Clipping Nacional de Educação Sexta-feira, 20 de Novembro de 2015 Capitare Assessoria de Imprensa SHN Qd2Edifício Executive Office Tower Sala 1326 Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br FOLHA DE SÃO PAULO 20/11/15 TENDÊNCIAS & DEBATES Preconceito na sala de aula RICARDO HENRIQUES Mais jovens negros estão frequentando o ensino médio, e a distância entre eles e os estudantes brancos, ao menos no que diz respeito ao acesso, diminuiu. Essa constatação, feita a partir dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, mostra que estamos conseguindo reduzir desigualdades nos bancos escolares. crianças na escola. O avanço no acesso, contudo, não veio acompanhado da melhoria da qualidade do ensino. Esse quadro é agudo no ensino médio. No trágico contexto em que todos os grupos tiveram piora no desempenho medido pelo Saeb, exame nacional do MEC, a distância no aprendizado de português e matemática entre negros e brancos se manteve estável. Em 2014, mais da metade (51%) de brasileiros de 15 a 17 anos que se autodeclararam pretos ou pardos ao IBGE estava cursando o ensino médio. No início do século 21, essa proporção era de apenas 25%, ou um em cada quatro alunos. Entre jovens brancos da mesma idade, a variação no mesmo período foi de 51% para 65%. Em 1995, a proficiência média em língua portuguesa no terceiro ano do ensino médio dos estudantes brancos era de 292 pontos; dos negros, 278. Em 2013, a média dos alunos brancos caiu para 269 e a dos negros, para 254 pontos. A média considerada adequada pelo movimento Todos pela Educação é de 300 pontos. O aumento na proporção de negros no ensino médio pode ser atribuído a uma combinação de ações que resultaram na melhoria do fluxo desde os anos iniciais. Políticas públicas externas à escola, caso do Bolsa Família, contribuíram para a queda da evasão e para a manutenção das É fundamental que voltemos os esforços para a elaboração de políticas educacionais focadas no ambiente escolar, para melhorarmos os resultados e para que a escola não reproduza as desigualdades de origem. É preciso olhar para o que acontece dentro da sala de aula, porque parte da desigualdade no aprendizado é causada por atitudes discriminatórias veladas. A formação docente, por exemplo, não prepara o professor para a realidade das escolas públicas. O currículo das licenciaturas dedica-se muito à matriz teórica e filosófica e pouco à prática em sala. Um bom plano de aula enfrenta na origem a maioria das defasagens do alunato de diversos segmentos sociais. Em outra frente, a flexibilidade do currículo do ensino médio deve oferecer opções de trajetórias, que podem ser acadêmicas ou técnicas, a partir de uma base comum. Isso possibilitaria, também, a incorporação dos saberes e cultura dos territórios. É importante que o currículo incorpore temas como sexualidade, discriminação, política e religião em suas múltiplas formas, estimulando a pluralidade de opiniões. Por fim, a gestão escolar é fundamental para esse enfrentamento. Todo o esforço da gestão deve estar voltado para a melhoria da aprendizagem e para a redução das desigualdades no 20/11/15 interior da escola –e entre escolas. É papel do diretor promover a escuta e o diálogo com os estudantes, professores e comunidade escolar, criando um ambiente de respeito às diferenças. A persistente desigualdade de aprendizagem dos estudantes negros, frente ao atual cenário de práticas discriminatórias e intolerância, demanda políticas públicas educacionais e iniciativas que enfrentem essa realidade. É uma agenda imprescindível para transformarmos uma sociedade marcada por desigualdades históricas em uma nação socialmente justa, igualitária e diversa. RICARDO HENRIQUES, 55, economista, é superintendente executivo do Instituto Unibanco e membro do Conselho de Administração do Instituto Internacional de Planejamento da Educação da Unesco FOLHA DE SÃO PAULO 20/11/15 COTIDIANO Governo Alckmin aceita rediscutir plano se escolas forem desocupadas Estado propõe a alunos sair de colegios em troca da suspensão temporária da reorganização da rede A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) propôs nesta quinta (19) suspender temporariamente a reorganização da rede estadual de ensino para a realização de debates, até o fim do ano, se os alunos desocuparem as escolas. Os estudantes fizeram uma contraproposta, que deve ser analisada pelo governo do Estado até segunda (23). Segundo a Secretaria de Educação, 62 escolas foram invadidas até quinta (19). Dessas, seis foram por integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Caso não haja acordo, o processo de reintegração de posse das escolas Fernão Dias Paes e Salvador Allende –que pode se estender a todas as escolas ocupadas da capital– será analisado na próxima reunião da 7ª Câmara de Direito Público, na segunda (23). A oferta foi feita em audiência de conciliação, nesta quinta (19), convocada pelo Tribunal de Justiça, repleta de estudantes e vaias ao secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald. Na plateia, alunos ficaram de costas para ele. Os estudantes protestam contra a intenção do governo de dividir parte das unidades por ciclos únicos. Para isso, a gestão tucana deve fechar, em 2016, 92 escolas e remanejar cerca de 300 mil alunos –a rede tem 5.147 escolas e 3,8 milhões de estudantes. A proposta, lida por Voorwald nesta quinta, consiste em distribuir material sobre a reorganização escolar em 2016 a todas as escolas da rede estadual 48 horas após a desocupação, aceitar deliberação interna nas escolas, que deverão apresentar propostas ao governo do Estado, e realizar audiência sobre a reorganização. Tudo isso ocorreria antes do fim do ano. Uma pessoa da plateia perguntou ao secretário se a reorganização estava revogada a partir de então. "A reorganização, até vocês encaminharem as propostas, não existe", respondeu Voorwald. Um aluno da escola estadual Castro Alves, na zona norte, perguntou se a medida valia para aquela escola, que será uma das fechadas. "Vale também para escolas que foram disponibilizadas", 20/11/15 respondeu o secretário. SUSPENSÃO Questionado pela defensora pública Daniela Skromov de Albuquerque se seria possível revogar completamente a reorganização caso as escolas concluíssem, após deliberação interna, que eram contrárias à medida, Voorwald não respondeu e disse que haveria discussões nas escolas. Após a audiência, no entanto, o secretário afirmou que não existe possibilidade de a reorganização ser revogada. À defensora, reservadamente, ele afirmou que o plano pode apenas sofrer alterações pontuais. Os alunos fizeram uma contraproposta, lida por Daniela. Eles pediram: 1) o não fechamento de escolas; 2) o debate com a comunidade ao longo de 2016, e não até o fim de 2015 ("não é só demanda deles, mas da lógica, com todo respeito", disse a defensora); 3) a discussão envolvendo alunos, professores, pais, associações de pais e mestres, conselho de pais e grêmio; 4) a não punição de professores, alunos e apoiadores das ocupações; 5) a participação dos formandos de 2015 das discussões em 2016. O secretário não comentou a contraproposta. Segundo a defensora, para ele é importante manter o calendário para a reorganização em 2016. Para um aluno da escola Fernão Dias Paes, a proposta do governo é "estratégia para desocuparem escolas e desorganizarem a luta". "Uma forma de adiar a reorganização." FOLHA DE SÃO PAULO 20/11/15 COTIDIANO Pela primeira vez, maioria dos jovens negros está no ensino médio Pela primeira vez, a maioria dos jovens negros conseguiu chegar ao ensino médio. Mas ainda em proporção menor do que os brancos -e os dois grupos enfrentam problemas de aprendizagem. Os dados foram tabulados pelo Instituto Unibanco a partir de bases do IBGE e do Ministério da Educação. O levantamento considera negros todos os que declaram preta ou parda a cor de sua pele. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), no ano passado 51% da população de 15 a 17 anos nesse grupo estava no ensino médio. Dez anos antes, esse índice era de 34%. O fator que mais explica esse avanço, segundo o instituto, é a redução da reprovação e da evasão dos negros no ensino fundamental. Em 2001, 53% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estavam na educação fundamental. Agora, são 32%. "Aumentou a conscientização sobre os prejuízos que a reprovação causa", diz o superintendente executivo do instituto, Ricardo Henriques. O aluno reprovado tende a ter notas menores na trajetória escolar e mais chances de desistir dos estudos. Para Henriques, mesmo sem políticas específicas para alunos negros, eles foram mais beneficiados porque estavam mais defasados. Já para o ministro Aloizio Mercadante (Educação), as matrículas de negros no ensino médio aumentaram devido ao Fundeb (fundo nacional de financiamento da educação), que abrangeu a etapa em 2006, e à inclusão do ensino médio em programas de alimentação escolar e transporte. "Ao apoiarmos o ensino médio, apoiamos quem estava mais excluído." Diretor da ONG Educafro (que defende maior inclusão dos negros), frei David Santos diz que as cotas em universidades incentivam a entrada e permanência dos negros no ensino médio. Apesar do avanço, a população negra ainda está em desvantagem na educação. O índice de 51% de jovens no ensino médio já havia sido alcançado pelos brancos em 2001 (atualmente, 65% estão nessa etapa de ensino). POPULAÇÃO A população que se classifica como preta ou parda cresce mais do que a branca, segundo a Pnad. Como o levantamento considera a 20/11/15 autodeclaração, não é possível identificar com precisão o que é fruto da fecundidade ou de mudança de declaração. Ainda assim, o aumento da presença dos jovens negros no ensino médio é superior ao crescimento da população preta e parda (56% ante 13% em dez anos). NOTAS Uma constatação negativa que os dados oficiais revelam é que tanto brancos quanto negros estão piores hoje do que em 1995 em língua portuguesa e matemática no ensino médio. O levantamento do Instituto Unibanco aponta que a média em português caiu de 292 para 269 entre os brancos na avaliação nacional; entre os negros, de 278 para 254. O dado mais recente é de 2013. Especialistas apontam que 300 é a nota mínima considerada ideal. "Não estamos entregando o que precisamos no ensino médio", afirma o vice-presidente do Consed (conselho dos secretários estaduais de Educação) Rossieli Soares da Silva. Os Estados são os responsáveis por essa etapa. Silva diz que a entidade finaliza proposta para melhoria do ensino médio, que prevê