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Clipping Nacional
de
Educação
Sexta-feira, 20 de Novembro de 2015
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FOLHA DE SÃO PAULO
20/11/15
TENDÊNCIAS & DEBATES
Preconceito na sala de aula
RICARDO HENRIQUES
Mais jovens negros estão
frequentando o ensino médio, e a
distância entre eles e os estudantes
brancos, ao menos no que diz
respeito ao acesso, diminuiu.
Essa constatação, feita a partir
dos dados da Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de
Domicílios), do IBGE, mostra que
estamos conseguindo reduzir
desigualdades nos bancos
escolares.
crianças na escola.
O avanço no acesso, contudo,
não veio acompanhado da
melhoria da qualidade do ensino.
Esse quadro é agudo no ensino
médio. No trágico contexto em que
todos os grupos tiveram piora no
desempenho medido pelo Saeb,
exame nacional do MEC, a
distância no aprendizado de
português e matemática entre
negros e brancos se manteve
estável.
Em 2014, mais da metade
(51%) de brasileiros de 15 a 17
anos que se autodeclararam pretos
ou pardos ao IBGE estava
cursando o ensino médio. No
início do século 21, essa
proporção era de apenas 25%, ou
um em cada quatro alunos. Entre
jovens brancos da mesma idade, a
variação no mesmo período foi de
51% para 65%.
Em 1995, a proficiência média
em língua portuguesa no terceiro
ano do ensino médio dos
estudantes brancos era de 292
pontos; dos negros, 278. Em 2013,
a média dos alunos brancos caiu
para 269 e a dos negros, para 254
pontos. A média considerada
adequada pelo movimento Todos
pela Educação é de 300 pontos.
O aumento na proporção de
negros no ensino médio pode ser
atribuído a uma combinação de
ações que resultaram na melhoria
do fluxo desde os anos iniciais.
Políticas públicas externas à
escola, caso do Bolsa Família,
contribuíram para a queda da
evasão e para a manutenção das
É fundamental que voltemos os
esforços para a elaboração de
políticas educacionais focadas no
ambiente
escolar,
para
melhorarmos os resultados e para
que a escola não reproduza as
desigualdades de origem. É
preciso olhar para o que acontece
dentro da sala de aula, porque parte
da desigualdade no aprendizado é
causada
por
atitudes
discriminatórias veladas.
A formação docente, por
exemplo, não prepara o professor
para a realidade das escolas
públicas. O currículo das
licenciaturas dedica-se muito à
matriz teórica e filosófica e pouco
à prática em sala. Um bom plano
de aula enfrenta na origem a
maioria das defasagens do alunato
de diversos segmentos sociais.
Em outra frente, a flexibilidade
do currículo do ensino médio deve
oferecer opções de trajetórias, que
podem ser acadêmicas ou técnicas,
a partir de uma base comum. Isso
possibilitaria, também, a
incorporação dos saberes e cultura
dos territórios. É importante que o
currículo incorpore temas como
sexualidade, discriminação,
política e religião em suas
múltiplas formas, estimulando a
pluralidade de opiniões.
Por fim, a gestão escolar é
fundamental
para
esse
enfrentamento. Todo o esforço da
gestão deve estar voltado para a
melhoria da aprendizagem e para
a redução das desigualdades no
20/11/15
interior da escola –e entre escolas.
É papel do diretor promover a
escuta e o diálogo com os
estudantes, professores e
comunidade escolar, criando um
ambiente de respeito às diferenças.
A persistente desigualdade de
aprendizagem dos estudantes
negros, frente ao atual cenário de
práticas discriminatórias e
intolerância, demanda políticas
públicas educacionais e iniciativas
que enfrentem essa realidade.
É uma agenda imprescindível
para transformarmos uma
sociedade
marcada
por
desigualdades históricas em uma
nação socialmente justa,
igualitária e diversa.
RICARDO HENRIQUES, 55,
economista, é superintendente
executivo do Instituto Unibanco e
membro do Conselho de
Administração do Instituto
Internacional de Planejamento da
Educação da Unesco
FOLHA DE SÃO PAULO
20/11/15
COTIDIANO
Governo Alckmin aceita rediscutir
plano se escolas forem desocupadas
Estado propõe a alunos sair de
colegios em troca da suspensão
temporária da reorganização da
rede
A gestão Geraldo Alckmin
(PSDB) propôs nesta quinta (19)
suspender temporariamente a
reorganização da rede estadual de
ensino para a realização de
debates, até o fim do ano, se os
alunos desocuparem as escolas.
Os estudantes fizeram uma
contraproposta, que deve ser
analisada pelo governo do Estado
até segunda (23).
Segundo a Secretaria de
Educação, 62 escolas foram
invadidas até quinta (19). Dessas,
seis foram por integrantes do
MTST
(Movimento
dos
Trabalhadores Sem Teto).
Caso não haja acordo, o
processo de reintegração de posse
das escolas Fernão Dias Paes e
Salvador Allende –que pode se
estender a todas as escolas
ocupadas da capital– será
analisado na próxima reunião da
7ª Câmara de Direito Público, na
segunda (23).
A oferta foi feita em audiência
de conciliação, nesta quinta (19),
convocada pelo Tribunal de
Justiça, repleta de estudantes e
vaias ao secretário da Educação
de São Paulo, Herman Voorwald.
Na plateia, alunos ficaram de
costas para ele.
Os estudantes protestam contra
a intenção do governo de dividir
parte das unidades por ciclos
únicos. Para isso, a gestão tucana
deve fechar, em 2016, 92 escolas
e remanejar cerca de 300 mil
alunos –a rede tem 5.147 escolas
e 3,8 milhões de estudantes.
