20/02/2015 Bromatologia e Análise de Alimentos • Aula 3 • Fatores intrínsecos e extrínsecos que interferem no crescimento microbiano nos alimentos. • Cinzas em alimentos. Métodos de determinação de cinzas em alimentos. Farmácia e Biomedicina Profa. Nádia Fátima Gibrim Unip - 2015 Qualidade dos alimentos: influenciada pelo número e tipo de microrganismos iniciais e sua posterior multiplicação. A má qualidade das matérias-primas e a falta de higiene também determinam a contaminação inicial. O tipo de alimento (fatores intrínsecos - relacionados às características do alimento) e as condições ambientais (fatores extrínsecos - relacionados com o ambiente em que o alimento se encontra) regulam a multiplicação microbiana. Atividade de água (Aa ou Aw): Intrínsecos Parâmetro que mede a disponibilidade de água de um alimento para favorecer o crescimento de microrganismos ou de reações químicas. Varia de 0 a 1. Os microrganismos têm um valor mínimo, um valor máximo e um valor ótimo de atividade de água para sua multiplicação. Extrínsecos Considerando que a Aa da água pura é 1,00 e que os microrganismos não se multiplicam na água pura, o limite máximo para o crescimento microbiano é ligeiramente menor do que 1,00. Alimentos Frutas frescas e vegetais Aves e pescados frescos Carnes frescas Ovos Pão Queijos Carnes curadas Bolos Nozes Atividade de água (Aa) > 0,97 > 0,98 > 0,95 0,97 0,95 > 0,91 0,95 0,94 0,84 • A maioria das bactérias deteriorantes não se multiplica em Aa inferior a 0,91, enquanto que fungos deteriorantes podem fazê-lo em Aa de até 0,80. Valores mínimos de atividade de água (Aa) para multiplicação de microrganismos importantes em alimentos Microrganismos Atividade de água Bactérias deteriorantes 0,90 Leveduras deteriorantes 0,88 Bolores deteriorantes 0,80 Clostridium botulinum 0,97 Escherichia coli 0,96 Staphylococus aureus 0,86 • Considera-se o valor de 0,60 como o valor de Aa limitante para a multiplicação de qualquer microrganismo, ou seja, abaixo de 0,60 os microrganismos não se multiplicam. 1 20/02/2015 Neutrófilos Ex: Escherichia coli Acidófilos Ex: Acidithiobacillus sp Alcalifílicos Ex: Bacillus sp • Importância fundamental na limitação das espécies de MOs capazes de se desenvolver no alimento. É a facilidade com que o substrato (alimento) perde ou ganha elétrons. Oxidação Redução Liberação ou perda de elétrons - Eh positivo O composto recebe elétrons - Eh negativo Quanto mais oxidada maior o Eh Quanto mais reduzida menor o Eh Quanto menor o Eh maior a capacidade de ceder elétrons! Cada tipo de MO precisa de um determinado Eh para se multiplicar. Do próprio alimento; Capacidade de equilíbrio; Tensão de oxigênio em torno do alimento; O acesso da atmosfera ao alimento. 2 20/02/2015 Nutrientes Os microrganismos variam quanto à capacidade de utilizar diferentes substratos do alimento, tais como carboidratos, gordura, proteínas, vitaminas e sais minerais. Temperatura Fator ambiental que mais afeta a multiplicação microbiana. A temperatura ótima para a maioria dos microrganismos, inclusive para os microrganismos patogênicos, é de 35oC. Multiplicação microbiana: pode ocorrer na faixa de - 8oC até 90oC. Classificação multiplicação: Psicrófilos - multiplicam-se entre 0ºC e 20ºC, com um 65oC ZONA de PERIGO 5oC de Mos segundo Temp. ideal de Faixa de temperatura em que os microrganismos se multiplicam rapidamente. A manutenção dos alimentos, fora da zona de perigo, não ótimo entre 0ºC e 15ºC; Psicrotróficos - desenvolvem-se entre 0ºC e 7ºC; Mesófilos - ótima entre 25 e 40ºC, mínima entre 5ºC e 25ºC e 45ºC e máxima entre 40ºC e 50ºC; Termófilos - ótima entre 45ºC e 65ºC, mínima entre 35ºC e 45ºC e máxima entre 60ºC e 90ºC. impede que todas as bactérias se multipliquem. Alguns tipos de bactérias são capazes de produzir esporos e conseguem sobreviver em temperaturas drásticas. MOs psicrófilos e psicrotróficos multiplicam-se bem em alimentos refrigerados, sendo os principais agentes de deterioração de carnes, pescados, ovos, frangos e outros. 