ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA MATERIAL DE APOIO Organizado por: GLEICY KELLY CARVALHO SOBRAL-CEARÁ 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 03 2. OBJETIVOS E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ............................................ 03 3. FUNDAMENTOS DE AVALIAÇÃO DA EMPRESA .............................................................. 06 4. O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E DO ADMINISTRADOR.............................. 09 5. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E A CONTABILIDADE ..................................................... 11 6. CUSTOS ....................................................................................................................... 13 7. PONTO DE EQUILÍBRIO................................................................................................. 14 8. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ....................................................................................... 19 9. ALAVANCAGEM ........................................................................................................... 20 10. ESTRUTURA DE UM ORÇAMENTO .............................................................................. 23 11. RISCO E RETORNO ...................................................................................................... 23 12. PAYBACK ................................................................................................................... 28 13. CUSTO DE CAPITAL ..................................................................................................... 30 14. ANÁLISE DE BALANÇO ................................................................................................ 31 15. CÁLCULO DOS QUOCIENTES ....................................................................................... 38 16. ÍNDICES DE LIQUIDEZ ................................................................................................. 38 17. ÍNDICES DE SEGURANÇA ............................................................................................ 40 18. ÍNDICES DE RENTABILIDADE ....................................................................................... 41 19. MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS ...................................................................... 44 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 47 2 1. INTRODUÇÃO A Administração Financeira e Orçamentária é uma disciplina em constante evolução estimulante e interessante, o seu estudo é necessário para tomada de decisões diárias dentro das organizações, no que diz respeito à captação e aplicação de recursos necessários para o desenvolvimento das empresas. A captação desses recursos poderá ser própria (através de aportes de capital) ou de terceiros (instituições financeiras, fornecedores etc.), e a aplicação desses recursos poderão ser para compra de imobilizados (máquinas, prédios etc.), ou para investimentos em outros ativos (matérias-primas, caixa, clientes etc.), ou ainda para alavancar seus negócios. As decisões diárias que o Administrador Financeiro deve tomar vêm sempre acompanhadas de determinados riscos, portanto é necessário conhecimento da organização que atua ou que venha atuar, e que esteja familiarizado com a Economia (Macroeconomia e Microeconomia) e a Contabilidade (Fluxos de Caixa, Resultados, Planejamentos etc.). A Administração Financeira se configura como Economia aplicada, fundamentada nos conceitos econômicos e utilizando amplamente os dados contábeis “Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos para Maximizar a Riqueza ou o valor total de um negócio”. Conforme A.A. Groppelli e Ehsan Nikbakht mencionam em sua obra Administração Financeira – Ed. Saraiva. Isso significa que a empresa obtenha o maior lucro possível com um menor risco possível. Acrescentamos que quando maior o lucro maior se torna o risco, e o Administrador Financeiro deverá aplicar técnicas para tornar o lucro maior possível maximizando a riqueza de seus proprietários ao menor risco. Conforme Gitman (2004:4) “finanças é a arte e a ciência da gestão do dinheiro....” 2. OBJETIVOS E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Primeiramente, deve-se compreender e entender o sentido e o significado de finanças que, corresponde ao conjunto de recursos disponíveis circulantes em espécie que serão usados em transações e negócios com transferência e circulação de dinheiro. Sendo que há necessidade de se analisar a fim de se ter exposto a real situação econômica dos fundos da empresa, com relação aos seus bens e direitos garantidos.Analisando-se apuradamente verifica-se que as finanças fazem parte do cotidiano, no controle dos recursos para compras e aquisições, tal como no gerenciamento e própria existência da empresa, nas suas respectivas áreas, seja no marketing, produção, contabilidade e, principalmente na administração geral de nível estratégico, gerencial e operacional em que se toma dados e informações financeiras para a tomada de decisão na condução da empresa. 3 A administração financeira é uma ferramenta ou técnica utilizada para controlar da forma mais eficaz possível, no que diz respeito à concessão de credito para clientes, planejamento, analise de investimentos e, de meios viáveis para a obtenção de recursos para financiar operações e atividades da empresa, visando sempre o desenvolvimento, evitando gastos desnecessários, desperdícios, observando os melhores “caminhos” para a condução financeira da empresa. Tal área administrativa, pode ser considerada como o “sangue” ou a gasolina da empresa que possibilita o funcionamento de forma correta, sistêmica e sinérgica, passando o “oxigênio” ou vida para os outros setores, sendo preciso circular constantemente, possibilitando a realização das atividades necessárias, objetivando o lucro, maximização dos investimentos, mas acima de tudo, o objetivo da Administração Financeira é maximizar a riqueza dos proprietários. Em uma sociedade por ações, a maximização da riqueza é medida pelo preço da ação. Na demais sociedades onde não são regidos por ações, os objetivos são os mesmos, ou seja, maximizar a riqueza dos proprietários, e podemos dizer que o objetivo é criar valor para seus proprietários. Maximização da Riqueza X Maximização do Lucro Maximizar o lucro conforme é uma abordagem de curto prazo e que os Administradores poderão deixar de fora certas despesas, diferir custos efetivos de equipamentos, despedir empregados com salários mais elevados, e automaticamente produzir ganhos mais altos e também maiores riscos. Maximizar a riqueza é uma abordagem de longo prazo e podemos dizer que é a criação de valor representando o aumento da riqueza. Esse aumento de riqueza é expresso no aumento do valor patrimonial. Os valores levam também em consideração o valor intelectual, as marcas e patentes, ponto, etc. • Áreas de Atuação Área de atuação das finanças: A administração financeira pode ser dividida em áreas de atuação, que podem ser entendidas como tipos de meios de transações ou negócios financeiros. São estas: • Finanças Corporativas Abrangem na maioria, relações com cooperações (sociedades anônimas). • Investimentos São recursos depositados de forma temporária ou permanente em certo negócio ou atividade da empresa, em que se deve levar em conta os riscos e retornos potenciais 4 ligados ao investimento em um ativo financeiro, o que leva a formar, determinar ou definir o preço ou valor agregado de um ativo financeiro, tal como a melhor composição para os tipos de ativos financeiros. Os ativos financeiros são classificados no Balanço Patrimonial em investimentos temporários e em ativo permanente (ou imobilizado), este último, deve ser investido com sabedoria e estratégia haja vista que o que traz mais resultados é se trabalhar com recursos circulantes por causa do alto índice de liquidez apresentado. Instituições financeiras São empresas intimamente ligadas às finanças, onde analisam os diversos negócios disponíveis no mercado de capitais– podendo ser aplicações, investimentos ou empréstimos, entre outros – determinando qual apresentará uma posição financeira suficiente à atingir determinados objetivos financeiros, analisados por meio da avaliação dos riscos e benefícios do empreendimento, certificando-se sua viabilidade. • • Finanças Internacionais Como o próprio nome supõe, são transações diversas podendo envolver cooperativas, investimentos ou instituições, mas que serão feitas no exterior, sendo preciso um analista financeiro internacional que conheça e compreenda este ramo de mercado • Funções Básicas Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, devem ser conduzidas para a obtenção de lucro. As atividades do porte financeiro têm como base de estudo e análise dados retirados do Balanço Patrimonial, mas principalmente do fluxo de caixa da empresa já que daí, é que se percebe a quantia real de seu disponível circulante para financiamentos e novas atividades. As funções típicas do administrador financeiro são: • Análise, planejamento e controle financeiro Baseia-se em coordenar as atividades e avaliar a condição financeira da empresa, por meio de relatórios financeiros elaborados a partir dos dados contábeis de resultado, analisar a capacidade de produção, tomar decisões estratégicas com relação ao rumo total da empresa, buscar sempre alavancar suas operações, verificar não somente as contas de resultado por competência, mas a situação do fluxo de caixa desenvolver e implementar medidas e projetos com vistas ao crescimento e fluxos de caixa adequados para se obter retorno financeiro tal como oportunidade de aumento dos investimentos para o alcance das metas da empresa. 5 • Tomada de decisões de investimento Consiste na decisão da aplicação dos recursos financeiros em ativos correntes (circulantes) e não correntes (ativo realizável a longo prazo e permanente), o administrador financeiro estuda a situação na busca de níveis desejáveis de ativos circulantes , também é ele quem determina quais ativos permanentes devem ser adquiridos e quando os mesmos devem ser substituídos ou liquidados, busca sempre o equilíbrio e níveis otimizados entre os ativos correntes e não-correntes, observa e decide quando investir, como e quanto, se valerá a pena adquirir um bem ou direito, e sempre evita desperdícios e gastos desnecessários ou de riscos irremediável, e ate mesmo a imobilização dos recursos correntes, com altíssimos gastos com imóveis e bens que trarão pouco retorno positivo e muita depreciação no seu valor, que impossibilitam o funcionamento do fenômeno imprescindível para a empresa, o 'capital de giro'. Como critérios de decisão de investimentos entre projectos mutuamente exclusivos, pode haver conflito entre o VAL (Valor Actual Líquido) e a TIR (Taxa Interna de Rendibilidade). Estes conflitos devem ser resolvidos usando o critério do VAL. • Tomada de decisões de financiamentos Diz respeito à captação de recursos diversos para o financiamento dos ativos correntes e não correntes, no que tange a todas as atividades e operações da empresa; operações estas que necessitam de capital ou de qualquer outro tipo de recurso necessário para a execução de metas ou planos da empresa. Leva-se sempre em conta a combinação dos financiamentos a curto e longo prazo com a estrutura de capital, ou seja, não se tomará emprestado mais do que a empresa é capaz de pagar e de se responsabilizar, seja a curto ou a longo prazo. O administrador financeiro pesquisa fontes de financiamento confiáveis e viáveis, com ênfase no equilíbrio entre juros, benefícios e formas de pagamento. É bem verdade que muitas dessas decisões são feitas ante a necessidade (e até ao certo ponto, ante ao desespero), mas independente da situação de emergência é necessária uma análise e estudo profundo e minucioso dos prós e contras, a fim de se ter segurança e respaldo para decisões como estas. 