INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA LAURA MELISSA BARRETO CHRISTOFORI OS DESAFIOS DO APRENDER PELOS SUJEITOS DO PROEJA: CONHECIMENTO OU INFORMAÇÃO? Campos dos Goytacazes/RJ 2012 LAURA MELISSA BARRETO CHRISTOFORI OS DESAFIOS DO APRENDER PELOS SUJEITOS DO PROEJA: CONHECIMENTO OU INFORMAÇÃO? Artigo científico original apresentado Instituto Federal ao Fluminense como requisito primordial para conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Educação Profissional Integrada à Educação Básica. Orientadora: Judith Daniel Campos dos Goytacazes 2012 4 RESUMO Esse artigo vem relatar uma breve discussão que abordará alguns desafios enfrentados pela educação brasileira, dentre eles os conceitos diversificados de aprender e, para isso se faz necessário demonstrar alguns conceitos teóricos sobre o assunto. Com o objetivo de desenvolver um diálogo entre as teorias da aprendizagem, o aprender pelos sujeitos do Proeja e os desafios impostos pela sociedade para que tal aprendizagem possa ocorrer. Estabelecendo um embasamento teórico bibliográfico e de campo justificando a reflexão sobre os desafios do aprender pelos sujeitos em questão. A compreensão e o diálogo são os primeiros passos para detectar as causas dos problemas de aprendizagem pelos alunos do Proeja, tal como verificar a influência dos novos avanços tecnológicos da sociedade da informação nesse sentido. Pesquisas e investigações foram realizadas sobre esse âmbito, numa totalidade de 160 alunos dos 1º, 2º 5º e 6º módulos do curso de Eletrotécnica do PROEJA, com a intencionalidade de aprofundamento dessa relação dos sujeitos e a aprendizagem, mostrando que a interação professor-aluno e os métodos utilizados são primordiais para uma aprendizagem significativa dos discentes, assim buscando uma correlação de suas dificuldades de aprendizagem. Palavras-chave: Aprender- Informação- Proeja - Educação 5 1-INTRODUÇÃO Esse artigo vem relatar uma breve discussão que abordará alguns desafios enfrentados pela educação brasileira, dentre eles os conceitos diversificados de aprender e, para isso se faz necessário demonstrar alguns conceitos teóricos sobre o assunto. Com intuito de desenvolver um diálogo entre as teorias da aprendizagem, o aprender pelos sujeitos do Proeja e os desafios impostos pela sociedade para que tal aprendizagem possa ocorrer. Estabelecendo um embasamento teórico bibliográfico e de campo justificando a reflexão sobre os desafios do aprender pelos sujeitos em questão. A compreensão e o diálogo são os primeiros passos para detectar as causas dos problemas de aprendizagem pelos alunos do Proeja, tal como verificar a influência dos novos avanços tecnológicos (computador, internet) da sociedade da informação nesse sentido. Pesquisas e investigações de teóricos como Piaget, Vigotsky, Pozo , entre outros, foram realizadas sobre esse âmbito com a intencionalidade de aprofundamento dessa relação dos sujeitos do PROEJA e a aprendizagem. Com intuito de desenvolver uma breve discussão sobre as várias teorias da aprendizagem buscando uma correlação e entendimento de como ocorre aprendizagem humana e suas dificuldades no século XXI. Diante de uma inquietação profissional e das dificuldades de aprendizagem para obter uma aprendizagem significativa dos alunos do PROEJA inspiraram essa discussão reflexiva. Percebe-se uma interação do aluno com as diversas tecnologias avançadas (Celular, Televisão, internet, entre outras), no entanto, não conseguem o mesmo com os conteúdos ministrados em sala de aula. Diante dessa problemática senti uma imensa necessidade de dialogar sobre esses desafios do aprender e a sociedade. A globalização da educação popular contribui para uma reflexão geral do ser humano em termos sociais sendo menos monolítica, unidirecional e com abertura para discussões democráticas sobre o sistema educacional, especialmente o PROEJA. 6 Hoje em dia, a aprendizagem dos alunos é como deveria ser ou será que todos aprendem da mesma maneira? Como será que eles estão assimilando e compreendendo os conteúdos das disciplinas diante de todo aporte tecnológico? A escola é uma mola de transformação que comprime e expande ao bel prazer das mudanças tecnológicas? Teremos que nos adaptar ou nos acomodar com o novo mundo que nos é oferecido? Aprender é adquirir um conhecimento ou informação? Vale ressaltar que todos esses questionamentos permeiam para o ensino do PROEJA que certamente se constitui um desafio superior aos demais, pois são alunos adultos que não freqüentaram a escola na idade certa e que buscam uma formação para conseguir ser inserido no mercado de trabalho. Evidentemente, que a maioria das perguntas acima só serão respondidas com a observação e pesquisa de campo realizada nesse sentido de aprofundar tais questionamentos. Sabe-se que nem todos os questionamentos serão respondidos, mas pelo menos tentarei chegar perto de uma resposta mesmo que não seja tão objetiva, isso dependerá de cada vivência e prática de cada docente e discente. 