A fisioterapia evidenciando a importância do uso da malha compressiva para minimizar as seqüelas cicatriciais após lesões provocadas por queimaduras Vaneide Caldas Martins CONCEITO Queimadura é uma lesão dos tecidos orgânicos em decorrência de um trauma de origem térmica, química ou elétrica. Pode variar desde uma pequena bolha ou flictena até formas mais graves capazes de desencadear um grande número de respostas sistêmicas proporcionais a extensão e profundidade dessas lesões. Classificação-Profundidade Espessura Superficial Primeiro Grau • Sol • Dor intensa • Compromete a epiderme • Eritema (vermelhidão) marcante • Evolução espontânea (24 - 48 h) Espessura Superficial Primeiro Grau Classificação-Profundidade Espessura Parcial Superficial/Profunda Segundo Grau • Dor intensa • Compromete epiderme e parte da derme (preserva anexos cutâneos) • Flictenas (bolhas) • Inflamáveis, líquidos e superfícies aquecidas Espessura Parcial Superficial/Profunda Segundo Grau Classificação-Profundidade Espessura Total -Terceiro Grau • Compromete toda a derme (destruição dos anexos cutâneos) • Aspecto couriáceo, seca, • Vasos visíveis • Esbranquiçada, • Carbonizada • Indolor • Eletricidade, químicos, inflamáveis, contato prolongado Espessura Total -Terceiro Grau A cicatrização envolve uma série de modificações orgânicas que ocorrem após uma lesão tecidual, tendo por finalidade a reconstrução do tecido agredido. Cicatriz – Reparação tissular complexa e imperfeita, pois os tecidos destruídos não são restaurados, mas substituídos por um tecido não tão bem diferenciado que contrai e aproxima as bordas da ferida. NORMALMENTE SE DESCREVEM TRÊS FASES NESTE PROCESSO: 1. Fase inflamatória aguda: • Inicia imediatamente após a agressão • Aumento da tensão intravascular • Leucócitos, macrófagos (ajudam na limpeza e produzem mediadores que estimulam a cicatrização) • Linfócitos T (reguladores da cicatrização) que vão ativar os fibroblastos, base da reparação tissular NORMALMENTE SE DESCREVEM TRÊS FASES NESTE PROCESSO: 2. Fase proliferativa: • Inicia 2 a 3 dias após o trauma • Limpeza dos tecidos necróticos • Rede de fibrina com fibroblastos NORMALMENTE SE DESCREVEM TRÊS FASES NESTE PROCESSO: 3. Fase de maturação: • Fechamento da ferida • Diminuição das células inflamatórias • Rede vascular se normaliza • Produção de colágeno se estabiliza e diminui CICATRIZAÇÃO PATOLÓGICA Formação de cicatrizes Hipertróficas e contraturas cicatriciais. O processo de cicatrização das queimaduras predispõe à formação de cicatrizes hipertróficas e contraturas, como é caracterizado pelo importante aumento na miofibroblastos, vascularização deposição intersticial e edema. de de fibroblastos, colágeno, material Intensidade e a duração da vascularidade parecem influenciar a formação da cicatriz hipertrófica. Cicatrizes que perdem seu aspecto avermelhado dentro de dois a três meses. Tem um baixo potencial para se tornarem hipertróficas. Cicatriz que permanece altamente vascularizada ao final do segundo mês. Continua cicatrizando e se torna progressiva, endurecida e hipertrófica. Cicatrizes hipertróficas que mostram evidências de maturação, primeiro perdem seu aspecto avermelhado e se tornam macias e planas. Para que isso ocorra eficazmente é necessário a aplicação de compressão a um nível que exceda a pressão capilar, isto é, 25mmHg, diminuindo intensidade da cicatrização. significativamente a CICATRIZES HIPERTRÓFICAS Características • É limitada à lesão • Dolorosas • Pruriginosas • Esteticamente inaceitáveis CICATRIZ RETRÁTIL Características • Aparece nas