ENXERTIA EM HÍBRIDOS DE BERINJELA (Solanum melongena

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CAMPUS DE BOTUCATU
ENXERTIA EM HÍBRIDOS DE BERINJELA (Solanum melongena),
SOB CULTIVO PROTEGIDO.
JOSÉ USAN TORRES BRANDÃO FILHO
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agronômicas da UNESP- Campus de
Botucatu, para a obtenção do título de Doutor
em agronomia - Área de Concentração em
Horticultura.
BOTUCATU – SP
Fevereiro-2001
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CAMPUS DE BOTUCATU
ENXERTIA EM HÍBRIDOS DE BERINJELA (Solanum melongena),
SOB CULTIVO PROTEGIDO.
JOSÉ USAN TORRES BRANDÃO FILHO
Orientadora: Profa. Dra. Rumy Goto
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agronômicas da UNESP- Campus de
Botucatu, para a obtenção do título de Doutor
em agronomia - Área de Concentração em
Horticultura.
BOTUCATU – SP
Fevereiro-2001
OFEREÇO
À minha esposa
Bernadete,
Companheira de sonhos e realizações.
E aos nossos filhos
Felipe e Henrique
Pela compreensão
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual de Maringá (UEM), pela oportunidade oferecida.
À Faculdade de Ciências Agronômicas FCA/UNESP - Campus de Botucatu,
pela oportunidade de fazer o curso de pós-graduação em Horticultura.
À Coordenadoria de Apoio e Pesquisas ao Ensino Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa de estudo (PICD), para a realização do curso de doutorado.
À professora doutora Rumy Goto, mais que uma excelente orientadora, uma
grande amiga de vários anos e congressos.
Aos meus pais José Usan e Laura, pelo exemplo de trabalho e honradez.
Ao Marco, Geisa, Duda e Carol, que sempre estiveram comigo nesses anos,
meus compadres de todas as horas.
Aos docentes da Faculdade de Ciências Agronômicas, Campus de Botucatu
(FCA/UNESP), pelos ensinamentos e amizade, em especial aos professores Marcelo A. Pavan,
Antônio Ismael Inácio Cardoso, Roberto Lyra Villas Boas, João Domingos Rodrigues, Júlio
Nakagawa, Chukichi Kurozawa e Lin Chau Ming.
Ao Osni Callegari e José Marcos de Bastos Andrade do Departamento de
Agronomia da UEM, grandes companheiros.
À memória do professor Tosiaki Kimoto, um exemplo a ser sempre lembrado.
Aos funcionários da Fazenda Experimental de Ensino, Pesquisa e Produção de
São Manoel, pelo apoio constante durante o desenvolvimento dos trabalhos de campo, em
especial ao amigo Geraldo.
Aos funcionários do Departamento de Horticultura, pela colaboração e
amizade.
Ao professor Carlos Ducatti e ao técnico de Laboratório Evandro Tadeu da
Silva pelo auxilio com os isótopos estáveis.
Às funcionárias da Seção de Pós-graduação, pela cordialidade e amizade com
que sempre nos atenderam.
Ao amigo Emílio Hara, sem dúvida um grande sujeito.
Aos meus colegas: Domingos Sávio Rodrigues, Mario Cesar Lopes, Wilson
Sebastião Tivelli, Renato Braga e Káthia Alexandra Lara Cañizares, pelo convívio e
oportunidade de trabalharmos juntos.
Aos amigos Júlio César Suaki, Vandeir F. Guimarães, Gustavo Habermann,
José Luis Mosca e Francisco Célio Maia Chaves pela amizade e auxílio na tese.
A todos colegas do curso de pós-graduação em horticultura da FCA/UNESP.
Nascendo, amando ou mesmo até sofrendo
São momentos oportunos pra lições
Que aprendidas sem ler ou escrevendo
Ficam indeléveis em nossos corações
(José Usan T. Brandão)
v
SUMÁRIO
página
LISTA DE QUADROS .........................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................xii
LISTA DE GRÁFICOS.........................................................................................................xiv
RESUMO............................................................................................................................... 01
SUMMARY........................................................................................................................... 03
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 05
2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 07
2.1 Berinjela............................................................................................................... 07
2.2 Cultivo protegido................................................................................................. 08
2.3 Enxertia................................................................................................................ 09
2.4 Fisiologia ............................................................................................................. 10
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 13
3.1 Localização do experimento ................................................................................ 13
3.2 Estrutura para plantio........................................................................................... 15
3.3 Histórico da área.................................................................................................. 15
3.4 Amostragem e análise do solo ............................................................................. 15
3.5 Preparo e adubação do solo ................................................................................. 15
3.6
Produção
das
mudas
3.7 Enxertia................................................................................................................ 17
cultivares...........................................................................16
e
vi
3.8 Transplante .......................................................................................................... 18
3.9 Condução ............................................................................................................. 18
3.10 Manejo da irrigação ........................................................................................... 20
3.11 Adubações de cobertura..................................................................................... 20
3.12 Controle fitossanitário ....................................................................................... 20
3.13 Tratamentos ....................................................................................................... 21
3.14 Experimentos ..................................................................................................... 21
3.14.1 Desenvolvimento da planta ................................................................ 22
3.14.2 Arquitetura.......................................................................................... 22
3.14.3 Desenvolvimento do fruto .................................................................. 22
3.14.4 Caracterização dos frutos no ponto de colheita .................................. 23
3.14.5 Peso dos frutos.................................................................................... 23
3.14.6 Frutos manchados ............................................................................... 24
3.14.7 Acompanhamento nutricional............................................................. 24
3.14.8 Medidas de trocas gasosas .................................................................. 25
3.14.9 Uso de isótopos estáveis ..................................................................... 26
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 28
4.1 Desenvolvimento da planta ................................................................................. 28
4.1.1 Altura das plantas ................................................................................. 28
4.1.2 Número de nós...................................................................................... 31
4.1.3 Diâmetro do caule................................................................................. 33
4.1.4 Número de flores .................................................................................. 37
4.1.5 Correlações ........................................................................................... 40
vii
4.2 Arquitetura da planta ........................................................................................... 42
4.3 Desenvolvimento do fruto ................................................................................... 42
4.4 Características dos frutos no ponto de colheita ................................................... 47
4.5 Peso dos frutos..................................................................................................... 51
4.6 Frutos manchados ................................................................................................ 52
4.7 Acompanhamento nutricional.............................................................................. 56
4.8 Medidas de trocas gasosas ................................................................................... 60
4.9 Uso de isótopos estáveis ...................................................................................... 66
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 72
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 74
viii
LISTA DE QUADROS
Quadro
1
Página
Resultados das análises químicas de amostras de solo retiradas a uma
profundidade de 0 a 30 cm nas estufas, FEEPP – UNESP/FCA – São Manuel/SP,
2000. ..........................................................................................................................16
2
Resumo da análise da variância da altura das plantas de berinjela aos 14, 35, 56 e
98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000. ....................................................28
3
Média das alturas das plantas em centímetros e coeficiente de variação dos
tratamentos, para os dias 14, 35, 56 e 98 após transplante. São Manuel/SP, 2000. ..29
4
Resumo da análise da variância do número de nós encontrados nas plantas de
berinjela aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000. ...........31
5
Média dos números de nós encontrados nas plantas e coeficiente de variação dos
tratamentos, para os dias 14, 35, 56 e 98 após transplante. São Manuel/SP, 2000. ..32
6
Resumo da análise da variância do diâmetro do caule a 10 cm do solo, nas
plantas de berinjela aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP,
2000. ..........................................................................................................................34
7
Média do diâmetro do caule a 10 cm do solo e coeficiente de variação dos
tratamentos, para os dias 14, 35, 56 e 98 após transplante. São Manuel/SP, 2000. ..34
8
Resumo da análise da variância do número de flores nas plantas de berinjela aos
14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000. ................................37
ix
9
Média do número de flores e coeficiente de variação dos tratamentos, para os
dias 14, 35, 56 e 98 após transplante. São Manuel/SP, 2000. ...................................38
10
Resumo das análises de correlações simples, dos parâmetros avaliados (altura,
número de nós, diâmetro do caule e número de flores) nas plantas de berinjela
aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000. ..........................41
11
Desenvolvimento dos frutos: peso (g), diâmetro (cm), comprimento (cm) e Brix,
de cinco em cinco dias até os 45 dias após abertura da flor, para os tratamentos
Nápoli e Nápoli/enxertada. São Manuel/SP. 2000. ...................................................46
12
Desenvolvimento dos frutos: peso (g), diâmetro (cm), comprimento (cm) e Brix,
de cinco em cinco dias até os 35 dias após abertura da flor, para os tratamentos
Kokuyo e Kokuyo/enxertada. São Manuel/SP. 2000. ...............................................47
13
Resumo da análise da variância do comprimento, diâmetro e do Brix dos frutos
no ponto de colheita. São Manuel/SP, 2000..............................................................50
14
Média do comprimento (cm), diâmetro (cm), Brix dos frutos no ponto de colheita
e coeficiente de variação dos tratamentos. São Manuel/SP, 2000.............................50
15
Resumo da análise da variância do peso dos frutos no ponto de colheita. São
Manuel/SP, 2000. ......................................................................................................52
16
Média do peso (g), dos frutos no ponto de colheita e coeficiente de variação dos
tratamentos. São Manuel/SP, 2000............................................................................52
17
Resumo da análise da variância da porcentagem de frutos com marca na casca no
momento da colheita. São Manuel/SP, 2000. ............................................................53
x
18
Média da porcentagem de frutos com marca na casca no momento da colheita e
coeficiente de variação dos tratamentos. São Manuel/SP, 2000................................53
19
Resumo da análise da variância (quadrados médios e coeficiente de variação) do
teor de macronutrientes nos frutos de berinjela. São Manuel/SP, 2000. ...................57
20
Teor dos macronutrientes encontrados nos frutos de berinjela dos tratamentos.
São Manuel/SP, 2000. ...............................................................................................57
21
Resumo da análise da variância (quadrados médios e coeficiente de variação) do
teor de micronutrientes nos frutos de berinjela. São Manuel/SP, 2000.....................58
22
Teor dos micronutrientes encontrados nos frutos de berinjela dos tratamentos.
São Manuel/SP, 2000. ...............................................................................................58
23
Média da concentração dos teores de macronutrientes e micronutrientes em
folhas de berinjela. São Manuel/SP, 2000. ................................................................59
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura
Página
1
Vista geral dos módulos de ambiente protegido, vista lateral e frontal dos
dois
módulos
onde
foram
instalados
os
experimentos
na
FEEPP-
UNESP/FCA. São Manuel/SP. 2000. ........................................................................14
2
Planta do tratamento Kokuyo/enxertada. São Manuel/SP, 2000...............................19
3
Planta do tratamento Nápoli/enxertada. São Manuel/SP, 2000.................................19
4
Esquema da arquitetura, das plantas de berinjela, híbrido Nápoli. São
Manuel/SP. 2000. ......................................................................................................43
5
Esquema da arquitetura das plantas de berinjela, híbrido Kokuyo. São
Manuel/SP. 2000. ......................................................................................................43
6
Vista das folhas e da planta da berinjela híbrida Nápoli. São Manuel, SP,
2000. ..........................................................................................................................44
7
Vista das folhas e da planta da berinjela híbrida Kokuyo. São Manuel, SP,
2000. ..........................................................................................................................45
8
Frutos de Berinjela, híbrido Nápoli, em destaque no ponto de colheita e em
suas fases de desenvolvimento. São Manuel/SP, 2000..............................................48
9
Frutos de Berinjela, híbrido Kokuyo, em destaque no ponto de colheita e
em suas fases de desenvolvimento. São Manuel/SP, 2000........................................49
10
Frutos de berinjela com marca característica. São Manuel/SP, 2000........................54
xii
11
Frutos com a corola sem cair. São Manuel/SP, 2000. ...............................................55
12
Enriquecimento relativo da razão
13
C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número
01 da berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa
broto, FR representa fruto e ME representa meristema.São Manuel/SP. 2000. .........67
13
Enriquecimento relativo da razão
13
C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número
02 da berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa
broto, FR representa fruto e ME representa meristema. São Manuel/SP. 2000. ........68
14
Enriquecimento relativo da razão
13
C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número
03 da berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa
broto, FR representa fruto e ME representa meristema. São Manuel/SP. 2000. ........69
15
Enriquecimento relativo da razão
13
C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número
04 da berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa
broto, FR representa fruto e ME representa meristema. São Manuel/SP. 2000. ........70
16
Enriquecimento relativo da razão
13
C/12C da amostra em relação ao
padrão PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do
ramo número 05 da berinjela (Solanum melongena), onde: F representa
folha, BR representa broto, FR representa fruto
e ME representa
meristema. São Manuel/SP. 2000..............................................................................71
xiii
LISTA DE GRÁFICOS
Quadro
1
Página
Curvas das alturas das plantas de berinjelas, utilizadas como tratamentos, em
avaliações semanais até os 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000..........30
2
Curvas dos números de nós encontrados nas plantas de berinjelas, utilizadas como
tratamentos, em avaliações semanais até os 98 dias após o transplante. São
Manuel/SP, 2000. ......................................................................................................33
.
3
Desenvolvimento do diâmetro do caule (cm), acima do ponto de enxertia (10 cm
do solo), para os tratamentos, em avaliações semanais até 98 dias após o
transplante. São Manuel/SP, 2000.............................................................................35
4
Desenvolvimento dos diâmetros do caule, acima (10 cm do solo), abaixo (03 cm
do solo) e no ponto de enxertia para o híbrido Nápoli. São Manuel/SP. 2000..........36
5
Desenvolvimento dos diâmetros do caule, acima (10 cm do solo), abaixo (03 cm
do solo) e no ponto de enxertia para o híbrido Kokuyo. São Manuel/SP. 2000........36
6
Curvas dos números de flores encontrados nas plantas de berinjelas, utilizadas
como tratamentos, em avaliações semanais até os 98 dias após o transplante. São
Manuel/SP, 2000.. .....................................................................................................39
7
Taxa de fotossíntese das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo,
enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.....................................................61
8
Condutância estomática das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo,
enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.....................................................62
xiv
9
Taxa de transpiração das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo,
enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.....................................................62
10
Eficiência do uso da água nas plantas de berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo,
enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.....................................................63
11
Acompanhamento da taxa fotossintética das plantas de berinjela, híbrido Nápoli
e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000. .................................................................63
12
Acompanhamento da condutância estomática das plantas de berinjela, híbrido
Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000. .....................................................64
13
Acompanhamento da taxa de transpiração das plantas de berinjela, híbrido
Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000. .....................................................64
14
Acompanhamento da concentração interna de CO2 plantas de berinjela, híbrido
Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000. .....................................................65
15
Acompanhamento da eficiência do uso da água nas plantas de berinjela, híbrido
Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000. .....................................................65
1
RESUMO
O ensaio foi conduzido em ambiente protegido, localizado na
Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção de São Manuel da FCA/UNESP, em dois
módulos de estrutura simples, tipo arco com 7 m de largura, 40 m de comprimento e 3 m
de pé direito, cobertos por filme plástico de 100 micras, totalizando uma área de 560 m2.