2- O NASCER DO EJA/PROEJA Com a demanda do mercado de trabalho e obrigatoriedade da LDBEN de qualificar a mão-de-obra trabalhadora na formação de técnicos especializados nasceu o EJA/PROEJA, segundo o capítulo XI(LBDEN), “da educação básica de jovens e adultos trabalhadores e do ensino noturno”, assim legitimando às necessidades educacionais dessa clientela. O artigo 208(LBDEN) relata que é dever do Estado garantir o ensino fundamental e médio gratuito, inclusive àqueles que não tiveram acesso na idade própria, adequando às necessidades das condições do educando, como em programas suplementares de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde. Para essa clientela de alunos que busca uma escolarização e uma formação técnica foi criado pelo governo federal um programa intitulado PROEJA, Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, instituído pelo decreto nº 5.478/2005 e ampliado pelo nº 5.840/2006 que tem por concepção a formação integral do educando visando todos os 7 campos do conhecimento, sendo esse social, profissional e ético. Assim, atendendo à necessidade de qualificação profissional dessa clientela excluída do ensino regular. Segundo os princípios do Documento Base desse programa (p.37 e 38) depreendese da construção de um projeto possível de uma sociedade mais igualitária pelo qual seu foco norteador são as políticas de educação profissional do atual governo tais como: a expansão da oferta publica de educação profissional, o desenvolvimento de estratégias de financiamento público permitindo a obtenção de recursos para um atendimento de qualidade, a oferta de educação profissional dentro da concepção de formação integral do cidadão, que se combine em sua prática e nos seus fundamentos cientifico-tecnológicos, histórico-sociais, ciência e cultura, e o papel estratégico da educação profissional nas politicas de inclusão social. Para analisarmos qualitativamente o artigo referente se faz necessário destacar alguns teóricos que abordem a tipologia de escolas recorrentes durante esse processo na educação brasileira entre eles a diferenciação entre a escola fábrica e a escola atual. 3-A ESCOLA FÁBRICA X ESCOLA ATUAL A escola fábrica vive um momento de crise que não atende mais às necessidades da construção do conhecimento devido à revolução da tecnologia da informação, por isso deve-se repensar na construção do saber em sala de aula com a finalidade de desconstruir o modelo da escola teórica e reprodutora, assim assumindo um ambiente pelo qual se possibilite a aprendizagem dentro de uma estrutura social capaz de atrelar teoria à prática enfocando o sujeito epistêmico reestruturado cognitivamente. Piaget (2002) dialoga com a aprendizagem por reestruturação que significa reconstruir os esquemas mentais do ser humano e interagí-los com o objeto de estudo desenvolvendo habilidades e competências, assim ocorrerá realmente mudanças no contexto educacional. Em contrapartida, o processo de aprendizagem por associação que não se considera mais como um modelo ideal e contemporânea para a formação do homem baseava-se em teorias comportamentalistas pelo qual a aprendizagem se construía através da associação, estímulos incondicionados são aqueles que o aluno aprende e 8 reproduz sem pensar naquilo que está fazendo, mecanicamente com estímulo neutro, associação do comportamento a uma resposta e aprendizagem por repetição. O ser humano contudo, diferentemente dos demais animais é capaz de antecipar os resultados de suas ações e de escolher os caminhos que irá seguir para tentar alcançar suas finalidades. Pensando em satisfazer as necessidades vigentes de um novo modelo de escola devem ser pautados em práticas educativas alternativas que forneçam novas pistas, reflexões incorporadas e conhecimentos sendo construídos dentro de um ciclo do pensar e fazer. 