FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA INFARTO DO VENTRÍCULO DIREITO AUTORES: Ana Kober Nogueira Leite Lara Sekiguchi Maria Augusta Raphael Oliveira Pinto Raphael Fernando Fonseca Genevcius Thiago Ricardo Roessle Thatiana Schulze ORIENTADOR: Prof. Dr. Afonso Celso Pereira 1 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA I. Introdução I-I Definição Infarto agudo do miocárdio (IAM) é a lesão de células cardíacas devido à isquemia por diminuição ou falta total de fluxo sanguíneo de maneira aguda que pode gerar quadro de dor precordial ou equivalente isquêmico associado ou não a alterações eletrocardiográficas e elevação laboratorial dos marcadores de lesão do miocárdio.1 O infarto do ventrículo direito (IVD) ocorre quando o miocárdio deste ventrículo é o lesado. I-II Epidemiologia A incidência do IAM na população é considerada como inadequada pela literatura2,3, porém sabe-se que é bastante elevada uma vez que é a maior responsável pelos óbitos na maioria dos países.2 Ao longo do século passado, a incidência do IAM aumentou e a sua taxa de letalidade diminuiu. Esse fato pode ser atribuído aos avanços médicos e tecnológicos responsáveis pelos novos métodos diagnósticos e tratamentos hoje instituídos. O IVD normalmente ocorre em conjunto com o infarto de ventrículo esquerdo (IVE) sendo seu acontecimento isolado estimado em menos de 3% das vezes4,5,6,7. Os dados na literatura que os associa ao IVE são muito variados ao longo do tempo, de 14% a 84%4,7,8,9,10 porém mostrando um aumento dessa associação com o passar dos anos, provavelmente pelo fato de o IVD não ser considerado entidade clínica de grande importância até meados dos anos 7011. A associação mais frequente é o IVD e o infarto de parede inferior, chegando a cerca de 50% dos IVD.12,13 I-III Histórico do Infarto de Ventrículo Direito 2 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA O primeiro relato clínico-patológico do IVD foi realizado em 1930 por Sanders14 que ofereceu a descrição abaixo, referente a um paciente em choque, com infarto de parede inferior no eletrocardiograma (ECG) e necrose extensa do ventrículo direito na autópsia: “Fui chamando à beira do leito de um homem, cerca de 30 minutos depois do aparecimento da crise. Ele permanecia apoiado sobre travesseiros, entre amplas janelas abertas. Era bem evidente que estava em choque extremo e em grande sofrimento; sua cor era cinza e estava coberto de suor. Entretanto não apresentava dispnéia notável. Sua queixa era de uma dor agonizante, centrada atrás da parte inferior de seu esterno e estendendo-se para ambos os braços. Ele dizia que a dor nos braços era ainda mais agonizante do que a dor na região do esterno. O pulso radial era, então, de 44 e bem regular, porém muito fraco. Os sons cardíacos eram abafados, mas a frequência ventricular era a mesma do pulso radial. Foi, porém, observado neste momento que os impulsos visíveis das jugulares externas pareciam ter duas vezes a frequência do pulso arterial.” Porém, com o passar dos anos, devido a realização de experiências que consistiam na destruição do ventrículo direito em modelos caninos com pericárdio aberto15,16 o IVD passou a ser considerado, como citado anteriormente, um acontecimento raro e sem repercussões clínicas significativas. Em 1974, com Cohn e associados11, seguido por outros pesquisadores17,18 foi possível estabelecer as particularidades e a real gravidade do IVD, que passou a ser mais estudado e a receber maior atenção no diagnóstico e tratamento. I-IV Anatomia A artéria coronária direita (ACD) origina-se do seio da aorta direito da parte ascendente da aorta e passa para o lado direito do tronco pulmonar, seguindo no sulco coronário. Próximo de sua origem, a ACD geralmente emite um ramo do nó sinoatrial, que supre o nó AS. A ACD então desce no sulco coronário e emite o ramo marginal direito, que supre a margem direita do coração. Após emitir este ramo, a ACD vira para a esquerda e continua no sulco coronário até a face posterior do coração. Na cruz do coração – a junção de septos e paredes das quatro câmaras cardíacas-, a 3 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA ACD dá origem ao ramo