Filosofia e Educação

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Filosofia e Educação
A educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em se
mesma, mas si como um instrumento de manutenção ou transformação social.
Necessita de pressuposto, de conceitos que fundamentem e oriente os seus
caminhos.
As relações entre Educação e Filosofia parecem ser quase “naturais”.
Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento dos jovens e das novas
gerações de uma sociedade, a filosofia é a reflexão sobre o que e como devem ser
ou desenvolver estes jovens e esta sociedade. Os pré-socráticos , dedicavam-se a
entender a origem do cosmos e a criar uma compreensão para a educação moral e
espiritual dos homens. Os sofistas foram educadores. Foram, inclusive, no Ocidente
os primeiros a receberem pagamento para ensinar. Sócrates foi o homem que
morreu em função de seu ideal de educar os jovens e estabelecer uma moralização
do ambiente grego ateniense. Platão foi o que pretendeu dar ao filósofo o posto de
rei, a fim de que este tivesse a possibilidade de imprimir na juventude as idéias do
bem, da justiça, da honestidade.
A filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está
situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos podem
caminhar. A educação é responsável pela direção da sociedade, na medida em que
ela é capaz de direcionar a vida social, salvando-a da situação em que se encontra;
grupo entende que a educação reproduz a sociedade como ela está; há um terceiro
grupo de pedagogos e teóricos da educação que compreendem a educação como
uma instância mediadora de uma forma de entender e viver a sociedade.
Educação como redação da sociedade
A tendência redentora a sociedade está “naturalmente” composta com todos
os seus elementos; o que importa é integrar em sua estrutura tanto os novos
elementos (novas gerações), quanto os que, por qualquer motivo, se encontram à
sua margem. Importa, pois, manter e conservar a sociedade, integrando os
indivíduos no todo social.
A educação formação da personalidade dos indivíduos, para o
desenvolvimentos de suas habilidades e para a veiculação dos valores éticos
necessários à convivência social, nada mais tem que fazer do que se estabelecer
como redentora da sociedade, integrando harmonicamente os individuas no todo
social já existente. A educação, nesse sentido, tem por significado e finalidade a
adaptação do indivíduo à sociedade. Deve “reforçar os laços sociais, promover a
coesão social e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social”.
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Curando-o de suas mazelas. Este é um modo ingênuo de compreender a relação
entre educação e sociedade. Comênio², Didática Magna: Ensinar tudo a todos.
Parte da compreensão de que o mundo foi criado bom e harmônico por Deus.
Pela desobediência, o ser humano introduziu o desequilíbrio, o pecado! Deus
mandou Cristo para trazer a salvação para os seres humanos e oferecer-lhes a
oportunidade de retornar ao equilíbrio e à harmonia. À educação cabe a
recuperação dessa harmonia perdida.
E Comênio completa essa consideração, identificando os desvios do ser
humano e da sociedade da sua época no que se refere à inteligência, à prudência, à
sabedoria, ao amor próprio, à justiça, à castidade, à simplicidade etc. Ele é o meio
mais eficaz de redimir essa sociedade.
Os enciclopedistas da Revolução Francesa (pedagogia tradicional) e os
pedagogos do final do século passado (pedagogia nova) continuaram com essa
mesma compreensão. Tanto Comênio, como os enciclopedistas e pedagogos
renovados, todos consideram a sociedade como um todos orgânico que deve ser
mantido e restaurado através da educação. Dermeval Saviani dá a denominação de
“teoria não crítica da educação”.
A segunda tendência de interpretação do papel da educação na sociedade é
a que afirma que a educação faz, integralmente, parte da sociedade e a reproduz
dentro da sociedade e exclusivamente ao seu serviço, mas a reprodução no seu
modelo vigente, perpetuando-a, se for possível da sociedade implica entendê-la
como um elemento da própria sociedade, determinadas por seus condicionantes
econômicos, sociais e políticos — portanto, a serviço dessa mesma sociedade e de
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seus condicionantes visão da educação é “não crítica”. Aqui, ela é “crítica”, porém
além de ser crítica, é reprodutivista, desde que a vê somente como elemento
destinado a reproduzir seus próprios condicionantes. Dermeval Saviani denomina
esta tendência de “teoria crítico-reprodutivista” da educação. Louis Althusser,
Ideologia
e
aparelhos
de
ideológicos
de
Estados.
