a influência das variáveis econômicas na venda de

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A INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS NA VENDA DE COMBUSTÍVEIS:
UM ESTUDO DE CASO1
MATOS, Diogo Polga de2; BOLIGON, Juliana Andréia Rüdell3; MEDEIROS,
Flaviani Souto Bolzan4; CEREZER, Bruna Felin5
1
Trabalho de Pesquisa _UNIFRA
Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
3
Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
4
Especialização em Finanças do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
5
Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
2
RESUMO
As mudanças na área econômica que vem ocorrendo nos últimos anos, tornam os produtos
mais acessíveis, beneficiando um maior número de consumidores, e o governo controla essa
acessibilidade mediante a sua política econômica. Nesse sentido, o presente trabalho tem como
objetivo analisar o comportamento da demanda por combustíveis em um Posto de combustíveis sob
a ótica das principais variáveis econômicas brasileiras no período de 2002 a 2010. Este estudo foi
desenvolvido por meio de um estudo de caso no referido Posto, caracterizando-se como qualitativo e
quantitativo, do tipo descritivo, onde calculou-se as variações em termos de demanda de
combustíveis do ano base (2002) para os demais períodos analisados (2003 a 2010). Como
resultados, observa-se que no caso de um Posto de combustíveis, a demanda vai depender da
quantidade de carros em circulação nas proximidades e, essa está associada, entre outros fatores, a
política de acesso ao crédito à população.
Palavras-chave: Variáveis econômicas; Demanda de combustíveis; Cenário políticoeconômico.
1. INTRODUÇÃO
As mudanças na área econômica que vêm desenvolvendo-se ao longo dos anos,
mostram um aumento significativo do consumo de toda a gama de produtos que aquece os
mercados e o comércio. Neste sentido, os produtos tornam-se mais acessíveis, beneficiando
um maior número de consumidores e, o governo por sua vez, controla essa acessibilidade
mediante a sua política econômica, o que interfere diretamente na vida dos brasileiros como
um todo e no mercado de combustíveis não é diferente.
Com uma política de expansão econômica, o governo facilita o acesso ao dinheiro
para investimentos, financiamentos, produção etc., bem como na política monetária, onde
determina a oferta de moeda e das taxas de juros, afetando os investimentos em bens de
capital e outras despesas sensíveis à taxa de juros (NORDHAUS; SAMUELSON, 1999).
Ao observar o comportamento da economia nos últimos anos, é possível perceber
1
uma ligação direta dos negócios com a política econômica adotada pelo governo. A
demanda por combustíveis está intimamente ligada com o cenário econômico em que
estiver acontecendo, sendo que sua estabilidade nas vendas depende diretamente de
fatores como moeda, inflação, taxa de juros etc. No entanto, Mankiw (2009) explica que a
demanda por combustíveis é inelástica, de modo que não há produto substituto próximo,
tornando o preço pago pelo litro de combustível uma variável indiferente.
Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo analisar o comportamento da
demanda por combustíveis em um Posto de combustíveis sob a ótica das principais
variáveis econômicas brasileiras no período de 2002 a 2010. Para isso, estabeleceram-se
como objetivos específicos: investigar o comportamento da demanda por combustíveis no
período estabelecido para o estudo; e relacionar o comportamento da venda de
combustíveis do Posto com a política e o cenário econômico no período analisado.
O estudo justifica-se pelo fato de ampliar os conhecimentos relacionados ao
comportamento da demanda por combustíveis em relação à política econômica do país,
além de possibilitar uma análise mais criteriosa para uma tomada de decisão com base nas
mudanças que ocorrem no mercado e sua influência a partir das ações governamentais.
2. POLÍTICAS ECONÔMICAS
Cleto e Dezordi (2002) explicam que políticas econômicas significam as ações
tomadas pelo governo, através dos instrumentos macroeconômicos, visando atingir
determinados objetivos, isso porque faz parte do papel do governo zelar pelos interesses e
bem-estar da população em geral. Para esta finalidade, o setor público, enquanto um agente
econômico de peso dentro do sistema procura atuar sobre determinadas variáveis e através
destas alcançar determinados fins.