primeiras semanas • Podem evoluir durante 6 a 10 meses na ausência de tratamento • Tensão constante e permanente • Qualidade da pele • Zonas anatômicas com potencial retrátil • As retrações podem ter repercussões funcionais • Aparecem preferencialmente nas lesões de espessura parcial e profunda TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO “Há pouco tempo a fisioterapia só poderia iniciar sua abordagem terapêutica após a alta hospitalar. Hoje apresenta grande alteração, iniciando já na fase aguda da lesão térmica e permanecendo até aproximadamente dois anos após a alta hospitalar, ambulatorialmente”. Gomes et al, 2000 COMPRESSÃO A compressão através das malhas compressivas vem sendo utilizada já a algum tempo para o tratamento de queimados. “Preocupados com esta problemática dos queimados, Larson e col. da Universidade do Texas, desde 1970, procuraram um método coadjuvante do tratamento destas deformidades”. Souza, 2000 Embora os resultados da compressão sobre as cicatrizes sejam visíveis, a relação da pressão sobre a cicatriz é bastante discutida. Malhas compressivas devem ser confeccionadas sob medida, o material utilizado normalmente é 67% de nylon e 33% de látex, capazes de proporcionar uma compressão superior a capilar, de aproximadamente 25 mmHg. PARA QUE OS OBJETIVOS SEJAM ATINGIDOS ATRAVÉS DA COMPRESSÃO CICATRICIAL: • Deve-se iniciar o uso precoce (após epitelização completa) • Deve-se fazer as malhas sob a medida do paciente • Usar por 23 horas / dia • Uso prolongado, cerca de 12 a 36 meses • Lavar com água fria, sabonete neutro e secadas à sombra sem que sejam torcidas • Orientar a importância do incentivo da família para a obtenção de sucesso no tratamento do paciente OBJETIVOS DAS MALHAS • Diminuir prurido e sensação de ferroada • Favorece o turgor e a elasticidade da pele • Promover benefício funcional e estético • Prevenir e/ou minimizar as seqüelas de queimaduras A pressão facilita a drenagem linfática com ação anti-edematosa e por isquemia tissular favorece o remodelamento do colágeno, induzindo a orientação paralela das fibras. “O curativo ou vestimentas para pressão constante que exerça pressão acima de 25 mmHg, diminuirá a vascularização, deprimirá a pressão parcial do oxigênio tissular, reduzirá a quantidade de mucupolissacarídeos, reduzirá a resposta celular, bem como a deposição de colágeno e diminuirá significativamente o linfedema localizado”. Sullivan, 2000 Trabalho de conclusão de curso das fisioterapeutas Juliana Araújo Carneiro e Larissa Borim Di Borges “Atuação da fisioterapia no tratamento ambulatorial de seqüelas pós-queimaduras através de estudo de caso” Apresentado em 2002 na UEG ESTUDO DE CASO Metodologia • Avaliação de 4 pacientes cedidos pelo HQA • 3 pacientes iniciaram o acompanhamento fisioterapêutico no dia 27 de dezembro de 2000 no próprio hospital, e um paciente iniciou o tratamento no dia 10 de outubro de 2001 em acompanhamento domiciliar; sob orientação da fisioterapeuta, Dra. Cristina Lopes Afonso • Conduta: Utilização de recursos como massoterapia, cinesioterapia, pressoterapia, uso de silicone e órteses • Sessões diárias nos primeiros 2 meses CASO 1 • Paciente LASC, sexo feminino, 8 anos, natural de Anápolis-Goiás, apresenta 39% de SCQ com seqüela de queimaduras de espessura parcial e total em cabeça-face, orelhas, pescoço, tronco anterior, braços, antebraços, mãos, tendo como agente causal da lesão o álcool/fogo. • O acidente ocorreu no dia 01-01-2001 em seu domicílio na cidade de Anápolis. • Paciente foi avaliada pela fisioterapia no dia 08-10-2001 e