1 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 2 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário DISTRIBUIÇÃO, TRANSMISSIBILIDADE E CONTROLE DE Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum EM ALGODOEIRO NO ESTADO DO MATO GROSSO. Profa MSc Andréia Quixabeira Machado Profº Dr. Daniel Cassetari Neto Profº Es. Wanderlei Dias Guerra Profa MSc Rosangela Aparecida da Silva Várzea Grande Março - 2005 3 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário INSTITUIÇÕES EXECUTORAS Setor de Fitopatologia/UNIVAG/Várzea Grande Setor de Nematologia/UNIVAG/Várzea Grande FAMEV/Departamento de Fitopatologia/UFMT/Cuiabá TÍTULO DISTRIBUIÇÃO, TRANSMISSIBILIDADE E CONTROLE DE Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum EM ALGODOEIRO NO ESTADO DO MATO GROSSO. PROJETISTAS RESPONSÁVEIS Andréia Quixabeira Machado – Eng. Agrônoma, Profª MSc, Fitopatologista (UNIVAG). Daniel Cassetari Neto – Eng. Agrônomo, Prof. Dr., Fitopatologista (UFMT). Wanderlei Dias Guerra – Eng. Agrônomo, Prof. Es., Defesa Vegetal (UNIVAG) Rosangela Aparecida da Silva – Eng. Agrônoma, Profª MSc, Nematologista (UNIVAG). Várzea Grande Março - 2005 4 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário SUMÁRIO Página RESUMO -------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 1 INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------- 6 2 REVISÃO DE LITERATURA ----------------------------------------------------------------------- 8 3 MATERIAIS E MÉTODOS ------------------------------------------------------------------------ 12 3.1 Obtenção de inóculo de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum------------------------- 12 3.2 Origem e perfil das sementes ------------------------------------------------------------------ 12 3.3 Inoculação de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em sementes de algodoeiro por meio da restrição hídrica---------------------------------------------------------------------------- 13 3.4 Distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum no estado do Mato Grosso. ------------------------------------------------------------------------------------------------ 15 3.5 Transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum nos processos sementeplanta -------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 3.6 Avaliação do grau de susceptibilidade a Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum das principais variedades de algodoeiro cultivadas no estado de Mato Grosso ------------------ 18 3.7 Avaliação do tratamento químico de sementes de algodoeiro no controle de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum----------------------------------------------------------------------- 20 3.8 Avaliação da ocorrência dos nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus em lavouras de algodoeiro infectadas por Fusarium oxysporum f sp vasinfectum no Mato Grosso ---------------------------------------------------- 22 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO------------------------------------------------------------------- 23 4.1 Distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum no estado do Mato Grosso. ------------------------------------------------------------------------------------------------ 23 4.2 Transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum nos processos sementeplanta -------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 4.3 Avaliação do grau de susceptibilidade a Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum das principais variedades de algodoeiro cultivadas no estado de Mato Grosso ------------------ 28 4.4 Avaliação do tratamento químico de sementes de algodoeiro no controle de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum----------------------------------------------------------------------- 30 4.5 Avaliação da ocorrência dos nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus em lavouras de algodoeiro infectadas por Fusarium oxysporum f sp vasinfectum no Mato Grosso ---------------------------------------------------- 32 5 CONCLUSÕES--------------------------------------------------------------------------------------- 33 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS------------------------------------------------------------- 34 5 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário RESUMO A murcha