Ergonomia – carga cognitiva: modelo SRK de

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Ergonomia – carga cognitiva: modelo SRK de Rasmussen
Arilson da Silva Martins¹
[email protected]
Dayana Priscila Maia Meja²
Pós-graduação em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização de Processo – Faculdades Ávila
Resumo
Esse artigo apresenta a utilização do modelo SRK de Rasmussen como uma ferramenta para
quantificação da carga cognitiva em uma análise ergonômica do trabalho – AET. Sendo que
o modelo de Rasmussen foi adaptado para ser utilizado em qualquer tarefa, sendo ela simples
ou complexa. A princípio a metodologia deste trabalho apresenta e possibilita o
entendimento da aplicação do modelo SRK de Rasmussen para levantamento da carga
cognitiva sendo está utilizada para: 1) Levantar as cargas cognitivas das tarefas sendo sua
principal finalidade contribuir com outras ferramentas para a boa identificação dos riscos
ergonômicos cognitivos na atividade; 2) Auxiliar na elaboração de propostas eficazes quanto
aos riscos levantados na Analise Ergonômica do Trabalho - AET; e 3) Contribuir com a
melhoria da qualidade dos postos de trabalho e da qualidade nas atividades executadas pelos
colaboradores. O modelo SRK de Rasmussen muito contribui na identificação das cargas
cognitivas das atividades em que fora aplicado, auxiliando para a formatação dos programas
de treinamento, e com a utilização destas informações pode definir os treinamentos que
melhor atenderiam a demanda de trabalho e tornaria a exposição cognitiva mais confortável
para os colaboradores.
Palavras-chave: Ergonomia; Cognitivo; Rasmussen.
1 INTRODUÇÃO
O termo carga cognitiva é usado para definir as tarefas tais como o controle de processo, o
diagnóstico médico, a elaboração de projetos, a gestão e o planejamento da produção, a
programação de computadores. Todas as tarefas citada tem algumas características em
comum, tanto ao nível cognitivo quanto ao nível dos ambientes de trabalho nos quais e para
os quais elas foram desenvolvidas.
Para a ergonomia cognitiva, essas tarefas solicitam diferentes tipos de soluções para os seus
problemas tais como: a tomada de decisões, o planejamento; o desenvolvimento das
atividades, a antecipação, a monitoração e a elaboração de cálculos mentais.
No que tange os sistemas nos quais, e para os quais essas tarefas são desempenhadas, elas tem
as seguintes características:
- elas são constituídas de muitos componentes e fatores que se relacionam entre e si, que
interagem e que mudam de valor a cada momento;
- podem ocorrer eventos em momentos indeterminados e a natureza do problema a ser
resolvido pode mudar.
_____________________________
¹ Pós-graduando em Ergonomia: Saúde, Segurança e Otimização de Processo – Faculdades Ávila.
² Orientador: Fisioterapeuta Especialista em Metodologia de Ensino Superior e Mestranda em Bioética e Direito
em Saúde.
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- Há incerteza quanto ao momento em que um ou mais eventos podem ocorrer, e quanto à
gravidade das mudanças que eles podem trazer ao sistema de trabalho;
- Existem múltiplos objetivos quantitativos e qualitativos a serem alcançados, freqüentemente
conflitantes, entre os quais não há uma hierarquia pré determinada;
- As tarefas podem impor severas restrições de tempo aos colaboradores, podem ocorrer erros
humanos com graves conseqüências, e elas podem ser arriscadas.
Podemos ressaltar que a dificuldade das tarefas com cargas cognitivas são devidas tanto à
complexidade do processo necessário à execução das tarefas quanto à complexidade do
ambiente dentro do qual e para o qual elas são executadas.
2 ERGONOMIA COGNITIVA
A ergonomia cognitiva trata o ajuste entre as habilidades e as limitações humanas englobando
todas as relações mentais existentes na execução e para a execução de uma tarefa sendo esta
tarefa simples ou complexa.
Segundo Cañas & Waerns (2001) a ergonomia cognitiva visa analisar os processos cognitivos
implicados na interação: a memória (operativa e longo prazo), os processos de tomada de
decisão, a atenção (carga mental e consciência), enfim as estruturas e os processos para
perceber, armazenar e recuperar informações.
