UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FISIOTERAPIA FRANCIANI RODRIGUES ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO PNEUMOFUNCIONAL E DAS HABILIDADES MOTORAS DURANTE 4 ANOS DE AVALIAÇÃO EM PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: UM ESTUDO DE CASO CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 FRANCIANI RODRIGUES ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO PNEUMOFUNCIONAL E DAS HABILIDADES MOTORAS DURANTE 4 ANOS DE AVALIAÇÃO EM PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: UM ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharelado no curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Prof. (ª) Generoso Bitencourt Dra. Lisiane Tuon Co-Orientador: MsC. Clarissa Martinelli Comim Colaborador: Prof. Kristian Madeira CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 2 FRANCIANI RODRIGUES ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO PNEUMOFUNCIONAL E DAS HABILIDADES MOTORAS DURANTE 4 ANOS DE AVALIAÇÃO EM PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: UM ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, 23 de Novembro de 2009. BANCA EXAMINADORA 3 Dedico este trabalho aos meus pais e ao meu irmão que me ensinaram que mesmo com as caminho, dificuldades os sonhos encontradas não deixados em segundo plano. podem no ser 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus que me proporcionou forças pra não desistir no caminho desta longa jornada. Porque pedras no caminho para realizar este grande sonho foram muitas encontradas, mas nada foi suficiente para me fazer esquecer os meus ideais. Quero agradecer a minha família maravilhosa. Ao meu pequeno, mas grande pai Adolar, que sempre foi o meu grande companheiro, meu ombro amigo que sempre esteve disposto a ouvir as minhas histórias e meus sonhos. A minha mãe Ani que sempre foi muito exigente comigo e que me fez uma mulher dedicada, esforçada e crítica. Também me ensinou o quanto é bom ajudar ao próximo e doarse aos outros fazendo o melhor de si. Ao meu irmão Mauro Eduardo, que sempre foi muito companheiro, que cresceu ao meu lado quando criança, que sempre foi muito carinhoso e atencioso. Amo vocês, vocês são muito importantes na minha vida, sem vocês a minha vida não teria sentido, me desculpe se alguma vez fiquei ausente ou distante de vocês mas foi a maneira encontrada para chegar até aqui. Ao meu amor Luís Alexandre que me ensinou o quanto é importante viver intensamente, que o momento é hoje e o amanhã é outro dia. Que sempre me ajudou com suas palavras acolhedoras, que nunca desistiu de incentivar os meus ideais, que me ajuda emocionalmente e financeiramente. Que dizia: “vem cá que eu quero te tomar nota”, sempre me exigindo para ser uma profissional de sucesso. Que muitas vezes pegava no meu pé por eu tentar salvar o mundo e tentar resolver tudo. É meu amor, por isso estamos há quase 7 anos juntos construindo o início de uma história de amor. Sabe, é muito bom estar ao seu lado todos os dias e construir uma família feliz. Espero que o nosso amor dure até a eternidade. Eu te amo muito! Quero agradecer aos meus avós Ido e Anita que mesmo longe sempre sonharam com a primeira neta se formando. Em especial a Vó Izabel que me ajudou financeiramente no início da faculdade para iniciar este grande sonho em conquistar uma graduação e que sempre ficava anciosa esperando as minhas ligações para saber como estava os estágios e a minha vida por aqui. Agradeço a sua atenção e o seu amor. Não posso deixar o meu carinho especial à tia Branca que sempre acreditou na minha capacidade desde a minha infância. Você foi muito especial na 5 formação pessoal. Em especial a minha amável orientadora Lisiane Tuon que sempre enchia a minha caixa de email de serviços e atividades extras quase todos os dias e que acreditou no meu trabalho. Que investiu na minha capacidade profissional e me incentivou no caminho da pesquisa. Lisi, obrigada por ser tão exigente comigo, você foi uma pessoa muito especial nestes 4 anos de convivência. Vou ser sincera muitos dias eu pirava de tantas coisas para fazer, mas tudo foi válido. Obrigada por tudo! Ao professor Kristian Madeira por ter me ensinado a importância da análise estatística e verificar que cada dado é individual e que a sua análise deve ser feita com responsabilidade. Muito obrigada hoje tenho maior confiança para desvendar os mistérios do SPSS. Quero agradecer também aos demais professores que de alguma forma contribuíram para a minha formação. Sem nominar serei eternamente grata! Aos meus colegas de faculdade que ficamos durante 5 anos juntos quase todos os dias. Em especial a Larissa Hoffmann e Diuli Hoffmann por formarmos um trio que desde o início da faculdade não se desgrudou. A Gi por ser uma pessoa tão amada e atenciosa e ter deixado o meu abdômen definido. A todos os meus colegas que acreditaram nas minhas análises estatísticas e me fizeram aprender diversos assuntos. Enfim, agradeço a todos por terem feito parte da minha vida. Aos pacientes que passaram nos estágios e aos pacientes da ASCADIM que me fizeram crescer como profissional. Aprendi que o ser humano precisa ser tocado e que um sorriso no rosto ao recebê-los é o melhor remédio que podem receber. Por fim, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para chegar até aqui. Muito Obrigada! 6 “Não somos o que deveríamos ser, não somos o que desejamos ser, não somos o que iríamos ser, mas graças a Deus não somos o que éramos”. Martin Luther King 7 RESUMO A Distrofia Muscular de Duchenne é um distúrbio muscular na infância de rápida progressão e é a mais grave das distrofias musculares. Frequentemente acomete meninos e o início das alterações começaram em torno dos 3 anos de idade. A grande importância deste trabalho se atribui à análise evolutiva de paciente com DMD através de estudo de caso, devido a isto, este estudo tem como objetivo “analisar o comprometimento pneumofuncional e das habilidades motoras em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne durante 4 anos de avaliação. Foram realizadas coletas dos prontuários das avaliações Fisioterapêuticas de T.B.M. entre os anos de 2006 a 2009, sendo que, os dados coletados foram: para análise de função respiratória: espirometria, Peak Flow e Manuvacuômetro e para análise das habilidades motoras: Índice de Barthel e Performance Muscular, para o relato do caso foram utilizados dados como a história clínica do paciente e realizado uma análise com registros fotográficos das suas capacidades e habilidades motoras preservadas. Com os resultados obtidos no presente estudo pode-se constatar que houve diminuição da capacidade pneumofuncional e das habilidade motoras nos quatro anos de avaliações realizadas. Em relação aos valores de significância estatística evidenciou-se correlação estatística apenas nas habilidades motoras quando comparado funcionalidade e performance muscular não apresentando significância quando comparado os valores encontrados na avaliação respiratória nos quatro anos realizados em relação a normalidade descrita pela a literatura. Palavras-chave: Função Motora. Função Respiratória. Distrofia Muscular de Duchenne. Estudo de Caso. 8 ABSTRACT The Duchenne Muscular Dystrophy is an muscular disorder in childhood with fast development and it is more serious of the muscular disorders. Frequently affects boys and the beginning of the alterations start arround 3 years old. The largest importance of this study is the evolution analysis of patients with DMD trough the case study, because of this, this study aims analyzethe pneumofunctional and motor skills behaviors in DMD patients during4 years f evaluation. Records collections of Physioterapeutic evaluations of T.B.M. was made between 2006 and 2009, were datascollectedwas: to respiratory function analysis: spyrometry, Peak Flow and manovacuometry and for motors skills analysis: Barthel index and muscular performance, to the case report was used datas as the clinical history of the patient and was made an analysis with photografics records of the motor skills and capacities preserved. With those results, we can note that there was a decreaseof the pneumofunctional capacity and the motor skills in this four years of evaluations. About the values of statistic significance, we can evidence statistic correlation just in motor skills compared muscular performance and functionality not showing significance compared values founded in the respiratory evaluation in those four years related to mormality describe by literature. Key Words: Motor Function. Respiratory Function. Duchenne Muscular Dystrophy. Case Report. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Genética .................................................................................................. 19 Figura 2 – Distrofina ................................................................................................. 20 Figura 3 – Pseudo-Hipertrofia da Panturrilha ........................................................... 22 Figura 4 – Sinal de Gowers ...................................................................................... 23 Figura 5 – Estágio Inicial até o Final da Deambulação ............................................. 24 Figura 6 - Postura conforme a Evolução da Distrofia Muscular de Duchenne.......... 25 Figura 7 – Nascimento.............................................................................................. 41 Figura 8 – Seu Sonho aos 9 anos era Voar.............................................................. 42 Figura 9 – T.B.M. aos 10 anos de Idade................................................................... 42 Figura 10 – Brincando com sua motoca aos 10 anos de idade ................................ 43 Figura 11 – Aos 11 anos de idade ............................................................................ 43 Figura 12 – Chegada aos EUA para Tratamento ..................................................... 44 Figura 14 – Fisioterapia Motora na ASCADIM.......................................................... 45 Figura 15 – Fisioterapia Respiratória na ASCADIM ................................................. 45 Figura 16 – Hidroterapia – Alongamento .................................................................. 46 Figura 17 – Hidroterapia - Imersão ........................................................................... 46 Figura 18 – Hidroterapia – Inspiração Profunda Sustentada .................................... 46 Figura 19 – Tocando Guitarra Havaiana Adaptada .................................................. 47 Figura 20 – Tocando Bateria Eletrônica Adaptada ................................................... 48 Figura 21 – Teclando no Computador ...................................................................... 48 Figura 22 – Tomando Café ....................................................................................... 48 Figura 23 – Escovando os Dentes ............................................................................ 49 Figura 24 – Fazendo a Barba ................................................................................... 49 Figura 25 – Avaliação da PiMáx ............................................................................... 50 Figura 26 – Avaliação da PeMáx .............................................................................. 51 Figura 27 – Capacidade Vital ................................................................................... 