Antes de começar... Introdução à Semiótica • Síntese dos principais tópicos – O que a Semiótica estuda • Signos, significação e comunicação • Limites epistemológicos flexíveis • Caráter geral e abstrato: Uso para estudo nas outras ciências (geo, inf, etc.) Prof. Ecivaldo Matos Dept. de Ciência da Computação Colégio Pedro II – Correntes • Saussure (base linguística) • Charles Sanders Peirce (1839 – 1914) (base filolinguística) • Outros... Pesquisador LEAH - UERJ Março/2008 2 Conceito de Semiótica Antes de começar... • Signo • Semiótica {Do grego semeiotiké}: estudo dos sinais/signos em suas diversas aplicações, estudo da semiose. – Algo que representa um objeto (concreto ou abstrato) – Natural ou artificial • • • • • Semiose: processo de interpretação dos signos Nuvens sombrias Uma placa de trânsito Uma linha azul num mapa Um provérbio – Fundamento: propriedade do signo que o habilita a representar algo que está fora dele – Não confundir com Símbolo 3 Antes de começar... 4 Antes de começar... • Comunicação • Significado – Troca de sinais cognitivamente significativo a mensagens – Trocando em miúdos... – Resultado semântico de processos cognitivos e/ou sócio-culturais – Equiparados à referência (denotação) – Equiparados ao sentido (conotação) – Sistema de significação & Interpretação – Muda constantemente, seja por conta de novos signos ou pela própria dinâmica ou diferenças sócio-culturais • Entendimento, compreensão e resposta • Emissor, receptor, canal, mensagem, código, significado, interpretação • Não há mensagens sem signos e não há comunicação sem mensagens 5 6 1 Fenomenologia >> Lógica \ Semiótica BASES TEÓRICAS (C. S. Peirce) Estética Ética >> Metafísica 8 Semiótica como Lógica Características da Semiótica de Peirce • Concebida como lógica num caráter lato • Aspectos ontológicos e epistemológicos – Gramática especulativa – – – – • Estudos dos mais variados tipos de signos • Classes de signos – Lógica crítica • Estuda os tipos de inferência (científicas), raciocínios e argumentos (normas que conduzem o pensamento) • Abdução >> dedução >> indução • • • • – Retórica especulativa ou Metodêutica • Analisa os métodosa que cada um dos tipos de inferência dá origem Problema da referência Realidade x ficção (concreto e virtual) Análise lógica do significado Problema da verdade Teoria do conhecimento Fornece categorias para análise cognitiva Sentido multidimensional Estrutura filosófica de C. S. Peirce é base para qualquer tipo de investigação 9 Gramática Especulativa 10 Lógica crítica • Tríade peirceana • Tipos de inferência – Significação, Objetivação e Interpretação – construção da verdade – Processo interpretativo: • Abdução: levantamento de possibilidades / hipóteses (raciocínio hipotética) • Dedução: seleção de hipóteses e construção de proposições lógico-inferenciais • Indução: aplicação e verificação dos resultados 11 12 2 Metodêutica Metodêutica • Formas de análise do signo (natureza triádica): • Análise dos comportamentos dos signos – – – – – – Quais são os poderes de referência de signos Que informação(ões) transmitem Como eles se estruturam em sistemas Como são produzidos Como são emitidos / utilizados Que tipos de efeitos são capazes de provocar no receptor – No seu poder de significar – Na sua referência àquilo que ele indica – Nos tipos de efeitos (interpretações) que ele está apto a produzir e despertar. • Os signos deixam a marca de como e de quem o produz 13 14 Aplicação (Exemplos) • Um filme que nasce da adaptação de um romance é um signo desse romance – O espectador só tem acesso àquilo que o filme representa através da mediação do signo. PERCURSO PARA APLICAÇÃO • Uma mensagem de e-mail – O e-mail é o signo daquilo que se deseja transmitir, que é o objeto do signo – O efeito que a mensagem produz em quem o recebeu é o interpretante. Que, por sua vez, pode ser um novo signo. (SEMIOSE) – O e-mail é o mediador. 