Sérgio Eduardo e Edimar Aparecido

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PLANO DE AULA: CONSTRUINDO NOÇÕES DE ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
ATRAVÉS DO JOGO BATALHA NAVAL E DO MAPA1
Sérgio Eduardo Gomes da Silva ([email protected])
Licenciado em Geografia - FCT UNESP
Aluno do curso de Pedagogia – FCT UNESP
Professor dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental - PM de Santo Anastácio – SP
Edimar Aparecido da Silva ([email protected])
Licenciado em Pedagogia - FCT UNESP
Mestrando em Educação - PPGE - UNESP Presidente Prudente
Professor dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental - PM de Santo Anastácio - SP
Introdução e Justificativa:
O presente plano de aula reflete o resultado de uma experiência realizada pelos
autores no âmbito da escola pública, enquanto professores do 5º ano do Ensino
Fundamental na Prefeitura Municipal de Santo Anastácio.
Considerando que processo de redemocratização do país se afirma como conquista
histórica importante, pois fez com que esta escola pública repensasse seu papel social a fim
de promover autonomia numa sociedade globalizada conforme destaca Gadotti (1994):
A crise paradigmática também atinge a escola e ela se pergunta sobre si
mesma, sobre seu papel como instituição numa sociedade pós-moderna e
pós-industrial, caracterizada pela globalização da economia e das
comunicações, pelo pluralismo político, pela emergência do poder local.
Nessa sociedade cresce a reivindicação pela autonomia contra toda forma
de uniformização e o desejo de afirmação da singularidade de cada região,
de cada língua etc. (GADOTTI, 1994, p. 33)
Além das mudanças na sociedade brasileira, a escola que reflete a sociedade na
qual está inserida também passa por mudanças, pois a expansão quantitativa de vagas
proporcionou aos filhos da classe trabalhadora acesso a escola pública que figura como
importante instituição numa sociedade pós-moderna marcada pela globalização.
Inseridos em um mundo globalizado, a ciência Geográfica assume importante papel
no seio da escola pública, pois conforme Callai (2003):
a geografia que o aluno estuda deve permitir que ele se perceba como
participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são
resultados da vida e do trabalho dos homens e que estão inseridos num
processo de desenvolvimento. (CALLAI p. 59, 2003)
Neste sentido, ao abordar o ensino de Geografia, os PCNs destacam que são
necessárias “situações significativas de aprendizagem que aproximem os alunos das
categorias de Espaço Geográfico, território, paisagem e lugar e dos procedimentos básicos
do saber geográfico.” (BRASIL, 1997, p. 141)
Para que o aluno possa assimilar os conteúdos de maneira significativa, faz-se
necessário que o professor como mediador das situações de ensino-aprendizagem utilize as
1
Plano de aula a ser apresentado no eixo: Ensino de Geografia
mais variadas formas de ensinar a fim de garantir a este aluno como integrante da escola o
direito de aprender.
Neste sentido, os PCNs consideram que é o espaço que se configura como objeto
central de estudo dessa ciência, embora não seja o único conforme aponta o documento:
[...] Embora o espaço geográfico deva ser o objeto central de estudo, as
categorias paisagem, território e lugar devem ser abordadas, principalmente
nos ciclos iniciais, quando se mostram mais acessíveis aos alunos, tendo
em vista suas características cognitivas e afetivas. (BRASIL, 1997. p.110)
Tomando o espaço como objeto central de estudo e considerando que este espaço
pode ser representado e lido a partir das representações feitas dele por meio do trabalho
humano, este plano de aula visa desenvolver habilidades nos alunos quanto as noções de
distância, direção e orientação apontados pelos PCNs como necessários quando afirmam
que “o estudo sobre a representação do espaço segue de modo semelhante ao primeiro
ciclo, embora seja possível abordar de forma mais aprofundada as noções de distância,
direção e orientação”[...] (BRASIL, 1997, p. 142)
Para o desenvolvimento das primeiras noções de orientação e localização com base
em coordenadas utilizamos o jogo Batalha Naval como instrumento de aprendizagem, sendo
que estas noções introduziram a compreensão de coordenadas geográficas utilizadas nos
mapas. Posteriormente, após a aplicabilidade do jogo, foi possível construir as noções de
coordenadas e a partir daí introduzir conceitos mais aprofundados que permitam o aluno
orientar-se e localizar-se através do mapa.
Público alvo: 5º ano / 4ª série do ensino fundamental
Duração: 4 aulas
Objetivos:
- Utilizar coordenadas para localizar-se o alvo adversário na malha quadriculada que se
assemelha ao mapa visando afundar alvos inimigos;
- Compreender o uso de coordenadas na malha quadriculada;
- Compreender e utilizar coordenadas geográficas na localização nos mapas usando as
referências cartográficas para este fim.
Conteúdos:
- Orientação espacial com base em coordenadas;
- Localização em espaço determinado;
- Coordenadas geográficas em espaço planificado;
- Pontos Cardeais;
Desenvolvimento:
Para a realização desta seqüência didática, elencamos os seguintes procedimentos
metodológicos.
1º Momento: Dividir a sala em duplas, distribuir as malhas quadriculadas para
montar o jogo, solicitando que as colunas sejam marcadas com números e as linhas com
letras, formando um jogo com coordenadas alfanuméricas. Neste momento é importante que
o professor instrumentalize seus alunos informando que as colunas seguem a direção
vertical, enquanto que as linhas seguem a direção horizontal. Isto será útil na compreensão
dos paralelos e meridianos nos mapas.
