108 Quarta-feira 31 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL da economia verde, até agora acordado nas reuniões preparatórias. No texto, os Estados mostram-se convencidos de que a economia verde deve contribuir para se alcançar metas-chaves, em particular as prioridades de erradicação da pobreza, segurança alimentar, um solo de gerenciamento de recursos hídricos, acesso universal ao serviço de energia moderna, cidades sustentáveis, direcionamento de oceanos, melhorando a resistência e a preparação para desastres, assim como a saúde pública, desenvolvimento de recursos humanos e crescimento sustentável inclusivo e igualitário que gerem empregos, incluindo para os jovens. Mesmo convencidos de que as políticas de economia verde podem oferecer oportunidades benéficas para melhorar a integração, o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental em todos os países, independentemente da estrutura da sua economia e do seu nível de desenvolvimento, reconhece-se, entretanto, que países em desenvolvimento estão enfrentando grandes desafios para erradicar a pobreza e sustentar o crescimento e que a transição para a economia verde irá requerer ajustes estruturais que podem envolver custos adicionais para as suas economias. Nesse sentido, é necessário o suporte da comunidade internacional. É inevitável perceber o contraste entre o entusiasmo do relatório do Pnuma quanto às perspectivas de transição para a economia verde e a resistência dos Estados Unidos da América em assumir compromissos com créditos em direção à transição. Nossos convidados, certamente, irão desenvolver o tema, brindando-nos com esclarecimentos para um melhor conhecimento desta Comissão Mista de Mudanças Climáticas quanto à conjuntura que cerca a Conferência do Rio e as possibilidades de acordos. Por fim, cito o texto de documento oferecido pelo Governo brasileiro à Conferência, na parte em que, ao seu modo, conceitua a economia verde no contexto de combate à pobreza. Segundo a contribuição brasileira, a Rio+20 deveria buscar a renovação do compromisso dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável, com o objetivo integrador, capaz de conciliar as preocupações ambientais com as necessidades sociais, sem perder de vista o desenvolvimento econômico. Para o Brasil, o tema da Conferência “Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável e da Erradicação da Pobreza” significa catalisar a ligação das intenções e objetivos gerais expressos no conceito de desenvolvimento sustentável com a realidade da operação de economia e, portanto, ser instrumento de implementação da Agenda 21. Março de 2012 Para cumprir esse objetivo, é preciso reforçar a ligação do conceito de economia verde com o de desenvolvimento sustentável, de forma a evitar uma leitura do conceito de economia verde que privilegie os aspectos de comercialização de soluções tecnológicas avançadas sobre a busca de soluções adaptadas às realidades variadas dos países em desenvolvimento. A sugestão do Governo brasileiro é que se fale em economia verde inclusiva, trazendo o aspecto social para a linha de frente da discussão e dos objetivos e sintetizando o tema da conferência. Menciono ainda que, diante do contexto de instabilidade nos preços das commodities e dos riscos climáticos crescentes, política de promoção e garantia de segurança e nutricional pode ser papel importante nas estratégias de economia verde inclusiva. O documento brasileiro oferece exemplos da integração de estratégias econômicas ambientais e sociais que devem ser aprofundadas, reproduzidas, tais como programas de transferência de renda e fomento à atividade de conservação e recuperação ambiental, apoio a segmentos da população que obtêm renda a partir da reciclagem de resíduos sólidos, disseminação de boas práticas agropecuárias com tecnologias acessíveis a pequenas propriedades e aos agricultores familiares e à incorporação de tecnologias de maior eficiência energética em programas habitacionais populares. Programa de geração de trabalho, emprego e renda, com a concessão de linhas de financiamento produtivo e microcrédito produtivo e orientado são exemplos de instrumentos do repertório de políticas e experiências brasileiras que podem ser direcionadas ao fomento da economia verde. Encerro por aqui esta breve explanação, para que possamos ouvir os nossos convidados. Muito obrigado a todos. Com a palavra o Ministro Paulino. O SR. PAULINO FRANCO DE CARVALHO NETO – Boa tarde, Sr. Presidente desta Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, Srs. Parlamentares, Deputado Sirkis, Srs. Membros desta Mesa, Prof. Eduardo Viola, Prof. Eliezer Martins Diniz, eu queria, em nome do Ministério das Relações Exteriores, agradecer o convite que recebemos para participar deste evento. Por dever de ofício, vou ser talvez um pouco repetitivo. Muitas das palavras que pretendo dizer já foram antes mencionadas por V. Exª, Deputado, Márcio Macêdo. Mas acho que é sempre importante dar a visão do Governo brasileiro, do Ministério das Relações Exteriores, que hoje os seus principais negociadores, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo e Embaixador André Corrêa do Lago, estão em Nova York, na sede das Nações Unidas, negociando. Essa é a terceira