Estudo do animal escolhido: Abelha

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Estudo do animal escolhido: Abelha
Segundo o artigo da Universidade Federal do Ceará¹, existem mais de 20 mil espécies de
abelhas conhecidas atualmente. Na verdade, acredita-se que o número de espécies
existentes seja bem maior do que isso, já que todo ano novas espécies são descobertas
nas Américas Central e do Sul, África, Ásia e Austrália.
Na época do surgimento das abelhas, os continentes atuais do nosso planeta apenas tinham
começado a separarem-se uns dos outros, possibilitando que as abelhas primitivas então
espalhassem-se por todos eles. Isso explica porque atualmente encontramos espécies de
abelhas nativas em toda a superfície terrestre onde haja flores. Assim sendo, as abelhas são
encontradas desde as florestas e matas tropicais, aos locais mais inóspitos como o Ártico, os
Andes e Himalaia, regiões semi-áridas (a Caatinga do Nordeste, por exemplo) e desertos como
o do Arizona (EUA) e de Israel.
A vida em locais tão diversos em clima, vegetação, luminosidade, temperatura, pluviosidade,
predadores, opções para nidificação, etc., propiciou o surgimento da diversidade de espécies
de abelhas que hoje habitam o planeta.
Essas espécies são dividas em famílias de acordo com características semelhantes e maior ou
menor proximidade evolutiva.
As muitas espécies de abelhas também evoluíram distintamente no que diz respeito a
sociabilidade. Enquanto algumas espécies continuaram solitárias, com cada fêmea construindo
o seu próprio ninho e criando sozinha alguns poucos filhotes, outras espécies desenvolveram
vários níveis de sociabilidade que vão desde o compartilhamento de áreas de nidificação até a
formação de colônias permanentes de milhares de indivíduos. As famílias Stenotritidae,
Oxaeidae, Melittidae, Ctenoplectridae e Fideliidae apenas contém espécies de abelhas
solitárias. Nas famílias Colletidae, Andrenidae, Halictidae, Anthophoridae e Megachilidae
também predominam as espécies solitárias, mas todas possuem algumas espécies que
apresentam algum grau de sociabilidade. A família Apidae é a única que consiste
primariamente de abelhas sociais.
A relação que o homem possui com estes polinizadores é imensa, e não apenas o homem,
mas toda a espécie de vida no planeta. Segundo a campanha e site Bee or not to Be², Sem as
abelhas, tanto a renovação das matas e florestas, como a produção mundial de frutas e grãos
ficariam comprometidas, pois esses “animaizinhos” são os responsáveis pela polinização, que
é o processo que garante a produção de frutos e sementes e a reprodução de diversas plantas,
sendo um dos principais mecanismos de manutenção e promoção da biodiversidade na Terra.
Ou seja, o equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade sofreria um sério impacto, o que
afetaria diretamente o ser humano de diversas maneiras:
●
Das espécies conhecidas de plantas com flores, cerca de 88% dependem, em algum
momento, de animais polinizadores. Mais de 3/4 das espécies utilizadas pelo homem na
produção de alimentos dependem da polinização para uma produção de qualidade e
quantidade;
●
Estima-se que os serviços ecossistêmicos da polinização correspondam a cerca de 10%
do PIB agrícola, representando a incrível cifra superior a U$ 200 bilhões/ ano, no
mundo;
●
Cerca de 85% das plantas com flores presentes nas matas e florestas da natureza,
dependem, em algum momento, dos polinizadores para se reproduzirem. Sendo assim,
as abelhas cumprem um papel imprescindível, verdadeiros “cupidos da natureza”,
transportando o pólen entre as plantas, e garantindo assim a variação genética tão
importante ao desenvolvimento das espécies, o equilíbrio dos ecossistemas, e a
reprodução das espécies;
●
Contribuem para que existam plantas suficientes para a produção de parte do oxigênio
vital para toda a forma viva em nosso planeta;
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Cerca de 70% de todas as culturas agrícolas dependem dos polinizadores e estima-se
que 1/3 de todos os alimentos que chegam à nossa mesa tenha alguma dependência
dos polinizadores para serem gerados.