do nó atrioventricular, que supre o nó AV. Os nós SA e AV fazem parte do complexo estimulante do coração.19 O domínio do sistema arterial coronário é definido pela artéria que dá origem ao ramo interventricular (IV) posterior (descendente posterior). O domínio da artéria coronária direita é mais comum (aproximadamente 67%); a artéria coronária direita que dá origem ao grande ramo interventricular posterior, que desce no sulco IV posterior em direção ao ápice do coração. Este ramo supre áreas adjacentes de ambos os ventrículos e envia ramos interventriculares septais perfurantes para o septo IV. O ramo terminal (ventricular esquerdo) da ACD continua por uma curta distância no sulco coronário. Assim, no padrão mais comum de distribuição, a ACD supre a face diafragmática do coração, além do átrio direito, a maior parte do ventrículo direito, parte (geralmente o terço posterior) do septo IV, o nó SA (em aproximadamente 60% das pessoas) e o nó AV (em aproximadamente 80% das pessoas).19 É fundamental frisar aqui as diferenças anatômicas e funcionais do ventrículo direito (VD) em relação ao esquerdo (VE) para o melhor entendimento da fisiopatologia do Infarto agudo do miocárdio (IAM) do VD. O VD em relação ao VE possui: a) menor demanda de oxigênio, em relação ao ventrículo esquerdo, uma vez que as paredes do ventrículo direito são 2 a 3 vezes menos espessas do que as paredes do ventrículo esquerdo(MOORE); b) circulação colateral intercoronariano mais rica ; c) a perfusão coronariana na sístole bem como na diástole 20; d) maior capacidade em extrair oxigênio em situações de estresse hemodinâmico; e) provável perfusão direta da câmara cardíaca para o miocárdio do VD através de veias tebesianas.20,21 Isso explica por que o infarto ventricular direito ocorre menos comumente do que seria previsto, uma vez que a artéria coronária direita é o segundo local mais comumente afetado pela oclusão aterosclerótica coronariana, representando cerca de 30 a 40% dos casos, perdendo apenas para o ramo interventricular anterior da artéria coronária esquerda.19,20 4 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA II. Etiologia A principal causa de IAM de VD é a oclusão proximal da coronária direita. Entretanto, também pode ocorrer pela oclusão distal da artéria coronária direita, que resulta em área isquêmica menor do que no primeiro caso (5 versus 15 gramas)7, pela oclusão da artéria descendente anterior esquerda, que também cursa com área de necrose menor (7% versus 28%), porém de parede anterior do VD.7,10 O infarto isolado do VD pode ocorrer 3 a 5% dos de IAM comprovados em autópsias e decorre da oclusão da coronária direita quando o sistema dominante é da coronária esquerda, ou seja, quando esta artéria origina a artéria interventricular posterior.20 5 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA III. Fisiopatologia A oclusão da artéria coronária direita proximal resulta em disfunção da parede livre do ventrículo direito que se torna discinética e isquêmica e é altamente deletéria para a performance biventricular. A diminuição da função sistólica do ventrículo direito leva a uma redução do fluxo transpulmonar da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo e subseqüente depressão global do débito cardíaco. O ventrículo direito isquêmico é rígido, dilatado e volume-dependente, resultando em uma disfunção pandiastólica do ventrículo direito, com um aumento da pressão intrapericárdica. Tal situação altera a complacência do ventrículo esquerdo pelo desvio do septo interventricular para a esquerda. Nestas condições, a pressão gerada no ventrículo direito e seu débito dependem da contribuição contrátil do septo esquerdo, seja pela contração septal primária, ou pelo movimento paradoxal do septo. Prévio déficit contrátil do septo interventricular esquerdo está associado a grave comprometimento hemodinâmico. Quando a lesão coronária é distal aos ramos que se dirigem ao átrio direito, a contratilidade aumentada desta câmara melhora a performance ventricular direita e o débito cardíaco. Ao contrário, oclusões mais proximais resultam em isquemia da parede do átrio direito, com diminuição da contratilidade e, assim, do