mais autonomia à escola. A ideia é que em parte do currículo o colégio possa, por exemplo, oferecer ao aluno ensino técnico, ligado à economia local; ou ênfase em uma área do ensino. "O aluno tem de se identificar com a escola", diz o secretário. "As médias não são o que desejamos. Mas, por outro lado, os negros têm tido mais acesso ao ensino superior, com as cotas, Prouni e Fies", diz Mercadante. DILMA A presidente Dilma Rousseff reconheceu nesta quinta-feira (19) que o país ainda deve avançar na igualdade de oportunidades entre brancos e negros e defendeu a ampliação do atual sistema de cotas nas universidades federais e no setor público. Em discurso em comemoração ao Dia da Consciência Negra, a petista afirmou que a pobreza no país sempre teve como cor predominante a negra e que a garantia de direitos iguais para as diferentes etnias será uma diretriz de seu segundo mandato. No evento, promovido no Palácio do Planalto, a presidente entregou títulos de posse e concessão de territórios a comunidades quilombolas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pernambuco 20/11/15 CORREIO BRAZILIENSE 20/11/15 CIDADES EDUCAÇÃO » Pedido por mais participação Uma das preocupações dos manifestantes na Câmara era com a educação especial Comunidade escolar vai à Câmara Legislativa para reclamar de não ter sido ouvida na reestruturação da secretaria. Grupos ligados ao ensino especial querem discutir mudanças. Chefe da pasta garante que cortes não vão atingir colégios » NATHÁLIA CARDIM Cerca de 700 professores, assistentes e outros profissionais da educação, além de estudantes, participaram de audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), ontem, para discutir sobre a reestruturação administrativa da pasta a partir do próximo ano. Durante a reunião, o secretário de Educação, Júlio Gregório, deu explicações sobre o assunto, que gera apreensões na comunidade escolar do DF. Segundo ele, todas as secretarias de governo receberam a determinação de diminuir em 20%, no mínimo, os gastos com cargos comissionados. Ainda de acordo com Gregório, a determinação é legal, uma vez que o GDF extrapolou o limite de gastos impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Um grupo de educadores do ensino especial participou da audiência para cobrar explicações sobre a reestruturação da pasta, que afeta diretamente o ensino nas escolas especiais da capital. A conselheira escolar do Centro de Ensino Especial nº 1 de Brasília, Arabella Nóbrega, criticou a decisão sem que a comunidade participasse. “O Brasil tem a gestão democrática como caminho para a educação pública, e isso não aconteceu aqui. Não podemos deixar que a educação seja secundarizada pelo governo. Por que fazer uma reestruturação a portas fechadas, de forma vertical, sem dialogar com a comunidade escolar?”, questiona. “As decisões caírem no patamar da coordenação é amassar a educação especial. Mobilizamos essa ação como comunidade, em prol do respeito e do fortalecimento do setor”, acrescenta Arabella. O representante da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais e coordenador do Fórum de Apoio e Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do DF, César Achkar, levou uma sugestão ao secretário. “O nosso lema é nada sobre nós, sem nós. Queremos que ele torne esse modelo sem efeito porque existe uma outra forma de resolução, que é o diálogo com a sociedade. Nós não somos contra a reestruturação, mas a forma como foi feita, sem ouvir ninguém, nós não podemos aceitar”, afirma. De acordo com o diretor do 20/11/15 Centro de Ensino Especial para Deficientes Visuais (CEEDV), Airton Dutra de Farias, as mudanças podem ser positivas, desde que sejam discutidas com os interessados. Ele questionou os critérios utilizados para determinar a remoção de servidores, por exemplo. “Ficamos muito decepcionados com essa medida, pois passamos o ano inteiro tentando uma conversa com o secretário, o que só ocorreu hoje (ontem), dentro da casa legislativa. Ainda assim, ele não trouxe nenhum argumento na devolutiva aos nossos questionamentos”, diz. “Vai ficar claro que essa reestruturação não atende nem vai ajudar a educação do DF. A grande preocupação é a questão pedagógica. Vamos ter muitos prejuízos com esses cortes”, completa. O secretário Júlio Gregório garante que os cortes não atingem as escolas. “Apesar da reestruturação, todos os serviços estão garantidos. A mudança foi feita no nível central, de tal maneira que houve racionalização dos processos, sem a diminuição dos serviços, e isso proporcionou uma economia de 16,25% sobre os cargos comissionados”, promete. “As escolas ficaram totalmente blindadas. Inclusive, para o ano que vem, a educação precoce, mais que mantida, será ampliada”, afirma Gregório. "As decisões caírem no patamar da coordenação é amassar a educação especial. Mobilizamos essa ação como comunidade, em prol do respeito e do fortalecimento do setor” Arabella Nóbrega, conselheira escolar do Centro de Ensino Especial nº 1 de Brasília CORREIO BRAZILIENSE 20/11/15 CIDADES OBITUÁRIO » Regina Vinhaes, professora » LUIZ CALCAGNO Regina atuou como secretária de Educação no governo Agnelo Queiroz Familiares, amigos e educadores se despedem, no fim da manhã de hoje, da professora da Universidade de Brasília (UnB) Regina Vinhaes Gracindo, 66 anos. Estudiosa especialista em políticas públicas para educação, mestre e doutora em educação e pós doutora em ciências sociais, ela morreu após uma luta de cinco anos contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). O velório será na Capela 3 do Cemitério Campo da Esperança do Plano Piloto, às 12h. Regina foi membro do Conselho Nacional de Educação e uma importante crítica das políticas públicas de educação. Também atuou como secretária de Educação do GDF no primeiro ano da gestão de Agnelo Queiroz. Foi selecionada para o cargo sem motivações partidárias, o que causou desconforto entre membros do Partido dos Trabalhadores (PT). Viúva, a professora deixou três filhos e dois netos. Ela estava acamada há dois anos por causa da doença. Segundo um dos filhos dela, o ator Felipe Gracindo, do Grupo G7, ela tinha dificuldades em se comunicar, por conta da paralisia provocada pelo avanço da ELA. Ainda assim, a estudiosa se manteve lúcida até os últimos momentos. “Em 2013, ela teve o diagnóstico da doença, mas já sentia os efeitos há alguns anos”, afirmou. Colega de Regina, o professor aposentado da UnB e conselheiro do Conselho Nacional de Educação, Erasto Fortes, elogiou a trajetória da profissional. “A professora foi uma liderança acadêmica na UnB e se comprometeu por inteiro com a educação pública do país”, destacou. O professor de políticas educacionais, Luiz Dourado, concorda com Erasto,“era uma pessoa comprometida com a causa educacional”. JORNAL DE BRASÍLIA 20/11/15 PONTO DO SERVIDOR Milena Lopes 20/11/15 JORNAL DE BRASÍLIA 20/11/15 OPINIÃO JORNAL DE BRASÍLIA 20/11/15 CIDADES JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 20/11/15 BRASÍLIA Valor Econômico 20/11/15 POLÍTICA Fechamento de escolas em SP pode ser negociado Por De São Paulo A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem que pode suspender temporariamente a decisão de fechar e reorganizar as escolas estaduais a partir de 2016. O anúncio foi feito pelo secretário Herman Voorwald (Educação), em audiência de conciliação entre governo, professores e estudantes. De acordo com o secretário, a suspensão pode ocorrer apenas 48 horas após os alunos deixarem as unidades invadidas. Segundo documento lido por Voorwald, caso haja acordo, a reorganização será suspensa até que escolas a discutam internamente e, depois, apresentem uma nova proposta ao governo. Tudo isso deve ser feito antes do fim do ano. Questionado por uma defensora pública se seria possível revogar completamente a reorganização caso as escolas concluíssem que eram contrárias à medida, Voorwald limitou-se a dizer que haveria discussões nas escolas. Inicialmente, a Secretaria da Educação previa fechar 94 escolas e transferir 311 mil alunos ano que vem. O plano sofreu derrota na Justiça na segunda-feira. Uma decisão em caráter liminar (provisório) suspendeu o fechamento da escola Braz Cubas, em Santos, a pedido da Defensoria Pública e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Desde que a ideia foi anunciada, em setembro, tem havido protestos praticamente diários. Escolas foram invadidas por alunos, pais e integrantes de movimentos sociais e já afeta as aulas de pelo menos 26 mil estudantes, segundo a Secretaria da Educação. Na quarta-feira, a pasta publicou no "Diário Oficial" uma resolução que mantém o cumprimento dos 200 dias letivos em todas as escolas da rede e que a equipe gestora deve reprogramar e estender o calendário letivo nas unidades em que as aulas estão suspensas devido às invasões. "A secretaria tem a obrigação de garantir a continuidade das aulas", disse Herman Voorwald. (Com agências noticiosas) Valor Econômico 20/11/15 ESPECIAL Para FHC, falta a Dilma um 'comitê de crise' Por César Felício e Fernando Taquari | De São Paulo FHC: "O governo sabia no ano passado qual era a situação econômica, melhor do que nós. Em vez de enfrentar, disseram que não vinha crise alguma". Uma onda de tensão social em função do aumento do desemprego, na opinião do expresidente Fernando Henrique Cardoso, é a principal variável a médio prazo que pode desestabilizar a presidente Dilma Rousseff. Em 2016, Fernando Henrique não descarta a hipótese da deterioração da economia passar a guiar o cenário político, ao invés do inverso que marcou este ano. Para Fernando Henrique, no momento temas como impeachment e irregularidades como pedaladas fiscais são questões que mobilizam a classe política, mas não as massas. O ex-presidente tucano condenou a postura da bancada de seu partido na Câmara, que votou majoritariamente pela derrubada do veto presidencial ao reajuste do Judiciário, mas ressaltou que a responsabilidade de se criar governabilidade é do Palácio do Planalto e não da oposição. Fernando Henrique admite que, se voltasse ao poder, teria mais dificuldades de manter uma maioria no Congresso, em função do aumento da fragmentação partidária. No livro "Diários da Presidência", que publicou recentemente, em que narra os dois primeiros anos de seu governo, o ex-presidente aparece como principal articulador da pauta do Executivo no Legislativo. Fernando Henrique vê a necessidade de se construir maiorias congressuais um dos propósitos principais do documento "uma ponte para o futuro", divulgado pelo