Segundo Abrahão; Sznelwar; Silvino; Sarmet; Pinho (2009), a ergonomia cognitiva refere-se
aos processos, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora, e seus efeitos nas
interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema.
Os temas mais relevantes referem-se ao estudo da carga mental de trabalho, tomada de
decisão, desempenho especializado, interação homem-computador, confiabilidade humana,
estresse profissional e a formação quando relacionados a projetos envolvendo seres humanos
e sistemas.
A ergonomia cognitiva dentro do seu campo de atuação tem como objetivo identificar a
consistência da qualificação requerida para que dado colaborador possa ocupar sua posição de
trabalho, sendo sua falta total ou parcial identificada numa análise ergonômica, pois a mesma
poderá acarretar sobrecargas, distúrbios no trabalhão e a geração de acidentes.
Em função da carga cognitiva a aprendizagem ocorre através de um processo no qual as
novas informações recebidas são relacionadas com informações já existentes na mente do
colaborador e só depois disso são gravadas na memória. Assim, o que for gravado na memória
será muito influenciado por aquilo que já existe na memória.
Segundo Corrêa (2003) a carga cognitiva refere-se as cargas advindas das exigências
cognitivas das tarefas. O uso da memória, as decisões, os raciocínios, as regras relacionadas à
tarefa.
Segundo Nunes & Giraffa (2003), o processo cognitivo humano refere-se ao estudo do
processamento humano de informações, sendo o estudo de como os seres humanos percebem,
processam, codificam, estocam, recuperam e utilizam as informações.
Os aspectos cognitivos podem contribuir para a associação dos riscos ergonômicos através
das subcargas cognitivas (monotonia) e das sobrecargas cognitivas (carga mental).
Segundo Grandjean (1998), entendemos monotonia como uma reação do organismo a uma
situação pobre em estímulos ou em condições com pequenas variações dos estímulos. Os mais
importantes sintomas da monotonia são os sinais de fadiga, sonolência, falta de disposição e
uma diminuição da atenção.
Segundo Iida (2011), Monotonia é uma reação do organismo a um ambiente uniforme, pobre
em estímulos ou com pouca variação de excitações. Tem-se que atividades prolongadas e
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repetitivas de pouca ou com pouca dificuldade tendem a aumentar a monotonia no
colaborador. A monotonia pode ser agravada por:
a)
b)
c)
d)
e)
Curta duração do ciclo de trabalho;
Período curto de aprendizagem;
Restrição dos movimentos corporais;
Locais mal iluminados, muito quentes e ruidosos;
Locais com isolamento social.
Nas subcargas cognitivas a tarefa tem pouca ou nenhuma necessidade de conhecimentos
recicláveis ou de tomada de decisão, embora algumas delas exijam conhecimento, mais por
ser cíclica e repetitiva, acaba por levar a automação.
A sobrecarga cognitiva ocorre sempre que há excesso de informação, condicionando assim
uma atividade significativa quanto à carga cognitiva, a grande dificuldade da ergonomia tem
sido identificar, quantificar e qualificar a sobrecarga cognitiva. A carga cognitiva também
pode ser aumentada dentro de uma atividade devido a seguintes situações:
a) Exigência de Tempo;
b) Situações de conflito;
c) Uso de códigos múltiplos.
Segundo Falzon (2009), o conceito de carga mental foi construído originalmente para tarefas
nas quais os esforços eram essencialmente de natureza física, sendo que as transformações do
trabalho e o interesse da ergonomia por novas situações, em particular a supervisão de
processo, levaram a ampliar a noção de carga mental.
Segundo Falzon (2009), a International Ergonomics Association (IEA) conceituou ergonomia
como a adaptação do trabalho ao homem ou, mais precisamente, como a aplicação de
conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para conceber ferramentas,
máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e
eficácia.
A figura 1 abaixo demonstra as interações entre a atividade física, a cognição e a descrição da
tarefa real que deverão ser consideradas para análise de carga cognitiva em uma atividade.