Foram utilizados duas cultivares de berinjela, os híbridos Nápoli e
Kokuyo, enxertados em um porta-enxerto específico para berinjela (híbrido TaiByo VF),
estes materiais foram comparados entre si e com seus pés francos.
Os
dois
materiais
utilizados
demonstraram
uma
boa
compatibilidade com o porta-enxerto, com alto índice de pegamento da enxertia (95,6%).
Todos os tratamentos apresentaram um crescimento lento nos
primeiros trinta dias, sendo que após ocorreu um período de crescimento rápido e
novamente uma fase de crescimento lento.
No início os tratamentos com o híbrido Kokuyo mostraram-se
maiores, entretanto com o desenvolvimento das plantas, os tratamentos com o híbrido
Nápoli apresentaram um porte mais elevado.
O híbrido Nápoli apresentou um porte mais arbóreo quando
comparado com as plantas do híbrido Kokuyo, que apresentaram um porte mais
herbáceo.
Os frutos de maneira geral, independentemente da enxertia e do
híbrido utilizado, têm um desenvolvimento bastante rápido.
Os tratamentos com o híbrido Nápoli apresentam um maior
diâmetro dos frutos, e a utilização da enxertia não teve influência no diâmetro dos frutos
em nenhum do dois materiais estudados.
Ficou comprovado que a não queda da corola leva a um aumento
considerável no número de frutos manchados (com marca na casca).
Com a finalidade de acompanhar o estado nutricional das plantas,
a cultura foi previamente dividida em três fases: vegetativo, pleno florescimento e
frutificação.
2
Quando se avaliou os dados de extração de macronutrientes e
micronutrientes nas folhas, notou-se que os valores tenderam a ser semelhantes em todos
os tratamentos para praticamente todos os nutrientes avaliados.
Foram realizadas medidas, ao longo do dia, das taxas de
fotossíntese (A), condutância estomática (g), transpiração (E), eficiência no uso da água
(A/E) e concentração interna de CO2 na folha (Ci).
Os resultados mostraram que as plantas enxertadas apresentaram
maior eficiência do uso da água, tanto para o híbrido Kokuyo como para o híbrido
Nápoli.
As plantas do híbrido Kokuyo apresentam maiores taxas de
fotossíntese, condutância estomática, transpiração, concentração de CO2 interna e
melhor eficiência no uso da água.
Ainda estudando a fotossíntese da berinjela, utilizou-se CO2
enriquecido com
13
C visando estudar o movimento dos fotoassimilados, sua alocação e
partição nas plantas.
Os
resultados
mostraram
que
as
movimentações
dos
fotoassimilados dependem dos drenos existentes em cada caso, e que os frutos são os
drenos mais fortes.
3
GRAFTING IN EGGPLANT HYBRIDS (Solanum melongena), UNDER PROTECTED
CULTIVATION. Botucatu, 2001. 79 p. Tese (Doutorado em Agronomia/Horticultura) –
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
Author: JOSÉ USAN TORRES BRANDÃO FILHO
Adviser: RUMY GOTO
SUMMARY
The trial was carried out in a greenhouse at FCA/UNESP São Manoel
Teaching, Research and Production Farm, in two simple frame arc-type modulations, 7 m
wide, 40 m long and 3 m high, covered with a 100-milimicra plastic film, for a total of 560 m2.
Two eggplant hybrids were studied, Napoli and Kokuyo, both grafted
on a specific rootstocks.
Both hybrids demonstrated good compatibility with the rootstocks,
with a high grafting.
All treatments showed slow growth during the first thirty days, and
after that two sequential periods occur: a fast growth period and then a slow growth period
again. Initially, treatments with Kokuyo hybrid had a higher growth rate, but Napoli hybrids
presented a posterior better development.
Napoli hybrid presents a more arborous type, when compared to
Kokuyo hybrid plants, which presented a more herbaceous growth habit.
As a general rule, fruits has a fast development, independent from
hybrid or from grafting.
Treatments with Napoli hybrid presented a greater fruit diameter, and
use of grafting did not influence fruit diameter in both materials evaluated.
It was verified that the fall of the petals leads to a considerable
increased in stained fruits (marked on their outside peel).
With the aim of following plant nutritional state, the crop growth was
previously divided into these phases: vegetative, full flowering and fructification.
4
Similar values were found, for all nutrients, when data from macro
and micronutrients extraction from plants were analyzed.
Photosynthesis rates (A), stomata conductance (g), transpiration (E),
water use efficiency (A/E) and internal CO2 leaf concentration (Ci) daylong measurements
were also accomplished.
The results made evident that grafted plants had higher use efficiency,
for both hybrids.
Kokuyo hybrid plants had higher photosynthesis rates, stomata
conductance, transpiration, and internal CO2 concentration and also increased water use
efficiency.
Still studying eggplant photosynthesis, a 13C enriched CO2 study was
conducted to evaluate the movement of assimilates and their allocation and partition in plants.
Results evidenced that assimilate movement depend on existing sinks
in each case.
_____________________________
Keywords: Solanum melongena, Protected cultivation, Grafting, Physiology.
5
1. INTRODUÇÃO
O cultivo protegido por ser um sistema que apresenta como
principais vantagens a obtenção de colheita fora da época normal, precocidade, aumento
da produção e a melhoria da qualidade dos frutos, pode beneficiar principalmente os
pequenos e médios produtores (Tivelli, 1998).
Entretanto, vários são os casos de insucesso, levando muitos a
abandonarem a atividade após algum tempo.
Algumas causas poderiam ser responsáveis por esse fato, mas de
maneira geral, o grande problema está na falta de um planejamento adequado exigido
por esse sistema de cultivo.
Segundo Brandão Filho & Vasconcelos (1998), a produção e a
qualidade da espécie escolhida dependem basicamente do germoplasma, do solo, do
clima e do homem propriamente dito, sendo então de fundamental importância a
compreensão de cada um desses fatores e de suas inter-relações.
Para que se obtenham as melhores respostas, é imprescindível
conhecer as condições básicas necessárias para que a planta tenha um bom crescimento e
desenvolvimento (Goto, 1995).
Torna-se então de fundamental importância que se tenha um
conhecimento do manejo do ambiente protegido e das necessidades da espécie escolhida,
a fim de se obter os melhores resultados.
O uso intensivo do solo sem a devida preocupação de um manejo
adequado, adicionado a utilização errada de adubos, vem ocasionando o aparecimento
de solos com uma série de problema fitossanitários e de ordem nutricional.
Como uma alternativa para solucionar estes problemas surgiu a
enxertia em hortaliças. Segundo Kobori (1994) a enxertia vem sendo utilizada para
obtenção de frutos de melhor qualidade, maior produtividade, melhor adaptação a
temperaturas adversas e principalmente no controle de doenças do solo.
6
A berinjela é provavelmente uma das hortaliças menos estudadas
no
Brasil,
embora
esteja
tendo
um
grande
impulso
na
sua
comercialização,
provavelmente ligado a estudos recentes que mostram sua utilização como medicinal,
comprovando tratar-se de uma olerícola de grande auxilio à saúde.
Segundo Brandão Filho & Callegari (1999), a berinjela (Solanum
melongena) é uma hortaliça fruto com grande potencial futuro para o cultivo em
ambiente protegido.
Este trabalho teve como objetivo juntar estes três fatores,
importantes
na
produção
de
hortaliças,
ou
seja,
pretendeu-se
conhecer
desenvolvimento da cultura da berinjela em cultivo protegido e sua resposta à enxertia.
o
7
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Berinjela
Segundo
informações
do
CEAGESP,
são
comercializadas
anualmente 20537 toneladas, sendo que o estado de São Paulo planta aproximadamente
1037 hectares, produzindo cerca de 47549 toneladas.
Segundo Filgueira (1982), é uma planta arbustiva, com caule
semilenhoso, ereto, podendo ultrapassar 1,0 m de altura, com ampla formação de
ramificações laterais.
Os híbridos mais plantados hoje atingem em média 1,1 m da altura,
mas alguns produtores ainda plantam alguns cultivares que podem alcançar até 2,0 m, isto
para as berinjelas comuns, entretanto as berinjelas conhecidas como japonesas são de porte
menor com as plantas atingindo no máximo 0,90 m de altura.
8
Os frutos podem ter coloração vinho escuro, rajada ou clara,
entretanto a de melhor cotação no mercado são aqueles de coloração escura e formato
alongado ou oblongo (Harder, et al.,1998).
A berinjela é uma planta que se comporta como uma planta de clima
tropical, necessitando de temperaturas elevadas durante todo seu ciclo (Filgueira, 1982).
2.2 Cultivo protegido
Segundo Vecchia & Koch (1999) nas décadas de 70 e 80 houve uma
grande expansão da área de cultivo de hortaliças em ambiente protegido, particularmente na
Ásia e costa do mar Mediterrâneo. No Brasil, esta tecnologia foi introduzida na década de
70, mas ganhou impulso somente a partir de meados da década de 80 até o início dos anos
90.
Minami (1995) relatou uma área de produção de hortaliças estimada
em 2000 hectares e uma projeção na virada do milênio para 10.000 hectares.
De acordo com levantamentos efetuados em 1999 são cultivados
cerca de 1500 hectares de hortaliças neste sistema, sendo os estados de São Paulo, Paraná e
Rio Grande do Sul os maiores produtores, (Vecchia & Koch, 1999) .
Martins (1996) e Goto (1997) apontam uma série de equívocos que
levaram a este baixo índice de crescimento da área cultivada; destacando a falta de
informações adequadas para nossas condições; que resultaram em experiências negativas
para muitos produtores.
Para o produtor iniciante no cultivo protegido, é fundamental que se
faça uma pesquisa de mercado, a qual indicará as espécies a serem exploradas, o volume a
ser produzido e a freqüência de venda dos produtos. Conhecidas as necessidades do
mercado, é necessário conhecer a fisiologia das culturas e o clima da região, para verificar
as possibilidades ou restrições de produção, (Tivelli, 1998).
Segundo Sousa et al. (1999), a produção em ambientes controlados
apresenta-se como alternativa para o produtor em uma economia competitiva e globalizada,
9
uma vez que permite a redução de perdas e o aumento da produtividade de diversas
culturas.
Desde o início do cultivo protegido no Brasil as hortaliças mais
utilizadas são o pimentão, a alface, o tomate e o pepino. Entretanto algumas culturas vêm
ganhando destaque como o melão e a berinjela.
2.3 Enxertia
Segundo Janick (1966), enxertia é a união de duas plantas por meio
da regeneração dos tecidos, de modo que a combinação resultante permita se desenvolver
como uma única planta. A melhor razão para a escolha da enxertia reside na transferência
dos benefícios de um determinado cavalo para a outra planta.
Para a berinjela enxertada, Oda (1995) coloca como principais
vantagens: controle de murcha bacteriana (Pseudomonas solanacearum), murcha de
Verticílio (Verticilium dahliae), murcha de Fusário (Fusarium oxysporum), tolerância às
baixas temperaturas, nematóides e aumento do vigor da planta.
Esta
técnica
vem
ganhando
destaque
nos
últimos
anos,
principalmente nos países asiáticos e europeus, Oda (1995) relatou que, em campo aberto,
43% das berinjelas são enxertadas e 95% no cultivo protegido, totalizando cerca de 50% da
berinjela plantada no Japão.
Kobori (1999), colocou que a enxertia em hortaliças apresenta
inúmeras vantagens, se as técnicas e experiências forem adquiridas e assimiladas. O custobenefício pode viabilizar a técnica e até reduzir custos. Entretanto ainda há necessidade de
mais estudos sobre o comportamento do porta enxerto, sua compatibilidade com a copa e
suas respostas a esta combinação.
Vários pesquisadores relataram os métodos utilizados na enxertia de
hortaliças. Os métodos tradicionais de enxertia são realizados manualmente e normalmente
não requerem grandes aparatos, os métodos mais utilizados são: fenda simples, encostia,
10
inserção lateral com e sem enraizamento das mudas e contato em bizel. (Gomes, 1997;
Oda, 1995).
Morita (1988), desenvolveu uma cola adesiva para ser utilizada em
mudas enxertadas de berinjela. Oda et al., (1997) utilizaram um robô para auxiliar na
enxertia da berinjela e este influenciou positivamente na taxa de desenvolvimento e
produtividade das mudas enxertadas.
No Brasil a técnica mais utilizada pelos produtores de berinjela é a da
fenda. A escolha desta técnica provavelmente foi baseada na praticidade do método e vem
ratificar os trabalhos de Gindrat et al. (1985), Ginoux & Dauple (1985) e Shishido et al.
(1995).
Vários trabalhos foram realizados a fim de determinar os melhores
porta enxertos para cada espécie, segundo Kobori (1999), Gomes (1997) e Oda (1995) para
berinjela os porta-enxertos mais comuns são: Torvum vigor (Solanum torvum), Hiranasu
(Solanum integrifolium), Meet, Karehen, Assist (Solanum melongena) e o híbrido Taibyo
VF ((Solanum integrifolium x Solanum melongena).
Ohara et al. (1990) e Shishido et al. (1995), relataram as vantagens
do porta-enxerto híbrido Taibyo VF ((Solanum integrifolium x Solanum melongena),
conseguindo resistência a murcha de Verticílio e murcha de Fusário, tolerância a
temperaturas baixas e grande vigor.