enchimento ventricular direito, com deterioração da performance do ventrículo direito. Bradiarritmias, achados não raros no infarto do ventrículo direito, com ou sem dissincronias, também contribuem para a piora hemodinâmica.22 Portanto, os infartos do VD ocorrem mais comumente em condições associadas a aumento das necessidades de oxigênio dessa câmara cardíaca, como a hipertensão pulmonar e a hipertrofia do VD. Além disso, verificou-se que o VD pode manter longos períodos de isquemia, e ainda assim demonstrar excelente recuperação da função contrátil após a reperfusão.20 6 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA IV. Diagnóstico O diagnóstico do comprometimento do ventrículo direito em um infarto agudo do miocárdio deve ser feito de forma precoce e precisamente, pois devido a sua patofisiologia as condutas diferem daquelas propostas para o infarto exclusivo do ventrículo esquerdo. Na suspeita a investigação deve ser feita prontamente, pois o ventrículo direito apresenta uma capacidade de recuperar a função rapidamente, tornando os exames mais confiáveis se realizados logo após a apresentação do evento.7,8,10,23,24,25 O infarto de ventrículo direito isolado é um evento extremamente raro, sendo mais comum sua associação com o infarto de parede inferior, chegando a 50%.7,8,10,23,24,25 Por esse motivo o acometimento do ventrículo direito deve ser considerado e pesquisado em todos os pacientes com infarto de parede inferior. IV-I Apresentação Clínica A apresentação clássica do infarto de ventrículo direito: hipotensão, estase jugular e pulmões limpos. A associação dessa tríade com um infarto de parede inferior é praticamente patognomônica de infarto de ventrículo direito.25 Embora bastante específica, a tríade de Cohn apresenta sensibilidade menor do que 25%. No entanto deve-se tomar cuidado já que esses sinais podem não estar presentes se houver hipovolemia, e tornarem-se aparentes apenas após infusão de volume. O infarto de ventrículo direito também pode cursar com a presença do sinal de Kussmaul (distensão da veia jugular na inspiração), bradicardia, bloqueio atrioventricular, insuficiência tricúspide, galope de ventrículo direito ou pulso paradoxal.25,26,27 A associação entre estase jugular e presença do sinal de Kussmaul tem uma sensibilidade e especificidade altas (88% e 100% respectivamente).28 A presença e severidade dos sinais clínicos no infarto de ventrículo direito dependem do grau de disfunção e dilatação do ventrículo. Nos casos de isquemia extensa podem estar presentes sinais de insuficiência cardíaca direita aguda como hepatomegalia, ascite e edema periférico, 7 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA porém essa apresentação não costuma ocorrer na fase aguda, e seu aparecimento duas ou três semanas depois indica necrose extensa do ventrículo e átrio direitos.26 IV-II Eletrocardiograma Nos pacientes que apresentam isquemia de parede inferior (evidenciado nas derivações II, III e aVF) devem ser realizadas as derivações precordias direitas (V3R, V4R principalmente) para investigação do acometimento do ventrículo direito também.29 A elevação do segmento ST nas derivações precordiais direitas > 1 mm é um achado útil para se estabelecer o diagnóstico de infarto do ventrículo direito. Essa elevação do segmento ST do lado direito (principalmente V4R) indica lesão aguda do miocárdio e tem uma correlação importante com a oclusão proximal da artéria coronária direita.30,31 O supra desnivelamento do segmento ST em V4R apresenta uma sensibilidade variando de 37-100% e uma especificidade de 68-95% na literatura, dependendo da população estudada.32 (EKG 2002). A associação é mais importante quando há uma elevação >1 mm ao invés de > 0,5 mm como considerado por alguns autores.26 (Figura 1) O supra-desnivelamento de ST nas derivações direitas é transitório e ocorre apenas nas primeiras 12-24 horas do infarto.33,34 Outro aspecto sugestivo de infarto de ventrículo direito é a elevação do segmento ST maior na derivação III do que na II, com uma sensibilidade de 97%, uma especificidade de 56% e um valor preditivo negativo de 95%.35 Quando não associado à isquemia de parede inferior não observamos uma boa sensibilidade na avaliação pelas derivações precordiais direitas. Quando associado a um infarto de parede anterior, foi observada boa sensibilidade e especificidade para a presença de depressão do segmento ST nas derivações inferiores.36 Há também uma associação importante entre a presença de infarto de ventrículo direito e um risco maior de bloqueio átrio-ventricular. 