A INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS ECONÔMICAS NA VENDA DE COMBUSTÍVEIS: UM ESTUDO DE CASO1 MATOS, Diogo Polga de2; BOLIGON, Juliana Andréia Rüdell3; MEDEIROS, Flaviani Souto Bolzan4; CEREZER, Bruna Felin5 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 3 Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 4 Especialização em Finanças do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 5 Curso de Administração do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 2 RESUMO As mudanças na área econômica que vem ocorrendo nos últimos anos, tornam os produtos mais acessíveis, beneficiando um maior número de consumidores, e o governo controla essa acessibilidade mediante a sua política econômica. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar o comportamento da demanda por combustíveis em um Posto de combustíveis sob a ótica das principais variáveis econômicas brasileiras no período de 2002 a 2010. Este estudo foi desenvolvido por meio de um estudo de caso no referido Posto, caracterizando-se como qualitativo e quantitativo, do tipo descritivo, onde calculou-se as variações em termos de demanda de combustíveis do ano base (2002) para os demais períodos analisados (2003 a 2010). Como resultados, observa-se que no caso de um Posto de combustíveis, a demanda vai depender da quantidade de carros em circulação nas proximidades e, essa está associada, entre outros fatores, a política de acesso ao crédito à população. Palavras-chave: Variáveis econômicas; Demanda de combustíveis; Cenário políticoeconômico. 1. INTRODUÇÃO As mudanças na área econômica que vêm desenvolvendo-se ao longo dos anos, mostram um aumento significativo do consumo de toda a gama de produtos que aquece os mercados e o comércio. Neste sentido, os produtos tornam-se mais acessíveis, beneficiando um maior número de consumidores e, o governo por sua vez, controla essa acessibilidade mediante a sua política econômica, o que interfere diretamente na vida dos brasileiros como um todo e no mercado de combustíveis não é diferente. Com uma política de expansão econômica, o governo facilita o acesso ao dinheiro para investimentos, financiamentos, produção etc., bem como na política monetária, onde determina a oferta de moeda e das taxas de juros, afetando os investimentos em bens de capital e outras despesas sensíveis à taxa de juros (NORDHAUS; SAMUELSON, 1999). Ao observar o comportamento da economia nos últimos anos, é possível perceber 1 uma ligação direta dos negócios com a política econômica adotada pelo governo. A demanda por combustíveis está intimamente ligada com o cenário econômico em que estiver acontecendo, sendo que sua estabilidade nas vendas depende diretamente de fatores como moeda, inflação, taxa de juros etc. No entanto, Mankiw (2009) explica que a demanda por combustíveis é inelástica, de modo que não há produto substituto próximo, tornando o preço pago pelo litro de combustível uma variável indiferente. Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo analisar o comportamento da demanda por combustíveis em um Posto de combustíveis sob a ótica das principais variáveis econômicas brasileiras no período de 2002 a 2010. Para isso, estabeleceram-se como objetivos específicos: investigar o comportamento da demanda por combustíveis no período estabelecido para o estudo; e relacionar o comportamento da venda de combustíveis do Posto com a política e o cenário econômico no período analisado. O estudo justifica-se pelo fato de ampliar os conhecimentos relacionados ao comportamento da demanda por combustíveis em relação à política econômica do país, além de possibilitar uma análise mais criteriosa para uma tomada de decisão com base nas mudanças que ocorrem no mercado e sua influência a partir das ações governamentais. 