4-O APRENDER DE PIAGET As teorias de Piaget (2002) sobre o desenvolvimento psicológico mostraram-se muito influentes em relação á aprendizagem. Entre outros, o filósofo e cientista social Jürgen Habermas as incorporou em seu trabalho, mais notadamente em A Teoria da Ação Comunicativa. O historiador da Ciência Thomas Kuhn e o pensador marxista Lucien Goldmann tiveram em Piaget um interlocutor importante. A influência de Piaget na pedagogia é notável. Na área da alfabetização temos a obra de Emília Ferrero. No Brasil, suas ideias começaram a ser difundidas na época do movimento da Escola Nova, principalmente por Lauro de Oliveira Lima. Através da minuciosa observação de seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: sensório-motor, Pré-operacional (Pré-Operatório), Operatório concreto e Operatório formal. Nos estudos de Piaget, a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente. (WADSWORTH, 1996) Ele postula que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E postula também que todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que assimila, isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas, 9 sem com isso, perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo de processos interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação. Em outras palavras, define que o equilíbrio cognitivo implica afirmar a presença necessária de acomodações nas estruturas; bem como a conservação de tais estruturas em caso de acomodações bem sucedidas. Esta equilibração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse, desenvolveria apenas alguns esquemas cognitivos, esses muito amplos, comprometendo sua capacidade de diferenciação; em contrapartida, se uma pessoa só acomodasse, desenvolveria uma grande quantidade de esquemas cognitivos, porém muito pequenos, comprometendo seu esquema de generalização de tal forma que a maioria das coisas seriam vistas sempre como diferentes, mesmo pertencendo à mesma classe. Essa noção de equilibração foi a base para o conceito, desenvolvido por Paín (2005), sobre as modalidades de aprendizagem, que se servem dos conceitos de assimilação e acomodação, na descrição de sua estrutura processual. Segundo Wadsworth (1996), se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta, então, fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é alcançado. Segundo a teoria da equilibração, a integração pode ser vista como uma tarefa de assimilação, enquanto que a diferenciação seria uma tarefa de acomodação, contudo, há conservação mútua do todo e das partes. É de Piaget o postulado de que o pleno desenvolvimento da personalidade sob seus aspectos mais intelectuais é indissociável do conjunto das relações afetivas, sociais e morais que constituem a vida da instituição educacional. À primeira vista, o desabrochamento da personalidade parece depender sobretudo dos fatores afetivos; na realidade, a educação forma um todo indissociável e não é possível formar personalidades autônomas no domínio moral se o indivíduo estiver submetido a uma coerção intelectual tal que o limite a aprender passivamente, sem tentar descobrir por si mesmo a verdade: se ele é passivo intelectualmente não será livre moralmente. Mas reciprocamente, se sua moral consiste exclusivamente numa submissão à vontade adulta e se as únicas relações sociais que constituem as relações 10 de aprendizagem são as que ligam cada estudante individualmente a um professor que detém todos os poderes, ele não pode tampouco ser ativo intelectualmente. Piaget afirma que "adquirida a linguagem, a socialização do pensamento manifestase pela elaboração de conceitos e relações e pela constituição de regras. É justamente na medida, até, que o pensamento verbo-conceptual é transformado pela sua natureza coletiva que ele se torna capaz de comprovar e investigar a verdade, em contraste com os atos práticos dos atos da inteligência sensório-motora e à sua busca de êxito ou satisfação" . 5-A NOVA CULTURA DA APRENDIZAGEM Atualmente, a aprendizagem humana exige uma demanda de novos conhecimentos, saberes e habilidades que propõe a seus cidadãos uma sociedade com ritmos de mudanças acelerados graças ao advento de uma nova tecnologia da inteligência a informática. Baddeley dialogando com Pozo (2003), diz que as distintas espécies que habitam nosso planeta dispõem de dois mecanismos complementares para resolver o peremptório problema de se adaptar a seu meio, um meio é a programação genética, que inclui pacotes especializados de respostas frente a estímulos e ambientes determinados e outro mecanismo adaptativo é a aprendizagem, quer dizer, a possibilidade