ESTUDO DE CASO : INTERVENÇÃO NA WATERHOUSE 1

ESTUDO DE CASO : INTERVENÇÃO NA WATERHOUSE 1
ANDRADE, Bruna Fuzzer de2.
PEREIRA, Clarissa de Oliveira³.
1
Trabalho Final de Graduação I _UNIFRA
² Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Franciscano
(UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected]
³ Arquiteta Urbanista, professora orientadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
RESUMO
Este trabalho objetiva expor o projeto de intervenção de um conjunto de
edificações remanescentes do período industrial da cidade de Xangai na China, que
foram recondicionadas para abrigar um hotel, conhecido como Waterhouse. O aspecto
primordial a ser observado refere-se ao modo como foi interpretado o entorno, e a
premissa de assumir a edificação conforme foi encontrada. De maneira que seja
evidenciado o passado histórico do país através das edificações. Outro ponto que
qualifica este projeto foi a inserção de elementos contemporâneos na composição com
a finalidade proporcionar aos usuários do equipamento sensações, causadas pela
inversão do dentro e fora da edificação.
Palavras-chave: WATERHOUSE, RETROFIT, INTERVENÇÃO.
1. INTRODUÇÃO
O Projeto analisado está localizado no Distrito de Bund ao sul de Xangai. O
Waterhouse é um hotel boutique de quatro andares que possui dezenove
acomodações para hospedagem, construído a partir de uma edificação datada do ano
de 1930, pertencente ao exército chinês. O Hotel Boutique baseia-se em um claro
contraste do que é velho e novo. Onde o edifício original de concreto recebeu adições
de volumes em aço cortem referências vindas dos navios que aportavam nas docas do
Rio Huangpu, que cruza o bairro onde esta localizado o hotel. Neste projeto o novo e o
velho comunicam-se e em nenhuma situação brigam ou oprimem-se, pelo contrário
buscam evidenciar um ao outro de forma suave e clara.
2. METODOLOGIA
O método de proposição deste estudo de caso se deu por meio de três
etapas: A primeira constituiu-se de um levantamento de dados referentes à obra em
caso. A segunda etapa organizou-se no processo de registro, organização e seleção
do material coletado e, por fim, a etapa de análise, e conclusões do estudo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Análise da Obra
Localizado no bairro de Cool Docks, ao sul do distrito South Bund em Xangai,
este hotel boutique utiliza um antigo prédio ocupado como alojamento por militares na
segunda Guerra mundial e mais três armazéns desocupados. Mais precisamente esta
localizado na frente do rio Huangpu e da pudong skyline , admirada mundialmente,
pela sua beleza. Durante o últimos dez anos a cidade foi praticamente reconstruída, e
diversos prédios que contam a história do país foram preservados, como a
Waterhouse. A intervenção possui um conceito de inversão de interior e exterior,
preservando a essência industrial do edifício anterior e
incorporando as várias
comodidades para os interiores do hotel.
Intervenção assinada pelo escritório Neri & Hu Design, o velho versus novo
está empiricamente ligado aos materiais da obra (Figura 1). Nos quais os arquitetos
lançaram mão do concreto existente na obra edificada e acrescentaram um volume em
aço corten, conceituando no passado industrial e na circulação de navios das docas a
beira do rio Huangpu, fornecendo uma ligação histórica e cultural com o entorno.
A estrutura original possui forma geométrica simples e regular com tendências
neoclássicas e a intervenção é caracterizada como uma adição de um volume na obra
pré-existente (Figura 2), no qual se adiciona mais dois volumes, com a finalidade de
convidar os hospedes para olhar para fora, e usufruir da vista da skyline da cidade.
Da mesma forma que o privado se relaciona com o público o inverso acontece, pois
estes dois acréscimos são transparentes, o que atrai o olhar do expectador externo
para dentro do edifício, por isso a idéia de inversão que a obra causa nos
expectadores e hóspedes.
Seu tamanho é proporcional aos edifícios vizinhos, porém se destaca pela sua
materialidade, ou seja, cor e texturas. A volumetria segue a do edifício existente, que
possui uma esquina trabalhada, seguindo a forma do terreno e mantendo articulação
com o entorno. Porém a busca por referências no contexto histórico da edificação faz
com que o projeto do interior configure-se a partir do exterior, buscando diversas
vezes visuais na cidade, proporcionando aos hospedes e visitantes experiencias
inusitadas. Enquanto que a disposição de aberturas que ocorre na fachada principal é
repetida na fachada lateral conferindo relação do velho e do novo e ritmando a
fachada, porém não de maneira igualmente equilibrada dos dois lados.