Ou seja, sem abelhas, não temos alimentos na mesa (seja vegetal ou animal) e muito menos
oxigênio. A interação que o ser humano tem com as abelhas existe, mas não é direta quando
se trata da agricultura mesmo que elas sejam as responsáveis pela nossa cultura agrícola,
alimentação e reprodução de espécies vegetais e animais, é direta apenas quando se trata da
Apicultura, que é ​a ciência, ou arte, da criação de ​abelhas com ferrão. Trata-se de um ramo da
zootecnia​. A criação racional de abelhas para o lazer, ou fins comerciais, podendo ter como
objetivo por exemplo a produção de m
​ el​, ​própolis​, ​geleia real​, ​pólen​, ​cera de abelha​ e ​veneno​.
Embora essa interação das abelhas com os humanos não seja direta na maioria das vezes,
elas estão sendo afetadas gradativamente, o que está sendo denominado como ​Desordem de
Colapso de Colônias (CCD),​ pelas atividades do homem, como por exemplo:
●
O uso de agrotóxicos nas lavouras, que é uma ameaça e enfraquece as colônias;
●
A aplicação de químicos pela técnica de pulverização aérea, por exemplo, atinge a
fauna e flora local;
●
Os neonicotinóides, pesticidas que intoxicam o sistema nervoso e digestivo dos insetos,
provocando desarranjos em seus sistemas de navegação;
●
O desmatamento de áreas naturais próximas às lavouras e a falta de vegetação nativa
também altera o equilíbrio preexistente e outros.
O documento da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços de
Ecossistemas (IPBES)³ identificou uma série de medidas que governos e o setor privado
deveriam tomar de forma "urgente" para remediar o desaparecimento animais como abelhas,
borboletas e alguns mais complexos como as aves.
De acordo com site Exame⁴, segundo o vice-presidente do IPBES, Robert Watson, não existe
um fator único que seja responsável pelo desaparecimento dos polinizadores.
"Há uma série de razões que explicam o declive, como a mudança do uso do solo, o uso de
pesticidas e a mudança climática. Não se pode dizer que há uma ameaça maior que outra para
cada animal polinizador ou para cada lugar do mundo onde estão desaparecendo. É um
conjunto de ameaças", disse ele à Agência Efe.
Segundo o site Vestibular Uol⁵, de 1940 até hoje, o número de colmeias caiu pela metade. Na
Europa, houve um declínio de 50% nos últimos 25 anos. Acredita-se que o uso de pesticidas
Neonicotinoides tenham maiores efeitos sob a população de abelhas selvagens.
Também ​publicado na Nature​⁶​, um estudo foi aprovado como a prova mais concludente sobre
o grupo de pesticidas, os neonicotinóides, prejudicam as populações de abelhas selvagens,
que incluem os zangões e abelhas solitárias.
Cientistas da Universidade de Lund, na Suécia realizaram a primeira experiência bem sucedida
"mundo real" sobre o efeito dos neonicotinóides sobre as abelhas, e descobriram que as
populações de abelhas selvagens, sobre metade dos campos tratados com tais pesticidas, as
colmeias de abelha pararam de crescer e produziram menos alimentos, cresceram menos
rainhas quando o produto químico estava presente.
Segundo a Biblioteca Pública de Ciência⁷ (PLOS), de São Francisco (EUA), os zangões (uma
das espécies de abelhas selvagens mais afetadas com os neonicotinóides) são provavelmente
o grupo mais importante de polinizadores da Europa do Norte e o aumento de sua mortalidade
pode se dar devido a aplicação de pesticidas, da agricultura moderna.
Identificação do problema: Pesticidas Neonicotinóides responsáveis
pelo desaparecimento das abelhas
Estudos laboratoriais feitos por Norman L Carrek e Francis LW Ratnieks têm mostrado
diversos efeitos subletais dos pesticidas neonicotinóides, relacionando a utilização de
três neonicotinóides, clotianidina, imidacloprid e tiametoxam sobre a população das
abelhas.