2.4 Fisiologia
A produtividade é afetada por características morfológicas e
fisiológicas da fonte e do dreno. Toda produção de fitomassa depende da atividade
fotossintética da fonte, porem a assimilação do CO2 é apenas um dos muitos fatores que
influenciam o crescimento e desenvolvimento vegetal (Foyer & Galtier, 1996).
Desta forma, buscar mais informações sobre a fonte torna-se de
fundamental importância, e uma das formas mais utilizadas para estuda-la é realizar as
medidas de trocas gasosas (taxa de fotossíntese, condutância estomática, taxa de
transpiração, concentração interna de CO2 e eficiência no uso da água).
11
O método de análise de troca gasosa foi descrito por Machado et. al
(1994) e Habermann (1999), utilizando para realizar as medidas o “Infra Red Gás Analyser
– IRGA”, Modelo Li 6200, LI-COR, sistema fechado portátil de fotossíntese, com
analisador de CO2 por radiação infra-vermelha.
Kim & Hori (1989), estudando sobre a capacidade fotossintética das
folhas de berinjela mostraram valores máximos em torno de 22 mmol CO2.m-2.s-1, que as
taxas fotossintéticas dependiam da idade das folhas e correlacionavam diretamente com o
teor de clorofila das folhas.
Estes valores encontrados de taxa de fotossíntese são considerados
altos, levando em consideração que a berinjela é uma planta de ciclo C3, (Pimentel et al.,
1995).
Ikeda (1981), estudando as taxas de fotossíntese em mudas de
berinjela, tomate e pepino, mostra novamente que a taxa fotossintética varia de acordo com
o posicionamento da folha.
Uma planta produtiva é aquela que apresenta uma grande eficiência
na produção de carboidratos na fonte, ou a eficiência de acumulação destes nos drenos,
preferencialmente na associação dos dois processos (Pimentel, 1998).
Uma das metodologias utilizadas no estudo sobre a fotossíntese
refere-se ao emprego dos isótopos do carbono, destacando-se o uso do isótopo radioativo
14
C.
Contudo, a partir da década de 80, começaram a ser desenvolvidos
trabalhos, utilizando os isótopos estáveis do carbono (12C e
oxigênio (16O e
18
13
C), nitrogênio (14N e
15
N),
O) e do hidrogênio (1H e 2H), em estudos sobre a fisiologia de plantas,
com destaque para os estudos sobre os ciclos fotossintéticos, partição e alocação de N e C,
além de estudos sobre os mecanismos de absorção e movimentação da água nas plantas
(Ehlenringer, 1991).
Os isótopos são átomos que apresentam o mesmo número de prótons
(Z) e diferentes número de nêutrons (N) ou átomos que apresentam o mesmo número de
prótons e diferente número de massa (A). Desse modo, tem-se átomos de um mesmo
elemento químico com massas atômicas diferentes (A=Z+N).
12
Os isótopos estáveis, de diversos elementos, ocorrem naturalmente
na litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera. Os isótopos "leves”, que possuem menor
massa atômica, são os mais abundantes, enquanto que os isótopos "pesados”, que possuem
maior massa atômica, estão presentes no ambiente em uma quantidade muito pequena
(Licatti, 1997 e Ducatti, 2000).
Variações naturais nas concentrações entre estes isótopos permitem
classificar as plantas nos diferentes ciclos fotossintéticos (C3, C4 e CAM). Plantas do ciclo
C3 apresentam um sinal isotópico que varia de –22‰ a – 34‰, plantas do ciclo C4 mostram
serem mais ricas em 13C que plantas do ciclo C3 apresentando um sinal isotópico que varia
de -9‰ a -16‰. Essas diferenças nos sinais isotópicos das plantas C3 e C4 são
determinadas por fracionamentos entre os isótopos 12C e 13C, que ocorrem desde a entrada
do CO2 nos estômatos até a formação dos carboidratos no Ciclo de Calvin (Vogel, 1993).
O 13C também pode ser utilizado como "traçador" em estudos sobre
fotossíntese, pois devido a sua baixa concentração no CO2 atmosférico, quando uma planta
é colocada em uma atmosfera controlada com CO2 enriquecido com 13C (ou seja, CO2 com
elevada porcentagem de 13C), os carboidratos formados também serão ricos em 13C, o que
alterará o sinal na leitura do espectrômetro de massa.
Rao (1989), estudando a translocação do 14C em plantas de berinjela,
em suas fases vegetativa, florescimento e produtiva, aplicando o isótopo sempre na quinta
folha a partir do meristema apical, e retirando os órgãos para análise 48 horas após a
aplicação, chegou a conclusão que os fotossintetatos apresentavam bidirecionalidade, isto é
eram transportadas tanto para a região apical como para a região basal do ramo. Quando
existia um fruto este era o dreno principal, embora mesmo nesta fase foram encontrados
fotossintetatos com 14C em diversos os órgãos da planta.
13
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Localização do experimento
O experimento foi conduzido na Fazenda de Ensino, Pesquisa e
Produção de São Manuel da FCA/UNESP– Botucatu , no município de São Manuel, SP,
coordenadas geográficas aproximadas de 22°44’S e 48°34’W, com altitude em torno de 750
metros. Segundo Espindola et al. (1973), o clima da região é do tipo mesotérmico, Cwa, ou
seja, subtropical úmido com estiagens no período de inverno. A precipitação média anual é de
1530 milímetros, sendo a temperatura média anual de 21°C. O solo do local onde foi montado
o experimento é um latossolo vermelho amarelo fase arenosa, textura média e relevo suave
ondulado.
14
Figura 01 – Vista geral dos módulos de ambiente protegido, vista lateral e frontal dos
dois módulos onde foram instalados os experimentos na FEEPPUNESP/FCA. São Manuel/SP. 2000.
15
3.2 Estrutura para plantio
O ensaio foi conduzido em ambiente protegido, em dois módulos de
estrutura simples, tipo arco com 7 m de largura, 40 m de comprimento e 3 m de pé direito,
cobertos por filme plástico de 100 milimicras, totalizando uma área de 560 m2. As estruturas
estão dispostas com maior eixo no sentido N-S e paralelas a maior incidência de ventos.
3.3 Histórico da área
As estruturas foram montadas entre outubro e novembro de 1997, com a
finalidade de cultivar diversas cultivares de pimentão (Capsicum annuum L.). Conduziu-se a
cultura de pimentão por duas safras: dezembro de 1997 a junho de 1998 e julho de 1998 a
novembro de 1998. Após a retirada do pimentão plantou-se crotalaria (Crotalaria spectabilis),
que foram cortadas antes do florescimento, deixando as estruturas posteriormente em pousio.
3.4 Amostragem e análise do solo
As amostras de solo foram coletadas aproximadamente 60 dias antes da
implantação do experimento, a uma profundidade de 0 a 30 cm. Os resultados estão
apresentados no quadro 01.
3.5 Preparo e adubação do solo
O preparo do solo se deu com o implemento “Picão canteirador 1.5
MAFES” que permitiu uma incorporação uniforme e movimentação a aproximadamente 50
cm de profundidade (02 de agosto).
Quarenta e cinco dias após (15 de setembro), de acordo com as análises
e tomando como base a recomendação feita para berinjela no Boletim 100 do Instituto
16
Agronômico de Campinas (1996), foram aplicadas em cada estufa as seguintes quantidades:
5,0 kg de sulfato de amônio; 25,0 kg de super simples; 15,0 kg de cloreto de potássio; 0,7 kg
de sulfato de zinco; 0,35 kg de bórax e o composto orgânico Biomix na base de 1,5 kg/m2,
tudo aplicado em área total. Novamente fez-se a incorporação dos adubos com o “Picão
canteirador 1.5 MAFES”. A terra revolvida foi disposta de maneira a formar quatro canteiros
dentro de cada módulo. Estes canteiros posteriormente foram manualmente transformados em
leiras espaçadas de 1,5 m.
QUADRO 01: Resultados das análises químicas de amostras de solo retiradas a uma
profundidade de 0 a 30 cm nas estufas, FEEPP – UNESP/FCA – São Manuel/SP, 2000.
Al 3+ H+Al K
Amostras pH
M.O.
Ca Mg SB
CTC V%
Presina
CaCl2 g/dm3
mg/dm3
Estufa 1
6,4
13
120
--
11
1,1
52
11
64
75
86
Estufa 2
6,6
10
62
--
10
0,8
35
12
47
58
82
Laboratório do Depto. Ciência do Solo FCA/UNESP – Botucatu.
3.6 Produção das mudas e cultivares
As mudas foram produzidas no viveiro da FEEPP em São Manuel,
sendo utilizadas bandejas de isopor (poliestireno expandido) modelo 128-6, com substrato
produzido pela própria fazenda, na seguinte proporção: 150 L de terra peneirada, 50 L de
húmus, 50 L de casca de arroz carbonizada, 50 L de esterco de curral e 1,5 kg de adubo 04-1408.
Nas berinjelas foram realizadas duas aplicações com nitrocálcio e no
porta-enxerto uma de cloreto de potássio.
Semeou-se o porta-enxerto no dia 24 de julho de 1999, quatro dias após
(28 de julho), foram semeados os híbridos escolhidos para a produção.
17
a) Berinjela híbrida Kokuyo, produzida pela Takii (Japão) e importada
pela Sumitomo Corporation do Brasil, conhecida pelos consumidores como berinjela japonesa.
Apresenta frutos de maior comprimento (0,3 – 0,4 m), menor diâmetro (0,06 – 0,08 m) e
coloração mais escura que as berinjelas usualmente comercializadas. É uma planta com boa
produtividade e baixa incidência de distúrbios fisiológicos.
b) Berinjela híbrida Nápoli, produzida pela Sementes Agroflora/Sakata,
com frutos de coloração vinho escura brilhante, formato alongado, peso médio de 180 a 230 g
e comprimento de 0,25 m. São plantas com alta produtividade e lenta formação das sementes.
c) Porta-enxerto híbrido para berinjela TaiByo VF, híbrido de portaenxerto com resistência a murcha de Verticílio e murcha de Fusário, planta vigorosa e alta
tolerância a baixas temperaturas.
3.7 Enxertia
A escolha da técnica foi baseada no melhor pegamento e na praticidade
do método da fenda (Ginoux & Dauple, 1985; Shishido et al., 1995). A enxertia foi feita
quando o porta enxerto apresentava de 5 a 6 folhas totalmente expandidas e as plantas de
berinjela com 4 a 5 folhas (04 de Novembro de 1999).
O porta-enxerto foi transplantado para copos de 300ml duas semanas
antes. No momento da enxertia cortou-se a haste principal a aproximadamente 4,0 a 6,0 cm do
solo, deixando-se 01 a 02 folhas. Em seguida fez-se um corte de aproximadamente 1,0 cm no
sentido longitudinal da haste. Nas mudas de berinjela realizou-se um corte em forma de cunha,
de forma a deixar de 2 a 3 folhas nesta copa que foi inserida na fenda do porta enxerto.
Após a união das duas partes o enxerto foi fixado com “clip” para
enxertia, e levadas para uma “câmara úmida” preparada com filme de polipropileno de 150
milimicras, com umidade superior a 90% e temperatura média de aproximadamente 30oC,
permanecendo neste ambiente por 13 dias. Após ficou por mais 12 dias na estufa de produção
de mudas para aclimatação necessária.
18
A porcentagem de mudas enxertadas perdidas (não pegamento da
enxertia), foi bastante baixa, cerca de 4,4% (14 mudas mortas num total de 320 mudas
enxertadas).
3.8 Transplante
Em cada estufa foram feitas 4 leiras espaçadas de 1,5 m, cobertas com
filme de polipropileno preto com 30 micra “mulching”, que foi perfurado com auxilio de uma
lata aquecida, de 0,07 m de diâmetro, num espaçamento de 0,8 m sendo que as covas foram
realizadas manualmente no momento do transplante.
As primeiras mudas foram transplantadas em 05 de outubro e as demais
em 29 de novembro de 1999.
Em cada leira foram transplantadas 46 mudas, sendo 10 de ‘Nápoli’ e
10 de ‘Kokuyo’, quando do primeiro plantio, no momento do segundo plantio foram
transplantadas 10 de ‘Nápoli’/enxertada mais 03 de ‘Nápoli’ e 10 de ‘Kokuyo’/enxertada mais
03 de ‘Kokuyo’.
3.9 Condução
Nas extremidades de cada linha de plantio, colocou-se um mourão de
eucalipto com cerca de 2,0 m de altura e 0,15 m de diâmetro, estes foram colocados no centro
das leiras de modo que ficassem alinhados com as plantas; os mourões foram perfurados a
0,25 m, 1,0 m e 1,6 m acima da leira, por onde se passou um fio de arame número 18 para
auxiliar a condução das plantas.
Posteriormente, devido ao porte das plantas, resolveu-se colocar um
mourão de cada lado das leiras e passar dois fios de arame por esses (0,50 m e 1,0 m).
19
FIGURA 02 – Planta do tratamento
Kokuyo/enxertada.
São
Manuel/SP,
2000.
FIGURA 03 – Planta do tratamento
Nápoli/enxertada. São Manuel/SP, 2000.
20
3.10 Manejo da irrigação.
O sistema de irrigação utilizado foi por gotejo (StreamLine 8
mil/Netafin, 1,49 L/h/03 mca), com duas linhas por canteiro. A área foi irrigada 18 horas antes
do transplante das mudas (elevando a umidade do solo à capacidade de campo). Após o
transplante as mudas foram submetidas ao estresse hídrico por 21 dias, no 220 dia irrigou-se
novamente até a capacidade de campo do solo. Após este dia as irrigações foram semanais até
o 52º dia quando as plantas foram novamente submetidas ao estresse hídrico por mais 21 dias.
A partir daí as irrigações voltaram a ser realizadas semanalmente.
3.11 Adubações de cobertura
Devido às boas condições de desenvolvimento da cultura realizou-se
apenas adubação de cobertura a partir do 73o dia, sendo estas realizadas juntamente com a
água de irrigação. Os fertilizantes foram colocados no sistema de irrigação através de uma
bomba injetora proporcional de fertilizantes (modelo DP 30-2 DOSMATIC).