52 Figura 28 – Peak Flow .............................................................................................. 54 Figura 29 – Funcionalidade e Performance Muscular .............................................. 55 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Quantificação do Distúrbio ...................................................................... 30 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABDIM – Associação Brasileira de Distrofias Musculares Progressivas ASCADIM – Associação Sul Catarinense de Familiares e Portadores de Distrofias Musculares Progressivas AVD´s – Atividades de Vida Diária CK – Proteína Sérica Creatino-Kinase cmH2O – Centímetros de Água CPT – Capacidade Pulmonar Total CV – Capacidade Vital DMD – Distrofia Muscular de Duchenne DNA – Ácido Desoxirribonucléico L/min – Litros por minuto OMS – Organização Mundial de Saúde Pemáx – Pressão Expiratória Máxima Pimáx – Pressão Inspiratória Máxima RNAm – Ácido Ribonucléico Mensageiro SPSS – Statistical Package for the Social Sciences VC – Volume Corrente VR – Volume Residual VRE – Volume de Reserva Expiratória VRI – Volume de Reserva Inspiratória 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 17 2.1 Definição ........................................................................................................... 17 2.2 Histórico ............................................................................................................ 17 2.3 Incidência .......................................................................................................... 18 2.4 Genética ............................................................................................................ 18 2.5 Fisiopatologia ................................................................................................... 20 2.6 Quadro Clínico .................................................................................................. 21 2.7 Diagnóstico ....................................................................................................... 25 2.8 Comprometimento Respiratório ...................................................................... 27 2.8.1 Avaliação do Envolvimento dos Músculos Respiratórios ......................... 30 2.9 Comprometimento Cardíaco ........................................................................... 32 2.10 Habilidades Motoras....................................................................................... 33 2.10.1 Funcionalidade ............................................................................................ 33 2.10.2 Performance Muscular ................................................................................ 34 2.11 Tratamento ...................................................................................................... 34 2.11.1 Tratamento Fisioterapêutico....................................................................... 35 3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 38 3.1 Caracterização do Estudo ................................................................................ 38 3.2 Caracterização da Amostra ............................................................................. 38 3.3 Instrumentos para Coleta de Dados ............................................................... 38 3.4 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................ 39 3.5 Aspectos Éticos ................................................................................................ 39 3.6 Procedimentos para Análise dos Dados ........................................................ 39 4 RELATO DO CASO .............................................................................................. 41 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 50 5.1 Avaliação Pneumofuncional ............................................................................ 50 5.1.1 Pressão Inspiratória Máxima ........................................................................ 50 5.1.2 Pressão Expiratória Máxima ......................................................................... 51 5.1.3 Prova da Função Pulmonar .......................................................................... 52 5.1.4 Peak Flow ....................................................................................................... 53 13 5.2 Habilidades Motoras......................................................................................... 54 5.2.1 Funcionalidade e Performance Muscular .................................................... 55 6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 56 7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 60 7.1 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES ............................................................... 61 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 62 APÊNDICES ............................................................................................................. 68 ANEXOS .................................................................................................................. 73 14 1 INTRODUÇÃO Como objeto de pesquisa deste estudo tem-se analisar o comprometimento pneumofuncional e habilidades motoras durante 4 anos de avaliação em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne. A Distrofia Muscular de Duchenne é um distúrbio muscular na infância de rápida progressão e é a mais grave das distrofias musculares (STOKES, 2000). Na metade do século XIX, os médicos descobriram que a fraqueza dos músculos voluntários poderia ser causada por uma degeneração primária destes, onde o termo “distrofia muscular” designa esta característica de degeneração, sendo freqüentemente de caráter hereditário, e implacavelmente progressivo. O estudo morfológico demonstrou necrose das fibras musculares, atividade regenerativa, fibrose progressiva e troca de fibra muscular por tecido adiposo (RUBIN e FARBER, 2002; MARQUES, 2004; MATSUO, 2006). Essa patologia acomete indivíduos do sexo masculino. O início das alterações aparecem por volta dos 3 anos de idade. Com a progressão da distrofia, o paciente torna-se incapacitado de deambular, a marcha torna-se bamboleante, débil e com extrema dificuldade para subir e descer escadas (SLUTZKY, 1997; CAMBIER et al. 1999). Nos pacientes portadores de Distrofia Muscular de Duchenne, ocorre fraqueza na musculatura respiratória, sendo esta responsável pelo maior número de complicações respiratórias e causa de óbito desses pacientes (SLUTZKY, 1997). Baseado no contexto apresentado formulou-se a seguinte questão problema: Qual a evolução do comprometimento pneumofuncional e das habilidades motoras em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne durante 4 anos de avaliação? Para melhor direcionar o problema assim exposto, apontam-se as seguintes questões a investigar: 15 1. As alterações do comprometimento pneumofuncional podem ser percebidas no decorrer das avaliações realizadas durante os 4 anos da evolução desta patologia? 2. O comprometimento das habilidades motoras podem interferir na funcionalidade e performance muscular durante 4 anos de avaliação e da evolução desta patologia? E para estas questões, sugerem-se as seguintes hipóteses: 1. O envolvimento muscular respiratório nas Doenças Neuromusculares ocorre em graus variados, apresentando um início mais precoce e com maior gravidade na distrofia muscular de Duchenne. A perda progressiva da força e resistência muscular é relativamente simétrica e proximal ocorrendo de forma gradual, iniciando-se em cintura pélvica, tronco e cintura escapular. A ausência de atividade física normal acarreta uma perda funcional de vários órgãos e sistemas, como por exemplo, o sistema cardiorrespiratório. (CAROMANO et al. 1998; SUÁREZ et al, 2002; UMPHERED, 2004; EL-BOHY & WONG, 2005; OTSUKA et al., 2005; SCHARA, 2005). 2. Portadores de patologias crônico-progressivas sofrem prejuízos físicos que acabam limitando a capacidade de efetuar algumas atividades funcionais diárias, e consecutivamente, afetam importantes dimensões como as sociais, psicológicas e comportamentais. A DMD é a patologia de maior acometimento funcional em curto espaço de tempo. A atividade funcional ideal será classificada pelo paciente, de acordo com o que considera importante para melhoria da sua qualidade de vida, a qual se integra às funções cognitivas com as habilidades motoras (CARNEIRO e FALCONE, 2004; ARAÚJO, 2005; SANTOS, 2005; DARABAS et al., 2009). O objetivo geral desta pesquisa é analisar o comprometimento pneumofuncional e das habilidades motoras em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne durante 4 anos de avaliação. Os objetivos específicos caracterizam-se em: correlacionar a habilidades motoras através da performance muscular e funcionalidade, correlacionar a degeneração da função respiratória através da força muscular dos músculos respiratórios e a capacidade respiratória deste paciente. A grande importância deste trabalho se atribui à análise do processo degenerativo respiratório e das habilidades motoras através da funcionalidade deste 16 paciente. Pelo fato desta doença ser de caráter progressivo, torna-se necessário uma análise mais precisa da evolução desta doença. O comprometimento respiratório é um evento presente em todos os pacientes com DMD e se correlaciona com a gravidade de da deteriorização da força muscular e a capacidade funcional global destes pacientes (OTSUKA et al., 2005). A DMD comparado com os outros tipos de distrofias musculares é a patologia de maior comprometimento funcional em curto espaço de tempo (ARAÚJO et al., 2005; SCHARA, 2005). A Associação Sul Catarinense de Familiares e Portadores de Distrofias Musculares Progressivas (ASCADIM), se preocupa com o desenvolvimento desta doença e assim sendo, vem se destacando no sul do estado como pioneira em estudos referentes as Distrofias Musculares Progressivas. O interesse da pesquisadora pelo assunto surgiu após ter realizado pesquisas anteriores sobre as distrofias musculares progressivas e ser bolsista voluntária da ASCADIM desde entre o ano de 2006 a 2008 e bolsista do Projeto Permanente de Extensão no ano de 2009. 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Definição As Distrofias Musculares são grupos de distúrbios determinados geneticamente e associados à degeneração progressiva dos músculos esqueléticos. São caracterizadas por fraqueza muscular progressiva, deterioração, degeneração e regeneração das fibras musculares (STOKES, 2000; ANSVED, 2003; SCHARA, 2005). Já foram mapeados genes responsáveis por mais de 30 formas de distrofias, cuja herança pode ser autossômica dominante, autossômica recessiva e ligada ao cromossomo X. As distrofias musculares devem possuir cinco características essenciais, como: miopatia, definida por critérios clínicos, histológicos e eletromiográficos (EMG), sem sinais de desnervação ou déficits sensitivos; todos os sintomas são efeitos da fraqueza dos músculos (ROWLAND, 2002; MARQUES, 2004; EL-BOHY & WONG, 2005). Dentre as diferentes Distrofias, a Distrofia Muscular de Duchenne é a mais comum e com maior incidência dentre os tipos, a Distrofia Muscular do tipo Becker (10 vezes mais rara), sendo que estas são patologias de herança recessiva ligada ao cromossomo X, na região Xp21 e denominadas distrofinopatias (CARAKUSHANSKI, 2001; TORRICELLI, 2004). 