PMDB. Na visão do tucano, o vicepresidente Michel Temer busca estabelecer uma agenda que permita construir uma maioria parlamentar em aliança com a oposição, na hipótese de assumir o poder a curto prazo. Mas FHC ressalta que considerou o programa excessivamente liberal do ponto de vista econômico. O expresidente considera que o PMDB procurou demarcar diferenças em relação ao PT e sinalizar para o mercado. Ao comentar a possibilidade de diálogo com o governo, Fernando Henrique se compara com Dilma, diz que nunca negou a crise econômica que já se desenhava no cenário brasileiro quando disputou a reeleição e que chamou a oposição e a sociedade para conversar, argumentando que não havia vencedores em um colapso econômico. O ex-presidente desta forma se referiu à crise que marcou o país entre 1998, ano de sua reeleição, e 1999, época em que o câmbio se desvalorizou com força, a inflação subiu, o crescimento da economia diminuiu e sua popularidade jamais voltou a ser a mesma. A diferença essencial em relação ao atual governo, de acordo com FHC, é que Dilma em vez de dialogar com a sociedade e com o sistema partidário, teria optado apenas por nomear um ministro da Fazenda com pensamento oposto ao seu. A seguir a entrevista exclusiva do ex-presidente ao Valor Pro, serviço de informação em tempo real do Valor, dada na sede do instituto que leva seu nome, no centro de São Paulo. Valor: Nesta semana o PSDB votou majoritariamente pela derrubada do veto da presidente ao reajuste do Judiciário. O partido não está adotando um estilo de oposição semelhante ao que o senhor sofreu em certo momento? 20/11/15 FHC: Eu não concordo [com o que a bancada fez]. Posso até entender a lógica eleitoral, mas não acho correto diante da responsabilidade que temos com o Brasil. Com a CPMF é diferente. Não devem votar a favor porque o sentimento geral é de que esse imposto não adianta, uma vez que o governo não faz um esforço necessário. Agora, no caso desse veto, votaram por causa da pressão política dos interessados. Não acho que fosse bom derrubar o veto. O PT votou contra o Plano Real, votava contra sempre. Eu não acho que o PSDB deva fazer a mesma coisa. Agora, isso é mais na Câmara do que no Senado. Mas não acho que seja uma atitude negativa sistemática. No caso da DRU, votaram a favor. Valor: É possível que haja uma crise de confiança em relação ao PSDB? FHC: A crise de confiança foi dos mercados em relação ao PT, em 2002. Não creio que isto vai se repetir. No caso do PT, anunciaram uma porção de coisas que depois não cumpriram. Por sorte não cumpriram. No caso do PSDB, as pessoas sabem que não é um partido aloprado. Valor: No livro sobre os primeiros dois anos de seu governo, o senhor faz uma avaliação muito severa do papel do Congresso, sobretudo em 1996. Naquela época, o senhor enxergava um descompasso entre o Legislativo e a sociedade e via o Executivo como um interlocutor mais importante dos movimentos sociais e da sociedade. De que maneira isso evoluiu? FHC: O Congresso talvez seja hoje até mais representativo da sociedade porque houve uma democratização grande do Brasil. As pessoas que estão no Parlamento, gostemos dela ou não, são mais representativas. Mas você tem hoje uma pulverização partidária muito maior. Os três partidos com maior representação no Congresso, PMDB, PT e PSDB, se você somá-los, não dá 200 parlamentares. E eles não se somam. Eu tive certa dificuldade de organização do Congresso, mas mesmo assim os partidos eram menos numerosos e mais organizados. Consegui criar uma maioria estável, embora percebesse, na época, como ainda instável. "Não acho que fosse bom derrubar o veto. O PT votava contra sempre. Não acho que o PSDB deva fazer a mesma coisa" Valor: Se o senhor tivesse um Congresso fragmentado como o atual ou voltasse à Presidência hoje, a dificuldade de aprovar uma quantidade de reformas que foram feitas seria muito maior? FHC: Não tenho dúvida. Aprovei várias emendas à Constituição, que demandam 308 votos na Câmara. Hoje, as dificuldades são grandes, mas não só pelo lado do Congresso. Vivemos numa democracia. Você não faz nada sem o Legislativo. Nosso sistema de governo é presidencialista. Agora, esquecemos que na Constituinte a ideia que prevalecia era a do parlamentarismo. O presidencialismo venceu por pressão governamental no limite. O arcabouço da Constituição não é presidencialista. O presidente, para obter maioria, tem que ter uma agenda, e convencer a sociedade dessa agenda. Valor: A presidente Dilma Rousseff não tem sido capaz disso? FHC: Nem de ter agenda e muitos menos de convencer a sociedade de que a agenda dela é boa. Então, não é só a fragmentação partidária no Parlamento. O Executivo não está cumprindo suas funções para o regime esdrúxulo como o nosso, que dá muita força ao mesmo tempo ao Congresso e ao presidente. O povo pensa que o presidente tem toda a força. Só que se ele for democrata tem que obedecer a Constituição. Portanto, dependerá do Congresso. Por isso é preciso ter uma agenda que o Legislativo aceite. Sem isso fica difícil funcionar, sobretudo em tempos de vacas magras. Quando a economia funciona a todo vapor, esses problemas não aparecem na sua plenitude. Quando a economia é contra tem que ter a capacidade de entender o processo. Tive