de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum vem sendo considerada como a principal doença do algodoeiro nas principais áreas de produção nacional. No estado de Mato Grosso a doença foi relatada pela primeira vez, na safra 2002/2003. O fungo pode ser transmitido e/ou transportado pelas sementes aumentando o risco de contaminação em áreas ainda isentas. Dessa forma, este trabalho foi conduzido com os objetivos de conhecer a distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum em áreas de produção de sementes de algodoeiro no estado do Mato Grosso nas regiões Norte, Médio Norte, Sul e Centro Sul, por meio da coleta de amostra de solo e raízes em áreas com suspeita de infecção e posterior análise em laboratório, conhecer a transmissibilidade de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum no processo semente-planta após a inoculação do fungo nas sementes com avaliação de sintomas aos 30 e 60 dias, avaliar o controle de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum por meio do tratamento de sementes com fungicidas isolados e em misturas, avaliar o nível de susceptibilidade das variedades recomendadas para o cultivo no estado do Mato Grosso em ambiente controlado após a inoculação de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum em plantas de algodoeiro mantidas em vasos de 5L e relacionar a associação de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum com os nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus nas amostras positivas para Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum coletadas em campos de produção de sementes. Após as avaliações foi possível detectar a presença de focos de infecção da murcha de Fusarium nos municípios de Jaciara, Pedra Preta, Alto Garças, Campo Verde, Primavera do Leste e Novo São Joaquim. Foi detectada transmissibilidade alta de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum em sementes de todas as variedades avaliadas, assim como a reação de alta susceptibilidade ao patógeno foi verificada em todos os materiais testados com exceção do padrão IAC 22 e as variedades Sure Grow e BRS Cedro. Para o tratamento de sementes dos fungicidas Derosal + Euparen + Monceren (200 + 150 + 300 g ou mL/100 kg de sementes), Cercobin (150 mL/100 kg de sementes), Derosal Plus (300 mL/100 kg de sementes) e Tegran (200 mL/100 kg de sementes) foram eficientes no controle de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum. Somente o nematóide das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus foi detectado em todas as amostras positivas para Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum. 6 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 1 INTRODUÇÃO O algodoeiro (Gossipyum hirsutum L.) é uma das culturas anuais mais tradicionais constituindo-se em uma importante opção do ponto de vista econômico e social para uma expressiva parcela da população brasileira. Trata-se de uma cultura que requer tecnologias de produção cada vez mais eficazes pela sua própria natureza (MACHADO, 2002). Para a obtenção de produtividades cada vez mais próximas do máximo potencial de cada variedade, devem ser considerados inúmeros fatores de maneira integrada (MACHADO, 2002). Patógenos associados às sementes e à parte aérea do algodão constituem-se em fatores dos mais limitantes na obtenção de índices satisfatórios de produtividade (WATCKINS, 1981). A murcha de fusarium ou fusariose, causada pelo fungo Fusarium oxysporum Schlect f. sp. vasinfectum (Atk.) Snyder & Hansen é a principal doença do algodoeiro de ciclo anual cultivado principalmente nos Estados de São Paulo e Paraná. Conhecida no Nordeste brasileiro desde 1935, e em São Paulo desde 1957/58 (CIA & SALGADO, 1997). Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum é transmitido pelas sementes tanto externamente como internamente. Embora seja predominantemente um fungo de solo, mesmo uma baixa taxa de transmissão pela semente pode ser de grande importância se essa semente for lançada em solo não contaminado pelo patógeno (GOULART, 1998; CASSETARI NETO & MACHADO, 2000). Até a safra 2001/2002, áreas de cultivo de algodão no Estado do Mato Grosso foram consideradas isentas de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum. No entanto, resultados obtidos por MACHADO et al. (2003) confirmaram o primeiro relato de Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum em algodoeiro no Mato Grosso na safra 2002/2003. Dessa forma, este trabalho foi conduzido com os objetivos de conhecer a distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum nas áreas de produção de sementes no estado do Mato Grosso, determinar a transmissibilidade de Fusarium oxysporum 7 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário f. sp. vasinfectum nos processos semente-planta e planta-semente nas condições de Mato Grosso, avaliar o grau de susceptibilidade a Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum das principais variedades cultivadas e com potencial para cultivo no estado, avaliar o efeito do tratamento químico das sementes no controle de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum e conhecer os efeitos de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em áreas de ocorrência de nematóides nas condições do Mato Grosso. 8 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 2 REVISÃO DE LITERATURA A murcha de fusarium causada por Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum foi descrita por Atkinson em 1892. Contudo, sua ocorrência foi relatada no Alabama e Índia muitos anos antes (WATCKINS, 1981; WALLER & BRAYFORD, 1990). Segundo WATCKINS (1981), a doença ocorre em todas as áreas de produção de algodão exceto no oeste da África, Turquia e Austrália. O fungo Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum produz microconídios abundantes e hialinos, unicelular, elipsoidal, com dimensão média de 2-4 x 5-12 µm e produzidos em falsas cabeças e monofiálides curtas. Os macroconídios são hialinos, normalmente com 3-5 septos e dimensão de 3-4,5 x 40-50 µm, com célula basal característica também descrita como célula pé. O fungo produz clamidósporos. Em meio BDA, o crescimento micelial é rápido e as colônias apresentam micélio aéreo com coloração de branco a alaranjado, com pigmentação violeta no verso (WATCKINS, 1981; NELSON, 1983). Fusarium oxysporum afeta um grande número de plantas, incluindo muitas espécies cultivadas. Já foram descritas muitas formas speciales, as quais contém muitas raças. Muitas destas formas speciales possuem ecologia e epidemiologia semelhantes. A disseminação ocorre muitas vezes pelo próprio homem ao transportar plantas infectadas, por sementes ou solo contaminado (WALLER & BRAYFORD, 1990). Muitas raças induzem reação de resistência no hospedeiro, ao entrar no córtex radicular causando somente apodrecimento radicular localizado. Outras raças são capazes de entrar no sistema vascular e induzir a síndrome da murcha com o típico escurecimento vascular. Algumas raças são capazes de invadir os tecidos sem que o hospedeiro apresente sintomas externos e provavelmente persiste até a senescência natural do hospedeiro (WALLER & BRIDGE, 1984). 9 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Os sintomas dessa doença podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Em plântulas, os cotilédones e as folhas murcham, amarelecem e caem, e o sistema vascular torna-se descolorido. Em plantas mais velhas os primeiros sintomas usualmente aparecem nas folhas do baixeiro, no período do florescimento, onde as folhas apresentam-se com margens amareladas a bronzeadas. O sistema vascular de plantas infectadas apresenta descoloração do marrom escuro ao preto, de forma que a secção transversal do caule ou da raiz, pode apresentar escurecimento dos vasos, resultante da oxidação e polimerização de compostos fenólicos. Em função da obstrução dos vasos do xilema por tiloses, micélio, polissacarídeos e géis, o fluxo de água e nutrientes é interrompido e os sintomas de murcha são notados na parte aérea da planta (WACTKINS, 1981; GOULART, 1995; CIA & SALGADO, 1997). Este impedimento físico restringe o movimento da água e funciona como barreira natural à invasão sistêmica do patógeno (WALLER & BRAYFORD, 1990). A murcha de fusarium é mais severa quando associada a nematóides principalmente, em solos arenosos e pobres. A doença caracteriza-se pela ação do patógeno nos vasos condutores do algodoeiro, por meio da produção e liberação de toxinas e enzimas hidrolíticas, comprometendo o transporte de seiva na planta (JULIATTI & RUANO, 1997). Quando associado a nematóides do gênero Meloidogyne, a severidade de Fusarium oxysporum f sp vasinfectum tende a ser maior em função da abertura de ferimentos na raiz e da debilitação da planta (WATCKINS, 1981). Segundo CIA & SALGADO (1997), solos arenosos, úmidos, com acidez elevada e baixo teor de potássio favorecem a ocorrência da murcha de Fusarium. No estudo da reação de algodoeiros a nematóides e Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum, isolados ou conjuntamente, observou-se que materiais com alta resistência a nematóides nem sempre são altamente resistentes a Fusarium. Existem materiais que são resistentes quando os patógenos estão isolados, mas, suscetíveis, quando em presença dos dois (CIA & SALGADO, 1997). 