A
tendência
“crítico-
reprodutivista” não propõe uma prática pedagógica, mas analisa a existência,
projetando essa análise para o futuro. Ideologia a aparelhos ideológicos de Estado,
pressupostos marxistas, necessária a “reprodução cultural” da sociedade. A força
de trabalho possui duas vertentes que servem diretamente ao sistema produtivo:
uma vertente biológica e outra cultural. O termo “proletário” tem seu sentido
primitivo em “prole”, que significa exatamente a multiplicação biológica dos
homens. O sistema de produção capitalista sustenta a reprodução biológica pelo
salário. Do ponto de vista cultural, a força de trabalho deve manifestar
competência no exercício das atividades que garantem a produção. “Não basta
assegurar à força de trabalho. A força de trabalho deveria ser competente, isto é,
apta a ser posta a funcionar no sistema complexo do processo de produção”.
Deve-se, pois, não só reproduzir a mão-de-obra do ponto de vista
quantitativo (biológico), mas também qualitativo (cultural), necessária a formação
profissional do ponto de vista qualitativo. Foi delegada a uma instituição social
específica: a escola. A escola principal instrumento para a reprodução qualitativo
da força de trabalho de que necessitava a sociedade capitalista, dois sentidos
diversos. Aprender-se, portanto, saberes práticos e ao mesmo tempo que ensina
estas técnicas e estes conhecimentos, a escola ensina também “as regras” dos bons
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costumes, isto é, o comportamento que todo agente da divisão do trabalho deve
observar, uma reprodução da submissão desta à ideologia dominante, para os
operários, e uma reprodução da capacidade para manejar bem a ideologia
dominante, para os agentes da exploração e da repressão, a fim de que possam
assegurar, também “pela palavras”, a dominação da classe dominante. Saberes
práticos torna-se básico que essa reprodução se dê sob a égide da sujeição à
ideologia dominante. Ao “saber fazer” acrescente-se o “saber comportar-se”.
A escola, segundo a análise de Althusser, é o instrumento criado para
otimizar o sistema produtivo e a sociedade a que ele serve, pois ela não só qualifica
para o trabalho, socialmente definido, mas também introjeta valores, que
garantem a reprodução comportamental compatível com a ideologia dominante. O
Estado, com seus aparelhos, é o fator fundamental de manutenção e reprodução da
sociedade. Aparelhos repressivos que se manifestam pelo exercício da violência e
de seus aparelhos ideológicos – que veiculam e inculcam valores da sociedade
vigente, tendo em vista sua manutenção e reprodução. Aparelhos ideológicos:
religioso, escolar, familiar, jurídico, sindical, da informação, cultural (letras, artes,
etc). “prima-dona”: a Escola substituiu a Igreja no esquema da reprodução através
da veiculação de valores e garantem a hegemonia política, sustentadora do poder,
pelo processo de reprodução das relações de produção vigentes na sociedade.
Convém ao papel que ela deve desempenhar na sociedade de classes:

Papel de explorado

Papel de agente da exploração

De agente de repressão
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
Ou (de) profissionais da ideologia
Não é a escola que institui a sociedade, mas, é, ao contrário, a sociedade
que institui a escola para o seu serviço, é o instrumento de reprodução e, por isso
mesmo, de manutenção do sistema social vigente que não há possibilidade
nenhuma para a escola de trabalhar pela sua transformação. Uma perspectiva
reprodutivista, chegando ao pessimismo derrotista que pode ser visto, perspectiva
compreender e educação como mediação de um projeto social. Serve de meio para
realizar um trajeto de sociedade; projeto que pode ser conservador ou
transformador. Possível compreender a educação dentro da sociedade, com os seus
determinantes e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar pela sua
democratização.
