SER Índice Prefácio I - Corpo denso – ego profano 13 19 II - Mente – Uma energia temporária 27 III - Apego ao sofrimento 35 IV - Fantasias 47 V - Ser é melhor que ter 60 VI - É preciso emancipar-se 72 VII - Meditação iniciática 78 VIII - Maha Bhakti Param Brahmam – o néctar da devoção 91 IX - Chacras – centros etéricos 102 X - Crenças impostas – idéias vendidas XI - A vinda dos Mestres 113 121 XII - Maha Yoga – a Verdade Suprema 133 XIII - Transmutação dos ciclos 153 XIV - O esquecimento do eterno presente 163 XV - O Cristo do Amor Divino 183 Prefácio O Mestre SRI MAHA KRISHNA SWAMI desde muito pequeno teve como único interesse a conscientização da Verdade Suprema. Por sugestão de MAHATMA GANDHI, foi levado à presença de BHAGAVAN SRI RAMANA e dele recebeu a sagrada iniciação. Passados alguns anos surgiu a necessidade de vir ao Ocidente e codificar a Sagrada Maha Yoga para que a Verdade Suprema pudesse ser revelada a todos. A Maha Yoga é a presença dos ensinamentos de todos os Grandes Mestres, porque todos ensinam a mesma Verdade, e está à disposição de todos aqueles que querem conscientizar-se de sua unidade com o Supremo Ser Universal. A Maha Yoga é a Luz do mundo de que Jesus falou. Tudo o que esse Mestre profetizou a respeito desta época em que vivemos está acontecendo. Já se processa em grande escala a separação do joio do trigo. O Mestre Jesus, referindo-se à época atual, disse que mandaria a Força da Verdade, que nos fará lembrar de tudo aquilo que ele havia dito na Terra. “Neste momento”, disse ele, “todos se devem preparar porque a lei suprema estará plena no planeta Terra.” Aquele que realmente traz a Força da Verdade ensina as técnicas iniciáticas que conduzem quem as pratica à conscientização da Verdade Suprema. Não fala de si próprio, mas diz o que ouve da intuição pura. Ele semeia apenas em terra fértil. Suas vestes são limpas e brancas e sua missão consiste em revelar tudo o que foi omitido, eliminar o mistério das coisas, pregar a morte lenta da mente pensante e do ego profano, fazer andar os pés que não andam, fazer com que os seres da Terra conscientizem-se do amor divino, da Verdade Suprema. Ensinará muitas coisas para que haja na Terra mais paz, esperança e consciência do divino. Com ele, os sedentos, os esgotados, os cansados e oprimidos pelos ciclos intermináveis de sofrimento terão a oportunidade de se conscientizarem da Verdade Suprema e sentirem a felicidade perfeita. Em verdade este, que do divino procede, dará testemunho de todos os Grandes Mestres e de seus sagrados ensinamentos. Ele foi destinado a consolidar na Terra a Verdade Suprema e veio para que a conscientização divina fosse o único objetivo nesta época de densas trevas espirituais. É preciso caminhar enquanto há Luz para conscientizar-se do Divino Ser e poder realizar algo que ajude ao povo do Cristo Supremo. A Luz está presente no mundo quando o caminho está sendo apontado pelo Mestre para que todos andem por esse sendeiro direto, iluminado. Enquanto a Luz está no mundo é bom segui-la, porque não há segurança alguma no profano, no ilusório, no corpo que nasce e morre. A humanidade vive a noite das inconsciência porque desconhece a lei da conscientização divina, pois os insensatos não a cumprem nem deixam que os homens a pratiquem. Os sagrados ensinamentos dos Mestres foram vedados, porém a Maha Yoga os está revelando plenamente. Por isso, é preciso aproveitar a presença do Mestre para aprender a meditar e a devocionar corretamente. Não se pode aprender das ciências, da política, das religiões porque elas estão preocupadas com outros objetivos e são totalmente contrárias ao caminho da Verdade. Os homens vivem na inconsciência espiritual porque não aprenderam a sintonizar-se com a força deixada por Jesus Cristo, por Bhagavan Sri Ramana, por Budha, por Shankaraya e tantos outros Mestres. A maioria dos homens é irreverente perante as forças divinas que vieram até eles. Aprenderam seus ensinamentos apenas mentalmente, intelectualmente. É preciso ter muito cuidado com isso, pois toda erudição é sinônimo de ignorância também. Poucos são os que realmente seguem os ensinamentos do Cristo. A pessoa aprende a frase: “Os humildes serão exaltados”, e então