Os principais instrumentos da política econômica são: política monetária, política
fiscal, política cambial e a política de rendas. No que diz respeito à política monetária, esta
se refere às intervenções governamentais sobre o mercado financeiro, seja atuando
ativamente ao controlar a oferta de moeda passivamente sobre as taxas de juros. Já por
política fiscal entende-se a atuação do governo quanto à arrecadação de impostos, ou seja,
as chamadas receitas públicas e aos gastos governamentais, enquanto que a política
cambial tem a ver com o setor externo, com as relações econômicas internacionais e,
fundamenta-se, via de regra, na administração da taxa de câmbio e no controle das
operações cambiais (MENDES, 2004).
E a política de rendas, segundo Vasconcellos (2011) contempla alguns tipos de
controle exercidos pelas autoridades econômicas e podem ser considerados dentro do
âmbito das políticas monetárias, fiscal ou cambial. No entanto, os controles sobre preços e
2
salários situam-se em categoria própria de política econômica, e esses controles são
utilizados como política de combate à inflação, sendo também denominados (políticas de
rendas) no sentido que influem diretamente sobre as rendas (salários, lucros, juros, aluguel).
2.1 Variáveis que influenciam na política econômica brasileira
Algumas variáveis contribuem diretamente para a formação do cenário econômico no
país, pois influenciam diretamente na lei da oferta e demanda dos produtos e serviços que
são colocados à disposição dos consumidores, entre elas destacam-se:
a) Taxa Selic: o termo Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia,
sendo um programa do Banco Central onde são avaliadas todas as operações de crédito e
débito através de títulos emitidos pelo governo entre instituições financeiras do país. A
média desses juros indicará uma taxa, que serve de referência para o mercado em geral
(TAYLOR, 2007);
b) Taxa de juros: segundo Omar (2008) pode ser definida como o preço do uso do
dinheiro para um determinado período de tempo, e desempenha um papel chave na tomada
de decisões econômicas, já que interfere nos preços e nos custos de todos os setores da
economia. Vasconcellos e Garcia (2006) complementam que quando a taxa de juros está
baixa, o consumo aumenta significativamente, pois se torna mais viável o financiamento de
bens de consumo, o que tende a aquecer a economia, mas quando ela está alta, o consumo
diminui e as empresas optam em realizar investimentos no mercado financeiro, pois este se
faz mais rentável nesta situação;
c) Inflação: Fortuna (2005) a definem como um aumento contínuo generalizado no
nível geral de preços. Isso acarreta em uma depreciação no valor real da moeda, de modo
que o poder de compra do indivíduo, se não corrigido pelo índice inflacionário, diminuirá; e
d) Superávit comercial: é quando a balança comercial apresenta saldo positivo, pois
os valores em dólares das importações foram menores do que os valores das exportações,
ou seja, as exportações proporcionaram maior entrada de dinheiro no país, tendo neste
caso, uma balança comercial favorável (FONSECA, 2004).
O autor complementa que em situação contrária, ou seja, quando os valores em
dólares das importações foram maiores do que os valores das exportações, têm-se um
déficit na balança comercial ou balança comercial desfavorável.
3. METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se como qualitativo e quantitativo quanto à natureza.
Em relação à pesquisa quantitativa, na visão de Gil (2009), pode-se dizer que a mesma se
3
evidencia em mensurar os fatos observados em relação à frequência com que eles ocorrem.
Já a pesquisa qualitativa, na percepção de Gonsalves (2007), preocupa-se com a
compreensão, com a interpretação do fenômeno.
No que se refere aos objetivos, à pesquisa classifica-se descritiva. De acordo com
Severino (2007) a pesquisa descritiva tem por objetivo escrever as características de um
determinado objeto de estudo, em apresentar as suas características. Quanto aos
procedimentos metodológicos, esta pesquisa contempla um estudo de caso. Furasté (2006)
descreve este como um estudo feito exaustivamente de algum caso em particular, pessoa
ou instituição, para analisar as circunstâncias específicas que o envolvem.
Salienta-se que as informações sobre a empresa foram obtidas através de
observação in loco, bem como pesquisa documental em documentos da mesma. Conforme
Andrade (2009) a pesquisa documental, baseia-se em documentos primários, originais, isso
porque estes ainda não foram utilizados em nenhum estudo ou pesquisa tais como: dados
estatísticos, documentos históricos etc.