A tendência redentora é otimista em relação ao poder da educação sobre a
sociedade, a tendência reprodutivista é pessimista, no sentido de que sempre será
uma instancia a serviço do modelo dominante de sociedade. A tendência redentora
pretende “curar” a sociedade de suas mazelas, adaptando os indivíduos ao modelo
ideal de sociedade. A tendência reprodutivista afirma que a educação não é senão
uma instância de reprodução do modelo de sociedade ao qual serve. Uma
reconhece que a educação é a instância que corrige desvio do modelo social; outra
reconhece que a educação reproduz o modelo social. Organização da sociedade é
tida como “natural” e a-histórica, otimismo de um lado, pessimismo de outro.
Os teóricos da terceira tendência, nem negam que a educação tem papel
ativo na sociedade, nem recusam reconhecer os seus condicionantes dos próprios
condicionantes históricos. Denominada de “crítica” não cede ao ilusório otimismo,
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pode ser uma instância social, entre outras, na luta pela transformação da
sociedade, na perspectiva de sua democratização efetiva e concreta, atingindo os
aspectos não só políticos, mas também sociais e econômicos. Trabalha para realizar
esse projeto na prática. Se o projeto for conservador, medeia a conservação;
projeto for transformador, medeia a transformação; se o projeto for democrático,
medeia a realização da democracia. Ela poderá ser reprodutora, mas não
necessariamente; desde que poderá ser criticizadora. Libertação das maiorias
dentro da sociedade.
A tendência redentora propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto
de vista político, acreditando que a educação tem poderes quase que absolutos
sobre a sociedade. A tendência reprodutivista é crítica em relação à compreensão
da educação na sociedade, porém pessimista, não vendo qualquer saída para ela, a
não se submeter-se aos seus condicionantes. Tendência transformadora, que é
crítica, recusa-se tanto ao otimismo ilusório, quanto ao pessimismo imobilizador.
Propõe-se compreender a educação dentro de seus condicionantes e agir
estrategicamente para a sua transformação. Propõe-se desvendar e utilizar-se das
próprias contradições da sociedade, para trabalhar realisticamente (criticamente)
pela sua transformação.
O termo liberal não tem o sentido de “avançado”, “democrático”, “aberto”,
como costuma ser usado, justificação do sistema capitalista, interesses individuais
da sociedade, propriedade privada, sociedade de classe, tendências liberais, formas
ora conservadora, ora renovada.
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A pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por função preparar
os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, as aptidões individuais, adaptas
os valores e as normas vigentes na sociedade de classe do desenvolvimento da
cultura individuais, esconde a realidade das diferenças de classe, não leva em
conta a desigualdade de condicional e evoluiu a pedagogia renovada. Tendência
tradicional, ensino humanístico, de cultura geral, aluno é educado para agir, pelo
próprio esforço, sua plena realização como pessoa, predominância da palavra do
professor, postas, do cultivo exclusivamente intelectual. Tendência liberal
renovada acentua, o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões
individuais, é um processo interno, partes das necessidades e interesses individuais
necessárias para a adaptação ao meio. Valorize a auto-educação, a experiência
direta sobre o meio pela atividade centrada no aluno e no grupo. Duas versões
distintas: renovada progressivista, ou pragmatista, pelos pioneiros da educação.
Anísio Teixeira, Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget. Não-diretiva autorealização as relações interpessoais, psicólogo Carl Rogers.
Tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade, preparação
de “recursos humanos” A sociedade industrial e tecnológica estabelece as metas
econômicas, sociais e políticas, a educação treina (também cientificamente) nos
alunos os comportamentos de ajustamento e essas metas maximização da produção
e garantir um ótimo funcionamento da sociedade; qualificação da mão-de-obra,
pela redistribuição da renda, pela maximização da produção. Manutenção do Ensino
autoritário, tecnologia educacional, análise experimental do comportamento.
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Leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º
e 2º graus.
O termo “progressista”, emprestado de Snyders, análise, crítica das
realidades, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação a
pedagogia progressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade
capitalista; daí ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras
práticas sociais. Autogestão, primazia dos conteúdos no seu confronto com as
realidades sociais, prática social, junto ao povo, educação popular “não-formal”.
Crítico-social dos conteúdos síntese superadora, inserida na prática social concreta,
mediação entre o individual e o social, saber criticamente reelaborando.
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