2.2 Histórico A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) foi descrita pela primeira vez em 1852, por Meryon, No século XIX, década de 60, por Guillaume Duchenne que delineou as características clínicas e patológicas desta doença. Na metade do século XIX, os médicos descobriram que a fraqueza dos músculos voluntários poderia ser causada por uma degeneração destes, onde o termo “distrofia muscular” 18 designa esta característica de degeneração. É a mais grave das distrofias musculares e de rápida progressão (STOKES, 2000; RUBIN e FARBER, 2002). 2.3 Incidência A incidência é de aproximadamente de 1 a cada 3.500 nascimentos de meninos e não existe nenhuma variação geográfica ou étnica neste número. No Brasil, ocorrem por ano cerca de 700 novos casos por ano. Há estudos que indicam incidência de 13 a 33 casos a cada 100.000 nascidos e um novo índice de mutação do gene de 1 em 10.000 (STOKES, 2000; ROWLAND; 2002; ARAÚJO et al, 2004; FACHARDO et al. 2004; UMPHERED, 2004; ARRUDA e AMANAJÁS, 2005). 2.4 Genética A Distrofia Muscular de Duchenne como sendo a doença muscular degenerativa mais comum ligada ao sexo em ocorrência na infância, manifestandose exclusivamente em meninos, independente de origem étnica e racial, com alta taxa de mutação do gene localizado no braço curto do cromossomo X. A DMD é uma doença recessiva, ligada ao X, tem sido associada ao defeito do gene distrofina. É a miopatia de característica hereditária mais comum, se manifesta por fraqueza muscular de progressão rápida, onde esses pacientes são confinados a uma cadeira de rodas em torno dos 14 anos por causa da fraqueza dos músculos respiratórios (COHEN, 2001; ARAÚJO et al, 2004; BERNE, 2004;). No ser humano existem 23 pares de cromossomos, sendo que os 22 pares de células somáticas humanas são semelhantes em ambos os sexos e denominados autossômicos, e o par restante compreende os cromossomos sexuais: XX no sexo feminino e XY no sexo masculino, onde um membro de cada par de cromossomos é herdado do pai, e o outro da mãe no momento da fecundação. Como o homem possui apenas um cromossomo X, sendo que, seu outro cromossomo sexual não é homólogo ao X, portanto, não tem os mesmos locos. Se 19 seu único X é portador de um gene patogênico, como o gene recessivo da Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), ele se manifesta, porque o gene normal dominante não estará presente. Em certos casos de DMD a mutação responsável pela doença é herdada pela mãe que normalmente é uma portadora assintomática, mas é portadora da mutação da DMD e o seu cromossomo X normal protege dos efeitos do gene defeituoso, localizado no outro cromossomo X. Estas mulheres apresentam o risco de ter outros filhos do sexo masculino afetados em 50%, a mutação ocorre no menino afetado pela DMD e o risco de repetição da doença em outros filhos é desprezível (WILLARD, 1993, OTSUKA et al, 2005). Figura 1 – Genética Fonte: OTSUKA et al., 2005. A Distrofia Muscular de Duchenne pode ser definida em termos moleculares como mutação do gene da distrofina em Xp21 e designada como distrofinopatia (COTRAN, 1996; ROWLAND, 2002). 20 2.5 Fisiopatologia As distrofinopatias compreendem as Distrofias Musculares de Duchenne (DMD) e Becker (DMB), caracterizadas peça deficiência ou ausência de distrofina, caracterizada pela degeneração progressiva dos músculos esqueléticos, iniciando nas cinturas escapular, pélvica e tronco, com perda de forca muscular, deformidades e perda da deambulação. O termo “distrofinopatias” se deve ao fato de que estas duas formas de distrofias musculares serem caracterizadas pela ausência ou deficiência da proteína citoesquelética “Distrofina”, responsável por manter as propriedades mecânicas da célula muscular, a flexibilidade e a integridade destas necessárias durante a contração e o relaxamento das fibras musculares. Esta proteína é mais abundante nos músculos esqueléticos, cardíaco e cérebro, embora a maioria dos tecidos expressam pelo menos uma isoforma de distrofina, apresenta-se pouco abundante no músculo esquelético, cerca de 0,025% (RUBIN e FARBER, 2002; THOMPSON & THOMPSON, 2002; UMPHERED, 2004; GONZÁLES, et al., 2006). Figura 2 – Distrofina Fonte: distrofia-muscular-de-duchenne_clip_image001 21 O defeito do gene distrofina, leva a uma deficiência desta proteína no músculo esquelético, retina e músculo liso. É uma proteína estrutural essencial para a manutenção da integridade da membrana muscular, ligando a actina do citoesqueleto a matriz extracelular, e também apresenta-se presente na junção sináptica (THOMPSON & THOMPSON, 2002; BERNE, 2004). A distrofina é uma proteína citoesqueléticagerada a partir de um grande transcrito que possui 14Kd os quais codificam a uma proteína de 427 Kd no músculo. Está localizada na região de Xp21, na superfície intracelular do sarcolema, em associação a várias glicoproteínas integrais da membrana formando um complexo glicoproteínas integrais. Este complexo é considerado um componente estrututal da célula que liga à actina e a membrana superficial. Alguns estudos sugerem que este complexo possa servir de suporte para a cascata de sinalização que promove a sobrevivência da célula (COTRAN, 1996; BERNE, 2004; UMPHERED, 2004). Na DMD, a distrofina é produzida defeituosamente, causando alteração do complexo glicoproteico, tornando a membrana plasmática instável. Esta alteração pode ser responsável pela maior fragilidade osmótica, bem como pelo influxo excessivo de íons de cálcio que se acumulam no interior da fibra muscular, levando a uma degradação das miofibrilas, áreas de necrose segmentares, ocasionando contínua degeneração e regeneração das fibras musculares, até que, a capacidade de reparo não seja suficiente e as fibras musculares esqueléticas sofram degeneração irreversível com substituição por tecido fibro-adiposo. A função da distrofina no músculo esquelético parece ser componente citoesquelético associado a à superfície interna do sarcolema (RUBIN & FARBER, 2002; MARQUES, 2004; RHOADES e TANNER, 2005; COSTANZO, 2007). 2.6 Quadro Clínico O começo da doença é insidioso e os sintomas podem passar despercebidos por anos. As manifestações da doença ocorrem durante os anos de crescimento, em torno dos 3 aos 5 anos de idade, podem haver atraso no andar e nunca vêm a correr normalmente, porque eles não conseguem erguer os joelhos de 22 forma apropriada. A condição progride para uma excessiva dificuldade para andar, subir escadas e levantar-se de uma cadeira (ROWLAND, 2002; TECKLIN, 2002; THOMPSON & THOMPSON, 2002; RHOADES e TANNER, 2005). Aos cinco anos de idade, há atrofia muscular evidente, a criança torna-se incapaz de correr ou saltar. Evidencia-se uma hipertrofia do músculo gastrocnêmio, devido à compensação, que posteriormente evolui para uma pseudo-hipertrofia, sendo este substituído por tecido adiposo e conjuntivo devido à degeneração gradual e necrose das fibras musculares. Com a fraqueza dos músculos da cintura pélvica e dos paravertebrais, a criança faz báscula alternada de quadril e desenvolve lordose lombar com protusão do abdome (SANVITO, 1997; RHOADES e TANNER, 2005; TECKLIN, 2002; UMPHERED, 2004; MARAHOVSCHI apud FREZZA 2005; SILVA e FAGUNDES, 2005;). Figura 3 – Pseudo-Hipertrofia da Panturrilha Fonte: STOKES, 2000. A atrofia dos músculos extensores do quadril e do joelho resulta em dificulade de levantar do chão, sendo necessário a realização da manobra de Sinal de Gowers: no início ao levantar-se do solo, a criança necessita ajudar a extensão do quadril e a do joelho, empurrando sua coxa com a mão ou com o antebraço e, 23 conforme a atrofia aumenta a criança estabiliza os membros inferiores usando ambos os membros superiores (ROWLAND, 1997; RATLIFFE, 2002; STOKES, 2000; TECKLIN 2002; UMPHRED, 2004; OTSUKA et al., 2005). Em 1879, William Gowers, neurologista inglês descreveu o modo que os meninos afetados pela DMD tentavam se levantar. Essa manobra passou a ser conhecida como “Sinal de Gowers” (RUBIN, 2002). Figura 4 – Sinal de Gowers Fonte: UMPHERED, 2004 Com os músculos ficando cada vez mais atrofiados, os reflexos tendíneos correspondentes ficam diminuídos e, finalmente, ausentes, muitas vezes entre 8-10 anos ou até mesmo antes, sem que haja perda sensorial (STOKES, 2000; TECKLIN, 2002; UMPHERED 2004; OTSUKA et al., 2005). A marcha “bamboleante” anormal destes pacientes é um sintoma de apresentação bastante conhecido, pois devido à atrofia precoce dos músculos abdutores do quadril, a criança não é capaz de manter a pelve nivelada ao suspender um membro inferior do chão inclinando-se na direção do outro membro inferior para assim, levar o centro da gravidade do corpo para aquele membro em contado com o chão, sendo esta manobra conhecida como sinal de Trendelemburg, 24 cujo sinal é acompanhado pelo alargamento da base de sustentação para aumentar a estabilidade contribuindo assim, para o surgimento das contraturas de abdução do quadril (CAMBIER et al., 1999; STOKES, 2000; MOURA et al, 2002; TECKLIN, 2002; RATLIFFE, 2002; UMPHRED, 2004; OTSUKA et al, 2005;). Quando a criança chega aos 7 e 8 anos de idade, as contraturas tendíneas do calcanhar e da banda iliotibial levam a realização de uma marcha sobre os dedos dos pés. Conforme o quadríceps enfraquece, a criança deve manter seus joelhos em extensão (REED, 2002; TORRICELLI, 2004; SCHARA, 2005). Figura 5 – Estágio Inicial até o Final da Deambulação Fonte: UMPHERED, 2004 Estes sinais e sintomas são conseqüentes da perda progressiva da força e resistência muscular, que é relativamente simétrica e proximal ocorrendo de forma gradual, iniciando-se em cintura pélvica, tronco e cintura escapular. Esta debilidade muscular progressiva ocasiona mudanças na dinâmica do equilíbrio, predispondo ao 25 surgimento das alterações posturais resultantes de ajustes compensatórios para manter o equilíbrio ortostático sendo a hiperlordose lombar compensatória a primeira alteração na postura em ortostase ou na marcha da criança com DMD, ocorrendo inicialmente como forma compensatória da fraqueza dos músculos glúteos e extensores do tronco. (UMPHERED, 2004; EL-BOHY & WONG, 2005; OTSUKA et al, 2005; SCHARA, 2005;). Figura 6 - Postura conforme a Evolução da Distrofia Muscular de Duchenne Fonte: OTSUKA et al., 2005 2.7 Diagnóstico O diagnóstico das distrofinopatias, inicia-se através da percepção dos sinais e sintomas, por volta dos 3 anos de idade, é através destes achados que os pais conseguem procurar auxílio médico, no entanto, este auxílio pode ser recorrido a um médico não especializado, e a confirmação diagnóstica acaba sendo tardia. A confirmação diagnóstica depende de testes específicos, como: biópsia muscular anormais ou deleção característica na análise genética, mensuração dos níveis de creatina-fosfoquinase na corrente sanguínea anormalmente elevado, análise de DNA e eletromiografia (EMG) (PHILLIPS, 2001; ROWLAND, 2002; TECKLIN, 2002; ARAÚJO, 2004;). 