momentos de dificuldade na economia, mas nunca perdi a maioria no Congresso. Além disso, procurei manter o diálogo com a 20/11/15 sociedade, com o momento sindical, MST, o PT e as oposições. É a compreensão de como se faz o jogo político numa democracia. Quando veio o primeiro período Lula, o vento era a favor. Valor: Em 2015 vimos que a crise política tracionou a crise econômica. Com o cenário de recessão, o senhor acha que em 2016 isso pode se inverter? Ou seja, que a desarticulação econômica vai bloquear ainda mais o governo no Congresso? FHC: É possível. Todos os dados até agora são no sentido de que 2016 vai continuar sendo uma ano, do ponto de vista da economia, de crescimento negativo. Portanto, pode aumentar a tensão. Ainda não temos uma tensão social. Temos uma tensão política, uma crise moral e uma recessão econômica. Mas você não viu ainda tensão social. Se isso acontecer vai ser muito complicado. Valor: Há precedente na história brasileira de um governo desestabilizado por uma tensão social? FHC: Não sei se já tivemos uma recessão nessa proporção. Em 1930 e 1931 teve algum problema, mas logo em seguida veio a questão da valorização do café e a própria crise [1929] propiciou um desenvolvimento interno aqui. De todo modo não lembro de dois ano de recessão. Há ainda um fator a mais agora, com o aumento do desemprego. No passado, o mais grave era a precariedade do emprego. Você tinha uma massa que nunca tinha sido empregada. Isso foi diminuindo. A economia cresceu, a sociedade se abriu, pessoas entraram para o mercado de trabalho e agora estão saindo. Valor: Qual são consequências disso? as FHC: Ninguém sabe avaliar porque nunca houve isso nessa proporção. Há um mal estar maior do que em outras épocas. Vemos greves que se encadeiam, coisa que não tinha há muito tempo. Valor: As manifestações deste ano de algum modo lembram as que foram feitas contra o senhor em 1999? Na ocasião havia muita gente na rua pedindo o fim do governo, mas não houve uma onda que desestabilizasse o Executivo. FHC: Não temos maioria clamando por nada. Se você faz em uma pesquisa uma pergunta sobre se o entrevistado quer que o presidente saia, ele vai dizer que quer. Eu acho que é um sentimento mais de distanciamento e de descrença. Muitas vezes na sociedade isto acontece. Valor: Os partidos falham ao tentar se comunicar com o sentimento popular? FHC: Estamos tentando, vamos ser justos. Os partidos tentam. Talvez não tenham ainda acertado o tom. A questão é que as preocupações da sociedade muitas vezes não passam pelos temas que interessam aos políticos. passam pelos temas da vida cotidiana, de identidade, de temas novos que apareceram na sociedade e que os partidos não expressam. Eu fui uma vez com meu motorista assistir a um debate. Um debate eleitoral, este último. No fim eu perguntei a ele 'o que você achou?' E ele disse: ' bom, né? falaram lá das coisas deles...' Não é que essas coisas não sejam importantes para o povo, mas o povo não sente da mesma maneira. Por exemplo, o impeachment. É um tema que entusiasma os políticos, positiva ou negativamente. E muitas vezes as pessoas sequer entendem. A pedalada fiscal, claro que é importantíssima. A lei de responsabilidade social, é importantíssima. Mas há uma separação entre a sensibilidade política e a da população. É algo que faz parte das sociedades de massa contemporâneas e no caso nosso faz parte de uma sociedade de educação relativa. "Não temos maioria clamando por nada. O sentimento é mais de distanciamento ou descrença" Valor: Recentemente temos visto este movimento do PMDB para ganhar um certo rosto. Talvez uma iniciativa mais do vice-presidente Michel Temer do que do próprio partido. Talvez seja um sinal efetivo de que o PMDB busca candidatura própria. É possível uma aliança entre PSDB e PMDB? FHC: Você se refere ao "Ponte para um futuro". É um programa positivo que se aproxima de 20/11/15 algumas posições do PSDB. Tem algumas coisas que são liberais demais para o meu gosto. Ele deu uma mensagem, disse alguma coisa. Qual a extensão disse no PMDB vamos ver, porque, como você mesmo disse, é uma coisa mais do Temer do que do partido. Este programa aí foi feito para a hipótese do [Michel] Temer assumir. Para dar um sinal aos mercados. E uma abertura para se ter maioria no Congresso em um eventual governo, porque tem isso também. É bom lembrar que este programa foi feito há dois meses, quando o cenário era outro. Quanto a uma aliança eleitoral, isto está muito longe, é só em 2018. Agora, ganhe quem ganhar, para governar, vai ter que fazer alianças, isto é óbvio. No Brasil ninguém se elege com maioria absoluta no Congresso. O PMDB sabe disso, é inevitável nestes sistemas. Valor: Que pontos do documento pemedebista são muito liberais para o seu gosto? FHC: Na questão de desvincular a Previdência do salário mínimo. Muito bem isso, mas tem que ter um parâmetro. O aposentado fica assustado e pensa; 'eu não vou ganhar? e com esta inflação, não sei o que?'; Tem que discutir isso com mais detalhes. Por isso eu acho que este programa é mais um sinal do que um caminho institucional. Entendo que o PMDB quis corrigir a ingerência pública na vida privada. Mandou um sinal de que vão respeitar mais o setor privado e esta é uma posição do PSDB. O PMDB está