Operador
Características
genéticas
humanas
(físicas,
psicológicas,
sociológicas)
C
O
M
P
E
T
Ê
N
C
I
A
Demanda
Restrições
Suportes
Respostas
Atividades
Sistema
de
Trabalho
Demanda
Restrições
Condições
Metas / sub-metas
critérios p/ bom
resultado
Ambiente do
sistema de
trabalho
Fisicas
+
Cognitivas
Ações
Sistema
tecnológico
Posto de
trabalho
Sistema
empresarial e
organizacional
Ambiente físico
Co-operadores
Politicas sócioeconômicas
Resposta
Produtos
DT interpretado
DT real
DT prescrito
Resultados
do trabalho
Fonte: Zamberlan (2001)
Figura 1- Modelo Ergonômico Genérico
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Com o aumento da tecnologia e da informatização, houve o crescimento da importância da
ergonomia cognitiva, onde o principal aspecto tratado é a relação entre a cognição e a tarefa.
Considerando a carga cognitiva necessária para o desenvolvimento das atividades pode-se
considerar que as atividades que são automatizadas possuem uma carga cognitiva menor do
que aquelas para resolução de problemas, sendo que para um determinado posto de trabalho
esta vertente seja confirmada pela utilização do modelo Rasmussen para carga cognitiva, e
que com o auxílio de uma arquitetura cognitiva seja mais facilmente levantado as
necessidades de treinamento/qualificação para o desenvolvimento da tarefa junto aos
colaboradores.
Segundo Corrêa (2002), arquitetura cognitiva é a descrição dos diferentes elementos que
constituem o sistema cognitivo e suas relações.
Abaixo na figura 2 é apresentada a arquitetura Cognitiva segundo Richard e suas associações
a carga cognitiva.
Situação
Conhecimento
Raciocínio
Representação
CARGA COGNITIVA
+
Raciocínio
Automatizado
Raciocínio Não
Automatizado
Resoluções de
Problemas
Ação
Fonte: Corrrêa (2003)
Figura 2 – Arquitetura Cognitiva de Richard Relacionada a Carga Cognitiva
Na analise ergonômica a utilização da arquitetura cognitiva de Richard auxilia para melhor
compreensão da utilização do modelo Rasmussen adaptado como ferramenta para
levantamento de carga cognitiva das atividades de trabalho. Dentro da ergonomia o
levantamento da carga cognitiva da atividade deve ser para que possamos estabelecer uma
ação preventiva, considerando uma possível falha humana em função dos seguintes fatores:
falta de informação, falta de capacitação, falta de condições ergonômicas adequadas ou até
mesmo para evitar deslizes na operação.
Segundo Couto (1996), a falha humana é algo complexo, multideterminado, que não pode ser
reduzido a um simples modelo, porém é um fator complicador é que muitas vezes tem sua
origem em mais de um fator, sendo a origem unicausal excessão.
Na figura 3 é apresentado o hexágono das causas da falha humana baseado em Trevor Kletz.
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FALTA DE
INFORMAÇÃO
FALTA DE
CAPACIDADE
MOTIVAÇÃO
INCORRETA
FALTA DE
APTIDÃO
FÍSICA OU
MENTAL
CONDIÇÕES
ERGONÔMICAS
INADEQUADAS
DESLIZES
Fonte: Couto (1996)
Figura 3 – Hexágono das causas da falha humana baseado em Trevor Kletz
Segundo Couto (1996) é necessário se ter algum conhecimento sobre as seis facetas do
hexágono das causas da falha humana, pois é importante para o reconhecimento das suas
características e se torna necessário este conhecimento dos seus conceitos em virtude de
ampliar a visão integrada da ergonomia de cognição para auxiliar na melhor avaliação do
ambiente de trabalho no que tange o levantamento da cognição. Abaixo segue os conceitos
sobre as seis facetas do hexágono com seus respectivos exemplos:
a) Deslize ou slip ou escorregão é o termo reservado para o tipo de falha humana em que o
operador tem a informação necessária, tem capacidade para execução da tarefa, não passa por
nenhuma situação especial de pressão e mesmo assim erra, geralmente existem algumas
situações propicias para que essa forma de falha humana aconteça. São exemplos importantes
de deslize: acionamento errado de válvulas e botões de comando; abrir duas válvulas que
nunca poderiam ser abertas simultaneamente; acionar uma tecla ou botão errado porque existe
um outro semelhante; falha na detecção de algum processo; erros em cálculos que são feitos
de forma automática, erros na codificação alfa-numérica, etc.