26 Em estudo realizado por Araújo (2004), foi observado em 78 crianças com DMD para verificar a época que foi confirmado o diagnóstico. Constatou-se que a idade média de percepção da família em relação ao início dos sintomas foi de 2 anos e do diagnóstico definitivo 7 anos. Logo, este estudo demonstra que apesar da melhora das técnicas de diagnóstico de DMD, não houve uma redução significativa quanto ao tempo do diagnóstico definitivo. O diagnóstico clínico da DMD geralmente se evidencia pelas características clínicas (ROWLAND, 2002). A confirmação do diagnóstico é feita por testes bioquímicos do sangue que evidenciam níveis séricos da enzima creatinokinase (CK) expressivamente elevados, que é liberada pelo músculo distrófico mesmo antes do aparecimento dos sinais clínicos. Os níveis de CK tendem a diminuir no sangue com a evolução do processo e chegam a níveis quase normais em estágios adiantados da doença (CARAKUSHANSKY, 2001). Estudos laboratoriais mostram o soro creatino-Kinase (CK) elevado 50 a 100 vezes mais do que o normal nos estágios anteriores da doença. Com o tempo estes níveis de CK diminuem com a progressão da perda da massa muscular e á redução da atividade física na ocasião em que os meninos ficam confinados à cadeira de rodas. CK elevado é evidente no nascimento da criança, antes que os sintomas sejam evidentes (COTRAN 1996; STOKES, 2000; THOMPSON & THOMPSON, 2002; UMPHERED, 2004). A biópsia muscular é essencial quando se busca um diagnóstico definitivo, o qual permitirá determinar a conduta e o prognóstico, aconselhamento genético adequado nas afecções de caráter hereditário. É importante na detecção de mulheres portadoras do gene ligado ao X de Duchenne. Clinicamente, em geral eles não apresentam sinais de comprometimento do músculo esquelético. Nas mulheres portadoras mostram evidências bioquímicas de dano muscular subclínico, na forma de níveis elevados de Creatino-Kinase em seu soro. A maneira mais simples de individualizá-las é através da elevação de CPK, mas em 30% das portadoras o CPK é normal e a biópsia revela alterações miopáticas: atrofia de fibras basófilas, centralizações nucleares, hipertrofia com segmentação e presença de cores (DIAMENT, 1996; PORTO, 2001; READ e DONNAI, 2008). Através da biópsia muscular pode-se verificar a histologia das fibras musculares analisadas, demonstrando variação no tamanho da fibra muscular, fibras arredondadas e proeminentes que se coram densamente com eosina, necrose com 27 fagocitose, e eventual substituição por gordura. A coloração histoquímica mostra perda relativa de fibras do tipo II (STOKES, 2000). Estas fibras são adequadas para contrações rápidas de curta duração (RUBIN e FARBER, 2002). Stokes (2000) coloca que testes como Sondas de DNA (ácido desoxirribonucléico), têm sido usadas para identificar a localização anormal do gene em Xp21 e são particularmente úteis em conjunto com o teste de CK sérica, proporcionando 95% de precisão na detecção de portadores do sexo feminino. A EMG tem sido aplicada no estudo das enfermidades neuromusculares, desde os anos 60. A EMG nos pacientes com distrofias musculares caracterizam-se pela presença de potenciais polifásicos de baixa voltagem, o padrão de interferência é normal, porém os potenciais de ação muscular são de duração e amplitudes reduzidas (SANVITO, 1997; FIALLO, 2005). 2.8 Comprometimento Respiratório O comprometimento respiratório é um evento presente em todos os pacientes, e se correlaciona com a gravidade da deteriorização da força muscular e capacidade funcional global. Na DMD os músculos respiratórios, assim como os demais músculos esqueléticos, também desenvolvem fraqueza muscular, sendo este o principal fator que pode levar ao risco de complicações respiratórias, sendo responsáveis por 90% dos óbitos nestes pacientes. A insuficiência respiratória é a causa de morte em 70 a 80% dos pacientes com DMD. A fraqueza dos músculos respiratórios geralmente é evidente por volta dos 10 a 12 anos de idade, embora o diafragma permaneça funcional por mais tempo do que os músculos intercostais e acessórios (KOESSLER, 2001; STOKES, 2001; SUÁREZ, 2002; UMPHERED, 2004; OTSUKA et al, 2005). Estima-se que 55% a 90% dos pacientes com DMD venham a óbito por insuficiência ventilatória entre os 16 e 19 anos e raramente após os 25 anos de idade. O óbito ocorre entre a 2ª e 3ª década de vida, freqüentemente antes dos 21 anos (ARAÚJO et al., 2005; SALDANHA et al., 2005; FONSECA et al., 2007) A função respiratória é também comprometida em função da escoliose, entretanto nem todos os pacientes portadores de Distrofia Muscular de Duchenne a 28 desenvolvam. A sua origem deve ser devida a uma fraqueza dos músculos do tronco, levando a um colapso do alinhamento da coluna vertebral (SLUTZKY, 1997). A escoliose é uma condição freqüente em pacientes com DMD, com incidência em 49% a 93% dos pacientes, logo em 90% das crianças com DMD em 39% dos casos a escoliose inicia na fase em que a criança ainda deambula.O desenvolvimento da escoliose e da cifoescoliose nos pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne, compromete significativamente a função respiratória. A gravidade da deformidade da coluna vertebral e do gradil costal, associada à perda progressiva da força muscular respiratória, causa limitações mecânicas, diminuindo a complacência da parede torácica e pulmonar e comprometendo a expansão torácica e a excursão diafragmática. Como conseqüência, há um quadro restritivo pulmonar e o paciente torna-se mais susceptível à insuficiência ventilatória (UMPHERED, 2004; OTSUKA et al, 2005). A escoliose ocorre em dois padrões: na forma inicial que se torna evidente antes da dependência da cadeira de rodas e na forma terminal que se desenvolve em média após 4 anos da utilização da cadeira de rodas (UMPHERED, 2004). Na DMD os músculos respiratórios, assim como os demais músculos esqueléticos, também desenvolvem fraqueza muscular, sendo este o principal fator que pode levar ao risco de complicações respiratórias e ao óbito nestes pacientes (KOESSLER, 2001 e SUÁREZ, 2002). Na DMD a fraqueza destes músculos iniciase por volta dos sete anos de idade, tornando-se evidente entre o décimo e décimo sendo anos de vida, ou seja, por volta da idade onde a capacidade de deambulação é perdida (SLUTZKY, 1997; DIAMENT, 1998 e STOKES, 2000). Muitos músculos além do diafragma exercem papel importante na atividade muscular respiratória, enquanto que outros atuam de uma forma mais secundária; no entanto, para que a ação do diafragma seja eficaz, é necessária a atividade conjunta de todos os músculos respiratórios. O diafragma e os músculos paraesternais intercostais são quase que puramente inspiratórios, enquanto outros musculoso do gradil costal e da cintura escapular correlacionam-se tanto com a atividade postural quanto com a inspiração. Alguns músculos respiratórios, sobretudo os acessórios, também atuam na movimentação (OTSUKA et al, 2005). Os músculos intercostais externos e os músculos acessórios da respiração são primeiramente acometidos na DMD, sendo profunda sua fraqueza à medida que a doença evolui (UMPHRED, 2004). Os intercostais externos são 29 Músculos que apresentam como função principal, o movimento do gradil costal para cima e para fora na fase inspiratória da respiração, sendo que se localiza superficialmente acima à costela abaixo (LIPPERT, 1996 e KAPANJI, 2000). Dos músculos acessórios, o mais acometido nas fases iniciais da doença é o esternocleidomastóideo, com função de contração caracterizada pelos movimentos de rotação de cabeça para o lado oposto da contração, inclinação para o mesmo lado de contração e extensão, estendendo-se sobre a face antero-lateral do pescoço, oblíqua para baixo e para frente até a fosseta supra-esternal (KAPANJI, 2000). A fraqueza progressiva dos intercostais externos e acessórios, ocasionados pela disfunção muscular, promove uma redução da expansão do gradil costal e redução do volume de ar inspirado, favorecendo a instalação precoce de um distúrbios ventilatório restritivo (UMPHRED, 2004). O músculo diafragma permanece por mais tempo funcional, apresentando fraqueza muscular progressiva, igualmente aos outros músculos acometidos, sendo o diafragma definido como um músculo em forma de cúpula responsável pela separação entre tórax e abdômen, se inserindo na face medial das cartilagens costais, nas extremidades da décima e décima segunda costela e, na coluna vertebral, ao nível dos corpos vertebrais. Possui como função, a atuação na fase inspiratória do ciclo respiratório, promovendo o aumento do diâmetro vertical do tórax, elevação das costelas inferiores, promovendo aumento do diâmetro transversal do tórax superior e, alargamento do diâmetro antero-posterior por elevação das costelas superiores através do externo (KAPANJI, 2000). Uma conseqüência indireta da fraqueza dos músculos inspiratórios é a redução da complacência do sistema respiratório, que aumentará o trabalho respiratório. A diminuição da complacência da parede torácica está relacionada com a inabilidade dos músculos inspiratórios em expandi-la adequadamente, resultando em enrijecimento das estruturas do gradil costal e em mudanças fibrótica nos músculos da parede torácica (OTSUKA et al, 2005). A fraqueza dos músculos inspiratórios também compromete a capacidade de tossir efetivamente, pois o paciente torna-se incapaz de realizar a respiração profunda. A presença de escoliose e deformidade do tórax interfere na expansão torácica, dificultando também a produção da tosse eficaz (OTSUKA et al, 2005). 30 A escoliose, alteração da postura mais freqüente da DMD, tende a ocorrer em dois padrões básicos: na forma inicial, evidente antes da criança tornar-se dependente da cadeira de rodas, onde a curva geralmente se torna grave e progressiva e na fase terminal, sendo que seu curso é geralmente suave. As curvas lombares, também encontradas nestes pacientes, podem causar dorsalgias e dificuldade para sentar-se. Tanto a escoliose como as curvas lombares, são as que acometem a coluna torácica, comprometendo a função respiratória (SLUTZKY, 1997). Sendo assim, torna-se necessário discutir com o paciente e a família tanto as complicações respiratórias quanto às cardíacas na DMD (SLUTZKY, 1997; TECKLIN, 2002; OTSUKA et al., 2005). 