3. FUNDAMENTOS DE AVALIAÇÃO DE EMPRESA • Função na empresa A administração financeira de uma empresa pode ser realizada por pessoas ou grupos de pessoas que podem ser denominadas como: vice-presidente de finanças (conhecido como Chief Financial Officer – CFO) diretor financeiro, controller e gerente financeiro, sendo também denominado simplesmente como administrador financeiro. Sendo que, independentemente da classificação, tem-se os mesmos objetivos e características, 6 obedecendo aos níveis hierárquicos, portanto conforme ao figura 1.1, o diretor financeiro coordena a as atividades de tesouraria e controladoria. Mas, é necessário deixar bem claro que, cada empresa possui e apresenta um especifico organograma e divisões deste setor, dependendo bastante de seu tamanho. Em empresas pequenas, o funcionamento, controle e análise das finanças, são feitas somente no departamento contábil - até mesmo, por questão de encurtar custos e evitar exageros de departamentos, pelo fato de seu pequeno porte, não existindo necessidade de se dividir um setor que está inter-relacionado e, que dependendo do da capacitação do responsável desse setor, poderá muito bem arcar com as duas funções: de tesouraria e controladoria. Porém, à medida que a empresa cresce, o funcionamento e gerenciamento das finanças evoluem e se desenvolvem para um departamento separado, conectado diretamente ao diretor-financeiro, associado à parte contábil da empresa, já que esta possibilita as informações para a análise e tomada de decisão. No caso de uma empresa de grande porte, é imprescindível esta divisão, para não ocorrer confusão e sobrecarga. Deste modo, a tesouraria (ou gerência financeira) cuida da parte específica das finanças em espécie, da administração do caixa, do planejamento financeiro, da captação de recursos, da tomada de decisão de desembolso e despesas de capital, assim como o gerenciamento de crédito e fundo de pensão. Já a controladoria (ou contabilidade) é responsável com a contabilidade de finanças e custos, assim como, do gerenciamento de impostos - ou seja, cuida do controle contábil do patrimônio total da empresa. • Áreas de atuação Como já foi dito, as finanças estão presentes em todas as áreas de uma empresa e auxiliam o seu bom funcionamento. É extremamente importante a administração e controle eficaz da empresa, pois a correta administração do capital - recursos essenciais da organização - e as decisões hábeis, conduzirão ao sucesso e evitarão o fracasso. Deste modo, o administrador financeiro pode atuar em diversas áreas específicas, em alguns cargos ou funções como: • Analista financeiro Tem como função principal, preparar os planos financeiros e orçamentários, ou seja, através da preparação de demonstrações financeiras e orçamentos diversos, estabelece os planos financeiros de curto e longo prazo (guidance) para chegar às metas, analisando e realizando previsões futuras, avaliação de desempenho e o trabalho em conjunto com a contabilidade. 7 • Gerente de orçamento de capital Neste caso, o responsável é incumbido de avaliar, recomendando ou não as propostas de investimentos em ativos, pois ele já terá feito um traçado futuro, verificando se certos investimentos ou transações trarão resultados positivos ou negativos no aspecto financeiro. • Gerente de projetos de financiamentos Em empresas de grande porte, conseguem financiamentos para investimentos em ativos. Deste modo, o Gerente de orçamento de capital e o Gerente de projetos de financiamentos trabalham juntos, podendo atuar num mesmo setor. Dependendo da empresa, sempre antes de fazer um grande investimento de capital, como a aquisição de um imóvel, será preciso avaliar se o custo inicial está dentro de sua capacidade de pagamento (gerente de orçamento de capital) e também estabelecer como financiá-lo (gerente de projetos de financiamentos), comparando alternativas como comprar à vista ou a prazo, ou ainda a conveniência de realizar um leasing, dependendo de cada situação. • Gerente de caixa Responsável por manter e controlar os saldos diários do caixa da empresa. Geralmente cuida das atividades de cobrança e desembolso do caixa e investimentos em curto prazo. • Analista/gerente de crédito Gerencia as políticas de crédito da empresa. Avalia as solicitações de crédito, extensão, monitoramento e cobrança de contas a receber. • Gerente de fundos de pensão Em grandes empresas, supervisiona no geral a administração de ativos e passivos do fundo de pensão dos empregados, economizando e investindo o dinheiro para atender metas de longo prazo. • Objetivos e compromissos Todo administrador da área de finanças deve levar em conta, os objetivos dos acionistas e donos da empresa, para daí sim, alcançar seus próprios objetivos. Pois conduzindo bem o negócio - cuidando eficazmente da parte financeira - consequentemente ocasionará o desenvolvimento e prosperidade da empresa, de seus proprietários, sócios, colaboradores internos e externos – stakeholders (grupos de pessoas participantes internas ou externas do negócio da empresa, direta ou indiretamente) - , e, logicamente, de si próprio (no que tange ao retorno financeiro, mas principalmente a sua realização como profissional e pessoal). Podemos verificar que existem diversos objetivos e metas a serem alcançadas 8 nesta área, dependendo da situação e necessidade, e de que ponto de vista e posição serão escolhidos estes objetivos. Mas, no geral, a administração financeira serve para manusear da melhor forma possível os recursos financeiros e tem como objetivo otimizar o máximo que se puder o valor agregado dos produtos e serviços da empresa, a fim de se ter uma posição competitiva diante de um mercado repleto de concorrência, proporcionando, deste modo, o retorno positivo a tudo o que foi investido para a realização das atividades da mesma, estabelecendo crescimento financeiro e satisfação aos investidores. Não se deixa de mencionar que não há necessidade de se agir sem ética profissional, ilegalmente ou de má-fé, pois o ambiente em que se trabalha sobre mentiras e falsas informações não é propicio ao sucesso - pois não haverá verdade, compromisso, motivação, respeito e lealdade dos que cercam à empresa. E este é um fator que merece reflexão, pois de nada vale se conseguir recursos e capital a partir de mentiras e trabalho “sujo”, sofrimento e desilusão dos colaboradores, parceiros e agentes internos ou externos que de uma forma ou de outra são a razão da existência da empresa, e fazem o empreendimento “caminhar”. Faz-se referência desde o funcionário ao diretor, até o cliente; por isso deve-se ter responsabilidade e compromisso com todos os tipos de atividades, logicamente visionando a lucratividade, mas jamais decorrentes da dor e prejuízo de outrem, tendo sempre o compromisso com a responsabilidade e integridade do próprio nome da empresa. É claro que esta temática traz e trará muita contradição e divergência de idéias e concepções, já que muitas das vezes o “bolso fala muito mais alto”, mas há necessidade de se refletir sobre esta situação e apresentar a prática da responsabilidade social. Subdivisões da administração financeira • Valor e orçamento de capital • Análise de retorno e risco financeiro • Análise da estrutura de capital financeira • Análise de financiamentos de longo prazo ou curto prazo • Administração de caixa ou caixa financeira 4. PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO A Administração Financeira está estreitamente ligada à Economia e Contabilidade. A Administração Financeira pode ser vista como uma forma de economia aplicada que se baseia amplamente em conceitos econômicos. A Administração Financeira também aproveita certos dados da Contabilidade, outra área da Economia aplicada. Nesta seção discutiremos a relação entre a Administração Financeira e Economia, bem como entre a 9 primeira e Contabilidade. Embora estas disciplinas estejam relacionadas, há diferenças marcantes entre elas. A importância da Economia para o desenvolvimento do ambiente financeiro e teoria financeira pode ser melhor descrita em função de suas duas área mais amplas – Macroeconomia e Microeconomia. A Macroeconomia estuda o ambiente global, institucional e internacional em que a empresa precisa operar, enquanto que a Microeconomia trata da determinação de estratégias operacionais ótimas para empresas e indivíduos. Cada uma dessas áreas será discutida sucintamente sendo tratadas suas relações com a Administração Financeira. MACROECONOMIA Gitman em seu livro Princípios de Administração Financeira (1.997: 6) diz o seguinte: “Macroeconomia estuda a estrutura institucional do sistema bancário, intermediários financeiros, o tesouro nacional e as políticas econômicas de que o governo federal dispõe para controlar satisfatoriamente o nível de atividade econômica dentro da Economia”. Descreve ainda que “O Administrador Financeiro deve estar sempre alerta para as conseqüências de diferentes níveis de atividade econômica e mudança na política econômica que afete seu ambiente de decisão. Precisa perceber as conseqüências de uma política monetária mais restritiva sobre a capacidade da empresa obter recursos e gerar receitas, e ainda conhecer as várias instituições financeiras e saber como estas operam, para avaliar os canais potenciais de investimentos e financiamentos”. O Sistema Financeiro Nacional é composto de um subsistema normativo e de um subsistema operativo conforme abaixo: Sistema Normativo Constituído das entidades que estabelecem normas e regulam o funcionamento do sistema e que são: · Conselho Monetário Nacional ( CMN ) · Banco Central do Brasil ( BCB ) · Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ) · Banco do Brasil S.A. ( B.B.). · Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ) Sistema Operativo a) Instituições Financeiras Bancárias · Caixas Econômicas 10 · Bancos Comerciais b) Instituições Financeiras Não Bancárias · Bancos de Investimentos · Bancos de Desenvolvimento · Cias de Desenvolvimento · Sociedades de Crédito Imobiliário · Associações de Poupança e Empréstimo · Cias. Seguradoras c) Instituições Financeiras Auxiliares · Bolsa de Valores · Sociedades Corretoras · Sociedades Distribuidoras · Agentes Autônomos de Investimento MICROECONOMIA Conforme Chiavenato (1.994: 26) “As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa. Visam definir as ações que permitirão à empresa obter sucesso. Os conceitos envolvidos nas relações da oferta e demanda e a estratégia de maximização do lucro é extraído da teoria macroeconômica”. Ainda são extraídos as questões de composição de fatores de produção, níveis ótimos, determinação de preços, conceito de utilidade, risco, razões de depreciar ativos, a análise marginal, sendo predominância do princípio da análise marginal, quando a receita marginal exceder os custos marginais. Todos estes conceitos o administrador financeiro tira da microeconomia. Um dos conceitos que o Administrador Financeiro deverá ter é a respeito do mercado que envolve as transações entre vendedores e compradores e de acordo com a oferta e a procura, o mercado poderá apresentar três situações conforme abaixo demonstrada. 5. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E A CONTABILIDADE Existe uma relação íntima entre a Contabilidade e Administração Financeira, porém elas diferem, no que diz respeito as suas perspectivas, pois a Contabilidade tem como perspectiva o que se refere ao tratamento de fundos e a Administração Financeira à tomada de decisão. 