O FUTURO DA NATUREZA HUMANA EM UMA SOCIEDADE SECULARIZADA A PARTIR DE JÜRGEN HABERMAS Bolsista: Alexandre Paludo Bressiani (PIBIC/CNPq) Orientador: Dr. Paulo César Nodari Introdução: Diante do cenário aberto pela biotecnologia, especialmente, pelas questões da engenharia genética, o filósofo alemão, pertencente à denominada Teoria Crítica, Jürgen Habermas dedicou alguns ensaios ao tema, reunidos em seu livro: O Futuro da Natureza Humana. A caminho de uma eugenia liberal? Pretende-se, a partir de Habermas, apresentar um diálogo com a sociedade secularizada em uma concepção pós-metafísica, pois, no plano filosófico, a consciência secular incide sobre uma compreensão normativa que gera instabilidade no trato acerca de questões referentes ao futuro da natureza humana. Objetivos: Entender a discussão habermasiana acerca do futuro da natureza humana em uma sociedade secularizada, marcada, predominantemente, pela ciência e a tecnologia, buscando identificar os argumentos a partir dos quais se torne possível uma discussão plausível frente a uma forte tendência hodierna à instrumentalização da natureza humana. Metodologia: O procedimento metodológico deste trabalho de investigação baseia-se, fundamentalmente, no método analítico. Ciência e Cultura: Projeto Genoma Humano Imgbucket.com – Human Genetics Resultado e discussão: As questões éticas acerca da engenharia genética estão relacionadas com a reprodução assistida, em especial, à manipulação genética à luz do diagnóstico de pré-implantação. Habermas defende uma posição contrária ao uso do Diagnóstico Genético Pré-Implantação e a terapia gênica para fins de aperfeiçoamento. Os defensores da prática do aperfeiçoamento genético recorrem ao direito à liberdade de procriação e reprodução para legitimá-la, focando na liberdade dos progenitores desconsiderando a liberdade ética do indivíduo futuro manipulado geneticamente. Habermas recorre a uma ética de espécie e a uma inviolabilidade da vida humana pré-pessoal, ou seja, da vida humana do embrião a ser manipulado. Para o filósofo é preciso compreender uma moralização da natureza humana no sentido de uma autoafirmação de uma determinada autocompreensão ética da espécie, da qual dependeria fundamentalmente o fato de ainda continuarmos a nos compreender como autores únicos e indivisos de nossa história de vida e podermos nos reconhcer mutuamente como seres que agem autonomamente. Considerações finais: Habermas considera que o desenvolvimento recente no campo da engenharia genética tem implicações normativas que nos levam à pergunta fulcral: “pode a filosofia se permitir a mesma moderação também em questões relativas à ética da espécie?” Habermas parte de um diálogo com uma concepção pósmetafísica, identificando uma filosofia consciente de sua falibilidade e de seu caráter frágil frente à estrutura diferenciada da sociedade com o discurso secular. Diante de tamanha complexidade, frisa-se que não é o propósito deste trabalho dirimir tais dificuldades, mas antes apresentá-las e fomentar um caminho dialógico plausível. Referências: HABERMAS, Jürgen. O Futuro da Natureza Humana: a caminho de uma eugenia liberal? São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010; ___________. Pensamiento Postmetafísico. Madrid: Taurus, 1990;