15 Classificação de signos Classificação de signos • Relações • Classes de signos como ferramenta para análise de signos empíricos – Signo com si próprio (da natureza do seu fundamento) – Análise de meios e mensagens para situações comunicativas – O número de signos tende a crescer – É necessário conhecer a história do sistema de signos e o contexto sociocultural em que ele se situa. • Teoria das potencialidades e limites de significação – Fundamento com o objeto • Teoria da objetivação – Fundamento com o interpretante • Teoria da interpretação 17 18 3 Classificação de signos Classificação de signos • Um tipo de categorização • As classes de signos revelam de que espécie um signo deve ser para ser capaz de representar a espécie de objeto que ele representa. (CP 4.531) – Signos de primeiridade • sentimentos e emoções – Signos de secundidade • Percepções, ações e reações – Signos de terceiridade • Discursos e pensamentos abstratos CP = Colleted papers (manuscritos) do C. S. Peirce. 19 Classificação de signos 20 Classificação de signos • De acordo com o que o signo se refere (relação com o objeto que denota) • Classificar signos não é uma tarefa fácil • Um ícone pode ser culturalmente transoformado em símbolo. – Ícone • São quali-signos que se reportam aos seus objetos por similaridade (associação por semelhança) • Ex.: sentimentos e emoções ou manchas num papel – Bandeira do brasil: signos icônicos (retângulo, losângulo, verde, amarelo) que juntos representam o Brasil (símbolo da nação) – Qual seria a classe desse signo para uma pessoa quem não conhece a bandeira do Brasil? – Índice • Indicação relacional com o objeto que o representa (associação de fato) • Ex.: foto de uma montanha – Símbolo • Fundamento do símbolo é uma lei (associação por uma lei) • A palavra “Brasil” é um símbolo de uma nação, a nação brasileira. 21 Percursos 22 Referencialidade dos signos & Níveis interpretativos • 1º olhar: contemplativo ao signo • 2º olhar: se colocar no lugar de quem acessará tal signo, olhar observacional • Questões a pensar – – – – – – Capacidade perceptiva aguçada – Perceber e considerar o contexto, distinguindo a parte do todo • 3º olhar: abstrato, abstrair o geral do particular, extrair de um fenômeno o que ele tem em comum com uma classe geral. Capacidade referencial do signo A que o signo se refere? A que ele se aplica? O que ele denota? O que ele representa? • Objeto imediato • Objeto dinâmico 23 24 4 Níveis interpretativos – Objeto Imediato Níveis interpretativos – Objeto Dinâmico • O modo pelo qual o objeto do signo está presente no próprio signo (abstrato, resultado da nossa interpretação) • Olhares • O exame do objeto imediato nos remete diretamente ao objeto dinâmico • Representa o modo como o signo se reporta àquilo que ele intenta representar. • O signo se reporta ao seu objeto: – Aspecto qualitativo do signo • Se o objeto imediato coincide com a qualidade de aparência que o signo exibe – Modo icônico • Referencialidade aberta – Aspecto material do signo – Modo indicial • Se o objeto imediato é a materialidade do signo como parte do universo a que o signo pertence. (ex.: foto) • Referencialidade direta e pouco ambígüa, com formas de vestígios, marcas ou traços. – Aspecto simbólico do signo – Modo simbólico • O objeto imediato é um recorte que ele apresenta de seu objeto dinâmico • Tem base em convenções culturais, valores coletivos, padrões pré-definidos. 25 Exame do processo interpretativo 26 Exame do processo interpretativo • O signo só é signo porque há um interpretante • O ato de interpretação possui 2 aspectos: • A análise deve dar conta dos três níveis de interpretante • Quando analisamos ícones o que se faz é levantar algumas das possibilidades que julgamos que o signo apresenta. • Deve-se lembrar que o avaliador ocupa a posição lógica do interpretante. Ao avaliar estamos interpretando. – O seu fundamento – A sua relação com o objeto • Quando projetamos devemos pensar constantemente na complexidade das relações necessárias para interpretação dos signos. • A intuição estará sempre presente em qualquer ato intepretativo 27 28 Pontos essenciais • A análise deve seguir passos lógicos, começandos dos níveis mais elementais até os níveis mais interpretativos • A semiose é um processo ilimitado, durante a análise é necessário definir um limite. APLICAÇÃO – O que queremos revelar