5 - CNEC Educação

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Filosofia
SUMÁRIO
DO
VOLUME
FILOSOFIA
A FILOSOFIA ANTIGA
5
1. O surgimento da Filosofia
1.1 A Pólis Grega
1.2 A valorização da palavra
1.3 A Vida pública
1.4 A escrita
1.5 Os códigos de lei
1.6 A isonomia
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2. Os Pré-Socráticos
2.1 Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.)
2.2 Parmênides de Eleia (530-445 a.C.)
7
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3. O Período Socrático
3.1 Os Sofistas
3.2 Sócrates (469-399 a.C.)
3.3 Platão (427-347 a.C.)
3.4 Aristóteles (384-322 a.C.)
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Filosofia
SUMÁRIO COMPLETO
VOLUME 1
A FILOSOFIA ANTIGA
1. O surgimento da Filosofia
2. Os pré-socráticos
3. O período socrático
VOLUME 2
A FILOSOFIA MEDIEVAL
4. Aureliano Agostinho
5. Tomás de Aquino
6. A disputa dos universais
7. A Filosofia Moderna
8. O racionalismo cartesiano
9. A filosofia política
10. O Empirismo
11. Emmanuel Kant
VOLUME 3
12. A filosofia contemporânea
13. Karl Marx
14. Jean-Paul Sartre
15. O Problema da ciência, conhecimento e método na filosofia
3
4
Filosofia
Filosofia
O surgimento da Filosofia
A FILOSOFIA ANTIGA
1.1 A Pólis Grega
1. O
determinado momento, o predomínio
absoluto dos mitos deixou de ocorrer. A superação
da visão puramente mítica da realidade deveuse, particularmente, ao aparecimento das pólis
(Cidades-Estado), a partir do século VIII a.C.
Nesse período, a Grécia sofreu uma
transformação socioeconômica considerável.
A atividade predominantemente agrícola
foi sendo substituída pela atividade artesanal e
pelo comércio, daí a necessidade de se fundarem
centros de distribuição comercial. Tais centros
apareceram, inicialmente, nas colônias gregas, em
especial na Jônia e, posteriormente, em outros
lugares que foram os germes das pólis.
SURGIMENTO DA
FILOSOFIA
Num
Disponível em:<www.phiconnect.org>. Acesso em: 17 jul. 2007.
A Filosofia surgiu na Grécia Antiga, por volta do
século VI a.C. O seu aparecimento não deve ser
entendido como fruto exclusivo da sabedoria povo
grego, mas como resultado de uma aglutinação de
fatores que a tornaram possível. O gênio grego
encontrou ambiente favorável para superar a visão
puramente mítica do mundo e introduzir o logos
(a razão) como meio de compreensão da realidade.
Se retornarmos ao século IX a.C.,
constataremos que, nesse ambiente, que mais
tarde será denominado de mundo helênico
(grego), predominava a organização tribal (genos).
Nos gene, a leitura do mundo era feita através
dos mitos. Alimentava-se o temor aos deuses,
compreendia-se a realidade a partir da sua ação e,
sobretudo, acreditava-se no destino inexorável: a
Moira determinava a existência dos homens. Ela
era a personificação do destino, do “quinhão” que
cabe a cada um.
O herói era o modelo. Sua virtude não
residia na bondade moral ou no sentido de justiça
efusiva, mas na coragem. Encarnava o ideal do
guerreiro belo e bom. Bom porque ouvia os deuses
e aceitava, sem hesitar, o seu destino.
Os mitos afirmavam-se como verdades
inquestionáveis garantidas pela tradição de cada
povo. A verdade estava na palavra do sacerdote ou
do adivinho e não podia ser contestada.
Disponível em: <www.fflch.usp.br>. Acesso em: 17 jul. 2007.
O surgimento da pólis trouxe consigo muitas
inovações na forma de pensar e de agir do homem
grego. Dentre elas, podem ser destacadas as que se
veem a seguir.
1.2 A valorização da palavra
A palavra transformou-se no instrumento mais
importante do poder, a chave de toda autoridade
e o meio de comando e de domínio sobre o outro.
Não se tratava mais da palavra mágica do ritual, da
fórmula justa e adequada à invocação dos deuses,
mas da palavra polêmica do debate.
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6
Filosofia
O surgimento da Filosofia
O público ou o juiz, a quem era dirigida a palavra, passou a decidir sobre a sua força de convencimento;
não era mais a palavra das invocações que espera por uma resposta dos deuses.
Disponível em: <www.proformar.org>. Acesso em: 17 jul. 2007.
1.3 A Vida pública
As manifestações mais importantes da vida social adquiriram caráter público. Estabeleceu-se uma
diferenciação entre a esfera pública e a esfera privada. Aquilo que era secreto e favorecia a manutenção do
poder por parte do governante tornou-se, ao menos em parte, conhecido de todos.