As plantas não são simétricas e possuem formato de “U”, se organizando em
torno de um pátio central (Figuras 6, 7, 8 e 9), que delimita onde é o hotel e onde é o
restaurante, que pode ser usado não apenas por hospedes. Organização esta que é
provinda dos princípios modernos de racionalização e simplificação formal que regem
a concepção de ambos os edifícios desta intervenção em razão da diferença de
funções e para a marcação dos acessos. A entrada principal da pré-existência era na
esquina, fortemente marcado pela curvatura da mesma e pela grande abertura, porém
na intervenção ele foi deslocado para a lateral, com a finalidade de reservar os
hóspedes (Figura 3).
Novamente o contato com o exterior é mantido pela implantação de terraços
(Figura 5), que servem para descanso e relaxamento dos clientes. Quanto ao
tratamento no interior da edificação, os arquitetos interviram o mínimo possível,
deixando a aparência das superfícies exatamente como encontraram desde tijolos
aparentes, pisos gastos e inclusive pichações, explicando que estas marcas são
cicatrizes do tempo na edificação e elas não precisam ser necessariamente
mascaradas, elas devem ser mostradas, pois é a própria história (Figura 4).
3.1 Ilustrações
Figura 1: Interior do hotel Waterhouse. Destaque para os materiais exatamente como foram
encontradosFonte: http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.html?id=2327273&lang=de#.T5QpLVrNAB.
Figura 2: Vista do volume acrescido a
fachada. Fonte:
Figura 3: Vista da entrada lateral do hotel.
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.ht
ml?id=2327273&lang=de#.T5QpLVrNAB.
Fonte:
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.ht
ml?id=2327273&lang=de#.T5QpLVrNAB.
Figura 4: Destaque para o estado dos
acabamentos das paredes, conforme fora
encontrada a edificação. Fonte:
Figura 5: Vista de um dos terraços para a
Skyline da cidade. Fonte:
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.ht
ml?id=2327273&lang=de#.T5QpLVrNAB.
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.ht
ml?id=2327273&lang=de#.T5QpLVrNAB.
Figura 6: Planta do Primeiro Pavimento do hotel. Fonte:
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.html?id=2327273&lang=de#.T-5QpLVrNAB.
Figura 7: Planta do Segundo Pavimento do hotel. Fonte:
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.html?id=2327273&lang=de#.T-5QpLVrNAB.
Figura 8: Planta do Terceiro Pavimento do hotel. Fonte:
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.html?id=2327273&lang=de#.T-5QpLVrNAB.
Figura 9: Planta do Quarto Pavimento do hotel. Fonte:
http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.html?id=2327273&lang=de#.T-5QpLVrNAB.
5. CONCLUSÃO
Este estudo de caso proporcionou um melhor entendimento da temática
intervenção em pré-existências, enfatizando que a postura de atuação pode ser
predominante importante para o sucesso do projeto. Também que como qualquer
outra proposição muito se tem para tirar partido do entorno e da própria história, sendo
ações como esta que promovem uma melhor aceitação da intervenção, por parte dos
interessados por ela.
Toda preocupação dos arquitetos em tornar o edifício um elemento do bairro,
com as possibilidades de vivencia tanto referentes a história do local como as vistas
que alguns pontos da intervenção oferecem contribuíram para o resultado obtido.
Pode-se ver nitidamente a postura conservativa adotada pelos profissionais, já que por
se tratar de um sitio já consolidado, uma intervenção nesta área deve ser
criteriosamente analisada.
Em suma agregou base para nossos futuros projetos, mostrando que o novo
deve respeitar o antigo, e que nenhum deve ser gritante em relação ao outro nas
intervenções. Deixando a história aparente e mostrando a nova etapa que a edificação
deve vivenciar, sendo esta um grande registro do passado futuramente.
REFERÊNCIAS
KÜHL, Beatriz Mugayar. PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA
INDUSTRIALIZAÇÃO: Problemas teóricos de restauro. Cotia, SP. Ateliê Editora,2008.
328p.
MACHADO, Diego Willian Nascimento. ALBERGUE INTERNACIONAL DA
JUVENTUDE DE SANTA MARIA. TFG I/2012 – UNIFRA.
SITE BAUWELT . Disponivel em:
(http://www.bauwelt.de/cms/bauwerk.html?id=2327273&lang=de#.T-5QpLVrNAB)
(Acessado dia 01/07/12 as 16:40h)
SITE MAGAZINE DZEEN. Disponivel em: (http://www.dezeen.com/2010/09/06/thewaterhouse-at-south-bund-by-nhdro/) (Acessado dia 29/08/12 as 14:25h)