8 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA IV-III Ecocardiograma O ecocardiograma apresenta limitações na avaliação do ventrículo direito, pois esse não é bem visualizado e a interpretação da função do ventrículo direito pode ser alterada por processos pulmonares como, tromboembolismo pulmonar ou doença pulmonar obstrutiva. Apesar dessas limitações pode ser um exame útil na suspeita de infarto do ventrículo direito já que pode ser realizado na beira do leito na sala de emergência e não é invasivo.27 Pode-se visualizar as dimensões do ventrículo direito, movimentação das paredes e do septo interventricular.26 (Figura 2) O guideline de 2007 do Colégio Americano de Cardiologia/American Heart Association para avaliação de infartos com supra desnivelamento de ST sugere a realização de ecocardiograma em pacientes com infarto de parede inferior e comprometimento hemodinâmico.29 As alterações mais comumente encontradas são dilatação e hipocinesia do ventrículo direito e parede inferior do ventrículo esquerdo, movimento paradoxal do septo interventricular para o interior do ventrículo (devido ao aumento da pressão diastólica final do ventrículo direito), refluxo tricúspide e abaulamento do septo interatrial para a esquerda (associado com pior prognóstico).27 O cálculo da fração de ejeção do ventrículo direito também pode ser útil, sendo que se for menor do que 30% apresenta uma sensibilidade e especificidade de 69% e 97% respectivamente para infarto de ventrículo direito. No entanto, existe uma diferença importante entre uma disfunção leve na contratilidade e uma deteriorização importante na função do ventrículo direito. As alterações ecocardiográficas mais associadas com infarto hemodinamicamente importante são: aumento do ventrículo direito, diminuição na descida da base do ventrículo direito e pletora da veia cava inferior.37 Existe também a descrição do uso do ecocardiograma para avaliar a viabilidade miocárdica após terapia de reperfusão. Neste caso são administradas baixas doses de dobutamina e um aumento significativo na 9 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA função do ventrículo direito após administração indica viabilidade miocárdica.38 O ecocardiograma também é importante, pois permite o diagnóstico diferencial com outras situações como pericardite constritiva, embolia pulmonar, tamponamento cardíaco entre outras. IV-IV Outros Exames Dentro da cardiologia nuclear existem alguns exames que podem ser úteis na avaliação do infarto de ventrículo direito, porém são pouco utilizados atualmente para o diagnóstico inicial do infarto por serem muitas vezes demorados, pouco acessíveis e difíceis de serem realizados na beira do leito. A ventriculografia radioisotópica e a cintilografia com tecnécio apresentam sensibilidade e especificidade aceitáveis para o diagnóstico de infarto de ventrículo direito. A ventriculografia permite avaliar anormalidades na parede, hipoperfusão e fração de ejeção. A cintilografia é útil na avaliação tardia, pois permite visualizar áreas de miocárdio necrótico.39,40,41 Ambos são mais apropriados para avaliação da extensão do infarto e disfunção do ventrículo mais tardiamente do que no diagnóstico inicial. A tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) também é uma possibilidade que permite avaliar a quantidade de miocárdio em risco e as porções de parede viáveis, com sensibilidade e especificidade superiores ao eletrocardiograma e ecocardiograma. A ressonância magnética contrastada com gadolíneo é o exame de referência para avaliar dimensões e função do ventrículo direito.42 Ao analisar pacientes com infarto de parede inferior a ressonância magnética contrastada apresentou sensibilidade maior para detecção de infarto de ventrículo direito do que o exame físico, eletrocardiograma e ecocardiograma.43 (Figura 3) Apresenta sensibilidade e especificidade semelhantes as do obtidas com SPECT para diagnosticar infarto de ventrículo direito, porém com tempo menor para obter a imagem.38,42 10 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA No entanto, este exame é ainda pouco acessível, de custo extremamente alto e com pouca experiência em pacientes com infarto de ventrículo direito, portanto seu papel no diagnóstico e prognóstico dessa entidade ainda não foi estabelecido. 