pensa ser bastante humilde. Impõe a si mesma uma expressão de idiota, ou se exalta e diz estar em samadhi. Tudo isso é expressão do ego profano. Assim a maioria dos homens vive espiritualmente apenas na aparência externa. Nos sagrados evangelhos está escrito que no fim do ciclo muitos dirão: “Senhor, Senhor nós profetizamos em teu nome, fizemos obras grandiosas em teu nome”. E a esse será dito: “Não os conheço, pois omitiram a Verdade Suprema, trabalharam contra as leis divinas, adaptaram os sagrados ensinamentos, acumularam tesouros na Terra, não amaram seus inimigos, não aprenderam a ser mansos e humildes de coração, não andaram pela Luz, não reconheceram a voz do bom pastor, pois seguiram os falsos profetas e ainda uniram-se às três forças imundas e profanadoras”. Feliz aquele que sente a presença do Mestre da Maha Yoga, porque quem traz a Verdade Suprema neste fim de ciclo é um com o Cristo e por isso pode orientar seus discípulos, pode meditar e devocionar com eles no néctar do amor universal. Aquele que tem a oportunidade de receber os sagrados ensinamentos iniciáticos tem a Luz pela qual se pode guiar. Essa é a porta aberta por onde o homem deve entrar. Jesus disse: “Sou a porta aberta”. Cada Mestre é a porta aberta, é um exemplo para que o homem se conscientize do divino, da Verdade Suprema. Só existe uma alternativa para que a humanidade da Terra liberte-se da inconsciência espiritual: seguir o caminho da Verdade Absoluta. Aquele que almeja o “Reino Supremo” deve repelir em si mesmo o tenebroso labirinto de dogmas e conhecer os princípios do amor universal; deve despojar-se de toda presunção intelectual e tornar-se puro de coração. Quando o homem reconhecer a Verdade Suprema, terá acesso à sabedoria do Eterno e entrará em grande união com o Ser Supremo. Então os mistérios aparentes se revelarão plenamente. Esse é o fundamento da Verdade em todo o universo. A compreensão dessa Verdade não se faz pelos cinco sentidos, mas sim pela intuição pura que provém do Ser Supremo. Só aqueles que praticam seriamente as técnicas ensinadas pelo Mestres, e por isso já transformaram a sua conduta de caráter profano, podem conscientizar-se de sua unidade com o Cristo Universal. O testemunho dessas afirmações está na corrente ininterrupta de profetas e sábios de todas as épocas. Capítulo I Corpo denso – ego profano Em verdade muitos nascerão outra vez nas manhãs despertas para colorir em séculos a fuga do quotidiano. Nascerão outra vez nos seres sem amor para enfeitar na morte física toda continuação. Sim, nascerão outra vez nas noites silenciosas para sonhar luas inexistentes e acenar mãos vazias para o eterno. SMKS O caminho espiritual pode ser seguido por qualquer pessoa. O que se exige é muita sinceridade e pureza de coração. Não se fazem necessários talentos ou qualificações especiais, nem mesmo estudos profundos sobre as sagradas escrituras. Abrir o coração aos ensinamentos dos Mestres é a única condição exigida. Não há necessidade de nenhum estudo técnico a respeito da espiritualidade universal. Já somos o Ser. As pessoas querem ser divinas, querem ser felizes, querem ter muito amor e confundem o amor com ilusão, com emoção, com paixão e vão para os extremos. Elas querem ter virtudes divinas. Mas por que querem ter aquilo que já são? Não se pode querer ter ou ser aquilo que já se é. O que é necessário é acalmar a mente pensante, porque ela é um aglomerado de pensamentos e não nos deixa sentir o que realmente somos. Somos um ser puro, divino, eterno e presente. Certamente não somos o corpo, porque ele nasce e morre. Que verdade há em nascer e morrer? É um ritual funesto e a esse ritual os homens estão apegados. Praticam esse ritual de apego ao sofrimento, apego ao nascimento e à morte. Tudo isso é ilusório. Só existe a Verdade Suprema, só existe o Ser e este Ser somos nós mesmos. Então, qual seria a necessidade de se ter um físico? Ele pode ser comparado a um mata-borrão que absorve os problemas psíquicos, mentais, de inconsciência e ignorância espiritual. A grande doença dos homens é a inconsciência espiritual. Deve-se isolar esse vírus que está em cada um. Não há sentido em viver no corpo, simplesmente. É preciso procurar o divino enquanto