Nas duas primeiras adubações de cobertura realizadas (73o e 80o dia) foi
utilizado o nitrato de potássio na dosagem de 35 kg.ha-1. A partir do 123o dia foram realizadas
adubações de cobertura semanalmente, utilizando-se duas fórmulas para fertirrigação da
Valagro, a 5-15-45 + 0,04 B e a 15-5-30 + 2 Mg com micronutrientes (8,4% de N nítrico,
3,6% de N amoniacal, 3,0% de N uréico, 5,0% de anidrido fosfórico solúvel em água, 30,0%
de óxido de potássio solúvel em água sem cloro, 2,0% de óxido de magnésio, 0,02% de boro,
0,005% de cobre, 0,07% de ferro, 0,001% de molibdênio, 0,03% de manganês e 0,01% de
zinco).
3.12 Controle fitossanitário
Os tratamentos fitossanitários foram realizados de acordo com a
ocorrência da praga (não houve doenças), evitando-se as horas mais quentes do dia. As
21
principais pragas observadas foram a mosca branca (Bemisia argentifólii) e o ácaro do
bronzeamento (Aculops lycopersici).
Observou-se um ataque do ácaro do bronzeamento na cultivar
‘Kokuyo’, com as plantas apresentando sintomas bastante característicos. Para o controle foi
utilizado o acaricida/inseticida de origem biológica (abamectina), na dosagem de 80 ml/100 L
água, com controle eficiente.
No experimento, primeiramente na cultivar ‘Nápoli’, ocorreu um ataque
severo de mosca branca. Visando seu controle foram realizadas várias aplicações com diversos
inseticidas, entretanto nenhum dos inseticidas utilizados apresentou controle eficiente da
praga, desta forma com a finalidade de prolongar o tempo de utilização das plantas, optou-se
por realizar podas de limpeza drásticas e continuar com as pulverizações semanais com
inseticidas.
3.13 Tratamentos
Foram estabelecidos dois híbridos de berinjela: a berinjela comum
‘Nápoli’ e a berinjela japonesa ‘Kokuyo’, sendo que estes materiais foram enxertados e não,
tendo então quatro tratamentos: ‘Nápoli’ pé franco, ‘Nápoli’/enxertada, ‘Kokuyo’ pé franco e
‘Kokuyo’/enxertada.
3.14. Experimentos
Este trabalho teve como objetivo o estudo da berinjela. Em cima dos
quatro tratamentos existentes, foram realizados vários experimentos, para que as dúvidas
existentes e as que fossem surgindo no desenvolvimento da cultura, pudessem ser sanadas.
22
3.14.1. Desenvolvimento da planta
Com a finalidade de acompanhar o crescimento da planta, de sete em
sete dias (a partir do transplante), num total de 14 avaliações ao longo do ciclo, foram feitas as
avaliações da altura das plantas (da folha cotiledonar até o ápice da haste principal), do
número de nós existentes, do diâmetro do caule no ponto de enxertia, acima (10 cm do solo) e
abaixo deste (03 cm do solo) e do número de flores.
O experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso com
quatro repetições e três plantas para cada repetição. Os resultados aos 14, 35, 56 e 98 dias
foram submetido à análise estatística e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de
Tukey.
Estes dias (14, 35, 56 e 98), foram escolhidos para análise estatística,
pois são representativos de seus diversos estádios de desenvolvimento. Aos 14 dias é quando a
planta iniciou seu desenvolvimento após o transplante, com 35 dias a planta entrou na fase de
floração, aos 56 a planta iniciou sua produção (primeira colheita) e aos 98 dias a planta
praticamente estabilizou seu crescimento.
3.14.2. Arquitetura
Com a finalidade de determinar a arquitetura das plantas, foram
retiradas (aos 98 dias após o transplante) três plantas de cada cultivar. Estas plantas foram
medidas, desenhadas e comparadas com os resultados encontrados no item anterior
(Desenvolvimento da planta).
3.14.3. Desenvolvimento do fruto
Para cada tratamento (‘nápoli’, ‘nápoli’ enxertada, ‘Kokuyo’ e
‘Kokuyo’ enxertada) foram marcados 70 frutos recém polinizados.
23
De cinco em cinco dias foram retirados de cada tratamento cinco frutos;
no material Kokuyo, enxertado ou não, foram realizados sete coletas (até 35o dia) e no
material nápoli, enxertado ou não, foram realizadas nove coletas (até 45o dia).
Nestes frutos foram avaliados, em cada época, seu peso, diâmetro,
comprimento e brix.
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado
com quatro repetições.
3.14.4. Caracterização dos frutos no ponto de colheita
A fim de caracterizar os frutos, foram comparadas as médias dos
parâmetros avaliados (comprimento, diâmetro e brix) dos tratamentos no ponto de colheita (30
dias após a marcação da flor para Kokuyo e Kokuyo/enxertada e 40 dias após a marcação da
flor para Nápoli e Nápoli/enxertada).
O experimento foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Os
resultados foram submetido à análise estatística e as médias dos tratamentos comparadas pelo
teste de Tukey.
3.14.5. Peso dos frutos
Com a finalidade de determinar com maior precisão o peso médio dos
frutos, foram pesados 15 frutos de cada tratamento em 6 épocas distintas de produção.
O experimento foi realizado em blocos ao acaso com seis repetições. Os
resultados foram submetidos à análise estatística e as médias dos tratamentos comparadas pelo
teste de Tukey.
24
3.14.6. Frutos manchados
Em determinada época da produção percebeu-se um aumento da
quantidade de frutos manchados, notou-se que algumas das manchas desses frutos tinham o
formato da corola.
Resolveu-se então realizar um experimento a fim de determinar se a
queda ou não da corola influenciava no aumento do número de frutos manchados.
Foram marcadas 40 flores onde foram retiradas manualmente as pétalas
(corola) e 40 flores sem retirada manual das pétalas (corola), independentemente da enxertia.
No momento da colheita, 30 dias após a marcação para Kokuyo e 40
dias para Nápoli, foram colhidos 25 frutos de cada tipo (com e sem retirada da corola).
Os frutos colhidos foram avaliados a fim de determinar a existência ou
não de frutos manchados.
O experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso com
quatro repetições, 25 frutos para cada repetição. Os resultados foram submetidos à análise
estatística e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey ao nível de
significância de 1% de probabilidade.
3.14.7. Acompanhamento nutricional
Para acompanhar o estado nutricional das plantas, a cultura foi
previamente dividida em três fases: vegetativa (antes do início do florescimento),
florescimento (plantas no máximo do florescimento e antes da primeira colheita) e frutificação
(plantas no pico de produção).
Nestas épocas, colheram-se 8 folhas recém expandidas, para feitura de
cada amostra, sendo que para cada tratamento foram realizadas três amostras.
Estas amostras foram acondicionadas em sacos de papel e secos em
estufa de circulação forçada de ar a 65-70°C, até atingirem peso constante. Em seguida, as
folhas foram moídas em moinho tipo Wiley e acondicionadas em sacos de papel.
25
Foram determinadas as concentrações nas folhas das plantas de N, P, K,
Ca, Mg e S expressas em g.kg-1 e as de Zn, Fé, Cu, Mn e B expressas em mg.kg-1.
Foram realizadas também coletas de frutos, dos tratamentos, com a
finalidade de analisar a composição química destes. Foram colhidos 8 frutos de cada
tratamento. Os frutos após a colheita foram lavados em água corrente, em solução de
detergente a 0,1% e em água destilada, pesados e posteriormente cortados em pedaços
menores e colocados para secar, em sacos de papel, em uma estufa a 70°C com circulação de
ar forçado por 14 dias. Após foram realizadas as pesagens e moídos em um moinho mecânico
e armazenados em sacos de papel. Realizou-se este procedimento três vezes, como repetição.
A parte laboratorial e de análise dos dados foram realizados nos
departamentos de Produção Vegetal e de Ciência do Solo da Faculdade de Ciências
Agronômicas de Botucatu/UNESP.
3.14.8. Medidas de trocas gasosas
As medidas de trocas gasosas foram realizadas com sistema fechado
portátil de fotossíntese, com analisador de CO2 por radiação infra-vermelha (“Infra Red Gás
Analyser – IRGA”, Modelo Li 6200, LI-COR).
O equipamento possui uma câmara onde são feitas as medidas da
assimilação de CO2 (fotossíntese) e liberação de vapor d'água, através dos estômatos da folha
(transpiração).
As medidas de trocas gasosas foram efetuadas na região mediana de
folhas bem desenvolvidas, com o limbo foliar completamente expandido. Para a obtenção
desses dados, foram escolhidas, ao acaso cinco folhas bem distribuídas e iluminadas da copa
da planta. Cada folha medida permaneceu em equilíbrio dentro da câmara, de um a dois
minutos.
Dentro da Câmara do “IRGA” procurou-se utilizar sempre fluxo de
fótons de no mínimo 600 µmol.m-2.s-1.
26
Com a finalidade de comparar a influências do porta-enxerto na
berinjela, foram realizadas medidas das taxas de fotossíntese (A), condutância estomática (g),
transpiração (E) e eficiência no uso da água (A/E), isto comparando-se a berinjela enxertada a
de pé franco.
Com a finalidade de comparar a berinjela Híbrido Nápoli com a Híbrido
Kokuyo, foram realizadas medidas durante o dia (09:00, 12:00, 14:00 e 16:00 hs) das taxas de
fotossíntese (A), condutância estomática (g), transpiração (E), eficiência no uso da água (A/E)
e concentração interna de CO2 na folha (Ci).
3.14.9. Uso de Isótopos Estáveis
Ainda estudando a fotossíntese da berinjela, utilizou-se o
13
C como
"traçador", pois devido a sua baixa concentração no CO2 atmosférico, quando uma planta é
colocada em um ambiente com uma grande concentração deste isótopo, os carboidratos
formados também serão ricos neste isótopo, o que alterará o sinal na leitura do espectrômetro
de massa.
De acordo com a metodologia indicada por Vasconcellos1, colocou-se
uma folha em um ambiente fechado, transparente e de volume conhecido (2,0 L). Retirou-se
1,5 mL do ar ali existente, adicionou-se 1,5 mL do CO2 enriquecido com uma maior
quantidade de
13
C (aproximadamente 99% de
13
C). Deixou-se 30 minutos e retirou-se do
ambiente fechado (câmara transparente). Aproximadamente 6 horas após retirou-se o ramo
onde se encontrava a folha e separou-se este em amostras distintas, constituídas pelas
diferentes partes do vegetal. Estas partes conforme vão sendo separadas do ramo, são secas em
nitrogênio líquido, acondicionadas em sacos de papel e armazenadas em estufa de circulação
forçada de ar a 65-70°C.
Posteriormente as amostras foram moídas em moinho criogênico (SPEX
- modelo 6700), á base de nitrogênio líquido, de forma a torna-la bem uniforme (com
granulometria de "talco").
1
VASCONCELLOS, M.A.S. (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFFRJ), Comunicação pessoal,
2000.
27
A partir deste preparo, as amostras foram submetidas a uma linha de
combustão, sob fluxo constante de oxigênio, como descrito em Ducatti (2000), para conversão
do material orgânico em CO2.
O CO2 coletado dessa conversão foi analisado em um espectrômetro de
massa para razões isotópicas (IRMS) Finnigan MAT modelo delta S, tendo seu resultado da
discriminação isotópica expressa em δ ‰ (delta per mil). Esse valor representa a variação
natural da razão isotópica de carbono ([13C] / [12C]) da amostra, comparado com a razão
isotópica do carbono de um padrão. O valor de δ ‰ é dado pela fórmula: δ ‰ (amostra, padrão) =
[(Razão isotópica da amostra - Razão isotópica do padrão) / Razão iisotópica do padrão] X
103.
Aplicou-se esta metodologia em três folhas totalmente expandidas,
sendo que foram realizadas outras três folhas modificando alguns passos, visando aperfeiçoar
a metodologia.
Nesta nova metodologia coloca-se a folha em ambiente enriquecido
com uma maior quantidade de 13C (aproximadamente 99% de 13C), deixa-se 30 minutos, abrese a câmara transparente, espera-se alguns segundos, fecha-se novamente e repete-se o
enriquecimento desta câmara, deixando por mais 30 minutos. Outra modificação é o tempo
para que ocorra a translocação, nesta segunda metodologia deixa-se aproximadamente 24
horas.
28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Desenvolvimento da planta.
4.1.1 Altura das Plantas
O Quadro 02 mostra a análise da variância da altura das plantas
para 14, 35, 56 e 98 dias.
A análise de variância da altura das plantas detectou diferenças
significativas entre os tratamentos estudados, em todas as épocas analisadas (14, 35, 56 e
98 dias após o transplante).
QUADRO 02: Resumo da análise da variância (Quadrados médios e coeficiente de
variação) da altura das plantas de berinjela aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante.
São Manuel/SP, 2000.
QUADRADOS MÉDIOS
CAUSA DA
GL
VARIAÇÃO
14 (DAT)
35 (DAT)
56 (DAT)
98 (DAT)
Tratamentos
3
67,534**
270,134**
568,391**
4219,207**
Blocos
3
3,075
21,037
17,738
30,452
Resíduo
9
2,566
8,923
4,756
19,436
Total
15
8,703
5,085
2,398
2,812
CV (%)
**Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
29
Considerando
que
houve
diferença
significativa
entre
os
tratamentos, nas quatro épocas avaliadas, foi feita a análise de variância das médias para
estes tratamentos, conforme se pode observar no Quadro 03.
QUADRO 03: Média das alturas das plantas em centímetros e coeficiente de variação
dos tratamentos, para os 14, 35, 56 e 98 dias após transplante. São Manuel/SP, 2000.
Altura da Planta1 (cm)
Tratamentos
14 (DAT)
35 (DAT)
56 (DAT)
98 (DAT)
2
Nápoli
12,83 B
48,05
C
93,59 B
188,67 A
Nápoli/Enx.
19,42 A
62,34 AB
104,55 A
179,88 A
Kokuyo
18,67 A
57,30
B
75,67 C
122,00 C
Kokuyo/Enx.
22,71 A
67,30
A
89,96 B
136,67 B
CV (%)
8,700
5,09
2,40
2,81
1
Dados originais (média de 3 plantas em 4 repetições)
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível
de 1% de probabilidade.
2
Observando-se as médias das alturas das plantas atribuídas aos
tratamentos (Quadro 03), aos 14 dias após o transplante percebe-se que houve diferença
estatística a nível de 1% de probabilidade e que somente o tratamento Nápoli mostrou-se
estatisticamente inferior dos demais.
