 x ao dia ou conforme rotina da propriedade e a cada 15 dias realizar a aplicação de BST-r “somatotropina” (500 mg) por via SC. Com a utilização do protocolo 2 foram encontrados os seguintes resultados: Oliveira ML, Ferreira CYMR. Indução da lactação em vacas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 1-7. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 5 Vaca 5 (6 anos, não emprenhava, estava em período seco por 60 dias) respondeu bem ao protocolo com produção média de leite um mês após protocolo de 10,80L sendo que por motivos de agressividade foi descartada da reprodução. Novilha 6 (3 anos, abortou uma vez e não emprenhava mais) respondeu bem ao protocolo com produção média de leite um mês após protocolo de 20,93L, após dois meses de 19,00L, após quatro meses de 16,4L, após cinco meses de 16,93L, após seis meses de 16,00L e após oito meses de 15,00L, retornando a ciclicidade 40 dias apos, sendo confirmada gestação. Novilha 7 (3 anos, absorveu o feto duas vezes) respondeu bem ao protocolo com produção média de leite um mês após protocolo de 12,90L, após dois meses 11,2L, após quatro meses de 11,80L, após cinco meses de 10,59L, após seis meses de 11,77L e após oito meses de 11,66L, retornando a ciclicidade 60 dias após, sendo confirmada gestação. DISCUSSÃO Em estudos realizados por Smith (8), após o protocolo de indução em vacas vazias e secas,observaram que a produção era apenas de 30 á60% da lactação anterior. Na pesquisa realizada todas as novilhas induzidas produziram leite, porem não houve base para avaliar a média de produção por não haver lactações anteriores. Segundo Fulkerson (21), todas as novilhas fisiologicamente normais podem ter sucesso na indução da lactação. No presente trabalho dos sete animais, quatro eram vacas e a produção média de leite na lactação era 26 litros, maior do que a lactação induzida que chegaram a apenas 10 litros de media, concordando com Fulkerson (21) onde a lactação induzida resultou numa menor produção média de leite. Um ponto muito vantajoso do uso dos protocolos é o fato de as vacas após o tratamento e inicio de uma nova lactação retornarem a atividade reprodutiva com capacidade de concepção. Diferentes pesquisadores relatam sucesso reprodutivo em vacas e novilhas após a indução de lactação, com taxas de concepção variando de 30 a 56%, de acordo com o histórico prévio das mesmas (16-20). Sendo que na pesquisa realizada todas as novilhas escolhidas para continuar em lactação foram diagnosticadas prenhas e as vacas por motivos já descritos anteriormente descartadas da reprodução. Em outros estudos foi observado que em vacas e novilhas em lactação induzida, tiveram resposta de produção de leite variáveis entre os diferentes animais (22- 24). A produção de leite variou com picos a partir de cerca de 7 kg / dia (17) para mais de 20 kg / dia (7) em seguindo o protocolo de indução. Sendo assim constatado neste trabalho que duas novilhas obtiveram pico de leite de 20 kg/dia e a outra acima deste valor. Como foi observado nos estudos anteriores (19, 25), o pico de produção de leite foi alcançado muito mais tarde em vacas em lactação induzida em comparação com vacas não induzida á lactação. O pico atrasado durante a lactação induzida não é totalmente compreendido. Pode ser que as vacas tenham induzido menos tecido secretório no início da lactação comparado com vacas de lactação normais (26). Provavelmente, as vacas induzidas são menos sensíveis para as vias de sinalização envolvidas na regulação negativa da proliferação celular (27). Um importante resultado observado nesta pesquisa foi que se teve mais resultados na indução em novilhas do que em vacas já paridas ou velhas, onde as novilhas retornaram a ciclicidade com maior facilidade. Oliveira ML, Ferreira CYMR. Indução da lactação em vacas. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 1-7. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O protocolo foi uma descoberta de grande utilidade para os produtores de leite, sendo que ela promove a lactação mesmo que não haja a gestação da fêmea, ela foi de grande utilidade para as novilhas desta propriedade, pois retornaram a ciclicidade e estão gestantes. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.NAHMS. Part I: Reference of Dairy Cattle Healthand Management Practices in the United States, 2007. USDA, Washington, DC. 2. Silva LF. Coelho KO. Machado PF. et al. Causas de descarte de vacas da raça Holandesa confinadas em uma população de 2083 bovinos (2000-2003). Ci Anim Bras. 2008; 9(2): 383389. 3.Losingers WC. Heinrichs AJ. 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Zoo. 8 TÉTANO EM EQUINOS: RELATO DE CINCO CASOS EQUINE TETANUS: REPORT OF FIVE CASES Layane Queiroz Magalhães* Rafaela Miziara de Souza† Bruna de Souza Teixeira* Geison Morel Nogueira‡ Diego José Zanzarini Delfiol‡ RESUMO O tétano é causado pelas neurotoxinas tetanospasmina, tetanolisina e por uma toxina não espasmogênica da bactéria Clostridium tetani, que atinge o sistema nervoso central e leva a alterações musculares e hiperestesia. O diagnóstico de tétano é clínico e o prognóstico varia de reservado a desfavorável. O objetivo do presente trabalho foi relatar cinco casos clínicos de tétano em equinos, com descrição dos sinais clínicos, provável porta de entrada da bactéria, tratamentos realizados e a evolução dos casos. Apesar de receberem tratamento, os cinco animais relatados vieram a óbito, o que reforça a necessidade de manejo profilático adequado para que a doença seja evitada. Palavras-chave: neurologia; neurotoxina; tetanospasmina; tratamento. ABSTRACT Tetanus is caused by the neurotoxins tetanospasmin, tetanolysin and a non spasmogenic toxin produced by Clostridium tetani, which affect the central nervous system and induce muscle changes and hyperesthesia. The diagnosis of tetanus is clinical and the prognosis is fair to poor. The aim of the present study was to report five clinical cases of tetanus in horses, with clinical signs, a likely port of bacteria entrance, treatments performed and cases evolution were described. Although under treatment, the five reported animals died, which reinforces the need for a suitable prophylactic management in order to avoid the onset of the disease. Key-words: neurology; neurotoxin; tetanospasmin; treatment. INTRODUÇÃO O tétano é uma doença infecciosa e não contagiosa causada pela bactéria Clostriduim tetani, que acomete várias espécies animais, merecendo destaque entre as patologias que acometem os equinos (1,2). A enfermidade possui distribuição mundial e maior incidência em países em desenvolvimento, sendo comum em animais de transporte de carga urbana (1). A exposição de equinos à neurotoxina ocorre geralmente devido à presença da bactéria C. tetani nas fezes desses animais, por isso, lesões nos cascos podem ser uma potencial porta de entrada (2). Os índices de letalidade são próximos de 75% (3), apesar de a morbidade ser baixa (4). O tétano é causado por toxinas produzidas pelo C. tetani; toxina não espasmogênica, que provoca hiperestimulação do sistema nervoso simpático; tetanolisina, que provoca necrose tecidual e tetanospasmina, causadora dos principais sinais clínicos do tétano (4,5), que incluem elevação do tônus muscular, em que há espasmos dos músculos faciais e * Pós-graduanda da Faculdade de Medicina Veterinária - FAMEV, Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Uberlândia, MG, Brasil. † Discente em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária - FAMEV, Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Uberlândia, MG, Brasil. ‡ Docente da Faculdade de Medicina Veterinária - FAMEV, Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: [email protected] Magalhães LQ, Souza RM, Teixeira BS, Nogueira GM, Delfiol DJZ. Tétano em equinos: relato de cinco casos. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 8-13. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 9 mastigatórios, prolapso da terceira pálpebra, que se mantém permanente nos estágios mais avançados (3), elevação da cauda, conhecido como “cauda em bandeira”, expressão alerta com orelhas em “forma de tesoura”, elevação da cabeça e decúbito, além de opistótono (1,3,4,6). Com a progressão do quadro, iniciam-se as convulsões tetânicas, havendo sudorese e aumento de temperatura corporal para até 42°C (4), sinais clínicos que indicam prognóstico desfavorável (7). Geralmente, a morte ocorre devido ao enrijecimento e posterior paralisia dos músculos respiratórios, causando asfixia (8). O diagnóstico é realizado com base nos sinais clínicos e histórico do animal (3,7,8). Não há nenhum teste clínico confiável que comprove o diagnóstico do tétano (6). O curso clínico da enfermidade é muito característico, portanto, há o reconhecimento da doença de forma rápida (8). Inicialmente, pela forma de deambulação do animal, pode ocorrer certa semelhança dos sinais clínicos com lesões osteomusculares, como laminite aguda e miosite, (4). Devido aos sinais neurológicos, a raiva também é um diagnóstico diferencial, sendo citados ainda hipocalcemia, encefalites, miopatias e intoxicação por estricnina (2). Em equinos das raças Quarto de Milha, Paint Horse e Apalloosa, a protrusão de terceira pálpebra deve ser diferenciada da paralisia periódica hipercalêmica (HYPP), que também causa este sinal clínico (9). O prognóstico é de reservado à desfavorável (3) e os animais que sobrevivem por mais de sete dias tem maior chance de recuperação (2). O tratamento é basicamente sintomático e de suporte (5, 8) e tem como finalidade a eliminação da bactéria, neutralização da toxina tetanospasmina, relaxamento muscular, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e nutricional, tratamento do foco da infecção e administração de antitoxina tetânica (TAT) (3,4,6,10). A tentativa de eliminar o C. tetani é realizada com administração de antibióticos, sendo a penicilina procaína o antibiótico de escolha, geralmente na dose de 40.000 UI/kg, por via intramuscular (IM), duas vezes ao dia (BID) (11). O metronidazol também é recomendado, por ser um fármaco que atinge praticamente todos os tecidos, sendo efetivo contra microrganismos anaeróbios, como o C. tetani (11). A tentativa de neutralização da neurotoxina tetânica é realizada pela administração de altas doses de TAT e o cálculo é dependente de fatores como tempo da aplicação após a lesão, falta do histórico de vacinação e gravidade (2,4). É recomendado em média de 5.000 a 20.000 UI por via intravenosa (IV) ou intratecal (4,8) ou 100 a 200 UI/Kg IV ou IM (2,6). A sedação do animal é importante para promover o relaxamento da tetania, utilizando-se, normalmente, a acepromazina na dose de 0,05 a 0,1 mg/kg IM ou IV com intervalo de quatro a seis horas (2,3,8). O controle do tétano é realizado com medidas de manejo, higiene de materiais e manutenção do ambiente limpo, além da administração de duas doses de toxóide com intervalo de 28 dias e revacinação anual (4). O presente trabalho teve como objetivo descrever cinco casos de tétano em equinos, não vacinados para a enfermidade, atendidos no período de setembro de 2014 a janeiro de 2015, no município de Uberlândia, MG. RELATO DE CASOS Em setembro de 2014, dois equinos machos (Equino 1 e Equino 2), com 6 e 5 anos de idade, com o peso de 370 e 330 Kg, respectivamente, sem raça definida (SRD) e utilizados para tração, foram atendidos com queixa de estarem andando com dificuldade. Ao exame clínico apresentavam sinais clínicos compatíveis com tétano tais como estação com a cauda em bandeira, prolapso da terceira pálpebra, rigidez muscular, trismo, ataxia e hiperestesia. Durante a anamnese, foi informado que em ambos os animais foi administrado, por via intramuscular, flunixin meglumine com agulha e seringa reutilizadas e sem a assepsia necessária, sete (Equino 1) e 10 (Equino 2) dias antes do atendimento, sendo possível observar nos dois animais aumento de volume na região cervical onde a aplicação havia sido Magalhães LQ, Souza RM, Teixeira BS, Nogueira GM, Delfiol DJZ. Tétano em equinos: relato de cinco casos. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 8-13. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 10 realizada. Foi instituído tratamento imediato à chegada dos animais, TAT, 25.000 UI, IM e 25.000 UI, IV, totalizando 50.000 UI, acepromazina 0,05 mg/Kg, IM, BID e penicilina benzatina 40.000 UI/Kg, IM, a cada 48 horas. O equino 1 entrou em decúbito oito horas após início do atendimento e o equino 2, 24 horas após dar entrada no hospital, quando apresentaram opistótono, sudorese e convulsões com movimentos de pedalagem. Um dia após o início do tratamento, o Equino 1 morreu e três dias após o atendimento, foi decidido pela eutanásia do equino 2 devido às convulsões sucessivas com curtos intervalos entre elas e traumas em consequência das mesmas. Em outubro de 2014, foi admitido um equino macho (Equino 3) SRD, com 6 anos de idade, pesando 350 Kg, que se encontrava em decúbito lateral, com prolapso de terceira pálpebra, nistagmo, rigidez muscular, trismo, opistótono, sudorese, hiperestesia e com convulsões e movimentos de pedalagem. Durante a anamnese, foi informado que o animal havia sido submetido ao ferrageamento sete dias antes do atendimento, e que quatro dias após o ferrageamento, o cavalo parecia estar claudicando. Instituiu-se tratamento com 75.000 UI de TAT, sendo 50.000 UI, IV e 25000 UI, IM, diazepam 0,5 mg/Kg, IV, BID, reposição hidroeletrolítica (5% do peso vivo) com solução de Ringer com lactato, IV, 20 mL/Kg/h; penicilina potássica 24.000 UI/Kg, IV, QID, penicilina benzatina 40.000 UI/Kg, IM, a cada 48 horas, metronidazol 25 mg/Kg, IV, BID. Após dois dias de tratamento, optou-se por eutanásia em decorrência da dificuldade respiratória que o animal apresentava. Em novembro de 2014, um potro (Equino 4) macho, SRD, com cinco dias de vida, pesando 35 Kg, foi recebido em decúbito lateral. Apresentava prolapso de terceira pálpebra, rigidez muscular, trismo, opistótono, sudorese, hiperestesia e convulsões com movimentos de pedalagem. Ao avaliar o animal observou-se fístula em região umbilical por onde drenava secreção purulenta. Na anamnese, o proprietário relatou não ter realizado a desinfecção umbilical, o que pode ter sido uma potencial porta de entrada para o C. tetani. O potro foi tratado com 5.000 UI de TAT por via intratecal com acesso lombossacro; acepromazina 0,05 mg/Kg, IV, QID, ranitidina 1,5 mg/Kg, IV, QID, omeprazol 4 mg/Kg, VO, SID e penicilina potássica 40.000 UI/kg, IV, QID e reposição (3,5L) e manutenção hidroelotrolítica (100 mL/kg/h) com ringer lactato e solução glicofisiológica a 5%, na dose de 4 ml/kg/h. O animal apresentou quadros convulsivos sucessivos no segundo dia de tratamento, optando-se por eutanásia. Em janeiro de 2015, um equino macho (Equino 5), SRD, de seis anos, pesando 350 Kg, foi admitido em decúbito lateral, apresentando prolapso de terceira pálpebra, rigidez