2. POLÍTICAS ECONÔMICAS Cleto e Dezordi (2002) explicam que políticas econômicas significam as ações tomadas pelo governo, através dos instrumentos macroeconômicos, visando atingir determinados objetivos, isso porque faz parte do papel do governo zelar pelos interesses e bem-estar da população em geral. Para esta finalidade, o setor público, enquanto um agente econômico de peso dentro do sistema procura atuar sobre determinadas variáveis e através destas alcançar determinados fins. Os principais instrumentos da política econômica são: política monetária, política fiscal, política cambial e a política de rendas. No que diz respeito à política monetária, esta se refere às intervenções governamentais sobre o mercado financeiro, seja atuando ativamente ao controlar a oferta de moeda passivamente sobre as taxas de juros. Já por política fiscal entende-se a atuação do governo quanto à arrecadação de impostos, ou seja, as chamadas receitas públicas e aos gastos governamentais, enquanto que a política cambial tem a ver com o setor externo, com as relações econômicas internacionais e, fundamenta-se, via de regra, na administração da taxa de câmbio e no controle das operações cambiais (MENDES, 2004). E a política de rendas, segundo Vasconcellos (2011) contempla alguns tipos de controle exercidos pelas autoridades econômicas e podem ser considerados dentro do âmbito das políticas monetárias, fiscal ou cambial. No entanto, os controles sobre preços e 2 salários situam-se em categoria própria de política econômica, e esses controles são utilizados como política de combate à inflação, sendo também denominados (políticas de rendas) no sentido que influem diretamente sobre as rendas (salários, lucros, juros, aluguel). 2.1 Variáveis que influenciam na política econômica brasileira Algumas variáveis contribuem diretamente para a formação do cenário econômico no país, pois influenciam diretamente na lei da oferta e demanda dos produtos e serviços que são colocados à disposição dos consumidores, entre elas destacam-se: a) Taxa Selic: o termo Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia, sendo um programa do Banco Central onde são avaliadas todas as operações de crédito e débito através de títulos emitidos pelo governo entre instituições financeiras do país. A média desses juros indicará uma taxa, que serve de referência para o mercado em geral (TAYLOR, 2007); b) Taxa de juros: segundo Omar (2008) pode ser definida como o preço do uso do dinheiro para um determinado período de tempo, e desempenha um papel chave na tomada de decisões econômicas, já que interfere nos preços e nos custos de todos os setores da economia. Vasconcellos e Garcia (2006) complementam que quando a taxa de juros está baixa, o consumo aumenta significativamente, pois se torna mais viável o financiamento de bens de consumo, o que tende a aquecer a economia, mas quando ela está alta, o consumo diminui e as empresas optam em realizar investimentos no mercado financeiro, pois este se faz mais rentável nesta situação; c) Inflação: Fortuna (2005) a definem como um aumento contínuo generalizado no nível geral de preços. Isso acarreta em uma depreciação no valor real da moeda, de modo que o poder de compra do indivíduo, se não corrigido pelo índice inflacionário, diminuirá; e d) Superávit comercial: é quando a balança comercial apresenta saldo positivo, pois os valores em dólares das importações foram menores do que os valores das exportações, ou seja, as exportações proporcionaram maior entrada de dinheiro no país, tendo neste caso, uma balança comercial favorável (FONSECA, 2004). O autor complementa que em situação contrária, ou seja, quando os valores em dólares das importações foram maiores do que os valores das exportações, têm-se um déficit na balança comercial ou balança comercial desfavorável. 3. METODOLOGIA O presente estudo caracteriza-se como qualitativo e quantitativo quanto à natureza. Em relação à pesquisa quantitativa, na visão de Gil (2009), pode-se dizer que a mesma se 3 evidencia em mensurar os fatos observados em relação à frequência com que eles ocorrem. Já a pesquisa qualitativa, na percepção de Gonsalves (2007), preocupa-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno. No que se refere aos objetivos, à pesquisa classifica-se descritiva. De acordo com Severino (2007) a pesquisa descritiva tem por objetivo escrever as características de um determinado objeto de estudo, em apresentar as suas características. Quanto aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa contempla um estudo de caso. Furasté (2006) descreve este como um estudo feito exaustivamente de algum caso em particular, pessoa ou instituição, para analisar as circunstâncias