Para coleta dos dados, primeiramente, calculou-se as variações em termos de
demanda de combustíveis do ano base (2002) para os demais períodos (2003 a 2010). A
relação que estabelece o cálculo do número-índice para comparar um determinado ano
considerado significativo como base para os anos anteriores ou consecutivos é, segundo
Crespo (2007), definida por um índice relativo em cadeia como mostra a Fórmula 1.
q0,t  
qt
. 100
q0
(1)
Onde:
q(0,t) = relativo de quantidade
qt = quantidade na época atual
q0 = quantidade na época base
Assim sendo, a Fórmula 1 foi utilizada para calcular as variações percentuais da
demanda nos períodos de 2002 (considerado o ano base) a 2010. Os números-índices
foram calculados a partir de uma base fixada na média das vendas realizada no ano de
2002. As evoluções dos índices posteriores, relativos em cadeia, obedeceram à base
estabelecida. Posteriormente, os dados foram preenchidos com base nos arquivos de
vendas de combustíveis da empresa, no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2010.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
No Quadro 1, apresenta-se os valores das vendas anuais em litros nos períodos
analisados, bem como o valor da média anual de vendas.
4
Mês/Ano
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
JAN.
FEV.
MAR.
ABR.
MAI.
JUN.
JUL.
AGO.
SET.
OUT.
NOV.
DEZ.
82098
75774
84188
72905
76915
72341
64386
66881
66902
70817
70459
80150
71791
62471
64633
61533
68394
65036
69714
75159
69085
71901
74511
80946
71923
70058
69551
74273
85649
74023
82007
76651
78750
83749
78048
88193
77063
71482
78041
73187
78690
71303
79641
75991
71232
72720
70832
76304
65116
59318
60414
59066
61539
56920
63090
69116
69969
72367
67725
82640
67701
61441
69389
69231
68835
65216
65052
67073
68594
68083
71159
84579
77917
73499
77321
76840
82897
78413
78374
81171
83971
85570
86579
99492
91857
82181
89705
92437
95423
91950
98817
97928
95847
108804
99424
118103
103178
94330
103592
101975
104298
103871
112190
110794
108287
113724
104922
122055
Total
Média
885818
73.818,17
837177
69.764,75
828360
69.030
984052
82.004,33
934879
77.906,58
898491
74.874,3
789286
65.773,83
1164485
97.040,42
1285226
107.102,17
Quadro 1: Demanda de combustíveis no período de 2002 a 2010. Fonte: Dados da empresa.
Constata-se no Quadro 1 que nos últimos três períodos (2008, 2009 e 2010) a média
de vendas cresceu consideravelmente. Destaca-se que para calcular a variação dos valores
da demanda de combustíveis em termos percentuais, do ano base em relação a outros
períodos analisados utilizou-se a Fórmula 1.
Os resultados do cálculo das variações estão dispostos no Quadro 2, representando
os valores das variações percentuais em relação aos totais de vendas em cada período de
análise com a apresentação dos índices de variação. Considerou-se 2002 como ano base e,
calculou-se as variações de aumento ou redução nos anos posteriores.
Ano
Demanda anual
Base de cálculo
Índice de demanda
2002
100
885818
885818
2003
94
837177
885818
2004
105
934879
885818
2005
101
898491
885818
2006
89
789286
885818
2007
93
828360
885818
2008
111
984052
885818
2009
131
1164485
885818
2010
145
1285226
885818
Quadro 2: Índices de variação da demanda de combustíveis. Fonte: Elaborado pelos autores.
Verifica-se no Quadro 2, que de 2004 para 2002 a variação total da venda de
combustíveis em litros foi de 5%. Em 2006 sua litragem foi a mais baixa da história, período
que em que aconteceu a inauguração de outro Posto de combustível nas proximidades,
ficando nesse ano 11% abaixo do ano base. A partir de então a venda começa um período
de crescimento que vem até 2010, quando o Posto registra a maior demanda desde sua
inauguração, ficando 45% positivo em relação ao ano de 2002.
A Figura 1 representa os valores das vendas anuais nos períodos analisados.
5
Vendas/litros
Demanda combustíveis 2002-2010
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Período analisado
Figura 1: Demanda de combustíveis: 2002 a 2010. Fonte: Elaborado pelos autores.
Observa-se na Figura 1, que o ano 2002 é o Posto atingiu uma demanda de 885.818
litros de combustível. Em 2003, houve uma queda na demanda de 48.631 litros que foi
recuperada em 2004, quando a demanda foi de 934.879 litros. Os anos de 2005 e 2006
foram os anos mais difíceis em relação à demanda, pois ela alcança em 2006 sua marca
mínima, chegando a 789.286 litros no período, 145.593 litros a menos do que em 2004. A
partir de 2007, a demanda do Posto começa seu período de crescimento, não baixando
mais de um ano para o outro, onde em 2010, a venda alcança a marca de 1.285.226 litros.
