Entre a filosofia e a sofística: um estudo sobre o Protágoras de

Propaganda
Entre a filosofia e a sofística: um estudo sobre o Protágoras de Platão
Ana Cristina de Souza Dias
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas – FFLCH/USP
Objetivos
A presente pesquisa tem como objetivo
principal aprofundar-se na questão ético-moral
que distingue as figuras do filósofo e do sofista,
bem como a questão sobre a ensinabilidade da
virtude que surge a partir do embate entre
Sócrates e Protágoras no diálogo Protágoras
de Platão. Para isso, considera-se que esta
pesquisa deverá ser constituída pelo contraste
entre a figura do sofista Protágoras, que atua
como representante da sabedoria sofística e da
proposta de ensino da virtude, e a figura de
Sócrates, como representante da filosofia e do
método de exame e refutação do interlocutor,
visto que a figura de Sócrates, por vezes,
confunde-se com a dos seus antagonistas.
Métodos/Procedimentos
Esta pesquisa será elaborada tendo
como base o texto traduzido do diálogo
Protágoras de Platão, sendo o seu tradutor
Carlos Alberto Nunes, na edição brasileira de
2002 da UFPA. Esta tradução será utilizada
como referência para o estudo crítico desta
obra de Platão. Quando for necessário, será
utilizada a edição do John Burnet do texto
grego (Oxford Classical Texts) para cotejar a
tradução.
Também serão utilizadas para amparar
esta pesquisa leituras de estudiosos de Platão,
os quais já se tornaram referência para o
estudo crítico deste diálogo e estão citados na
bibliografia crítica.
Resultados e Discussão
A questão da ensinabilidade da virtude
esteve presente em muitos dos diálogos de
Platão e era um dos temas que foram postos
em debate na segunda metade do século V
a.C.: “a questão de saber se areté, ou virtude,
pode ser ensinada” (Kerferd, 2003, p. 223).
A temática do diálogo Protágoras gira
em torno da natureza da virtude e da questão
de sua ensinabilidade.
A proposta de ensino de Protágoras
está voltada para o sucesso privado e público
dos cidadãos. O ensinamento do sofista pode
ser caracterizado como arte política, e,
portanto, como uma technê. Mas será mesmo
possível
ensinar
virtude?
Este
é
o
questionamento de Sócrates a seu interlocutor
no diálogo Protágoras.
Conclusões
O tema central é debatido entre duas
personagens representando duas “forças
espirituais”, sendo Sócrates representante da
filosofia e Protágoras da sofística, ambos “com
vistas aos mesmos fins: propor uma paidéia”
(Bolzani, 2001, p. 220). O embate entre essas
duas correntes do pensamento se fazia
fundamental para Platão poder distingui-las,
principalmente em uma época que a imagem
de Sócrates confundia-se e assemelhava-se
àquela dos sofistas.
O exercício do elenchos socrático pode
ser entendido como um instrumento educativo
com a finalidade de elucidar a escuridão que
era formada pela mentalidade da doxa.
Portanto, a filosofia e a sofística podem ser
entendidas, de acordo com Platão, como uma
metáfora de luz e sombra, respectivamente.
Referências Bibliográficas
BOLZANI, R., “O Cênico no Protágoras”, in:
Revista Brasileira de Estudos Clássicos, São
Paulo, v. 13/14, 2001, p. 219 – 231.
KAHN, Charles H.., Plato and the Socratic
Dialogue, Cambridge University Press, 1996.
KERFERD, G. B., O movimento sofista, trad.
Margarida Oliva, Edições Loyola, São Paulo,
2003.
PLATÃO, Protágoras, trad. Carlos Alberto
Nunes, Ed. UFPA, 2002.
Download