específicas que o envolvem. Salienta-se que as informações sobre a empresa foram obtidas através de observação in loco, bem como pesquisa documental em documentos da mesma. Conforme Andrade (2009) a pesquisa documental, baseia-se em documentos primários, originais, isso porque estes ainda não foram utilizados em nenhum estudo ou pesquisa tais como: dados estatísticos, documentos históricos etc. Para coleta dos dados, primeiramente, calculou-se as variações em termos de demanda de combustíveis do ano base (2002) para os demais períodos (2003 a 2010). A relação que estabelece o cálculo do número-índice para comparar um determinado ano considerado significativo como base para os anos anteriores ou consecutivos é, segundo Crespo (2007), definida por um índice relativo em cadeia como mostra a Fórmula 1. q0,t qt . 100 q0 (1) Onde: q(0,t) = relativo de quantidade qt = quantidade na época atual q0 = quantidade na época base Assim sendo, a Fórmula 1 foi utilizada para calcular as variações percentuais da demanda nos períodos de 2002 (considerado o ano base) a 2010. Os números-índices foram calculados a partir de uma base fixada na média das vendas realizada no ano de 2002. As evoluções dos índices posteriores, relativos em cadeia, obedeceram à base estabelecida. Posteriormente, os dados foram preenchidos com base nos arquivos de vendas de combustíveis da empresa, no período de janeiro de 2002 até dezembro de 2010. 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS No Quadro 1, apresenta-se os valores das vendas anuais em litros nos períodos analisados, bem como o valor da média anual de vendas. 4 Mês/Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 JAN. FEV. MAR. ABR. MAI. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. 82098 75774 84188 72905 76915 72341 64386 66881 66902 70817 70459 80150 71791 62471 64633 61533 68394 65036 69714 75159 69085 71901 74511 80946 71923 70058 69551 74273 85649 74023 82007 76651 78750 83749 78048 88193 77063 71482 78041 73187 78690 71303 79641 75991 71232 72720 70832 76304 65116 59318 60414 59066 61539 56920 63090 69116 69969 72367 67725 82640 67701 61441 69389 69231 68835 65216 65052 67073 68594 68083 71159 84579 77917 73499 77321 76840 82897 78413 78374 81171 83971 85570 86579 99492 91857 82181 89705 92437 95423 91950 98817 97928 95847 108804 99424 118103 103178 94330 103592 101975 104298 103871 112190 110794 108287 113724 104922 122055 Total Média 885818 73.818,17 837177 69.764,75 828360 69.030 984052 82.004,33 934879 77.906,58 898491 74.874,3 789286 65.773,83 1164485 97.040,42 1285226 107.102,17 Quadro 1: Demanda de combustíveis no período de 2002 a 2010. Fonte: Dados da empresa. Constata-se no Quadro 1 que nos últimos três períodos (2008, 2009 e 2010) a média de vendas cresceu consideravelmente. Destaca-se que para calcular a variação dos valores da demanda de combustíveis em termos percentuais, do ano base em relação a outros períodos analisados utilizou-se a Fórmula 1. Os resultados do cálculo das variações estão dispostos no Quadro 2, representando os valores das variações percentuais em relação aos totais de vendas em cada período de análise com a apresentação dos índices de variação. Considerou-se 2002 como ano base e, calculou-se as variações de aumento ou redução nos anos posteriores. Ano Demanda anual Base de cálculo Índice de demanda 2002 100 885818 885818 2003 94 837177 885818 2004 105 934879 885818 2005 101 898491 885818 2006 89 789286 885818 2007 93 828360 885818 2008 111 984052 885818 2009 131 1164485 885818 2010 145 1285226 885818 Quadro 2: Índices de variação da demanda de combustíveis. Fonte: Elaborado pelos autores. Verifica-se no Quadro 2, que de 2004 para 2002 a variação total da venda de combustíveis em litros foi de 5%. Em 2006 sua litragem foi a mais baixa da história, período que em que aconteceu a inauguração de outro Posto de combustível nas proximidades, ficando nesse ano 11% abaixo do ano base. A partir de então a venda começa um período de crescimento que vem até 2010, quando o Posto registra a maior demanda desde sua inauguração, ficando 45% positivo em relação ao ano de 2002. A Figura 1 representa os valores das vendas anuais nos períodos analisados. 