10 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Em condições normais de cultivo podem ocorrer perdas extremamente altas quando variedades suscetíveis são plantadas em solos infectados por Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum (WATCKINS, 1981). Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum é transmitido pelas sementes tanto externamente como internamente. Embora seja predominantemente um fungo de solo, mesmo uma baixa taxa de transmissão pela semente pode ser de grande importância se essa semente for lançada em solo não contaminado pelo patógeno (GOULART, 1998; CASSETARI NETO & MACHADO, 2000). As únicas medidas disponíveis de controle da murcha de Fusarium são o uso de variedades resistentes e de sementes sadias. A rotação de culturas e a manutenção de níveis satisfatórios de disponibilidade de potássio podem reduzir o inóculo do solo. A disseminação do patógeno por sementes deve ser monitorada, para evitar sua introdução em áreas isentas (CASSETARI NETO & MACHADO, 2001). ELLIOT (1923), citado por HILLOCKS (1982), observou que aproximadamente 6% das sementes provenientes de um campo altamente infectado por Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum , foram contaminadas. Já PERRY (1962) citado HILLOCKS (1982), relatou a ocorrência de 2 sementes infectadas em cada 1000 sementes analisadas, provenientes de campos infectados. O mesmo autor, testando sementes colhidas de plantas com sintomas de escurecimento vascular e murcha detectou 75 sementes infectadas dentre 165 sementes analisadas. BROWN (1968), citado por HILLOCKS (1982), testou um grande número de sementes proveniente de diversas variedades de algodão com diferentes graus de resistência. Em geral as variedades mais susceptíveis apresentaram tendência de produzir maior número de sementes infectadas. Mas todas as variedades testadas produziram ao menos algumas sementes infectadas quando cultivadas em solo altamente infestado pelo patógeno. Contudo, algumas variedades resistentes produziram quase a mesma quantidade de sementes infectadas, quanto às variedades suscetíveis. 11 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário BROWN (1968), citado por HILLOCKS (1982), obteve níveis de infecção de 0,08 a 0,38% e conclui que o risco de disseminação da murcha através de sementes infectadas era tão grande com variedades resistentes quanto com variedades suscetíveis. 12 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Obtenção de inóculo de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum Raízes e caules de plantas com sintomas, coletadas no campo foram submetidos à incubação em papel de filtro em placas de Petri de 15 cm de diâmetro contendo três discos de papel de filtro umedecidos com água destilada e esterilizada. As placas foram mantidas em incubação em B.O.D por sete dias em temperatura de 20ºC ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas. Após a incubação o material foi analisado em microscópio estereoscópio para verificação de crescimento micelial do fungo. A confirmação da presença do patógeno no material analisado foi feita por meio da observação de estruturas típicas do fungo em microscópio biológico, segundo NELSON (1983). Após observações iniciais foi realizado o isolamento do fungo em BDA (batatadextrose - ágar), com incubação por 7 dias em B.O.D em temperatura de 25ºC ± 2ºC. 3.2 Origem e perfil das sementes As sementes de algodoeiro das variedades ITA 90, Coodetec 406, Coodetec 407, Delta Opal, Delta Penta, Sure Grow, Fiber max 966, Fiber max 977, Fabrika, Makina, ST474, BRS Sucupira, BRS Cedro e IAC 22, safra 2002/2003, foram cedidas pelo Ministério da Agricultura e armazenadas em câmara fria. As sementes foram submetidas à análise para verificação da porcentagem de germinação, de acordo com os critérios estabelecidos pelas Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 1992). A qualidade sanitária das sementes foi determinada por meio de teste de sanidade pelo método de incubação em papel de filtro (MACHADO, 1988) modificado por MACHADO, 2002 (Tabelas 1 e 2). 