11 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA V. Tratamento Pacientes que apresentem dor torácica que sugiram isquemia miocárdica devem ser encaminhados rapidamente a uma sala de emergência, onde deverão ser executadas algumas metas já nos primeiros 10 minutos: 1) Acesso venoso e monitorização cardíaca. 2) Anamnese e exame físico direcionado. 3) Verificação dos sinais vitais. 4) Realização de exames laboratoriais iniciais. 5) Verificação das contra-indicações absolutas e relativas para possível terapia trombolítica. 6) Realização e interpretação do ECG. 7) Início do tratamento com AAS, oxigênio, nitratos, morfina, beta-bloqueadores e clopidogrel, não havendo contra-indicações.22 No momento em que é diagnosticado infarto do ventrículo direito através do ECG, a conduta e o tratamento estará diretamente relacionada a patofisiologia do ventrículo direito: restauração do ritmo cardíaco; otimização da pré-carga ventricular; otimização da demanda e do suporte de oxigênio; suporte inotrópico parenteral na persistência de um comprometimento hemodinâmico; revascularização; suporte mecânico com balão intra-aórtico ou dispositivos de assistência ventricular.23 A restauração do ritmo cardíaco tem importância já que pacientes com infarto de ventrículo direito são propensos a apresentarem bradicardia reflexo-mediada, podendo evoluir para uma dissincronia átrioventricular. Essa dissincronia provoca uma falha de enchimento do ventrículo direito, com uma diminuição da pré-carga ventricular, exacerbando o cromprometimento hemodinâmico. A droga de escolha é a Atropina embora o uso de marca-passo transitório seja freqüentemente utilizado na restauração do ritmo cardíaco.23 Como o débito cardíaco é dependente do enchimento do ventrículo esquerdo, uma diminuição da pré-carga do ventrículo direito proporcionará uma queda do volume para o ventrículo esquerdo e conseqüentemente uma diminuição do débito cardíaco. Para que isso seja evitado deve ser feito expansão de volume e evitar drogas ou manobras que provoquem uma redução da pré-carga. A expansão volêmica deve ser realizada com solução isotônica salina, na ausência de edema pulmonar, para que se corrija a hipotensão e aumente 12 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA o débito cardíaco, embora alguns estudos clínicos em humanos mostraram respostas variáveis.11,23,44,45,46,47,48 O uso de diuréticos e nitratos deve ser evitado já que provocam diminuição da pré-carga, enquanto drogas como os betabloqueadores e bloqueadores do canal de cálcio devem ser evitadas por reduzirem a freqüência e a contratilidade cardíaca.23 Quando a expansão volêmica mostra-se insuficiente, pode-se optar por drogas inotrópicas, que tem como característica melhora do desempenho do ventrículo direito devido a um aumento da contratilidade septal e redução da resistência vascular periférica e conseqüentemente da póscarga direita. A droga de escolha é a Dobutamina, e sua dose inicial é de 5µg/kg/min podendo ser aumentada até 20 µg/kg/min.23 A partir do momento em que todas as medidas iniciais de tratamento já foram iniciadas deve-se escolher a forma de terapia de reperfusão. Consiste em medidas para que a área de miocárdio isquemiadas tenha sua reperfusão restabelecida. As formas mais utilizadas são a química,por meio de medicações trombolíticas, e a mecânica, pela angioplastia primária e está recomendada pela ACA/AHA desde 2004.49 A terapia de reperfusão está indicada quando o paciente apresenta três critérios: Quadro clínico compatível com infarto agudo do miocárdio; presença de supra desnivelamento de ST em ECG, maior que 1mm em duas ou mais derivações de uma mesma parede ou