1.4 A escrita
Inventada pelos fenícios e cultivada até então como conhecimento esotérico, acessível a alguns poucos
privilegiados na pólis, a escrita tornou-se exotérica. Uma vez pública, seu emprego foi sendo cada vez mais
difundido em meio ao povo (demos).
1.5 Os códigos de lei
Aos poucos, a vida na pólis foi eliminando a idéia de que a lei se origina da vontade exclusiva do
governante, guiado pela vontade dos deuses. A lei passou a ser escrita e, com isso, tornou-se mais humana,
já que comum e superior a todos, ficou sujeita à discussão e tornou-se alterável somente por decreto.
Foram redigidos códigos de leis, alguns famosos, como o de Drácon (fins do século VII), o de Sólon
(início do século VI) e o de Clístenes (510).
1.6 A isonomia
Com a valorização da palavra e a comunhão da lei, criou-se o sentimento de igualdade entre os
cidadãos. Por mais diferentes que fossem as origens ou as atividades exercidas, o cidadão foi adquirindo,
primeiramente, o sentimento de semelhança e, em seguida, de igualdade (isonomia – isos/igual e nomos/
lei) perante a lei, e a amizade (philia) foi a consequência natural.
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Filosofia
Os Pré-Socráticos
2. OS PRÉ-SOCRÁTICOS
C
omo vimos, a Filosofia apareceu no contexto do surgimento das cidades-estados, sendo que as primeiras
dentre elas foram fundadas nas colônias gregas da Jônia. O que hoje denominamos Grécia Antiga era um
conjunto de cidades e povoados distribuídos em três grandes regiões: a Grécia Continental, com as suas
diversas ilhas, a Magna Grécia, localizada na parte sul da Itália atual, e a Jônia, local onde hoje se encontra
a Turquia.
Os primeiros filósofos viveram na Jônia (Mileto, Éfeso, Clazômenas); em seguida, na Magna Grécia
(Eleia, Crotona, Agrigento); e, só mais tarde, na Grécia Continental (Abdera, Atenas). São chamados de
pré-socráticos os filósofos que viveram antes de Sócrates e que desenvolveram suas atividades, sobretudo,
nas colônias gregas.
Seus escritos praticamente desapareceram, restando somente alguns fragmentos feitos por alguns
comentadores ou historiadores antigos (doxografia). Embora as suas reflexões estejam voltadas sobretudo
para a natureza (physis), desenvolvem, também, algumas ideias sobre o homem, sobre a sua natureza e
sobre a sua alma.
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Disponível em: <www.tomgidwitz.com>. Acesso em: 17 jul. 2007.
Heráclito foi o mais importante filósofo da Jônia. Diz a tradição que
ele costumava tratar seus concidadãos com desprezo por considerá-los
ignorantes. Escrevia de forma hermética, como que os desafiando a
compreendê-lo, por isso recebeu o apelido de “o obscuro”. As pesquisas
atuais apontam 126 fragmentos de seus escritos como autênticos.
Seu pensamento pode ser assim resumido:
a) Toda a realidade é dotada de dinamismo: todas as coisas estão em
perene movimento. Nada é fixo, tudo se modifica. É nesse sentido que
deve ser entendida esta afirmação:
“O ser é e não é ao mesmo tempo” ou a fórmula: “Tudo flui”.
b) A força dos opostos: as coisas também estão em perene oposição
entre si. Há um eterno conflito de contrários. O conflito, porém, é
positivo. É no conflito com as outras coisas que cada uma delas adquire
realidade própria (noite x dia, frio x quente, vida x morte).
“A guerra é mãe de todas as coisas e de todas as rainhas...”
Heráclito, Peter Rubens. Observe que o artista
retratou o filósofo amargurado. Heráclito tinha
uma certa desesperança na humanidade.
Disponível em: <www.ghiraldelli.pro.br>. Acesso em: 17 jul. 2007.
2.1 Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.)
8
Filosofia
Os Pré-Socráticos
(fragmento 53).
c) A síntese dos opostos e o conflito entre todas
as coisas revela-se, ao mesmo tempo, fonte de
harmonia. Há uma perene pacificação entre os
beligerantes.
“O que é oposição se concilia e, das coisas
diferentes, nasce a harmonia mais bela, e tudo
se gera por via do contraste” (fragmento 8).
d) O Deus do Heráclito: a harmonia dos opostos
tem um princípio que está acima deles. Heráclito
o identificou com o fogo, elemento unificador de
todas as coisas. O fogo é o paradigma da perene
mutação.
“Deus é dia-noite, inverno-verão, guerrapaz, saciedade-fome” (fragmento 67).