13 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Tabela 1. Porcentagem de germinação de sementes de algodoeiro de diferentes variedades. Várzea Grande – MT. 2004. VARIEDADES ITA 90 CD 406 CD 407 ST 474 Delta Opal Delta Penta Sure Grow Fiber max 966 Fiber max 977 BRS Sucupira BRS Cedro IAC 22 Fabrika Makina GERMINAÇÃO (%) 95 34 72 89 95 88 70 73 89 90 93 92 88 75 3.3 Inoculação de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em sementes de algodoeiro por meio da restrição hídrica Foram utilizadas placas de Petri de 15 cm de diâmetro contendo 40 ML de meio BDA modificado pela adição de manitol a -1,0 MPa (MACHADO, 2002). Sobre o meio foi distribuído 1 mL de suspensão de conídios de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. As placas foram incubadas em B.O.D regulada com temperatura de 25ºC e fotoperíodo de 12 horas por sete dias. Após o crescimento micelial do fungo, foram depositadas 200 sementes em cada placa, que foram novamente incubadas nas mesmas condições por 48 horas. Após o período de incubação, as sementes foram retiradas das placas e distribuídas sobre papel de filtro, em temperatura ambiente para redução do teor de umidade. Após 48 horas, as sementes foram colocadas em sacos de papel e armazenadas em câmara fria. 14 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Tabela 2. Perfil sanitário de sementes de algodoeiro de diferentes variedades. Várzea Grande – MT. 2004. FUNGOS Alt.* Asp. Botr. Clad. F.equ. F.mon. Cedro 0,0 2,5 0,0 1,5 0,0 2,0 Sucupira 0,0 13,0 0,0 1,0 0,0 2,0 ITA 90 1,5 8,0 0,5 3,0 0,0 2,5 Sure Grow 0,0 13,5 0,0 2,5 0,0 2,0 IAC 22 1,0 10,0 0,0 7,5 0,0 9,5 FM 966 0,0 24,5 1,5 1,5 0,0 0,5 FM 977 0,0 8,5 0,0 1,0 0,0 0,0 Fabrika 0,0 10,5 0,0 0,0 0,0 3,5 Makina 0,0 0,0 1,0 3,5 0,0 0,0 ST 474 0,0 7,0 2,5 0,5 0,0 0,0 CD 406 0,0 46,5 0,0 0,0 0,0 0,0 CD 407 0,0 70,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Delta Opal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Delta Penta 0,0 40,5 0,5 0,0 0,0 1,5 FUNGOS VARIEDADES F.oxy. F. sem. Colle. Macr. Pen. Rhiz. Cedro 0,0 11,0 0,0 0,0 3,5 0,0 Sucupira 0,0 4,5 0,0 0,0 2,0 0,0 ITA 90 0,0 9,0 0,0 1,5 2,0 0,0 Sure Grow 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 IAC 22 0,0 0,0 0,0 0,0 1,5 1,0 FM 966 0,0 0,0 0,0 0,5 2,0 0,0 FM 977 0,0 0,0 0,0 0,0 30,0 0,0 Fabrika 0,0 11,5 0,0 0,0 3,0 0,0 Makina 0,0 37,0 0,5 0,0 0,0 0,0 ST 474 0,0 23,5 0,0 1,5 5,0 0,0 CD 406 0,0 0,5 0,0 0,0 12,0 0,0 CD 407 0,0 0,0 0,0 0,0 98,0 0,0 Delta Opal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 0,0 Delta Penta 0,0 21,5 0,0 0,0 2,0 0,0 * Alt = Alternaria macrospora; Asp. = Aspergillus sp.; Botr. = Botryodiplodia theobromae; Clad. = Cladosporium cladosporioides; F. equ. = Fusarium equiseti; F. mon. = Fusarium moniliforme; F. oxy. = Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum; F. sem. = Fusarium semitectum; Colle. = Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides; Macr. = Macrophomina phaseolina; Pen. = Penicillium sp.; Rhiz. = Rhizoctonia solani. VARIEDADES 15 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 3.4 Distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum no estado do Mato Grosso. A distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum foi determinada por meio da coleta de raízes e caules de plantas de algodoeiro 45 dias após o plantio (Foto 1), apresentando sintomas típicos ou não, em áreas de produção de sementes de algodão nas regiões Norte (Sorriso e Nova Mutum), Médio Norte (Brasnorte), Sul (Jaciara, Rondonópolis, Itiquira, Pedra Preta, Guiratinga e Alto Garças) e Centro-Sul (Campo Verde, Primavera do Leste, Novo São Joaquim e Santo Antônio do Leste). As amostras coletadas foram encaminhadas para o laboratório de Fitopatologia do Univag onde foram analisadas, para confirmação da presença do patógeno. Foto 1. Coleta de amostras de solo e raízes em área com suspeita de infecção de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. Várzea Grande – MT. 2004. 