incluída no programa de reabilitação mediante autorização do responsável. • Na avaliação fisioterápica a criança apresentava lesões oclusivas com hipertrofia severa e hiperemia em região de tronco anterior; MMSS; região esternocleidomastóidea; lobo inferior da orelha; face. Paciente referia prurido intenso, além disso as cicatrizes se mostraram hipersensíveis e com hidratação inadequada. • Notou-se inversão importante de lábio inferior em decorrência de cicatriz retrátil em região oral. DIANTE DESTE QUADRO OS OBJETIVOS TRAÇADOS SÃO: • Evitar restrição de movimento em região oral; • Recuperar amplitude de movimento de cervical; • Dessensibilizar cicatrizes; • Estimular movimentos funcionais; • Melhorar condição das cicatrizes hipertróficas além de prevenir sua evolução. • Após a avaliação a paciente recebeu orientações quanto a malha compressiva indicada pelo Hospital de Queimaduras de Anápolis, enfatizando seu uso constante e quanto a exercícios de mímica facial e alongamento de cervical, massagem diária com o uso de hidratante. • Novas revisões foram realizadas nos dias 03-12-2001 e 2201-2002 nas quais percebeu-se melhora da hipersensibilidade e do prurido além de melhora da hidratação, contudo não houve melhora significativa na espessura das cicatrizes, ou seja, ainda apresentavam hipertrofia severa principalmente em tronco e face onde as lesões foram mais profundas. • Desta forma fica claro que a queimadura provoca lesões devastadores principalmente se o tratamento fisioterapêutico for negligenciado ou iniciado tardiamente. Estes dois fatos ocorreram com a paciente em questão. • Os pais da criança por problemas diversos não tiveram condições de proporcionar um tratamento fisioterpêutico ambulatorial precoce, sendo que a paciente só foi integrada neste trabalho nove meses após o acidente e além disso foi traçado apenas um programa de acompanhamento domiciliar mensal como descrito anteriormente com a finalidade básica de dar orientações quanto a utilização de dispositivos fisioterapêuticos, exercícios e massagens que poderiam ser realizados em casa para se tentar uma melhora do aspecto das cicatrizes. • Além de todos esses contratempos a criança não aderiu bem ao programa. Isto porque ela não se adaptou satisfatoriamente ao uso da malha compressiva, não fazendo uso 23 horas por dias, não era realizada a massagem como recomendado e não fez o uso correto das órteses compressivas. Tudo isso associado a uma fase avançada das cicatrizes quando se iniciou o acompanhamento, não permitiu uma evolução funcional e estética satisfatória das lesões. ACOMPANHAMENTO MENSAL DOMICILIAR • Outubro – 08-10-2001 – Avaliação fisioterapêutica após nove meses e sete dias do acidente. Aspecto e localização das lesões Abertura de boca e inversão de lábio inferior Cifose torácica alta Limitação de ADM em cervical Alteração postural Movimento ativo de ombro CASO 2 • Paciente WHSB, sexo feminino, 7 anos, natural de Anápolis-Goiás, residente em Goianápolis-Goiás, apresenta 66% de SCQ com seqüela de queimadura de espessura parcial e total em face, orelhas, MMSS e MMII, nádegas, tendo como agente causal da lesão o álcool/fogo. • O acidente ocorreu no dia 11-10-2000, por volta de 19:00 horas em seu domicílio na cidade de Goianápolis-Goiás. A criança foi levada imediatamente ao Hospital de Queimaduras de Anápolis procedendo a internação e primeiro atendimento em caráter de urgência. • Nesta primeira avaliação a paciente apresentava lesões oclusivas com hiperemia marcante em face e em região póstero-superior de orelha esquerda e lobo