2.8.1 Avaliação do Envolvimento dos Músculos Respiratórios A espirometria, também conhecida como prova de função pulmonar é uma técnica utilizada para com o objetivo de avaliar a função pulmonar. É extremamente fidedigna para definir a presença ou ausência de distúrbios ventilatórios. Pode apresentar como resultados: distúrbios ventilatórios restritivos ou obstrutivos, sendo que os distúrbios obstrutivos são encontrados nos estágios finais da doença. Os valores de normalidade são estão expressos na Tabela 1 de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2002). Tabela 1 – Quantificação do Distúrbio Distúrbio VEF1 CV(F) VEF1/CV(F) % Leve 60% - LI 60% - LI 60% - LI Moderado 41% – 59% 51% - 59% Grave ≤ 40% ≤ 50% 41% - 59% ≤ 40% Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, 2002 31 O teste mensura volumes e capacidades pulmonares, exceto aqueles relacionados ao VR, além de algumas funções relativas como: volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), fluxo expiratório forçado (FEF), Índice de Tiffeneau, ventilação voluntária máxima (VVM), entre outros. É muito utilizado nos casos de DMD como um método de mensuração, principalmente, da capacidade vital forçada (CVF). Este é um método simples para análise da progressão destes pacientes, já que através dos níveis de CVF, pode-se perceber com maior precisão o estágio em que a patologia se encontra e qual o prognóstico a ser esperado (WEST, 1996; PHILLIPS, 2001; PRESTO, 2005;). Realizar uma avaliação de rotina de trabalho forçado da capacidade vital (CVF), pressão inspiratória máxima (PiMáx) e a pressão expiratória máxima (PeMáx) e pico de fluxo da tosse (PCF) é sugerida para o acompanhamento precoce e evolutivo na DMD (NICOT et al., 2006). Um dos métodos mais utilizados para avaliar a força da musculatura respiratória é através da utilização de um aparelho denominado manovacuômetro, que avalia as pressões máximas, mensura as pressões negativas geradas na fase inspiratória (Pimáx) e as pressões positivas geradas na fase expiratória (Pemáx) exercidas pelos músculos ventilatórios, sendo estas pressões desenvolvidas no sistema respiratório a volumes pulmonares específicos (ABREU, 2000; PRESTO, 2005). Em diversas situações patológicas podem ocorrer alterações na força contrátil dos músculos respiratórios que, dependendo da intensidade e quantidade da perda, podem ser classificadas em fraqueza muscular, fadiga muscular e falência muscular respiratória (AZEREDO, 2002). Na distrofia muscular de Duchenne, a Pimáx e Pemáx tendem a cair, paralelamente, de acordo com a evolução da doença, sendo considerados como indicativos do acometimento muscular respiratório, proporcionando dados para o prognóstico (SLUTZKY, 1997). A classificação dos comprometimentos da força muscular respiratória em adultos jovens é dada como: fraqueza muscular respiratória, quando os valores de Pimáx encontrarem-se entre – 70 a -45cmH2O; fadiga muscular respiratória, -40 a 25cmH2O e falência muscular respiratória valores iguais ou inferiores à -20cmH2O (AZEREDO, 2002). O Peak Flow é um aparelho que faz a mensuração do fluxo expiratório máximo instantâneo e tem como objetivo avaliar o grau de obstrução brônquica, 32 avaliar a capacidade de tosse, definir a presença ou a ausência de obstrução das VA, avaliar a resposta a broncodilatadores. Este aparelho tem sido utilizado em pacientes com doenças neuromusculares, permitindo mensurar o nível de obstrução do fluxo aéreo, sendo este ocasionado por redução da complacência torácica e do parênquima pulmonar e, devido à redução dos volumes pulmonares e capacidades, no entanto, com aumento característico do volume residual (AZEREDO, 2002; SUÁREZ, 2002; PRESTO, 2005). O pico normal de fluxo de tosse oscila entre 6l/s ou 360l/min e 17l/s ou 1.020l/min, sendo que o paciente com capacidade inferior a 1.000-1.500ml, ou com o pico de fluxo de tosse assistido inferior a 4,5l/s ou 270l/min, necessita de auxílio, manual ou mecânico, para atingir uma velocidade de fluxo expiratório adequada (STOKES et al., 2005 apud BACH, 1999; LANGER, 2001) 2.9 Comprometimento Cardíaco Por causa da atividade limitada, a capacidade cardiorespiratória dos pacientes com DMD é deficiente desde o início do processo da doença. A cardiomiopatia, frequentemente associada a DMD, raramente se torna sintomática, porque o nível diminuído de atividade da criança não cansa o músculo enfraquecido. Em virtude da diminuição da atividade física, os sintomas como dispnéia ao esforço e fadiga podem não estar presente, porém, com a evolução da insuficiência cardíaca, a dispnéia ocorre mesmo em repouso, porque o suprimento sanguíneo para os tecidos torna-se inadequado (UMPHERED, 2004; OTSUKA et al., 2005). O envolvimento do músculo cardíaco na DMD é mais freqüente quando comparado em relação às outras distrofias, mas nem sempre facilmente caracterizado. Em 80 a 100% dos casos as alterações cardíacas estão presentes, porém não detectadas nos estágios iniciais da doença (REED, 1996; LEVY, 2001; OTSUKA et al., 2005). O eletrocardiograma é o teste mais freqüentemente usado para detectar problemas cardíacos, porém é um este que mede a atividade elétrica e não a função muscular e pode não refletir algumas anormalidades da função muscular (OTSUKA, et al., 2005). 33 2.10 Habilidades Motoras Neste estudo foi considerado como habilidades motoras: habilidades funcionais, habilidade física e independência nas AVD´s, sendo considerado como método de avaliação o Índice de Barthel e o Teste de Performance Muscular. 2.10.1 Funcionalidade As atividades funcionais são aquelas denotadas pelo indivíduo como essenciais para a manutenção do seu bem estar psicológico e físico. Portadores de patologias crônico-progressivas sofrem prejuízos físicos que acabam limitando a capacidade de efetuar algumas atividades funcionais diárias, e consecutivamente, afetam importantes dimensões como as sociais, psicológicas e comportamentais. A dependência nestas atividades pode estar relacionada com o comprometimento da musculatura proximal mais precocemente do que a distal, prejudicando o equilíbrio de tronco que dificulta a estabilização dos membros para realizar atividades que necessitem de controle mais distal, como escovar os dentes, por exemplo. A atividade funcional ideal será classificada pelo paciente, de acordo com o que considera importante para melhoria da sua qualidade de vida, a qual se integra às funções cognitivas com as habilidades motoras (CARNEIRO e FALCONE, 2004; SANTOS, 2005; DARABAS et al., 2009;). As Distrofias Musculares caracterizadas por fraqueza muscular progressiva induz a deterioração funcional destes pacientes.Tem-se como fase inicial do tratamento para as Doenças Neuromusculares a realização de uma avaliação típica para este tipo de patologia, devendo incluir a avaliação da força muscular e das incapacidades de amplitude de movimento com uma avaliação completa da condição funcional, respiratória e do nível de funcionalidade preservada (UMPHRED, 2004; LUE et al. 2009). Para avaliação da funcionalidade de maneira mais específica, o Índice de Barthel Modificado é um dos meios mais utilizados, já que este divide funções como de higiene pessoal, comer, vestir-se, até aquelas mais complexas, sendo este um 34 índice de avaliação das incapacidades que tem demonstrado grande validez e confiabilidade (CID-RUZAFA e DAMIÁN-MORENO, 1997). O Índice de Barthel, que analisa as tarefas do dia-a-dia como a higiene pessoal, locomoção, deambulação, alimentação, transferências e vestuários. Como escore final o indivíduo que apresentar entre 80-100 pontos é considerado Independente, 60-79 Semi-Independente, 40-59 Parcialmente Dependente, 20-39 Muito Dependente, Abaixo de 20 Totalmente Dependente.O Índice de Barthel Modificado é um dos meios para avaliação da funcionalidade de maneira mais específica, para avaliar as incapacidades que tem demonstrado grande validez e confiabilidade, principalmente pelo fato de dar mais atenção às características de vida diária (CID-RUZAFA e DAMIÁN-MORENO, 1997). 2.10.2 Performance Muscular O Teste de Performance Muscular engloba a observação da funcionalidade e habilidade física, sendo amplamente utilizado nos pacientes portadores de Distrofias Musculares Progressivas. O teste é dividido em três seguimentos: o primeiro com testes avaliando a Performance Muscular de MMII e o segundo com testes de Performance Muscular de MMSS. Em cada tarefa proposta é atribuído uma pontuação onde 0 significa que o paciente não realiza o movimento, 1 quando realiza o movimento com auxílio e 2 quando realiza o movimento sem auxílio. No final do teste é somada a pontuação de todas as questões para verificar a Performance Muscular (OTSUKA et al., 2005). 2.11 Tratamento Não há nenhum tratamento curativo, apenas métodos paliativos como fisioterapia, cirurgias ortopédicas corretivas das retrações fibrotendíneas e da deformidade da coluna vertebral, além de corticoterapia. O tratamento deve iniciar assim que o diagnóstico for estabelecido, para que se possa prolongar a habilidade 35 funcional máxima da criança , devendo ser realizado concomitantemente com o aconselhamento dos pais (REED, 2002; TECKLIN, 2002). No entanto, a confirmação diagnóstica ocorre, freqüentemente, próxima da idade em que a criança começa a perder a capacidade de deambulação, ao invés de ser próximo a idade em que os sinais e sintomas começam a ser observados (ARAÚJO, 2004). Não há tratamento medicamentoso que cure a DMD, mas muitos estudos têm confirmado que a prednisona aumenta a força em pacientes com DMD. A corticoterapia com prednisolona ou deflazacort, que apresenta menos efeitos colaterais, está sendo universalmente empregada, para diminuir o ritmo de perda da força muscular, retardar de um a três anos a época do confinamento à cadeira de rodas e a progressão da cifoescoliose. Acredita-se que seu efeito pode manter-se por três ou mais anos, conhecida como uma forma de “ganhar tempo” para o paciente à espera de uma eventual terapia eficaz. Assim o ideal é começá-la por volta de 5-6 anos, quando o músculo está preservado e ainda não se iniciou a fase de declínio mais rápido da força muscular, acompanhando e monitorando seus efeitos colaterais (REED, 2002; TECKLIN, 2002). 2.11.1 Tratamento Fisioterapêutico A fisioterapia na DMD visa minimizar as seqüelas da patologia, melhorando a qualidade de vida dos portadores, através da manutenção e prevenção das disfunções. O fisioterapeuta é o profissional que irá atender os pais, e estar mais vinculado a criança, de modo que os pais dependerão deste profissional para receber apoio e informações e tratamento para o seu filho (CAROMANO, 1998; BURNS e MACDONALD, 1999;). A fisioterapia motora e respiratória deve ser iniciada o quanto antes, para prevenir as complicações e melhorar a qualidade de vida destes pacientes (ARAUJO, 2005). A criança precisa ser avaliada em intervalos regulares para orientar o tratamento de acordo com a fase de evolução em que esta se encontra, e o fisioterapeuta deve se encontrar na completa compreensão do processo da doença, devendo ser capaz de antever as principais dificuldades que serão encontradas (SHEPHERD, 1998, TECKLIN, 2002; OTSUKA et al, 2005;). 36 A Distrofia Muscular de Duchenne, por ser uma doença progressiva, acarreta na sua evolução uma indispensabilidade constante do suporte da fisioterapia respiratória. As intervenções para a prevenção das complicações respiratórias devem ser iniciadas logo após o estabelecimento do diagnóstico. A fisioterapia na DMD visa minimizar as seqüelas da patologia, melhorando a qualidade de vida dos portadores, através da manutenção e prevenção das disfunções (CAROMANO et al, 1998). A fisioterapia realiza o seu tratamento através dos objetivos para assim, melhor direcionar as suas condutas. A conduta fisioterapêutica deverá ser estabelecida individualmente para cada paciente. Os objetivos da fisioterapia visam capacitar o paciente a adquirir domínio sobre seus possíveis movimentos, coordenação, equilíbrio, retardar a fraqueza da musculatura esquelética, prevenir encurtamentos musculares, controle respiratório entre outros objetivos (COHEN, 2001; FREZZA et al., 2005; OTSUKA et al., 2005) A fisioterapia respiratória é indicada diante da fraqueza da musculatura respiratória e da ineficiência dos reflexos de deglutição e da tosse. Os objetivos da Fisioterapia visam capacitar a criança a adquirir domínio sobre seus movimentos possíveis, equilíbrio e coordenação geral, retardar a fraqueza da musculatura da cintura pélvica e escapular, corrigir o alinhamento postural, equilibrar o trabalho muscular, evitar a fadiga, desenvolver a força contrátil dos músculos respiratórios e o controle da respiração pelo uso correto do diafragma, prevenir o encurtamento muscular precoce, manter a funcionalidade e as atividades de vida diária, melhorar a qualidade de vida dentro dos limites impostos pela progressão da distrofia, retardar ou controlar o desenvolvimento de escoliose, tratar imediatamente as complicações respiratórias, orientar os pais e/ou responsáveis quanto ao posicionamento adequado nas atividades do dia-a-dia, adequação na cadeira de rodas, realização dos exercícios diariamente e alimentação, entre outros. Os procedimentos fisioterapêuticos devem ser adaptados para a faixa etária em que a criança se encontra e visam, principalmente, retardar a evolução clínica e prevenir complicações secundárias (SLUTSKY, 1997; BURNS e MACDONALD, 1999; STOKES, 2000; COHEN, 2001; OTSUKA et al, 2005; SILVA e FAGUNDES, 2005). Dentro de um programa fisioterapêutico, exercícios ativos resistidos ainda são muito controversos (TECKLIN, 2002; ANSVED, 2003), o paciente não deve exercitar-se 37 até a fadiga muscular, pois isso pode danificar as fibras musculares intactas e acelerar o progresso da doença (RATLIFFE, 2002 ; ANSVED, 2003). A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que vem sendo aceito no tratamento nas Distrofias Musculares Progressivas. A utilização de recursos complementares como o Bad Ragaz e Halliwick, são importantes na intervenção para a melhora da força muscular, capacidade respiratória, amplitudes de movimento e evitar os encurtamentos musculares (FACHARDO et al., 2004; FREZZA et al. 2005). 