11 Tratamento de Fundos O Contador difere no tratamento de fundos do Administrador Financeiro, pois de acordo com os princípios padronizados geralmente aceitos, o contador prepara as demonstrações financeiras com base ao princípio da competência ou regime de competência, onde a premissa básica é do reconhecimento das receitas serem na ocasião das vendas e as despesas quando incorridas, criando os valores a receber e a pagar. O Administrador Financeiro se preocupa mais com a solvência da empresa, ou seja, o Fluxo de Caixa. A empresa poderá ter seus níveis de vendas crescentes, mas falir por causa de entradas insuficientes de caixa para saldar suas obrigações no vencimento. Tomada de Decisão “O papel do contador é prover dados consistentes que sejam desenvolvidos e interpretados com facilidade, sobre operações passadas e futuras da empresa e o administrador financeiro usa estes dados como insumo ao processo de tomada de decisão” Gitman ( 1997: 13 ). Fluxo de Caixa O Administrador Financeiro se preocupa mais com a solvência da empresa, ou seja, o Fluxo de Caixa conforme já observado anteriormente. O Fluxo de Caixa nada mais é do que o movimento de entrada e saídas de dinheiro. O Planejamento ou Orçamento de Caixa nos proporciona uma visão de recebimentos e pagamentos que ocorrerão em um determinado período. Quando este resultado for superávit (recebimentos maiores que os pagamentos),podemos fazer aplicações a curto prazo. Quando o resultado for déficit (pagamentos maiores que recebimentos ), teremos que utilizar financiamentos a curto prazo. A principal parte do Planejamento Financeiro é a Administração da Liquidez, ou seja, assegurar que a empresa não tenha deficiência de caixa. Regime de Competência e Regime de Caixa Regime de Competência é utilizado pela Contabilidade para apuração do Resultado Econômico (Demonstrativo de Resultados do Exercício), onde é medido a rentabilidade (lucros ou prejuízos). Este regime as receitas são reconhecidas no ato da venda e as despesas quando estas são incorridas e desta forma podemos dizer que coincide com o ciclo econômico. Regime de Caixa é utilizado pela Administração Financeira no sentido de planejamento e controle das entradas e saídas de caixa apurando o resultado financeiro (superávit ou déficit de caixa), desta forma neste regime as receitas são reconhecidas no momento dos recebimentos e as despesas em seu pagamento. 12 6. CUSTOS À medida que a concorrência fica mais acirrada, estão sendo desenvolvidos novas formas ou novos métodos de custos. Os mais conhecidos são: Custeio por Absorção e Custeio Direto. Novos métodos tem sido desenvolvidos o Custeio ABC (Activity Based Costing) ou Custeio Baseado em Atividades, Custeio Kaisen, Custeio Alvo. Não iremos entrar em detalhe em todas estas metodologias, mas o suficiente para o entendimento e atender o objetivo da disciplina Administração Financeira e Orçamentária. Terminologia Utilizada em Custos Para muitos principiantes e até mesmo pessoas experientes se vêm embaraçadas com a terminologia adotada e confundem-se no seu significado. Custos, Despesas, Gastos, Investimentos, geralmente confundem-se com desembolso e muitas vezes é mal colocado. Megliorini (2001:7) cita vários autores mostrando os significados de: Gasto: “Vamos entender por gasto o compromisso financeiro assumido por uma empresa na aquisição de bens e serviços (...) podendo o gasto ser definido como gasto de investimento, quando o bem ou serviço for utilizado em vários processos produtivos, e como gastos de consumo, quando o bem ou serviços forem consumidos no momento mesmo da produção ou do serviço que a empresa realizar. Dependendo da destinação do gasto de consumo, ele poderá converte-se em custos ou despesas” Custo: “São os gastos, não investimentos, necessários para fabricar os produtos da empresa. São os gastos efetuados pela empresa que farão nascer os seus produtos. Portanto, podemos dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos, posteriormente ativados quando os produtos objeto desses gastos forem gerados. De modo geral são os gastos ligados à área industrial da empresa “ Despesa: “Bem ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas” Investimento: “São todos os bens e direitos registrados no ativo das empresas para baixa em função de venda, amortização, consumo, desaparecimento, perecimento ou desvalorização “ Diz ainda Megliorini que quando se compram materiais, realiza-se um investimento em estoque. O consumo na fabricação de um produto ou na realização de um serviço gera um custo, assim como o consumo nas divisões administrativas ou de 13 vendas gera uma despesa. Do mesmo modo, a aquisição de uma máquina gera um investimento no imobilizado e pela depreciação teremos um custo ou despesa. 7. PONTO DE EQUILÍBRIO O Ponto de Equilíbrio, também denominado Ponto de Ruptura, nasce da conjugação dos Custos Totais com as Receitas Totais. O conceito mais simplista é o ponto onde a Empresa não tem lucro nem prejuízo. Além do Ponto de Equilíbrio, a empresa terá lucro, aquém do Ponto de Equilíbrio a empresa terá prejuízo. FÓRMULA DO PONTO DE EQUILÍBRIO: CUSTOS E DESPESAS FIXAS TOTAIS EM QUANTIDADES = ---------------------------------------------------------------------------PREÇO VENDA UNIT( - ) CUSTO/DESP.UNIT.VARIÁVEL 60 60 Teremos então = ----------- --------------- = 5 unidades 15 - 3 12 5 unidades X R$ 15 = R$ 75 ( Ponto de Equilíbrio em Reais ) Realmente quando houver este volume de vendas teremos como custo/despesas totais: Custo Variável R$ 15 Custos/Desp.Fixas R$ 60 ----------Custos Totais R$ 75 O ponto de equilíbrio equivale ao lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade do produto. Isto significa que, em cada unidade vendida, a empresa terá um determinado valor de lucro. Multiplicado pelo total das vendas, teremos a contribuição marginal total do produto para o lucro da empresa. Em outras palavras, Ponto de Equilíbrio significa o faturamento mínimo que a empresa tem que atingir para que não tenha prejuízo, mas que também não estará conquistando lucro neste ponto. É muito comum encontrarmos empresários que afirmam saber o que significa Ponto de Equilíbrio. Alguns realmente sabem, outros pensam que sabem e têm aqueles que literalmente não fazem a menor idéia do que venha ser Ponto de Equilíbrio. Se soubessem o quão importante é o conhecimento deste indicador para a sobrevivência de um empreendimento, jamais se permitiriam desconhecê-lo. Muitas micro e pequenas 14 empresas não conseguem completar um ano de vida, em alguns casos pelo completo desconhecimento do ramo de atividade a que se propuseram, e , na maioria dos casos, por completo descontrole administrativo. O descontrole administrativo é tão grave que as vezes o executivo se ilude pensando que está obtendo lucros em suas operações, mas na verdade, acabam quebrando sem saber o motivo. Por incrível que pareça, acreditam que se as receitas forem iguais às despesas fixas ( aluguel do imóvel, salário do pessoal, condomínio, combustível, material de expediente, pró-labore, etc ) estarão pelo menos " tocando o negócio e empatando " , como se diz na gíria, não obtendo, nem lucro , nem prejuízo. A falência é uma questão de tempo. Ponto de Equilíbrio é um dos indicadores contábeis que informa ao executivo o volume necessário de vendas, no período considerado, para cobrir todas as despesas, fixas e variáveis, incluído-se o custo da mercadoria vendida ou do serviço prestado. Este indicador tem por objetivo determinar o nível de produção em termos de quantidade e ou de valor que se traduz pelo equilíbrio entre a totalidade dos custos e Retângulo de cantos arredondados: DIRETORIA das receitas. Para um nível abaixo deste ponto, a empresa estará na zona de prejuízo e acima dele, na zona da lucratividade. É o mínimo que se deve alcançar com receitas para que não amargue com prejuízo. O ponto de equilíbrio equivale ao lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade do produto. Isto significa que, em cada unidade vendida, a empresa terá um determinado valor de lucro. Multiplicado pelo total das vendas, teremos a contribuição marginal total do produto para o lucro da empresa. Em outras palavras, Ponto de Equilíbrio significa o faturamento mínimo que a empresa tem que atingir para que não tenha prejuízo, mas que também não estará conquistando lucro neste ponto. É muito comum encontrarmos empresários que afirmam saber o que significa Ponto de Equilíbrio. Alguns realmente sabem, outros pensam que sabem e têm aqueles que literalmente não fazem a menor idéia do que venha ser Ponto de Equilíbrio. Se soubessem o quão importante é o conhecimento deste indicador para a sobrevivência de um empreendimento, jamais se permitiriam desconhecê-lo. Muitas micro e pequenas empresas não conseguem completar um ano de vida, em alguns casos pelo completo desconhecimento do ramo de atividade a que se propuseram, e , na maioria dos casos, por completo descontrole administrativo. O descontrole administrativo é tão grave que as vezes o executivo se ilude pensando que está obtendo lucros em suas operações, mas na verdade, acabam quebrando sem saber o motivo. Por incrível que pareça, acreditam que se as receitas forem iguais às despesas fixas ( aluguel do imóvel, salário do pessoal, condomínio, combustível, material de expediente, pró-labore, etc ) estarão pelo menos " tocando o negócio e empatando " , como se diz na gíria, não obtendo, nem lucro , nem prejuízo. A falência é uma questão de tempo. 15 Ponto de Equilíbrio é um dos indicadores contábeis que informa ao executivo o volume necessário de vendas, no período considerado, considerado, para cobrir todas as despesas, fixas e variáveis, incluído-se se o custo da mercadoria vendida ou do serviço prestado. Este indicador tem por objetivo determinar o nível de produção em termos de quantidade e ou de valor que se traduz pelo equilíbrio eentre ntre a totalidade dos custos e Retângulo de cantos arredondados: DIRETORIA das receitas. Para um nível abaixo deste ponto, a empresa estará na zona de prejuízo e acima dele, na zona da lucratividade. É o mínimo que se deve alcançar com receitas para que não nã amargue com prejuízo. Conforme se pode observar a figura acima, o Ponto de Equilíbrio é o ponto onde a linha da Receita cruza com a linha do custo total. Para se calcular o Ponto de Equilíbrio, necessário se faz é o conhecimento do conceito de Margem de Contribuição. Para Padoveze (1997,p.257), representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida a empresa lucrará determinado determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição marginal total do produto para a empresa. Margem de Contribuição, nada mais é do que os resultados positivos, obtidos através da Receita, menos os Custos Variáveis. Este resultado, que é a Margem de Contribuição, deverá ser igual aos Custos Fixos para que se chegue ao Ponto de Equilíbrio. Fórmula do Ponto de Equilíbrio : PE = Custos Fixos / % Margem Contrib. 