de modificar ou modelar as pautas de comportamento diante das mudanças que se produzem no ambiente. É inegável que a espécie humana é a que dispõe não só de uma imaturidade mais prolongada e de um apoio cultural mais intenso, e de capacidades de aprendizagem mais desenvolvidas e flexíveis do que outras espécies. A linguagem, a ironia, a atribuição de intenções não poderíamos nos entender como pessoas, assim a função fundamental da aprendizagem humana é interiorizar ou incorporar a cultura. Ao dialogar com Pozo (2003) percebe-se que a construção do conhecimento exige uma outra forma de aprendizagem significativa, sem uma nova mediação instrucional, que por sua vez gere novas formas de enfocar a aprendizagem, as demandas sociais ultrapassarão em muito as capacidades e os recursos da maior parte dos aprendizes, 11 produzindo um efeito paradoxal de deterioração da aprendizagem; com menos exigências. Numa reflexão Vygotskyana (2007) relatando que cada sociedade, cada cultura gera suas próprias formas de aprendizagem, sua cultura da aprendizagem, em diferentes culturas se aprendem coisas diferentes, as formas ou processos de aprendizagem culturalmente relevantes também variam, com isso a relação entre o aprendiz e os materiais de aprendizagem, que se derivam da organização social dessas atividades e das metas impostas pelos instrutores e professores. Em primeiro lugar, a escola como instituição social alcança um novo desenvolvimento como conseqüência da Revolução Industrial, da mecanização do trabalho e da concentração urbana da população durante o século XIX, consolidando-se no presente século com a generalização da escolaridade obrigatória e gratuita nas sociedades industriais, o que produz, sem dúvida, mudanças notáveis nas próprias demandas de aprendizagem geradas pelos contextos educativos. Enfim, podemos dizer que em nossa cultura a necessidade de aprender se estendeu a quase todos os rincões da atividade social; é a aprendizagem é constante, jamais houve uma época em que tantas pessoas aprendessem tantas coisas distintas ao mesmo tempo, e também tantas pessoas dedicadas a fazer com que outras pessoas entendam essa necessidade de uma aprendizagem contínua nos obriga a um ritmo acelerado, quase neurótico, em que não há pratica suficiente, com o que apenas consolidamos o aprendido e o esquecemos com facilidade, somos levados a correr quando mal sabemos andar. A demanda de uma aprendizagem constante e diversa é conseqüência também do fluxo de informação constante e diverso ao qual estamos submetidos, pois as mudanças radicais na cultura da aprendizagem estão submetidas às novas tecnologias na conservação e na difusão da informação, estas mudanças tiveram um influencia muito limitada sobre as demandas sociais de aprendizagem, não somente porque seu uso se restringiu às elites administrativas, mas principalmente pelas limitações tecnológicas no armazenamento, conservação e difusão da informação, que faziam da escrita uma tarefa muito mais dispendiosa que a memorização dessa mesma informação, esses são um dos desafios enfrentados pelos sujeitos do PROEJA. 12 A sociedade da informação promove a captação fragmentária, confusa e muitas vezes enganosa como os programas escolares continuam funcionando, em grande medida como se a sociedade da informação não existisse, os alunos têm poucas oportunidades de organizar e dar sentido a esses saberes informais, relacionando-os com o conhecimento escolar. Para Pozo (2003) um traço característico de nossa cultura da aprendizagem é que, em vez de ter de buscar ativamente a informação com que alimentar nossa ânsia de previsão e controle, estamos abarrotados, superalimentados de informação, na maioria das vezes em formato ‘fast food’, sofremos uma certa obesidade informativa, conseqüência de uma dieta pouco equilibrada, daí que temos de nos submeter o quanto antes a um tratamento capaz de proporcionar novos processos e estratégias de aprendizagem que ajustem a dieta informativa a nossas verdadeiras necessidades de aprendizagem. O computador é um dos elementos em nossa cultura que foi incorporado de tal forma que perdemos a nossa identidade quanto professores não estão lamentando o desaparecimento da letra impressa pela cultura da imagem, os novos aprendizes os incorporam com toda a naturalidade desde tenra idade em sua cultura da aprendizagem. A informação flui de modo muito mais dinâmico, mas também menos organizado; as infovias permitam manejar suportes impressos