No entanto, o fogo, enquanto elemento
“divino”, não é dotado de inteligência no sentido
de consciência pessoal capaz de criar e organizar
intencionalmente a realidade, tal como acontece
na concepção de Deus na tradição judaicocristã. No célebre fragmento 41, Heráclito
parece sugerir ideia semelhante. Diz ele: “Só
existe uma sabedoria: reconhecer a inteligência
que governa tudo através de todas as coisas”.
No entanto, tal inteligência – também chamada
por ele de logos – deve ser entendida, sobretudo,
como regra segundo a qual todas as coisas são
ordenadas e que a todas as coisas governa. O logos
heraclítico é imanente, ou seja, não transcende a
physis. Por isso, tal como o dos outros jônicos, o
seu pensamento é cosmocêntrico.
Alguns de seus fragmentos são dedicados ao
tratamento do tema da alma:
“Limites da alma não os encontrarias
nunca, mesmo percorrendo todos os caminhos;
tão profundo é o seu logus” (fragmento 45).
“Lutar contra o coração (desejo) é difícil;
pois o que ele quer compra-se a preço de alma”
(fragmento 85).
O fragmento 45 indica que Heráclito percebia
a natureza da alma como diversa da natureza das
coisas do mundo físico.
O fragmento 85 expressa a visão própria da
moral órfica: o homem deve lutar para libertar a
sua alma das cadeias do corpo, ideia que também
se faz presente no fragmento 4:
“Se a felicidade estivesse nos prazeres
do corpo, diríamos felizes os bois, quando
encontram ervilha para comer”.
2.2 Parmênides de Eleia (530-445 a.C.)
O
Perí Physeos (Sobre a natureza), também
conhecido como O Poema de Parmênides, é o único
escrito restante de Parmênides. É composto de
dezenove fragmentos, recolhidos da tradição
dexográfica.
Nele, o eleata apontou três possíveis caminhos
na busca da verdade: o primeiro seria o caminho
das opiniões falaciosas, baseadas nas aparências
das coisas; o segundo seria o caminho das opiniões
razoáveis; estas, ainda que baseadas no bom-senso
das pessoas, não tocam a verdadeira natureza do
ser; e o terceiro seria o da verdade absoluta, cuja
única fonte é a razão.
Tal verdade deve, necessariamente, assentarse no princípio da não contradição (A = A).
Segundo Popper e outros estudiosos, Parmênides
foi o primeiro a formular esse princípio, que
determina que duas coisas contraditórias
não podem ser afirmadas ao mesmo tempo
(Cf. Popper, K. O mundo de Parmênides).
Baseado nesse princípio, ele tomou posição
diferente da de Heráclito. O movimento perene
de todas as coisas, apregoado pelo efésio, iria de
encontro ao princípio da não contradição. Afirmar
a realidade do movimento implica a afirmação do
não-ser. Ora, o não-ser é absurdo e ilógico. Assim,
“necessário é o dizer e o pensar que o ser é; de
fato, o ser é, e o nada não é; e isto eu te exorto
a considerar” (fragmento 6).
Portanto, a única realidade é a do ser: o ser
é, e o não-ser não é. Para que o princípio da
não contradição não seja ferido, é necessário
considerar o ser como a única realidade, pois
admitir qualquer outra realidade além do ser
significa, ao mesmo tempo, admitir o não-ser.
Nos fragmentos 7 e 8, Parmênides apontou as
seguintes características do ser: em primeiro lugar,
ele é eterno, isto é, não teve começo nem terá fim.
Se o ser tivesse início ou viesse a ter um fim, isso
significaria um não-ser antes do seu nascimento
ou um não-ser depois de sua extinção. Em segundo
lugar, ele é imóvel. O movimento significa carência;
sendo pleno, o ser não precisa movimentar-se, até
porque movimentar-se implica a necessidade de
um não-ser dentro do qual o ser se moveria; mas
o não-ser é absurdo. Em terceiro lugar, o ser é
indivisível. Admitir a divisibilidade do ser significa
aceitar um não-ser como intermediário entre os
Filosofia
Os Pré-Socráticos
seres particulares, pois toda diferença implica o não-ser. Em quarto lugar, ser e pensamento identificamse. Não se pode pensar o não-ser; toda atividade do pensamento volta-se, necessariamente, para o ser: O
mesmo é pensar e ser (fragmento 8).
Disponível em: <www.laerte.com.br>.Acesso em: 17 jul. 2007.
Assim, o ser é eterno, imóvel, pleno, indivisível e única fonte do pensamento. Contudo, a realidade
com a qual nos defrontamos nos induz a pensar que o ser é móvel, divisível, incompleto e perecível.