Quando da avaliação aos 35 dias após o transplante, nota-se
novamente que houve diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade, onde os
tratamentos
Kokuyo/enxertada
e
Nápoli/enxertada
mostraram-se
tratamento
Kokuyo
mostrou-se
estatisticamente
semelhante
superiores,
ao
o
tratamento
Nápoli/enxertada e superior ao tratamento Nápoli que novamente diferiu de todos os
outros, apresentando uma menor altura.
Aos 56 dias após o transplante o tratamento Nápoli/enxertada
mostrou-se
estatisticamente
superior
aos
demais,
os
tratamentos
Nápoli
e
Kokuyo/enxertada não diferiram entre si e foram superiores ao tratamento Kokuyo.
Para a avaliação realizada aos 98 dias após o transplante, pode-se
observar
superiores,
Kokuyo.
que
e
os
o
tratamentos
tratamento
Nápoli
e
Nápoli/enxertada
Kokuyo/enxertada
mostrou-se
foram
superior
estatisticamente
ao
tratamento
30
O Gráfico 01 mostra as curvas de altura dos tratamentos, nos 14
pontos avaliados.
GRÁFICO 01 – Curvas das alturas das plantas de berinjelas, utilizadas como
tratamentos, em avaliações semanais até os 98 dias após o transplante. São Manuel/SP,
2000.
200
180
160
140
Altura (cm )
120
kokuyo
kok./enx.
100
Nápoli
Náp/enx.
80
60
40
20
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
D ias
Pelo Gráfico 01 verifica-se que todos os tratamentos apresentam
um crescimento lento nos primeiros trinta dias, sendo que após este período ocorre um
crescimento mais rápido, cerca de 40 dias para os tratamentos que apresentam o híbrido
Kokuyo e cerca de 55 dias para os tratamentos que apresentam o híbrido Nápoli.
Após este período, de crescimento rápido, todos apresentam
novamente uma fase de crescimento lento.
No início do experimento os tratamentos com o híbrido Kokuyo
mostram-se maiores, entretanto com o desenvolvimento das plantas, os tratamentos com
o híbrido Nápoli apresentam um porte mais elevado.
Com relação à influência da enxertia, percebe-se que para o híbrido
Nápoli o porta-enxerto mostra-se significativamente favorável ao aumento do porte da
31
planta, entretanto esta tendência vai diminuindo conforme o desenvolvimento das
plantas, chegando ao fim do experimento sem influência.
O inverso ocorre com o híbrido Kokuyo, onde no início do
desenvolvimento o porta-enxerto não tem influência significativa, passando a ter
conforme a planta vai se desenvolvendo.
4.1.2 Número de Nós
O Quadro 04 mostra a análise da variância dos números de nós
encontrados nas plantas, para 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante.
QUADRO 04: Resumo da análise da variância do número de nós encontrados nas
plantas de berinjela aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000.
Causa da
Quadrados médios
GL
variação
14 (DAT)
35 (DAT)
56 (DAT)
98 (DAT)
Tratamentos
3
1,185*
108,901**
111,412**
115,561**
Blocos
3
0,527
4,451
2,445
7,020
Resíduo
9
0,325
1,287
4,946
3,866
Total
15
CV (%)
11,771
5,981
5,569
2,657
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
As análises das variâncias dos números de nós, feitas aos 14, 35, 56 e
98 dias, detectaram diferenças significativas entre os tratamentos estudados, em todas as
épocas analisadas, desta forma, foi feita a análise de variância das médias para estes
tratamentos, conforme se pode observar no Quadro 05.
32
QUADRO 05: Média dos números de nós encontrados nas plantas e coeficiente de
variação dos tratamentos, para os 14, 35, 56 e 98 dias após transplante. São Manuel/SP,
2000.
Número de nós1
Tratamentos
14 (DAT)
35 (dias)
56 (dias)
98 (dias)
2
3
Nápoli
4,21 b
12,84 C
32,88 B
71,06 BC
Nápoli/Enx.
5,00 ab
16,44 B
39,78 A
68,67 C
Kokuyo
4,67 ab
22,92 A
41,59 A
80,92 A
Kokuyo/Enx.
5,50 a
23,67 A
45,50 A
75,33 AB
CV (%)
11,77
5,98
5,57
2,66
1
Dados originais (média de 3 plantas em 4 repetições)
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
3
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 1% de probabilidade.
2
Observando-se as médias dos números de nós das plantas, (Quadro
05) aos 14 dias após o transplante, percebe-se que houve diferença estatística a nível de
5%
de
probabilidade
e
que
o
tratamento
Nápoli
embora
não
tenha
diferido
estatisticamente dos tratamentos Kokuyo e Nápoli/enxertada mostrou-se estatisticamente
inferior ao tratamento Kokuyo/enxertada.
Quando da avaliação aos 35 dias após o transplante, nota-se que
houve diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade, onde os tratamentos
Kokuyo/enxertada e Kokuyo não diferiram estatisticamente entre si e mostraram-se
superiores, o tratamento Nápoli/enxertada foi superior ao tratamento Nápoli.
Aos 56 dias após o transplante o tratamento Nápoli novamente
diferiu, estatisticamente a 1% de probabilidade, de todos os outros, apresentando um
menor número de nós.
Para a avaliação realizada aos 98 dias após o transplante, pode-se
observar que os tratamentos Kokuyo e Kokuyo/enxertada foram estatisticamente
33
superiores, e o tratamento Nápoli mostrou-se estatisticamente semelhante ao tratamento
Kokuyo/enxertada embora não tenha diferido do tratamento Nápoli/enxertada.
O Gráfico 02 mostra as curvas do número de nós para cada
tratamentos, nos 14 pontos avaliados.
GRÁFICO 02 – Curvas dos números de nós encontrados nas plantas de berinjelas,
utilizadas como tratamentos, em avaliações semanais até os 98 dias após o transplante.
São Manuel/SP, 2000.
90
80
70
60
kokuyo
50
kok./enx.
Nápoli
40
Náp/enx.
30
20
10
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
D ias
De acordo com Gráfico 02 percebe-se, em todas as fases avaliadas,
que os tratamentos com o híbrido Kokuyo apresentam um maior número de nós em
comparação com os tratamentos com o híbrido Nápoli.
Com relação à influência do porta-enxerto no número de nós, notase que para o híbrido Kokuyo o porta-enxerto não teve influência significativa,
entretanto para o híbrido Nápoli o porta-enxerto teve influência, aumentando o número
de nós.
34
4.1.3 Diâmetro do caule
Com a finalidade de seguir o desenvolvimento da região da
enxertia, foram medidos os diâmetros do caule no ponto médio da enxertia, abaixo (03
cm do solo) e acima deste (10 cm do solo); entretanto a fim de comparação entre os
tratamentos, avaliou-se somente o diâmetro acima do ponto de enxertia (10 cm acima do
solo)
QUADRO 06: Resumo da análise da variância do diâmetro do caule a 10 cm do solo, nas
plantas de berinjela aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000.
Causa da
Quadrados médios
GL
variação
14 (DAT)
35 (DAT)
56 (DAT)
98 (DAT)
Tratamentos
3
0,015ns
0,083ns
0,067*
0,576**
Blocos
3
0,001
0,021
0,134
0,073
Resíduo
9
0,004
0,020
0,011
0,028
Total
15
CV (%)
15,742
12,541
6,750
6,864
ns
Não significativo
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
QUADRO 07: Média do diâmetro do caule a 10 cm do solo1 e coeficiente de variação dos
tratamentos, para os 14, 35, 56 e 98 dias após transplante. São Manuel/SP, 2000.
Diâmetro do caule (cm)
Tratamentos
14 (DAT)
35 (DAT)
56 (DAT)
98 (DAT)
Nápoli
0,45 a
1,31 a
1,60 ab1
2,70 A2
Nápoli/Enx.
0,46 a
1,21 a
1,68 a
2,81 A
Kokuyo
0,33 a
1,01 a
1,38 b
2,03 B
Kokuyo/Enx.
0,40 a
1,03 a
1,50 ab
2,19 B
CV (%)
15,74
12,54
6,67
6,87
1
Dados originais (média de 3 plantas em 4 repetições)
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
3
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 1% de probabilidade.
2
35
A análise da variância do diâmetro do caule, acima do ponto da
enxertia, (Quadro 06) detectou diferença significativa apenas a partir do 56º dia.
Na análise das médias (Quadro 07) pode-se observar que nas
avaliações aos 14 e 35 dias não houveram diferenças significativas, na avaliação realizada
aos 56 dias após o transplante, observa-se que houve diferença significativa a 5% de
probabilidade, onde o tratamento Kokuyo embora não tenha diferido dos tratamentos
Nápoli e Kokuyo/enxertada mostraram-se inferior ao tratamento Nápoli/enxertada.
Na avaliação realizada aos 98 dias após o transplante, houve
diferença significativa a de 1% de probabilidade, e mostra que os tratamentos Nápoli e
Nápoli/enxertada não diferiram estatisticamente entre si e foram maiores que os
tratamentos Kokuyo e Kokuyo/enxertada que também não diferiram entre si.
De acordo com o Gráfico 03 pode-se observar que o diâmetro do
caule é pouco influenciado pela enxertia, mostrando a facilidade do pagamento da
mesma.
GRÁFICO 03- Desenvolvimento do diâmetro do caule (cm), acima do ponto de enxertia
(10 cm do solo), para os tratamentos, em avaliações semanais até 98 dias após o
transplante. São Manuel/SP, 2000.
3
2,5
2
cm
kokuyo
kok./enx.
1,5
Nápoli
Náp/enx.
1
0,5
0
7
14
21
28
35
42
49
56
D ias
63
70
77
84
91
98
36
GRÁFICO 04 - Desenvolvimento dos diâmetros do caule, acima (10 cm do solo), abaixo
(03 cm do solo) e no ponto de enxertia para o híbrido Nápoli. São Manuel/SP. 2000.
D iâm etros
3,5
3
2,5
2
cm
acima
no ponto
abaixo
1,5
1
0,5
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
D ias
GRÁFICO 05- Desenvolvimento dos diâmetros do caule, acima (10 cm do solo), abaixo
(03 cm do solo) e no ponto de enxertia para o híbrido Kokuyo. São Manuel/SP. 2000.
D iâm etros
3
2,5
2
cm
acima
1,5
no ponto
abaixo
1
0,5
0
7
14
21
28
35
42
49
56
D ias
63
70
77
84
91
98
37
Com a relação aos materiais utilizados percebe-se que o híbrido
Nápoli apresenta diâmetro de caule maior que o híbrido Kokuyo.
Isto se deve provavelmente pelo porte das plantas, pois como o
híbrido Nápoli, apresentam um porte mais arbóreo quando comparado com as plantas
do híbrido Kokuyo, que apresentam um porte mais herbáceo (isto será comprovado
quando do estudo da arquitetura das plantas), esta apresentam um caule de maior
consistência.
Nos Gráficos 04 e 05 temos a representação dos diâmetros do caule
acima (10 cm do solo), abaixo (03 cm do solo) e no ponto de enxertia para os híbridos
Nápoli e Kokuyo, respectivamente.
Pode-se notar que tanto para o híbrido Nápoli como para o híbrido
Kokuyo
a
enxertia
comportou-se
da
mesma
maneira,
demonstrando
uma
boa
compatibilidade nos dois casos, o que pôde ser comprovado pelo alto índice de
pegamento da enxertia (95,6%).
4.1.4 Número de flores
Semanalmente
foram
contadas
as
flores
existentes
em
cada
tratamento, e as médias dos dados obtidos encontram-se no Quadro 09. Para a
visualização das causas de variação, as análises de variância foram desdobradas e estão
no Quadro 08.
QUADRO 08: Resumo da análise da variância do número de flores nas plantas de
berinjela aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000.
Causa da
Quadrados médios
GL
variação
14 (DAT)
35 (DAT)
56 (DAT)
98 (DAT)
Tratamentos
3
----6,355**
6,552**
107,796**
Blocos
3
----0,176
1,250
0,280
Resíduo
9
----0,235
0,3117
1,510
Total
15
CV (%)
----20,580
12,322
14,690
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
38
QUADRO 09: Média do número de flores e coeficiente de variação dos tratamentos, para
os 14, 35, 56 e 98 dias após transplante. São Manuel/SP, 2000.
Número de flores1
Tratamentos
14 (dias)
35 (dias)
56 (dias)
98 (dias)
2
Nápoli
----0,85
B
4,85 AB
9,35
B
Nápoli/Enx.
----1,78
B
6,20
A
15,30
A
Kokuyo
----3,31 A
3,38
B
3,94
C
Kokuyo/Enx.
----3,48 A
3,70
B
4,88
C
CV (%)
----20,58
12,32
14,69
1
Dados originais (média de 3 plantas em 4 repetições)
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível
de 1% de probabilidade.
2
Em todas as fases em que existiam flores, houve diferença
significativa entre os tratamentos, na avaliação aos 35 dias após o transplante, quando do
início do florescimento, os tratamentos Kokuyo e Kokuyo/enxertada não diferiram entre
si e mostraram maior número de flores (estatisticamente ao nível de 1% de
probabilidade) que os tratamentos Nápoli e Nápoli/enxertada, que também não
diferiram entre si.
Aos 56 dias após a transplante, novamente os tratamentos diferiram
a nível de 1% de probabilidade, entretanto diferindo da fase anterior os tratamentos com
o híbrido Nápoli, apresentaram um maior número de flores que os tratamentos com
híbrido Kokuyo, embora o tratamento Nápoli ainda não tenha diferido estatisticamente
dos tratamentos Kokuyo e Kokuyo/enxertada.
Na avaliação dos 98 dias após o transplante, os tratamentos
voltaram a diferir estatisticamente a nível de 1% de probabilidade e mostraram que o
tratamento Nápoli apresenta um maior número de flores que os demais tratamentos, o
tratamento
Nápoli/enxertada
mostra-se
superior
aos
tratamentos
Kokuyo
e
Kokuyo/enxertada que não diferiram estatisticamente entre si.
O Gráfico 06 mostra as curvas dos números de flores para cada
tratamentos, nos 14 pontos avaliados.