2º Momento: Ler com os alunos as regras do jogo Batalha Naval
Batalha Naval – Regras do jogo
Armas disponíveis:
5 Hidroaviões
4 Submarinos
3 Cruzadores
2 Encouraçados
1 Porta-aviões
Preparação do jogo:
1. Cada jogador distribui suas armas pelo tabuleiro. Isso é feito marcando-se no reticulado
intitulado "Seu jogo" os quadradinhos referentes às suas armas.
2. Não é permitido que 2 armas se toquem.
3. O jogador não deve revelar ao oponente as localizações de suas armas.
Jogando (regra mais fácil):
Cada jogador, na sua vez de jogar, seguirá o seguinte procedimento:
1. Disparará 3 tiros, indicando a coordenadas do alvo através do número da linha e da letra
da coluna que definem a posição. Para que o jogador tenha o controle dos tiros disparados,
deverá marcar cada um deles no reticulado intitulado "Seu jogo".
2. Após cada um dos tiros, o oponente avisará se acertou e, nesse caso, qual a arma foi
atingida. Se ela for afundada, esse fato também deverá ser informado.
3. A cada tiro acertado em um alvo, o oponente deverá marcar em seu tabuleiro para que
possa informar quando a arma for afundada.
4. Uma arma é afundada quando todas as casas que formam essa arma forem atingidas.
5. Após os 3 tiros e as respostas do oponente, a vez para o outro jogador.
O jogo termina quando um dos jogadores afundar todas as armas do seu oponente.
Disponível em: http://www.zamorim.com/jogos/papel/batalha-naval-regras.html. Acesso em: 13 de julho de 2011.
3° Momento: Para sistematização e fixação das coordenadas no espaço demarcado
pelo quadriculado o professor deverá solicitar que os alunos joguem até afundar toda a frota
do adversário, utilizando para isto as coordenadas alfanuméricas com o objetivo de localizar
a frota adversária seguindo orientações dadas pelo oponente. (coluna 1, letra
B, por
exemplo) formadas no tabuleiro.
4º Momento: Após este momento lúdico em que os alunos concentraram esforços
para afundar a tropa adversária através do uso de coordenadas que permitiram a
localização no espaço determinado para o jogo, promoveram-se discussões sobre quais
foram os meios que permitiram aos alunos localizarem a frota adversária com base nos
seguintes questionamentos.
Como você fez para localizar-se no espaço do jogo?
Quais coordenadas permitiram a localização dos pontos especificados?
Você já observou em que outros instrumentos utilizaram as coordenadas para
orientar-se e localizar-se no espaço?
5º Momento: Observação das formas de orientação e localização contidas no mapa.
Para isto o professor deverá levantar questões para orientar a observação do mapa feita
pelos alunos como:
Disponível em: www.google.com.br/imgres. Acesso em 23 de julho de 2011.
- Quais são os marcos e referências contidos no mapa?
- Para que servem?
- Qual sua importância para localizar objetos, pessoas e lugares no espaço?
- Quais critérios podem ser definidos para localização se temos quadrantes com os
mesmos dados, ou números que se repetem?
Neste momento o professor apresentará a distribuição espacial contida nos mapas,
tais como as linhas paralelas horizontais, sendo a principal chamada de Equador, que divide
o mapa em dois hemisférios: Norte e Sul. Em seguida levará os alunos a observarem que
além das linhas horizontais temos também as linhas verticais chamadas de meridianos,
sendo o principal meridiano chamado Greenwich, que irá dividir o mapa em hemisférios
Leste (Oriental) e Oeste (Ocidental). É importante que o professor retome o jogo Batalha
Naval, pois durante o jogo os alunos utilizaram referências horizontais e verticais e para
cada localização utilizavam dois tipos de coordenadas, uma horizontal e outra vertical.
Concomitante a este processo o professor deverá orientar as direções dos pontos cardeais
no mapa, utilizando para isto a Rosa dos Ventos construída pelos próprios alunos no mapa
que é o instrumento que indica as direções, instrumentalizando os alunos sobre como
identificar os hemisférios.
6º Momento: O professor deverá dividir a sala em pequenos grupos e solicitar aos
alunos a localização de rios, cidades, montanhas, ilhas ou outros elementos espaciais em
atlas geográficos ou mapas reproduzidos, utilizando-se das coordenadas geográficas e das
direções para indicar a localização. Incentivar os alunos a selecionarem pontos e desafiar
seus colegas a indicarem a localização com base no sistema de coordenadas.
7° Momento: o professor proporá individualmente aos alunos que localizem pontos
específicos, indicando suas coordenadas geográficas, observando o comportamento destes
com relação ao conhecimento construído.
Avaliação:
A avaliação neste contexto deixa de ser considerada como instrumento de
verificação e punição para se tornar em um procedimento dinâmico e intensivo de
investigação sobre o processo de ensino-aprendizagem. Portanto a avaliação será realizada
a partir da observação e anotações do professor diante dos desafios propostos aos alunos,
através da participação oral, do desenvolvimento de atividades individuais e coletivas sobre
localização, aplicabilidade das regras do jogo Batalha Naval, utilização correta das
orientações dadas pelo oponente durante o jogo e dos questionamentos pertinentes
levantados pelos alunos.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. Secretaria de Educação do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: História e Geografia, v.5. Brasília, MEC/SEF, 1997.
CALLAI, Helena Copetti. O ensino de Geografia: Recortes espaciais para análise. IN:
Geografia em Sala de Aula: Práticas e Reflexões. Porto Alegre: Editora da
UFRGS/Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Porto Alegre, 2003, pg 57 - 63.
CALLAI, Helena Copetti. Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no cotidiano.
Porto Alegre. Editora Mediação, 7ª Ed. 2009, pg 83 - 134.
GADOTTI, M. Organização do trabalho na escola: alguns pressupostos. São Paulo: Ática,
1994.
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