16 Descobrindo % da Margem de Contribuição Demonstração de Resultado da empresa " XYZ " ITEM VALORES Receita R$ 100.000,00 ( - ) Custos Variáveis R$ 65.000,00 = Margem de Contribuição R$ 35.000,00 ( - ) Custos Fixos R$ 28.000,00 = Resultado R$ 7.000,00 % 100 % 65 % 35 % Ponto de Equilíbrio Contábil É o mínimo que deveremos vender num determinado período de tempo para que nossas operações não dêem prejuízo. Obviamente que também não estaremos conseguindo lucro. No caso da empresa acima, o Ponto de Equilíbrio seria: Custo Fixo PE = --------------------------então, % Margem Contribuição R$ 28.000,00 PE = --------------------------35 % => PE = R$ 80.000,00 Então, R$ 80.000,00 é o mínimo, aproximadamente, que esta empresa tem que vender para conseguir bancar a sua estrutura, ou seja, para não amargar com prejuízo. Verificação: Demonstração de Resultado do PE da empresa " XYZ " ITEM Receita ( - ) Custos Variáveis = Margem de Contribuição ( - ) Custos Fixos = Resultado VALORES R$ 80.000,00 R$ 52.000,00 R$ 28.000,00 R$ 28.000,00 R$ 0,00 % 100 % 65 % 35 % Ponto de Equilíbrio Econômico É o Ponto de Equilíbrio com um lucro desejado. Poderá acontecer de, no processo de elaboração orçamentária, a diretoria determine um Ponto de Equilíbrio com um lucro desejado. Vamos ver o cálculo, tomando como exemplo a demonstração da empresa " 17 XYZ ", considerando que a diretoria determinou um lucro desejado de R$ 6.000,00, acima do Ponto de Equilíbrio: PE = R$ 28.000,00 + R$=> PE = 6.000,00 97.142,86 35 % R$ Verificação: Demonstração de Resultado do PE da empresa " XYZ " ITEM Receita - ) Custos Variáveis = Margem de Contribuição ( - ) Custos Fixos = Resultado VALORES R$ 97.142,86 R$ 63.142,86 R$ 34.000,00 R$ 28.000,00 R$ 6.000,00 % 100 % 65 % 35 % Ponto de Equilíbrio Financeiro É quando dentro dos Custos Fixos, existem variações patrimoniais que não significam desembolsos para a empresa, mas que, de acordo com os Princípios Contábeis, estas variações devem figurar no resultado do exercício, sendo confrontados com as receitas, porque contribuíram para a constituição da mesma. Exemplo clássico é a depreciação. Usando o mesmo exemplo anterior, sem o lucro desejado, vamos imaginar que dentro dos custos fixos exista um valor de R$ 2.000,00 referente à depreciação. Eliminando-se a depreciação, o Ponto de Equilíbrio cai. R$ 28.000,00 - R$=> PE = R$ PE = 2.000,00 74.285,71 35 % Verificação: Demonstração de Resultado do PE da empresa " XYZ " ITEM Receita ( - ) Custos Variáveis = Margem de Contribuição ( - ) Custos Fixos = Resultado VALORES R$ 74.285,71 R$ 48.285,71 R$ 26.000,00 R$ 26.000,00 R$ 0,00 % 100 % 65 % 35 % 18 Limitações da Análise do Ponto de Equilíbrio Apesar de o Ponto de Equilíbrio ser uma ferramenta fundamental na Administração Financeira, este coeficiente não é exato, sendo passível de alguma diferença no decorrer do período. E isso é fácil de explicar. O Custo Fixo, na realidade ele não é fixo como se diz. Ele tem esta denominação, de custo fixo, porque ele não varia de acordo com as vendas, por isso que é chamado de custo fixo. Porém, os custos que o compõem, na realidade variam de acordo com o desperdício administrativo. Por exemplo, a energia elétrica, o gasto com comunicações, com combustível e outros gastos considerados fixos, se não houver controle, eles sempre estarão variando e, com eles variando, o Ponto de Equilíbrio também variará. Por isso , este coeficiente tem seu valor aproximado. Mas apesar disso, o Ponto de Equilíbrio é uma ferramenta extremamente importante na Administração Financeira. 8. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO É a diferença entre Receita de Venda de uma unidade e a soma dos custos e despesas variáveis dessa mesma unidade, portanto a essa sobra ou essa diferença se dá o nome técnico de Margem de Contribuição. No exemplo acima a partir da 6 (sexta) unidade, cada margem de contribuição unitária que até aí, contribuía para a cobertura dos custos e despesas fixas, passa a contribuir para a formação do lucro. Margem de Contribuição Unitária`( R$ ) = Preço Unit.de Venda ( - Custo/Desp.Variáveis Unitárias) Custo e Despesas Fixas Totais Ponto Equilíbrio em Quantidade = -----------------------------------------------------------------Preço Unitário Vendas ( - ) Custo/Desp. Variáveis Unitárias Custo e Despesas Fixas Totais Ponto Equilíbrio em Reais = --------------------------------------------------------------------------Preço Unitário Vendas ( - ) Custo/Desp. Variáveis Unitárias --------------------------------------------------------------------------Preço Unitário de Vendas 19 9. ALAVANCAGEM Alavancagem é um termo usual em finanças advindo da palavra ALAVANCA. Alavanca é uma ferramenta usada para erguer, levantar um(a) determinado(a) volume, peça etc. Finanças aproveitou esta palavra e a utilizou como um meio de expressar a elevação nos resultados operacionais, advindo de um aumento de suas atividades (produção e vendas), ou ainda pelo uso de capitais de terceiros elevando os resultados líquidos dos proprietários. Surgiu então uma nova palavra que é ALAVANCAGEM. 9.1 Alavancagem operacional A Alavancagem Operacional se dá quando ocorrer aumento no nível da atividade (produção e vendas) e os seus custos (despesas) fixos não se alterem ou variem em função do aumento da produção e vendas. Gitman define: “A Alavancagem Operacional resulta da existência de custos operacionais fixos no fluxo de lucros da empresa “. (7ª Edição p.422) . Podemos então dizer se as vendas aumentam em um determinado percentual, os lucros operacionais terão um aumento percentualmente maior. Concluímos que o Grau de Alavancagem Operacional está assim formulada: Variação percentual no lucro operacional Grau de Alavancagem Operacional =-------------------------------------------------------------Variação percentual no volume de atividades Poderemos também usar uma forma mais analítica que nos possibilite apurar o Grau de Alavancagem Operacional ( G.A.O ) mesmo sem apurar as variações percentuais no volume de atividade e de resultados. Q ( Pvu ( - ) Cdvu ) Grau de Alavancagem Operacional =-------------------------------------------Q ( Pvu ( - ) Cdvu ) – CDFT Onde: Q = Quantidade no nível de atividade ( produção e vendas ) Pvu = Preço de Venda Unitário Cdvu = Custos e Despesas Variáveis Unitário CDFT = Custos e Despesas Fixos Total O uso do Grau de Alavancagem Operacional determina qual o lucro operacional em 20 diversos níveis de atividade. É de extrema importância quando da avaliação da viabilidade econômica da empresa o uso do Grau de Alavancagem Operacional, sendo uma indispensável ferramenta na elaboração de projeções de resultados. Exercício/Exemplo Uma empresa vende seus produtos a R$25,00 e seus custos/despesas variáveis unitários são de R$12,00, e seus custos e despesas fixos totais são de R$1.800,00. Sendo o nível de atividade em 300 unidades, qual o Grau de Alavancagem Operacional ? E se aumentar o seu nível de atividade de 300 para 450 unidades, qual será o incremento de lucro ao nível de 450 unidades ? 9.2 Alavancagem financeira Alavancagem Financeira é o estudo onde o Administrador Financeiro decidirá se é vantagem à empresa captar recursos de terceiros ou não. A Alavancagem é medida pelo GRAU, ou seja, se maior que 1, o endividamento tem um efeito de alavanca sobre o lucro, que é levado para o acionista. A Alavancagem Financeira resulta da presença de encargos financeiros no fluxo de lucros da empresa. Para melhor entendermos vamos ver um exemplo simples e comparativo entre duas empresas. FÓRMULA DO G.A.F. ( Grau de Alavancagem Financeira ) Lucro Líquido Patrimônio Líquido G.A.F. =------------------------------------------------------------------------------Lucro Líquido + Despesas Financeiras Patrimônio Líquido + Dívida que Gerou Despesas Financeiras 9.3. Alavancagem em termos de lucro por ação ordinária O G.A.F. pode ser definido como sendo a variação percentual nos lucros disponíveis para o acionista, associado com certa variação percentual nos lucros antes das despesas financeiras e do imposto de renda. A fórmula para o cálculo do GAF é obtida pela seguinte equação: Lucro Antes das Despesas Financeiras e Imposto de Renda G.A.F. =---------------------------------------------------------------------------------Lucro Antes das Despesas 21 Financeiras e Imposto de Renda ( - ) Despesas Financeiras 9.4 Efeito combinado da alavancagem operacional e financeira A Alavancagem Operacional faz com que uma mudança no volume de vendas tenha um efeito aumentado nos lucros antes dos juros e impostos, e caso a alavancagem financeira seja superposta a alavancagem operacional, a mudança nos lucros antes dos juros e impostos terá um efeito aumentado sobre o lucro por ação. Se tivermos boa alavancagem financeira e operacional, pequenas mudanças no nível de vendas, produzirão grandes flutuações no lucro por ação. Fórmula do efeito combinado de Alavancagem Q ( Puv - Cdvu ) ECA =-------------------------------------------------Q ( Puv - Cdvu ) – CDFT – DF Exemplo Quantidade ( Q ) = 200 Preço Unitário de Venda ( Puv ) = $10,00 Custos e Despesas Variáveis Unitário ( Cdvu ) = $ 4,00 Custos e Despesas Fixos Totais ( CDFT ) = $ 400,00 Despesas Financeiras ( DF ) = $ 250,00 200 ( 10,00 – 4,00 ) ECA = = 2,1818 200 ( 10,00 – 4,00 ) – 400,00 – 250,00 Se houver um aumento de 1% nas vendas, levará o lucro por ação a um aumento de 2,1818%. Assim o novo lucro por ação será 3,18 vezes o lucro por ação original. Uma das principais funções da Administração financeira é a alocação de recursos existentes com a expectativa de futuros benefícios. A relação entre investimento (alocação de recursos) e lucros (benefícios futuros) é assimétrica. Enquanto os recursos existentes são gastos com certeza, o fluxo de lucros que se espera resultar do investimento não é garantido — é incerto. Incerteza Inevitável Deve ser considerada explicitamente, no processo de Planejamento Financeiro. 22 10. ESTRUTURA DE UM ORÇAMENTO Normalmente o orçamento é classificado em duas categorias: Orçamento Operacional Reflete os resultados das decisões sobre a operação. Fornece dados para o preparo do relatório sobre receita orçamentária Principais itens: ¨ Orçamento (Plano) de Vendas ¨ Orçamento (Plano) de Produção ¨ Orçamento (Plano) de Matérias Primas ¨ Orçamento (Plano) de Mão de Obra Direta ¨ Orçamento (Plano) de Custos Gerais de Fabricação ¨ Orçamento (Plano) de Despesas Gerais de Vendas e Administração ¨ Orçamento (Plano) de Receitas Pró-Forma Orçamento Financeiro Reflete as decisões financeiras da empresa. Principais itens: ¨ Orçamento de Caixa Projetado ¨ Demonstrativos Financeiros Pró-Forma Orçamento de capital Orçamento de capital é o estudo dos investimentos de longo prazo e seu retorno, sempre confrontado com o custo de capital – custo de oportunidade. Nele vamos utilizar os conhecimentos de matemática financeira e estatística para analisar a viabilidade de se aceitar ou não certos projetos de investimento, além de toda uma base de projeções econômico-financeiras, tais como estimativa de vendas, custos e fluxo de caixa. As boas abordagens trabalham, basicamente, em cima do fluxo de caixa projetado, que nada mais é do que uma espécie de demonstração de resultados projetada ajustada pelas despesas que não impactam no fluxo, tais como depreciação, amortização do imobilizado e exaustão. Dos métodos a serem utilizados para a avaliação de investimentos destacam-se: valor presente líquido; taxa interna de retorno; índice de rentabilidade. Convém lembrar que outras medidas de caráter mais simplista são utilizadas por algumas empresas, tais como o payback e a taxa de retorno contábil. 