Contrariando aquilo que os sentidos informam, Parmênides diz que as mudanças e a multiplicidade
das coisas no mundo material não passam de ilusões dos sentidos. A verdadeira realidade não está na
experiência, mas no plano do pensamento. Ele enfatizou o aspecto ilusório dos sentidos. Por isso, as ideias
formadas a partir dos dados empíricos são destituídas do caráter de verdade.
Exercícios de sala
1
(UEL) “Tales foi o iniciador da Filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio
originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa
proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta
filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.”
REALE, Giovanni, História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1999
A Filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados présocráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles
investigados.
a) A Ética, enquanto investigação racional do agir humano.
b) A Estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
c) A Epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
d) A Cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
e) A Filosofia política, enquanto análise do Estado e de sua legislação.
2
(UEL) Ainda sobre o mesmo tema, é correto afirmar que a Filosofia:
a) surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade sensível, e em oposição aos mitos
gregos.
b) retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses lógico-argumentativas.
c) reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da existência de alguma força divina.
d) desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à supremacia cultural dos gregos.
e) estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses endossadas pela força da tradição.
3
(UEL) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si,
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou
para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?”
VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000
O texto anterior é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma força de conhecimento,
assinale a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.
b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades.
c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica.
d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas.
e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de
não contradição.
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Filosofia
Os Pré-Socráticos
4
(UFU) Leia atentamente o seguinte verso do fragmento atribuído a Parmênides.
“Assim ou totalmente é necessário ser ou não.”
SIMPLÍCIO, Física, 114, 29, Os Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 2000, p. 123
A partir do fragmento apresentado, escolha a alternativa que representa corretamente o princípio
parmenideano da verdade.
a) O Ser é e o Não-Ser é Não-Ser. Ambos podem ser pensados e afirmados, pois é possível pensar e dizer
falsidades e o que não existe.
b) Somente o Ser é, pode ser pensado e afirmado. O Ser coincide com o pensamento e com a verdade. O
Não-Ser não é e não pode nem ser pensado, nem exprimido.
c) O Ser é (existe) necessariamente na Natureza, mas pode não existir no pensamento, enquanto não é
pensado. A relação entre o Ser e o pensamento não é necessária.
d) O caminho da verdade é a via da opinião, que comporta ao mesmo tempo o Ser e o Não-Ser. Afirmar
totalmente o Ser e o Não-Ser implica a opinião verdadeira.
5
(UFU) A passagem abaixo, do diálogo platônico Protágoras, refere-se ao procedimento adotado por
Sócrates.
“[...] Meu objetivo é examinar a proposição, muito embora possa acontecer que tanto eu, que pergunto,
como tu, que respondes, acabemos por ser examinados.”
PLATÃO. Protágoras (333c). Trad.de Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa, 2002, p. 82
Escolha a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Sócrates.
a) A Filosofia socrática consiste no exame de proposições, com o fim de demonstrar que a virtude é relativa, pois o
“homem é a medida de todas as coisas”.
b) O exame socrático não é somente um exame de proposições, mas um modo de testar a vida e o modo de viver
dos interlocutores.
c) A Filosofia socrática consiste em testar a verdade das proposições aduzidas pelos filósofos pré-socráticos que
investigavam o princípio fundamental da Natureza.
d) A Filosofia socrática consiste no exame das proposições da arte retórica, que possibilita a prudência
na administração da casa e na direção dos negócios da cidade.
6
(UFU) Considere o seguinte silogismo.
1) Nenhuma abelha é formiga.
2) Algumas criaturas gregárias* são abelhas.
3) Algumas criaturas gregárias* não são formigas.
* Criaturas gregárias: criaturas que vivem em colônias ou em comunidades.
Tendo em conta o silogismo apresentado e os conceitos da lógica de Aristóteles, assinale a alternativa
correta.
a) Este silogismo não é válido, pois sua conclusão é particular.
b) Este silogismo não é válido porque sua conclusão é negativa.
c) As frases 1 e 2 são as premissas do silogismo.
d) O termo médio, nesse silogismo, é o termo “criatura gregária”.
7
Platão (428 – 347 a.C.), discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, fundador da Academia, é até
hoje um dos filósofos mais importantes da história da filosofia. Círculos culturais e intelectuais no mundo
inteiro dedicam-se a estudar sua obra.
Sobre o modo como Platão expressou seu pensamento, assinale a alternativa correta.
a) Platão jamais escreveu textos filosóficos.
b) Platão escreveu textos filosóficos na forma de romances.
c) Platão escreveu textos filosóficos na forma de poesias.
d) Platão escreveu textos filosóficos na forma de diálogos.
8
(UFU) Leia atentamente o trecho de Aristóteles, citado abaixo, e assinale a alternativa que o interpreta
corretamenente.