b) Condições ergonômicas inadequadas são situações em que o individuo erra porque o
arranjo das estruturas com as quais o mesmo interage induz ao erro. São exemplos de
condições ergonômicas inadequadas: instrumento de leitura inadequado para aquela situação;
instrumentos de controle difícil de ser operado com precisão; posição ruim do corpo;
impróprio para a realização de determinadas tarefas; monotonia; avaliação errada de
dimensões; etc.
c) Falta ou perda da aptidão física ou mental significa a falta da aptidão que se caracteriza por
um termo amplo, podendo a mesma ser temporária ou permanente. O conceito da falta de
aptidão é de difícil identificação para o colaborador que realiza a Análise Ergonômica do
Trabalho – AET. São exemplo de situações que podem conceituar a falta ou perda de aptidão:
carga excessiva de trabalho; pressão de tempo; excesso de fatores de incerteza; individuo
franzino colocado para desenvolver trabalho pesado; etc.
d) Falta de capacidade é o erro decorrente de uma pessoa não ter o preparo básico de
capacitação (qualificação profissional) para a realização daquela atividade. São exemplos de
fatores onde é comum o erro por falta de capacidade: em sistemas complexos; proveniente de
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treinamento incompleto; não revisão periódica de treinamentos importantes; sistema de
trabalho estimulando o trabalhador polivalente; etc.
e) Falta ou insuficiência de informação se caracteriza pelo fato de que o executante que
cometeu o erro não sabia de uma informação que alguém, naquele instante, sabia. Exemplo de
erro ocasionado por falta de informação: linguagem diferente do corpo diretivo e dos
trabalhadores; pessoas em férias ou ausentes do trabalho; avaliação errada de informações
confusas; outras formas de falhas de comunicação verbal; etc.
f) Motivação incorreta trata-se daquela situação em que o trabalhador tem qualificação
profissional, detém a informação necessária, não esta vivendo nenhuma situação especial de
tensão, e mesmo assim faz a tarefa de forma errada. Exemplos de erros por motivação
incorreta: sabotagem; valores diferentes; espaço pessoal diante de regras muito rígidas;
trabalhadores muito experientes; indução a ação errada por motivos superiores; orientações
conflitantes; etc.
3 MODELO SRK RASMUSSEN
A necessidade de ferramentas e modelos cognitivos para se tentar descrever a carga cognitivo
realizado nas atividades, levou o modelo cognitivo de Rasmussen a ser utilizado neste
trabalho como ferramenta para análise cognitiva, sendo este modelo o que melhor articula os
componentes cognitivos para uma análise cognitiva ótima. Seu modelo descreve
qualitativamente diferentes modos do processamento de informação da pessoa em situação
real de trabalho.
Segundo Falzon (2009), o modelo desenvolvido por Rasmussen para considerar competências
cognitivas através do modelo SRK (Skill-Rule-Knowledge/Habilidades-RegrasConhecimento), foi completado e enriquecido com o objetivo de tratar a dinâmica dos
processos de controle das tarefas.
O modelo Rasmussen para análise de carga cognitiva no trabalho apresenta as seguintes
vantagens:
a) Continuidade: o modelo apresenta uma continuidade cognitiva em relação aos modelos
anteriores utilizados em psicologia do trabalho;
b) Clareza: o modelo apresentada uma clareza graças a um formalismo simples e conceitos
claramente definidos;
c) Operacionalidade: o modelo é suficientemente flexível para considerar uma grande
diversidade de situações de trabalho;
d) Formalização: o modelo apresenta uma formalização das diferentes fases no tratamento das
situações de trabalho;
e) Associação: o modelo associa, a um comportamento uma categorização das informações.