com a análise? – Que objetivos ela visa atingir? • O signo é múltiplo e variável, modifica-se com o olhar do observador, porém há um subconjunto de sistema de significação estabelecido culturalmente e outros que podem, ou não, ser evocados. • Nenhum signo pertence exclusivamente a um tipo (ícone, índice ou símbolo) 29 5 O Problema Procedimento de análise • Potencial comunicativo da campanha publicitária dos produtos Seda para cabelos na TV. • Valores interpretativos dos símbolos – Traços de distinção dos novos produtos: • Sentido denotativo: distinção pela diferença • Sentido conotativo (figurado): distinção pela superioridade (fonte: Semiótica Aplicada, Lúcia Santaella, 2002) – Traços conotativos: • Objetivos • Marca da Elida Hair Institute: signo do estrangeiro que na cultura brasileira de classe média exerce sedução • Além disso, o EHI fica em Paris, signo de beleza e bom gosto. • O EHI é um centro de pesquisa, signo de produto com suporte científico. – Relançar o produto – Nova imagem • Possibilidades – O que esses traços indicam? – Perspectiva semiótica: ícones, índices e símbolos • Símbolos que indicam a quem os produtos se destinam • Mulheres modernas e “esclarecidas” • Por que seriam símbolos? 31 Procedimento de análise 32 Procedimento de análise • Referências interpretativas dos índices • Evocações interpretativas dos ícones (apelos sugestivos) – – – – Imagens com índices de autoridades científicas e técnicas. Mulheres de todo o mundo foram ouvidas Elas cuidam do cabelo com cuidam da saúde Conclusão: índices de inovação tecnológica não somente pela estética, mas para a saúde de todas as mulheres, seja qual for o tipo de cabelo. – “Seda coloca você em dia com a beleza”, cada mulher sendo um caso especial – Propaganda apostou na individualização. – Será que esse traço se mantém na embalagem do produto? – Imagens com índices de autoridades científicas e técnicas. – Filme publicitário onde aparece uma atriz com seus cabelos degenerados pelo pó e sol, em seguida, após ação do Seda, aparece a imagem da atriz belamente transfigurada pela ação do Seda. – Em seguida, vida cotidiana. O poder evocativo , sugestivo e identificatório de mulheres amadas. 33 Programação visual 34 Programação visual • Embalagens como síntese de elementos simbólicos e metafóricos, com programação visual que destaca informações específicas para o seu público-alvo. • Ponto de vista qualitativo-icônico – Inscrição da marca Seda sempre no mesmo tom, indicando a origem do produto (Elida Hair Institute) – Na parte inferior do rótulo aparece uma modelo com uma imagem do tipo de cabelo. – Forma: embalagem retangular longilínea que dá a impressão de muito conteúdo – Distribuição dos elementos: uniforme e harmônica com divisões simétricas, criando a impressão de equilíbrio. 35 36 6 Programação visual Programação visual • Ponto de vista convencional-simbólico • Ponto de vista singular-indicativo – O padrão de distribuição da informação é sempre rigorosamente o mesmo – Um conjunto de informações textuais no rótulo indicam o tipo de ação que o xampu desempenha – O nome técnico de cada xampu aparece como um nome próprio, reforçado pela cor a informação textual. – A diferença entre o xampu e o condicionador é marcada pela inversão de alguns elementos. – Cores e imagens: cada tipo de xampu tem uma cor específica. – A diferenciação por cor não era um diferencial da Seda (é comum a quase todas as marcas de xampus) – Ao fundo do rótulo aparece uma imagem estilizada de uma mecha de cabelo. 37 38 Estudos correlatos • • • • • ESTUDOS CORRELATOS Semiótica computacional Antecipação Pesquisa qualitativa de base semiótica Semiótica organizacional Aplicações: – – – – – Geografia Ciência da Computação Medicina Educação Psicologia, entre outras. 40 Bibliografia consultada • Semiótica Básica (John Deely) • Os Limites da Interpretação (Umberto Eco) E-mail: • Semiótica Visual:os percursos do olhar (Antonio V. Pietroforte) Sítio: [email protected] www.ecivaldo.1br.net • O Método Anticartesiano de C. S. Peirce (Lúcia Santaella) • Semiótica Aplicada (Lúcia Santaella) • Dicionário de Filosofia (Mario Bunge) 41 42 7