“Como já vimos, há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande parte, a
excelência intelectual deve tanto o seu nascimento quanto o seu crescimento à instrução (por isto ela
requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto do hábito [...]”.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996
a) A excelência moral é superior à intelectual porque é resultado do nascimento.
b) A excelência intelectual é positiva e a moral negativa.
c) As excelências intelectual e moral anulam-se respectivamente.
d) As excelências moral e intelectual possuem, respectivamente, origem no hábito e na instrução.
Filosofia
O Período Socrático
3. O PERÍODO SOCRÁTICO
Entre as guerras dos gregos contra os persas, no início do século V, e o fim da guerra do Peloponeso (431
– 404), Atenas impôs-se como a mais importante cidade de toda a Ásia Menor e do sul da Europa e, do
ponto de vista cultural, de todo o Ocidente.
Nesse período de supremacia ateniense, destacou-se, na política, a figura de Péricles
(495 – 429). Reeleito general superior por mais de quinze vezes e chefe de Estado nos últimos quinze anos
de sua vida, tinha uma personalidade fascinante, ligada a uma impressionante habilidade retórica.
Realizou amplas reformas no âmbito da vida política, social, jurídica, econômica e artística de sua
cidade. As reformas fortaleceram em seus cidadãos a ideia de que a pólis, com todas as suas produções,
resulta da própria atividade humana, não da ação dos deuses.
Péricles era dotado de espírito eclético. Incentivou as artes, embelezou a cidade e – o que aqui nos
interessa – facilitou os caminhos para a Filosofia. Esta, por sua vez, acompanhou o “espírito” de seu
tempo, tratando de temas que interessavam aos cidadãos de Atenas.
Os filósofos anteriores preocuparam-se sobretudo com as questões relativas à natureza, à sua origem,
ao movimento, etc. Em Atenas, ao contrário, o polo de convergência das disputas filosóficas passou a ser
o homem (ánthropos) e toda a sua problemática.
Em meio às disputas que se diversificaram devido ao clima democrático instalado na cidade,
desenvolveram-se duas linhas ou orientações filosóficas principais: de um lado os sofistas e, de outro,
Sócrates e seus discípulos.
3.1 Os Sofistas
A questão é que a proposta teórico-democrática encontrava empecilhos de ordem prática. O povo,
acostumado à tirania, não estava preparado para assumir o seu papel de cidadão, pois não existia uma
consciência política. Em meio a essa situação, um grupo de filósofos nômades chegou a Atenas: os
sofistas, os quais introduziram um novo campo de estudo para a Filosofia, a Política, e provocaram uma
indagação sobre a teoria do conhecimento. Talvez em razão de seu nomadismo, afirmavam que a verdade
não existe. Segundo eles, existem tantas verdades quantas forem as mentes humanas: a verdade é relativa
a quem a defende. Fundamentavam tal tese no fato de cada povo ter crenças e costumes próprios. Como
consequência deste relativismo do conhecimento, não reconheciam o valor da Lei Escrita – surgida no
século VII a. C. – como garantia de justiça.
Essa posição, aliada ao fato de o homem não estar preparado para assumir a vida política, propiciou
aos sofistas intitularem-se “mestres da arte de fazer política”, propondo-se a ensinar aos jovens esta
“arte política”. Eram professores e cobravam pelos seus cursos e, enquanto professores, deram origem à
Pedagogia.
Os sofistas tentaram mostrar que, para além da lei escrita, existe a “lei do mais forte”, ou seja, a
capacidade de persuadir o outro é a chave do sucesso na política, e a retórica, como arte de bem falar
e convencer o ouvinte é a arma do político. Hoje ainda vemos a afirmação dessa proposta nas defesas e
acusações nos tribunais de justiça, nas salas de aula, nos templos, nas rodas de conversas entre amigos e,
sobretudo, entre os nossos políticos: quem melhor se expressar leva. O conteúdo da fala é esquecido em
favor da musicalidade do discurso.
Entre os mais famosos da sofística, podem-se citar Protágoras de Abdera (481 – 410 a.C.); Górgias
de Leontina, Sicília (485a.C); Pródico de Céos (470a.C); Hípias de Élida (séc. Va.C) e Antifonte (S/d).
11
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Filosofia
O Período Socrático
3.2 Sócrates (469-399 a.C.)
Disponível em: <http://faculty.washington.edu>. Acesso em 17 jul. 2007.
E
mbora, em geral, Sócrates discordasse dos sofistas, num ponto concordava com eles: tal como Górgias
ou Protágoras, entendia que a Filosofia deveria ocupar-se particularmente do homem. Ele chegou a essa
conclusão depois de ter, por longo período, frequentado e estudado os físicos eleatas. Desligou-se deles
aos poucos, à medida que ia se convencendo da menor importância dos problemas da natureza diante do
mistério do homem.