inferior da orelha direita; em MMSS; em região glútea inferior direita e esquerda. Além disso se constatou presença de curativo oclusivo em MMII. DIANTE DESTE QUADRO OS OBJETIVOS DE TRATAMENTO, PRIMEIRAMENTE TRAÇADOS SE BASEIAM EM: • Evitar progressão da restrição de movimentos em região oral; • Recuperar amplitude de movimento de ATM; • Dessensibilizar cicatrizes; • Garantir vascularização adequada no processo cicatricial; • Manter amplitude de movimento osteomioarticular intactos; • Manter movimentos funcionais; • Evitar posturas antálgicas; • Prevenir evolução de cicatrizes hipertróficas e retráteis; • Promover recreação e adaptação da paciente à terapia. de cada sistema • Tendo em vista tais objetivos o tratamento fisioterapêutico eleito se baseou em massoterapia em regiões completamente cicatrizadas (primeiramente face e MMSS), exercícios de mímica facial, uso de órtese bucal para garantir a amplitude dos movimentos da boca, uso de malha compressiva indicada pelo próprio hospital, uso de silicone e órteses compressivas a fim de auxiliar na pressão exercida sobre a cicatriz. • Foram realizadas sessões diárias de segunda às sextas-feiras o Hospital de Queimaduras de Anápolis com sessões entre 1h e 30 min a 2 horas por um período de aproximadamente 2 meses, totalizando um número de 39 sessões, que finalizou no dia 23-03-2001. A partir de então iniciou-se um acompanhamento domiciliar para revisão e orientações que se segue até a presente data. Evolução do Tratamento 1ª semana • 28-12-2000 – Avaliação Fisioterapêutica após dois meses e dezessete dias do acidente. Aspecto e localização das lesões em MMSS • 22-12-2000 – Massoterapia em cicatrizes hipertróficas de face e membros superiores. Massoterapia em face 2ª Semana • 02-01-01 a 05-01-01 – Massoterapia em cicatrizes hipertróficas de face e MMSS; exercícios de mímica facial. Cinesioterapia ativa com bola; Ludoterapia (jogos, brincadeiras). • 04-01-01- Colocação de órtese termomoldável). Órtese de boca de boca (plástico 3ª Semana • 08-01-2001 – Exercícios de mímica facial; massoterapia em cicatrizes hipertróficas de face e MMSS. • 09-01-01 a 11-01-01 – Mímica facial; massoterapia em cicatrizes hipertróficas de face e marcha. MMSS; treino de Treino de marcha Conduta mantida mais colocação de malha compressiva em mãos, MMSS e face 4ª Semana • 15-01-01 a 16-01-01 – Massoterapia em cicatrizes hipertróficas de face e MMSS e mímica facial. Reavaliação do aspecto das cicatrizes após dezenove dias de acompanhamento fisioterapêutico. Hipertrofia cicatricial de face Cicatrizes hipertróficas em face e região mentoniana Retirada do curativo de MMII com avaliação de lesão de MMII 5ª Semana • 22-01-01 a 26-01-01 – Massoterapia em cicatriz hipertrófica de MMSS e face; mímica facial; cinesioterapia ativa de MMII (pedalinho); exercícios de subir e descer escadas. Cinesioterapia ativa em escada 6ª Semana • 29-01-01 a 02-02-01 – Conduta mantida; ludoterapia com jogos de memória. 7ª Semana • 05-02-01 a 09-02-01 – Massoterapia; mímica facial; cinesioterapia ativa (bola, pedalinho, escada); treino de marcha. 8ª Semana • 12-02-01 a 16-02-01 – Massoterapia em cicatrizes hipertróficas de face; MMSS e MMII; cinesioterapia ativa (jogos com bola, exercícios no pedalinho); treino de marcha. 