O Modelo de Rasmussen identificam três tipos de comportamentos do colaborador no
trabalho conforme descrito abaixo:
a) Comportamentos baseados em habilidades (Skills): essencialmente sensório-motores, que
são acionados automaticamente por situações rotineiras e se desenvolvem segundo um
modelo interno não consciente e adquirido previamente. As habilidades são pouco sensíveis
às condicionantes do meio ambiente e permitem reações rápidas, podendo se desenrolar
paralelamente com outras atividades. Podem, certamente, originar uma ação que seja resposta
inadequada ao estado do sistema.
b) Comportamentos baseados em regras (Rules): que são seqüência de ações controladas por
regras interiorizadas por aprendizagem. Essas regras apresenta um certo grau de variabilidade.
Os comportamentos baseados em regras são seqüências de ações controladas por normas
memorizadas por meio da aprendizagem. Contrariamente às anteriores, estes comportamentos
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supõem uma execução e, uma coordenação das mesmas, pois correspondem a situações
familiares, mas que tem um certo grau de variabilidade.
c) Comportamentos baseados em conhecimento (Knowledge): que aparecem nas novas
situações, para as quais não existem regras pré-construídas. Os comportamentos baseados em
conhecimentos aparecem em situações novas para as quais não existem regras préconstruídas. Esses tipos de comportamentos correspondem ao percurso do conjunto de etapas
descritas pelo esquema de Rasmussen. Elas estão mais ligadas aos esquemas do sujeito do que
à própria tarefa. Uma mesma tarefa pode ser familiar para um sujeito experiente e totalmente
nova para um aprendiz.
Outra característica do modelo de Rasmussen é que ele associa, a cada um dos
comportamentos, um significado particular quanto as informações tratadas:
a) As habilidades (destreza) são ativadas por “sinais”;
b) As regras são ativadas por “signos”;
c) Os conhecimentos são ativados por “símbolos”.
Conforme o modelo Rasmussen para análise da carga cognitiva a abordagem funcional fica
categorizada tendo os sinais utilizados em vista a função que exercem na atividade de
trabalho:
a) Os Sinais: habilidades;
b) Os Signos: regras;
c) Os Símbolos: conhecimentos
Dentro do estudo apresentado do uso do modelo Rasmussen como ferramenta para definir as
necessidades cognitivas de treinamento dos colaboradores de uma empresa, é importante e
necessário o entendimento aplicativo entre os tipos de comportamento, as informações
tratadas e inter-ralação entre estas duas funções exercidas na atividade de trabalho. A seguir é
exemplificado através da aplicação prática da tabelo 1do modelo Rasmussen adapto para
carga cognitiva:
a) Na tarefa a ação de prender o recipiente no freio da esteira transportadora (descrição da
tarefa real 1), temos o exemplo de comportamento baseada na “habilidade”, em função da
atividade ser basicamente pobre quanto a necessidade de tomada de decisão, sendo que o
principal fator para a sua realização é a destreza para acionar o freio no tempo correto para
prender o recipiente. Quando tratamos o comportamento baseado em habilidade o principal
ponto a ser verificado é que a habilidade somente será alcançada no decorrer do tempo
quando o colaborador tiver praticado e exercido a atividade, sendo necessário que o mesmo
seja treinado para entender o que deverá fazer dentro da sua atividade. A necessidade de
prender o recipiente através do acionamento do freio será a característica do “sinal” para a
realização da tarefa;
b) Na tarefa quando houver pouco ou muito gás no recipiente (descrição da tarefa real 3 e 4),
há a necessidade de uma tomada de decisão condicionada a quantidade de gás no recipiente o
que caracteriza o exemplo de comportamento baseada na “regra”, esta tomada de decisão
poderá ser facilmente resolvido através da elaboração de um procedimento operacional
definindo a tomada de decisão, onde o colaborador deverá ser treinado e o procedimento
disponibilizado para consulta no local de trabalho. O fato de no recipiente haver pouco ou
muito gás será o “reconhecimento” para que haja “associação do estado/tarefa” do que será
realizado, ou seja, se houver pouco gás o colaborador retira o plug fusível e se houver muito
gás o colaborador encaminha o recipiente para a decantação.