5 Vendas/litros Demanda combustíveis 2002-2010 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Período analisado Figura 1: Demanda de combustíveis: 2002 a 2010. Fonte: Elaborado pelos autores. Observa-se na Figura 1, que o ano 2002 é o Posto atingiu uma demanda de 885.818 litros de combustível. Em 2003, houve uma queda na demanda de 48.631 litros que foi recuperada em 2004, quando a demanda foi de 934.879 litros. Os anos de 2005 e 2006 foram os anos mais difíceis em relação à demanda, pois ela alcança em 2006 sua marca mínima, chegando a 789.286 litros no período, 145.593 litros a menos do que em 2004. A partir de 2007, a demanda do Posto começa seu período de crescimento, não baixando mais de um ano para o outro, onde em 2010, a venda alcança a marca de 1.285.226 litros. 4.1 Relação entre a venda de combustíveis e o cenário econômico do país (2002-2010) De acordo com Saraiva (2003), o contexto macroeconômico nacional de 2002 ficou marcado pela forte turbulência dos mercados financeiros. A desaceleração da economia em todo o mundo e a ansiedade com as incertezas do processo de sucessão presidencial provocaram uma forte desvalorização da moeda e elevação da inflação e dos juros. Salienta-se que 2002 foi o primeiro ano inteiro em que o Posto operou, visto que sua inauguração foi em agosto de 2001, por isso esse ano foi tomado como base a taxa Selic do período para analisar posteriormente sua variação e comparar com a variação de demanda de vendas da empresa. Observou-se que o cenário financeiro em que a empresa nasceu e começou a operar é de expectativas com a mudança de governo. No ano de 2003, o governo Luís Inácio Lula da Silva continuou as mesmas diretrizes do governo anterior, mantendo os investimentos em alta. Porém, com medo de uma alta na inflação, houve elevação nas taxas de juros para 26,5% ao ano, colocando o país em recessão. Em 2003, o Posto não atingiu a mesma litragem do ano anterior, basicamente por dois motivos: um deles é a situação econômica do período, que não é favorável ao consumo e à aquisição de automóveis, permanecendo a frota sem grandes alterações conforme dados do Detran - RS (2011) e, o outro vem do macroambiente, com a inauguração de mais um concorrente nas proximidades. 6 O ano de 2004, segundo Flores (2004) foi marcado pela afirmação do país no que tange à consistência econômica. A taxa de juros começou janeiro em 16,5%, e, iniciando um pequeno movimento de queda no primeiro semestre. Neste ano, o Posto acompanha a melhora do cenário econômico nacional, terminando o ano com uma venda de 934.879 litros de combustível, 97.702 litros a mais que no ano anterior. Isso demonstra que, com a pequena melhora nas taxas de juros, o crédito ficou levemente mais acessível, ocasionando um aumento na demanda. A economia brasileira no ano de 2005 ficou marcada por apresentar um cenário de baixo crescimento econômico associado a taxas de juros elevadas. O fator positivo da economia foi o elevado superávit comercial, o que gerou algumas expectativas que projetavam um resultado menos expressivo em decorrência do câmbio, que durante todo o período apresentou forte apreciação do real em relação ao dólar (SEPIN, 2005). O Posto apresentou uma queda na demanda em decorrência da elevação das taxas de juros. A taxa Selic alcança em dezembro 18%, prejudicando os financiamentos e os investimentos e, a demanda de combustíveis foi de 898.491 litros, 36.388 litros a menos do que em 2004. Já no ano de 2006, de acordo com o Ministério da Fazenda (2006), a economia brasileira passou por um momento bom, isso porque a inflação se manteve baixa e alinhada com as metas da política econômica para ano e, as autoridades monetárias continuaram promovendo uma queda ordenada da taxa básica de juros, que teve seu início em 2005. O cenário estava sob controle para o Posto, não fosse a inauguração de mais um Posto de combustível na região. Ressalta-se que a demanda do Posto caiu para 789.286 litros naquele ano, 109.205 litros a menos do que no ano anterior. Foi o pior período da história do Posto, pois as vendas estavam diminuindo e, os custos mantinham-se inalterados. Já em 2007, a economia brasileira cresceu 5,4%, segundo Cirilo Jr. (2008) foi a maior taxa de expansão constatada desde 2004, quando foi registrado um crescimento de 5,7%. O consumo