38 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Caracterização do Estudo Esta pesquisa é um Estudo de Caso retrospectiva e de levantamento de dados (HULLEY et al., 2008) com abordagem qualitativa e quantitativa. Quanto aos objetivos de pesquisa, enquadra-se como sendo de caráter exploratório e particular, descritivo e bibliográfico e quanto aos procedimentos bibliográfico, levantamento e exploratório (CARMINATI, 2001). 3.2 Caracterização da Amostra A população do presente estudo foi composta apenas (01) paciente participante da Associação Sul Catarinense de Familiares e Portadores de Distrofias Musculares Progressivas (ASCADIM), sendo este portador de Distrofia Muscular de Duchenne. 3.3 Instrumentos para Coleta de Dados Como instrumento para coleta dos dados, foram utilizadas avaliações fisioterapêuticas periódicas realizadas pelo Projeto Permanente de Extensão da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC em parceria com a Associação Sul Catarinense de Familiares e Portadores de Distrofias Musculares Progressivas (ASCADIM), no período de Janeiro de 2006 a Julho de 2009. Ressaltando que as avaliações consideradas neste estudo, foram as que possuíam um (01) ano entre cada avaliação sendo todas dos meses de junho dos quatro (04) anos avaliados. 39 3.4 Procedimentos para Coleta de Dados Foram divididos em etapas, para melhor esclarecimento dos dados. Na primeira fase foi realizado o encaminhamento do projeto ao comitê de Ética da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Na segunda fase: após a aprovação foram realizadas as próximas etapas da pesquisa. Inicialmente foi realizado contato com a presidente da ASCADIM Sra. Rosimery Martinelli Comim e Dr. Fisioterapeuta Rodolfo Savaris Amboni (APÊNDICE A) para o fornecimento das avaliações fisioterapêuticas do paciente T.B.M. portador de Distrofia Muscular de Duchenne. Após a autorização foi realizado contato com o paciente T.B.M. para ser convidado do estudo e para a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) para a utilização dos seus dados e uso de imagens para a pesquisa. Terceira Etapa: Após a assinatura das autorizações foi realizada a coleta de dados das avaliações realizadas entre o período de Janeiro de 2006 a Julho de 2009. 3.5 Aspectos Éticos Como procedimentos éticos, este estudo foi registrado no CONEP (Comissão de Ética em Pesquisa), encaminhado ao CEP UNESC (Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense), e recebido o aceite, sob o número 188/2009 (ANEXO A). 3.6 Procedimentos para Análise dos Dados Os dados obtidos nas avaliações foram devidamente tabulados, analisados e avaliados pelo programa de estatística SPSS versão 17.0, utilizando o Teste Não Paramétrico para comparação entre os dados obtidos na avaliação respiratória e a normalidade da Literatura sendo utilizado o Teste T de Wilcoxon. 40 Para verificar o grau de dependência lenar entre o teste perdormance muscular e funcionalidade foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman. Foi considerada como estatisticamente significativa as questões que obteram p<0,05. Após realizado os testes estatísticos, a base de dados foi transferida para o programa Microsoft Excel para construção de gráfico e assim, confrontados com a literatura científica. 41 4 RELATO DO CASO T.B.M., 27 anos, nascido no dia 21/02/1982, sexo masculino, cor branca, residente e domiciliado na cidade de Criciúma/SC, apresenta como Diagnóstico Clínico Distrofia Muscular de Duchenne. Figura 7 – Nascimento Fonte: Dados Acervo da Família Segundo relato de familiar, aos 5 anos começaram a perceber que a criança apresentava desequilíbrios constantes, dificuldades em correr e subir escadas, ao caminhar tinha quedas freqüentes e não apresentava agilidade como as outras crianças até mesmo para andar de bicicleta, neste período tornou-se evidente a hipertrofia da panturrilha. Ao perceberem as alterações motoras que a criança estava apresentando, e por possuírem outros casos de DMD na família materna, resolveram procurar um auxílio médico onde constataram através do teste de DNA e Eletroneuromiografia a confirmação do diagnóstico de Distrofia Muscular de Duchenne. Entre os 7 e 8 anos de idade começou a andar na ponta dos pés e as 42 dificuldades quanto a agilidade motora, funcionalidade e marcha, foram percebidas que tiveram um declínio, aos 10 anos, as dificuldades para manter-se em pé e deambular aumentaram e logo se tornou dependente do uso da cadeira de rodas até os tempos atuais. Segundo relato de familiar, o sonho de T.B.M. em sua infância era de um dia poder voar. Figura 8 – Seu Sonho aos 9 anos era Voar Fonte: Dados Acervo da Família Figura 9 – T.B.M. aos 10 anos de Idade Fonte: Dados Acervo da Família 43 Figura 10 – Brincando com sua motoca aos 10 anos de idade Fonte: Dados Acervo da Família Figura 11 – Aos 11 anos de idade Fonte: Dados Acervo da Família 44 Em Setembro de 1996 e Fevereiro de 1997, aos 14 anos, paciente foi para os Estados Unidos realizar implantação de células (mioblastos) através do uso de injeções. Foram implantadas cerca de cinco bilhões de células por um doador compatível e retiradas da região dorsal dos pés. Figura 12 – Chegada aos EUA para Tratamento Fonte: Dados Acervo da Família Figura 13 – Paciente e familiares com a Equipe de Fisioterapeutas dos EUA Fonte: Dados Acervo da Família 45 T.B.M. desde os 5 anos de idade, foi submetido aos tratamentos Fisioterapêuticos constantes, realizando Fisioterapia Respiratória, Motora e Hidroterapia. No momento realiza Hidroterapia 2 vezes por semana na Clínica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC e 2 vezes por semana realiza Fisioterapia Respiratória e Motora na Sede da ASCADIM. Freqüentemente realiza exames para verificar a evolução da patologia no Instituto Genoma Humana de São Paulo em parceria com a ABDIM. Com a parceria do Projeto de Extensão Permanente da UNESC com a ASCADIM, o mesmo realiza avaliações freqüentes nas diversas áreas da saúde, sendo a Nutrição, Psicologia e a Fisioterapia. Figura 14 – Fisioterapia Motora na ASCADIM Fonte: Dados da Pesquisadora Figura 15 – Fisioterapia Respiratória na ASCADIM Fonte: Dados da Pesquisadora 46 Figura 16 – Hidroterapia – Alongamento Fonte: Dados da Pesquisadora Figura 17 – Hidroterapia - Imersão Fonte: Dados da Pesquisadora Figura 18 – Hidroterapia – Inspiração Profunda Sustentada Fonte: Dados da Pesquisadora Este estudo de caso acompanhou a evolução do comprometimento 47 pneumofuncional e das habilidades motoras de T.B.M. durante 4 anos, entre o ano de 2006 e 2009 onde foram realizado testes direcionados para pacientes portadores de Distrofias Musculares Progressivas como: performance muscular, funcionalidade, espirometria, manuvacuometria e Peak Flow. Além destes pontos no decorrer destes anos foi possível avaliar outros componentes. Habilidades Motoras Intactas: T.B.M. apesar das limitações de ADM e funcionalidade consegue: escovar os dentes, pentear os cabelos, fazer a barba, teclar no computador, levar o copo a boca, alimentar-se sozinho necessitando de ajuda para cortar os alimentos. Sua atividade preferida é tocar alguns instrumentos musicais adaptados como: gaita de boca, bateria e guitarra. Figura 19 – Tocando Guitarra Havaiana Adaptada Fonte: Dados da Pesquisadora 48 Figura 20 – Tocando Bateria Eletrônica Adaptada Fonte: Dados da Pesquisadora Figura 21 – Teclando no Computador Fonte: Dados da Pesquisadora Figura 22 – Tomando Café Fonte: Dados da Pesquisadora 49 Figura 23 – Escovando os Dentes Fonte: Dados da Pesquisadora Figura 24 – Fazendo a Barba Fonte: Dados da Pesquisadora 50 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 5.1 Avaliação Pneumofuncional Na avaliação respiratória, foram observados os valores do Peak Flow (L/min), Pressão Inspiratória Máxima (cmH2O), Pressão Expiratória Máxima (cmH2O) e Espirometria, utilizando os valores de Capacidade Vital (L). 5.1.1 Pressão Inspiratória Máxima As Pressões Inspiratórias e Expiratórias máximas foram avaliadas nos quatro anos. A figura 25 mostra os valores de Pimáx coletados do paciente comparados com os valores expressos pela normalidade. Não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre os valores de normalidade e os coletados do paciente. Figura 25 – Avaliação da PiMáx 0 -20 2006 2007 2008 2009 -40 -60 -80 -100 -120 -140 -160 PiMáx Paciente PiMáx Mínima Normalidade - Azeredo (2002) Fonte: Dados da Pesquisadora PiMáx Normalidade - Presto (2007) 51 Observa-se que os valores da PiMáx do paciente a partir do ano de 2007 apresentou um declínio constante. O mesmo no momento encontra-se num período de transição para fraqueza muscular respiratória. Os valores de normalidade considerados neste estudo refere-se a PRESTO (2007) e AZEREDO (2002). De acordo com Black apud Presto (2007), considera a normalidade da PiMáx conforme cálculo específico para homens entre 20 e 80 anos: PiMáx = 143 - 0,55 x idade. A idade é calculada em anos e o resultado é obtido em cmH2O. Logo, os valores esperados nos quatro anos avaliados seriam entre -129,80 cmH2O a -128,15cmH2O. Segundo Azeredo (2002), o valor da normalidade da Pimáx em adultos jovens varia entre -90 cmH2O a -120 cmH2O. Os valores encontrados nas avaliações foi no máximo -150 cmH2O em 2006 e no mínimo -80 cmH2O em 2009. 5.1.2 Pressão Expiratória Máxima A figura 26 mostra os valores de Pemáx coletados do paciente comparados com os valores expressos pela normalidade encontrada na Literatura Brasileira. Não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre os valores de normalidade e os coletados do paciente. Figura 26 – Avaliação da PeMáx 300 250 200 150 100 50 0 2006 2007 PeMáx Paciente PeMáx Mínima Normalidade - Azeredo (2002) Fonte: Dados da Pesquisadora 2008 2009 PeMáx Normalidade - Presto (2007) 52 Observa-se que os valores da PeMáx entre as avaliações realizadas em 2007 e 2008 houve um declínio maior em relação aos outros períodos do estudo. Os valores de normalidade considerados neste estudo refere-se a PRESTO (2007) e AZEREDO (2002), De acordo com Black apud Presto (2007), considera a normalidade da PeMáx conforme cálculo específico para homens entre 20 e 80 anos: PeMáx = 268 – 1,03 x idade. A idade é calculada em anos e o resultado é obtido em cmH2O. Logo, os valores esperados entre os quatro anos avaliados seriam entre 243,28 cmH2O a 240,19 cmH2O. De acordo com Azeredo (2002) o valor da normalidade em adultos jovens varia entre 100 cmH2O a 150 cmH2O. Os valores encontrados nas avaliações foi no máximo 80 cmH2O em 2006 e no mínimo 40 cmH2O em 2009, segundo os autores supracitado em todos os anos avaliados o paciente apresenta-se abaixo da normalidade descrita pela Literatura. 