9ª Semana • 19-02-01 a 23-02-01 – Conduta mantida; colocação de silicone em cicatrizes hipertróficas da face e MMSS e colar cervical. Uso do colar cervical Acompanhamento domiciliar • Março de 2001 – Realização de liberação cirúrgica de cicatriz retrátil em região oral. • Abril de 2001 – Colocação de malha compressiva em MMII. Uso de malha compressiva em MMII • Persiste hipertrofia moderada e hiperemia em cicatrizes de face e bordas de enxerto em MMSS, havendo melhora da maleabilidade e aderência aos planos profundos; aumento de hipertrofia cicatricial em região oral (acima do lábio superior); persiste uso de malha compressiva e silicone em face hipersensibilidade. e MMSS, com ausência de Órtese compressiva em região mentoniana Órtese compressiva em região oral superior Aspecto das cicatrizes em junho de 2001 (nove meses após o acidente) Retração cicatricial em abertura de boca Cicatrizes em MMII • Melhora do aspecto de cicatriz hipertrófica em borda do enxerto em MMSS e maleabilidade de cicatrizes em MMII com diminuição de aderências aos planos profundos; persiste com uso de malha compressiva em MMSS, MMII e face, e uso de silicone em face e MMSS. • Julho de 2001 – 12-07-01 – Colocação de silicone em membros inferiores. • Setembro de 2001 (aspecto das cicatrizes onze meses após o acidente). Continuidade no uso de malha compressiva Melhora do aspecto cicatricial • Melhora importante do aspecto cicatricial em MMSS e face com diminuição de lateral e medial de joelho direito, face medial de joelho esquerdo e face medial de pé esquerdo, havendo entretanto melhora da maleabilidade e aderências aos planos profundos. Persiste uso de malha compressiva e silicone em MMSS, MMII e face, além das órteses compressivas faciais de plástico termomoldável. • Janeiro de 2002 – Realização de avaliação final após um ano e quatro meses do acidente na qual foi possível verificar evolução favorável das cicatrizes, principalmente em MMSS e face. ADM ativa de ombro • No decorrer de 13 meses de acompanhamento fisioterapêutico foi possível verificar melhora no aspecto geral das cicatrizes incluindo hidratação, sensibilidade, vascularização, maleabilidade e aderência aos planos profundos. A atuação da equipe multiprofissional aliada a persistência da família possibilitou uma boa evolução das lesões que ainda se encontram em processo de maturação, porém com hipertrofia. diminuição acentuada de hiperemia e CONCLUSÃO A prevenção deve ocorrer 24 horas por dia e durante os 365 dias do ano. A queimadura é a enfermidade das 10 mais, isto é: • Mais aguda • Evolução mais rápida • Mais dolorosa • Provoca mais pânico • Evolução mais imprevisível • Ação mais destruidora • Tratamento mais caro • Reconstrução mais complexa • Resultado mais incerto • Reparação em mais tempos operatórios As queimaduras provocam alterações físicofuncionais, estéticas, sociais e mesmo psíquicas no indivíduo tornando a reabilitação um processo amplo que requer ingredientes como persistência, objetividade, tempo, paciência tanto por parte do profissional da saúde como do paciente e seus familiares. Assim, sem esses ingredientes importantes a cura completa e almejada não se torna possível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Maciel E, Serra MC. Tratado de Queimaduras. Ed. Atheneu, 1ª edição. 2004. • Guirro E, Guirro R. Fisioterapia Dermato-funcional. Editora Manole, 3ª edição. 2004. • Kerchove EVD, Stapaerts K, Boecksc W, Hof BVD, Monstrey S, Kelen AV, Culber JD. Silicones in the rehabilitation of burns: A review and overview. J. Burn Care Rehabil 2000;27:205-214. • Carneiro JA, Di Borges LB. Atuação da fisioterapia no tratamento ambulatorial de seqüelas pós-queimaduras através de estudo de caso. Trabalho de conclusão de curso da Universidade Estadual de Goiás. 2002. “Na vida é melhor sentir muita dor por pouco tempo do que dor para o resto da vida”