16 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 3.5 Transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum nos processos sementeplanta Para a determinação da transmissibilidade do patógeno no processo sementeplanta, sementes de algodoeiro das variedades ITA 90, Coodetec 406, Coodetec 407, Delta Opal, Delta Penta, Sure Grow, Fiber max 966, Fiber max 977, Fabrika, Makina, ST474, BRS Sucupira, BRS Cedro e o padrão IAC 22, foram inoculadas pelo método da restrição hídrica (MACHADO, 2002), por um período de 48 horas (Foto 2). As sementes inoculadas foram plantadas em vasos contendo uma mistura de areia, terra e matéria orgânica do tipo esterco (2:1:1 v/v/v) esterilizada. A avaliação da transmissibilidade do fungo foi realizada 30 e 60 dias após o plantio, baseando-se na presença de sintomas internos observados pelo corte longitudinal do caule das plantas. Após a avaliação dos sintomas nas plantas, o caule das mesmas foi submetido ao teste de incubação em câmara úmida, para induzir a esporulação do fungo, tornado possível a observação em microscópio estereoscópio e microscópio biológico, além do isolamento do fungo em meio B.D.A (Batata-dextrose-ágar) (Foto 3). O ensaio constou de 14 tratamentos em delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições. A parcela experimental foi composta por 2 vasos com 5 plantas. 17 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Foto 2. Sementes de algodoeiro inoculadas com Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. Várzea Grande – MT. 2004. Foto 3. Avaliação da transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em sementes de algodoeiro, por meio do teste de incubação em papel de filtro. Várzea Grande – MT. 2004. 18 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 3.6 Avaliação do grau de susceptibilidade a Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum das principais variedades de algodoeiro cultivadas no estado de Mato Grosso Sementes das variedades ITA 90, Coodetec 406, Coodetec 407, Delta Opal, Delta Penta, Sure Grow, Fiber max 966, Fiber max 977, Fabrika, Makina, ST474, BRS Sucupira, BRS Cedro e o padrão resistente IAC 22 foram semeadas em vasos com volume de 5 litros, e inoculados 30 dias após o plantio, com suspensão de conídios de Fusarium oxysporum f sp vasinfectum na concentração de 2x105 conídios/mL. A suceptibilidade de cada variedade após 60 dias da inoculação foi determinada com base no grau de severidade apresentado por Fusarium oxysporum f sp vasinfectum, por meio da escala de avaliação utilizada por NASCIMENTO et al., (1995) onde a nota 1 (ausência de sintomas), 2 (ausência de sintomas externos de murcha e presença de escurecimento vascular confinado à raiz principal), 3 (sintomas externos iniciais da doença como clorose, murcha e escurecimento vascular atingindo o terço inferior do caule), 4 (sintomas bem definidos da doença como clorose, murcha, lesões foliares, seca das folhas e escurecimento vascular atingindo o terço médio da planta) e nota 5 (sintomas bem definidos da doença e escurecimento atingindo o terço superior da planta ou plantas mortas) (Fotos 4 e 5). Foram consideradas mais susceptíveis as plantas que apresentaram maior nota na escala de severidade. O ensaio constou de 14 tratamentos em delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições. A unidade experimental foi composta por 2 vasos com 5 plantas. 19 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Foto 4. Infecção leve de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em plantas de algodoeiro inoculadas. Várzea Grande – MT. 2004. Foto 5. Infecção severa de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em plantas de algodoeiro inoculadas. Várzea Grande – MT. 2004. 20 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 3.7 Avaliação do tratamento químico de sementes de algodoeiro no controle de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum A avaliação do controle químico de Fusarium oxysporum f sp vasinfectum em sementes foi realizada em duas etapas. Inicialmente, os fungicidas recomendados para o tratamento químico de sementes de algodoeiro foram avaliados quanto à sua capacidade de inibição do crescimento micelial de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum “in vitro” (Tabela 3). Neste ensaio os fungicidas em mistura ou isolados, foram adicionados ao meio de cultura BDA nas doses já estabelecidas para a cultura do algodão, onde em seguida foi colocado um disco de micélio em cada placa. As placas foram mantidas em