A Filosofia socrática foi marcada pela inabalável certeza de que o homem é capaz de atingir a verdade.
As verdades ao alcance do homem não são aquelas relativas à natureza física, mas as de ordem metafísica
(a ideia do bem, as virtudes e os valores em geral). Segundo ele, apesar das divergências sobre a moral, a
política e os costumes, existem verdades universais à disposição daqueles que, humilde e sinceramente, se
dispuserem a descobri-las.
A humildade é o pressuposto básico para o acesso à verdade, e o método mais adequado para atingi-la é o
do diálogo. Por isso, Sócrates preferia a palavra oral à escrita. O ambiente em que ele filosofava era o das ruas
e das praças de Atenas. Mantinha um tom cordial com aqueles que se predispunham a conhecer a verdade e
um tom inflamado e irônico com os que já se julgavam detentores dela, especialmente os sofistas.
Ainda que criticasse os sofistas pela sua atitude de donos do saber, baseado em sua crença na
preexistência da alma e na reencarnação, defendia as teses da existência de verdades absolutas e de um
mundo puramente espiritual, no qual vivem tanto as almas humanas, quando desligadas do corpo, quanto
as verdades absolutas.
À pergunta: “Quem é o homem?” Sócrates respondia: “O homem é sua alma”. A alma é a sede da
atividade racional, da atividade ética e do conhecimento. Para ter acesso aos conteúdos da alma, empregava
o método da introspecção estimulada. Essa articulava-se em três momentos:
a) Ironia (do grego eíron/interrogante) – constituía-se numa forma de diálogo em que, diante da arrogância
de seu interlocutor – geralmente um sofista – através de perguntas finas e dissimuladas, Sócrates assumia
uma atitude de ataque, induzindo-o à contradição. Era o momento da destruição dos preconceitos, da
falsa ciência e, sobretudo, da arrogância. A humildade em reconhecer a própria ignorância era tida como
indispensável para se iniciar a caminhada rumo à verdade. Ao que parece, ironicamente, costumava ele
mesmo afirmar, e quase exigir, que o interlocutor com ele repetisse: “só sei que nada sei”.
Filosofia
O Período Socrático
b) Maiêutica (do grego maiéu/partejar) – uma vez
eliminados os obstáculos pela ironia, o interlocutor
poderia, então, ser auxiliado a descobrir as verdades
que possui dentro de sua alma. Nesse momento do
diálogo, Sócrates não ensinava verdades prontas;
por meio de uma série de perguntas, induzia o
dialogante a trazer à luz concepções latentes em seu
espírito. Segundo ele, tais concepções são inatas a
todos os homens, daí ser ele defensor do direito
natural e da universalidade de certas verdades. Tal
qual as mães, Sócrates ajudava a dar à luz as ideias
inscritas em suas almas, das quais, normalmente,
não tinham consciência.
c) Conceito – momento em que a verdade,
antes observada no mundo perfeito (teoria da
reencarnação), aflora na alma do sujeito. Conhecer
é recordar, daí o adágio: conhece-te a ti mesmo
(e recorda-te das verdades que possuis).
Em Sócrates também podem ser encontradas
as primeiras manifestações da
Psicologia,
enquanto ele entendia a alma como princípio da
racionalidade e fonte da moralidade, propunhase a desvendar seus conteúdos, investigava suas
relações com o corpo e discutia sua natureza.
Segundo ele, essa seria eminentemente espiritual,
daí a sua imortalidade.
3.3 Platão (427-347 a.C.)
Primeiro período – antes da primeira viagem
(396): Apologia – defesa de Sócrates diante do
tribunal; Críton – sobre os deveres cívicos e o perdão;
Láques – sobre o valor militar e a demonstração da
insuficiência da retórica; Górgias – contraposição
de retórica e verdadeira sabedoria; a cidade ideal;
Hípias Menor – mentira e verdade; Alcebíades –
justiça e necessidade da virtude; Ménon – sobre o
ensino da virtude; o pitagorismo e a preexistência
da alma; Íon – sobre a poesia; Hípias Maior – sobre
a beleza; nela aparecem os primeiros elementos da
Teoria das Ideias; Crátilo – sobre o valor da palavra:
fala da insuficiência da palavra para se chegar à
verdade e à Teoria das Ideias; Eutifrón – sobre a
piedade, sendo Sócrates seu modelo. Crítica a
Eutifron; República I – sobre a justiça.