A drástica diminuição das populações de abelha no mundo, começou na década de 1990 –
mesmo período em que os neonicotinóides entraram no mercado.
Os neonicotinóides são uma classe de pesticidas que estão quimicamente relacionados com a
nicotina. Eles são absorvidos pelo sistema vascular da planta e são liberados através das gotas
de pólen, néctar e água que as abelhas se alimentam.
Embora a CCD ​(Desordem de Colapso de Colônias) ​seja causada, por vários fatores, incluindo
estresse em função da apicultura industrial e a perda de seu habitat natural, muitos cientistas
estão comprovando que a exposição aos pesticidas é um dos fatores mais críticos. Os
neonicotinóides são de interesse particular por ter efeito cumulativo e subletal sobre as abelhas
e outros insetos polinizadores. Estes efeitos incluem transtornos do sistema neurológico e
imunológico refletidos aos sintomas observados nas mortes de abelhas.
Segundo o Professor Lionel (USP), no Brasil está ocorrendo uma eliminação massiva de
abelhas devido principalmente ao uso indiscriminado de pesticidas, em especial os pesticidas
sistêmicos neonicotinoides, já havendo mais de 15 estados brasileiros com ocorrências de
mortes de abelhas. Embora as mortes já tivessem sendo denunciadas na mídia há vários anos,
estas ocorrências estão sendo possíveis agora através do uso de um aplicativo que foi
desenvolvido em 2013. O BEE ALERT já registrou , desde 2013, inúmeras ocorrências de
mortes com registros de mais de 18.000 colônias de abelhas eliminadas devido principalmente
ao uso de pesticidas. Apenas este número, ao ser multiplicado por 60.000 abelhas de uma
colônia representam 1 bilhão de abelhas mortas. Isso representa apenas uma parcela muito
pequena de apicultores e meliponicultores que denunciam ocorrências de mortes de abelhas
devido a pesticidas. Por falta de apoio do governo e pelo fato dos apicultores não saberem a
quem recorrer esse problema está se tornando cada vez mais sério.
Na China por exemplo, tem uma região onde não existe mais abelhas e o homem está fazendo
polinização com as mãos, o Homem-abelha.
A CCD ​tem um sério impacto sobre a economia dos apicultores de todo o mundo. Nos EUA, o
volume dos negócios ligados a abelhas é de US$ 15 bilhões e as perdas em função do CCD
são estimadas em 29 a 36% por ano.
Em 1991, a ​Bayer ​começou a produzir o imidadoprid, que é o mais utilizado em culturas de
hortaliças, girassol e, especialmente, em milho. Em 1999, no entanto, a França proibiu o
imidadoprid, após constatar que um terço das abelhas morreu após sua utilização. Cinco anos
depois, também foi proibido no tratamento do milho.
A Bayer agora produz a clotiadina, uma sucessora do imidadoprid. Entrou no mercado
americano em 2003 e no alemão em 2006. A clotiadina também é um neonicotinóide altamente
tóxico às abelhas.
Um estudo recente das Nações Unidas para o Meio Ambiente (​Pnuma​) descreveu que os
pesticidas da Bayer ​imidacloprid ​e ​clotianidina ​colocam em risco diversos animais como
gatos, peixes, ratos, coelhos, pássaros e minhocas. “Os estudos de laboratório demonstraram
que estes produtos químicos podem causar a perda de direção, afetar a memória e o
metabolismo cerebral e levar à mortandade”, revela o informe da Pnuma⁹.
Em 2008 em Baden-Wuerttemberg, sul da Alemanha, morreram dois terços da população de
abelhas após a clotianidina ser aplicada no tratamento de sementes de milho. Isto levou a uma
perda de 17 mil euros. Foi comprovado por ​Philipp Mimkes​, porta-voz da Coalizão contra os
perigos da Bayer, um grupo com sede na Alemanha que 99% das abelhas mortas continham
clotianidina.
O ideal seria que os agricultores tivessem disponíveis no mercado pesticidas menos tóxicos
para as abelhas e em especial que fosse realizado o controle biológico sem o uso de
pesticidas.
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