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c) Dentro do exemplo da aplicação do modelo Rasmussen para carga cognitiva (tabela 1) não
há exemplo de comportamento baseado em “conhecimentos”, mais para que seja melhor
entendimento será exemplificado com a atividade do operador de trafego aéreo, onde existem
diversas variáveis atuado na execução de sua atividade, e que em algum momento para que
uma decisão seja tomada corretamente será necessário os conhecimentos adquiridos ao longo
do tempo, não sendo possível que este conhecimento seja descrito em procedimento
operacional. A “identificação” do comportamento baseado em “conhecimento” pode ser
exemplificada por dois aviões voando na mesma rota mesmo após terem sido informados suas
rotas de vôo diferentes, sendo que a escolha da ação a ser tomada para evitar o acidente
reconhecido como a “decisão da tarefa” necessita dos conhecimentos adquiridos ao longo do
tempo pelo operador para que seja bem definida.
A figura 2 abaixo descreve o esquema do modelo SRK Rasmussen, apresentando os
comportamentos baseados em habilidade, regras e conhecimento e sua interação com suas
respectivas informações tratadas: Sinais, signos e símbolos.
Objetivos
Comportamento baseado em
conhecimentos
S
i
m
Comportamento baseado em
b
Regras
o
l
o
s
Identificação
Reconheciment
o
Decisão da
tarefa
Estoque de
regras para
tarefa
Associação
Estado/tarefa
S
i
g
n
o
s
Sinais
Comportamento baseado em
habilidade
Planejamento
Formação
Entrada sensorial
Padrões sensórios
motores
automatizados
Sinais
Ações
Fonte: Lima (2003)
Figura 4 – Modelo SRK Rasmussen
4 APLICAÇÃO DO MODELO SRK RASMUSSEN PARA CARGA COGNITIVA
(ADAPTADO)
A adaptação do modelo Rasmussen para carga cognitiva reflete a necessidade de se buscar a
resolver o problema da quantificação da carga cognitiva, bem como a qualificação dos
treinamentos que deverão ser atribuídos aos colaboradores em determinada atividade, o que
levou a adaptar o modelo em uma ferramenta de modo a torná-la mais eficiente quando
aplicada. O conceito aqui aplicado sugere a utilização de uma ferramenta (modelo
Rasmussen) para análise da carga cognitiva de uma determinada tarefa.
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A análise da atividade para carga cognitiva com a utilização do modelo Rasmussen (adaptado)
compreende os seguintes estágios:
a) Observação sistemática e registro das operações observáveis, em relação aos componentes
envolvidos na descrição real da tarefa.
b) Observar nas atividades a operação de maquinas/equipamentos, utilização de ferramentas
manuais, utilização de equipamentos de proteção individual – EPI, inspeções realizadas no
produto/processo, processos que exigem decisões, etc.
c) Inferência da descrição real da tarefa e da exigência cognitiva do processo.
d) Formulação de estratégias cognitivas por meio da interpretação da descrição real da tarefa,
referenciando às demandas quanto ao comportamento baseado na habilidade, comportamento
baseado na regra e o comportamento baseado em conhecimento conforme o modelo
Rasmussen (adaptado) para carga cognitiva.
A descrição real da tarefa executada pelo colaborador e de suma importância para um bom
levantamento da carga cognitiva através do modelo adaptado de Rasmussen, sendo que muita
das vezes se deixa de contemplar no levantamento quando considerada a descrição prescrita
alguma ação que possa necessitar de um treinamento especifico ou qualificação adequada.
Quando observado no processo produtivo a ergonomia tem como um de seus suportes a
diferença entre trabalho prescrito (teórico, formal) e o trabalho real (efetivo, em situação)
como dimensões centrais para se compreender os disfuncionamentos que se manifestam nas
organizações.
Conforme Leplat (1990), a distinção de descrição da tarefa prescrita e o a descrição da tarefa
real ocorre da seguinte forma, no primeiro caso a descrição da tarefa prescrita é concebido
pelo projetista e determinado pela organização. No segundo caso na descrição da tarefa real é
considerado o trabalho que o operador desenvolve na execução da sua atividade. Essas
diferenças podem ser devidas tanto à operação da tarefa em si mesmo (por exemplo,
mudanças impostas pelo avanço da tecnologia) quanto pelo esforço dos operadores para
adaptar a tarefa às demandas ou as suas características pessoais.