Segundo período – depois da fundação
da Academia (387): Protágoras – sobre a virtude
em geral e sobre o ensino da virtude, ataque aos
sofistas em geral; diferenças entre a retórica sofista
e a retórica dialética; Lísis/Eutidemo – crítica
aos sofistas; Cármides – sobre a temperança
(Sophrosyne); contra o intelectualismo socrático;
Clitofón – insuficiência da doutrina socrática para
a virtude; Banquete – sobre o amor; Fédon – sobre
a imortalidade da alma; República (II-X) – a utopia
política e a teoria das Ideias na Alegoria da Caverna
(VII); Menexeno – paródia burlesca sobre a oração
fúnebre, em que ridicularizam os oradores; Fedre –
sobre o amor e a beleza (belo compêndio de toda
a sua filosofia); Teeteto – sobre o conhecimento
científico; Parmênides – autocrítica da Teoria das
Ideias e crítica à Filosofia Pré-Socrática.
Terceiro período – depois da segunda viagem
(366): trilogia: Sofista – o ser e a Teoria das Idéias;
Político – condições do governante; Filósofo –
não-escrito.
Quarto período – depois da terceira viagem
(361): Filebo – sobre o prazer e o bem; Timeu
– Cosmologia; Críticas – contraposição entre o
estado agrário e o imperialismo marítimo; Mito de
Atlântida; Carta VII – depois da morte de Dión.
353 a.C.; As leis – revisão da República.
3.3.1 A Teoria das Ideias
Partindo das ideias socráticas, Platão
desenvolveu o primeiro grande sistema filosófico
do Ocidente. O sistema filosófico de Platão
assentou-se sobre a Teoria das Ideias. Segundo
essa teoria, o mundo terreno, com todos os seus
componentes, inclusive o homem, é constituído
de cópias imperfeitas de um mundo perfeito, por
ele chamado de Hiperurânio (mundo celeste). O
mundo celeste é eterno e perfeito; nele, habitam
ideias ou modelos perfeitos, plenos de ser, de todas
as coisas. Lá, também, está a ideia suprema do
bem.
O mundo terreno, com todos os seus
componentes, surgiu da atividade do Demiurgo.
O Demiurgo não é um deus criador, da mesma
forma que o Deus bíblico. Ele é um artífice que,
contemplando o mundo das ideias, moldou todas
as coisas terrenas. Antes de existir qualquer coisa
terrena, existia um substrato material sem forma,
uma extensão indeterminada, que Platão chamou
de Khora.
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Filosofia
O Período Socrático
Adaptado para o Acervo CNEC
Para moldar as coisas terrenas, o Demiurgo inspirou-se nas ideias (essências) que habitam o mundo
celeste. Assim, todas as coisas terrenas são cópias das essências celestes. Por isso, o mundo terreno é
imperfeito, constituído de aparências e de sombras.
A alma humana, como já havia afirmado Sócrates, é imortal e liga-se ao corpo para expiar algum
tipo de culpa. O corpo é a fonte de todos os males: dores, tristezas, insensatez, loucura, inimizades, etc.
Prisioneira do corpo, a alma sofre sua influência negativa, enquanto este impede o contato direto com a
essência das coisas. Tudo o que conhecemos no mundo terreno conhecemos por anamnese (reminiscência,
recordação) das coisas que a alma contemplou enquanto esteve no mundo celeste.
O conhecimento adquirido no mundo terreno ocorre em dois níveis: a doxa (opinião) e a epistéme (ciência).
A doxa e a epistéme, por sua vez, dão-se em dois graus diferentes. A doxa pode ser a simples imaginação (eikasía)
ou a crença (pístis). A imaginação refere-se às imagens das coisas sensíveis (sombras das sombras), e a crença
refere-se às próprias coisas, ou seja, influenciada pelos sentidos, a nossa alma é levada a crer que as coisas do mundo
terreno possuem realidade plena. A epistéme dá-se como ciência (dianóia) ou como intelecção pura (noésis).
A dianóia desenvolve-se no âmbito das ciências geométrico-matemáticas, enquanto a noésis é a Filosofia
propriamente dita, ou seja, consiste na captação pura das ideias, é a visão intelectiva do mundo das ideias,
regida pela ideia do bem.
A grande maioria dos homens permanece no plano da dóxa; alguns poucos, os matemáticos, atingem
a dianóia; somente os filósofos chegam à noésis. Para chegar à noésis, Platão indicava a dialética como o
caminho a ser seguido. A dialética consiste num lento processo de ascensão da alma que, aos poucos,
vai-se libertando das inflluências das imagens do mundo terreno fornecidas pelos sentidos, até atingir o
mundo das ideias.
Os sentidos fornecem imagens diferenciadas, porque a sensibilidade não é igual em todas as pessoas;
aquilo que é verdade para um não o é para outro. A grande massa dos homens apega-se a essas informações
superficiais, julgando-as como verdadeiras. Alguns poucos percebem as limitações da sensibilidade e
procuram encontrar conceitos que se afirmem sobre todas as opiniões particulares. São os cientistas,
especialmente os matemáticos, que descobrem a validade universal de seus conceitos (dianóia). Contudo,
o conhecimento científico pode ser superado por aquele que, num esforço intelectual supremo, for capaz
de vislumbrar uma única ideia, que abranja todas a demais ideias (noésis). Essa ideia é a do Bem Supremo.
