III Congresso Nordestino de Engenharia Florestal (III CONEFLOR) - 12 a 15 de dezembro de 2011 PARADOXO ENTRE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA E GESTÃO: PARA ONDE CRESCE A UNIVERSIDADE? Xaxá, Igor Diego de Oliveira1; Silva, R.A.R.1; Fajardo, C.G.1; Nazareno, A.G.2; Vieira, F.A.1 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, Brasil. 2 Universidade Federal de Santa Catarina, SC, Brasil. Visando a integridade ecológica dos ecossistemas, a restauração florestal é ainda uma prática complexa devido à heterogeneidade ambiental e social que desafiam a nossa compreensão holística dos processos ecológicos. Entre as etapas que podem reduzir os custos e determinar o sucesso de um projeto de restauração destacam-se o reconhecimento do nível de degradação, a capacidade de resiliência do sistema em questão, o planejamento, a retirada de agentes causadores de estresse ao meio e a restauração biológica. Além dos aspectos técnico-científicos, a eficácia da restauração ecológica é determinada pelas instituições tomadoras de decisões, que no seu âmbito são responsáveis, entre outras, pela manutenção da ecologia da paisagem e uso do solo. Atualmente, discute-se com ênfase a relação entre o crescimento quantitativo e qualitativo das universidades; aqui se referindo especificamente à preservação e restauração ecológica aliada à expansão da infraestrutura física. Com o objetivo de corroborar a relação entre a restauração ecológica e a gestão pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram avaliados o desmatamento e a extinção local de espécies arbóreas no Bioparque (5°50'S; 35°12'W), campus da UFRN em Natal, RN. As espécies foram identificadas e caracterizadas quanto à estrutura da vegetação e ecossistema eliminado para a construção de novos prédios no local. As espécies arbóreas possuíam aproximadamente seis anos e com altura de até cinco metros. Entre as espécies cortadas no local, citam-se a craibeira [Tabebuia aurea, (Manso) Benth. &Hook. f. ex S. Moore, Bignoniaceae], ipê-roxo [Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl., Bignoniaceae], jucá (Caesalpiniaferrea Mart., Fabaceae), maçaranduba (Manilkarasp.Sapotaceae), paineira (Ceiba speciosa St. Hil., Malvaceae), pau-brasil (Caesalpiniaechinata, Lam., Fabaceae), peroba (Aspidospermapolyneuron M. Arg., Apocynaceae) e pau ferro [Chamaecristasp. Fabaceae]. Foi identificado ainda perturbações no habitat de espécies da fauna, incluindo lagartos (Iguanidae) e corujas buraqueiras (AthenecuniculariaMolina, Strigidae). Apesar da proximidade do campus da UFRN com o segundo maior parque urbano do Brasil, o Parque Estadual Dunas do Natal (1.172 ha), superado, em tamanho, apenas pela Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, a área da universidade padece com o calor intenso devido ao mau uso do solo, provocado pela escassez de árvores e, agora, pela retirada das árvores existentes. Com isso, fica evidente que o crescimento quantitativo (e.g. REUNI-Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) deve ser unido a aspectos qualitativos, incluindo a preservação e efetiva restauração ecológica dos ambientes. O rompimento desses aspectos indica falta de planejamento e inversão de valores, onde o investimento em restauração ecológica é anulado, consternando os recursos humanos(e.g. discentes e docentes) envolvidos na conscientização ambiental. É necessária, portanto, a sensibilização dos gestores e demais participantes para que a universidade cresça com conscientização ambiental e se aproxime da esperada sustentabilidade. 24