tradicionais, mas ao mesmo tempo carecem da organização e da ordem que tinham esses suportes tradicionais. As modernas tecnologias da informação são muito acessíveis e flexíveis, podemos nos conectar com muita facilidade e navegar prazerosamente na rede, mas extrairemos pouca aprendizagem se não formos capazes de organizar nossa rota. Para isso, necessitam-se de estratégias para buscar, selecionar e reelaborar a informação que mencionava antes, como também de conhecimentos com os quais relacionar e dar significado a essa informação, a fragmentação dela está muito unida à descentração do conhecimento, que constitui um dos traços mais definitivos da cultura da aprendizagem atual. Frente a um saber absoluto, controlado rigorosamente por uma autoridade central, as modernas sociedades industriais não reduzem seus mecanismos de controle, 13 mas os multiplicam. No entanto, essa multiplicação de controles implica também uma diversificação dos mesmos, de forma que essa nova autoridade distribuída é mais incerta e vulnerável. No início do século XX trouxe uma ciência mais incerta, atraída pelo caos como uma mariposa pela luz, com verdades difusas e perecíveis, inclusive as mais exatas, se encheram de incertezas. O abandono do realismo como forma cultural de conhecimento da filosofia da ciência atual, em que em geral, assume-se que é uma construção, que todo fato está tingido de teoria, portanto, não é uma coleção de fatos, é um sistema de teorias. A cultura da aprendizagem direcionada para reproduzir saberes previamente estabelecidos deve dar passagem a uma cultura da compreensão, da análise crítica, da reflexão sobre o que fazemos e acreditamos e não só do consumo, mediado e acelerado pela tecnologia, de crenças e modos de fazer fabricados por nós. Devido a nossa realidade atual no âmbito educacional o profissional da educação deve estar sempre atualizando os seus conhecimentos e dominando novas ferramentas para o desenvolvimento do seu trabalho e deve ter consciência que seu papel mudou não é mais o detentor do conhecimento e sim, o mediador do mesmo, sempre aprendendo a aprender. 6-O ENSINAR E O APRENDER Segundo os estudos feitos pelo professor doutor Nildo Alves Batista da UNESP, se questiona o que realmente é ensinar e aprender e se o conhecimento é um processo de elaboração subjetiva e individual. Também aborda que aprender é adquirir uma informação com raciocínio, possibilidade de atuação e correlação. Em Zabala (1998) a aprendizagem é um processo articulado às características singulares de cada aluno, traduzindo experiências, motivações e interesses pessoais explicitados num dado contexto pelo qual implica em complexidade, diversidade, transformação, adaptação como intervenção crítica, significação afetiva, cognitiva, social, ética e moral. 14 Para Nildo (UNESP-2005), a nova informação é ativação do conhecimento anterior, codificação específica e elaboração dele e que o principal papel do professor é orientar a interação, propondo situações problemáticas que estimulem a curiosidade discente e a busca de compreensão da teoria, envolvendo o aluno na construção de tal sobre o conteúdo escolhido, estimulando-o a participar admitindo a duvidas e respeitando o tempo do próprio aluno. Assim se o grande problema da aprendizagem é unir teoria à prática, ensinar então é transmitir a informação desencadeando-a do aluno criando raciocínio, atuação e correlação, logo o docente se transforma de transmissor para facilitador e mediador do conhecimento. 7-DA ASSOCIAÇÃO À CONSTRUÇÃO O racionalismo clássico de Platão fala que a aprendizagem é muito limitada que na realidade não aprendemos nada realmente novo, a única coisa que podemos é refletir, usar a razão para descobrir novos conhecimentos inatos que jazem dentro dessa realidade, sem sabermos e nega a relevância à aprendizagem, são essas experiências que os proporcionam o conhecimento, as idéias puras. O empirismo: as teorias da aprendizagem por associação Em sua obra Pozo dialoga com Aristóteles sobre a origem do conhecimento que estava na experiência sensorial e nos permite formar idéias a partir da associação entre as imagens proporcionadas pelos sentidos, ao contrario de Platão que achava que o homem era uma tabula rasa ao nascer. Os princípios da aprendizagem associativa aborda que o conhecimento aprendido não é senão uma copia da estrutura real do mundo, a marca que as sensações deixam essa tabula de Aristóteles inicialmente imaculada, é uma aprendizagem baseada na