Pronunciamento do Deputado Federal Pedro Wilson na Sessão Ordinária do dia 27 de agosto de 2007, em homenagem ao dia do Psicólogo. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Parlamentares, Ocupamos a tribuna hoje para prestar homenagem aos profissionais da Psicologia pelo transcurso hoje do seu dia. Saudamos todos os psicólogos e psicólogas do Brasil, as Universidades brasileiras que abrigam este curso dentro da estrutura organizacional. Especialmente saudamos a UnB, a UCG, UFG e UEG, os conselhos regionais e federal de psicologia. O Psicólogo é o profissional que conhece, melhor do que ninguém, o nosso pequeno grande mundo pessoal e existencial. Sabe, mais profundamente, o que somos: o que, como, porque - sentimos, pensamos, fazemos. O psicólogo é aquele que deve compreender aquilo que muitas vezes o amigo não consegue e percebe erradamente; que sempre deve querer compreender e se esforçar por isso. Compreendendo-nos, ele não só desvenda, como reforça o nosso eu verdadeiro, não só o nosso eu presente (quase sempre encoberto, apagado pelas defesas às múltiplas ameaças do nosso dia-a-dia). Como disse Carl Rogers, inovador psicólogo americano, ele se sente “o parteiro” de uma nova personalidade, trazendo-a à luz, através da sua cálida aceitação do outro (o cliente) no seu presente, na esperança do seu devir futuro. Acima da excelência da técnica que emprega está a riqueza da sua personalidade que se dá. Imprescindível, pois, que ele a cultive, desenvolvendo os dons que Deus lhe deu. O psicólogo deve ter e ser capaz de transmitir amor, equilíbrio e segurança. Onde quer que se encontre o ser humano, cabe a presença do psicólogo, pois a Psicologia é a arte-ciência da existência humana. Sem perder o consenso e a ética, ele deve ter o coração e a mente abertos à Verdade, ou às verdades com que se depara em seus caminhos, ou seja, poder viver na consciência íntima da humildade, percebendo, na medida em que cresce (na ciência e na vivência própria) o quanto lhe falta ainda, na sua estrada, a percorrer. O profissional de psicologia é, como o próprio nome da teoria sugere, um conhecedor da mente humana. A palavra deriva do grego e significa psyche (mente ou alma) e logos (conhecimento), ou seja, "ciência da alma": sua definição mais antiga. Tudo 1 começou com os filósofos, os primeiros a fazer especulações em relação a problemas psicológicos, em busca de respostas sobre a natureza da alma e de sua relação com o corpo. Daí o costume de se dizer que a filosofia é a mãe da psicologia ou que os filósofos foram os precursores dos psicólogos. Hoje, a definição da psicologia é outra e cabe ao psicólogo "estudar os fenômenos da mente e do comportamento do homem com o objetivo de orientar os indivíduos a enfrentar suas dificuldades emocionais e ajudá-los a encontrar o equilíbrio entre a razão e a emoção". O objeto de estudo do psicólogo é o comportamento humano e o seu principal objetivo é compreender o homem. Apesar desse intuito de compreensão não ser uma característica somente do profissional de psicologia - temos também o antropólogo, o sociólogo e o economista procurando o mesmo -, fica visível que estes dão ênfase, sobretudo, aos grupos e sociedades, enquanto aquele se fixa no indivíduo. Isto também não significa que o psicólogo só veja o indivíduo em separado, fora do coletivo, mas sim que enxerga o homem como a unidade do grupo. Veja algumas das divisões desse estudo: - psicologia da personalidade - ocupa-se dos diagnósticos e desenvolvimento das personalidades. - psicologia social - estuda o comportamento dos indivíduos dentro do grupo. - psicologia comparativa - compara o comportamento animal com o do homem. - psicologia do desenvolvimento - avalia as mudanças que acontecem com o indivíduo. - psicologia experimental - analisa os fenômenos psicológicos com fenômenos naturais, em condições monitoradas em laboratório. - psicologia clínica - tratamento das neuroses e demais problemas psíquicos. Para quem anda pensando em seguir essa profissão, alguns conhecimentos podem ajudar a se definir na escolha. Uma delas é saber sobre o seu futuro campo de atuação, ou seja, onde e como poderá trabalhar. O psicólogo pode atuar não apenas em consultórios, mas ainda em escolas, dando orientação vocacional; em empresas, participando de processos de seleção de funcionários; em hospitais, atendendo a pacientes e seus familiares; e mesmo na área de pesquisa, avaliando perfil do consumidor. Também pode trabalhar como psicólogo esportivo, preparando os atletas emocionalmente, ou como psicólogo educacional, auxiliando pais e professores a solucionar problemas de aprendizagem. O campo é bem amplo. A psicologia jurídica é outra área desse universo de opções. Como psicólogo jurídico, você vai acompanhar processos de adoção ou de violência a menores ou, em caso de presídios, avaliar os detentos. No caso de quem pretende clinicar, o estágio é obrigatório, mas todos, uma vez formados, deverão se registrar no Conselho Regional de Psicologia. O curso tem duração de quatro anos, para o bacharelado, e cinco, para quem deseja ainda a formação clínica, para atendimento em consultório. 