se está no corpo. Nesse momento estamos num período de manifestação, mas devemos retornar conscientes ao estado de plenitude divina. Aquele que se negar como Ser Divino nega a si mesmo e está apegado ao sofrimento. Aquele que não se apega ao sofrimento procura um Mestre que o inicie no caminho da conscientização espiritual. Acalmando-se o corpo, a mente e os sentidos eles tornam-se veículos de emancipação, de libertação de todos os males que o homem acredita ter e pelos quais sofre na Terra. Esses veículos são, por muitos, usados como meio de perdição para se deleitarem com bebidas e tóxicos delirantes, para viverem na ignorância e causarem, posteriormente, ciclos intermináveis de sofrimentos. As pessoas dizem: “meu corpo está cansado, minha mente está cansada, não quero ouvir barulho”. Quem está dizendo: minha mente, meu corpo, meus sentidos? Parece que há um dono de tudo isso. Esse dono é o que somos. Muitos afirmam que o cérebro comanda tudo. E quem comanda o cérebro? O homem não sabe o que é real e o que é irreal. Ele observa o universo através de uma luneta e nunca percebeu que quem vê é que é real, e o que é visto é o objeto. Temos que nos localizar como o real, como o Ser. A ilusão se desfaz. O que permanece sempre é o observador da ilusão, o Ser Supremo. Quem cria a ilusão é a mente. O universo, que parece tão grandioso, vive apenas na limitação da mente pensante porque cada um vê o universo conforme sua percepção pessoal. Isso não tem a menor importância porque não é importante ver o universo. Importante é aquele que vê e que sente o universo. Os maha yogues possuem uma linha de discernimento, de intuição pura, que é a própria linguagem do Ser, e vem à tona quando se medita, quando se devociona. A técnica da meditação iniciática aniquila o ego, a mente pensante e tudo o que está ligado a eles. Se existem muitos pensamentos, logo deve existir a fonte deles. Basta eliminar cada um dos pensamentos até chegar ao pensamento “eu”, ou pensamento origem. E quando chegar a ele, pergunta-se: “De onde surgiu esse pensamento?”. Surge aí o guru interno, a voz silenciosa, o pleno discernimento entre o que é real e o que é irreal. O ego, sendo o primeiro pensamento, já é o primeiro erro, disse Bhagavan Sri Ramana. O pensamento “eu” é o primeiro que surge. Posterior a esse pensamento muitos “eus” aparecem. A isso chamamos de falsos personagens. Os falsos personagens que estão nas pessoas são perigosos, porque as fazem cometer erros e esses erros provêm do primeiro pensamento: “eu”. Bhagavan Sri Ramana ensina que todo problema está no primeiro pensamento. “Se há um primeiro, logo há um segundo porque as pessoas acreditam em números”, disse ele. E esse número pode-se ampliar à medida que se vão colocando os zeros. Porém é possível notar muitas pessoas se emancipando, permanecendo firmes no caminho espiritual. Estão colocando o zero no lugar certo, ampliando a cifra no sentido de multiplicação e assimilação dos sagrados ensinamentos, utilizando-os como meios de autoconscientização. Os ensinamentos que os Mestres da Maha Yoga expressam são os mesmos em qualquer época, é a Verdade Suprema, e estão aí para a salvação de todos. Para que criar problemas para si, se na realidade o problema não existe? Para que se unir a idéias, a grupos, a pessoas que puxam para trás? E por que permitir que eles puxem? Não são só as pessoas que puxam para trás o adepto que deseja seguir o caminho espiritual. Os pensamentos são seus piores inimigos. É necessário cuidar-se para que nenhum pensamento o desvie do sagrado objetivo. Nada que pode tirá-lo do caminho espiritual vale a pena. Nenhuma atração dos olhos, dos ouvidos, do tato pode atraí-lo. Nenhum pensamento pode ser mais forte que o divino. A parte mais forte do tato está no pensamento “eu sou o sexo”. Cuidado com isso. Não o somos. Não se confundam. As coisas são saborosas, mas se nos apegarmos ao sabor nos intoxicamos. Uma simples fruta, por exemplo, é pura em sua essênsica, é inofensiva, tem vitaminas, tem muita força do plano sideral porque ela recebe a força solar, a força lunar e todas as forças da natureza. A pessoa pode comer uma, duas, mas se exagera na quantidade pode-lhe fazer muito mal. Assim