Segundo Ferreira e Freire (2001), na ergonomia a noção de trabalho prescrito tem sua origem
na administração cientifica, onde dentro do contexto se procura estabelecer a maneira como o
trabalho deve ser executado, o tempo previsto para as operações, os modos operatórios, etc.
Quanto que o trabalho real na Ergonomia é formado em termos da atividade dos operadores e
ocupa um lugar hierárquico central no estudo do trabalho, onde sintetiza e integra os
diferentes fatores que estruturam o processo de trabalho e que muita das vezes não é
observada no trabalho prescrito.
Na ergonomia é na situação real de trabalho que a atividade da total visibilidade aos
determinantes que condicionam a sua interação com o meio ambiente de trabalho.
A Tabela 1 abaixo representa a planilha utilizada para levantamento das informações e
aplicação do modelo SRK de Rasmussen na identificação dos processos onde existem cargas
cognitivas. A planilha apresenta as seguintes informações:
a) Cabeçalho: São informações quanto a identificação da empresa, o setor o qual foi aplicado
o método, o posto de trabalho para identificar a atividade, o elaborador responsável pela
avaliação e data de sua realização;
b) Descrição da tarefa real: É a descrição real detalhada da tarefa executada pelo colaborador
de forma que sejam levantadas as exigências cognitivas. Quando na realização do
levantamento identificar por ordem crescente os itens descritos;
c) Exigência cognitiva: É Definido conforme a descrição da tarefa se a exigência cognitiva é
baseada em habilidade, regras e conhecimento.
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d) Indicar nos respectivos comportamentos baseado na habilidade, regras ou conhecimento a
definição da correspondente tarefa de forma que na formação, reconhecimento e identificação
seja proposta a ação que exigira o referido treinamento/qualificação.
MODELO RASMUSSEN (ADAPTADO) - CARGA COGNITIVA
Empresa: Sociedade Fogás Ltda
Setor: Requalificação
Elaborador: Arilson S. Martins
Posto: Retirada de componentes roscados (válvula)
Data: 18/08/2011
DESCRIÇÃO DA TAREFA REAL
1) Prende o recipiente no freio da esteira transportadora.
2) Com a utilização de uma agulha verifica se há gás no recipiente.
3) Se houver pouco gás retira o plug fusível com a parafusadeira pnumática portátil
4) Se houver muito gás separa o recipiente para encaminhar a decantação.
5) Retira o componente roscado (válvula) com a utilização da desparafusadeira hidraulica.
6) Libera o recipiente do freio da esteira transportadora
7) Utiliza uma chave para afrouxar a válvula baixa quando ocorrer para facilitar sua retirada.
8) Na falta de recipiente realiza manuseio de área demarcada para alimentar a esteira transportadora.
9) Transporta baldes com as válvulas retiradas para a sala de recuperação de válvulas.
ENTRADA SENSORIAL
EXIGÊNCIA COGNITIVA
Habilidade
Habilidade
Regras/Habilidade
Regras
Habilidade
Habilidade
Regras/Habilidade
Regras/Habilidade
Habilidade
SINAIS
AÇÕES
???????????????
???????????????
???????????????
<=============================SINAIS=============================>
3)
5)
6)
7)
8)
9)
Comportamento baseado na
Regras
3)
4)
7)
8)
Comportamento baseado
em Conhecimentos
-
<==========SIGNOS==========>
1)
2)
<==================SIMBOLOS==================>
Comportamento baseado na
Habilidade
Formação
Padrões Sensoriais Motores Automatizados
Utilização do freio
Utilização da agulha
Utilização de parafusadeira
Pneumática Portátil
Utilização de parafusadeira
Hidraúlica
Utilização do freio
Utilização de chave
Manuseio de recipientes
Transporte de baldes
Treinamento prático no local de trabalho
Treinamento prático no local de trabalho
Reconhecimento
Pouco gás no recipiente
Muito gás no recipiente
Válvula baixa
Falta de recipiente na esteira
Treinamento prático no local de trabalho
Treinamento prático no local de trabalho
Treinamento prático no local de trabalho
Treinamento prático no local de trabalho
Treinamento prático no local de trabalho
Treinamento prático no local de trabalho
Associação
Estoque de Regras para Tarefa
Estado/Tarefa
Retirar plug fusível
Procedimento de operacional
Encaminhar para decantação
Procedimento de operacional
Facilitar a retirada da válvula
Procedimento de operacional
Alimentar esteira com recipinetes Procedimento de operacional
Identificação
Decisão da tarefa
Planejamento
-
-
-
???????????????