3 20/02/2015 Determina quais Mos vão predominar no ambiente. • • Facultativo: necessita ou não de O2 anaeróbio facultativo: bacillus, Staphylococus Microaerófilo: necessita de quantidade determinada de O2 (+/- 10 %) Lactobacilos, Estreptococos, Campylobacter e Lysteria Conceito Resíduo inorgânico resultante da queima da matéria orgânica. Composição das cinzas: [ ]s: K, Na, Ca e Mg; [ ]s: Al, Fe, Cu, Mn e Zn; Traços: Ar, I, F e outros elementos. Cinzas matéria original Componentes Carbonato de potássio Carbonato de sódio Mercúrio Cádmio (Cd) Zinco e chumbo (Zn e PB) Temperatura (C) 900 900 100-550 > 450 300-1000 4 20/02/2015 Cálcio (Ca) Ferro (Fe) concentração: produtos lácteos, cereais, nozes, alguns peixes e certos vegetais. [ ]: grãos, farinhas, produtos farináceos, cereais assados e cozidos, nozes, carne, aves, frutos do mar, peixes, aves, ovos e legumes. concentração: em todos os alimentos, exceto em açúcar, amido e óleo. [ ]: produtos lácteos, frutas e vegetais. Fósforo (P) Sódio (Na) concentração: produtos lácteos, grãos, nozes, carne, peixe, aves, ovos e legumes. Sal é a principal fonte, e em quantidade média em produtos lácteos, frutas, cereais, nozes, carne, peixe, ovos e vegetais. Indicativo de várias propriedades: Aceito como índice de refinação para açúcares e farinhas; Níveis adequados de cinza total são um indicativo das propriedades funcionais de alguns produtos alimentícios; Parâmetro útil para verificação do valor nutricional de alguns alimentos e rações. Indispensáveis para o metabolismo normal e geralmente constituem os elementos da dieta essencial; Aqueles sem nenhuma função conhecida ou até podem ser prejudiciais à saúde. Determinações para caracterização da pureza e adulteração de amostras: Cinza solúvel e insolúvel em água; Alcalinidade das cinzas; Cinza insolúvel em ácido. METODOLOGIAS Temperaturas de incineração na mufla: 525C – frutas e produtos de frutas, carne e produtos MUFLA cárneos, açúcar e produtos açucarados e produtos de vegetais. BALANÇA COLETAR TRITURAR QUEIMAR INCINERAR DESSECADOR PESAR 550C – produtos de cereais, produtos lácteos (com exceção da manteiga, que utiliza 500C), peixes e produtos marinhos, temperos e condimentos e vinho. 600C – grãos e ração. Pesagem 5 20/02/2015 Tempo de incineração Pesagem de cinzas É difícil especificar o tempo porque varia com o produto e com o método. Deve-se tomar cuidado no manuseio do cadinho com a cinza antes de pesar, porque ela é muito leve e pode voar facilmente. Existe especificação somente para grãos e ração, que é de duas horas. Para melhor proteção, deve-se cobrir com um vidro de relógio, mesmo quando estiver em dissecador. Algumas cinzas são muito higroscópicas e devem ser pesadas o mais rapidamente possível em frasco com tampa (pesa-filtro). Para os demais produtos, a carbonização está terminada quando o material se torna completamente branco ou cinza, e o peso da cinza fica constante. Isso costuma levar muitas horas. Um exemplo desse tipo de cinzas é a de frutas, que contém carbonato de potássio, altamente higroscópico. Fornos muflas É utilizada para determinar elementos em traços, que podem ser perdidos na cinza seca e também de metais tóxicos. Reagente universal: H2SO4-HNO3-HClO4 Requer controle exato de temperatura e alguns minerais podem ser volatilizados. Cinzas secas Cinzas secas: É mais utilizada para cinza total, cinza solúvel e insolúvel em água, insolúvel em ácido. Limitações do uso: altas temperaturas, reações entre os metais e os componentes da amostra, ou entre estes e o material do cadinho. É útil também na determinação dos metais mais comuns e que aparecem em maiores quantidades. Geralmente mais sensível para amostras naturais. É uma técnica simples e útil para análise de rotina. Necessita menor supervisão. É demorada. Pode-se usar amostras grandes. 6 20/02/2015 É mais comumente utilizada na determinação da composição individual da cinza. Pode-se utilizar baixas temperaturas, que evitam as perdas por volatilização. É mais rápida. Utiliza reagentes muito corrosivos. Necessita de brancos para os reagentes. Não é prático como método de rotina. Exige maior supervisão e não serve para amostras grandes. Para análise de traços de metais (nanogramas e picogramas). Todo o material utilizado (como equipamento e cadinhos) deve ser o mais puro e inerte possível. Cadinhos de quartzo, platina e, em menor grau, prolipropileno. Limpeza dos equipamentos e cadinhos por banho de vapor para reduzir interferentes e a adsorção dos elementos. Para reduzir erros sistemáticos: utilizar microtécnicas, com pequenos equipamentos e cadinhos. Voláteis: sistema deve ser fechado e a temperatura deve ser o mais baixa possível. A cinza obtida por via úmida está pronta para ser utilizada para análises individuais de cada elemento mineral nela contido. Métodos: absorção atômica emissão de chama colorimetria turbidimetria titulometria A maioria dos métodos, com exceção do último é instrumental (equipamentos utilizados são sofisticados e caros). Para análise de traços de metais (nanogramas e picogramas). Reagentes e materiais de laboratório devem ser os mais puros possíveis. Evitar a contaminação do ar no laboratório. Manipulações e etapas de trabalho devem ser restringidas ao mínimo para reduzir contaminações inevitáveis. Todo o procedimento deve ser verificado por análises comparativas interlaboratoriais. 7