A proposta, lida por Voorwald
nesta quinta, consiste em distribuir
material sobre a reorganização
escolar em 2016 a todas as escolas
da rede estadual 48 horas após a
desocupação, aceitar deliberação
interna nas escolas, que deverão
apresentar propostas ao governo
do Estado, e realizar audiência
sobre a reorganização. Tudo isso
ocorreria antes do fim do ano.
Uma pessoa da plateia
perguntou ao secretário se a
reorganização estava revogada a
partir de então. "A reorganização,
até vocês encaminharem as
propostas, não existe", respondeu
Voorwald.
Um aluno da escola estadual
Castro Alves, na zona norte,
perguntou se a medida valia para
aquela escola, que será uma das
fechadas.
"Vale também para escolas que
foram
disponibilizadas",
20/11/15
respondeu o secretário.
SUSPENSÃO
Questionado pela defensora
pública Daniela Skromov de
Albuquerque se seria possível
revogar completamente a
reorganização caso as escolas
concluíssem, após deliberação
interna, que eram contrárias à
medida, Voorwald não respondeu
e disse que haveria discussões nas
escolas.
Após a audiência, no entanto, o
secretário afirmou que não existe
possibilidade de a reorganização
ser revogada. À defensora,
reservadamente, ele afirmou que o
plano pode apenas sofrer
alterações pontuais.
Os alunos fizeram uma
contraproposta, lida por Daniela.
Eles pediram: 1) o não
fechamento de escolas; 2) o debate
com a comunidade ao longo de
2016, e não até o fim de 2015
("não é só demanda deles, mas da
lógica, com todo respeito", disse
a defensora); 3) a discussão
envolvendo alunos, professores,
pais, associações de pais e
mestres, conselho de pais e
grêmio; 4) a não punição de
professores, alunos e apoiadores
das ocupações; 5) a participação
dos formandos de 2015 das
discussões em 2016.
O secretário não comentou a
contraproposta. Segundo a
defensora, para ele é importante
manter o calendário para a
reorganização em 2016.
Para um aluno da escola Fernão
Dias Paes, a proposta do governo
é "estratégia para desocuparem
escolas e desorganizarem a luta".
"Uma forma de adiar a
reorganização."
FOLHA DE SÃO PAULO
20/11/15
COTIDIANO
Pela primeira vez, maioria
dos jovens negros está no ensino médio
Pela primeira vez, a maioria
dos jovens negros conseguiu
chegar ao ensino médio. Mas ainda
em proporção menor do que os
brancos -e os dois grupos
enfrentam
problemas
de
aprendizagem.
Os dados foram tabulados pelo
Instituto Unibanco a partir de bases
do IBGE e do Ministério da
Educação.
O levantamento considera
negros todos os que declaram preta
ou parda a cor de sua pele.
Segundo a Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de
Domicílios), no ano passado 51%
da população de 15 a 17 anos nesse
grupo estava no ensino médio. Dez
anos antes, esse índice era de 34%.
O fator que mais explica esse
avanço, segundo o instituto, é a
redução da reprovação e da
evasão dos negros no ensino
fundamental.
Em 2001, 53% dos jovens entre
15 e 17 anos ainda estavam na
educação fundamental. Agora, são
32%.
"Aumentou a conscientização
sobre os prejuízos que a
reprovação causa", diz o
superintendente executivo do
instituto, Ricardo Henriques.
O aluno reprovado tende a ter
notas menores na trajetória escolar
e mais chances de desistir dos
estudos.
Para Henriques, mesmo sem
políticas específicas para alunos
negros, eles foram mais
beneficiados porque estavam mais
defasados.
Já para o ministro Aloizio
Mercadante (Educação), as
matrículas de negros no ensino
médio aumentaram devido ao
Fundeb (fundo nacional de
financiamento da educação), que
abrangeu a etapa em 2006, e à
inclusão do ensino médio em
programas de alimentação escolar
e transporte. "Ao apoiarmos o
ensino médio, apoiamos quem
estava mais excluído."
Diretor da ONG Educafro (que
defende maior inclusão dos
negros), frei David Santos diz que
as cotas em universidades
incentivam a entrada e permanência
dos negros no ensino médio.
Apesar do avanço, a população
negra ainda está em desvantagem
na educação. O índice de 51% de
jovens no ensino médio já havia
sido alcançado pelos brancos em
2001 (atualmente, 65% estão nessa
etapa de ensino).
POPULAÇÃO
A população que se classifica
como preta ou parda cresce mais
do que a branca, segundo a Pnad.
Como o levantamento considera a
20/11/15
autodeclaração, não é possível
identificar com precisão o que é
fruto da fecundidade ou de
mudança de declaração.
Ainda assim, o aumento da
presença dos jovens negros no
ensino médio é superior ao
crescimento da população preta e
parda (56% ante 13% em dez
anos).
NOTAS
Uma constatação negativa que
os dados oficiais revelam é que
tanto brancos quanto negros estão
piores hoje do que em 1995 em
língua portuguesa e matemática no
ensino médio.
O levantamento do Instituto
Unibanco aponta que a média em
português caiu de 292 para 269
entre os brancos na avaliação
nacional; entre os negros, de 278
para 254.
O dado mais recente é de 2013.
Especialistas apontam que 300 é a
nota mínima considerada ideal.
"Não estamos entregando o que
precisamos no ensino médio",
afirma o vice-presidente do
Consed (conselho dos secretários
estaduais de Educação) Rossieli
Soares da Silva. Os Estados são
os responsáveis por essa etapa.
Silva diz que a entidade finaliza
proposta para melhoria do ensino
médio, que prevê mais autonomia
à escola.
A ideia é que em parte do
currículo o colégio possa, por
exemplo, oferecer ao aluno ensino
técnico, ligado à economia local;
ou ênfase em uma área do ensino.
"O aluno tem de se identificar com
a escola", diz o secretário.