4.1 Relação entre a venda de combustíveis e o cenário econômico do país (2002-2010)
De acordo com Saraiva (2003), o contexto macroeconômico nacional de 2002 ficou
marcado pela forte turbulência dos mercados financeiros. A desaceleração da economia em
todo o mundo e a ansiedade com as incertezas do processo de sucessão presidencial
provocaram uma forte desvalorização da moeda e elevação da inflação e dos juros.
Salienta-se que 2002 foi o primeiro ano inteiro em que o Posto operou, visto que sua
inauguração foi em agosto de 2001, por isso esse ano foi tomado como base a taxa Selic do
período para analisar posteriormente sua variação e comparar com a variação de demanda
de vendas da empresa. Observou-se que o cenário financeiro em que a empresa nasceu e
começou a operar é de expectativas com a mudança de governo.
No ano de 2003, o governo Luís Inácio Lula da Silva continuou as mesmas diretrizes
do governo anterior, mantendo os investimentos em alta. Porém, com medo de uma alta na
inflação, houve elevação nas taxas de juros para 26,5% ao ano, colocando o país em
recessão. Em 2003, o Posto não atingiu a mesma litragem do ano anterior, basicamente por
dois motivos: um deles é a situação econômica do período, que não é favorável ao consumo
e à aquisição de automóveis, permanecendo a frota sem grandes alterações conforme
dados do Detran - RS (2011) e, o outro vem do macroambiente, com a inauguração de mais
um concorrente nas proximidades.
6
O ano de 2004, segundo Flores (2004) foi marcado pela afirmação do país no que
tange à consistência econômica. A taxa de juros começou janeiro em 16,5%, e, iniciando um
pequeno movimento de queda no primeiro semestre. Neste ano, o Posto acompanha a
melhora do cenário econômico nacional, terminando o ano com uma venda de 934.879 litros
de combustível, 97.702 litros a mais que no ano anterior. Isso demonstra que, com a
pequena melhora nas taxas de juros, o crédito ficou levemente mais acessível, ocasionando
um aumento na demanda.
A economia brasileira no ano de 2005 ficou marcada por apresentar um cenário de
baixo crescimento econômico associado a taxas de juros elevadas. O fator positivo da
economia foi o elevado superávit comercial, o que gerou algumas expectativas que
projetavam um resultado menos expressivo em decorrência do câmbio, que durante todo o
período apresentou forte apreciação do real em relação ao dólar (SEPIN, 2005). O Posto
apresentou uma queda na demanda em decorrência da elevação das taxas de juros. A taxa
Selic alcança em dezembro 18%, prejudicando os financiamentos e os investimentos e, a
demanda de combustíveis foi de 898.491 litros, 36.388 litros a menos do que em 2004.
Já no ano de 2006, de acordo com o Ministério da Fazenda (2006), a economia
brasileira passou por um momento bom, isso porque a inflação se manteve baixa e alinhada
com as metas da política econômica para ano e, as autoridades monetárias continuaram
promovendo uma queda ordenada da taxa básica de juros, que teve seu início em 2005. O
cenário estava sob controle para o Posto, não fosse a inauguração de mais um Posto de
combustível na região. Ressalta-se que a demanda do Posto caiu para 789.286 litros
naquele ano, 109.205 litros a menos do que no ano anterior. Foi o pior período da história do
Posto, pois as vendas estavam diminuindo e, os custos mantinham-se inalterados.
Já em 2007, a economia brasileira cresceu 5,4%, segundo Cirilo Jr. (2008) foi a
maior taxa de expansão constatada desde 2004, quando foi registrado um crescimento de
5,7%. O consumo das famílias aumentou 6,5% em 2007, registrando o quarto ano
consecutivo de expansão econômica. O Brasil se concretiza na caminhada pelo crescimento
econômico, onde a oferta de crédito fica mais acessível, o que justifica o aumento no
consumo das famílias, impulsionando o comércio e os serviços. A demanda do Posto em
2007 começou a reagir significativamente em virtude do aumento de carros em circulação,
conforme o Detran - RS (2011), fato este impulsionado pelo cenário econômico favorável do
país. As vendas registraram 828.360 litros em 2007, 39.074 litros a mais que em 2006.