extração de regularidades no meio ambiente, aprendendo que coisas tendem a acontecer juntas e que conseqüências costumam seguir as nossas condutas, o associacionismo comportamental que se associam estímulos e respostas como mecanismos associativos tendo a contigüidade, a repetição e a contingência. Uma outra reflexão sobre a aprendizagem Juan Pozo cita o Skinner relatando que uma boa gradação de objetivos e tarefas, apoiada em certas técnicas especificas e 15 acompanhada de um programa de reforços levará com eficiência como quem aprende a andar de bicicleta nunca mais esquece pode levar anos sem andar. Esses processos são universais, os mesmos em todas as tarefas em todas as espécies, é o principio de equipotencialidade, de acordo com o positivismo lógico e o comportamentalismo o animal e o homem se reduz a umas poucas leis objetivas e universais. 8-O COMPORTAMENTO HUMANO DIALOGA COM A APRENDIZAGEM O comportamento humano está interligado com essas habilidades construídas (aprender e pensar), que, segundo Elaine Braghrirolli, autora da obra Psicologia Geral, não devemos pensar, entretanto, que é só o ser humano que aprende. Sabe-se que todas as formas mais organizadas de vida animal aprendem, mas a importância da aprendizagem é maior quanto mais evoluída a espécie, deduz-se que todo comportamento humano é aprendido. O homem é o animal mais dependente da aprendizagem para sobreviver, é a capacidade de aprender que torna possível às gerações tirar proveito das experiências e descobertas das gerações anteriores promovendo o progresso. aprendizagem leva o individuo a viver melhor ou Exaltando “a pior, mas indubitavelmente, a viver de acordo com o que aprende.”(CAMPOS, 1976,p.8) O comportamento instintivo é concebido como complexo, universal, uniforme de cada espécie, de aparecimento súbito, não requerendo treinamento ou aprendizagem previa e tendo valor de sobrevivência que se distingue da resposta reflexa que é um processo local e o instintivo envolve o organismo no seu total, como por exemplo o instinto maternal de uma rata e construção dos ninhos dos pássaros. Em geral, considera-se o comportamento aprendido (ou adquirido) como relativamente independente da hereditariedade e o não-adquirido como livre de qualquer aprendizagem. Para o ser humano, a aprendizagem desempenha um papel mais importante do que para qualquer outra espécie animal, de forma que, se o homem não tivesse a capacidade de aprender, não teria condições de sobrevivência. O conceito de aprendizagem é muito amplo e complexo, por isso ocorre uma certa dificuldade ter uma, imagine para os professores. Assim diz Edwards (1973,p.158): 16 “é impossível uma definição precisa e abrangente de um termo tão amplamente usado quanto aprendizagem.” A aprendizagem promove uma modificação no comportamento, quando alguém aprende alguma coisa, seu comportamento fica alterado em algum aspecto, mesmo que a mudança não se evidencie imediatamente. A maioria dos estudiosos estabelece dois critérios para definir aprendizagem, são: deverão ser relativamente duradouras, não duradouras e devidas a alguma experiência anterior elimina as mudanças no comportamento devidas à maturação ou tendências inatas de resposta. “A aprendizagem é qualquer mudança relativamente permanente no comportamento, e que resulta de experiência ou prática.” (MORGAN, 1977,p.90) 9-ABORDAGEM DOS TIPOS DE APRENDIZAGEM Pozo ao citar Sawrey e Telford (1976) relata que a aprendizagem se classifica nos seguintes tipos básicos: Condicionamento Simples, Condicionamento Instrumental ou Operante, Ensaio e Erro, Imitação, Discernimento ou Insight, Raciocínio. Aprendizagem por Condicionamento Simples foi estudada por Ivan P. Pavlov (1849-1936) consiste em relacionar o alimento a outros estímulos, originalmente neutros quanto à capacidade de provocar salivação com o som da campainha obtendo uma reação, o reflexo condicionado, preferencialmente resposta condicionada, não ocorre apenas com animais, mas também com muitas aprendizagens humanas como um condicionamento de medo. Percebe-se a importância, na vida humana do efeito de centenas de associações incidentais, de condicionamentos e suas generalizações, dependendo de sentimentos positivos ou negativos promovendo uma atmosfera geral, auto-avaliação, otimismo ou pessimismo. Aprendizagem por Condicionamento Instrumental por B.F. Skinner fez uma distinção entre 2 tipos de comportamento: aquelas respostas eliciadas por um estimulo especifico, como o RNC (Resposta Não Condicionada) e RC (Resposta Condicionada) do condicionamento simples, e aquelas que são emitidas sem a presença de estímulos conhecidos. Ao primeiro tipo de respostas, chamou “respondente” e ao segundo “operante”. 