2 Como parte das comemorações do dia do psicólogo - 27 de agosto - o Ministério da Saúde e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) lançaram a primeira Estação Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia. Na Estação BVS-Psi, profissionais de psicologia poderão ter acesso monitorado e gratuito às informações acadêmicas e científicas disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde e na Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia, esta última coordenada pela biblioteca do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Segundo os responsáveis pela iniciativa, o objetivo é possibilitar a atualização profissional e garantir maior acesso de psicólogos às fontes de informação na internet, além de contribuir para o avanço da pesquisa na área no Brasil e em países da América Latina. Queremos saudar também os atores políticos, do meio acadêmico, e da sociedade que estão inseridos na luta antimanicomial. Desde os anos 70, diversas instituições questionam as relações de estigma e exclusão que a nossa cultura estabelece com relação aos que solicitam dos cuidados em saúde mental. Já naquela época, propunhase mudanças no cenário nacional. Estava embrionário o Movimento de Luta Antimanicomial, que veio a ser consolidado em 1987, na cidade de Bauru, quando foi lançado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial – 18 de maio – com o lema: Por uma sociedade sem manicômios. Em Goiânia, durante a nossa administração, trouxemos para o interior das nossas políticas a concepção e eixos da luta antimanicomial, justamente numa cidade onde há se constatava de que clínicas psiquiátricas realizavam neurocirurgias e que a psiquiatria praticada hegemonicamente na cidade seria tributária de uma concepção biologicista responsável por violações dos Direitos Humanos dos pacientes. Nesse sentido, buscamos durante a nossa gestão, não isolar a pessoa com sofrimento mental por preconceito. Avançamos muito na luta, mas é preciso continuar, lutar, construir espaços de convivência e de integração. Por fim, neste dia, em que se comemora o dia do psicólogo, data tão significativa, deixamos registrado nossa imensa admiração, respeito e apoio aos psicólogos. A Psicologia não pode ser neutra ou abstrata, pois em tempos de extrema desigualdade a neutralidade é a arma dos dominantes. Viva a psicologia! Gostaríamos de deixar registrado nos anais da Casa o Manifesto de Bauru, documento que inaugurou a luta por uma sociedade sem manicômios, que este completa 20 anos. MANIFESTO DE BAURU Um desafio radicalmente novo se coloca agora para o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental. Ao ocuparmos as ruas de Bauru, na primeira manifestação pública organizada no Brasil pela extinção dos manicômios, os 350 trabalhadores de saúde mental presentes ao II Congresso Nacional dão um passo adiante na história do Movimento, marcando um novo momento na luta contra a exclusão e a discriminação. Nossa atitude marca uma ruptura. Ao recusarmos o papel de agente da exclusão e da violência institucionalizadas, que desrespeitam os mínimos direitos da pessoa humana, 3 inauguramos um novo compromisso. Temos claro que não basta racionalizar e modernizar os serviços nos quais trabalhamos. O Estado que gerencia tais serviços é o mesmo que impõe e sustenta os mecanismos de exploração e de produção social da loucura e da violência. O compromisso estabelecido pela luta antimanicomial impõe uma aliança com o movimento popular e a classe trabalhadora organizada. O manicômio é expressão de uma estrutura, presente nos diversos mecanismos de opressão desse tipo de sociedade. A opressão nas fábricas , nas instituições de adolescentes, nos cárceres, a discriminação contra negros, homossexuais, índios, mulheres. Lutar pelos direitos de cidadania dos doentes mentais significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos à saúde, justiça e melhores condições de vida. Organizado em vários estados, o Movimento caminha agora para uma articulação nacional. Tal articulação buscará dar conta da Organização dos Trabalhadores em Saúde Mental, aliados efetiva e sistematicamente ao movimento popular e sindical. Contra a mercantilização da doença! Contra a mercantilização da doença; contra uma reforma sanitária privatizante e autoritária; por uma reforma sanitária democrática e popular; pela reforma agrária urbana; pela organização livre e independente dos trabalhadores; pelo direito à sindicalização dos serviços públicos; pelo Dia Nacional de Luta Antimanicomial em 1988! Por uma sociedade sem manicômios! Bauru, dezembro de 1987 – II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental. Muito Obrigado! 4