MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa em Antropologia (4 créditos) Profª Drª Sonia Regina Lourenço Quarta-feira, Horário: 14h-18h Loca: Sala 11, ICHS. Ementa: A pesquisa de campo em antropologia: técnicas e métodos empregados na Antropologia Social. Análise qualitativa e interpretação. A experiência etnográfica e as questões éticas e jurídicas vinculadas à pesquisa antropológica. Processo de elaboração de projeto de pesquisa. Objetivos gerais: a disciplina versa sobre a etnografia como projeto de conhecimento antropológico. As reflexões visam à compreensão da diversidade de temas e objetos teóricos correspondentes à diversidade de métodos e técnicas de pesquisa apropriados, centrais para a formação do(a) antropólogo(a). Os estudos e seminários pretendem responder a dois pontos fundamentais à formulação de um problema de pesquisa: 1) o trabalho do antropólogo, campo e epistemologia; e 2) a construção do “objeto” na antropologia. As aulas serão dialogadas, com debates reflexivos sobre cada unidade e bibliografia recomendada. Os seminários serão apresentados em todas as aulas, com duração de 20 minutos para a apresentação. Cada estudante será responsável por um ou mais seminários ao longo do curso – Cronograma: 15 seminários. No final da disciplina, deverão entregar um esboço do projeto de pesquisa conforme as normas da ABNT, versão impressa, até 20 páginas, incorporando a bibliografia de Métodos e Técnicas de Pesquisa como suporte epistemológico. 1ª Aula - 19/03/2014 Apresentação do Programa da Disciplina Introdução. A etnografia como projeto de conhecimento antropológico. OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora UNESP, 2006. PEIRANO, Mariza. Novos caminhos da antropologia. Debates epistemológicos en antropología VII Jornadas de Investigación en Antropología Social, Buenos Aires, 27-29 de novembro de 2013. http://www.marizapeirano.com.br/diversos/novos_caminhos_da_antropologia_buenosaire s_2013.pdf 1 2ª Aula – 26/03/2014 A pesquisa de campo em antropologia: tradições do trabalho de campo etnográfico Leituras e reflexões de Etnografias clássicas, diários de campo, viagens e narrativas. MALINOWSKI, Bronislaw. [1922] Introdução ; Capítulo XVII. A magia e o Kula. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores), 1984. MALINOWSKI, Bronislaw. [1967] Um Diário no sentido estrito do termo. Rio: Record, 1997. pp.11-93. GIUMBELLI, Emerson. “Para além do „trabalho de campo: reflexões supostamente malinowskianas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais 17(48):91-107, 2002. CONRAD, Joseph. O Coração das Trevas. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1984. WEBER, Florence. 2009. “A entrevista, a pesquisa e o íntimo, ou: por que censurar seu diário de campo?” Horizontes Antropológicos. 32:157-170, jul./dez. 2009. http://www.scielo.br/pdf/ha/v15n32/v15n32a07.pdf 3ª Aula – 02/04/2014 A pesquisa de campo em antropologia: tradições do trabalho de campo etnográfico Leituras e reflexões de Etnografias clássicas, diários de campo, viagens e narrativas. EVANS-PRITCHARD, Edward E. [1937]. Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. CORDOSO DE OLIVEIRA, Luis. “Concretude simbólica e descrição etnográfica (sobre a relação entre antropologia e filosofia)” in: MANA 19(3): 409-435 2013. GEERTZ, Clifford. “Exibição de slides: as transparências africanas de Evans-Pritchard” in: Obras e vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005. CUNHA, Olívia Maria Gomes da. Tempo imperfeito: uma etnografia do arquivo. Mana, v. 10, n. 2, p. 287 – 322, 2004. LÉVI-STRAUSS, Claude. “Como se faz um etnógrafo” in Tristes Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. CARDOS DE OLVEIRA, Roberto. O Diário e suas margens. Brasília: Ed. UNB, 2002. (trechos a selecionar). SAMAIN, Etienne; MENDONÇA, João Martinho de. Entre a escrita e a imagem. Diálogos com Roberto Cardoso de Oliveira. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 43, n. 1, 2000. MENDONÇA, João Martinho de. Fragmentos dos diários escrito e fotográfico de Cardoso de Oliveira na região dos Ticuna do Rio Alto Solimões. http://www.studium.iar.unicamp.br/seis/diario/ 2 MALYSSE, Stéphane. Diário acadêmico. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. (trechos a selecionar) 4ª Aula – 09/14/2014 A pesquisa de campo em antropologia: tradições do trabalho de campo etnográfico Leituras e reflexões de Etnografias clássicas, diários de campo, viagens e narrativas. GEERTZ, Clifford. “Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura”; “Um jogo absorvente: notas sobre a briga de galos balinesa” in: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara/Koogan, 1989. GEERTZ, Clifford. “Do ponto de vista dos nativos” in: O saber local. Novos Ensaios de Antropologia Interpretativa. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997. GEERTZ, Clifford. Observando o Islã. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. GEERTZ, Clifford. “Estar lá: a antropologia e o cenário da escrita”; “Estar aqui: de quem é a vida, afinal?” in: Obras e vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005. 5ª Aula – 16/04/2014 A pesquisa de campo em antropologia: tradições do trabalho de campo etnográfico Leituras e reflexões de Etnografias clássicas, diários de campo, viagens e narrativas. LEENHARDT, M. Do Kamo. Espanha: Paidós, 1997. CLIFFORD, James. “Trabalho de campo, reciprocidade e elaboração de textos etnográficos: o caso de Maurice Leenhardt” in: A Experiência Etnográfica. Antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998. pp.227-251. GOLDMAN, Marcio. Alteridade e experiência: Antropologia e teoria etnográfica. Etnográfica. Lisboa, v. 10, n. 1, 2006. DESCOLA, Philippe. “Prólogo”; “Domesticando a floresta”; “Epílogo”. As Lanças do Crepúsculo. Relações Jívaro na Alta Amazônia. São Paulo: Cosacnaify, 2006. 6ª Aula – 23/04/2014 A pesquisa de campo em antropologia: tradições do trabalho de campo etnográfico Leituras e reflexões de Etnografias clássicas. Antropologia e teoria etnográfica. GRIOULE, Marcel. Conversations with Ogotemmeli: An Introduction to Dogon Religious Ideas. Oxford University Press, 1975. Ou GRIOULE, Marcel. DIEU D‟EAU, entretiens avec Ogotemmêli (1898-1956). Librairie Arthème Fayard, Paris, 1975, 224 pages. (trechos a selecionar) BRUMANA, Fernando Giobellina. Grioule, a etnografia do segredo in: Cavignac, Julie Antoinette; Grossi, Miriam Pillar; Motta, Antonio (orgs.). Antropologia francesa no século XX. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2006. pp. 127-173. 3 DUMONT, Louis. “O princípio comparativo: o universal antropológico (Marcel Mauss, uma ciência em devenir); A comunidade antropológica e a ideologia” in: O Individualismo. Uma perspectiva antropológica da modernidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. Pp.179‐236 PEIRANO, Mariza. A Favor da Etnografia. Rio de janeiro. Relume Dumará, 1995. http://www.marizapeirano.com.br/livros.htm 7ª Aula – 30/04/2014 O texto etnográfico e suas implicações. Etnografias como textos. CLIFFORD, James. “Sobre a automodelagem etnográfica; Conrad e Malinowski” in: A Experiência Etnográfica. Antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998. MARCUS, George E. y CUSHMAN, Dick E. las etnografias como textos in: REYNOSO, Carlos. El surgimento de la antropología pósmoderna. Barcelona: Gedisa Editorial, 2008. pp. 171-212. ENGLUND, Harri & LEACH, James. Ethnography and the Meta‐Narratives of Modernity in Current Anthropology, Vol. 41, No. 2 (April 2000), pp. 225-248. GOLDMAN, Marcio. Resenha Hastrup, Kirsten. A Passage to Anthropology: Between Experience and Theory, London/New York, Routledge, 1995, 217 Revista de Antropologia. São Paulo, v. 43, n. 2, 2000 . <http://www.scielo.br/scielo. Uma primeira versão deste texto foi publicada em Culture & Psychology 4(2), 259-271, June 1998. 