17 O comportamento respondente é automaticamente provocado por estímulos específicos como por exemplo a contração pupilar mediante luz forte; e o comportamento operante, não é automático, inevitável e nem determinado por estímulos específicos como caminhar pela sala. A aprendizagem não se constitui numa substituição de estimulo, como no condicionamento clássico, mas sim numa modificação da freqüência da resposta, resulta no reforço que é uma recompensa, existem dois tipos de reforço: o positivo, aquele estimulo cuja apresentação fortalece o comportamento, e o negativo, é aquele que cuja retirada fortalece a resposta, como por exemplo um choque elétrico, censura, entre outros. Esses reforços podem ser administrados em esquemas de reforçamento podendo ser contínuos, quando se administra sempre que a resposta desejada é emitida; e parcial, esse é dado em intervalos de tempo. Esse tempo pode ser fixo ou variável e o numero de respostas também, fixa ou variável, dependerá das situações de vida real dos seres humanos. É nesse momento que reflito sobre as questões de aprendizagem dos sujeitos do PROEJA, se a realidade é muito importante para a aprendizagem, será que esse não é o caminho, sei que árduo e trabalhoso, mas é um caminho como se fosse uma luz no fim do túnel. A aprendizagem Ensaio e Erro estudada por Edward Lee Thorndike (1874-1949) consiste por um tipo de aprendizagem que se caracteriza por uma eliminação gradual dos ensaios ou tentativas que levam ao erro e à manutenção daqueles comportamentos que tiveram o efeito desejado baseado nas leis do efeito e do exercício. A lei do efeito diz que um ato é alterado pelas suas conseqüências, assim se um comportamento tem efeitos favoráveis é mantido, caso contrário, eliminado. Já, a lei do exercício afirma que a conexão entre estímulos e respostas é fortalecida pela repetição; a prática permite que mais acertos e menos erros sejam cometidos como resultado de um comportamento qualquer. Muitas dessas aprendizagens estão na vida cotidiana, como andar de bicicleta, dançar, etc e tal. 18 Na aprendizagem por imitação estudada por Bandura e Walters consiste na observação direta ou indireta da conduta de outras pessoas. A imitação é uma maneira mais eficiente de se obter segurança, aceitação e prestigio, assim como de adquirir habilidades motoras e sociais desejadas, do que tentativas variadas sujeitas ao erro. De maneira geral, nas situações da vida cotidiana, as tendências imitativas são recompensadas e a não imitação castigadas. Se houver o afastamento dos padrões sociais de comportamento, a conseqüência será a censura e a rejeição. Já, a aprendizagem por Insight é usado para designar uma mudança repentina no desempenho, proveniente da aprendizagem, esse estudo foi elaborado por Kohler, usando macacos. A vantagem dessa aprendizagem súbita é a que proporciona melhor retenção, o que se aprende por discernimento é prontamente transferido para outras situações, assim poderá ser usado numa grande diversidade de problemas semelhantes. Finalmente, a aprendizagem por raciocínio é considerada a mais complexa e abstrata envolvendo todas as demais formas. O processo de raciocinar inicia-se a partir de uma motivação, da necessidade de resolução de um problema. Segue-se uma analise para determinar em que consiste análise para determinar em que consiste exatamente a dificuldade, e formulam-se hipóteses, sugestões para a solução. “ Embora seja verdadeira a afirmação de que o homem não é o único animal que faz o uso da razão, ele raciocina muito mais, pensa em termos muito mais abstratos e os resultados de sua ideação são muito mais importantes em sua vida do que na vida dos animais.” (SAWREY e TELFORD, 1976.p.105) 10-O PROEJA E AS SUAS DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM Segundo pesquisas elaborada com 160 alunos dos 1º, 2º, 5º e 6º módulos do curso de Eletrotécnica do PROEJA no ano de 2011, percebe-se que o motivou a se matricular no curso foi a facilidade do acesso no processo seletivo, pois seria um obstáculo para quem está muitos anos fora do convívio escolar e uma grande parte busca novas oportunidades de melhorar de vida, em depoimentos pessoais eles frisam trabalhar embarcado porque teriam ganhos e benefícios financeiros muito