muscular, trismo, opistótono, sudorese, hiperestesia e convulsão com movimentos de pedalagem, não havendo identificação de lesões precedentes ou algum tipo de manejo que pudesse predispor a infecção por C. tetani. Devido ao histórico incompleto, que não permitia inferir a evolução do quadro do animal, por estar em decúbito, impossibilitado de se alimentar e ingerir água e às convulsões sucessivas, procedeu-se eutanásia sem a tentativa de tratamento. Neste estudo, nenhum dos cinco animais relatados havia recebido vacina anti-tetânica ou administração de antitoxina tetânica antes do atendimento médico veterinário. DISCUSSÃO Durante o estudo, de setembro de 2014 a janeiro de 2015, compreendendo as estações quentes do ano (primavera e verão), foram atendidos 49 equinos e 62 bovinos. Dentre esses animais, não houve relato de bovinos com tétano, mas aproximadamente 10% dos equinos atendidos foram diagnosticados com esta enfermidade. No município de Maringá, durante um período de 17 meses, Meira et al. (12) atenderam dois casos de tétano em 49 casos clínicos envolvendo equinos, o que corresponde a 4,1% dos casos atendidos, porcentagem menor que Magalhães LQ, Souza RM, Teixeira BS, Nogueira GM, Delfiol DJZ. Tétano em equinos: relato de cinco casos. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 8-13. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 11 a observada neste estudo, fato que pode ser devido ao clima e às condições de manejo dos animais. Pois, o Brasil, como país tropical, favorece a ocorrência do tétano, que de acordo com Raposo (14), os casos ocorrem nas regiões continentais mais quentes, havendo também ocorrência em áreas de cultivo devido a maior quantidade de matéria orgânica (15). Pimentel et al. (13) realizaram um estudo retrospectivo de dois anos, onde de 159 casos atendidos de equídeos, 21 (13,2%) foram diagnosticados com tétano, valor próximo ao descrito neste estudo. Ambos os trabalhos demonstram que apesar de a vacina contra o tétano estar disponível e conferir uma boa imunidade, o tétano ainda é uma importante causa de morte em equinos, principalmente devido à falta de vacinação. O diagnóstico dos animais foi realizado com base no exame clínico, pois, o equino demonstra sinais característicos da doença precocemente (8). Quatro dos cinco animais chegaram com lesões precedentes identificadas por meio da anamnese e inspeção. Nos Equinos 1 e 2 foi constatado um manejo inadequado ao se administrar medicação, pois foram reutilizadas seringas e agulhas não estéreis, podendo haver microrganismos patogênicos como o C. tetani neste material, conforme descrito por Radostits et al. (4). No Equino 3 houve histórico de ferrageamento recente e posterior claudicação. Sabe-se que são comuns feridas penetrantes nos cascos e que há quantidade significativa de C. tetani nas fezes desses animais, sendo oportuna a contaminação através desses ferimentos (2,14). No Equino 4, que apresentava lesão da região umbilical, a bactéria C. tetani, também pode ter encontrado uma porta de entrada, e ambiente anaeróbico favorável para seu desenvolvimento (5). Outro fato a ser ressaltado é que três dos cinco animais descritos eram utilizados para transporte de carga urbana e, como descrito por Reichmann et al. (1), é muito comum o acometimento desses animais devido ao manejo inadequado e à falta de vacinação, ou a maior submissão a patógenos (15), como quando são ferrageados ou medicados (Equino 1, 2 e 3). Segundo MacKay (6), quanto menor o período de incubação, mais graves são os sinais clínicos. Levando em consideração que este período varia de três dias a três semanas (6), nos casos apresentados o período de incubação foi de sete dias no Equino 1, dez dias no Equino 2, sete dias no Equino 3, aproximadamente cinco dias no Equino 4 e tempo desconhecido no Equino 5, justificando a gravidade dos casos, pois houve um curto período de incubação do C. tetani, sendo crítico para a sobrevivência o período menor que uma semana (1), observado em três animais. Os sinais clínicos identificados foram cauda em bandeira em 40% dos cavalos (2/5), prolapso da terceira pálpebra em 100% (5/5), nistagmo em 20% (1/5), convulsões com pedalagem em 100% (5/5), trismo em 100% (5/5), opistótono em 80% (4/5), “postura de cavalete” em 20% (1/5) e sudorese em 100% (5/5) dos casos relatados. Três casos foram atendidos em decúbito, situação que torna o prognóstico desfavorável (1). Em estudo realizado por Gracner et al. (7), com o total de 42 animais foram encontrados em maior frequência sinais de espasmos musculares nas extremidades (100%), trismo (95,2%) e prolapso de terceira pálpebra (71,4%). Nos casos aqui relatados foram observados espasmos musculares quando ocorriam as convulsões tetânicas (100%) e todos os animais diagnosticados apresentaram prolapso de terceira pálpebra, sinal clínico não encontrado em todos os animais no estudo de Gracner et al. (7), o que ocorreu também com o sinal de trismo mandibular. Quanto ao prognóstico, Reichmann et al. (1) observaram que pode ser melhor quando o tratamento exceder cinco dias. No estudo de Pimentel et al. (13), o que indicou prognóstico desfavorável foi a inaptidão para se alimentar e o decúbito. No mesmo estudo, nos casos em que houve recuperarção, o tratamento iniciou-se cinco dias ou mais após o início dos sinais e aqueles que morreram foram admitidos já em decúbito lateral e com dificuldade respiratória (13). Dos casos em estudo, três (Equino 3, 4 e 5) foram atendidos já em decúbito lateral, Magalhães LQ, Souza RM, Teixeira BS, Nogueira GM, Delfiol DJZ. Tétano em equinos: relato de cinco casos. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 8-13. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 12 caracterizando o prognóstico desfavorável. No entanto, à exceção do potro (Equino 4), de apenas cinco dias de idade, os demais apresentavam histórico de manejo inadequado ao administrar medicação ou realizar o ferrageamento há sete (Equino 1 e 3) ou 10 dias (Equino 2) e a máxima permanência em tratamento foi de três dias (Equino 2). É importante a utilização de antitoxina tetânica para neutralizar a neurotoxina tetanospasmina (8). Apesar de a toxina se ligar quase irreversivelmente aos receptores ganglionares, altas doses de TAT podem neutralizar a exotoxina ainda livre (5). A dose é calculada conforme o tempo de ocorrência da lesão, histórico de vacinação e gravidade do caso, logo, a dose geralmente varia entre 5.000 e 20.000 UI por via intravenosa ou intratecal. Doses maiores do que as recomendadas podem ser utilizadas devido à gravidade, ausência de programa vacinal ou período de incubação reduzido (8), o que ocorreu neste estudo. Kay e Knottenbelt (5) sugerem que o diagnóstico precoce, a terapia de suporte e o uso da penicilina em dose elevada compõem a parte principal do tratamento e que altas doses de TAT nem sempre são benéficas ou economicamente justificáveis. No Equino 4, foi realizada a administração de 5.000 UI de TAT por via intratecal na tentativa de neutralizar a toxina de forma mais eficiente (2). Foi utilizado o acesso lombossacro sem necessidade de anestesia, pois o equino já estava em decúbito e com pouca movimentação que comprometesse o procedimento. A sedação do animal é indicada para que ocorra o relaxamento da tetania (8). Neste estudo, foi utilizada acepromazina 0,05 mg/kg, IM nos Equinos 1, 2 e 4, como descrita em estudos anteriores (2,3,8) e no Animal 3, foi utilizado diazepam 0,05 mg/kg, IV, pois este apresentava sinais clínicos graves, como os quadros convulsivos constantes. Devido à paralisia dos músculos mastigatórios, é importante promover a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e nutricional, pois na maioria dos casos, o animal tem dificuldade de comer e se hidratar (4), sendo que a hidratação foi realizada nos Equinos 3 e 4, uma vez que o quadro clínico já comprometia a ingestão hídrica desses animais. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo relatou cinco casos de tétano em equinos, onde estes são frequentes nos atendimentos dos animais de grande porte da região de Uberlândia. O curto período de incubação tornou o prognóstico desfavorável nos casos relatados. A enfermidade é uma importante causa de morte em equinos, como observado no presente estudo em que, mesmo após utilização de protocolos terapêutico, todos os animais vieram a óbito, o que reforça a importância dos esquemas profiláticos de vacinação em todos os animais e prevenção utilizando antitoxina tetânica naqueles animais em condições de risco. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Reichmann P, Lisboa JAN, Araujo RG. Tetanus in Equids: A Review of 76 Cases. J. Eq. Vet. Sci. 2008; 9:518-523. 2. Schaer BD, Orsini JA. Nervous System. In: Orsini JA, Divers TJ. Equine emergencies: treatment and procedures. 4a ed. St. Louis: SAUNDERS, 2013. p. 327-374. 3. Green SL, Little CB, Baird JD, Tremblay RRM, Smith-Maxie LL. Tetanus in the horse: a review of 20 cases (1970 to 1990). J. Vet. Int. Med. 1994; 8:128-132. 4. Radostits OM, Gay CC, Blood DC, Hinchcliff, KW. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 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Doenças de ruminantes e equinos. 2 ed. São Paulo: Varela, 2001. p.345-351. 15. Lage RA, Queiroz JPAF, Souza FDN, Agra EGD, Izael MA, Dias RVC. Fatores de risco para a transmissão da anemia infecciosa equina, leptospirose, tétano e raiva em criatórios equestres e parques de vaquejada no município de Mossoró, RN. Acta Vet. Brasilica. 2007; 3: 84-88. Artigo recebido dia 22 de março de 2016. Aceito para publicação dia 09 de junho de 2016. Magalhães LQ, Souza RM, Teixeira BS, Nogueira GM, Delfiol DJZ. Tétano em equinos: relato de cinco casos. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 8-13. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 14 DISTOCIAS EM CADELAS - REVISÃO DE LITERATURA DYSTOCIA IN DOGS - REVIEW Hillary Ketherine Liguori*, Marilia D’Elia Eneas*, Fernanda Saules Ignácio†. RESUMO O atendimento em cadelas para diagnóstico de distocia é uma rotina na clínica de pequenos animais, assim como o diagnóstico de gestação. Algumas raças como as braquicefálicas apresentam alto risco de distocia. As formas mais frequentes são de origem materna ou fetal ou até mesmo relacionada a alterações hormonais, nutricionais e endócrinas durante a gestação, que podem ser diagnosticadas por exames sanguíneos, radiográficos ou ultrassonográficos. Casos de distocias podem ser tratados de forma medicamentosa ou por meio de intervenção cesariana. O objetivo deste estudo é revisar as possíveis causas de distocias em cadelas, além dos métodos diagnósticos e terapêuticos. Palavras-chave: Reprodução, gestação, cesariana. ABSTRACT Dystocia is diagnostic commonly done by small animals clinician as well as pregnancy diagnosis. Some breeds like brachycephalic are usually at high risk of dystocia, however in other breed can also occur. The most common forms are of maternal or fetal origin or even related to hormonal, nutritional and endocrine changes during pregnancy, which can be diagnosed by blood analysis, X-ray or ultrasound exams. In cases of dystocia, can be treated medically or by caesarean intervention, always with previous surgical anesthetic care, due to reduced blood perfusion, the intervention may predispose a decrease in blood oxygenation postpartum in dogs. The objective of this study is to deepen the knowledge about causes of dystocia in bitches, being necessary to know about pregnancy and childbirth changes of this kind, so that the necessary interventions are carried out in time. Keywords: Reproduction, pregnancy, cesarean section. INTRODUÇÃO Distocia é definida como uma dificuldade de nascer ou a inabilidade materna em expelir os fetos pelo canal do parto, sem assistência. O parto anormal ocorre quando há falha em iniciar o nascimento no momento correto, ou devido a inabilidade ou incapacidade em expulsar o feto, seja ela de origem materna ou fetal (1,2). Em média 75% das distocias em cadelas são de origem materna e 25% de origem fetal (3). Qualquer fator que interfira na saúde da mãe influenciará o parto (4). Ocorre de forma mais frequente em cadelas do que em gatas e, de modo geral, apresenta incidência de 5%, podendo atingir a 100% em algumas raças, sendo mais comum nos animais de alta linhagem, quando comparados aos sem raça definida (5). Portanto, o atendimento veterinário torna-se de extrema importância, para a sobrevida da mãe e dos fetos, com acompanhamento prévio da gestação e até mesmo cesarianas de urgência ou emergência. * Discente do curso de Medicina Veterinária - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM. Email: [email protected] † Docente do curso de Medicina Veterinária - Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO/FEMM Liguori HK, Eneas MD, Ignácio FS. Distocia em cadelas - revisão de literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 14-19. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 15 Entre as causas mais comuns de distocia destacam-se a inércia uterina e alterações da estática fetal (1,6), por isso, o acompanhamento do médico veterinário durante a gestação é uma importante medida preventiva para futuros problemas com a mãe e com o feto. Alguns sinais específicos de anormalidades podem indicar a ocorrência de distocia, como esforços vigorosos por 20 a 30 minutos sem a saída fetal, intervalo de mais de duas horas entre os fetos, feto aparentemente preso no canal do parto e parcialmente visível, remoção de filhotes mortos e sinais de doença materna como angústia ou inesperada perda de sangue (7). O tempo de gestação das cadelas é de 63 dias em média, com variação de 56 a 72 dias, quando calculado da data da primeira cobertura. Essa grande variação deve-se ao longo período de comportamento estral na espécie canina. Variações gestacionais foram descritas relacionando-se ao porte e à raça dos animais (8). A manutenção da gestação na cadela é dependente da secreção ovariana de progesterona (P4) pelo corpo lúteo (CL) ao longo da gestação. A receptividade à implantação do embrião é dependente da P4 (9). Ainda não se conhece, de forma clara e definitiva, qual o fenômeno indutor do início do trabalho de parto e por que, ao término do período gestacional, desencadeia-se a sequência de eventos endócrinos que, aliados aos estímulos nervosos e forças mecânicas, determinam a expulsão dos produtos (5). Objetiva-se com esse estudo aprofundar o conhecimento sobre as causas de distocias em cadelas e, revisar os conceitos sobre a gestação e alterações durante o parto nesta espécie, para que as intervenções necessárias sejam realizadas a tempo. REVISÃO DE LITERATURA 1. Distocias A distocia em cadelas é de comum ocorrência, podendo variar de 5% a 100% em determinadas raças (10). A distocia ocorre por uma dificuldade de efetivação de um parto natural, sem intervenções e, podem ocorrer devido a um retardamento no desencadear do parto ou até a completa inaptidão em parir. Podem ser classificadas em distocia de origem materna ou fetal (11). 