5.1.3 Prova da Função Pulmonar A figura 27 mostra os valores da capacidade vital (CV) coletados do laudo da prova de função pulmonar, comparados com os valores expressos pela normalidade. Não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre os valores de normalidade e os coletados do paciente. Figura 27 – Capacidade Vital 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 2006 2007 CV (L) - Paciente Fonte: Dados da Pesquisadora 2008 CV (L) Normalidade 2009 53 Observa-se os valores encontrados nas avaliações do teste de função pulmonar que entre os anos 2006 e 2007 houve uma melhora na capacidade vital. Verifica-se que entre 2007 e 2008 houve um declínio nestes valores maior quando comparados entre 2008 e 2009. Quanto aos valores da capacidade vital (CV) do paciente nos quatro anos Avaliados, verificou-se que no ano de 2007 obteve o valor máximo em relação as 4 avaliações realizadas de 3,98 L e o mínimo foi no ano de 2009 sendo 2,10 L. Os valores da normalidade considerados para os valores da capacidade vital foram coletados do Laudo da Espirometria. A quantificação do distúrbio foi classificada de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2001), tem-se: no ano de 2006, Distúrbio Ventilatório Restritivo Moderado, no ano de 2007 Distúrbio Ventilatório Restritivo Grave, em 2008 Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (ou misto) Grave e em 2009 Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (ou misto) Grave. 5.1.4 Peak Flow A figura 28 mostra os valores do fluxo expiratório máximo do paciente através da utilização do Peak Flow, comparados com os valores expressos pela normalidade. Não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) entre os valores de normalidade e os coletados do paciente. 54 Figura 28 – Peak Flow 700 600 500 400 300 200 100 0 2006 2007 PF (L/min.) - Paciente 2008 2009 PF (L/min.) - Normalidade Fonte: Dados da pesquisadora Em relação aos valores do Peak Flow verifica-se que nas avaliações realizadas pelo paciente houve um declínio maior nos valores coletados entre 2007 a 2008. Os valores de normalidade do Peak Flow considerados neste estudo refere-se a Presto (2005), que descreve o valor de normalidade média do fluxo expiratório máximo de 608 L/min para homens com idade média de 25 anos e estatura de 1.65. Os valores encontrados nas avaliações foi no mínimo 300 L/min em 2009 e no máximo 500 L/min em 2006, sendo em todos os anos avaliados abaixo da normalidade. 5.2 Habilidades Motoras Em relação as habilidades motoras, foram observados os dados referentes ao Índice de Barthel para avaliar a funcionalidade e Performance Muscular. 55 5.2.1 Funcionalidade e Performance Muscular A figura 29 compara o escore da funcionalidade em relação com o teste de performance muscular coletados do paciente nos quatro anos avaliados. Houve correlação estatisticamente significante (p<0,05) entre os valores da performance muscular e funcionalidade do paciente nos quatro anos de avaliações. Figura 29 – Funcionalidade e Performance Muscular 70 60 50 40 30 20 10 0 2006 2007 Performance Muscular - Paciente 2008 2009 Índice de Barthel - Paciente Fonte: Dados da Pesquisadora Verifica-se que quando comparado os valores do Teste de performance Muscular e Funcionalidade que o declínio dos valores coletados do paciente neste período de quatro anos foi diretamente proporcional. Em relação as habilidades motoras associadas ao teste de performance muscular e funcionalidade, verificou-se nos quatro anos avaliados que: o escore máximo obtido pelo paciente no teste de funcionalidade através do Índice de Barthel foi de 58 pontos no ano de 2006 e mínimo de 39 pontos no ano de 2009. O escore máximo obtido através do Protocolo de Performance Muscular pelo paciente foi de 11 pontos em 2006 e mínimo de 3 pontos em 2009. 56 6 DISCUSSÃO Em relação a Pimáx pode-se verificar que houve diminuição nos valores coletados do paciente no decorrer dos quatro anos de avaliação realizada. Neste estudo como já mencionado anteriormente foi considerado como normalidade os valores descritos por Presto (2007) e Azeredo (2002). De acordo com o primeiro autor citado o paciente encontra-se acima da normalidade entre 2006 e 2007 e abaixo da normalidade nos anos de 2008 e 2009. De acordo o segundo autor, o paciente apresenta os valores dentro da normalidade descrita, pois os valores encontrados nas avaliações foi de no mínimo – 80 cmH2O em 2009 e no máximo – 150 cmH2O. Pode-se verificar que o paciente encontra-se no ano de 2009 em um período de transição para fraqueza muscular inspiratória. Em relação aos achados da literatura, é possível verificar que há controvérsias em relação a normalidade da PiMáx nas Literaturas Nacionais. Segundo Azeredo (2002), a classificação dos comprometimentos da força muscular respiratória em adultos jovens é dada como: fraqueza muscular respiratória, quando os valores de Pimáx encontrarem-se entre – 70 cmH2O a -45 cmH2O; fadiga muscular respiratória, -40 cmH2O a -25 cmH2O e falência muscular respiratória valores iguais ou inferiores à -20 cmH2O. Estudo realizado por Terzi (2008) no qual realizou coleta dos prontuários do Hospital Universitário em Ganches na França, entre janeiro de 2002 e dezembro de 2005 em 25 pacientes com DMD e 61 com DMS verificou-se que: em pacientes com DMD com idade média de 22,1 aos apresentaram valor de PiMáx de 24,2 cmH2O na primeira avaliação e após 1 ano foi realizado novamente o teste onde obteve PiMáx de 21,3cmH2O. Em estudo realizado por Comim (2006), realizado com pacientes portadores de Distrofias Musculares a média dos valores obtidos da PiMáx em 08 pacientes da amostra com DMD foi de -57,5 cmH2O. Estudo realizado por Souza (2007) com 04 pacientes com DMD a média dos valores obtidos foi de - 77,0 cm H2O. Antunes (2007) em seu estudo com pacientes portadores de Distrofias Musculares Progressivas, o grupo de DMD composto de 4 pacientes obteve média da PiMáx de -77 cm H2O. 57 Quanto a PeMáx pode-se verificar que houve diminuição nos valores coletados do paciente no decorrer dos quatro anos avaliados, ressalta-se que em todos os anos avaliados os valores da PeMáx foi abaixo da normalidade descrita por Azeredo (2002) e Presto (2007). O valor de normalidade da PeMáx em adultos jovens de acordo com Azeredo (2002) varia entre 100 cmH2O e 150 cmH2O. Com isso pode-se concluir, em relação a normalidade descrita por Azeredo (2002) e por Presto (2007) os resultados das avaliações realizadas pelo paciente avaliado encontra-se em todos os anos avaliados abaixo da normalidade. Uma adequada função da musculatura expiratória, principalmente dos músculos abdominais, é essencial para gerar uma pressão suficiente para a formação do fluxo adequado e a expulsão das secreções das vias aéreas. Nos pacientes portadores de DMD, os músculos expiratórios são os mais severamente afetados que os músculos inspiratórios e, por isso, reduções significantes na eficiência da tosse são evidentes (OTSUKA et al., 2005). Os resultados obtidos nestas avaliações são confirmados por Suárez (2002) e Aboussoun (2005) que relatam a fraqueza muscular expiratória sendo comum e evidente em pacientes com doenças neuromusculares, e que os músculos expiratórios podem estar mais comprometidos que os músculos inspiratórios, sendo esta a principal desencadeadora de complicações na mecânica ventilatória, já que o recrutamento desta musculatura é necessário nos processos de cearense das vias aéreas para a eliminação das secreções, durante a tosse. Em estudo realizado por Comim (2006), realizado com pacientes portadores de Distrofias Musculares a média dos valores obtidos da PeMáx em 08 pacientes da amostra com DMD foi de 47,5 cmH2O. Estudo realizado por Souza (2007) com 04 pacientes com DMD a média dos valores obtidos foi de 63,7 cm H2O. Em relação a capacidade vital pode-se verificar que os valores da capacidade vital oscilaram nos quatro anos avaliados. Foi observado declínios na capacidade vital, mas também aumento nos valores como em 2007 atingindo o valor máximo de 3,98 L sendo acima da normalidade do laudo da espirometria. Antunes (2007), realizou em seu estudo espirometria nos pacientes portadores de Distrofias Musculares Progressivas, nos 4 pacientes com DMD a média da capacidade vital foi de 1,73 L. 58 Azeredo (2002) relata que pode ser considerada como limite de normalidade a média de 3,75 Litros. Phillips (2001) afirma que quando os valores de CV se encontram inferiores á 1 Litro, os pacientes apresentam maior probabilidade ao óbito. Quanto ao distúrbio ventilatório foi possível verificar nos quatro anos da evolução da patologia que em 2006 e 2007 o paciente apresentava distúrbio obstrutivo evoluindo em 2008 para distúrbio restritivo. Os dados referentes à espirometria são confirmados por Stokes (2000), onde este afirma que os pacientes com doença neuromuscular, via de regra, desenvolvem distúrbio ventilatório restritivo, ao mesmo tempo em que Phillips (2001) afirma ser característico dos pacientes com DMD este tipo de distúrbio ventilatório. O teste de CV, através do uso da espirometria é descrita por Phillips (2001) como sendo um exame simples em pacientes com distrofias musculares auxiliando em um prognóstico mais preciso sobre a função respiratória com o desenvolvimento da patologia. Em relação aos valores do Peak Flow pode-se verificar que nos quatro anos avaliados houve um declínio dos valores coletados do paciente. Ressaltando que em todos os anos avaliados comparando com a literatura os valores estiveram abaixo da normalidade esperada. Azeredo (2002), afirma que os resultados obtidos nos testes de Peak Flow devem ser comparados com os valores normais teóricos contidos em normogramas especialmente programados para tal fim. Estudo realizado por Souza (2007), em pacientes Portadores de Distrofias Musculares Progressivas a média dos valores de Peak Flow no Grupo de DMD foi de 282,5 L/min. Em relação as habilidades motoras compreendidas com a utilização do Índice de Barthel para a avaliação da funcionalidade e o teste de performance muscular. Pode-se verificar que houve correlação estatisticamente significante quando comparado os dois testes. Evidencia-se também um declínio progressivo da capacidade funcional e habilidade motora no decorrer das quatro avaliações realizadas. Estes dados podem ser confirmados por Araújo et al. (2005), no qual afirma que a DMD é a patologia de maior acometimento funcional em curto espaço de tempo. 