"As médias não são o que
desejamos. Mas, por outro lado, os
negros têm tido mais acesso ao
ensino superior, com as cotas,
Prouni e Fies", diz Mercadante.
DILMA
A presidente Dilma Rousseff
reconheceu nesta quinta-feira (19)
que o país ainda deve avançar na
igualdade de oportunidades entre
brancos e negros e defendeu a
ampliação do atual sistema de
cotas nas universidades federais e
no setor público.
Em discurso em comemoração
ao Dia da Consciência Negra, a
petista afirmou que a pobreza no
país sempre teve como cor
predominante a negra e que a
garantia de direitos iguais para as
diferentes etnias será uma diretriz
de seu segundo mandato.
No evento, promovido no
Palácio do Planalto, a presidente
entregou títulos de posse e
concessão de territórios a
comunidades quilombolas em São
Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e
Pernambuco
20/11/15
CORREIO BRAZILIENSE
20/11/15
CIDADES
EDUCAÇÃO »
Pedido por mais participação
Uma das preocupações dos manifestantes na Câmara era
com a educação especial
Comunidade escolar vai à
Câmara Legislativa para reclamar
de não ter sido ouvida na
reestruturação da secretaria.
Grupos ligados ao ensino especial
querem discutir mudanças. Chefe
da pasta garante que cortes não vão
atingir colégios
» NATHÁLIA CARDIM
Cerca de 700 professores,
assistentes e outros profissionais
da educação, além de estudantes,
participaram de audiência pública
na Câmara Legislativa do Distrito
Federal (CLDF), ontem, para
discutir sobre a reestruturação
administrativa da pasta a partir do
próximo ano. Durante a reunião, o
secretário de Educação, Júlio
Gregório, deu explicações sobre o
assunto, que gera apreensões na
comunidade escolar do DF.
Segundo ele, todas as secretarias
de governo receberam a
determinação de diminuir em 20%,
no mínimo, os gastos com cargos
comissionados. Ainda de acordo
com Gregório, a determinação é
legal, uma vez que o GDF
extrapolou o limite de gastos
impostos
pela
Lei
de
Responsabilidade Fiscal.
Um grupo de educadores do
ensino especial participou da
audiência para cobrar explicações
sobre a reestruturação da pasta,
que afeta diretamente o ensino nas
escolas especiais da capital. A
conselheira escolar do Centro de
Ensino Especial nº 1 de Brasília,
Arabella Nóbrega, criticou a
decisão sem que a comunidade
participasse. “O Brasil tem a
gestão democrática como caminho
para a educação pública, e isso não
aconteceu aqui. Não podemos
deixar que a educação seja
secundarizada pelo governo. Por
que fazer uma reestruturação a
portas fechadas, de forma vertical,
sem dialogar com a comunidade
escolar?”, questiona. “As decisões
caírem no patamar da coordenação
é amassar a educação especial.
Mobilizamos essa ação como
comunidade, em prol do respeito
e do fortalecimento do setor”,
acrescenta Arabella.
O representante da Associação
Brasiliense de Deficientes Visuais
e coordenador do Fórum de Apoio
e Defesa dos Direitos das Pessoas
com Deficiência do DF, César
Achkar, levou uma sugestão ao
secretário. “O nosso lema é nada
sobre nós, sem nós. Queremos que
ele torne esse modelo sem efeito
porque existe uma outra forma de
resolução, que é o diálogo com a
sociedade. Nós não somos contra
a reestruturação, mas a forma
como foi feita, sem ouvir ninguém,
nós não podemos aceitar”, afirma.
De acordo com o diretor do
20/11/15
Centro de Ensino Especial para
Deficientes Visuais (CEEDV),
Airton Dutra de Farias, as
mudanças podem ser positivas,
desde que sejam discutidas com
os interessados. Ele questionou os
critérios utilizados para
determinar a remoção de
servidores, por exemplo.
“Ficamos muito decepcionados
com essa medida, pois passamos
o ano inteiro tentando uma
conversa com o secretário, o que
só ocorreu hoje (ontem), dentro
da casa legislativa. Ainda assim,
ele não trouxe nenhum argumento
na devolutiva aos nossos
questionamentos”, diz. “Vai ficar
claro que essa reestruturação não
atende nem vai ajudar a educação
do DF. A grande preocupação é a
questão pedagógica. Vamos ter
muitos prejuízos com esses
cortes”, completa.
O secretário Júlio Gregório
garante que os cortes não atingem
as escolas. “Apesar da
reestruturação, todos os serviços
estão garantidos. A mudança foi
feita no nível central, de tal maneira
que houve racionalização dos
processos, sem a diminuição dos
serviços, e isso proporcionou uma
economia de 16,25% sobre os
cargos comissionados”, promete.
“As escolas ficaram totalmente
blindadas. Inclusive, para o ano
que vem, a educação precoce, mais
que mantida, será ampliada”,
afirma Gregório.
"As decisões caírem no
patamar da coordenação é
amassar a educação especial.
Mobilizamos
essa ação como comunidade,
em prol do respeito e do
fortalecimento do setor”
Arabella Nóbrega,
conselheira escolar do Centro
de Ensino Especial nº 1 de
Brasília
CORREIO BRAZILIENSE
20/11/15
CIDADES
OBITUÁRIO »
Regina Vinhaes, professora
» LUIZ CALCAGNO
Regina atuou como secretária
de Educação no governo Agnelo
Queiroz
Familiares,
amigos
e
educadores se despedem, no fim
da manhã de hoje, da professora
da Universidade de Brasília (UnB)
Regina Vinhaes Gracindo, 66 anos.
Estudiosa especialista em
políticas públicas para educação,
mestre e doutora em educação e
pós doutora em ciências sociais,
ela morreu após uma luta de cinco
anos contra a Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA). O velório
será na Capela 3 do Cemitério
Campo da Esperança do Plano
Piloto, às 12h.