de um bloqueio de ramo esquerdo novo ou supostamente novo; intervalo entre o início dos sintomas e chegada ao serviço de emergência menor do que 12 horas.22 Deve-se considerar quanto ao método de reperfusão primeiramente a disponibilidade de centro e operadores aptos à realização de angioplastia primária. Em segundo lugar deve-se considerar o tempo para se iniciar a terapia de reperfusão. A angioplastia primária deve ser realizada dentro de um tempo porta-balão de noventa minutos, tempo definido como o intervalo entre a chegada do paciente ao serviço de emergência e a angioplastia propriamente dita. Na impossibilidade de atingir essa meta deve-se proceder a trombólise química, cujo tempo máximo de realização é de trinta minutos desde a chegada do paciente. 13 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA Paciente que é submetido à reperfusão precocemente já apresenta uma melhora clínica já nas primeiras vinte e quatro horas, apresentando uma motilidade melhorada logo após a angioplastia em 76% dos casos. Pacientes que são submetidos a uma reperfusão com sucesso apresentarão um ventrículo direito com funcionalidade normal em 95% dos casos já nos primeiros 3-5 dias, já a partir da 1ª hora.49 14 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA VI. Complicações As complicações do infarto do miocárdio estão relacionadas a fatores miocárdios, incluindo tamanho, extensão transmural e localização do infarto, e a fatores coronários como magnitude e gravidade da doença arterial coronária, bem como condição da artéria relacionada ao infarto, isto é, pérvia ou ocluída.50 Tudo indica que a participação do comprometimento do VE, sobretudo nos infartos que acometem a parede infero-latero-dorsal, é a responsável pela síndrome de baixo débito existente. Além deste fator superpõem-se a bradicardia sinusal, os bloqueios átrio-ventriculares de graus variados. Em alguns casos pode ocorrer grave insuficiência tricúspide perpetuando o choque. Estes fatores devem ser detectados precocemente antes que o choque se torne irreversível. Fisiopatologicamente o choque por comprometimento do VD pode ocorrer por disfunção do VD comprometendo a parede livre ou septo interventricular causando o movimento paradoxal. Esta disfunção promove a dilatação da cavidade ventricular e conseqüente elevação da pressão inter-pericárdica.11 Como o ventrículo direito é uma câmara de parede fina que funciona com baixas demandas de oxigênio e baixa pressão com perfusão coronárias através de toda a sístole e diástole, é incomum infarto irreversível extenso. São mais típicos disfunção isquêmica e “atordoamentos” transitórios, sendo a recuperação a longo prazo a regra. Um retardo da condução intraventricular pode ser observada em 42% dos pacientes com infarto do VD.51 As complicações mecânicas incluem a rotura espontânea da parede livre do VD e do septo interventricular, enquanto que os bloqueios atrioventriculares de segundo grau e total, além da taquicardia ventricular, fibrilação ventricular e fibrilação atrial resumem as complicações elétricas do infarto do VD, que ocorrem basicamente pela parada da perfusão do nó sinoatrial, irrigado pela artéria coronária direita, causando distúrbio da condução que pode ser permanente ou transitório, devido à lesão anatômica ou funcional, e 15 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA levando finalmente a um retardo de condução do impulso atrial até os ventrículos. Em relação às alterações hemodinâmicas, a hipotensão arterial e o choque cardiogênico no infarto do VD ocorrem mais comumente no decorrer das primeiras 24 horas após o evento.52,53 A ruptura de septo interventricular representa 1 a 3 % das complicações do infarto agudo do miocárdio. Com a reperfusão do músculo cardíaco comprometida passa a se desenvolver no sítio do infarto necrose de coagulação em aproximadamente 3 a 4 dias após o evento, com inúmeros neutrófilos sofrendo apoptose e liberando enzimas líticas, potencializando a destruição miocárdica. As rupturas precoces ocorrem em infartos transmurais e quando o paciente sobrevive o septo torna-se fibrótico. A porcentagem da mortalidade intra-hospitalar chega a 45% naqueles que receberam tratamento cirúrgico e 90% nos que receberam tratamento clínico apenas.53 O choque cardiogênico desenvolve-se por falência da bomba cardíaca acometida. O paciente em choque cardiogênico clássico complicando um infarto do miocárdio tem hipotensão sistêmica grave, hipoperfusão de órgãos terminais , membros frios, oligúria e angústia respiratória causada pelo edema pulmonar. 