23 11. RISCO E RETORNO Provavelmente, cada um de nos já deva ter escutado e sido orientados por duas premissas da área financeira, que são respectivamente chamadas de risco e retorno. Na vida infantil, por exemplo, é muito provável que nossas mães possam ter nos dito: Cuidado meu filho (a), você tem risco de cair do balanço. Ou ainda: Se você se comportar bem receberá um presente. A vida é assim, seguidamente nos deparamos com dilemas entre risco e retorno e não nos damos conta disso. Este dilema, muitas vezes, esta estritamente ligado à escolha de caminhos e as decisões que tomamos. Ou você escolhe viajar a praia e corre riscos inerentes a esta decisão colhendo os retornos ou ainda fica em sua cidade natal e no mesmo raciocínio esta sujeito a riscos e um retorno de sua outra decisão. O mundo esta girando (ainda bem) e na maioria das vezes uma decisão equivocada pode gerar outras decisões equivocadas, e vice versa, nos quais haviam os riscos e retornos de tal ação, que teoricamente, deveriam ser "programados". No mundo corporativo, risco e retorno apresentam limites entre o céu e inferno. Vejamos um exemplo que aconteceu com minha pessoa. No final da faculdade, trabalhei com serviços voltados para eventos e festas. Resumidamente, fui um dos responsáveis por uma das festas da faculdade e do meu curso. Lembro-me com exatidão o sufoco que foi. Incertezas, medos, esperanças, variáveis e expectativas fizeram parte de todo o processo. Até o momento do evento, foi pressão total. Além dos imprevistos, de toda o trabalho e a tensão da incerteza do momento. No final o resultado foi insatisfatório com o risco assumido, alguma incomodação para pouco retorno, daí o exemplo para este artigo. Havia a possibilidade de atingir resultados expressivos, mas tudo era um risco enorme e a conseqüência foi um resultado, digamos, miserável e muita dor de cabeça. Agora vejamos um segundo exemplo. O proprietário da casa noturna Cozumel*, em Atlântida RS, provavelmente investiu pesado em seu negócio estando aberto para riscos elevados. Após a inauguração até os dias atuais, presume-se que este atingiu seus objetivos e esta tendo o retorno do seu investimento. Presume-se que houve aceitação do público com seu conceito e idéias. Qual a razão de sucesso de umas e insucesso de outras? Sucesso tem tempo de validade? Qual a razão disso acontecer? Difícil dizer. Podemos dizer que algumas premissas são relevantes e fundamentais ao negócio. Análise ampla do ambiente externo (variáveis políticas, sociais, econômicas, entre outras) do ambiente de tarefas (neste caso clientes, concorrentes, fornecedores e órgãos regulamentadores), serviço de qualidade, bom atendimento, atender a expectativa de determinado nicho de mercado, estimativa de demanda, entre outros. Mas não é o suficiente. O homem não tem controle total sobre suas ações e as reações. Não se tem 24 controle sobre o que os outros pensam e desejam. Desta forma, é impossível prever com exatidão o retorno e deve-se arriscar, digamos no popular, "pagar para ver". Temas da administração geral, tais como planejamento, organização, direção e controle ajudam bastante no sucesso de um negócio ou empresa e estão intimamente ligados ao dilema risco e retorno. Tudo deve ser considerado e estudado a fim de evitar surpresas e minimizar os riscos. Ainda, partindo para uma base teórica, como forma de cada leitor entender melhor os temas propostos, risco e retorno são as bases sobre a qual se tomam decisões racionais e inteligentes sobre investimentos. De modo geral, risco é uma medida de volatilidade ou incerteza dos retornos, e retornos são receitas esperadas. A relação entre risco e retorno, conforme os autores, é que o retorno sobre o seu dinheiro deve ser proporcional ao risco envolvido. Risco é uma medida da volatilidade dos recursos e da incerteza dos resultados futuros. Quanto maior a volatilidade dos retornos de um investimento, maior será o seu risco. Quando dois projetos têm os mesmos retornos esperados, escolhe-se aquele de menor risco. Muitas vezes não é possível determinar os futuros retornos do investimento em um projeto. Simplesmente não há dados disponíveis. Em finanças, é teoricamente possível usar aproximações. Isto é, procura-se uma ação de uma empresa de comportamento semelhante à do projeto em estudo e então se calculam os esperados dessa ação. Por fim, deseja trocar idéias e esclarecer ao leitor a interatividade destes dois termos que nos acompanham por toda vida pessoal e área profissional e salientar. Reflita sobre as decisões, pese na balança o risco e o retorno de determinada atitude ou decisão. Pensar rápido, sob euforia ou com "propósitos inovadores" nem sempre é a melhor decisão. Tenha os pés nos chãos, pense nas conseqüências de cada ato e lembre-se. Estatisticamente é impossível que um fenômeno se repita ou funcione sempre da mesma forma. Desta forma, temos a margem de erro onde concentra o risco. Alem disso temos o bônus de termos arriscado, que é o retorno. Reflita o que é melhor, coloque na "balança" as medidas e arrisque se for de sua vontade. Risco e retorno são variáveis básicas da tomada de decisão de investimentos. Genericamente, o risco é uma medida de volatilidade ou incerteza dos retornos, e retorno é a expectativa de receitas de qualquer investimento. Para GITMAN (p.202), risco é a possibilidade de prejuízo financeiro. Já para GROPPELLI p. 67, o risco é uma medida da volatilidade ou incerteza dos retornos. Retorno, de acordo com LEMES JR. p. 135), é o total de ganhos ou de perdas de um proprietário ou aplicador sobre investimentos anteriormente realizados. (Já para GITMAN p.203), o retorno é medido como o total de ganhos ou prejuízos dos proprietários decorrentes de um investimento durante um determinado período de tempo. Retorno esperado ou Taxa de Retorno Esperada é, de acordo com (GROPPELLI, et al., 1999), a 25 remuneração que os investidores solicitam para manter suas aplicações no ativo considerado. Vale ressaltar que o retorno esperado difere-se do retorno efetivo apenas por se tratar ex-ante, enquanto que o retorno efetivo já foi efetivamente conhecido. A probabilidade será usada como forma de quantificar o nível de possibilidade de um projeto ter os seus valores projetados correspondidos efetivamente, levando sempre em consideração os cenários projetados para cada um deles. Exemplo: Probabilidade Investimento A Investimento B Cenário 01: Expansão Econômica 0,3 100% 20% Cenário 02: Estabilidade - Normal 0,4 15% 15% Cenário 03: Recessão Econômica 0,3 - 70% 10% Total 1,0 Se multiplicarmos a probabilidade pela taxa de retorno projetada e daí somarmos esse produtos, teremos então a taxa de retorno esperada ou retorno esperado. Por exemplo: Você está prestes a investir ou em uma franquia de sorvetes do Mc Donalds ou em um parque de diversões. Ambos os eventos estão sujeitos ao sucesso em relação às condições climáticas do lugar em que serão instalados. Probabilidade Investimento A Taxa de retorno Cenário 01 0,25 13% 3,25% 7% 1,75% Cenário 02 0,50 15% 7,50% 15% 7,50% Cenário 03 0,25 17% 4,25% 23% 5,75% Total 1,0 15% 15% Medidas de Risco Definido o retorno esperado de um projeto ou investimento, o que resta agora é conhecer o grau de risco envolvido. No exemplo anterior, percebe-se que a taxa de retorno esperada para o Investimento A e para o Investimento B é a mesma. Assim, torna-se necessário saber quais dos dois projetos apresentam o menor risco. Neste caso, as unidades de risco adotadas serão as medidas de dispersão Tradicionalmente trabalhadas pela Estatística: variância, desvio-padrão e coeficiente de variação. Análise de Sensibilidade ou Volatilidade É a abordagem comportamental que utiliza inúmeros valores possíveis para uma determinada variável, a fim de avaliar o seu impacto no retorno da empresa. Na verdade, preocupa-se em avaliar a discrepância entre os valores mínimos e máximos dos VPL's para os cenários projetados em questão. 26 Definição de Cenários Comumente, para fins de análise de risco, é costume traçar cenários através da ponderação das probabilidades dos mesmos ocorrerem. Por exemplo, pode-se definir que a probabilidade de crescimento econômico do país acima de 5% ao ano, para o próximo ano seja de 40%, e assim por diante. Curva Normal ou Distribuição de Gauss A distribuição de probabilidades trabalhada na análise de risco e volatilidade é a normal (Curva Normal ou Distribuição de Gauss). O nome curva normal, atribuído por Moivre, existe porque a média representa a norma, isto é, todo valor diferente da média é considerado desvio, sendo que todos os valores deveriam ser iguais à média. Em dois casos, deve ser utilizada a distribuição normal: • Quando a distribuição da própria população de eventos é normal, ou • Quando a distribuição da população não for normal, mas o número de casos for grande (Teorema de Bernoulli ou o Teorema do limite central). Assim, qualquer que seja a distribuição dos seus dados, se houver um número grande de observações, pode-se utilizar a curva normal como uma aproximação adequada para a análise dos dados. Variância e Desvio-Padrão Variância é o quadrado dos desvios dos eventos encontrados em relação à média. Utilizase a função exponencial (²) para eliminar os efeitos dos sinais negativos (-) e positivos (+) da amostra. Já o Desvio-Padrão é a raiz quadrada da Variância. O roteiro básico para cálculo da variância e desvio padrão é: 1) Calcule a taxa de retorno esperada; 2) Subtraia a taxa de cada evento da taxa de retorno esperada para calcular os desvios; 3) Eleve cada desvio ao quadrado; 4) Multiplique o resultado pela probabilidade; 5) Somando os produtos, temos a Variância (quadrado do desvio-padrão); 6) Tire a raiz da Variância para encontrar o Desvio-Padrão; Isso significa, por exemplo que, se a distribuição de probabilidades é normal, o retorno realizado estará dentro de +/- 1 desvio padrão do retorno esperado em 68,26% das vezes. Coeficiente de Variação Como resolver para decidir entre dois projetos em que um apresente um retorno esperado mais alto e ao mesmo tempo apresenta um risco maior (desvio-padrão maior)? 27 Para resolver isso, utiliza-se um número que represente o risco por unidade de retorno. É o coeficiente de variação: C.V. = Z/Retorno esperado Exemplo: O projeto X tem uma taxa de retorno esperada de 60% e um desvio padrão de 15%, enquanto que o projeto Y tem uma taxa de retorno de 8% e um desvio-padrão de apenas 3%. CVx= 15/60 = 0,25 CVy = 3/8 = 0,375 Ainda sim o projeto Y é mais arriscado, uma vez que o risco por unidade de retorno ainda é: 12. MÉTODO DO PRAZO DE RETORNO (PAYBACK) Essa metodologia tem por parâmetro o período de tempo necessário para que haja o bom retorno do investimento inicial. Trata-se de um dos sistemas mais usados para se calcular o tempo necessário para que o capital investido retorne aos investidores. É um simples cálculo de uma unidade de tempo na qual se espera que os investimentos sejam recuperados, necessário para que os fluxos de caixa esperados paguem os desembolsos realizados com o investimento. Este método considera o valor da renda líquida anual acrescida do valor da depreciação e com o valor dos investimentos feitos. Se o número encontrado satisfizer as expectativas da empresa, o projeto poderá ser aprovado; caso contrário, não. Esse método apresenta as vantagens de facilitar o calculo e medir, em certa dimensão, o risco do projeto. Por outro lado apresenta como desvantagens a impossibilidade de especificar o período apropriado, visto que não utiliza fluxos de caixa descontados; não considerar integralmente o fator tempo no valor do dinheiro e não reconhece os fluxos de caixa após o período de payback. Vantagens Método do prazo de retorno (payback) é mais útil em empresas com que tenha pouca disponibilidade para investir em ativos de capital e que necessitem que esses recursos sejam recuperados em até dois anos ou menos. È, ainda, recomendado para situações em que haja risco de perda do capital ou que seja difícil predizer a rentabilidade do investimento. Eventos políticos – tais como a nacionalização de setores num país estrangeiro – é um bom exemplo desse tipo de risco. É uma maneira simples de entender. 28 Desvantagens do Payback Há alguns aspectos que devem ser levados em conta, quando se usa sistemas que avaliam investimentos pelo método de payback: • Não são elaborados os Fluxos de Caixa para datas posteriores ao retorno do investimento – Este método não evidencia os ganhos que acontecerão após o período de recuperação dos investimentos, fazendo com que os estudos da rentabilidade do investimento se situem apenas na fase do retorno financeiro do projeto. • Não é considerada nenhuma taxa de remuneração dos valores investidos – O método ignora o “custo do dinheiro”, durante o tempo em que os fluxos de caixa são obtidos, bem como a seqüência de dispêndios exigida pelo projeto. O resultado é que não é considerado a remuneração do dinheiro, durante o tempo necessário para o seu retorno aos investidores. • Não considera o desgaste dos equipamentos – O método de payback também não considera o desgaste que os bens (prédios, máquinas, equipamento etc.) sofrem pelo uso, bem como e a sua obsolescência tecnológica no decorrer do tempo. Analisadas as vantagens e desvantagens do método payback para análise dos projetos de investimentos de capital, conclui-se que sua maior importância está nos instrumentos que ele enseja para fins de eminentemente de controle gerencial. Taxa Média de Retorno – TMR Esse método mede em percentagem o retorno anual do investimento efetuado. Envolve o relacionamento do fluxo médio anual de caixa ao custo do investimento; é o inverso do método de payback. Essa sistemática apresenta como vantagem à facilidade de cálculo. Em contradição apresenta como desvantagem o uso de dados contábeis de entradas de caixa, ignorando o fator tempo no valor do dinheiro. Esse método apresenta as mesmas deficiências do método de payback e também pode levar o usuário a comparar o resultado a outras taxas de juros que não são comparáveis devido ao valor do dinheiro no tempo e a fatores peculiares ao cálculo de médias. Como é baseado em médias, o método pressupõe que os lucros sejam constantes durante a vida útil do projeto. 