são todas as coisas. Tudo que se faz excessivamente, porque se gosta daquilo, pode conduzir a pessoa para os extremos. Verifiquem bem o que é na realidade o corpo físico e o porquê de os Mestres virem à Terra. No caso de Bhagavan Sri Ramana e seus discípulos, os ensinamentos vêm destrinchados e explicados claramente. Cada Mestre vem para estabelecer um ensinamento e abrir caminhos de libertação de todos os males. O corpo físico, o ego denso, aquilo que se pode pegar são músculos, sangue, vísceras e há muitos maus pensamentos dentro desse ego, muitos desejos. Isso tudo é a herança de onde nascemos. É preciso vencer a ilusão do ego, porque ele nasceu e vai morrer. Se não tomarmos banho todos os dias ele cheira mal. Isso é o corpo físico. Não nos podemos enganar. O ego é algo que nasce, morre e apodrece ainda em vida. Pode ficar cego, surdo, ter enfermidades e deformações. Afinal, por que lhe conferimos tanta importância, se ele é só isso e nada mais? É a carne que dá à luz o filho, que é fruto de uma relação sexual, é o fruto de um prazer. Temos que cortar essa corrente de prazer que fica sobre nós. Mesmo meditando, fica um plano mental nos dizendo: “E os prazeres, como serão? Você precisa ter um filho para agradar a seus pais”. Essa união sexual é útil, pois se nossos pais não se tivessem unido não teríamos nascido, e o Mestre não estaria ensinando a seus discípulos. Só que o Mestre enganou seu próprio ego, porque ele meditou e devocionou. Muitos seres podem procriar e não necessariamente aqueles que se encontram no caminho espiritual. Uns procriam e outros realizam a espiritualidade. Isso é um processo. Quem encontrou a Verdade não precisa reterse no caminho dessa Verdade para procriar. Existe a lei do nascer e morrer. É a samsara. São os apegos a nascimentos e mortes. É comum os pais desejarem que seus filhos sejam como eles. Querem que o filho seja o que os pais são, isto é, um explorador dos outros, um inconsciente da Verdade Suprema, um apegado às ações. Isso é egoísmo, isso é a prolongação do ego. As pessoas desejam que o filho seja tudo aquilo que elas desejaram ser na matéria e não conseguiram. E assim vão-se esquecendo da verdadeira essência que são. O corpo nasce do prazer de duas pessoas. Essa é a história da manifestação. A manifestação nasce pelo prazer de nascer. E o ego é uma manifestação com seus apegos, a prolongação de um desejo de nossos antepassados. O que temos que fazer é cortar essa corrente. É natural casar-se. É natural unir-se. Porém acontecem as emoções, a ignorância, as programações tradicionais que proíbem que o próprio casal sinta a unidade. Os seres são unos, mas partem para os opostos, apegam-se aos prazeres do corpo e não os usam em harmonia. Com a meditação e com a devoção é possível cortar em nós a vibração de posses, de apego às ações, o desejo de prazeres de todos os tipos, que hoje a humanidade experimenta em grande escala e acha que isso é liberdade, é evolução. Mas se isso fosse evolução, não seria necessário virem Mestres ensinar sobre a libertação dessas coisas. As pessoas dizem que só na antiguidade existia a humanidade perversa que praticava grandes orgias. Mas hoje em dia há milhares de cidades, e até mesmo comunidades que se dizem espirituais, na depravação mental, sexual, possuídas pelos tóxicos. Os planos manifestados, maya, são falsos. Os Mestres de todas as épocas têm ensinado isso. O adepto medita e descobre por que a manifestação é falsa. Nela há muito treinamento, mas é preciso ter cuidado para não ficar observando-a e analisando-a. Conta uma lenda antiga que certa pessoa gostava de observar a maya, pois achava que aprendia muito dela. Um certo dia foi atingida por uma flecha e, quando veio o médico, a pessoa se recusou a extraí-la para ver sua origem, de que direção viera, de que material era feita pois achava muito importante aprender de toda experiência que maya proporcionava. Porém, queria observar tanto que, quando permitiu que o médico a curasse, morreu. É preciso ter cuidado para não ficar tanto na matéria que se acaba morrendo espiritualmente. Há pessoas que fazem escavações de coisas antigas achando que vão aprender algo. E se as mandarmos meditar, dizem que somos alienados, que