50 A mortalidade intra-hospitalar de pacientes que desenvolveram choque pós infarto de VD foi de 53%, dado que se aproxima da porcentagem para o infarto de VE com choque (61%) o que nos mostra a gravidade desta complicação, independente da câmara cardíaca acometida.54 O prognóstico para o infarto do VD é determinado, em grande parte, pelo grau de infarto do VE associado. O infarto de VD é um fator de risco independente para morte nos pacientes com infarto do miocárdio de parede inferior e esse risco aumenta substancialmente com a idade. Os pacientes com infarto de VD isolado e função do VE normal ou pouco alterada raramente apresentam comprometimento hemodinâmico grave provocando a morte. O prognóstico a longo prazo nos sobreviventes de infarto de VD agudo é excelente, com melhora da fração de ejeção do VD com o passar do tempo.22,55 16 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA VII. Caso Clínico Paciente C.J.C. de 78 anos, sexo feminino, dá entrada no Pronto Socorro Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Apresenta antecedentes de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes melitus (DM), dislipidemia(DLP) e neoplasia de orofaringe com traqueostomia prévia. Vem acompanhada por familiares, com história de vômitos há 3 dias, sem febre, sem diarréia, referindo tonturas giratórias, mal estar e fraqueza. Nega dor torácica. Durante o exame físico da entrada, paciente apresenta-se hipotensa, ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares presentes e sem ruídos adventícios, má perfundida perifericamente, com pressão arterial inaudível, apresentando rebaixamento do nível de consciência. Foi encaminhada para a emergência. Na emergência foram realizados Rx de tórax, sem evidências de congestão pulmonar; gasometria arterial; iniciado ventilação mecânica; hidratação vigorosa; iniciado dopamina 10 mcg/kg/min, tentado passar marcapasso transvenoso. Foi necessário solicitar o bip da cirurgia cardíaca, sendo passado marcapasso temporário transvenoso em veia subclávia esquerda. O ECG apresentava bradicardia, fibrilação atrial, supra desnivelamento de segmento ST em parede inferior e bloqueio átrio ventricular total. Nessa situação a paciente apresentou IAM sem ter apresentado história de dor torácica, fato que pode estar presente em pacientes diabéticos. Após um dia na emergência, paciente evolui necessitando de doses progressivas de droga vasoativa, ausculta pulmonar sem alterações, oligúrica. Foi realizado ecocardiograma com discreta hipocinesia septal, alteração do relaxamento de ventrículo esquerdo e fração de ejeção normal. Foi solicitado novo ECG com padrão de bloqueio de ramo esquerdo. Nas derivações precordiais direitas, o ECG apresenta supra desnivelamento de segmento ST em V3r e V4r. Paciente evolui à PCR, sem sucesso na reanimação. Óbito às 22:15h. Na necrópsia foi evidenciado infarto de parede posterior de ventrículo esquerdo e ventrículo direito. Foi encontrado também cortes 17 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA do fígado com aspecto de noz moscada, evidenciando congestão passiva aguda causada pela insuficiência cardíaca direita. 18 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA VIII. Conclusões O infarto do miocárdio do ventrículo direito, há muito tempo subestimado devido a métodos diagnósticos inadequados e a suposições não confirmadas que não reconheciam sua importância, é atualmente reconhecido como ocorrendo em 30 a 40% dos pacientes com infarto inferior, estando claramente associado ao infarto do ventrículo esquerdo anterior. As funções sistólica e diastólica do ventrículo direito, exacerbadas pela restrição pericárdica e pela disfunção ventricular esquerda concomitante, contribuem para o choque cardiogênico e a acentuada dependência da pré-carga frequentemente