29 Método do Valor Presente Líquido - VPL O método do valor presente líquido exige a elaboração de todos os cálculos do projeto, principalmente a evidência do fator tempo, no valor do dinheiro, estabelecendo o retorno mínimo a ser obtido para manter inalterado o valor da empresa. É um dos instrumentos mais utilizados na avaliação de propostas de investimentos em ativos fixos. Este método conconsidera o fator tempo no valor do dinheiro e estabelece o retorno mínimo a ser obtido para manter inalterado o valor da empresa e para isso utiliza as seguintes taxas: taxa de desconto, custo de oportunidade e custo do dinheiro. 13. CUSTO DE CAPITAL Custo de capital pode ser definido como o custo dos recursos financeiros próprios e/ou de terceiros utilizados pela empresa em seu ciclo operacional ou empreendimento. A boa administração financeira propõe que todo investimento ou uso de capital merece uma rigorosa análise de viabilidade, buscando avaliar as alternativas perante o custo do capital. Como as alternativas existentes para o financiamento do ciclo operacional e ou capital de giro são diversas, é de extrema importância que o administrador financeiro busque conhecer o custo efetivo de cada uma destas fontes, através dos instrumentos de análise competentes, para posterior tomada de decisão. A utilização de capital de terceiros é vantajosa quando seu custo se apresenta inferior à taxa de retorno prevista. Porém, mesmo com esta vantagem, existe o risco do endividamento pela eventual falta de lucratividade na operação. 13.1. Os custos relativos Ao se calcular o custo de capital de uma operação, torna-se importante considerar todas as despesas existentes, pois as instituições financeiras, pelas características de seus negócios, passam a exigir reciprocidades diversas. Considera-se como reciprocidade todo e qualquer recurso utilizado por uma empresa na obtenção do capital, seja a curto, médio ou longo prazo, que podem ser desde o simples saldo médio até contraprestações de aplicações financeiras, seguros, planos previdenciários, pagamento de fornecedores, centralização de folha de pagamento, recolhimento de encargos, impostos, taxas, contribuição de melhoria, e ainda, em alguns casos, favores. Outras despesas, muitas vezes esquecidas pelos empresários, são aquelas decorrentes dos custos com alienações, hipotecas, transferências, emissão de documentos, viagens de funcionários para obter liberações especiais, entre outras. Especial atenção deve ser dada às custas de fornecimento de garantias, pois considerando 30 que a maioria das instituições tem interesse em Garantias Reais (representadas pela transferência de um bem tangível e específico), o financeiro deve considerar todas as despesas de transferências como escritura e registro. A boa administração financeira propõe que todo investimento ou uso de capital mereça uma rigorosa análise de viabilidade tanto na passagem do bem para a posse da instituição como para o retorno da posse do bem, após a quitação do empréstimo. Neste momento é de grande importância a habilidade do financeiro em negociar com a instituição uma garantia que não represente grande ônus de transferência, apesar de oferecer tranqüilidade para a instituição. Dentre os diversos aspectos do custo de capital, podemos citar o custo relativo à dívida, que nada mais é do que o custo relativo à taxa aplicada sobre um financiamento/empréstimo qualquer, ou ainda o custo marginal de capital, que projeta na estrutura ótima de capital uma nova realidade, oriunda de uma nova fonte de recurso, ou ainda, de um novo aporte de recursos. Para apurar o custo de capital, a maioria das empresas se utiliza do método de cálculo do Valor Presente Líquido (VPL), que consiste em apurar o valor presente de um fluxo de resultado projetado, utilizando-se de uma taxa mínima de atratividade para realizar o desconto do fluxo. A taxa mínima de atratividade (TMA) é a taxa mínima que a empresa deseja obter na aplicação de um projeto ou negócio. Outro método também largamente utilizado é a Taxa Interna de Retorno (TIR), que consiste em determinar qual a taxa pela qual um investimento se equipara ao seu retorno num período de tempo, considerando as entradas de um fluxo projetado. Ambos os modelos podem ser facilmente apurados com uma calculadora financeira, em especial a HP 12 C. 14. A ANÁLISE DO BALANÇO COM A UTILIZAÇÃO DE QUOCIENTES O estudo técnico de análise de balanço constitui-se na realidade em um intrincado processo de fundamental importância. A análise de balanço é de fato um poderoso instrumento de pesquisa que permite aquilatar a saúde econômico-financeira da empresa, no passado e no presente, e enseja a projeção desse resultado para o futuro; possibilita o conhecimento objetivo dos efeitos da administração realizada pelos gerentes e permite mensurar o volume dos recursos livres ou patrimônio líquido. Com efeito, os conceitos extraídos da análise do balanço são eminentemente temporais, pois estão inevitavelmente vinculados ao resultado do empreendimento em dado período. Impõe-se, então, a aplicação do instrumental de análise em diferentes exercícios financeiros consecutivos, normalmente de 3 a 5 períodos, quando há disponibilidade de informações. Isso permite verificar a presença de regularidade na 31 situação apurada, autorizando, caso afirmativo, a projeção do resultado para um momento futuro. O estudo da eficiência da gestão dos sócios, da mesma forma, é realizado com base no desempenho econômico-financeiro da empresa analisada. A apuração de uma baixa lucratividade, por exemplo, num ramo de atividade gozando de razoável normalidade – verificada pelo desempenho da concorrência - denota ineficiência gerencial. Por outro lado, uma elevada lucratividade da empresa de segmento econômico em situação desfavorável - como a Construção Civil em certos períodos recentes da realidade econômica - sugere versatilidade e criatividade dos administradores, revelandose capazes de reverter um quadro conjuntural adverso. Na análise de Balanço Patrimonial, as contas que compõem cada grupo deverão ser interpretadas e classificadas de acordo com os conceitos e critérios estabelecidos. O ATIVO CIRCULANTE compreende as disponibilidades, os direitos de crédito sobre clientes, os estoques e outros valores, desde que realizáveis no exercício subseqüente ao encerramento do balanço - até 360 dias. As principais contas que integram este grupo serão assim analisadas e classificadas: a) Caixa: numerário à disposição da empresa. b) Bancos: depósitos à vista, de livre movimentação. c) Duplicatas a receber: créditos a receber de clientes no exercício seguinte – até 360 dias. Cabe observar o seguinte: - as duplicatas descontadas representam responsabilidade da empresa. O valor correspondente, portanto, deve ser transportado para o “Passivo Circulante”. d) Notas e faturas a receber: créditos a receber de clientes, oriundos, principalmente, de empreitadas ou serviços prestados. e) Estoques: mercadorias/produtos acabados, produtos em elaboração, matérias primas, almoxarifado ou materiais diversos. f) Adiantamentos a fornecedores: adiantamentos efetuados para compra de mercadorias ou matérias primas. Os adiantamentos para aquisição de bens irão integrar o Imobilizado e serão classificados no “Ativo Permanente”. g) Títulos e valores mobiliários: letras de câmbio, BBC, certificados de depósitos bancários, letras imobiliárias, etc., resgatáveis no prazo de 360 dias. Considerar o valor líquido, isto é, após a provisão de ajuste, quando existente. h) Títulos a receber, Contas Correntes e Devedores Diversos: créditos de diversas naturezas. Sempre que os valores representarem parcelas ponderáveis do Patrimônio da empresa, proceder aos devidos ajustes, quando necessários, com base nos dados complementares fornecidos. i) Créditos com Acionistas/Cotistas/Diretores: classificar em “Deduções do Ativo”. 32 j) Despesas do Exercício seguinte: quando se tratar de prêmio de seguros, juros e impostos antecipados, variação cambial, e outras despesas antecipadas, classificar em “Deduções do Ativo”; - quando se tratar de juros a vencer, transportar para o Passivo, classificando em "Custos de Exercícios Futuros". k) Imóveis: - quando se tratar de imóveis prontos para venda, classificar no “Ativo Circulante”; - quando se tratar de imóveis em construção, terrenos e outras edificações cuja comercialização esteja prevista para após 360 dias, classificar no "Realizável a Longo Prazo"; - quando se tratar de imóveis concluídos ou em construção, não destinados à comercialização, classificar no “Ativo Permanente”. l) Provisão para Devedores Duvidosos: previsão de perdas com créditos a receber, calculada à base de 3% dos valores correspondentes e deduzida na apuração do “Ativo Circulante”. No caso de inexistência ou de insuficiência, fazer o devido ajuste, que será compensado em “Deduções do ativo”. O REALIZÁVEL A LONGO PRAZO compreende os bens e direitos realizáveis após o término do exercício seguinte – acima de 360 dias. As principais contas que integram este grupo serão assim analisadas e classificadas: a) Suprimentos a controladas/Coligadas: Créditos a receber de empresas do mesmo grupo, decorrentes de transações eventuais. Quando a situação da firma devedora for deficitária, transferir o respectivo valor para “Deduções do Ativo”. b) Depósitos Compulsórios e Cauções: resgatáveis após o prazo de 360 dias. O ATIVO PERMANENTE compreende os investimentos (participações em outras firmas e bens não destinados às suas atividades), o Imobilizado (bens destinados às suas atividades) e o Diferido (custos ou despesas pré-operacionais). As principais contas que integram este grupo serão assim analisadas e classificadas: a) Imóveis: terrenos, edifícios e benfeitorias, de uso próprio. Quando a empresa integrar o capital mediante a incorporação de imóveis superavaliados, transferir para “Deduções do Ativo” o valor excedente, tomando-se por base os preços correntes na região. b) Máquinas e Equipamentos. c) Móveis e utensílios. 33 d) Veículos de Uso. e) Imóveis não operacionais. f) Incentivos Fiscais e Investimentos: aplicações financeiras de caráter permanente ou de demorada realização. g) Despesas Pré-operacionais: despesas com a organização da empresa, gastos com pesquisas e projetos e outros inerentes, que serão apropriáveis em exercícios futuros, no prazo máximo de 10 anos. O valor lançado não poderá exceder a 20% de capital realizado + reservas de capital; caso haja excesso, classificá-lo em “Deduções do Ativo”. h) Benfeitorias em Imóveis de Terceiros: considerar até 20% do capital realizado + reservas de capital. O excedente será transferido para “Deduções do Ativo”. i) Marcas e Patentes: considerar até 10% do capital realizado + reservas de capital. O excedente será transferido para “Deduções do Ativo”. j) Depreciações: conta dedutiva na apuração do “Ativo Permanente”, relativa ao valor dos desgastes físicos verificados nas imobilizações técnicas. Em princípio, a depreciação será calculada à base de 10% ao ano. Os bens de menor vida útil serão depreciados em percentuais superiores ao mencionado. Cabe observar o seguinte: - nos casos de inexistência ou insuficiência (observando-se que o valor lançado na Demonstração dos Resultados pode ter sido deduzido diretamente das contas do “Imobilizado”) fazer o devido ajuste, que será compensado em "Deduções do Ativo"; - nos casos em que o valor depreciado for superior ao percentual que seria aplicado no exercício, considerar o fundo calculado pela empresa, já que deverá tratar-se de saldo acumulado; - a Amortização e a Exaustão serão agrupadas às depreciações. O PASSIVO CIRCULANTE compreende todas as obrigações ou dívidas da empresa com vencimento para o exercício seguinte – até 360 dias. São as seguintes as principais contas: a) b) c) d) e) f) Fornecedores. Empréstimos Bancários. Financiamentos Bancários. Duplicatas Descontadas. Impostos e Encargos Sociais. Provisão para Imposto de Renda. 