No ano de 2008, conforme a Confederação Nacional da Indústria - CNI (2008) houve
um forte aumento da demanda interna, que resultou em um crescimento expressivo e
generalizado da atividade econômica, o qual pode ser explicado por dois fatores: expansão
da massa salarial e do volume de crédito. O alongamento dos prazos e a redução das taxas
de juros foram responsáveis por uma expansão de 26,8% no volume de crédito no
7
acumulado de 2008 até outubro. O Posto obteve em 2008 uma venda excelente, ficando na
marca de 984.052 litros no período. O contexto econômico nacional foi crucial para a
obtenção deste resultado, pois com o aumento da massa salarial e do consumo, o crédito
tornou-se mais acessível às pessoas, proporcionando às classes mais baixas a compra do
primeiro carro, e para as que já possuíam automóvel, a compra do segundo carro na família.
Para Leal (2009), a economia brasileira caminha para um tempo de progresso em
relação a taxas de juros. Em março de 2009, a taxa Selic registra a maior queda desde
novembro de 2003, fixando-se em 11,25%. Ao final do ano, a taxa Selic ficou registrada em
8,75%, o menor índice da história da economia brasileira pós-plano real. Aliado a este feito,
houve em 2009 a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o que incentivou
muito a venda de veículos em todo o país, provocando vários recordes de venda. No Rio
Grande do Sul, segundo o Detran - RS (2011), 4.417.646 foi à frota total registrada no
estado, 279.096 carros a mais em circulação em relação a 2008.
No caso do Posto, este foi um ano muito especial, primeiramente porque suas
vendas chegaram à marca de 1.164.485 litros de combustível, demanda jamais vista até
então. Foram 180.443 litros vendidos a mais em relação a 2008. Esse aumento na demanda
justifica-se por uma série de acontecimentos positivos na economia brasileira. A taxa Selic
alcançou o menor índice da década, tornando os financiamentos mais acessíveis para a
população, que aproveitando a redução do IPI, impulsionou a indústria automobilística,
registrando grande crescimento nas vendas em todo o país.
Em 2010, Cirilo Jr. (2008) explica que a economia brasileira cresceu 7,5%, e o
consumo das famílias aumentou, já a taxa Selic, em dezembro de 2010, ficou fixada em
10,75%, dois pontos percentuais em relação ao mesmo período em 2009, porém, agora com
mais consistência, ou seja, mesmo as taxas de juros subindo um pouco, o consumo
permanece crescendo e o mercado de bens e serviços tem resultado positivo no período.
O Posto continua seu ritmo de crescimento nas vendas, chegando à marca de
1.285.226 litros de combustível vendidos. Tem a sua maior média anual, fixada em 107.102
litros vendidos, pela primeira vez ficando acima dos 100.000 litros de venda por mês. Esta é
uma situação confortável de operação, uma vez que com as margens atuais a empresa
consegue trabalhar com certa folga, mantendo as contas em dia e apresentando lucros
satisfatórios aos seus proprietários.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste estudo, pôde-se verificar que com a evolução das taxas de
juros e Selic, juntamente com as demais variáveis econômicas do país, quando favoráveis
ao consumidor, este realizará investimentos pessoais, como a compra ou a troca de um
automóvel, e isso influenciou na demanda por combustíveis do Posto no período estudado.
8
No caso, quando o governo baixa as taxas de juros, isso significa que o momento
econômico do país está se aquecendo, pois existe uma maior quantidade de dinheiro em
circulação no mercado e, essa medida aliada ao controle da inflação produz um cenário de
crescimento na economia, onde os investimentos crescem, o país passa a produzir mais e
os preços se mantêm estáveis. Foi o que aconteceu em meados de 2009 e 2010, fato que
justifica os mais altos índices de vendas da história do Posto.
A demanda por combustíveis vai depender da quantidade de carros em circulação
nas proximidades do Posto e, essa por sua vez está associada, entre outros fatores, ao
acesso do população ao crédito, para que possam adquirir financiamentos a fim de efetuar a
compra do primeiro carro ou a troca do seu usado.
Portanto, os gestores precisam estar atentos ao cenário econômico em que o país
está passando, pois a análise desses indicadores pode auxiliar na tomada de decisões
referentes à realização de investimentos a curto, médio e longo prazo, ou ainda identificar a
necessidade de manter um nível de estoque adequado prevendo um aumento no custo dos
produtos. Sendo assim, torna-se possível realizar ações de forma mais eficiente e segura
com relação ao presente e ao futuro da empresa, evitando, possíveis situações inesperadas
e, tornando os rumos e diretrizes da organização mais claros e consistentes.
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9
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