dizendo; 'olha aqui, eu não vou ser como o PT'. Estão dizendo explicitamente, do ponto de vista de orientação política, que discordam do PT. Valor: Existe a possibilidade de um diálogo mais institucional entre o governo e a oposição, passando pela figura do senhor e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? FHC: A questão de dar governabilidade é de todos, mas especificamente cabe ao presidente, não à oposição. Mantiveram durante anos o discurso da herança maldita, tentando me desconstituir. Eu não agi assim. Quando houve a crise da energia elétrica em 2001, eu chamei todo mundo, chamei a sociedade civil, expus toda a situação. Criei um comitê de crise. O governo sabia no ano passado qual era a situação econômica, melhor do que nós. Em vez de enfrentar, disseram que não vinha crise alguma. Ela [a presidente Dilma Rousseff] organizou o governo como se não houvesse crise. Valor: Mas a lógica eleitoral não impede um governo de agir dessa forma? Em 2014 Dilma buscou a reeleição e em 1998 foi o ano que o senhor também buscou o segundo mandato, em meio de uma crise financeira internacional que atingiu o Brasil e o seu governo. FHC: É o que é que eu fiz em 1998? Valor: O senhor não tratou da crise no debate eleitoral. FHC: Não, pelo contrário, eu disse sim que ia haver a crise. E disse mais, que ia chamar o FMI, em um discurso que fiz no Itamaraty. E durante a campanha, a estratégia era afirmar; 'olha, tem crise, mas quem acabou com a inflação vai acabar com a crise'. E o que é que eu fiz em seguida à reeleição? chamei o Lula. O Lula mandou um sinal, eu peguei o sinal e chamei o Lula para conversar. E disse a ele: 'olha, a crise está aí, mas vocês estão errados se acham que a crise vai levar a uma mudança da sociedade, ao socialismo, não sei o quê. A crise passa e é ruim para todos, não é que depois da crise vem uma maravilha. Vamos ter quer trabalhar'. Não neguei a crise e nem me neguei a conversar com o PT. Falam em fraude eleitoral, mas eu falei de crise o tempo todo. Ainda no mês de setembro de 1998 anunciei que a situação iria piorar. Eu não vi isso agora, mesmo depois da campanha. Ela não chamou a sociedade para uma coesão, o que fez foi nomear um ministro da Fazenda que pensa o oposto dela. Não se sai deste buraco sem coesão. Quem está no governo tem a responsabilidade de encontrar o caminho para isso. Mas continuam não fazendo. Valor: Qual a posição do senhor sobre o fim das doações empresariais para campanhas eleitorais? Em seu livrodepoimento dos dois primeiros anos de seu governo, o senhor cita que foi insistentemente procurado por dirigentes partidários do governo e da oposição para intermediar 20/11/15 contatos com possíveis doadores. FHC: Isso era uma coisa natural. Nunca tive problema com isso, por uma razão simples. Todas as doações que recebi quando candidato foram devidamente registradas. A resistência sempre foi de alguns partidos que não queriam mostrar o que tinham recebido. Quando fui eleito já havia a preocupação legal de se evitar o caixa dois. Eu acho esta restrição de agora positiva. Ninguém está doando nada, está todo mundo tirando do governo. É a falsa doação. Faz de conta que é privado e faz de conta que está dando ao partido. A legislação tem que ser muito restritiva, aberta talvez para doações de conglomerados empresariais com um limite. E ao mesmo tempo tem que haver regras para proibir a marquetagem, diminuir o custo da campanha. Isso porque sou muito cético em relação a fazer tudo com recursos públicos. Valor: A eleição à Prefeitura de São Paulo em 1992 foi a última em que o candidato do PSDB não foi Serra ou Alckmin. No governo de São Paulo e nos demais estados vemos um cenário parecido. No Rio, por exemplo, o partido se acostumou a ser coadjuvante. Faltou ao PSDB criar novas lideranças? Aliás, por que não há novas lideranças no partido? FHC: Isso acontece no mundo todo. É muito difícil a renovação de quadros em uma sociedade de massa. Mesmo nos Estados Unidos. Até que houve alguma renovação. O Aécio é novo. A Marina é nova. Outros partidos também dificuldade. Pega o PMDB. Quem? Não é porque não queira. Não é fácil emergir. Se você for ver os prefeitos, tem vários bons. Diria que tem mais de uma centena de bons prefeitos. Disso a ser um nome nacional é uma enorme dificuldade. Subconsciente a mídia também seleciona quem é que fala. Fala quem sabe falar. Saber falar não quer dizer falar bem. É comunicar. Não é tanta gente assim. A emersão de um líder novo não é só papel do partido. É da sociedade e os meios de comunicação estão no meio disso. E tem pessoas que são capazes, boas, mas são capazes de comunicar. E uma sociedade como a nossa é como o Chacrinha dizia: Quem não comunica se estrumbica. São problemas sociológicos. Valor Econômico 20/11/15 EMPRESAS Fundo dos EUA mais que dobra rede de escolas de inglês Cel.Lep Por Beth Koike | De São Paulo A rede de escolas de inglês Cel.Lep deve chegar a 2016 com 65 unidades - mais que o dobro do tamanho que tinha há três anos, quando foi adquirida pelo fundo de private equity americano H.I.G. Capital. Na época, eram 25 pontos. Agora prepara-se para uma nova etapa de expansão que pode vir de aquisições ou por meio de crescimento operacional. "Nos últimos anos, modernizamos as unidades, abrimos