34 O EXIGÍVEL A LONGO PRAZO compreende todas as obrigações ou dívidas da empresa com prazo de vencimento superior a 360 dias. São as seguintes as principais contas: a) Financiamentos Bancários: se houver parcelas vencíveis no exercício seguinte (até 360 dias), transferir o respectivo valor para o “Passivo Circulante”. b) Suprimentos de Controladora/Coligadas. RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS: compreende as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos ou despesas a elas correspondentes. O saldo poderá ser positivo ou negativo. Integram este grupo as seguintes contas: a) Receitas de Exercícios Futuros b) Despesas de Exercícios Futuros O PATRIMÔNIO LÍQUIDO representa os recursos próprios investidos no negócio. As principais contas que integram este grupo serão analisadas e classificadas: a) Capital Realizado: capital registrado menos o capital a integralizar, se houver. b) Reserva Legal: tem por finalidade assegurar a integridade do capital social e não deverá exceder a 20% deste. c) Lucros acumulados: - os lucros capitalizados ou reinvestidos nos negócios das sociedades e os obtidos por firmas individuais serão classificadas no “Patrimônio Líquido”; - os lucros já distribuídos aos cotistas e diretores, ou sobre os quais se apure destinação, serão classificados no “Passivo Circulante”; d) Prejuízos Acumulados: serão lançados como parcela dedutiva na apuração do "Patrimônio Líquido". e) Reservas de Capital: englobam a correção monetária do capital realizado, o ágio na colocação de ações, vendas de partes beneficiárias e bônus de subscrição, doações e subvenções para investimentos. f) Reservas de Reavaliação de Bens: contrapartida de aumento de valor dos bens do Ativo próprio ou de controladas e coligadas, em virtude de novas avaliações baseadas em laudo aprovado por Assembléia Geral. g) Reservas de Lucros: lucros retidos mediante a constituição de reservas estatutárias, reservas para contingências, reserva para plano de investimento e reservas de lucros a realizar. 35 h) Ações em Tesouraria: ações da empresa, adquiridas por ela mesma. Será lançada como parcela dedutiva na apuração do "Patrimônio Líquido". i) Deduções do Ativo: conta dedutiva na apuração do “Patrimônio Líquido”, pois representa a soma daqueles valores excluídos do ATIVO da empresa. A situação de PASSIVO A DESCOBERTO configura-se quando o valor do Capital Realizado, mais Reservas, for inferior ao valor das verbas subtrativas (Prejuízos, Ações em Tesouraria e Deduções do Ativo). Relativamente à DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO, as receitas e despesas incorridas no exercício e os diversos estágios do resultado serão assim discriminados: a) Vendas de Produtos/Mercadorias: - os valores referentes a vendas canceladas, mercadorias devolvidas e descontos concedidos serão deduzidos na apuração desta conta; - as deduções referentes ao Imposto Faturado serão, para efeito de análise, juntadas ao “Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas”; - quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), lançar o valor contido na relação de vendas do exercício fornecida pela empresa. b) Serviços Prestados: quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), lançar o valor contido na relação de serviços prestados, fornecida pela empresa – se houver. c) Receita Operacional Bruta: ( a + b ). d) Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas: quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), o custo será igual a diferença apurada entre o valor contido na relação de venda do exercício e o respectivo lucro bruto ( a – f ). e) Custo dos Serviços Prestados: quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), o custo será a diferença apurada entre o valor contido na relação de serviços prestados no exercício e o respectivo lucro bruto (b – f). f) Lucro Operacional Bruto: (c – d – e), quando o resultado for positivo. g) Prejuízo Operacional Bruto: ( c – d – e ), quando o resultado for negativo. h) Despesas com Vendas: publicidades, comissões sobre vendas, transportes e viagens, fretes e carretos e outros gastos similares. 36 i) Despesas Administrativas: salários ou ordenados, férias, contribuições previdenciárias, honorários ou pró-labore, assistência social, bolsas de estudo. j) Despesas Tributárias: impostos, taxas e tributos. k) Despesas Financeiras: juros e comissões bancárias, juros diversos, correção monetária e variações cambiais sobre financiamentos. Será lançado o montante das despesas financeiras menos as receitas financeiras. l) Despesas Gerais: energia, aluguéis, materiais de limpeza e de expediente, despesas telefônicas, legais e jurídicas, manutenção de veículos, donativos e brindes. m) Depreciação: considerar o valor contabilizado pela empresa, incluindo a exaustão e a amortização. n) Provisão para Devedores Duvidosos: considerar o valor provisionado pela empresa, diminuída da respectiva reversão, quando houver. o) Lucro Operacional Líquido: (f – h – i – j – k – l – m – n), quando o resultado for positivo. p) Prejuízo Operacional Líquido: (f – h – i – j – k – l – m – n), quando o resultado for negativo, ou (- g – h – i – j – k – l – m – n). q) Receitas não Operacionais: lucros obtidos na venda de bens do “Ativo Permanente” e outras receitas não relacionadas com as atividades da empresa. r) Despesas não Operacionais: prejuízos na venda de bens do “Ativo Permanente”, e outras despesas classificadas pela empresa como não operacionais. s) Lucro Líquido antes do Imposto de Renda: (o + q – r + s – t) ou (- p + q - r + s – t), quando o resultado for positivo. t) Prejuízo do Exercício: (o + q – r + s – t) ou (- p + q – r + s – t), quando o resultado for negativo. u) Provisão para Imposto de Renda: considerar o valor provisionado pela empresa. v) Lucro Líquido do Exercício: (u – x), caso o demonstrativo indique a distribuição do lucro líquido, registrar as respectivas verbas (Reservas de Lucro, Dividendos, Gratificações, etc.). Uma vez concluído o trabalho de interpretação e classificação das contas que compõem o Balanço Patrimonial e a Demonstração dos Resultados do Exercício, deverão ser apurados os indicadores econômico-financeiros, que serão analisados de forma horizontal e vertical. Consistindo o primeiro na comparação entre dois ou três balanços, estabelecendo as variações havidas nos principais dados, ano a ano. O segundo consiste no relacionamento das contas com seus respectivos grupos e com o total do Ativo ou Passivo, dentro do mesmo balanço. Para se chegar a uma conclusão sobre a situação econômico-financeira da empresa será levada em consideração toda a sua conjuntura patrimonial, inclusive ramo de negócio explorado. Nenhum dos indicadores econômico-financeiros será analisado isoladamente, mas sempre em relação aos demais. 37 As VARIAÇÕES PATRIMONIAIS objetivam mostrar o porte e o desempenho da empresa, evidenciando a origem e a aplicação dos recursos. Merecem especial atenção os seguintes elementos: a) Patrimônio Líquido: verificar se tem havido evolução real (superior à taxa da Poupança), estagnação ou mesmo redução e as respectivas causas. b) Passivo a Descoberto: caracteriza a perda dos capitais próprios investidos no negócio, evidenciando assim uma situação de total insolvência. c) Lucro Operacional Liquido: verificar se tem havido evolução real, estagnação ou mesmo redução e as respectivas causas, observando-se ainda, as taxas de lucratividade. d) Prejuízo Operacional Líquido: cabe verificar as causas de tal situação, se em decorrência de redução nas receitas ou de altos custos operacionais. e) Lucro Líquido do Exercício: verificar se tem havido evolução real, estagnação ou mesmo redução e as respectivas causas, observando-se, ainda, as taxas de rentabilidade. f) Prejuízo do Exercício: caracteriza perda de capitais próprios. Cabe observar as causas desse resultado. g) Receita Operacional Bruta: verificar se tem havido evolução real, estagnação ou redução. 15. CÁLCULO DE QUOCIENTES Os ÍNDICES apurados representam parcela significativa do trabalho de análise, pois além de mostrar relações importantes entre os vários grupamentos de valores patrimoniais e dos componentes do resultado econômico dentro de um exercício financeiro, possibilita também o exame das oscilações desses índices ano a ano. Serão apurados e analisados os seguintes índices: 16. ÍNDICES DE LIQUIDEZ: a) Liquides Imediata: Disponibilidades, onde: Passivo Circulante Disponibilidades = Caixa + Bancos + Aplicações de Liquidez Imediata Este índice representa a relação de quanto dispomos imediatamente com as nossas dívidas de curto prazo. É preciso considerar que a composição etária do numerador e denominador é completamente distinta. 38 b) Liquidez Corrente : Ativo Circulante Passivo Circulante Relaciona quanto dispomos e poderemos dispor a curto prazo em dinheiro, com as dívidas a curto prazo. É preciso observar que no numerador estão incluídos itens diversos, que possuem prazos de conversibilidade também diversos. No denominador estão incluídas as dívidas e obrigações de curto prazo que, por sua vez, também possuem prazos de vencimento diversos. Portanto, a relação dos prazos de recebimento e de pagamento deverá ser considerada na análise deste índice. Prazo Médio de Recebimento = 360 X Clientes Receita Operacional Bruta Prazo Médio de Pagamento = 360 X Fornecedores Total das compras Compras = CMV + EF – EI portanto, CMV = EI + COMPRAS – EF A influência deste quociente é muito grande sobre a posição presente e futura de liquidez (a curto e longo prazos). À medida que diminuirmos o PMR em relação ao PMP, estaremos propiciando condições mais tranqüilas para obter posicionamentos estáticos de liquidez mais adequados. Como o excesso de recebíveis diminui o “giro do ativo”, é preciso aumentar a margem de lucro sobre as vendas para compensar o efeito negativo do giro baixo. Isto nem sempre é possível. Como dificilmente podemos modificar sensivelmente o PMP, resta agirmos sobre o PMR e sobre a Margem de Lucro. A empresa deve fazer o possível para tornar esse quociente inferior a 1 (um) ou, pelo menos, ao redor de 1 (um), a fim de garantir uma posição neutra. c) Liquidez Seca: Ativo Circulante – Estoques Passivo Circulante Trata-se de uma análise conservadora da situação de liquidez da empresa. A eliminação dos estoques do numerador retira uma fonte de incerteza. Além disso, estamos 39 eliminando as influências e distorções que a adoção deste ou daquele critério de avaliação de estoques poderia acarretar. d) Liquidez Geral: Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo Serve para detectar a saúde financeira, no que se refere à liquidez de longo prazo. Mais uma vez o problema dos prazos deve ser devidamente considerado. Às vezes acontece que os índices de liquidez corrente e seco se apresentam razoáveis em decorrência de vultosos empréstimos a longo prazo. 