8ª Aula – 07/05/2014 Práticas etnográficas: experiências e reflexividade. LEIRIS, Michel. A África fantasma. São Paulo: Cosac Naify, 2007. Passagens. CLIFFORD, James. “Conte-me sobre sua viagem: Michel Leiris” in: Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 44, n. 2, jul/dez, 2013, p. 137-149. BRIGGIS, Charles. Learning how to ask. A sociolinguistic appraisal of the role of the interview in social science research. Cambridge, University Press, 1996. TEDLOCK, Dennis. A tradição dialógica e o surgimento de uma Antropologia dialógica in: Anuário Antropológico. RJ: Tempo Brasileiro, 1996. 9ª Aula – 14/05/2014 Práticas etnográficas: experiências e reflexividade. Encontro colonial. FABIAN, Johannes. “Language, history and anthropology”; “Genres in an ideology”; “Text as terror”; “Presence and representation” in: Time and the Work of Anthropology. Critical Essays 1971-1991. Routledge: Harwood Academic Publishers. 4 COMAROFF, John & COMAROFF, Jean. Ethnography and The Historical Imagination. Colorado: Westview Press, 1992. Capítulos a definir. ASAD, Talal (ed.). Anthropology & the Colonial Encounter. New York: Humanity Books, 1973. Capítulos a definir. THOMAS, Nicholas. “Against Ethnography” in: Cultural Anthropology, 6 (3): 306-322, 1991. 10ª Aula – 21/05/2014 Práticas etnográficas: experiências e reflexividade. Alteridades em contexto. GOLDMAN, Marcio & LIMA, Tânia Stolze. “Como se faz um Grande Divisor” in: Alguma Antropologia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999, pp. 83-122. LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 2005. LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A Vida de Laboratório. A produção de fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997. NADER, Laura. Ethnography as theory. HAU: Journal of Ethnographic Theory 1 (1): 211–219. VIVEIROS de CASTRO, Eduardo. “O Nativo Relativo”. Mana, 8 (1), 2002: 113-148. WAGNER, Roy. A Invenção da Cultura. São Paulo: Cosac & Naify, 2010. (capítulos). 11ª Aula – 28/05/2014 Práticas etnográficas: experiências, reflexividade e afetos. FAVRET-SAADA, Jeanne. “Ser afetado”. Cadernos de Campo, 13:155-161, 2005. _____. Corps pour corps. Enquête sur la sorcellerie dans le Bocage. Éditions Galimard, 1981. Pp. 09-92; 333-362. (trechos a selecionar) NICOLAS, Laurence Nicolas. “L'empathie, aporie ou doute méthodologique? De l‟affection à la méthode”. Journal des anthropologues [En ligne], 114-115 | 2008, mis en ligne le 01 décembre 2009, consulté le 17 mars 2014. URL : http://jda.revues.org/316. FAVRET-SAADA, Jeanne; ISNART, Cyril. “En marge du dossier sur l‟empathie en anthropologie”, Journal des anthropologues [En ligne], 114-115 | 2008, mis en ligne le 01 décembre 2009, consulté le 18 mars 2014. URL : http://jda.revues.org/323. CARSOSO, Vânia Zikán. Os afetos da descrença. Antropologia em primeira mão. Programa de Pós Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 2009, v 114. STRATHERN, Marylin. “Estratégias antropológicas”; “Um lugar no debate feminista” in: O Gênero da Dádiva. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2006. 5 VIEGAS, Susana de Matos & MAPRIL, José. Mutualidade e conhecimento etnográfico. Etnográfica, 2012, 16 (3): 513-524. 