59 De acordo com o autor Cid-Kuzafa & Damián-Moreno (1997) relatam que os pacientes com Doenças Neuromusculares podem ser classificados, em relação a sua funcionalidade da seguinte forma: escores de 80 a 100 são considerados independentes; de 60 a 79 - semi-independentes; de 40 a 59 - parcialmente dependentes; de 20 a 39 - muito dependentes e abaixo de 20 – muito dependes. No caso do paciente avaliado entre os anos de 2006 a 2007 o escore total das suas avaliações ficou entre 58 a 48 pontos, sendo: parcialmente dependente e no ano de 2009 o escore foi de 39 tornando-se muito dependente. Schara (2005) descreve em seu trabalho que a Distrofia Muscular de Duchenne é de caráter mais agressivo e de maior progressão quando comparado a Distrofia Miotônica de Steinert. Estudo realizado por Melo (2005), afirma que os pacientes com DMD tornam-se mais dependentes dos familiares ao passar os anos de vida, tendendo a diminuir sua funcionalidade com o passar do tempo. Santos (2006) realizou estudo com 58 pacientes com diagnóstico de DMD para caracterizar o perfil clínico e funcional dos pacientes da ABDIM com idade entre 9 a 25 anos. Verificou que quanto aos itens de higiene e vestuário 91,4% são dependentes quanto ao vestuário e 89,6% dependentes quanto a higiene pessoal. Com o passar dos anos e a progressão da doença, os pacientes de DMD tornam-se cada vez mais dependentes nas atividades de vida diária e os cuidados dos familiares tendem a aumentar progressivamente. Na DMD, os pacientes tornamse incapazes de realizar suas atividades de vida diária muito precocemente, ficando condicionados a dependência por volta dos 8 a 12 anos de idade (SANTOS, 2006; OTSUKA et al, 2005; STOKES, 2000; TECKLIN, 2002; RATLIFFE, 2002; UMPHRED, 2004; MOURA et al, 2002). O Teste de Performance Muscular, é dividido em três seguimentos: o primeiro com testes avaliando a Performance Muscular de MMII e o segundo com testes de Performance Muscular de MMSS . Em cada tarefa proposta foi atribuído uma pontuação onde 0 significa que o paciente não realiza o movimento, 1 quando realiza o movimento com auxílio e 2 quando realiza o movimento sem auxílio. No final do teste é somada a pontuação de todas as questões para verificar a Performance Muscular como previamente descrito (OTSUKA et al., 2005). No teste de Performance Muscular realizado por Comim (2006), no grupo de DMD a média foi de 56 pontos. 60 7 CONCLUSÃO Neste estudo analisou-se a evolução do comprometimento pneumofuncional e das habilidades motoras em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne durante 4 anos de avaliação. Esta patologia é a distrofia mais comum ligada ao sexo. Sendo freqüentemente de caráter hereditário que leva a deteriorização das fibras musculares, ocasionando comprometimento da musculatura esquelética e cardíaca. Conforme a doença progride, as complicações respiratórias vão se tornando cada vez mais evidentes, sendo causa de óbito em 90% dos casos. A partir da contextualização do problema, das hipóteses, dos objetivos específicos propostos e da análise dos resultados dos dados, obteve-se as seguintes conclusões: Todos os objetivos propostos do presente estudo foram alcançados, tendo: o primeiro objetivo específico obteve como resposta: que a correlação entre a degeneração das habilidades motoras está diretamente relacionado com a diminuição da performance muscular e funcionalidade ao passar dos anos apresentando correlação estatisticamente significante nos anos avaliados. Em relação ao segundo objetivo, foi possível constatar que houve um declínio da função respiratória através da avaliação da capacidade vital e também diminuição da força dos músculos respiratórios de T.B.M. nos quatro anos avaliados. Com os resultados obtidos no presente estudo pode-se constatar que houve diminuição da capacidade pneumofuncional e das habilidade motoras nos quatro anos de avaliações realizadas. Ressalta-se que a partir do ano de 2007 o paciente vem passando por um período de declínio dos valores das avaliações realizadas durante os quatro anos de avaliação. Em relação aos valores de significância estatística evidenciou-se correlação estatística apenas nas habilidades motoras quando comparado funcionalidade e performance muscular não apresentando significância quando comparado os valores encontrados na avaliação respiratória nos quatro anos realizados em relação a normalidade descrita pela a literatura. Foi possível associar os resultados obtidos no decorrer dos quatro anos das avaliações realizadas verificando o quadro evolutivo de T.B.M. com os com os achados encontrados na literatura, que descrevem as distrofias musculares como 61 sendo de caráter progressivo e irreversível. Logo a fisioterapia atua realizando intervenção contínua para melhorar a qualidade de vida e a sobrevida destes pacientes. 7.1 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES O presente estudo tem como sugestão a continuidade do acompanhamento das avaliações periódicas deste paciente para verificar a progressão da sua patologia. E a recomendação, para a realização de novos estudos, visando aprofundamento e melhoria da análise sobre o comprometimento da função motora e respiratória periodicamente nos pacientes portadores de Distrofias Musculares Progressivas para verificar a progressão individual de cada paciente. 62 REFERÊNCIAS ABOUSSOUN, Loutfi. Respiratory Disorders in Neurologic Disease. Clinic Journal of Medicine, v.72, n.6, june 2005, p. 511-521. Disponível na internet em:www.pubmed.com. Acessado em: 28 de Abril de 2005. ANSVED, Tor. Muscular Dystrophies: influence of physical conditioning on the disease evolution. Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care 2003, 6: 435-439. 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Informações sobre a pesquisa Título: “ANÁLISE DO COMPROMETIMENTO PNEUMOFUNCIONAL E DAS HABILIDADES MOTORAS DURANTE 4 ANOS DE AVALIAÇÃO EM PACIENTE COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: UM ESTUDO DE CASO” Acadêmica Responsável: Franciani Rodrigues Orientador Técnico: Lisiane Tuon Generoso Bitencourt. Telefones para contato: (048) 3443.7119 / (048) 9985.1739 O objetivo deste estudo baseia-se em, coletar os dados das avaliações fisioterapêuticas realizadas na Associação Sul Catarinense de Familiares e Amigos de Portadores de Distrofias Musculares Progressivas – ASCADIM no período de janeiro de 2006 a julho de 2009. Além dos dados coletados, serão utilizados imagens da sua infância, crescimento, habilidades motoras preservadas e atendimento Fisioterapêutico. Pela sua participação, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento no estudo. Consentimento da participação da pessoa como sujeito Eu, __________________________________, RG/CPF nº ______________________ abaixo assinado, concordo em participar do estudo, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pela acadêmica sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como riscos e benefícios decorrentes da minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Criciúma, _____/______/________. Nome e Assinatura: ___________________________________________________. 73 ANEXOS 74 ANEXO A TESTE DE PERFORMANCE MUSCULAR (OTSUKA et al, 2005) 75 PROTOCOLO DE PERFORMANCE MUSCULAR Nome: Data de Nascimento: Número C: Data: Peso: Altura: Vignos: Idade: Tronco: Envergadura: Colaboração: Cronômetro: 1. Andar (Correr) 10 metros 2. Subir 4 degraus 3. Levantar da Cadeira 4. Levantar do chão (deitado) Performance 1. Levanta a cabeça (3s) 2. Vira de DD para DV pela direita 3. Vira de DD para DV pela esquerda 4. Vira de DV para DD pela direita 5. Vira de DV para DD pela esquerda 6. Senta-se (de deitado) 7. Posição sentado 8. Levanta do chão (de deitado) 9. Posição em pé 10. Anda nos calcanhares 11. Anda na ponta dos pés 12. Fica na perna direita (5s) 13. Fica na perna esquerda (5s) 14. Pula na perna direita 15. Pula com perna esquerda 16. Levanta da cadeira 17. Sobre escada com perna direita 18. Sobe escada com perna esquerda 19. Desce escada com perna direita ___/___/__ ___/___/___ ___/___/__ ___/___/_ _ _ _ 76 20. Desce escada com perna esquerda 21. Sobe escada pequena 22. Desce escada pequena Performance de Braços 1. Mão acima c/ peso (0,5kg) 2. Somente mão acima da cabeça 3. Mãos com cotovelos flexionados 4. Leva copo (250ml) à boca 5. Segura caneta com duas mãos 6. Não consegue nada Total Pontuação dos Movimentos 0 1 2 Não realiza os movimentos Realiza o movimento com auxílio Realiza o movimento sem auxílio 77 ANEXO B ÍNDICE DE BARTHEL (COOPER, 1989) 78 ÍNDICE DE BARTHEL (COOPER, 1989) Tarefa Higiene Pessoal I 0 Totalmente dependente Banho 0 Totalmente dependente Alimentação Uso do banheiro Escadas II 1 Necessita assistência em todas as etapas 1 Necessita assistência em todas as etapas III IV V 4 5 3 Assistência Capaz com a Totalmente mínima independente em 1 ou mais etapas Assistência 3 Assistência para transferir-se, lavar-se, ou enxugar-se; não completa a tarefa 0 2 5 Totalmente Necessita Alimenta-se dependente adaptação com para supervisão. alimentar-se, Necessita necessita de de ajuda assistência para colocar leite, açúcar, passar manteiga 0 2 5 Totalmente Necessita Necessita dependente assistência de em todos os assistência passos para transferênci as, manuseio de roupas e lavagem das mãos 0 2 5 Totalmente Necessita Necessita dependente assistência ajuda e em todos os supervisão, aspectos, é capaz de inclusive para subir e andar com descer, mas dispositivos não de manusear dispositivos 4 Supervisão para a transferência ou ajustar a água 5 Toma banho completo sem supervisão 8 10 Independente Alimenta-se para comer, sozinho, sem mas incapaz supervisão, de cortar desde que a alimentos ou comida abrir potes esteja a seu alcance 8 Supervisão para maior segurança. Usa papagaio ou comadre mas há assistência para esvasiála 8 Supervisão para maior segurança por rigidez matinal, ou falta de fôlego 10 Independente em todas as tarefas, inclusive abotoar, desabotoar roupas e uso do papel higiênico 10 Independente para subir e descer um lance com segurança, sem supervisão. Pode usar corrimão, 79 de auxílio Vestuários 0 Totalmente dependente e passivo 2 necessita assistência em todas as etapas Continência Fecal 0 Totalmente incontinente 2 Assistência para posicionar-se e realizar o esvaziamento Continência Urinária 0 2 Totalmente Incontinente incontinente mas coopera e com com sonda adaptações internas e externas Transferências bengalas e outros. 5 8 10 Assistência mínima ajuda capaz de tirar para colocar para fechar e por roupas e tirar zíperes, roupas botões, sapatos 5 8 10 PosicionaContinente Acidentes se mas é ocasionais incapaz de limpar-se, acidentes freqüentes 5 8 10 Mantém-se Acidentes Continente e continente ocasionais, independente durante o mínima para uso de dia, e a assistência adaptações noite para necessita de adaptações adaptação 8 12 15 Necessita Necessita de independente de supervisão em todas as assistência etapas em todas as etapas 0 3 Totalmente Participa das dependente, transferências necessita com a de 2 máxima auxiliares assistência para transferir-se Deambulação 0 8 3 12 15 Não Assistência Independente Independente, Assistência com deambula de uma de uma ou para andar, segurança, mais pessoas pessoa para mas incapaz alcançar de faze-lo por podendo usar apoio 45 min sem apoios e supervisão dispositivos 3 Cadeira de 0 1 4 5 Rodas Totalmente Impulsiona a Assistência Impulsiona a impulsiona a cadeira dependente cadeira em para levar a cadeira por cadeira até para curtas um tempo independente a mesa, a deslocar-se distâncias razoável mente, passa cama em terreno sobre terreno por esquinas, vira-se, plano, mas regularmente precisa de acidentado, aproxima-se auxílio no mínima da mesa e manuseio assistência é vai ao necessária banheiro 80 Escore Total: 80 – 100 60 – 79 40 – 59 0 – 39 Abaixo de 20 Independente Semi – independente Parcialmente dependente Muito dependente Totalmente dependente 81 ANEXO C APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC 82