Regina foi membro do
Conselho Nacional de Educação
e uma importante crítica das
políticas públicas de educação.
Também atuou como secretária de
Educação do GDF no primeiro ano
da gestão de Agnelo Queiroz. Foi
selecionada para o cargo sem
motivações partidárias, o que
causou desconforto entre membros
do Partido dos Trabalhadores (PT).
Viúva, a professora deixou três
filhos e dois netos. Ela estava
acamada há dois anos por causa
da doença. Segundo um dos filhos
dela, o ator Felipe Gracindo, do
Grupo G7, ela tinha dificuldades
em se comunicar, por conta da
paralisia provocada pelo avanço
da ELA. Ainda assim, a estudiosa
se manteve lúcida até os últimos
momentos. “Em 2013, ela teve o
diagnóstico da doença, mas já
sentia os efeitos há alguns anos”,
afirmou.
Colega de Regina, o professor
aposentado da UnB e conselheiro
do Conselho Nacional de
Educação, Erasto Fortes, elogiou
a trajetória da profissional. “A
professora foi uma liderança
acadêmica na UnB e se
comprometeu por inteiro com a
educação pública do país”,
destacou. O professor de políticas
educacionais, Luiz Dourado,
concorda com Erasto,“era uma
pessoa comprometida com a
causa educacional”.
JORNAL DE BRASÍLIA
20/11/15
PONTO DO SERVIDOR
Milena Lopes
20/11/15
JORNAL DE BRASÍLIA
20/11/15
OPINIÃO
JORNAL DE BRASÍLIA
20/11/15
CIDADES
JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 20/11/15
BRASÍLIA
Valor Econômico
20/11/15
POLÍTICA
Fechamento de escolas
em SP pode ser negociado
Por De São Paulo
A gestão Geraldo Alckmin
(PSDB) disse ontem que pode
suspender temporariamente a
decisão de fechar e reorganizar as
escolas estaduais a partir de 2016.
O anúncio foi feito pelo
secretário Herman Voorwald
(Educação), em audiência de
conciliação entre governo,
professores e estudantes. De
acordo com o secretário, a
suspensão pode ocorrer apenas 48
horas após os alunos deixarem as
unidades invadidas.
Segundo documento lido por
Voorwald, caso haja acordo, a
reorganização será suspensa até
que escolas a discutam
internamente e, depois, apresentem
uma nova proposta ao governo.
Tudo isso deve ser feito antes do
fim do ano.
Questionado por uma defensora
pública se seria possível revogar
completamente a reorganização
caso as escolas concluíssem que
eram contrárias à medida,
Voorwald limitou-se a dizer que
haveria discussões nas escolas.
Inicialmente, a Secretaria da
Educação previa fechar 94 escolas
e transferir 311 mil alunos ano que
vem. O plano sofreu derrota na
Justiça na segunda-feira. Uma
decisão em caráter liminar
(provisório) suspendeu o
fechamento da escola Braz Cubas,
em Santos, a pedido da Defensoria
Pública e da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
Desde que a ideia foi
anunciada, em setembro, tem
havido protestos praticamente
diários. Escolas foram invadidas
por alunos, pais e integrantes de
movimentos sociais e já afeta as
aulas de pelo menos 26 mil
estudantes, segundo a Secretaria da
Educação.
Na quarta-feira, a pasta
publicou no "Diário Oficial" uma
resolução que mantém o
cumprimento dos 200 dias letivos
em todas as escolas da rede e que
a equipe gestora deve reprogramar
e estender o calendário letivo nas
unidades em que as aulas estão
suspensas devido às invasões.
"A secretaria tem a obrigação
de garantir a continuidade das
aulas", disse Herman Voorwald.
(Com agências noticiosas)
Valor Econômico
20/11/15
ESPECIAL
Para FHC, falta a Dilma um 'comitê de crise'
Por César Felício e Fernando
Taquari | De São Paulo
FHC: "O governo sabia no ano
passado qual era a situação
econômica, melhor do que nós. Em
vez de enfrentar, disseram que não
vinha crise alguma".
Uma onda de tensão social em
função do aumento do
desemprego, na opinião do expresidente Fernando Henrique
Cardoso, é a principal variável a
médio prazo que pode
desestabilizar a presidente Dilma
Rousseff. Em 2016, Fernando
Henrique não descarta a hipótese
da deterioração da economia
passar a guiar o cenário político,
ao invés do inverso que marcou
este ano. Para Fernando Henrique,
no momento temas como
impeachment e irregularidades
como pedaladas fiscais são
questões que mobilizam a classe
política, mas não as massas.
O ex-presidente tucano
condenou a postura da bancada de
seu partido na Câmara, que votou
majoritariamente pela derrubada
do veto presidencial ao reajuste do
Judiciário, mas ressaltou que a
responsabilidade de se criar
governabilidade é do Palácio do
Planalto e não da oposição.
Fernando Henrique admite que,
se voltasse ao poder, teria mais
dificuldades de manter uma
maioria no Congresso, em função
do aumento da fragmentação
partidária. No livro "Diários da
Presidência", que publicou
recentemente, em que narra os dois
primeiros anos de seu governo, o
ex-presidente aparece como
principal articulador da pauta do
Executivo no Legislativo.
Fernando Henrique vê a
necessidade de se construir
maiorias congressuais um dos
propósitos
principais
do
documento "uma ponte para o
futuro", divulgado pelo PMDB.
Na visão do tucano, o vicepresidente Michel Temer busca
estabelecer uma agenda que
permita construir uma maioria
parlamentar em aliança com a
oposição, na hipótese de assumir
o poder a curto prazo. Mas FHC
ressalta que considerou o
programa excessivamente liberal
do ponto de vista econômico. O expresidente considera que o PMDB
procurou demarcar diferenças em
relação ao PT e sinalizar para o
mercado.