das famílias aumentou 6,5% em 2007, registrando o quarto ano consecutivo de expansão econômica. O Brasil se concretiza na caminhada pelo crescimento econômico, onde a oferta de crédito fica mais acessível, o que justifica o aumento no consumo das famílias, impulsionando o comércio e os serviços. A demanda do Posto em 2007 começou a reagir significativamente em virtude do aumento de carros em circulação, conforme o Detran - RS (2011), fato este impulsionado pelo cenário econômico favorável do país. As vendas registraram 828.360 litros em 2007, 39.074 litros a mais que em 2006. No ano de 2008, conforme a Confederação Nacional da Indústria - CNI (2008) houve um forte aumento da demanda interna, que resultou em um crescimento expressivo e generalizado da atividade econômica, o qual pode ser explicado por dois fatores: expansão da massa salarial e do volume de crédito. O alongamento dos prazos e a redução das taxas de juros foram responsáveis por uma expansão de 26,8% no volume de crédito no 7 acumulado de 2008 até outubro. O Posto obteve em 2008 uma venda excelente, ficando na marca de 984.052 litros no período. O contexto econômico nacional foi crucial para a obtenção deste resultado, pois com o aumento da massa salarial e do consumo, o crédito tornou-se mais acessível às pessoas, proporcionando às classes mais baixas a compra do primeiro carro, e para as que já possuíam automóvel, a compra do segundo carro na família. Para Leal (2009), a economia brasileira caminha para um tempo de progresso em relação a taxas de juros. Em março de 2009, a taxa Selic registra a maior queda desde novembro de 2003, fixando-se em 11,25%. Ao final do ano, a taxa Selic ficou registrada em 8,75%, o menor índice da história da economia brasileira pós-plano real. Aliado a este feito, houve em 2009 a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o que incentivou muito a venda de veículos em todo o país, provocando vários recordes de venda. No Rio Grande do Sul, segundo o Detran - RS (2011), 4.417.646 foi à frota total registrada no estado, 279.096 carros a mais em circulação em relação a 2008. No caso do Posto, este foi um ano muito especial, primeiramente porque suas vendas chegaram à marca de 1.164.485 litros de combustível, demanda jamais vista até então. Foram 180.443 litros vendidos a mais em relação a 2008. Esse aumento na demanda justifica-se por uma série de acontecimentos positivos na economia brasileira. A taxa Selic alcançou o menor índice da década, tornando os financiamentos mais acessíveis para a população, que aproveitando a redução do IPI, impulsionou a indústria automobilística, registrando grande crescimento nas vendas em todo o país. Em 2010, Cirilo Jr. (2008) explica que a economia brasileira cresceu 7,5%, e o consumo das famílias aumentou, já a taxa Selic, em dezembro de 2010, ficou fixada em 10,75%, dois pontos percentuais em relação ao mesmo período em 2009, porém, agora com mais consistência, ou seja, mesmo as taxas de juros subindo um pouco, o consumo permanece crescendo e o mercado de bens e serviços tem resultado positivo no período. O Posto continua seu ritmo de crescimento nas vendas, chegando à marca de 1.285.226 litros de combustível vendidos. Tem a sua maior média anual, fixada em 107.102 litros vendidos, pela primeira vez ficando acima dos 100.000 litros de venda por mês. Esta é uma situação confortável de operação, uma vez que com as margens atuais a empresa consegue trabalhar com certa folga, mantendo as contas em dia e apresentando lucros satisfatórios aos seus proprietários. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a realização deste estudo, pôde-se verificar que com a evolução das taxas de juros e Selic, juntamente com as demais variáveis econômicas do país, quando favoráveis ao consumidor, este realizará investimentos pessoais, como a compra ou a troca de um automóvel, e isso influenciou na demanda por combustíveis do Posto no período estudado. 