1.1 Distocia de origem materna Pode ocorrer este tipo de distocia com maior frequência em fêmeas primíparas ou com múltiplos fetos (12). Dentre as principais causas de distocias de origem materna podemos destacar a inércia uterina, estreitamento das vias fetais moles e duras, torção uterina e contrações excessivas (13). A inércia uterina primária corresponde a falha em expulsar fetos pelo canal do parto, o qual não apresenta irregularidades, exceto pela incompleta dilatação da cérvix (14). A inércia uterina secundária ocorre após prolongada contração uterina sem sucesso em expulsar um feto que oclui o canal do parto, ou todos os fetos ainda no útero. Ocorrendo assim, fadiga da musculatura uterina após as contínuas contrações. Tanto na inércia uterina primária quanto na secundária, a musculatura uterina normalmente falha em responder à administração de ocitocina (14,15). Algumas raças proporcionam maior predisposição à distocia, como raças braquicefálicas (ex.: Bulldogs e Pugs) (16). Além disso, algumas alterações do aparelho genital podem influenciar na expulsão fetal, como obstrução do canal vaginal (podendo ser por fratura prévia de pelve), prolapso vaginal e uterino e persistência do hímen (14,15,16). Torção ou ruptura uterina podem ocorrer em diferentes graus, sendo mais frequentes após administração de ocitocina em dose exagerada, realizada por pessoas inexperientes, sem a orientação de um médico veterinário (17). Liguori HK, Eneas MD, Ignácio FS. Distocia em cadelas - revisão de literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 14-19. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 16 Dentro outras causas maternas, podemos citar vagina dupla, vulva infantil, estenose vaginal, vagina hipoplásica, hiperplasia de assoalho vaginal, vulvovaginite, presença de septo vaginal, dor, medo (inibição do parto espontâneo), excesso de gordura perivaginal, histerocele gravídica e placentite (14). 1.2 Distocia de origem fetal As distocias de origem fetal podem ser provocadas por deficiência de corticosteróides adrenais do feto, tamanho do feto determinado pela raça ou gestação prolongada, ascites, anasarca e hidrocefalia ou alterações na estática fetal. Anomalias fetais congênitas e posicionamento fetal incorreto, impedem o desencadeamento do parto ou resultam em obstrução do canal do parto (18). Desenvolvimento fetal anormal como monstros fetais, fetos com hidrocefalia, Schistosomus reflexus ou fetos edematosos, podem resultar em distocia obstrutiva (15,17). A estática fetal deve ser conhecida para facilitar a descrição da entrada do feto no canal do parto, podendo ser dividida em apresentação, que corresponde a relação entre o eixo espinhal da mãe e do feto; longitudinal ou transversal caracterizando a parte do feto que está entrando no canal do parto; e anterior ou posterior (longitudinal) e dorsal ou ventral (transversal). Outro fator é a posição, relação do dorso (longitudinal) ou cabeça (transversal) do feto aos quadrantes da pelve materna; sacro, íleo e púbis (18,19). Estática fetal anômala corresponde a alterações na apresentação, posição e/ou na postura do feto durante o parto, as quais podem predispor à distocia. Apesar de a apresentação longitudinal posterior ser considerada normal no parto em cadelas, partos prolongados e distócicos tem sido associado a esse tipo de apresentação (14). 2. Diagnóstico Algumas características da gestação canina são únicas quando comparadas com outras espécies. A determinação do tempo de gestação, o desenvolvimento embrionário e fetal, assim como mudanças durante a gestação na fisiologia materna é essencial para monitoração da gestação e no auxílio ao parto. Para um diagnóstico conciso deve-se saber o máximo possível de informações sobre o animal e a sua gestação, como idade gestacional sendo a principal para a escolha da conduta médica de diagnóstico e tratamento (20). Pode ser realizado o diagnóstico por meio da palpação abdominal entre 24° e 35° dias pós-cobertura. No segundo terço da gestação, a palpação abdominal é considerada um método preciso para diagnóstico positivo de gestação em 87 a 88% dos casos, e 73% preciso para diagnóstico negativo (21,22). Quando se desconfia de fetos em estática atípica, deve-se realizar radiografias abdominais, nas posições lateral e ventrodorsal após 45 dias de gestação. Sendo a radiografia ainda utilizada para contagem do número total de fetos e no caso de morte fetal é avaliada a presença de gás no interior do útero, além de sobreposição dos ossos do crânio fetal, denominado de sinal de Spalding, que se deve pela superposição dos ossos da calota craniana (15, 23). O exame ultrassonográfico é o exame de escolha para diagnóstico precoce de gestação em cadelas, e pode ser utilizado para determinar o tempo gestacional, o diâmetro das vesículas embrionárias, o diâmetro biparietal e o diâmetro abdominal fetal (14). Embora essas mensurações sejam vastamente utilizadas, é importante lembrar que a acurácia desse exame pode ser inferior a 50% quando as mensurações fetais são realizadas após o dia 39 da gestação. Além disso, como as fórmulas para cálculo da idade gestacional são adaptadas para cadelas de várias raças, normalmente o resultado é apresentado com variação média de três dias. (10). O exame ultrassonográfico também é útil no diagnóstico de malformações fetais (14). A viabilidade fetal também pode ser avaliada, avaliando a frequência cardíaca, a movimentação espontânea e o peristaltismo intestinal fetal (24). O achado de peristaltismo Liguori HK, Eneas MD, Ignácio FS. Distocia em cadelas - revisão de literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 14-19. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 17 intestinal fetal por meio de ultrassonografia pode estar relacionado com sofrimento fetal e risco perinatal acentuado, sendo necessária a intervenção cirúrgica imediata. 3. Métodos de tratamento da distocia 3.1 Tratamento não cirúrgico 3.1.1 Manobras obstétricas O tratamento manipulativo consiste na realização de manobras obstétricas manuais para a retirada de fetos que estejam ocluindo o canal do parto (15). Entretanto, devido ao estreito diâmetro do canal do parto, nem sempre se obtém sucesso com este tratamento (2,16). A utilização de lubrificantes é extremamente importante quando as manobras obstétricas são realizadas. O uso de instrumentos, como fórceps e pinças cirúrgicas, não é recomendado, exceto quando o feto a ser retirado já esteja morto, pois podem causar injúrias aos filhotes e traumas aos tecidos maternos (1,14). 