Ao comentar a possibilidade de
diálogo com o governo, Fernando
Henrique se compara com Dilma,
diz que nunca negou a crise
econômica que já se desenhava no
cenário brasileiro quando disputou
a reeleição e que chamou a
oposição e a sociedade para
conversar, argumentando que não
havia vencedores em um colapso
econômico.
O ex-presidente desta forma se
referiu à crise que marcou o país
entre 1998, ano de sua reeleição,
e 1999, época em que o câmbio se
desvalorizou com força, a inflação
subiu, o crescimento da economia
diminuiu e sua popularidade jamais
voltou a ser a mesma. A diferença
essencial em relação ao atual
governo, de acordo com FHC, é
que Dilma em vez de dialogar com
a sociedade e com o sistema
partidário, teria optado apenas por
nomear um ministro da Fazenda
com pensamento oposto ao seu.
A seguir a entrevista exclusiva
do ex-presidente ao Valor Pro,
serviço de informação em tempo
real do Valor, dada na sede do
instituto que leva seu nome, no
centro de São Paulo.
Valor: Nesta semana o PSDB
votou majoritariamente pela
derrubada do veto da presidente
ao reajuste do Judiciário. O
partido não está adotando um
estilo de oposição semelhante ao
que o senhor sofreu em certo
momento?
20/11/15
FHC: Eu não concordo [com o
que a bancada fez]. Posso até
entender a lógica eleitoral, mas não
acho correto diante da
responsabilidade que temos com o
Brasil. Com a CPMF é diferente.
Não devem votar a favor porque o
sentimento geral é de que esse
imposto não adianta, uma vez que
o governo não faz um esforço
necessário. Agora, no caso desse
veto, votaram por causa da pressão
política dos interessados. Não acho
que fosse bom derrubar o veto. O
PT votou contra o Plano Real,
votava contra sempre. Eu não acho
que o PSDB deva fazer a mesma
coisa. Agora, isso é mais na
Câmara do que no Senado. Mas
não acho que seja uma atitude
negativa sistemática. No caso da
DRU, votaram a favor.
Valor: É possível que haja
uma crise de confiança em
relação ao PSDB?
FHC: A crise de confiança foi
dos mercados em relação ao PT,
em 2002. Não creio que isto vai
se repetir. No caso do PT,
anunciaram uma porção de coisas
que depois não cumpriram. Por
sorte não cumpriram. No caso do
PSDB, as pessoas sabem que não
é um partido aloprado.
Valor: No livro sobre os
primeiros dois anos de seu
governo, o senhor faz uma
avaliação muito severa do papel
do Congresso, sobretudo em
1996. Naquela época, o senhor
enxergava um descompasso
entre o Legislativo e a sociedade
e via o Executivo como um
interlocutor mais importante dos
movimentos sociais e da
sociedade. De que maneira isso
evoluiu?
FHC: O Congresso talvez seja
hoje até mais representativo da
sociedade porque houve uma
democratização grande do Brasil.
As pessoas que estão no
Parlamento, gostemos dela ou não,
são mais representativas. Mas
você tem hoje uma pulverização
partidária muito maior. Os três
partidos com maior representação
no Congresso, PMDB, PT e PSDB,
se você somá-los, não dá 200
parlamentares. E eles não se
somam. Eu tive certa dificuldade
de organização do Congresso, mas
mesmo assim os partidos eram
menos numerosos e mais
organizados. Consegui criar uma
maioria
estável,
embora
percebesse, na época, como ainda
instável.
"Não acho que fosse bom
derrubar o veto. O PT votava
contra sempre. Não acho que o
PSDB deva fazer a mesma
coisa"
Valor: Se o senhor tivesse um
Congresso fragmentado como o
atual ou voltasse à Presidência
hoje, a dificuldade de aprovar
uma quantidade de reformas que
foram feitas seria muito maior?
FHC: Não tenho dúvida.
Aprovei várias emendas à
Constituição, que demandam 308
votos na Câmara. Hoje, as
dificuldades são grandes, mas não
só pelo lado do Congresso.
Vivemos numa democracia. Você
não faz nada sem o Legislativo.
Nosso sistema de governo é
presidencialista.
Agora,
esquecemos que na Constituinte a
ideia que prevalecia era a do
parlamentarismo.
O
presidencialismo venceu por
pressão governamental no limite.
O arcabouço da Constituição não
é presidencialista. O presidente,
para obter maioria, tem que ter uma
agenda, e convencer a sociedade
dessa agenda.
Valor: A presidente Dilma
Rousseff não tem sido capaz
disso?
FHC: Nem de ter agenda e
muitos menos de convencer a
sociedade de que a agenda dela é
boa. Então, não é só a
fragmentação partidária no
Parlamento. O Executivo não está
cumprindo suas funções para o
regime esdrúxulo como o nosso,
que dá muita força ao mesmo
tempo ao Congresso e ao
presidente. O povo pensa que o
presidente tem toda a força. Só que
se ele for democrata tem que
obedecer a Constituição. Portanto,
dependerá do Congresso. Por isso
é preciso ter uma agenda que o
Legislativo aceite. Sem isso fica
difícil funcionar, sobretudo em
tempos de vacas magras. Quando
a economia funciona a todo vapor,
esses problemas não aparecem na
sua plenitude. Quando a economia
é contra tem que ter a capacidade
de entender o processo. Tive
momentos de dificuldade na
economia, mas nunca perdi a
maioria no Congresso. Além disso,
procurei manter o diálogo com a
20/11/15
sociedade, com o momento
sindical, MST, o PT e as
oposições. É a compreensão de
como se faz o jogo político numa
democracia. Quando veio o
primeiro período Lula, o vento era
a favor.