encontrada. Deve-se suspeitar de infarto do ventrículo direito pelo exame clínico, o qual pode ser confirmada usando-se critérios eletrocardiográficos, ecocardiográficos e hemodinâmicos bem definidos. Uma vez diagnosticado, o infarto do ventrículo direito exige tratamento médico específico, inclusive o uso cuidadoso da expansão de volume e terapia inotrópica. Intervenções mecânicas e cirúrgicas são de valor potencial para tratar de distúrbios hemodinâmicos e complicações características. Com o tratamento precoce apropriado, os pacientes com infarto de ventrículo direito apresentam prognóstico favorável. Quanto menor o intervalo entre o início dos sintomas e a instituição do tratamento, melhor o prognóstico do paciente, principalmente quando consideradas as terapias de reperfusão.51 VIII-I Fluxograma de diagnóstico e conduta Em no máximo 30 minutos desde a chegada do paciente ao hospital, o diagnóstico de IAM com supre de ST já foi realizado, as medidas inicias de tratamento já foram instituídas e a forma de terapia de reperfusão, caso esteja indicada, já foi escolhida. 19 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA Quadro Clínico: dor torácica, palidez cutânea, náuseas, ausência de dispnéia, estase jugular, ausculta cardíaca com baixa freqüência de batimentos, bulhas abafadas, ausculta pulmonar normal, extremidades frias, sudorese difusa, hipotensão. Tríade: hipotensão, pulmão sem congestão, aumento da pressão jugular. ECG: deve ser obtido e interpretado em um intervalo de 10 minutos da chegada do paciente. Derivação precordial direita (V4R) com elevação de ST em 1 mm fundamental para o diagnóstico. ECO: dilatação ventricular direita, ascinesia e discenesia, aumento do volume atrial direito, desvio septal por aumento da pressão diastólica final do VD. Doppler: regurgitação tricúspide, CIV, shunt de forame oval patente, abertura prematura da valva pulmonar RX tórax: útil para diagnóstico diferencial de dor torácica e para avaliar o alargamento do mediastino, principalmente nos indivíduos candidatos à terapia fibrinolítica. Marcadores de necrose miocárdica: não influenciam na conduta inicial do IAM com supra de ST, uma vez que as medidas iniciais e a terapia de reperfusão não podem ser retardadas pela espera de tais exames. Dados hemodinâmicos: 1- pressão atrial direita ≥ 10 mmHg 2- relação entre pressão atrial direita e pressão capilar pulmonar > 0,8 mmHg Abordagem na Emergência: Acesso venoso e monitorização cardíaca Controle dos sinais vitais Pesquisar as contra-indicações para possível terapia trombolítica Otimizar suprimento e demanda de oxigênio Otimizar a pré-carga ventricular: expansão volêmica com solução salina Suporte inotrópico parenteral: dobutamina Balão intra-aórtico: choque refratário 20 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA Indicações da terapia de reperfusão: 1- quadro clínico compatível com IAM 2- presença de supra de ST maior que 1 mm em duas ou mais derivações de uma mesma parede ou de um bloqueio de ramo esquerdo novo ou supostamente novo 3- intervalo entre o início dos sintomas e a chegada ao servição de emergência menos que 12 horas. Medicações trombolíticas: Angioplastia primária Estreptoquinase, rTPA Critérios de reperfusão: 1234- melhora da dor redução do supre de ST em 50% pico precoce de enzimas arritmias de reperfusão Sim Não Angioplastia de resgate22 21 FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO – FCMSCSP DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA – DISCIPLINA DE EMERGÊNCIAS EM CLÍNICA MÉDICA IX. Bibliografia 1- Thygesen K, Alpert JS, White HD, Jaffe AS, Apple FS, Galvani M, Katus HA e cols. Universal definition of myocardial infarction: Kristian Thygesen, Joseph S. Alpert and Harvey D. White on behalf of the Joint ESC/ACCF/AHA/WHF Task Force for the Redefinition of Myocardial Infarction. Eur. Heart J. Oct, 28(20):2525-38, 2007 2- III Diretriz sobre tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 83, Suplemento IV, Setembro 2004 3- Guimarães HP, Avezum A, Piegas LS. Epidemiologia do infarto agudo do miocárdio. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo. 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