a Índia toda é alienada, que todo Mestre é alienado. E elas, o que são, que exploram túmulos de faraós à procura de múmias? O Mestre lhes oferece a consciência do divino, mas elas se recusam e dizem que vão atrás da múmia, atrás da morte, atrás de um faraó que há milhares de anos enterrou seu próprio ego, que pode ter sido um rei déspota que matou muitas pessoas e que estava preso ao poder, à corrupção. Que segredo há em uma múmia, ou em um tesouro escondido em algum lugar do Himalaia? Há pessoas que escalam o Himalaia e quando chegam ao topo dizem: “Subi”. E daí? Terão que descer. Se ficassem lá em cima emancipadas, todos os Mestres subiriam. Mas se estão lá, não emancipadas, têm o perigo de morrer de frio. Essa é a maya. Ela é quente, fria, é dualidade. Temos que discernir o que é real e o que é irreal. Nada é proibido na Maha Yoga. Não somos contra nada. Apenas damos os ensinamentos. Se alguém acha que foi atacado, isso é problema dele. Vai ter que resolvê-lo. O Mestre dá o ensinamento em sua totalidade. Se a pessoa entende cinco por cento dele já é alguma coisa. Se não entendeu nada, está muito mal, está-se auto-enganando, pois os ensinamentos são bastante claros. O Mestre alerta a todos para ficarem bastante atentos. Não se podem adaptar os ensinamentos a interesses próprios e se auto-enganar. É preciso ver a realidade. Há aqueles que são muito bons discípulos, mas eles próprios colocam pedras em seus caminhos, as quais se tornam difíceis de serem removidas. E outros ainda tentam formar montanhas de obstáculos em seu caminho espiritual. Isso é perda de tempo porque terão que os eliminar com suas próprias forças. Então o trabalho é duplo. Se o adepto notar que está lutando contra alguma coisa que lhe traz sofrimento, mas mesmo assim deseja possuí-la vai, indubitavelmente, responder por essa falha. O próprio adepto a cria e ele mesmo deve desfazê-la. Nada tem o Mestre a ver com isso. O problema do homem é o apego. Muitos se apegam até ao divino. Nem ao divino deve-se apegar. É preciso destruir a falsa idéia de que se é o corpo, a mente, os sentidos, os desejos. O ego tem que se render ao Ser Supremo. Na meditação iniciática ativa-se a parte divina, ativam-se todos os veículos de conscientização espiritual para que tudo isso se processe. Esse é o começo da consumação do ego profano. A partir daí ele está fadado a se entregar. Nesse período o ego passa a ser submisso, perdendo a força. É ego profano enquanto for contrário a meditar, a devocionar, enquanto conduz o adepto aos apegos. Quando deixa de ser profano, passa a ser chamado, na Maha Yoga, de veículo de conscientização. Dissolve-se o sentido “eu” e surge conscientemente o Ser. A sensação de “eu”, “tu” deixa de existir na pessoa, ficando só a consciência do Ser Absoluto. Então não haverá mais ciúme, inveja, preocupação, insegurança. Essas sensações pertencem ao ego, à mente. Quanto mais o adepto se submergir na própria essência, que é o Ser, mais essas sensações desaparecem. Todos são o divino, mas é necessário cortar as arestas. O ego é um nefasto companheiro enquanto se está com ele, mas pode também obedecer e ser submisso. Quando isso acontece, ele se dissolve e aí permanece o que todos são, o Ser. O ego profano é ilusório. O Ser Supremo que se reflete em todos os seres do universo é eterno e não sofre modificações. O Ser é a expressão máxima da Verdade Suprema, o ego profano é oposto à Verdade, e assim sendo, manifesta a falsidade em todos os aspectos, ante os olhos dos ignorantes da Verdade. O ego profano gera o ódio, a calúnia, a lascividade, o assassinato, o roubo e tudo aquilo que causa dano; e o Ser Supremo é a força eterna das virtudes divinas. O ego profano provém da profundeza da inconsciência e ignorância espiritual dos homens. Ele oferece prazeres e ganâncias satisfatórios, mas seus resultados são a intranqüilidade, a miséria e a morte. O ego dá aos homens frutos frondosos aos olhos e agradáveis ao olfato, mas por dentro estão recheados de amarguras. Quem conhece bem o ego profano, conhece o mundo ilusório e sabe que as coisas que ele oferece são transitórias; quem conhece a Essência Universal, é consciente do Ser Supremo e sabe muito bem que ele é eterno.