Valor: Em 2015 vimos que a
crise política tracionou a crise
econômica. Com o cenário de
recessão, o senhor acha que em
2016 isso pode se inverter? Ou
seja, que a desarticulação
econômica vai bloquear ainda
mais o governo no Congresso?
FHC: É possível. Todos os
dados até agora são no sentido de
que 2016 vai continuar sendo uma
ano, do ponto de vista da
economia, de crescimento
negativo. Portanto, pode aumentar
a tensão. Ainda não temos uma
tensão social. Temos uma tensão
política, uma crise moral e uma
recessão econômica. Mas você não
viu ainda tensão social. Se isso
acontecer vai ser muito
complicado.
Valor: Há precedente na
história brasileira de um governo
desestabilizado por uma tensão
social?
FHC: Não sei se já tivemos uma
recessão nessa proporção. Em
1930 e 1931 teve algum problema,
mas logo em seguida veio a questão
da valorização do café e a própria
crise [1929] propiciou um
desenvolvimento interno aqui. De
todo modo não lembro de dois ano
de recessão. Há ainda um fator a
mais agora, com o aumento do
desemprego. No passado, o mais
grave era a precariedade do
emprego. Você tinha uma massa
que nunca tinha sido empregada.
Isso foi diminuindo. A economia
cresceu, a sociedade se abriu,
pessoas entraram para o mercado
de trabalho e agora estão saindo.
Valor:
Qual
são
consequências disso?
as
FHC: Ninguém sabe avaliar
porque nunca houve isso nessa
proporção. Há um mal estar maior
do que em outras épocas. Vemos
greves que se encadeiam, coisa que
não tinha há muito tempo.
Valor: As manifestações deste
ano de algum modo lembram as
que foram feitas contra o senhor
em 1999? Na ocasião havia
muita gente na rua pedindo o fim
do governo, mas não houve uma
onda que desestabilizasse o
Executivo.
FHC: Não temos maioria
clamando por nada. Se você faz em
uma pesquisa uma pergunta sobre
se o entrevistado quer que o
presidente saia, ele vai dizer que
quer. Eu acho que é um sentimento
mais de distanciamento e de
descrença. Muitas vezes na
sociedade isto acontece.
Valor: Os partidos falham ao
tentar se comunicar com o
sentimento popular?
FHC: Estamos tentando, vamos
ser justos. Os partidos tentam.
Talvez não tenham ainda acertado
o tom. A questão é que as
preocupações da sociedade muitas
vezes não passam pelos temas que
interessam aos políticos. passam
pelos temas da vida cotidiana, de
identidade, de temas novos que
apareceram na sociedade e que os
partidos não expressam. Eu fui uma
vez com meu motorista assistir a
um debate. Um debate eleitoral,
este último. No fim eu perguntei a
ele 'o que você achou?' E ele disse:
' bom, né? falaram lá das coisas
deles...' Não é que essas coisas
não sejam importantes para o
povo, mas o povo não sente da
mesma maneira. Por exemplo, o
impeachment. É um tema que
entusiasma os políticos, positiva
ou negativamente. E muitas vezes
as pessoas sequer entendem. A
pedalada fiscal, claro que é
importantíssima. A lei de
responsabilidade social, é
importantíssima. Mas há uma
separação entre a sensibilidade
política e a da população. É algo
que faz parte das sociedades de
massa contemporâneas e no caso
nosso faz parte de uma sociedade
de educação relativa.
"Não temos maioria
clamando por nada. O
sentimento é mais de
distanciamento ou descrença"
Valor: Recentemente temos
visto este movimento do PMDB
para ganhar um certo rosto.
Talvez uma iniciativa mais do
vice-presidente Michel Temer do
que do próprio partido. Talvez
seja um sinal efetivo de que o
PMDB busca candidatura
própria. É possível uma aliança
entre PSDB e PMDB?
FHC: Você se refere ao "Ponte
para um futuro". É um programa
positivo que se aproxima de
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algumas posições do PSDB. Tem
algumas coisas que são liberais
demais para o meu gosto. Ele deu
uma mensagem, disse alguma
coisa. Qual a extensão disse no
PMDB vamos ver, porque, como
você mesmo disse, é uma coisa
mais do Temer do que do partido.
Este programa aí foi feito para a
hipótese do [Michel] Temer
assumir. Para dar um sinal aos
mercados. E uma abertura para se
ter maioria no Congresso em um
eventual governo, porque tem isso
também. É bom lembrar que este
programa foi feito há dois meses,
quando o cenário era outro. Quanto
a uma aliança eleitoral, isto está
muito longe, é só em 2018. Agora,
ganhe quem ganhar, para governar,
vai ter que fazer alianças, isto é
óbvio. No Brasil ninguém se elege
com maioria absoluta no
Congresso. O PMDB sabe disso,
é inevitável nestes sistemas.
Valor: Que pontos do
documento pemedebista são
muito liberais para o seu gosto?
FHC: Na questão de
desvincular a Previdência do
salário mínimo. Muito bem isso,
mas tem que ter um parâmetro. O
aposentado fica assustado e pensa;
'eu não vou ganhar? e com esta
inflação, não sei o que?'; Tem que
discutir isso com mais detalhes.
Por isso eu acho que este programa
é mais um sinal do que um caminho
institucional. Entendo que o PMDB
quis corrigir a ingerência pública
na vida privada. Mandou um sinal
de que vão respeitar mais o setor
privado e esta é uma posição do
PSDB. O PMDB está dizendo;
'olha aqui, eu não vou ser como o
PT'. Estão dizendo explicitamente,
do ponto de vista de orientação
política, que discordam do PT.