novas escolas e investimos, principalmente no pedagógico. Agora, avaliamos como será a expansão daqui para frente", disse Felipe Franco, diretor-geral do Cel.Lep. Está em análise, por exemplo, a entrada em outras praças. Hoje, a atuação está concentrada no Estado de São Paulo. Das 65 unidades que a rede terá em 2016, cerca de 30 são escolas de rua e o restante está dentro de colégios, universidades e empresas. A expansão será puxada pelos colégios, que respondem por 50% dos seus 15 mil alunos. Todas as escolas são próprias. "Não queremos abrir franquias porque é difícil controlar a qualidade do ensino. Atendemos o segmento corporativo que é bastante exigente", disse Franco. Cerca de 70% dos alunos adultos têm o curso subsidiado pela empresa em que trabalham. Segundo Franco, o reflexo do desemprego no país ainda é baixo para a rede. Ele diz que sentiu uma pequena queda no volume de alunos no segundo semestre e um pouco mais entre aqueles que pagavam do próprio bolso. O valor da mensalidade para esse público gira em torno de R$ 1 mil. Já para crianças e adolescentes o preço varia de R$ 350 a R$ 700. Seus concorrentes diretos são o Alumni e o Berlitz. Nesses três anos sob o comando do fundo, o Cel.Lep recebeu investimentos de R$ 20 milhões, cujos recursos vieram da própria geração de caixa da rede. Segundo Franco, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) da rede deve triplicar entre 2013 e 2018. Metade do investimento foi para a área pedagógica com a criação de cursos para crianças a partir de três anos, modernização dos laboratórios e adoção de uma metodologia didática conhecida como "sala de aula invertida". Esse modelo prevê que o aluno estude primeiro em casa e depois tire as dúvidas em sala. Na rede de idiomas, os alunos dos estágios intermediário e avançado aprendem primeiro no laboratório e depois reúnem-se com os colegas e o professor. Fundado em 1967 pelo físico Walter de Toledo Silva (que morreu neste ano aos 95 anos), o Cel.Lep foi o pioneiro em usar laboratórios para ensinar inglês. Numa viagem à sede da Philips, na Holanda, Silva conheceu um equipamento de gravação de voz usado no curso de idiomas dos funcionários. Trouxe a ideia para o Brasil e adotou no Cel.Lep, cujas iniciais significam Centro de Ensino de Línguas do Liceu Eduardo Prado - escola referência nos anos 60. O GLOBO 20/11/15 O PAÍS Governo de SP agora promete conversar sobre escolas Secretaria dá 48 horas para que unidades sejam liberadas; para movimentos que apoiam alunos, proposta é "furada" Luiza Souto São Paulo 82, até a tarde de ontem. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, não acontecerá nenhuma reintegração antes de uma audiência, marcada para a manhã de segunda-feira. Para finalizar, a secretaria propõe reuniões das equipes das diretorias de ensino com representantes indicados pela comunidade escolar para tratar as propostas, num prazo de até dez dias após a realização dos debates. Secretaria: 5 propostas "Orientação é não cancelar" Os estudantes que ocupam dezenas de escolas estaduais em São Paulo há quase duas semanas, contrários à reorganização do ensino, devem deixar os prédios em 48 horas para serem ouvidos. Foi o que propôs a Secretaria de Educação em audiência de conciliação entre governo, professores e alunos, realizada na tarde de ontem. Os manifestantes fazem protesto contra a proposta que pretende fechar 93 unidades e transferir 311 mil alunos no próximo ano. Caso o grupo atenda a solicitação, a pasta concorda em discutir seu projeto. Movimentos que apoiam as ocupações dizem que reforçarão os protestos e pedem retirada completa da proposta. Enquanto a Secretaria de Educação fala em cerca de 40 escolas ocupadas, a organização dos manifestos afirma contabilizar Em comunicado à imprensa, a secretaria diz que foram apresentadas cinco propostas. A primeira é a promessa de envio do material da reorganização específica de cada escola, num prazo de 48 horas após a desocupação. A pasta diz ainda que haverá redistribuição desse material a todas as unidades da rede estadual de Educação, também 48h após os grupos voltarem para suas casas. Feito isso, a secretaria propõe debates com a comunidade escolar, a serem organizados nas dependências de cada unidade, num prazo de até cinco dias após o recebimento do material. O órgão recomenda ainda indicação de representantes da comunidade escolar, como grêmios, associações de pais e mestres, conselhos de escola ou representantes desses segmentos, para consolidar as propostas. Os movimentos que apoiam os estudantes garantem que as ocupações continuarão, e que serão intensificadas. - A orientação é não cancelar nada. Não há acordo. Essa proposta é furada - avisa José Afonso da Silva, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, o MTST. O secretário de Comunicações da Apeoesp, que representa a maioria dos professores do estado, Roberto Guido, reitera o discurso: - O governo do estado tem que retirar por completo essa proposta. A reorganização, em nenhum momento, foi discutida com pais e alunos. Não será em dez dias que vamos debatê-la. É um governo pouco confiável. O ESTADO DE S. PAULO 20/11/15 METRÓPOLE Estado exige saída de escolas para abrir diálogo 20/11/15 O ESTADO DE S. PAULO 20/11/15 METRÓPOLE 20/11/15