bons. 19 GRÁFICO 1 GRÁFICO 2 Dialogando com o grafico 1 e 2 as dificuldades apresentadas pelos alunos do PROEJA nas disciplinas de matemática e física são representativas porque exigem um raciocínio lógico mais aperfeiçoado pelo qual não foram treinados ou a metodologia utilizada pelo professor podendo facilitar ou dificultar a aprendizagem por parte dos alunos que sentem a necessidade de novas metodologias para terem uma aprendizagem significativa. GRÁFICO 3 GRÁFICO 4 Uma das metodologias positivas citadas pelos alunos, nos gráficos 3 e 4, foram humildade, sinceridade e paciência por parte dos professores no momento da explanação do conteúdo, intrigante essa afirmação, pois surge um indício de não ser muito boa a interrelação professor-aluno, seria um grande obstáculo para a compreensão das disciplinas que eles têm dificuldade travando-os para questionamentos sobre tal, assim aumentando ainda mais suas dificuldades. 20 GRÁFICO 5 Ao perguntar aos alunos sugestões para melhorarem a sua aprendizagem, no gráfico 5, admitem que se tivessem mais tempo para estudar e mais tempo de aulas conseguiriam ter uma aprendizagem significativa, pressuponho que por serem alunos trabalhadores não tem muito tempo para estudar, e ainda conciliar atenção à família nos fins de semana,pois muitos são casados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Muitas das vezes pensamos porque aquele ou outro aluno não tem um desenvolvimento igualitário na aprendizagem, outras vezes nem paramos para refletir o motivo dessa discrepância entre eles, ou mesmo nem queremos saber sobre tal assunto. Cabe ao professor reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos com a intenção de ajudá-los a superar suas dificuldades na aprendizagem. Percebe-se na pesquisa de campo e o resultado dos gráficos mencionados que, com uma gama de teorias de aprendizagem, mesmo com algumas peculiaridades, algo tem-se que concordar todos abordam a realidade do aluno e suas necessidades do meio em que vive, deve-se pensar em aprendizagem atrelados à complexidade do mundo virtual e real e abandonar métodos arcaicos e ultrapassados, já que vivemos uma nova cultura da aprendizagem, é relativamente difícil interagir esses aportes tecnológicos em sala de aula, mas não é impossível, pois diante da pesquisa de campo identificou-se que é primordial a relação da teoria com a prática dos conteúdos apreendidos pelos sujeitos do Proeja, e a inter-relação pessoal do professor com o aluno, basta que o professor seja um mediador e pesquisador do conhecimento e estimule-as em seus alunos, assim ocorrerá uma aprendizagem significativa. 21 Nos gráficos 1 e 2 mostram as dificuldades apresentadas pelos sujeitos do PROEJA diante da sua realidade, aquelas disciplinas que exigem deles mais raciocínio e leitura demonstram uma certa dificuldade. Já nos gráficos 3 e 4, representa como eles mesmos sancionam essas dificuldades de aprendizagem através de diversas metodologias aplicadas pelos professores, como feiras, trabalhos expositivos e aulas de campo diferenciadas, aguçando o seus despertares para tal disciplina, que fazem toda diferença. No entanto, no gráfico 5 quando questionados por sugestões para melhorias da sua aprendizagem, quarenta por cento apontaram mais tempo de aulas e mais tempo para estudar porque a maioria dessa clientela são trabalhadores não tem muito tempo, ou já possuem família para dar a tenção nos fins de semana, uma situação muito complexa. Contudo, neste artigo foi dialogado que não importa qual ou quais das teorias de aprendizagem ou aporte tecnológico o professor escolheu para aplicar no PROEJA e, sim qual conseguiu abrandar as dificuldades de aprendizagem desses alunos, o objetivo é fazer com que a aprendizagem aconteça com sucesso atingindo todos os envolvidos nesse processo e possamos refletir sobre a vida escolar desses alunos com uma gama de particularidades que devem ser consideradas e bem estimuladas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAGHIROLLI, Elaine Maria. Psicologia Geral, Petrópolis, 9ª edição, Vozes, 2004. CAMPOS, Dinah Martins Souza. Psicologia da Aprendizagem, Petrópolis, Vozes, 33ª edição, 2003. GADOTTI, Moacyr e ROMÃO, José E.(org.). Educação de jovens e adultos: teoria, prática e proposta. 10 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire,2008. MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de Aprendizagem, São Paulo: EPU, 1999. PIAGET, Jean. 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