Valor: Existe a possibilidade
de um diálogo mais institucional
entre o governo e a oposição,
passando pela figura do senhor
e do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva?
FHC: A questão de dar
governabilidade é de todos, mas
especificamente
cabe
ao
presidente, não à oposição.
Mantiveram durante anos o
discurso da herança maldita,
tentando me desconstituir. Eu não
agi assim. Quando houve a crise
da energia elétrica em 2001, eu
chamei todo mundo, chamei a
sociedade civil, expus toda a
situação. Criei um comitê de crise.
O governo sabia no ano passado
qual era a situação econômica,
melhor do que nós. Em vez de
enfrentar, disseram que não vinha
crise alguma. Ela [a presidente
Dilma Rousseff] organizou o
governo como se não houvesse
crise.
Valor: Mas a lógica eleitoral
não impede um governo de agir
dessa forma? Em 2014 Dilma
buscou a reeleição e em 1998 foi
o ano que o senhor também
buscou o segundo mandato, em
meio de uma crise financeira
internacional que atingiu o
Brasil e o seu governo.
FHC: É o que é que eu fiz em
1998?
Valor: O senhor não tratou da
crise no debate eleitoral.
FHC: Não, pelo contrário, eu
disse sim que ia haver a crise. E
disse mais, que ia chamar o FMI,
em um discurso que fiz no
Itamaraty. E durante a campanha,
a estratégia era afirmar; 'olha, tem
crise, mas quem acabou com a
inflação vai acabar com a crise'.
E o que é que eu fiz em seguida à
reeleição? chamei o Lula. O Lula
mandou um sinal, eu peguei o sinal
e chamei o Lula para conversar. E
disse a ele: 'olha, a crise está aí,
mas vocês estão errados se acham
que a crise vai levar a uma
mudança da sociedade, ao
socialismo, não sei o quê. A crise
passa e é ruim para todos, não é
que depois da crise vem uma
maravilha. Vamos ter quer
trabalhar'. Não neguei a crise e nem
me neguei a conversar com o PT.
Falam em fraude eleitoral, mas eu
falei de crise o tempo todo. Ainda
no mês de setembro de 1998
anunciei que a situação iria piorar.
Eu não vi isso agora, mesmo
depois da campanha. Ela não
chamou a sociedade para uma
coesão, o que fez foi nomear um
ministro da Fazenda que pensa o
oposto dela. Não se sai deste
buraco sem coesão. Quem está no
governo tem a responsabilidade de
encontrar o caminho para isso. Mas
continuam não fazendo.
Valor: Qual a posição do
senhor sobre o fim das doações
empresariais para campanhas
eleitorais? Em seu livrodepoimento dos dois primeiros
anos de seu governo, o senhor
cita que foi insistentemente
procurado por dirigentes
partidários do governo e da
oposição para intermediar
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contatos com possíveis doadores.
FHC: Isso era uma coisa
natural. Nunca tive problema com
isso, por uma razão simples. Todas
as doações que recebi quando
candidato foram devidamente
registradas. A resistência sempre
foi de alguns partidos que não
queriam mostrar o que tinham
recebido. Quando fui eleito já
havia a preocupação legal de se
evitar o caixa dois. Eu acho esta
restrição de agora positiva.
Ninguém está doando nada, está
todo mundo tirando do governo. É
a falsa doação. Faz de conta que é
privado e faz de conta que está
dando ao partido. A legislação tem
que ser muito restritiva, aberta
talvez para doações de
conglomerados empresariais com
um limite. E ao mesmo tempo tem
que haver regras para proibir a
marquetagem, diminuir o custo da
campanha. Isso porque sou muito
cético em relação a fazer tudo com
recursos públicos.
Valor: A eleição à Prefeitura
de São Paulo em 1992 foi a
última em que o candidato do
PSDB não foi Serra ou Alckmin.
No governo de São Paulo e nos
demais estados vemos um cenário
parecido. No Rio, por exemplo, o
partido se acostumou a ser
coadjuvante. Faltou ao PSDB
criar novas lideranças? Aliás, por
que não há novas lideranças no
partido?
FHC: Isso acontece no mundo
todo. É muito difícil a renovação
de quadros em uma sociedade de
massa. Mesmo nos Estados Unidos.
Até que houve alguma renovação.
O Aécio é novo. A Marina é nova.
Outros
partidos
também
dificuldade. Pega o PMDB. Quem?
Não é porque não queira. Não é
fácil emergir. Se você for ver os
prefeitos, tem vários bons. Diria
que tem mais de uma centena de
bons prefeitos. Disso a ser um
nome nacional é uma enorme
dificuldade. Subconsciente a mídia
também seleciona quem é que fala.
Fala quem sabe falar. Saber falar
não quer dizer falar bem. É
comunicar. Não é tanta gente assim.
A emersão de um líder novo não é
só papel do partido. É da sociedade
e os meios de comunicação estão
no meio disso. E tem pessoas que
são capazes, boas, mas são capazes
de comunicar. E uma sociedade
como a nossa é como o Chacrinha
dizia: Quem não comunica se
estrumbica. São problemas
sociológicos.
Valor Econômico
20/11/15
EMPRESAS
Fundo dos EUA mais que dobra
rede de escolas de inglês Cel.Lep
Por Beth Koike | De São Paulo
A rede de escolas de inglês
Cel.Lep deve chegar a 2016 com
65 unidades - mais que o dobro
do tamanho que tinha há três anos,
quando foi adquirida pelo fundo
de private equity americano H.I.G.
Capital. Na época, eram 25 pontos.
Agora prepara-se para uma nova
etapa de expansão que pode vir de
aquisições ou por meio de
crescimento operacional.