39
GRÁFICO 06 – Curvas dos números de flores encontrados nas plantas de berinjelas,
utilizadas como tratamentos, em avaliações semanais até os 98 dias após o transplante.
São Manuel/SP, 2000.
18
16
14
12
10
kokuyo
kok./enx.
8
Nápoli
Náp/enx.
6
4
2
0
7
14
21
28
35
42
49
56
63
70
77
84
91
98
-2
D ias
Nos tratamentos Kokuyo e Kokuyo/enxertada a floração inicia-se
aproximadamente uma semana antes que os tratamentos com o híbrido Nápoli,
entretanto os tratamentos com o híbrido Kokuyo atingem uma certa estabilidade de
flores semanais logo no início de sua floração (segunda semana).
Já, os tratamentos com o híbrido Nápoli continuam a aumentar o
número de flores a cada semana, desta forma já na quarta semana de avaliação os
tratamentos Nápoli e Nápoli/enxertada passaram a apresentar um maior número de
flores.
Com relação a influência da enxertia, esta tem forte ação no
aumento de flores do híbrido Nápoli, enquanto que para o híbrido Kokuyo a enxertia
não tem efeito significativo no aumento do número de flores.
40
4.1.5 Correlações
No Quadro 10 encontramos, dentro de cada época, todas as
possíveis correlações, a significância, o valor de t e o coeficiente de correlação.
Na avaliação realizada aos 14 dias após o transplante somente
apresentou correlação estatisticamente significativa (5% de probabilidade) a correlação
entre o número de nós e a altura das plantas, com uma correlação positiva e não muito
forte, apenas 58,38%, mostrando que no início o número de nós nas plantas era
diretamente proporcional a altura desta planta.
Aos 35 dias após o transplante, com exceção da correlação entre a
altura e o diâmetro, todas outras possíveis mostraram correlação estatisticamente
significativa. As correlações entre o número de nós/altura, o número de nós/número de
flores e o número de flores/altura mostraram correlações positivas enquanto que as
correlações entre o número de nós/diâmetro e número de flores/diâmetro apresentaram
correlações negativas.
Nesta fase a altura das plantas influencia diretamente o número de
nós e o número de flores. Enquanto que o diâmetro do caule influencia inversamente o
número de nós e o número de flores.
Na terceira avaliação (56 dias após o transplante) somente as
correlações
altura/diâmetro
e
altura/número
de
flores
foram
estatisticamente
significativas. Mostraram que a altura nesta época influencia diretamente o diâmetro e o
número de flores.
Na avaliação aos 98 dias após o transplante todas as correlações
possíveis apresentaram estatisticamente significância a nível de 1% de probabilidade. O
número de nós nas plantas é inversamente proporcional a altura das plantas, ao
diâmetro do caule e ao número de flores nas plantas. Já a altura das plantas é
diretamente proporcional a diâmetro do caule e ao número de flores nas plantas.
41
Desta forma pode-se concluir que a altura no início é diretamente
proporcional ao número de nós, sendo que conforme a planta vai se desenvolvendo a
correlação se inverte, mostrando que após algum tempo o maior responsável pelo
crescimento é o aumento dos internódios e não o aumento do número de nós.
O crescimento do tamanho das plantas (altura) leva a um aumento
do número de flores.
QUADRO 10: Resumo das análises de correlações simples, dos parâmetros avaliados
(altura, número de nós, diâmetro do caule e número de flores) nas plantas de berinjela
aos 14, 35, 56 e 98 dias após o transplante. São Manuel/SP, 2000.
Significância
Valor de t
Coeficiente de
correlação
** significância a 5%
2,6903
+ 0,5838
No de nós/diâmetro
ns
-
-
No de nós/flores
ns
-
-
Altura/diâmetro
ns
-
-
Altura/flores
ns
-
-
Diâmetro/flores
ns
-
-
No de nós/altura
* significância a 1%
3,2282
+ 0,6532
No de nós/diâmetro
* significância a 1%
3,5404
- 0,6873
No de nós/flores
* significância a 1%
8,3957
+ 0,9134
Altura/diâmetro
ns
-
-
Altura/flores
** significância a 5%
2,9530
+ 0,6195
Diâmetro/flores
* significância a 1%
3,8177
- 0,7142
No de nós/altura
ns
-
-
No de nós/diâmetro
ns
-
-
No de nós/flores
ns
-
-
Altura/diâmetro
** significância a 5%
2,3154
+ 0,5262
Altura/flores
* significância a 1%
4,3104
+0,7552
ns
-
-
Correlações
Aos 56 dias
Aos 35 dias
Aos 14 dias
No de nós/altura
Diâmetro/flores
Aos 98 dias
42
No de nós/altura
* significância a 1%
6,3066
- 0,8600
No de nós/diâmetro
* significância a 1%
4,2385
- 0,7497
No de nós/flores
* significância a 1%
4,7508
- 0,7856
Altura/diâmetro
* significância a 1%
6,8159
+ 0,8766
Altura/flores
* significância a 1%
4,9691
+ 0,7989
Diâmetro/flores
* significância a 1%
5,4954
+ 0,8266
4.2 Arquitetura da planta
As Figuras 04 e 05 mostram os esquemas das arquiteturas das
plantas utilizadas no experimento, de acordo com as avaliações realizadas no item
anterior (desenvolvimento da planta) e com as três plantas retiradas e medidas, de cada
material.
Observando-se os esquemas das plantas utilizadas percebe-se que
o híbrido Kokuyo apresentar internódios mais curtos, porte arbustivo lateral, ramas
mais finas é menor altura.
O híbrido Nápoli apresenta porte mais elevado, ramas mais
grossas, menor número de nós (internódios maiores) e formato arbóreo (piramidal).
43
FIGURA
arquitetura,
berinjela,
04:
das
híbrido
Manuel/SP. 2000.
FIGURA
arquitetura
berinjela,
05:
Esquema
da
das
plantas
de
híbrido
Kokuyo.
São
Manuel/SP. 2000.
Esquema
da
plantas
de
Nápoli.
São
FIGURA 06 – Vista das
folhas
e
da
planta
da
berinjela híbrida Nápoli.
São Manuel/SP. 2000.
FIGURA 07 – Vista das
folhas
e
da
planta
da
berinjela híbrida Kokuyo.
São Manuel/SP. 2000.
45
4.3 Desenvolvimento do fruto
Nos Quadros 11 e 12 temos o acompanhamento (de cinco em cinco
dias) do desenvolvimento dos frutos nos quatro tratamentos utilizados.
Para os tratamentos onde foi utilizado o híbrido Kokuyo as
avaliações deram-se até os 35 dias após a marcação da flor, para os tratamentos onde foi
utilizado o híbrido Nápoli as avaliações deram-se até os 45 dias após a marcação da flor,
mostrando a maior precocidade do material Kokuyo.
Os frutos de maneira geral, independentemente da enxertia e do
híbrido utilizado, têm um desenvolvimento bastante rápido.
Para os frutos do híbrido Nápoli, enxertado ou não, o crescimento
é rápido até o 400 dia após a abertura da flor, sendo que depois o seu desenvolvimento
torna-se lento.
ENXERTADA
NÁPOLI
NÁPOLI
QUADRO 11: Desenvolvimento dos frutos: peso (g), diâmetro (cm), comprimento (cm) e
Brix, de cinco em cinco dias até os 45 dias após abertura da flor, para os tratamentos
Nápoli e Nápoli/enxertada. São Manuel/SP. 2000.
40
Dias após marcação da flor
05 10
15
20
25
30
35
45
Peso (g)
1,60 4,00 27,80 68,30 100,80 155,30 215,20 328,70 322,00
Diâmetro (cm)
1,60 1,70 3,20
4,80
Comprimento(cm)
1,00 1,80 8,00
o
6,35 6,45 6,47
Brix
5,70
6,60
8,60
9,30
10,50 12,50
14,40
16,70
21,50
21,10
6,12
4,35
3,98
4,01
4,11
5,30
4,98
Peso (g)
2,30 4,20 29,70 75,60 112,50 162,00 240,70 352,10 339,50
Diâmetro (cm)
1,40 1,90 3,30
5,00
Comprimento(cm)
1,20 2,10 9,30
o
6,28 6,35 6,08
Brix
5,60
6,90
8,30
8,00
11,30 13,20
14,70
18,20
23,50
24,70
6,12
4,38
4,33
4,03
4,03
5,50
4,58
Para os frutos do híbrido Kokuyo, enxertados ou não, o
desenvolvimento é acelerado até o 350 dia após a abertura da flor, vindo posteriormente
a ter seu crescimento praticamente paralisado.
46
Com relação ao brix dos frutos, estes se comportam de maneira
semelhante; com um brix alto no início de sua formação, diminuindo conforme vai
ocorrendo seu desenvolvimento, e posterior estabilização.
A estabilização do brix para o híbrido Nápoli ocorre com 40 dias
após a abertura da flor e para o híbrido Kokuyo com aproximadamente 25 dias.
Observa-se que para os tratamentos Kokuyo e Kokuyo/enxertada
o desenvolvimento dos frutos, em todos os parâmetros medidos (peso, diâmetro,
comprimento, Brix), ocorreu de maneira bastante semelhante, independente da enxertia.
Nos frutos dos tratamentos Nápoli e Nápoli/enxertada, a enxertia
influenciou favoravelmente no desenvolvimento, nos critérios avaliados de peso e de
comprimento.
ENXERTADA
KOKUYO
KOKUYO
QUADRO 12: Desenvolvimento dos frutos: peso (g), diâmetro (cm), comprimento (cm) e
Brix, de cinco em cinco dias até os 35 dias após abertura da flor, para os tratamentos
Kokuyo e Kokuyo/enxertada. São Manuel/SP. 2000.
30
Dias após marcação da flor
05
10
15
20
25
35
Peso (g)
3,25 13,30 31,80 87,60 129,50 235,30 240,20
Diâmetro (cm)
1,60 2,30
3,00
Comprimento(cm)
2,30 5,70
o
6,23 6,22
Brix
4,60
6,60
6,80
10,50 13,00 21,60
25,80
24,90
5,32
4,47
4,39
4,87
5,10
4,48
Peso (g)
4,20 15,35 33,40 91,10 168,60 245,10 244,20
Diâmetro (cm)
1,60 2,30
3,10
4,70
Comprimento(cm)
2,00 7,30
9,50
o
5,95 6,23
5,63
Brix
5,30
6,40
6,10
13,60 19,80
26,10
27,90
4,63
4,65
4,48
4,58
4.4 Características dos frutos no ponto de colheita
Para
os
parâmetros
diâmetro,
comprimento
e
brix,
foram
utilizados os dados encontrados no experimento de desenvolvimento do fruto. Para
comparação do peso dos frutos foi realizado um outro experimento onde foram pesados
15 frutos em seis épocas distintas, para todos os tratamentos.
47
No Quadro 13 encontra-se o resumo das análises de variância dos
dados relativos ao comprimento, diâmetro e brix dos frutos no ponto de colheita.
Nota-se que os tratamentos apresentaram diferença significativa
em todos os parâmetros avaliados (comprimento ao nível de 5% de probabilidade,
diâmetro e Brix ao nível de 1% de probabilidade), desta forma foi realizado a análise de
variância das médias destes tratamentos, que pode ser encontrado no Quadro 14.
QUADRO 13: Resumo da análise da variância do comprimento, diâmetro e do Brix dos
frutos no ponto de colheita. São Manuel/SP, 2000.
Quadrado Médio
Causa da
GL
Variação
Comprimento
Diâmetro
Brix
Tratamentos
3
18,597*
5,157**
0,411**
Resíduo
12
3.304
0,170
0,010
Total
15
CV (%)
7,504
5,518
2,762
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
Com relação ao comprimento, como era de se esperar o efeito do
material utilizado nos mostra que, os frutos do híbrido Kokuyo mostraram-se maiores
que os frutos do híbrido Nápoli.
QUADRO 14: Média do comprimento (cm), diâmetro (cm), Brix dos frutos no ponto de
colheita e coeficiente de variação dos tratamentos. São Manuel/SP, 2000.
Médias1
Tratamentos
Comprimento
Diâmetro
0
Brix
(cm)
(cm)
Nápoli
21,50 b2
8,60 A3
4,01 B
Nápoli/Enx.
23,50 ab
8,30 A
4,03 B
Kokuyo
25,80 a
6,60 B
4,47 A
Kokuyo/Enx.
26,10 a
6,40 B
4,65 A
CV (%)
7,50
5,52
2,77
1
Dados originais (média de 05 frutos em 4 repetições)
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
3
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 1% de probabilidade.
2
48
FIGURA 08 – Frutos de Berinjela híbrido Nápoli, em destaque no ponto de colheita e
em suas fases de desenvolvimento. São Manuel/SP. 2000.
49
FIGURA 09 – Frutos de Berinjela híbrido Kokuyo, em destaque no ponto de colheita
e em suas fases de desenvolvimento. São Manuel/SP. 2000.
50
O efeito da enxertia no comprimento do fruto age de forma
semelhante
nos dois materiais, visto que tanto para o híbrido Kokuyo como para o
híbrido Nápoli,
apresentam uma tendência de aumentar seu comprimento, embora não
tenham diferido estatisticamente dos tratamentos sem enxerto.
Para o parâmetro, diâmetro do fruto no momento da colheita,
novamente os materiais se comportaram como se esperava, ou seja, os tratamentos com o
híbrido Nápoli apresentam um maior diâmetro dos frutos quando comparados com os
frutos do híbrido Kokuyo.
A utilização da enxertia não teve influência no diâmetro dos frutos
em nenhum do dois materiais estudados.
Os frutos do híbrido Kokuyo apresentaram um maior Brix quando
comparados com os frutos do híbrido Nápoli, isto provavelmente ocorra devido estes
necessitarem de um maior período para a colheita, o que leva a uma maior queda do brix
destes frutos, como pode ser observado no item anterior (desenvolvimento dos frutos nos
quatro tratamentos utilizados).
Novamente a enxertia não teve influência no fruto, pois esta não
modificou estatisticamente o Brix dos tratamentos enxertados.
4.5 Peso dos frutos
Para o peso dos frutos, temos no Quadro 15 o resumo da análise
de variância onde se nota que os tratamentos foram significativamente diferentes ao
nível de 1% de probabilidade. Desta forma o Quadro 16 mostra a análise de variância
das médias do peso dos frutos no ponto de colheita.
