Incertezas diminuem percepção do produtor sobre rentabilidade do

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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO • ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"
Piracicaba, 09 de junho de 2005.
CITROS/CEPEA:
Incertezas diminuem percepção do produtor sobre rentabilidade do negócio
A safra 2005/06 abre oficialmente neste mês com a maioria dos citricultores já com os contratos
renegociados para os próximos três a cinco anos, informou hoje a pesquisadora do Cepea Margarete
Boteon, em palestra na Semana da Citricultura, principal evento do setor, realizado em
Cordeirópolis-SP. Segundo levantamento do Cepea, os valores dos acordos firmados com a indústria
variaram entre US$ 2,80 e US$ 3,60/cx. de 40,8 kg.
Em relação à safra anterior, o intervalo de negociação neste ano foi melhor, e os produtores
conseguiram fechar contratos de maior duração. Na temporada anterior, os valores foram de US$
2,50 a US$ 3,30/cx., para somente um ano.
Apesar do cenário de preços mais favoráveis, a pesquisadora alerta que a desvalorização do dólar e o
risco de uma elevação dos custos de produção nos próximos anos fazem com que os citricultores
percam um pouco a percepção de qual é o valor rentável para a cultura.
“O provável aumento dos custos de produção, reflexo da maior incidência de pragas e doenças nos
pomares, é uma das maiores preocupações do setor a respeito da rentabilidade da citricultura”, diz.
Atualmente, as quatro doenças de maior impacto são o Cancro Cítrico, a CVC (Clorose Variegada
dos Citros), a Morte Súbita e o “greening” (HLB).
Na avaliação de Margarete, a presença dessas doenças reflete não só em aumento de custos, mas em
limitação do crescimento do parque cítricola e em necessidade de um melhor gerenciamento do
estoque de plantas e da viabilidade econômica do pomar.
Principalmente pós-greening, os citricultores estão tendo que considerar em seus custos gastos com
replanta, o que exige o alcance da produtividade máxima do pomar num intervalo de tempo menor –
a vida útil das plantas deve diminuir.
O aumento de problemas fitossanitários também pressionou citricultores de algumas regiões,
principalmente do norte citrícola, a reduzir a área de plantio e, em muitos casos, a substituir os
pomares menos viáveis pela cultura da cana.
Mesmo com essas barreiras, a perspectiva é que a oferta de suco de laranja não seja comprometida.
Os investimentos em pesquisas para o controle de doença deverão ser suficientes para manter a
oferta atual, sem promover, no entanto, excedentes de produção.
A pesquisadora do Cepea acredita que, com a previsão de oferta relativamente estável, a valorização
do suco deve estar, portanto, bastante relacionada à demanda. Independentemente dos limites que
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Piracicaba, 09 de junho de 2005.
afetam o volume produzido hoje, para manter a estrutura citrícola nacional rentável, só há um
caminho: alavancar o consumo.
A previsão é que as exportações de suco de laranja brasileiras cresçam em 2005. O principal país por
trás deste aumento é os Estados Unidos, segundo maior produtor. A severa quebra da safra 2004/05 e
o atraso na colheita na safra 2005/06 na Flórida prometem gerar um “buraco” na oferta de suco de
laranja no mercado norte-americano, espaço que deve ser ocupado pelo Brasil.
Espera-se um crescimento médio de 27% nos embarques nacionais para aquele país no anoexportação 2004/05 (julho a julho). Os preços do suco concentrado no mercado europeu, segundo a
publicação européia FoodNews, já dá sinais de reação, tendo passado de US$ 900,00/t em abril para
US$ 1.000/t em maio.
Para os próximos anos, as apostas são de aumento das vendas de suco brasileiro para países do Leste
Europeu, China e também Rússia, para compensar a redução dos embarques para os Estados Unidos
- que devem recuperar a produtividade afetada pelos furacões - e a estabilidade do volume exportado
para os tradicionais compradores europeus.
Outra questão importante para o setor citrícola é a concentração industrial, resultado de uma
estrutura de mercado que exige escala de distribuição global para manter a participação no mercado
externo. Inevitavelmente, produtores ficam em desvantagem no momento da comercialização, já que
existe um maior número de agentes ofertando, de maneira pouco organizada.
Propostas para melhorar os arranjos contratuais e a precificação dos contratos estão surgindo no
setor, que estuda negociações coletivas e não mais individuais. Nesta safra, as vendas ainda foram
individualizadas ou, no máximo, feitas em “pools”.
Quanto aos preços praticados pela laranja pêra no mercado interno, os valores médios neste início de
junho já são cerca de 13% superiores aos do mesmo período do ano passado, em resposta à quebra
de safra deste ano.
Agentes do setor estimam um volume próximo a 300 milhões de caixas para a safra paulista, contra
360 milhões no ano anterior, reduzido pelo clima desfavorável durante o desenvolvimento da
florada. Outros estados como Paraná, Sergipe, Bahia e Goiás, que costumam destinar parte da
produção para o mercado paulista (consumo in natura), também enfrentam quebra de safra este ano.
Outras informações por ser obtidas por meio do Laboratório de Informação do Cepea: 19-34298837 e 3429-8836, com Ana Paula Silva, Ana Júlia Vidal ou Paola Garcia.
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