17. ÍNDICES DE SEGURANÇA / ESTRUTURA. a) Grau de endividamento = Exigível Total , Patrimônio Líquido onde: Exigível Total = PC + ELP É uma outra forma de encarar a dependência de recursos de terceiros. Se o quociente, durante vários anos, for consistente e acentuadamente maior que um, denotaria uma dependência exagerada de recursos de terceiros. b) Participação de Capitais de Terceiros = sobre os Recursos Totais Exigível Total Exigível Total + PL Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais. Também significa qual a porcentagem do Ativo Total financiada com recursos de terceiros. No longo prazo, a porcentagem de capitais de terceiros sobre os fundos totais não poderia ser muito grande, pois isto iria progressivamente aumentando as despesas financeiras, deteriorando a posição de rentabilidade da empresa. Entretanto, muito irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro no ativo dos recursos tomados por empréstimo, quando comparada com a taxa de despesas financeiras sobre o endividamento. 40 c) Imobilização de Recursos permanentes = Ativo Permanente PL + ELP Representa a parcela dos fundos a longo prazo que está financiando o Ativo Permanente. Se o índice for maior que 1 (um) significa que o Patrimônio Líquido e o Exigível a Longo Prazo não são suficientes para cobrir o Ativo Permanente, concluindo-se que a empresa está utilizando recursos de curto prazo (Passivo Circulante) para financiar seus investimentos permanentes. d) Grau de Imobilização = Ativo Permanente Ativo Total Exprime a parcela dos recursos totais que se encontra aplicada no Ativo Permanente, consequentemente, em valores circulantes. Tal índice nunca será superior à unidade e sofrerá diretamente as influências do ramo de atividade explorado pela empresa, variando de acordo com suas necessidades de investimentos fixos e circulantes. 18. ÍNDICES DE RENTABILIDADE a) Poder de Ganho da empresa = Lucro Operacional Líquido x 100 , onde: Ativo Operacional Ativo Operacional = Ativo Total – (Imóveis não Operacionais + Suprimentos a Controladas/Coligadas) Serve para medir a capacidade da empresa em gerar lucros. O quociente apurado será o retorno anual do investimento. Do PGE podemos extrair o Prazo de Retorno do Investimento, conforme abaixo: Prazo de retorno do investimento : 100% / PGE% = x anos b) Rentabilidade do Capital Próprio = Lucro Antes do Imposto de Renda x 100 Patrimônio Líquido onde: Determina a remuneração dos capitais próprios investidos no negócio. Deve, em princípio, ser superior à taxa de juros do mercado, de modo a remunerar o risco do investimento. 41 c) Lucratividade sobre Vendas/Serviços = Lucro Operacional Líquido x 100 Receita Operacional Bruta Apura a margem de lucros obtida nas operações da empresa. Para sua melhor avaliação, deve-se levar em conta o ramo de negócios explorado e a conjuntura econômica regional. d) Rotação do Ativo Operacional = Receita Operacional Bruta Ativo Operacional Este índice mede a produtividade total dos investimentos aplicados nas atividades principais e acessórias da empresa, isto é, determina o número de vezes que o Ativo Operacional gira durante um exercício. SITUAÇÃO FINANCEIRA Uma empresa pode apresentar uma excelente situação econômica com elevada participação de capitais próprios e, no entanto, em determinado momento, não ter em mãos recursos numerários suficientes para a liquidação de seus compromissos. Esse último aspecto - suficiência ou não de recursos para o pagamento das obrigações - é o que caracteriza a situação financeira da empresa, ou a sua capacidade de pagamento. No estudo da capacidade de pagamento a curto prazo, preocupamo-nos com as dívidas vencíveis no exercício seguinte ao Balanço, procurando verificar se a empresa contará no mesmo período com valores disponíveis e rentáveis em montante suficiente para o resgate das mesmas. No caso da liquidez corrente, índices inferiores à unidade revelam, em princípio, situação financeira deficitária. Dessa forma, podemos enquadrar os resultados obtidos nas seguintes situações: ruim = menor que 0,5; apertada = de 0,5 a 0,7; satisfatória = de 0,8 a 1,0; boa = maior que 1,0. Para a liquidez seca os resultados abaixo da unidade devem ser vistos com mais cuidado, antes de se tirar conclusões precipitadas. A natureza dos estoques e sua facilidade de comercialização devem ser analisadas. Portanto, considerando que, dificilmente, pelo menos parte dos estoques deixará de ser vendida, podemos considerar com “normal” índices até ligeiramente inferiores à unidade. 42 A capacidade de pagamento geral é definida pelo índice de liquidez geral, que compara todas as dívidas com todos os valores disponíveis e realizáveis, sem preocupação de limitação do prazo. Podemos considerar normal que os quocientes de Liquidez Geral sejam inferiores aos de liquidez corrente, pelos seguintes motivos: - quase toda empresa necessita recorrer a capitais de terceiros a longo prazo; - o “realizável a longo prazo” é, geralmente, menor que o “exigível a longo prazo”; os financiamentos a longo prazo geralmente não “apertam” tanto a empresa, pois os prazos de resgate são de uma forma dilatados e bem equacionados. ESTRUTURA Qualquer empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não existem regras fixas. A natureza do endividamento, as taxas de juros e os riscos, quando comparados com o retorno que tais recursos propiciam uma vez investidos, devem ser, por sua vez, comparados com os custos alternativos da captação de capital de risco. Mais importante do que uma posição estática de tais quocientes é sua evolução no tempo e seus efeitos sobre a rentabilidade da empresa. Mesmo que durante certo tempo a empresa se tenha beneficiado de uma taxa de endividamento, surgirá o momento a partir do qual, pela grandeza dos custos financeiros, o endividamento adicional não será mais desejável, mesmo porque os emprestadores de dinheiro, a partir de certo grau de endividamento da empresa, vêem aumentar seus riscos de aplicação de capital, aumentando portanto a taxa de juros. Isto ocorre não só com empresas, mas também com indivíduos e até com nações. RENTABILIDADE Expressar a rentabilidade em termos absolutos tem uma utilidade informativa bastante reduzida. De maneira geral, devemos relacionar um lucro de um empreendimento com algum valor que expresse a dimensão relativa do mesmo, para analisar quão bem se saiu a empresa em determinado período. Determinar um padrão ideal para a rentabilidade é uma tarefa difícil. Poderíamos dizer que uma boa taxa de rentabilidade seria aquela que permitisse à empresa manter e desenvolver suas atividades sem ter que procurar outros capitais (próprios ou de terceiros). É lógico que tudo depende da natureza do produto, das condições que a empresa tenha para se desenvolver e da conjuntura econômica. Através dessa análise podemos perceber, também, a importância de dois fatores: 43 a) custo operacional – influindo diretamente na margem de lucro; b) movimento de vendas – influindo diretamente na rotatividade e, indiretamente, na margem de lucro (através da variação do custo operacional). ROTATIVIDADE Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionários de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. A interpretação destes quocientes deverá ser realizada em conjunto com a Margem de Ganho, a fim de verificar se esta compensa a velocidade ou vice versa. 19. MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS O Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF), mais conhecido mundialmente pela sigla em inglês CAPM (Capital Asset Pricing Model), é utilizado em finanças para determinar a taxa de retorno teórica apropriada de um determinado ativo em relação a uma carteira de mercado perfeitamente diversificada. O modelo leva em consideração a sensibilidade do ativo ao risco não-diversificável (também conhecido como risco sistêmico ou risco de mercado), representado pela variável conhecida como índice beta ou coeficiente beta (β), assim como o retorno esperado do mercado e o retorno esperado de um ativo teoricamente livre de riscos. Segundo o CAPM, o custo de capital corresponde à taxa de rendibilidade exigida pelos investidores como compensação pelo risco de mercado ao qual estão expostos. O CAPM considera que, num mercado competitivo, o prêmio de risco varia proporcionalmente ao β. Na sua forma simples o modelo prevê que o prêmio de risco esperado, dado pelo retorno esperado acima da taxa isenta de risco, é proporcional ao risco não diversificável, o qual é medido pela covariância do retorno do ativo com o retorno do portfólio composto por todos os ativos no mercado ou pelo β, que mede a contribuição do ativo para a variância dos retornos do portfólio de mercado. Todos os investidores têm idênticas expectativas quanto às médias, variâncias e covariâncias dos retornos dos diferentes ativos no fim do período, isto é, têm expectativas homogêneas quanto á distribuição conjunta Dos retornos. 44 O CAPM é um modelo de precificação de ativos tomados individualmente ou de carteiras de ativos. No primeiro caso, fazemos uso da Linha do Mercado de Ativos, conhecida pela sigla em inglês SML (Security Market Line), e de sua relação com retorno esperado e risco sistemático (beta) para entender como o mercado deve precificar ativos individualmente em relação à classe de riscos a que pertencem. A linha do SML nos possibilita calcular a taxa risco/retorno de qualquer ativo em relação ao mercado como um todo. Assim, quando a taxa de retorno esperada para qualquer ativo e deflacionada pelo seu coeficiente beta, o excesso de retorno em relação ao risco para qualquer ativo individual no mercado é igual ao excesso de retorno do mercado: , O excesso de retorno do mercado é efetivamente o prêmio de risco de mercado. Rearranjando a equação anterior e isolando E(Ri), obtém-se a equação do modelo: Onde: • • • é o retorno esperado do ativo é a taxa de juros livre de riscos é o coeficiente beta, que representa a sensibilidade dos retornos do ativo em relação aos do mercado, ou também • • , é o retorno esperado do mercado · é por vezes chamado de prêmio de mercado ou prêmio de risco, e representa a diferença entre a taxa de retorno esperada do mercado e a taxa de retorno livre de riscos. Este modelo tem uma aplicação restrita porque só serve para empresas cotadas. Convém referir que em cada país por norma há mais empresas não cotadas do que 45 cotadas, e para além disso, nem todos os países têm um mercado de capitais eficiente, de forma a que os preços de cotação reflitam a todo o momento a percepção que os acionistas têm da empresa. A conscientização deste inconveniente por parte dos financeiros levou a que procurassem estimar o beta através dos dados contabilísticos. Os precursores desta orientação são Beaver, Kettler e Scholes, procurando estimar a sensibilidade dos resultados da empresa às variações de um agregado econômico de todas as empresas: beta contabilístico = variação dos resultados da empresa/variação dos resultados agregados Um beta contabilístico menor que 1 significa que a variação dos resultados da empresa é inferior à média das outras empresas. Então se os resultados agregados variarem 1%, a empresa tem uma variação de resultados inferior a 1%. Outro dos inconvenientes do CAPM é basear-se em pressupostos simplistas. Assim procura explicar comportamentos complexos através de uma única variável. 46 BIBLIOGRAFIA ASSEF, Roberto. Guia Prático de Formação de Preços. Rio de Janeiro: Campus, 1997. BRUNI, Adriano Leal, Fama, Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços. São Paulo: Atlas, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação a Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 1999 GITMAN, J. Lawrence. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Pearson, 2004. HOJI, Masakazu. Administração Financeira uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2004. MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis: São Paulo: Atlas, 2005. SILVA, J. P. da. Análise Financeira das Empresas. São Paulo. Ed. Atlas, 1998. 47