"Nos
últimos
anos,
modernizamos as unidades,
abrimos novas escolas e
investimos, principalmente no
pedagógico. Agora, avaliamos
como será a expansão daqui para
frente", disse Felipe Franco,
diretor-geral do Cel.Lep. Está em
análise, por exemplo, a entrada em
outras praças. Hoje, a atuação está
concentrada no Estado de São
Paulo.
Das 65 unidades que a rede terá
em 2016, cerca de 30 são escolas
de rua e o restante está dentro de
colégios, universidades e
empresas. A expansão será puxada
pelos colégios, que respondem
por 50% dos seus 15 mil alunos.
Todas as escolas são próprias.
"Não queremos abrir franquias
porque é difícil controlar a
qualidade do ensino. Atendemos o
segmento corporativo que é
bastante exigente", disse Franco.
Cerca de 70% dos alunos adultos
têm o curso subsidiado pela
empresa em que trabalham.
Segundo Franco, o reflexo do
desemprego no país ainda é baixo
para a rede. Ele diz que sentiu uma
pequena queda no volume de
alunos no segundo semestre e um
pouco mais entre aqueles que
pagavam do próprio bolso.
O valor da mensalidade para
esse público gira em torno de R$
1 mil. Já para crianças e
adolescentes o preço varia de R$
350 a R$ 700. Seus concorrentes
diretos são o Alumni e o Berlitz.
Nesses três anos sob o comando
do fundo, o Cel.Lep recebeu
investimentos de R$ 20 milhões,
cujos recursos vieram da própria
geração de caixa da rede. Segundo
Franco, o lucro antes de juros,
impostos,
depreciação
e
amortização (Ebtida, na sigla em
inglês) da rede deve triplicar entre
2013 e 2018.
Metade do investimento foi para
a área pedagógica com a criação
de cursos para crianças a partir de
três anos, modernização dos
laboratórios e adoção de uma
metodologia didática conhecida
como "sala de aula invertida". Esse
modelo prevê que o aluno estude
primeiro em casa e depois tire as
dúvidas em sala. Na rede de
idiomas, os alunos dos estágios
intermediário e avançado
aprendem primeiro no laboratório
e depois reúnem-se com os colegas
e o professor.
Fundado em 1967 pelo físico
Walter de Toledo Silva (que
morreu neste ano aos 95 anos), o
Cel.Lep foi o pioneiro em usar
laboratórios para ensinar inglês.
Numa viagem à sede da Philips,
na Holanda, Silva conheceu um
equipamento de gravação de voz
usado no curso de idiomas dos
funcionários. Trouxe a ideia para
o Brasil e adotou no Cel.Lep, cujas
iniciais significam Centro de
Ensino de Línguas do Liceu
Eduardo Prado - escola referência
nos anos 60.
O GLOBO
20/11/15
O PAÍS
Governo de SP agora promete
conversar sobre escolas
Secretaria dá 48 horas para que
unidades sejam liberadas; para
movimentos que apoiam alunos,
proposta é "furada"
Luiza Souto
São Paulo
82, até a tarde de ontem. Segundo
a assessoria de imprensa do
Tribunal de Justiça, não acontecerá
nenhuma reintegração antes de uma
audiência, marcada para a manhã
de segunda-feira.
Para finalizar, a secretaria
propõe reuniões das equipes das
diretorias de ensino com
representantes indicados pela
comunidade escolar para tratar as
propostas, num prazo de até dez
dias após a realização dos debates.
Secretaria: 5 propostas
"Orientação é não cancelar"
Os estudantes que ocupam
dezenas de escolas estaduais em
São Paulo há quase duas semanas,
contrários à reorganização do
ensino, devem deixar os prédios
em 48 horas para serem ouvidos.
Foi o que propôs a Secretaria de
Educação em audiência de
conciliação entre governo,
professores e alunos, realizada na
tarde de ontem. Os manifestantes
fazem protesto contra a proposta
que pretende fechar 93 unidades e
transferir 311 mil alunos no
próximo ano. Caso o grupo atenda
a solicitação, a pasta concorda em
discutir seu projeto. Movimentos
que apoiam as ocupações dizem
que reforçarão os protestos e
pedem retirada completa da
proposta.
Enquanto a Secretaria de
Educação fala em cerca de 40
escolas ocupadas, a organização
dos manifestos afirma contabilizar
Em comunicado à imprensa, a
secretaria diz que foram
apresentadas cinco propostas. A
primeira é a promessa de envio do
material da reorganização
específica de cada escola, num
prazo de 48 horas após a
desocupação. A pasta diz ainda que
haverá redistribuição desse
material a todas as unidades da
rede estadual de Educação,
também 48h após os grupos
voltarem para suas casas.
Feito isso, a secretaria propõe
debates com a comunidade
escolar, a serem organizados nas
dependências de cada unidade,
num prazo de até cinco dias após
o recebimento do material. O
órgão recomenda ainda indicação
de representantes da comunidade
escolar,
como
grêmios,
associações de pais e mestres,
conselhos de escola ou
representantes desses segmentos,
para consolidar as propostas.
Os movimentos que apoiam os
estudantes garantem que as
ocupações continuarão, e que serão
intensificadas.
- A orientação é não cancelar
nada. Não há acordo. Essa
proposta é furada - avisa José
Afonso da Silva, representante do
Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto, o MTST.
O secretário de Comunicações
da Apeoesp, que representa a
maioria dos professores do estado,
Roberto Guido, reitera o discurso:
- O governo do estado tem que
retirar por completo essa proposta.
A reorganização, em nenhum
momento, foi discutida com pais e
alunos. Não será em dez dias que
vamos debatê-la. É um governo
pouco confiável.
O ESTADO DE S. PAULO 20/11/15
METRÓPOLE
Estado exige saída de
escolas para abrir diálogo
20/11/15
O ESTADO DE S. PAULO 20/11/15
METRÓPOLE
20/11/15
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