Objetivo
ELABORADO POR:
DATA:
Arilson S. Martins
18/08/2011
Fonte: Dissertação de Mestradao, LIMA, Sergio Luis dos Santos (2003)
Performance de Cognição
a) Comportamento Baseado em Habilidade = a atividade é realizada sem consciência, atenção ou controle.
b) Comportamento Baseado em Regras = tomadas de decisão por um raciocínio procedimental para resolução de problemas.
c) Comportamento Baseado em Conhecimento = a performance se desenvolve através do raciocínio que a pessoa utiliza para desenvolver
competências.
Percepção da Informação
a) Sinais = A Informação sensorial variavel , quando percebidos os sinais emitimos o comportamento baseado em habilidades.
b) Signos = A informação é utilizada para ativar ou modificar predeterminadas ações e manipulações, e referem-se a percepção e regras para
c) Simbolos = A informação é usada para gerar novas regras ou predizer a resposta do ambiente a distúrbios inéditos.
Tabela 1 – Método Rasmussen (adaptado) para carga cognitiva
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Após o levantamento das necessidades de treinamento na atividade executada, estas
necessidades deverão ser importadas para o plano de ação da Análise Ergonômica do
Trabalho – AET, sendo que este plano de ação deverá constar o nome do responsável pela
implementação da ação, o prazo estabelecido e o status em que se encontra o desenvolvimento
da ação.
Segundo Iida (2011), a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) visa aplicar os conhecimentos
da ergonomia para analisar, diagnosticar e corrigir uma situação real de trabalho. Ela foi
desenvolvida por pesquisadores franceses e se constitui em um exemplo de ergonomia de
correção. O método AET desdobra-se em cinco etapas: análise da demanda, análise da tarefa,
análise da atividade, diagnóstico; e recomendações. As três primeiras constituem a fase de
análise e permitem realizar o diagnóstico para formular as recomendações ergonômicas.
5 CONCLUSÃO
O trabalho apresentado utilizou o Modelo de Rasmussen como ferramenta para auxiliar na
elaboração de uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) com o objetivo de facilitar o
levantamento da carga cognitiva no ambiente de trabalho, sendo está ferramenta voltada para
contribuir na definição dos treinamentos ao qual os colaboradores de determinada atividade
devam ser treinados, também lembrando que em outras literaturas já existem citações do uso
do Modelo de Rasmussen aplicadas em ergonomia. O modelo de Rasmussen adaptado para
identificação da carga cognitiva na elaboração da Análise Ergonômica do Trabalho – AET
apresentou grande simplicidade quanto a sua aplicação, facilidade na interpretação das
informações compiladas e auxiliou na elaboração de ações voltadas para o
treinamento/qualificação dos colaboradores na execução da sua tarefa. Com a implantação das
ações propostas na AET certamente será observado junto aos postos de trabalho uma presente
melhora no rendimento da produtividade, aumento na qualidade do serviço/produto
produzido, maior satisfação do colaborador na ambiente de trabalho e redução dos acidentes
ocasionados em função da carga cognitiva. Desta forma o modelo de Rasmussen adaptado foi
de grande valor como ferramenta para a elaboração da Análise Ergonômica do Trabalho –
AET e para o levantamento da carga cognitiva da tarefa.
6 REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, Júlia. SNERLWAR, Laerte. SILVINO, Alexandre. SARMET, Maurício.
PINHO, Diana. Introdução a Ergonomia da Prática à Teoria. 1º Ed. Editora Edgard
Blucher Ltda. São Paulo, 2009.
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