De
maneira
geral,
em
todos
os
tratamentos,
os
frutos
apresentaram peso acima do esperado, visto que a empresa produtora do híbrido Nápoli
coloca como peso médio de seus frutos cerca de 230g e o peso médio indicado pela
empresa produtora do híbrido Kokuyo é de 180 g, bem abaixo dos valores encontrados.
51
Os frutos do híbrido Nápoli são mais pesados que os frutos do
híbrido Kokuyo, e respondem diferentemente a ação da enxertia no peso dos frutos. Para
o híbrido Kokuyo a enxertia não influencia, visto que os tratamentos Kokuyo e
Kokuyo/enxertada não diferiram entre si, já para o híbrido Nápoli a enxertia tem um
efeito
favorável
no
peso
dos
frutos,
pois
o
tratamento
Nápoli/enxertada
foi
estatisticamente superior ao tratamento Nápoli.
QUADRO 15: Resumo da análise da variância do peso dos frutos no ponto de colheita.
São Manuel/SP, 2000.
Causas da variação
GL
Tratamentos
Blocos
Resíduo
Total
CV (%)
3
5
15
23
QM
Peso (g)
16410,457**
581,127
95,397
3,292
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
QUADRO 16: Média do peso (g), dos frutos no ponto de colheita e coeficiente de
variação dos tratamentos. São Manuel/SP, 2000.
Tratamentos
Nápoli
Nápoli/Enx.
Kokuyo
Kokuyo/Enx.
CV (%)
1
Peso (g)1
326,29 B2
354,91 A
246,75 C
258,67 C
3,30
Dados originais (média de 15 frutos em 6 repetições)
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey,
ao nível de 1% de probabilidade.
2
52
4.6 Frutos Manchados
Pelo Quadro 17, pode-se ver que a análise de variância mostra
diferença significativa entre os tratamentos, comprovando a desconfiança inicial que as
marcas tinham relação com a queda ou não da corola.
O resultado do experimento comprovou que a não queda da corola
leva a um aumento considerável no número de frutos manchados (com marca na casca),
como pode ser observado no Quadro 18.
QUADRO 17: Resumo da análise da variância da porcentagem de frutos com marca na
casca no momento da colheita. São Manuel/SP, 2000.
Causas da variação
Tratamentos
Blocos
Resíduo
Total
CV (%)
QM1
GL
Frutos manchados
(%)
3 19,851**
3 3,364
9 0,275
15
12,580
1
Para análise os dados foram transformados em Raiz(X+0,5)
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
QUADRO 18: Média da porcentagem de frutos com marca na casca no momento da
colheita e coeficiente de variação dos tratamentos. São Manuel/SP, 2000.
Tratamentos
Nápoli sem retirar
Nápoli retirada.
Kokuyo sem
retirar
Kokuyo retirada
CV (%)
1
Frutos Manchados
(%)
42,00 A
9,00 B
29,50 A
3,00
12,58
B
Dados originais (média de 25 frutos em 4 repetições)
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey,
ao nível de 1% de probabilidade.
2
53
Esta não queda da corola e conseqüente aumento do número de frutos
manchados pode ter ocorrido principalmente devido ao ataque das pragas (mosca
branca e ácaros), que grudam a corola na casca dificultando sua queda, outro fator que
deve ser responsável pela manutenção da corola no fruto é o cultivo protegido, pois neste
caso ocorre uma diminuição natural de ventos no interior das estruturas de cultivo.
Com relação a influência do híbrido no número de frutos
manchados, embora não tenha ocorrido diferença significativa entre os híbrido
utilizados, nota-se uma tendência do híbrido Nápoli apresentar maior número de frutos
marcados, isto se deve provavelmente ao maior ataque de mosca branca neste híbrido,
quando comparado com o híbrido Kokuyo.
54
FIGURA 10 – Frutos de berinjela com marca característica. São Manuel/SP. 2000.
55
FIGURA 11 – Frutos de
berinjela com a corola
sem
cair.
Manuel/SP, 2000.
São
56
4.7 Acompanhamento nutricional
Os resultados obtidos para extração de macronutrientes nos
frutos, mostraram diferenças significativas para N, P, K e Mg (Quadros 19 e 20).
Quando se observa a extração de N pelos frutos, nota-se que os
valores tendem a ser maiores para os tratamentos com o híbrido Nápoli, ou seja, estes
frutos possuem a capacidade de absorver mais este nutriente em relação aos tratamentos
com o híbrido Kokuyo. Comparando-se o uso do porta-enxerto
com seus respectivos
pés-francos, os resultados indicam que embora exista uma tendência de maior absorção
pelos tratamentos enxertados, este não tem resultado significativo sobre a extração de N
pelos frutos.
Com relação a
concentração de P observada nos frutos, nota-se
que os valores foram praticamente iguais nos tratamentos com o híbrido Nápoli,
independentemente da enxertia, entretanto para o híbrido Kokuyo a enxertia levou a um
aumento significativo na absorção de fósforo pelos seus frutos.
Para as concentrações de K e Mg houveram diferenças estatísticas.
Para estes nutrientes, os maiores valores foram obtidos para os tratamentos com o
híbrido Kokuyo, e nos dois casos a enxertia não teve influência significativa.
De maneira geral pode-se dizer que os frutos do híbrido
Kokuyo/enxertado apresentam uma maior capacidade de absorção dos macronutrientes,
exceto para o N, isto deve ser um dos fatores que leva os frutos deste tratamento
apresentarem maior Brix que os frutos do híbrido Nápoli (Quadro 14).
Nos Quadros 21 e 22 estão expressos os resultados dos teores de
micronutrientes nos frutos, onde se nota que somente para o Ferro houve diferença
estatística significativa.
Os
tratamentos
com
o
híbrido
Nápoli
absorvem
maiores
quantidades deste micronutriente que os tratamentos do híbrido Kokuyo, a enxertia não
apresenta efeito significativo no híbrido Nápoli enquanto que leva a um aumento na
absorção do micronutriente no híbrido Kokuyo.
57
QUADRO 19: Resumo da análise da variância (Quadrados médios e coeficiente de
variação) do teor de macronutrientes nos frutos de berinjela. São Manuel/SP, 2000.
Quadrados médios
Causa da
GL
variação
N
P
K
Ca
Mg
S
ns
Tratamentos
3
49,167*
5,789*
35,417*
0,306
0,207** 0,021ns
Resíduo
8
5,826
0,049
7,750
0,306
0,017
0,014
Total
11
10,903
CV (%)
10,941
11,102
9,913
39,019
7,921
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
**Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
QUADRO 20: Teor dos macronutrientes encontrados nos frutos de berinjela dos
tratamentos.São Manuel/SP, 2000.
Tratamentos
Teor dos macronutrientes1 (g.Kg-1)
N
P
K
Ca
Mg
S
Nápoli
23,94 ab2 2,03 ab 27,00 ab 1,67 a
1,60 AB3 1,13 a
Nápoli/Enx.
26,64 a
2,07 ab
25,00 b
Kokuyo
17,45 b
1,57
b
Kokuyo/Enx.
20,21 b
2,30
a
CV (%)
10,94
11,10
B
1,13 a
27,33 ab 1,67 a
1,60 AB
0,97 a
33,00 a
2,07 A
1,13 a
9,91
1,00 a
1,33 a
39,02
1,47
7,92
10,90
1
Dados originais (média de 8 frutos em 3 repetições)
2
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
3
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 1% de probabilidade.
QUADRO 21: Resumo da análise da variância (Quadrados médios e coeficiente de
variação) do teor de micronutrientes nos frutos de berinjela. São Manuel/SP, 2000.
Causa da
Quadrados médios
GL
variação
B
Cu
Fe
Mn
Zn
ns
ns
ns
Tratamentos 3
44,555
35,000
155,889*
18,222
36,000ns
Resíduo
8
36,222
30,667
21,889
15,556
11,667
Total
11
CV (%)
25,979
21,717
12,936
15,667
20,092
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
58
QUADRO 22: Teor dos micronutrientes encontrados nos frutos de berinjela dos
tratamentos.São Manuel/SP, 2000.
Teor dos micronutrientes1 (mg.Kg-1)
Tratamentos
B
Cu
Fe
Mn
Zn
Nápoli
20,33 a 26,67 a 32,67
13,33 a 19,33 a
ab1
Nápoli/Enx. 23,00 a 20,67 a 38,00 ab 14,00 a 19,33 a
Kokuyo
20,67 a
26,00 a
28,67 b 16,67 a 12,00 a
Kokuyo/Enx. 28,67 a
28,67 a
45,33 a
21,71
12,94
CV (%)
25,98
18,67 a 17,33 a
25,18
20,09
1
Dados originais (média de 8 frutos em 3 repetições)
2
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Em relação à extração de macronutrientes e micronutrientes nas
folhas (Quadro 23), nota-se que os valores tenderam a ser semelhantes em todos os
tratamentos para praticamente todos os nutrientes avaliados.
Com exceção do teor de P, os demais resultados encontrados estão
dentro da faixa considerada como adequada para a berinjela, segundo Trani & van Raij
(1996).
Considerando
o
desenvolvimento
da
cultura
e
os
valores
encontrados nas suas folhas, em comparação com as faixas consideradas como
adequadas pelos autores, estes valores podem estar superestimados e essas faixas
poderiam ser menores.
Existe uma tendência dos tratamentos enxertados na fase vegetativa
e de pleno florescimento, apresentarem menor quantidade de N que seus respectivos pésfrancos.
59
Nota-se que os tratamentos com o híbrido Nápoli apresentam
menor quantidade extraída de Ca quando comparados com os tratamentos com o
híbrido Kokuyo.
A enxertia leva em ambos os híbridos, em todas as
fases, a maior concentração de Mg e Zn nas folhas.
QUADRO 23: Média1 da concentração dos teores de macronutrientes e micronutrientes
em folhas de berinjela. São Manuel/SP, 2000.
N
P
K
Ca Mg S
B
Cu
Fe
Mn
Zn
Kokuyo
Nápoli
1
enxertada
Nápoli
enxertada
Kokuyo
g.Kg-1
Vegetativo
mg.Kg-1
45,33 2,33 32,33 23,66 4,47 1,77 47,67 17,33 158,00 86,67 18,67
Florescimento 42,14 1,70 29,67 27,00 4,33 1,60 35,67 20,00 277,33 101,33 15,33
Frutificação
41,25 1,57 27,67 21,67 4,53 1,80 51,67 23,33 196,00 119,33 26,67
Vegetativo
36,95 1,70 27,33 35,67 5,20 1,63 47,76 24,00 377,33 153,33 25,33
Florescimento 41,24 1,73 34,33 21,33 4,40 1,73 69,33 32,67 229,33 116,00 26,00
Frutificação
46,01 1,20 29,33 21,67 4,80 1,67 49,00 18,67 152,00 173,33 28,00
Vegetativo
43,17 2,17 29,33 13,33 5,00 1,50 63,67 19,33 138,67 230,00 20,33
Florescimento 45,03 1,90 33,33 16,00 4,40 1,53 50,00 18,00 174,67 209,33 19,33
Frutificação
43,22 1,33 30,33 24,33 4,60 1,40 52,67 17,33 167,33 128,00 18,00
Vegetativo
42,19 1,53 27,33 16,00 6,60 1,63 48,67 12,00 164,00 179,00 22,66
Florescimento 40,10 1,97 28,66 20,00 6,40 1,63 50,00 21,00 170,66 238,00 24,00
Frutificação
43,91 1,53 27,67 16,33 5,90 1,60 43,33 16,67 141,33 192,00 19,33
Média de três amostras, cada uma com oito folhas recém expandidas.
60
4.8 Medidas de trocas gasosas
Os Gráficos 07, 08, 09 e 10 mostram a Taxa de fotossíntese,
Condutância estomática, Taxa de transpiração e Eficiência do uso da água das plantas de
berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo, enxertadas e em pé franco.
As
plantas
do
híbrido
Kokuyo
apresentaram
maior
taxa
fotossintética quando comparadas com as plantas do híbrido Nápoli, a enxertia não teve
influência na fotossíntese, em nenhum dos dois híbridos (Gráfico 07).
O híbrido Kokuyo apresenta uma maior condutância estomática
que as plantas do híbrido Nápoli e a enxertia leva em ambos os casos a uma menor
condutância (Gráfico 08).
A enxertia em ambos os híbridos leva a menor taxa de transpiração,
ocasionando um melhor uso da água nas plantas enxertadas (Gráficos 09 e 10).
Quando se realizou o acompanhamento dos híbridos durante o dia
(Gráficos 11, 12, 13, 14 e 15), os resultados confirmaram as respostas encontradas no
experimento anterior (Gráficos 07, 08, 09 e 10), mostrando que o híbrido Kokuyo
apresenta uma maior taxa fotossintética e condutância estomática que o híbrido Nápoli,
e que esta resposta se mantém durante todo o dia.
O híbrido Kokuyo apresenta taxa de transpiração maior durante o
período da manhã, sendo que pela tarde não houve diferença significativa entre os
híbridos.
A concentração de CO2 nas folhas dos híbridos não apresentaram
diferença em nenhum dos períodos avaliados, o híbrido Kokuyo apresenta maior
eficiência no uso da água durante todo o dia.
De maneira geral pode-se concluir que a enxertia leva a um melhor
resultado nas trocas gasosas e relações hídricas nas plantas de berinjela, isto
provavelmente pelo melhor desenvolvimento do sistema radicular e pelo porta-enxerto
utilizado ser vigoroso.
Os resultados encontrados para a taxa de
fotossíntese, foram compatíveis com os valores encontrados por Kim & Hori (1985).
Embora estes valores possam ser considerados elevados para uma planta C3.
61
Com relação aos híbridos utilizados, nota-se claramente que o
híbrido Kokuyo apresenta uma maior eficiência produtiva, visto que com praticamente
uma mesma concentração de CO2 nas folhas e uma maior taxa de transpiração pela
manhã, mesmo assim este apresenta uma taxa fotossintética e uma melhor eficiência no
uso da água significativamente superior durante todo o dia.
Os valores encontrados para a eficiência do uso da água em todas as
avaliações realizadas estão de acordo com os valores normalmente encontrados para
plantas do ciclo C3, ou seja, de 1 a 3 g de CO2 fixado. Kg-1 de água transpirada, segundo
Nobel (1991), citado por Pimentel (1998).