B.O.D para incubação em temperatura de 25°C e fotoperíodo de 12 horas por cinco dias. Após o período de incubação foi determinado o crescimento micelial (cm) de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum (Foto 6). O ensaio constou de 07 tratamentos em delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições. A unidade experimental consistiu de 3 placas de Petri de 10 cm de diâmetro. Na segunda fase da avaliação, sementes de algodoeiro da variedade Delta Opal foram inoculadas com o fungo Fusarium oxysporum f sp vasinfectum e tratadas com os fungicidas avaliados no teste “in vitro”. Após o tratamento as sementes foram submetidas ao teste de sanidade pelo método de incubação em papel de filtro com restrição hídrica utilizando-se manitol no potencial osmótico de -1,0 MPa (MACHADO, 1988; MACHADO, 2002). Após a incubação as sementes foram avaliadas em microscópio estereoscopio para determinação da porcentagem de controle obtida pelo uso dos fungicidas. O ensaio constou de 07 tratamentos em delineamento inteiramente casualizado, com 4 repetições. A unidade experimental foi composta por 50 sementes. 21 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Foto 6. Controle “in vitro” de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum com diferentes fungicidas. Várzea Grande – MT. 2004. Tabela 3. Fungicidas avaliados no tratamento de sementes de algodoeiro para o controle de Fusarium oxysporum f.sp vasinfectum. Várzea Grande - MT. 2004. Princípio Ativo Produto Comercial Tiofanato metílico Carbendazim + Thiram Carboxim + Thiram Carbendazim + Tolyfluanid + Pencicuron Thiabendazol + Thiram Fludioxonil Cercobin Derosal Plus Vitavax + Thiram Derosal + Euparem + Moncerem Tegran Maxim Dose (g ou mL/100kg sementes) 150 300 500 200+150+300 200 200 22 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 3.8 Avaliação da ocorrência dos nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus em lavouras de algodoeiro infectadas por Fusarium oxysporum f sp vasinfectum no Mato Grosso Em áreas de produção de sementes de algodoeiro infectadas por Fusarium oxysporum f sp vasinfectum, foram coletadas amostras de solo e raiz de plantas após 45 dias do plantio. As amostras coletadas foram encaminhadas para o laboratório de Fitopatologia do Univag onde foram processadas pelos métodos de JENSKINS (1964) e COOLEN & D’HERDE (1972), respectivamente, sendo ao final misturadas para que fosse efetuada a contagem da população de Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus, por meio de uma lâmina de Peters. 23 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum no estado do Mato Grosso. Após o levantamento realizado nas áreas de produção de sementes de algodoeiro do estado do Mato Grosso, foi possível detectar nos 8732 ha avaliados, totalizando 13 municípios, 10 novos focos de infecção de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum (Tabela 4). Foram observados em campos de algodoeiro das variedades ITA 90, BRS Cedro, BRS Acácia, BRS Jatobá, CD 406, CD 401, Fiber max 966, Makina, Fabrika, ST 474, SM3, IAC 24 e Destak, variações no quadro sintomatológico da murcha de Fusarium, com ocorrência de infecção leve a infecção severa (Fotos 7 e 8). 24 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Tabela 4. Distribuição geográfica de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em áreas de produção de sementes de algodoeiro no estado do Mato Grosso. Várzea Grande MT. 2004. Região Norte Médio Norte Sul Centro-sul Total Município Área Monitorada Nº Total de Nº Amostras (ha) Amostras Positivas Sorriso 230 - - Nova Mutum 200 - - Brasnorte 300 - - Jaciara 450 2 1 Rondonópolis 150 3 0 Itiquira 750 2 0 Pedra Preta 1369 3 2 Guiratinga 350 2 0 Alto Garças 129 1 1 Campo Verde 1830 12 4 Primavera do Leste 630 3 1 Novo São Joaquim 1146 3 1 Santo Antônio do Leste 1198 - - 13 8732 49 10 25 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Foto 7. Infecção severa de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum com sintomas de murcha em algodoeiro. Várzea Grande – MT. 2004. Foto 8. Infecção leve de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum com sintomas de deficiência nutricional em algodoeiro. Várzea Grande – MT. 2004. 