12ª Aula – 04/06/2014 O processo de pesquisa e a produção de teorias e dados na antropologia FELDMAN-BIANCO, Bela. (org.). A Antropologia das Sociedades Contemporâneas. São Paulo: Global, 1987. MAGNANI, José Guilherme C. 1996. “Quando o campo é a cidade: fazendo antropologia na metrópole”. In J.G. Magnani & Lilian de Lucca Torres (orgs.). Na Metrópole: textos de antropologia urbana. São Paulo: Edusp, pp. 12-53. VELHO, Gilberto. 1998. Nobres e Anjos. Um Estudo de Tóxicos e Hierarquia. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas Editora. 214 pp. GOLDMAN, Marcio & LIMA, Tânia Stolze. “Antropologia contemporânea, sociedades complexas e outras questões” in: GOLDMAN, M. Alguma Antropologia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999, pp. 83-122; ECKERT, Cornélia & ROCHA, Ana Luiza Carvalho. Etnografia da duração: antropologia das memórias coletivas em coleções etnográficas. Porto Alegre: Marcavisual, 2013. 13ª Aula – 11/06/2014 Etnografia e questões éticas e jurídicas vinculadas à pesquisa antropológica. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA. Código de ética do antropólogo. Disponível em <www.abant.org.br>. GEERTZ, Clifford. “O pensamento como ato moral: dimensões éticas do trabalho de campo antropológico nos países novos”. Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. Pp. 30‐46. CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O mal estar da ética na antropologia prática. Caminhos da identidade. São Paulo Editora UNESP; Paralelo 15: Brasília, 2006. 225239. CARDOSO DE OLIVEIRA, Luis Roberto. “Pesquisa em versus Pesquisas com seres humanos” in: Oliven, Ruben; Oro, Ari Pedro; Maciel, Maria E.; Víctora, Ceres (orgs.). Antropologia e Ética. O debate atual no Brasil. Niterói: EdUFF, 2004. LEITE, Ilka Boaventura. Questões éticas na entrada e saída de campo in: Cardoso, Vânia Zikán (org.). Diálogos Transversais em Antropologia. Florianópolis: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, UFSC, 2008. FERREIRA, Luciane Ouriques. “A dimensão ética do diálogo antropológico: aprendendo a conversar com o nativo” in: FLEISCHER, Soraya & SCHUCH, Patrice 6 (orgs.). Ética e regulamentação na pesquisa antropológica. Brasília: Editora UnB & Letras Livres, 2010. pp.141-158. FONSECA, Claudia. "Que ética?", "Que ciência?", "Que sociedade?" in: FLEISCHER, Soraya & SCHUCH, Patrice (orgs.). Ética e regulamentação na pesquisa antropológica. Brasília: Editora UnB & Letras Livres, 2010. Pp. 39-70. 14ª Aula – 02/07/2014 Etnografia e questões éticas e jurídicas vinculadas à pesquisa antropológica. CARDOSO DE OLIVEIRA, Luis Roberto. A antropologia e seus compromissos ou responsabilidades éticas in: FLEISCHER, Soraya & SCHUCH, Patrice (orgs.). Ética e regulamentação na pesquisa antropológica. Brasília: Editora UnB & Letras Livres, 2010. pp. 25-38. SCHUCH, Patrice et al (orgs.). Experiências, dilemas e desafios do fazer etnográfico contemporâneo. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2010. (capítulos). FONSECA, Claudia. O anonimato e o texto antropológico: Dilemas éticos e políticos da etnografia “em casa”. Teoria e Cultura, v. 2, n. 1 -2, p. 39 – 53, jan./dez. 2008. FONSECA, Claudia Quando cada caso NÃO é um caso Pesquisa etnográfica e educação. Revista Brasileira de Educação, nº 10, 1999. VIEIRA, Miriam Steffen. Diário de campo em uma instituição de justiça. In: SCHUCH, Patrice et al (orgs.). Experiências, dilemas e desafios do fazer etnográfico contemporâneo. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2010. p. 157 – 164. 15ª Aula – 09/07/2014 Entrega dos esboços de projeto de pesquisa. Seminário de apresentação e debate. 7