Pé franco
Enxertada
25
-2
-1
A (mmol CO2.m .s )
30
ab
20
bc
15
a
c
10
5
0
Napoli
Japonesa
GRÁFICO 07 - Taxa de fotossíntese das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo,
enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.
62
1,60
Pé franco
Enxertada
1,40
a
1,00
-2
-1
gs (mmol.m .s )
1,20
0,80
b
b
0,60
c
0,40
0,20
0,00
Napoli
Japonesa
GRÁFICO 08: Condutância estomática das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e
Kokuyo, enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.
Pé franco
Enxertada
0,0120
E (mol.m-2.s-1)
0,0100
a
ab
b
0,0080
c
0,0060
0,0040
0,0020
0,0000
Napoli
Japonesa
GRÁFICO 09: Taxa de transpiração das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e Kokuyo,
enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP, 2000.
63
3000
Pé franco
Enxertada
2500
a
ab
2000
bc
A/E
c
1500
1000
500
0
Napoli
Japonesa
GRÁFICO 10: Eficiência do uso da água das plantas de berinjela, híbridas Nápoli e
Kokuyo, enxertadas e em pé franco. São Manuel/SP. 2000.
30,0
y = -210,74x2 + 180,42x - 12,523
r2 = 1
**
**
-2
-1
A (mmol Co2.m .s )
25,0
**
20,0
2
15,0
y = -238,37x + 218,53x - 30,106
2
r = 0,95
*
Napoli
10,0
Japonesa
: 00
17
: 00
16
: 00
15
: 00
14
: 00
13
: 00
12
: 00
11
: 00
10
: 00
09
08
: 00
5,0
Horário
GRAFICO 11: Acompanhamento da taxa fotossintética das plantas de berinjela, híbrido
Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000.
64
1,80
Napoli
Japonesa
y = -17,179x2 + 16,312x - 2,5496
r2 = 0,99
**
**
1,20
**
-2
-1
gs (mmol.m .s )
1,50
0,90
*
0,60
y = -16,379x2 + 16,319x - 3,2342
r2 = 0,91
0,30
:0 0
17
:0 0
16
:0 0
:0 0
15
13
14
:0 0
:0 0
12
:0 0
11
:0 0
10
:0 0
09
08
:0 0
0,00
Horário
GRAFICO 12: Acompanhamento da condutância estomática das plantas de berinjela,
híbrido Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000.
0,015
Napoli
Japonesa
y = -0,1192x2 + 0,1203x - 0,0193
r2 = 0,88
**
-2
-1
E (mol.m .s )
0,012
**
0,009
y = -0,1446x2 + 0,1509x - 0,0288
r2 = 0,99
0,006
17
:00
16
:00
15
:00
14
:00
13
:00
12
:00
11
:00
10
:00
09
:00
08
:00
0,003
Horário
GRAFICO 13: Acompanhamento da taxa de transpiração das plantas de berinjela,
híbrido Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP, 2000.
65
325
y = 132,5x + 202,15
r2 = 0,78
-1
Ci (mmol.mol )
300
275
250
Napoli
Japonesa
y = 222,2x + 148
r2 = 0,89
225
17
:00
16
:00
15
:00
14
:00
13
:00
12
:00
11
:00
10
:00
09
:00
08
:00
200
Horário
GRAFICO 14: Acompanhamento da concentração interna de CO2 nas plantas de
berinjela, híbrido Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP. 2000.
3500
Eficiência no uso de água (A/E)
Napoli
Japonesa
3000
y = -3574,1x + 4120,6
r2 = 0,91
**
2500
**
**
2000
y = -3928,8x + 3898,2
r2 = 0,98
**
1500
:00
17
:00
16
:00
:00
15
Horário
14
:00
13
:00
12
:00
11
:00
10
:00
09
08
:00
1000
GRAFICO 15: Acompanhamento da eficiência do uso da água nas plantas de berinjela,
híbrido Nápoli e híbrido Kokuyo. São Manuel/SP. 2000.
66
4.10 Uso de Isótopos estáveis
Ainda estudando a fisiologia da berinjela, realizou-se a aplicação
de CO2 enriquecido com
13
C visando estudar o movimento dos fotoassimilados, sua
alocação e partição nas plantas.
Aplicou-se
esta
metodologia
em
três
ramos,
sendo
que
posteriormente foram escolhidos outros dois ramos, onde buscando aperfeiçoar a
metodologia foram realizadas algumas modificações.
Estes ramos estão representados nas Figuras 12, 13, 14, 15 e 16.
Nestas figuras estão representados os órgãos encontrados em cada ramo. As folhas foram
indicadas pela letra F e seu respectivo número (posição no ramo), sendo que a folha que
recebeu a aplicação sempre será a folha 1 (F1) e esta estará sublinhada, desta forma as
folhas anteriores a ela levam um zero antes do número (F01…). As brotações receberam a
sigla BR com o respectivo número na frente (BR1), os frutos a sigla FR, também com seus
respectivos números (FR1) e o meristema apical recebeu a sigla ME.
Nas figuras, ao lado de cada órgão está sua identificação bem como
o valor de sua razão isotópica.
Observou-se que a discriminação isotópica do carbono nos órgãos
da berinjela foi em média da ordem de -29,50‰, o que a classifica como espécies do ciclo
fotossintético C3 (Vogel, 1993).
Em cada figura existe uma tabela de preferência de dreno, nesta
tabelas estão os órgão que apresentaram maiores teores de 13C.
Percebe-se que a partição ocorreu diferenciadamente para cada
caso, sempre modificando conforme o número de drenos e o estádio fisiológico destes.
Entretanto percebe-se que os frutos e os brotos são drenos fortes, principalmente quando
sua folha mais próxima ainda não é uma fonte forte, confirmando os resultados
encontrados por Rao (1988).
Com relação às folhas, percebe-se uma certa tendência da
folha, tanto acima como abaixo, ser preferência como dreno da folha tratada (fonte).
quarta
67
A metodologia aplicada mostrou-se eficiente no sentido de estudar a
movimentação dos fotoassimilados. As modificações na metodologia nos dois últimos
ramos ajudaram na movimentação dos fotoassimilados.
FIGURA 12- Enriquecimento relativo da razão 13C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número 01 da
berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa broto, FR
representa fruto e ME representa meristema.
ME δ‰F = –26,84
F6 δ‰F = –27,57
BR3 δ‰F = –20,46
FR2 δ‰F = –24,50
F4 δ‰F = –28,91
F2 δ‰F = –29,37
F0 δ‰F = –30,16
F5 δ‰F = –27,42
BR1 δ‰F = –29,32
FR1 δ‰F = –25,09
BR2 δ‰F = –26,84
F3 δ‰F = –28,47
F1 δ‰F = +26,82
PRINCIPAIS DRENOS DO RAMO 01
ORGÃO
DISCRIMINAÇÃO ISOTÓPICA
Broto-3 (BR3)
BR3 δ‰F = –20,46
Fruto-2 (FR2)
FR2 δ‰F = –24,50
Fruto-1 (FR1)
FR1 δ‰F = –25,09
Broto-2 (BR2)
BR2 δ‰F = –26,84
Meristema (ME)
ME δ‰F = –26,84
Folha-5 (F5)
F5 δ‰F = –27,42
68
Os drenos principais foram os órgãos novos, principalmente brotos
e frutos, e a quarta folha acima (folha 5).
FIGURA 13- Enriquecimento relativo da razão 13C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número 02 da
berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa broto, FR
representa fruto e ME representa meristema. São Manoel/SP. 2000.
ME δ‰F = –28,36
F5 δ‰F = –28,80
BR3 δ‰F = –28,92
FR3 δ‰F = –27,33
F3 δ‰F = –28,99
F4 δ‰F = –28,99
F1 δ‰F = +9,50
FR1 δ‰F = –25,82
Fo δ‰F = –29,44
BR2 δ‰F = –28,84
F2 δ‰F = –29,17
BR1 δ‰F = –28,57
F01 δ‰F = –28,24
PRINCIPAIS DRENOS DO RAMO 02
ORGÃO
DISCRIMINAÇÃO ISOTÓPICA
Fruto-1 (FR1)
FR1 δ‰F = –25,82
Fruto-2 (FR1)
FR2 δ‰F = –27,33
69
Por algum motivo este ramo apresentou pouca variação na sua
razão isotópica, inclusive na folha tratada, devendo ter realizado pouca fotossíntese.
Entretanto os frutos foram os drenos encontrados.
FIGURA 14- Enriquecimento relativo da razão 13C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número 03 da
berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa broto, FR
representa fruto e ME representa meristema. São Manuel/SP. 2000.
ME δ‰F = –28,70
F2 δ‰F = –29,93
FR2 δ‰F = –24,01
F05 δ‰F = –29,04
F1 δ‰F = +16,58
F03 δ‰F = –29,56
F01 δ‰F = –29,77
BR2 δ‰F = –29,22
BR3 δ‰F = –29,35
FR1 δ‰F = –26,45
BR1 δ‰F = –30,67
F04 δ‰F = –29,89
F02 δ‰F = –26,67
PRINCIPAIS DRENOS DO RAMO 03
ORGÃO
DISCRIMINAÇÃO ISOTÓPICA
Fruto-2 (FR2)
FR2 δ‰F = –24,01
Fruto-1 (FR1)
FR1 δ‰F = –26,45
Folha-02 (F5)
F02 δ‰F = –26,67
70
Os principais drenos foram os frutos e a quarta folha abaixo da
folha tratada. Isto deve ter ocorrido, pois todos os brotos já apresentavam folhas
desenvolvidas e estavam ligadas a folhas bem desenvolvidas no ramo.
Este ramo comprova outro resultado encontrado por Rao (1988),
que é a capacidade de distribuição tanto para região apical como para região basal.
FIGURA 15- Enriquecimento relativo da razão 13C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número 04 da
berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa broto, FR
representa fruto e ME representa meristema. São Manuel/SP. 2000.
ME δ‰F = –24,65
F5 δ‰F = –26,52
F6 δ‰F = –26,24
F3 δ‰F = –26,85 FR2 δ‰F = –23,46
F1 δ‰F = +4,67
F0 δ‰F = –27,74
BR4 δ‰F = –24,33
F4 δ‰F = –26,72
BR2 δ‰F = –22,59
BR3 δ‰F = –25,80
FR1 δ‰F = –22,06
F2 δ‰F = –27,86
BR1 δ‰F = –25,79
PRINCIPAIS DRENOS DO RAMO 04
ORGÃO
DISCRIMINAÇÃO ISOTÓPICA
Fruto-1 (FR1)
FR1 δ‰F = –22,06
Broto-2 (BR2)
BR2 δ‰F = –22,59
Fruto-2 (FR2)
FR2 δ‰F = –23,46
Broto-4 (BR4)
BR4 δ‰F = –24,33
Meristema (ME)
ME δ‰F = –24,65
Neste caso a razão isotópica foi naturalmente maior que o normal
(média de –27,50), entretanto os maiores drenos continuaram a ser os frutos e brotos,
71
sendo que neste caso a folha tratada possuía um fruto e um broto e estes foram os
maiores drenos.
FIGURA 16- Enriquecimento relativo da razão 13C/12C da amostra em relação ao padrão
PDB, expresso em delta per mil (δ‰), nos diferentes órgãos do ramo número 05 da
berinjela (Solanum melongena), onde: F representa folha, BR representa broto, FR
representa fruto e ME representa meristema. São Manuel/SP. 2000.
ME δ‰F = –26,81
FR2 δ‰F = –20,28
F3 δ‰F = –27,99
BR2 δ‰F = –24,80
F4 δ‰F = –28,06
BR3 δ‰F = –27,21
F02 δ‰F = –29,11
F01 δ‰F = –29,84
F2 δ‰F = –29,01
FR1 δ‰F = –26,11
F1 δ‰F = +5,53
BR1 δ‰F = –28,26
F03 δ‰F = –28,77
PRINCIPAIS DRENOS DO RAMO 05
ORGÃO
DISCRIMINAÇÃO ISOTÓPICA
Fruto-2 (FR2)
FR1 δ‰F = –20,28
Broto-2 (BR2)
BR2 δ‰F = –24,80
Fruto-1 (FR1)
FR1 δ‰F = –26,11
Broto-3 (BR3)
BR3 δ‰F = –27,21
Meristema (ME)
ME δ‰F = –26,81
Neste caso novamente os órgãos novos foram os principais drenos,
em especial, os frutos e brotos.
72
72
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos nos diversos experimentos
realizados, as análises estatísticas, a revisão de literatura e o convívio com a cultura,
foram obtidas as seguintes conclusões:
a) O pegamento da enxertia em berinjela foi eficiente para os
híbridos e porta-enxerto utilizados;
b) O híbrido Kokuyo apresentou porte arbustivo lateral, ramas
mais finas e menor altura. O híbrido Nápoli apresentou porte mais elevado, ramas mais
grossas e formato arbóreo (piramidal);
c) A enxertia não teve influência sobre as características do fruto,
em ambas as cultivares;
d) A não queda da corola leva a um aumento de frutos manchados
(com marca na casca);
e) Os frutos do híbrido ‘Kokuyo’/enxertado mostraram maior
capacidade de absorção dos macronutrientes, exceto para o N;
f) O híbrido ‘Nápoli’ apresentou uma menor quantidade extraída de
Ca que o híbrido ‘Kokuyo’;
g) A enxertia levou a uma maior concentração de Mg e Zn nas
folhas, independente do híbrido utilizado;
h) A enxertia levou a uma maior eficiência do uso das águas, tanto
para o híbrido ‘Kokuyo’ como para o híbrido ‘Nápoli’;
i) O híbrido ‘Kokuyo’ apresentou maiores taxas de fotossíntese,
condutância estomática, transpiração, concentração de CO2 interna e melhor eficiência
no uso da água, quando comparado com o híbrido ‘Nápoli’;
73
j) Os frutos e os brotos são drenos fortes, principalmente quando
sua folha mais próxima ainda é jovem;
k) A metodologia utilizada mostrou-se eficiente no sentido de
estudar a movimentação dos fotoassimilados;
l) A berinjela é uma hortaliça que pode ser conduzida em ambiente
protegido com grande potencial produtivo, podendo facilmente ser enxertada.
74
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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