A partir dessas concepções, Platão tratou dos mais diversos problemas: ética, política, natureza,
ciências, psicologia, mas se destacou, particularmente, pelas interessantes análises que fez da arte, dando
início à estética filosófica.
Filosofia
O Período Socrático
3.3.2 A política
Embora a política platônica seja eminentemente
normativa, podem também ser encontrados
elementos de política descritiva, já que Platão
não desconhecia algumas concepções tipicamente
gregas relativas ao tema. Desse modo, estão
presentes, em suas reflexões, as ideias de identidade
entre indivíduo e Cidade-Estado como única
forma possível de sociedade.
Platão demonstrava um profundo interesse
pelos acontecimentos políticos de seu tempo,
em especial de sua cidade, e sonhava com a
concretização de sua utopia política, como ocorreu
em Siracusa.
Contudo, o pensamento político de Platão
só poderá ser verdadeiramente compreendido se
forem levadas em consideração a sua metafísica e
as suas reflexões e conclusões no campo da ética.
Para ele, a política só realiza a sua verdadeira
finalidade se estiverem presentes as insuficiências
e limitações do mundo terreno e a permanente
aspiração da alma pela plenitude própria do
mundo das ideias. À política cabe uma tarefa
superior, na medida em que o Estado, o verdadeiro
Estado, deve fundar-se sobre os valores supremos
do Bem e da Justiça e, ao mesmo tempo, tornarse instrumento facilitador da plena realização
do indivíduo compreendido conforme a sua
metafísica, sobretudo como alma.
3.3.3 A utopia ou o Estado ideal
O pensamento político de Platão está espalhado
por todas as suas obras, mas é nos diálogos Górgias
e República que se torna explícito.
No Górgias, defendeu a ideia de que a
verdadeira arte política consiste na “cura da alma”,
por isso também é a arte do filósofo, especialmente
a do rei-filósofo.
Já A República é a obra-prima de Platão, em
que ele consegue harmonizar Política e Filosofia,
podendo ser considerada a suma do platonismo.
Nessa obra, ele fez a exposição mais sistemática
sobre o que considerava Estado ideal. Começando
pela análise do sentido de justiça, investigou
a posição e o papel do homem no Universo.
Ele entendia o Estado como manifestação plural
das individualidades humanas, daí a necessidade
de se considerar o indivíduo isoladamente para,
depois, analisar o convívio entre os indivíduos e,
a partir dessa análise, melhorar o Estado no qual
se vive.
Em suas considerações sobre a origem
do Estado, Platão falava de um sentido
originariamente ético das sociedades humanas.
Por que nasceu o Estado? Por que um homem
precisa de outros homens para satisfazer suas
necessidades materiais, suas necessidades de
segurança e de autoridade? Para satisfazer tais
necessidades, é indispensável que o Estado se
componha de três classes. Platão considerava que
o Estado seria a reprodução aumentada da alma
humana. Assim como a alma humana exerce três
funções: a apetitiva ou concupiscível, a irascível e
a racional, assim também são três as classes sociais
que exercem, no Estado, as funções que lhe são
correspondentes.
3.3.4 As virtudes cardeais
Segundo Platão, o Estado ideal é aquele no qual
se realizam as virtudes que lhe são indispensáveis.
São elas: justiça, temperança, coragem e sabedoria.
A justiça consiste em cada cidadão realizar aquilo
que lhe compete segundo a natureza de sua
alma individual. A temperança dá-se quando o
indivíduo consegue submeter as partes inferiores
da alma às superiores. A coragem consiste em fazer
prevalecer os ditames da razão, mesmo quando
os fatos sejam adversos, e a sabedoria reside na
adequada escolha dos bens que são úteis a todas as
classes sociais.
3.3.5 A educação
A perfeição do Estado é impossível sem uma
profunda educação dos seus membros. Esta deve
estar a cargo do governo e deve ser adequada a
cada uma das classes do Estado: os artesãos não
precisam de educação especial, a não ser do ensino
das artes e dos ofícios; os guerreiros devem receber a
educação clássica, realçando a ginástica e a música,
para robustecer a parte da alma responsável pela
coragem, e, aos governantes, é reservada uma
educação especial, que se deve prolongar até os
cinquenta anos e visar à preparação da alma para o
conhecimento filosófico: só aquele que contempla
a Ideia do Bem pode ser digno de governar. Em
suma, o rei deve ser filósofo; o governo deve ser
sofocrático.
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Prezado leitor,
Agradecemos o interesse em nosso
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