3.1.2 Tratamento clínico A utilização de fármacos é indicada caso a fêmea estiver em boas condições clínicas, ausência de obstrução, se houver dilatação do canal do parto, se o tamanho dos fetos for proporcional ao diâmetro desse canal e se não houver estática fetal anômala (14). Utilizam-se drogas ecbólicas (que promovem contração uterina). A ocitocina sintética é primeiro fármaco de escolha, visto que é capaz de estimular e aumentar a frequência das contrações uterinas e favorecer a expulsão fetal. Embora o uso de ocitocina seja considerado seguro, alguns pesquisadores acreditam que altas e repetidas doses podem resultar em estímulo uterino acentuado e angústia fetal. Tal fármaco deve ser utilizado na dose de 5-20 UI por via intramuscular (IM) ou subcutânea (SC), em intervalos de 30 a 40 minutos, no máximo de três aplicações. Doses superiores às recomendadas podem causar tetania uterina, comprometer a oxigenação fetal e ocasionar ruptura uterina. Se usada durante a gestação, pode provocar descolamento placentário precoce, constrição dos vasos umbilicais, vasodilatação materna e hipertensão arterial (2,14,15). O gluconato de cálcio a 10% pode ser utilizado para promover aumento da força de contração uterina (2,16). Pode ser utilizado isoladamente ou concomitantemente à ocitocina. Deve ser utilizado na dose de 0,2 mL/kg por via intravenosa (IV) ou 1,0 a 5,0 mL/SC em cadelas. Quando usado por via IV, deve ser aplicado lentamente, durante três a cinco minutos. As doses totais recomendadas são de 2,0 a 20,0 mL. A administração deve ser lenta, sendo 1,0 mL/minuto, com necessidade de monitoração cardíaca durante todo o período de infusão (2,14). Embora seja recomendada por alguns autores, são raros os casos de cadelas em distocia com hipoglicemia. Porém, caso seja diagnosticada a hipoglicemia ou quando ocorre toxemia da gestação, pode-se utilizar glicose oral ou solução de glicose a 5,0 ou 10%, por via IV (14). 3.2 Tratamento cirúrgico A cesariana por ser indicada quando há inércia uterina parcial ou completa, que não responde ao tratamento medicamentoso, estenoses pélvicas ou da via fetal mole, fetos absolutos ou relativos grandes, excesso ou deficiência de líquidos fetais, defeitos de apresentação, posição ou atitude, morte fetal ou decomposição, negligência e profilática (1). O estresse fetal ou neonatal aumenta a possibilidade de septicemia, o que explica o alto índice de mortalidade de filhotes nascidos em partos distócicos (28). O protocolo para anestesia da paciente gestante deve ser realizado com uma escolha cautelar a fim de garantir resultados satisfatórios para a cadela e para os neonatos. Os Liguori HK, Eneas MD, Ignácio FS. Distocia em cadelas - revisão de literatura. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 14-19. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 18 anestésicos de forma geral possuem em sua característica atravessar a barreira hematoencefálica e placentária com facilidade (26). Pode ocorrer um nível variado de depressão fetal que devido a indução anestésica, dependendo do fármaco empregado, da dose utilizada e do tempo em que o feto permaneceu em contato com o fármaco até sua retirada do útero materno. (27). Ao longo do transoperatório a gestante pode apresentar quadros de hipotensão devido ao seu posicionamento na mesa cirúrgica. O decúbito dorsal causa diminuição do fluxo sanguíneo devido ao seu volume aumentado e compressão dos grandes vasos abdominais (28). Para pacientes nestas condições a anestesia geral é o protocolo mais indicado e seguro, por permitir intubação traqueal da mãe com a finalidade de evitar aspiração do conteúdo gástrico, manutenção anestésica e administração de oxigênio (29). O emprego dos anestésicos inalatórios deve ser realizado com cautela devido a ocorrência de hipotensão e diminuição do fluxo sanguíneo uterino da mãe. Os agentes inalatórios mais indicados são os de indução e recuperação rápida, sendo o isofluorano, sevofluorano e o desfluorano. (29,30). CONCLUSÃO Procedimentos obstétricos em casos de distocia em cadelas como técnicas conservativas por meio de tratamento clínico e auxílio manual ao parto ou técnicas cirúrgicas como episiotomia e cesariana, são frequentes na rotina veterinária. O prognóstico é favorável para fêmea e filhotes se o procedimento for efetuado no intervalo de 12 horas após início do segundo estágio do parto, e um atraso superior a 24 horas pode resultar em morte fetal e comprometimento materno, portanto, o entendimento da fisiologia e endocrinologia de uma parturição normal é fundamental para prevenir, diagnosticar e tratar distocia, garantindo sobrevida materna e fetal. REFERÊNCIAS 1.Wallace MS. Management of parturition and problems of the periparturient period of dogs and cats. Semin. Vet. Med. Surg. Small Anim., v.9, p.28-37, 1994. 2.Barber J. Parturition and dystocia. In: ROOT-KUSTRITZ, M.V. (Ed.). Small animal theriogenology. London: Butterworth/Heinemann, 2003. p.241-279. 3.Walett-Darvelid A, Linde-Forsberg C. Dystocia in the bitch: a retrospective study of 182 cases. J Small Anim Pract, v.35, p.402-407, 1994. 4.Nelson RW, Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2 ed. 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Zoo. 20 DOENÇA RENAL POLICÍSTICA EM FELINO: RELATO DE CASO POLYCYSTIC KIDNEY DISEASE IN FELINE: CASE REPORT Camila Gasparotto Fernandes* Yan Augusto Gomes Silva* Jacqueline Satomi Tho* Luis Emiliano Cisneros Alvarez† Felipe Gazza Romão† RESUMO A doença renal policística (DRP) é uma doença de caráter hereditário autossômico e dominante que se caracteriza pelo desenvolvimento de cistos nos rins. Esses cistos podem ser encontrados também em pâncreas, fígado e baço com tamanhos variados. Os sinais clínicos variam de acordo com o comprometimento do parênquima renal. Alguns deles são: hipertensão sistêmica, êmese, anorexia e distensão abdominal. A ultrassonografia é o exame de escolha, que permite o diagnóstico precoce da doença, porém, a histopatologia através de biópsia renal seria um meio para exclusão de diagnósticos diferenciais. Não existe tratamento específico para DRP. O tratamento consiste em controle da pressão arterial, correção do desequilíbrio hidroeletrolítico e minimização de distúrbios gastrointestinais. O objetivo do trabalho é relatar um caso de doença renal policística em um felino, atendido no Hospital Veterinário Roque Quagliato, demonstrando a importância do diagnóstico precoce e terapia adequada, minimizando assim os sinais clínicos de progressão da doença e aumentando a qualidade de vida dos pacientes. Palavras-chave: rim, persa, cistos, doença hereditária. ABSTRACT Polycystic kidney disease (PKD) is an autosomal dominant and hereditary disease characterized by the development of cysts in the kidneys. These cysts can also be found in pancreas, liver and spleen with different. Clinical signs vary with impaired renal parenchyma. Some of them are: systemic hypertension, vomiting, anorexia and abdominal distention. Ultrasonography is the method of choice, allowing early diagnosis of the disease, however, histopathology by renal biopsy would be a means to the exclusion of differential diagnoses. There is no specific treatment for DRP. Treatment consists of controlling blood pressure, correction of electrolyte imbalance and minimizing gastrointestinal disorders. The objective of this study is to report the polycystic kidney disease through a case of a cat, the Veterinary Hospital Roque Quagliato, demonstrating the importance of diagnosis and appropriate therapy, thus minimizing the clinical signs of disease progression, improving quality of life of patients. Keywords: kidney, persian, cysts, hereditary disease. INTRODUÇÃO A doença renal policística felina (DRP) é uma enfermidade hereditária autossômica dominante que se caracteriza pela presença de cistos localizados no córtex ou na medula renal (1). A maior incidência da DRP ocorre em gatos persas, mestiços persas e himalaias (2). Sua etiologia ainda não foi totalmente esclarecida em cães e gatos, mas existem duas principais possibilidades: transformação de células epiteliais hiperplásicas em pólipos, e dilatação de * Discente do Curso de Medicina Veterinária. Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil. Email: [email protected] † Docente das Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, Ourinhos, São Paulo, Brasil. Fernandes CG, Silva YAG, Tho JS, Alvarez LEC, Romão FG. Doença renal policística em felino: relato de caso. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 20-26. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 21 túbulos ou fragilidade da membrana tubular com consequente dilatação (3). Há também a teoria de que a dilatação do néfron ocorre por processos obstrutivos intra e extraluminais, podendo ser localizado tanto na medula quanto no córtex, o que levaria ao desenvolvimento da doença (4). O caráter hereditário autossômico dominante está relacionado com três tipos de formas de genes. O gene “P”representa a forma dominante e “p” representa a forma recessiva. Nos homens, assim como nos felinos, é uma enfermidade renal de curso longo e progressivo que leva doença renal crônica (5). Esses cistos também podem ser encontrados no fígado, baço e no pâncreas, variando de um milímetro a um centímetro ou mais (6). O número de cistos é variado, são esféricos e contêm líquido claro e seroso (4). Assim como nos humanos, os cistos podem ser hereditários ou adquiridos. Em casos de cistos hereditários, ambos os rins são afetados (7). A velocidade do crescimento dos cistos renais é variável. Em gatos com DRP, a multiplicação epitelial ocorre de forma acelerada, o que causa o aumento intermitente de cistos. A doença policística induz hipertrofia renal e perda da função (3). Todos os gatos atingidos são heterozigotos. Desta forma, o cruzamento de dois gatos com DRP (heterozigotos) produz estatisticamente 75% de gatos atingidos pela doença e 25% de gatos sadios (7). Quando a doença renal cística for unilateral, podem não haver sinais clínicos. Já na forma bilateral, os sinais são parecidos com a doença renal crônica: poliúria, anorexia, polidipsia, perda de peso, êmese, letargia e desidratação (8). Outros sinais clínicos observados são hipertensão sistêmica, hemorragia, pielonefrite, distensão abdominal, renomegalia, êmese e anorexia (3). Nenhum exame clínico ou análise laboratorial é capaz de confirmar ou excluir o diagnóstico (9). O diagnóstico em gatos é realizado associando-se os sinais clínicos às alterações bioquímicas, bem como aos resultados da radiografia e ultrassonografia abdominais e biópsia renal (2). A ultrassonografia permite o diagnóstico precoce da doença, isto é, antes do desenvolvimento de doença renal crônica (5). No estágio inicial da doença, os rins aparecem com superfície lisa. À medida que os cistos crescem nota-se renomegalia e irregularidades de superfície (6). O exame histopatológico por meio de biópsia renal pode permitir o diagnóstico definitivo (3). Atualmente, é possível identificar os gatos que desenvolverão DRP através do teste genético de DNA. O teste genético permite aos criadores selecionar os animais para reprodução, auxiliando, desta forma, tanto no controle como na eliminação da doença da população de gatos (14). Apesar de não existir tratamento que corrija as lesões no rim, as consequências podem ser amenizadas, sendo que a terapêutica permite interromper os mecanismos que contribuem para a progressão da doença: a hipertensão sistêmica e glomerular, o desequilíbrio hidroeletrolítico, a proteinúria e a fibrose renal (10). A terapia indicada para controle de hipertensão arterial é por meio do uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), como enalapril ou benazepril (11). A correção da desidratação com a fluidoterapia (soluções de Ringer com lactato ou de NaCl fisiológica a 0,9%) é essencial, visto que a desidratação é responsável pelas manifestações clínicas, tais como prostração, fraqueza, constipação e anorexia (10,12). Inibidores da bomba de prótons, como omeprazol, ou protetores de mucosa com ação antiácida, como o sucralfato, podem ser utilizados para diminuir distúrbios gastrointestinais causados pela doença renal, assim como a êmese pode ser controlada com uso de citrato de maropitant (13). Dentre os diagnósticos diferenciais estão inclusos pielonefrite, hidronefrose e nefrite granulomatosa (3). O prognóstico para gatos portadores da doença renal policística é reservado, e depende do estágio e evolução do quadro, resposta à terapia inicial e colaboração do proprietário (15). O objetivo do trabalho é relatar um caso de doença renal policística em um felino atendido no Fernandes CG, Silva YAG, Tho JS, Alvarez LEC, Romão FG. Doença renal policística em felino: relato de caso. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 20-26. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 22 Hospital Veterinário Roque Quagliato, demonstrando a importância de um diagnóstico precoce e terapia correta para minimização de sinais clínicos e evolução da doença. RELATO DE CASO Foi atendido Hospital Veterinário das Faculdades Integradas de Ourinhos-FIO, um felino da raça Persa com 8 anos, pesando 2,5 kg. A queixa principal relatada foi anorexia e caquexia. Há um mês, o animal apresentou poliúria, polidipsia e hiporexia, evoluindo para anorexia total. A proprietária realizava alimentação forçada, administrando ração úmida ao animal. O animal apresentava-se apático, com emagrecimento progressivo. A proprietária relatou ainda que a vacinação antirrábica e vermifugação estavam em dia e o animal não possuía acesso à rua. No exame físico o animal apresentou aumento da temperatura corpórea (39,3°C), aumento da frequência cardíaca (200 bpm), desidratação com TPC (tempo de preenchimento capilar) aumentado (3 segundos), pulso arterial hipercinético e regular e PAS (Pressão Arterial Sistólica) de 160mmHg. Na palpação abdominal, entre a porção epigástrica e mesogástrica, na região dorsal, onde localizam-se os rins, identificou-se uma massa firme na cavidade abdominal e em seguida solicitou-se os seguintes exames laboratoriais: hemograma completo; exames bioquímicos: albumina, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), gama-glutamil transferase (GGT), proteínas totais séricas, triglicerídeos, creatinina e ureia. Foi realizada também a coleta da urina por cistocentese para urinálise e exame ultrassonográfico. Os resultados dos exames laboratoriais estão descritos nas tabelas 1 e 2. O paciente apresentava leucocitose por neutrofilia e linfopenia. No exame bioquímico, apresentava azotemia, e aumento das proteínas totais séricas e GGT. A densidade urinária era de 1.015 (isostenúria). No exame ultrassonográfico (figuras A e B), foi visualizado perda total da relação córtico-medular em ambos os rins, com aumento proeminente e perda total da morfologia piramidal. Foram observadas áreas múltiplas e arredondadas císticas de aproximadamente 2,5 x 2,5 cm em ambos os rins. A suspeita inicial foi doença renal policística. O diagnóstico presuntivo, de acordo com os sinais clínicos, alterações laboratoriais e exames de imagem, foi compatível com doença renal policística. Os exames laboratoriais do dia 23/12/2015 apresentaram: azotemia, fósforo aumentado e fosfatase alcalina diminuído. Após os resultados dos exames e o diagnóstico presuntivo, iniciou-se o tratamento ambulatorial com fluidoterapia com solução ringer lactato (50 mL) por via subcutânea, já que o animal chegou próximo ao fim do expediente. O animal foi encaminhado para uma clínica particular para realização da fluidoterapia diariamente. Além disso, foram prescritos os seguintes medicamentos: hidróxido de alumínio na dose 25 mg/kg (1 mL/BID/ suspenssão oral 60 mg/ml), maleato de enalapril na dose 0,5 mg/kg (1/4 cp/ 5 mg/BID) e omeprazol na dose 1 mg/kg (¼ cp/10 mg/SID). Com relação à alimentação, foi indicada uma ração específica para animais com doença renal. Após sete dias de fluidoterapia, o animal retornou ao Hospital Veterinário, no qual repetiu-se os exames bioquímicos para reavaliação da função renal (creatinina, ureia, fósforo e F.A). O animal recebeu alta. É periodicamente avaliado. Fernandes CG, Silva YAG, Tho JS, Alvarez LEC, Romão FG. Doença renal policística em felino: relato de caso. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 20-26. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 23 Tabela 1: Hemograma e bioquímico, realizado no dia 16/12/15 pelo laboratório do Hospital Veterinário Roque Quagliato. Hemograma Resultado Valor de Referência He (106/ uL) 5,64 5,0-10,0 Ht (%) 27 24-45 Hb (g/dL) 9,1 8,0-15,0 VCM (fl) 48 39-55 CHCM 33 30-36 RDW 17,3 14-19 Bioquímicos Resultado Valor de Referência Albumina 2,84 2,1-3,3 (g/dL) ALT (TGP) 47 6-83 (UI/L) AST (TGO) 20 26-43 (UI/L) Creatinina 5,5 0.8-1,8 (mg/dL) Gama GT 7 1,3-5,1 (UI/L) Proteínas Totais 8,3 5,4-7,8 (g/dL) Triglicérides 87 10-114 (mg/dL) Ureia 163 42,8-64,2 (mg/dL) Tabela 2: Exame bioquímico realizado no dia 23/12/15 pelo laboratório do Hospital Veterinário Roque Quagliato. Bioquímicos Resultado Valor de Referência Creatinina 6 0.8-1,8 (mg/dL) Fósforo 12 4,5-8,1 (mg/dL) Fosfatase Alcalina 6 25-93 (UI/L) Ureia 116 42,8-64,2 (mg/dL) Fernandes CG, Silva YAG, Tho JS, Alvarez LEC, Romão FG. Doença renal policística em felino: relato de caso. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 20-26. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 24 Figuras A e B: Áreas múltiplas arredondadas com contornos bem demarcados, finos hiperecoicos, e conteúdo anecoico sem formação de sombra acústica nas regiões cortical e medular do rim esquerdo de um gato persa. Imagens similares foram obtidas no rim contralateral. DISCUSSÃO Em animais portadores da doença renal policística se visualiza aumento na temperatura corpórea, devido os cistos servirem de foco no desenvolvimento de infeções do trato urinário (4,8). Os sinais clínicos podem aparecem tardiamente, nas idades de três e dez anos (2). Raças mais predisposta para DRP são principalmente persas e mestiços de persas (2), o que condiz com a raça do paciente relatado. Gatos de pelo curto e sem raça definida também podem ser portadores da doença no Brasil (6). Costuma-se observar desidratação severa em casos de animais acometidos por esta enfermidade, o que foi constatado no presente relato (8). Na doença renal terminal ocorre disfagia, desconforto oral e êmese em 7,7% dos gatos urêmicos. Ocorre estimulação da zona quimioreceptora pelas toxinas urêmicas, gastrite que pode ser desenvolvida como resultado dos efeitos diretos das toxinas urêmicas (16). Em gatos com DRP, os rins encontram-se aumentados e irregulares e o desenvolvimento da doença renal pode acontecer após vários anos. Inicialmente, os cistos são pequenos e localizados na região medular e, posteriormente, difundem-se para o córtex renal, causando renomegalia progressiva. Geralmente animais mais velhos apresentam cistos de maior tamanho e em maior número. No seguinte trabalho observou-se cistos de diâmetros maiores comparados com os da literatura (3). A habilidade de concentração de urina fica prejudicada à medida que os néfrons vão sendo perdidos, isso resulta em uma hipertrofia compensatória e hiperfiltração dos néfrons remanescentes e o resultado final é a poliúria e a polidipsia compensatória. Porém, se o consumo de água do animal não atender a excreção renal da água, ocorre a desidratação (16). Visto que a desidratação é responsável pelos sinais clínicos, tais como prostração, fraqueza, constipação, a correção hidroeletrolítica é essencial (10-12). Na DRP, a azotemia é provocada por disfunção renal. Os rins perdem a capacidade seletiva e permitem que a água, vitaminas e proteínas, sejam eliminadas em maior quantidade, e permitem que resíduos nitrogenados, sejam retidos. A azotemia geralmente está presente quando 75% da função renal está prejudicada (17). Nenhum exame clínico ou análise laboratorial é capaz de confirmar ou excluir o diagnóstico; porém, a ultrassonografia permite o diagnóstico precoce da doença, isto é, antes Fernandes CG, Silva YAG, Tho JS, Alvarez LEC, Romão FG. Doença renal policística em felino: relato de caso. Alm. Med. Vet. Zoo. 2016 jun 2 (1): 20-26. ISSN 2447-0716 Alm. Med. Vet. Zoo. 25 do desenvolvimento da doença renal crônica, visualizando os cistos como estruturas anecoicas e irregulares (5-9). Geralmente, observa-se irregularidade no parênquima e alteração na estrutura renal quando a doença está em estágio avançado, observado neste animal (3). Quando apenas o consumo da dieta, não for capaz de normalizar a concentração de fósforo sérico, se faz necessário utilizar quelantes intestinais de fósforo, que devem ser administrados junto com a alimentação. O hidróxido de alumínio foi recomendado, já que é o antiácido mais utilizado em cães e gatos (17). Foi prescrito omeprazol, já que inibidores da bomba de prótons podem ser utilizados para diminuir distúrbios gastrointestinais causados pela doença renal (13). A hipertensão felina tem sido diagnosticada como primária ou secundária a condição como a insuficiência renal crônica. O tratamento mais indicado para hipertensão arterial é por meio do uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), impedindo a vasoconstrição periférica e consequentemente aumento da pressão arterial (11); com isso, foi prescrito maleato de enalapril. É necessária a monitoração estreita do paciente durante o tratamento, assim como a reavaliação da terapia sempre que necessário (11). A manifestação clínica da doença irá depender do grau de comprometimento do parênquima renal (3). CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que o diagnóstico precoce da doença é de extrema importância para adoção de medidas terapêuticas corretas, impedindo a progressão dos sinais e possibilitando assim uma melhor qualidade de vida aos pacientes. É importante que a exclusão de animais acometidos (principalmente gatos da raça Persa) da reprodução seja realizada, para que os fatores genéticos não sejam repassados aos descendentes. AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer ao professor Luis Emiliano Cisneros Alvarez pela cessão das imagens da ultrassonografia do atual relato. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Cooper BK, Piveral P. Autossomaldominantpolycystickidneydisease in persiancats. Felinepractice. Texas, v. 28, n. 2, p. 20-1, mar-apr. 2000. 2. Biller DS, Chew DJ, Dibartola SP. Polycystic kidney disease in a family of persian cats. Journal of the American Veterinary Medical Association. v. 196, n. 8, p. 1288-90, apr. 1990. 3. Jericó MM, Neto JPA, Kogika MM. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. Editora Roca. Volume 1. Rio de Janeiro, 2015. 4. Mcgavin MD, Zachary JF. Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4º edição, Mosby Elsiveir, Missouri, 1476 p., 2007. 5. Souza HJM, Hahn MD, Leivas RM, Belchior C. Gatos analgesia pós–operatória. Nosso Clínico. São Paulo: Troféu, ano 4 , n. 22, p. 8-12, jul-ago., 2003. 6. Ferrante T. Doença renal policística em felinos. Nosso Clínico. 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