8 No caso, quando o governo baixa as taxas de juros, isso significa que o momento econômico do país está se aquecendo, pois existe uma maior quantidade de dinheiro em circulação no mercado e, essa medida aliada ao controle da inflação produz um cenário de crescimento na economia, onde os investimentos crescem, o país passa a produzir mais e os preços se mantêm estáveis. Foi o que aconteceu em meados de 2009 e 2010, fato que justifica os mais altos índices de vendas da história do Posto. A demanda por combustíveis vai depender da quantidade de carros em circulação nas proximidades do Posto e, essa por sua vez está associada, entre outros fatores, ao acesso do população ao crédito, para que possam adquirir financiamentos a fim de efetuar a compra do primeiro carro ou a troca do seu usado. Portanto, os gestores precisam estar atentos ao cenário econômico em que o país está passando, pois a análise desses indicadores pode auxiliar na tomada de decisões referentes à realização de investimentos a curto, médio e longo prazo, ou ainda identificar a necessidade de manter um nível de estoque adequado prevendo um aumento no custo dos produtos. Sendo assim, torna-se possível realizar ações de forma mais eficiente e segura com relação ao presente e ao futuro da empresa, evitando, possíveis situações inesperadas e, tornando os rumos e diretrizes da organização mais claros e consistentes. REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CIRILO JR. Economia brasileira cresce 5,4% em 2007, maior taxa desde 2004, diz IBGE. FOLHA.com., 2008. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u381048. shtml>.Acesso em: 22 nov. 2011. CLETO, C. I.; DEZORDI, L. Políticas econômicas. Publicações FAE - Coleção Gestão Empresarial, 2002. Disponível em: <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/economia/2.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2011. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI, 2008. Disponível em: <http://www.cni.org.br/ portal/data/pages/FF808081314EB36201314FCB0B8627C6.htm>. Acesso em: 23 nov. 2011. CRESPO, A. A. Estatística fácil. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2007. DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO - DETRAN - RS, 2011. Disponível em: <http://www.detran.rs.gov.br/>. Acesso em: 23 nov. 2011. FLORES, R. Últimas notícias. 2004. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/2004/12/28/ ult2643u22.jhtm>. Acesso em: 22 nov. 2011. 9 FONSECA, M. A. R. Planejamento e desenvolvimento econômico. São Paulo: Thomson Learning, 2006. FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 16. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. FURASTÉ, P. A. Normas técnicas para trabalhos científicos: elaboração e formatação. Explicação das Normas da ABNT. 14. ed. Porto Alegre: Brasul, 2006. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. GONSALVES, E. P. Conversas sobre iniciação à pesquisa científica. 4. ed. São Paulo: Alínea, 2007. LEAL, E. P. B. Economia – brasileira março de 2009, 2009. Disponível <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/economia-brasileira-marco-de em: 2009/32003/>. Acesso em: 23 nov. 2011. MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2009. MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MINISTÉRIO DA FAZENDA. Cenário econômico brasileiro. 2006. Disponível em: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br/InvestidorEstrangeiro/Economiabrasileira/tabid/77/Default.aspx> . Acesso em: 22 nov. 2011. NORDHAUS, W. D.; SAMUELSON, P. A. Economia. Rio de Janeiro: McGraw-Hill. 1999. OMAR, J. H. D. Taxa de juros: comportamento, determinação e implicações para a economia brasileira. Revista de Economia Contemporânea, v. 12, n. 3, p. 463-490, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rec/v12n3/03.pdf>. Acesso em: 18 set. 2011. SARAIVA, Editora. Informações financeiras: ano fiscal de 2002/Relatório da Administração, São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.saraivari.com.br/port/infofinan/demonstrativo.asp?id=54>. Acesso em: 22 nov. 2011. SUPERINTENDÊNCIA DE ESTATÍSTICAS - SEPIN, Pesquisa e Informações Socioeconômicas. Economia brasileira no ano de 2005. Disponível em: <http://www.seplan.go.gov.br/sepin/viewcad.asp?id_cad=1160&id_not=8>. Acesso em: 22 nov. 2011. TAYLOR, J. B. Princípios de macroeconomia. São Paulo: Ática, 2007. VASCONCELLOS, M. A. S. de. Economia: micro e macro: teoria e exercícios, glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. VASCONCELLOS, M. A. S. de; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 10