26 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 4.2 Transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum nos processos sementeplanta Nas avaliações realizadas aos 30 e 60 dias após o plantio verificou-se ausência de sintomas típicos de murcha de Fusarium e ocorrência de sintomas fracos, onde as folhas do baixeiro apresentaram-se com coloração amarelada ou avermelhada e em algumas plantas ocorreu seca e queda dessas folhas. Os sintomas observados não foram suficientes para a confirmação da transmissibilidade do patógeno. Porém, após o teste de incubação em papel de filtro verificou-se que na 1º avaliação as variedades Delta Opal, Delta Penta e BRS Cedro apresentaram os maiores índices de severidade. Na 2º avaliação as variedades com maior nível de transmissibilidade foram a ITA 90, Delta Opal e BRS Sucupira (Tabela 5). A recomendação de eliminação de plantas doentes (“rouguing”) feita por monitores de campo é extremamente eficiente na redução do inóculo inicial de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum no solo, transmitido pelas sementes. Esta prática normalmente é realizada até os 30 dias após o plantio, porém, os resultados apresentados neste trabalho indicam a necessidade do “rouguing” pelo menos até os 60 dias após o plantio. Esses resultados concordam com relatos de BROWN (1968), citado por HILLOCKS (1982), no qual conclui que o risco de disseminação da murcha de Fusarium por meio de sementes infectadas é tão grande com variedades resistentes quanto com variedades suscetíveis. Neste trabalho foi possível observar diferenças entre as variedades avaliadas na porcentagem média de transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum,que podem ter ocorrido devido às variações em resist~encia apresentados pelos materiais genéticos. Segundo NEERGAARD (1977), a relação de diferentes cultivares de um hospedeiro com a transmissão pela semente de um patógeno é importante e deve ser considerada, porque, as cultivares podem se comportar de forma diferente, impossibilitando conclusões gerais. 27 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Com relação à taxa de transmissão do inóculo pela semente existe diferença de um organismo para o outro e de um mesmo organismo em diferentes condições. Patógenos causadores de doenças sistêmicas, como Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum, que se localizam no embrião das sementes são facilmente transmitidos alcançando a taxa de transmissão de 1/1. Além da localização do fungo na semente, da quantidade e do tipo de inoculo (micélio, esporos, etc), fatores como umidade, temperatura e pH do solo tem inflência na transmissão (LASCA, 1997). Tabela 5. Transmissibilidade (%) de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum em sementes de algodoeiro de diferentes variedades, sob condições controladas, em avaliações aos 30 e 60 dias após o plantio. Várzea Grande – MT. 2004. Porcentagem de transmissibilidade Tratamentos 1º avaliação* 2º avaliação** ITA 90 55,0 ab 90,0 c CD 406 60,0 ab 60,0 abc CD 407 50,0 ab 80,0 bc Delta Opal 70,0 b 100,0 c Delta Penta 70,0 b 85,0 bc Sure Grow 35,0 ab 45,0 a FMX 966 25,0 ab 80,0 bc FMX 977 15,0 a 70,0 bc Fabrika 40,0 ab 85,0 bc Makina 25,0 ab 70,0 bc ST 474 15,0 a 75,0 bc BRS Sucupira 50,0 ab 90,0 c BRS Cedro 75,0 b 80,0 bc IAC 22 50,0 ab 65,0 ab CV 23,36 34,51 Dados transformados em raiz (x+0,5); Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; * avaliação realizada 30 dias após o plantio; ** avaliação realizada 60 dias após o plantio. 28 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 4.3 Avaliação do grau de susceptibilidade a Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum das principais variedades de algodoeiro cultivadas no estado de Mato Grosso De acordo com os resultados obtidos após a inoculação de Fusarium oxysporum f sp vasinfectum podemos observar que entre as variedades avaliadas a ITA 90, CD 406, CD 407, Fabrika e Makina mostraram-se altamente suscetíveis à murcha de Fusarium (Tabela 6). Entre as variedades estudadas não houve reação de resistência ao patógeno em comparação ao padrão resistente IAC 22, porém, as variedades BRS Cedro e Sure Grow apresentaram-se como moderadamente resistentes (Tabela 6). Segundo SILVA et al., 2002, em áreas já infectadas, o uso de cultivares resistentes é a forma viável de controle da doença. Os mesmos estudando a resistência de cultivares e linhagens de algodoeiro à murcha de Fusarium, notaram que os genótipos IAC 22 e BRS ITA 96 apresentaram os melhores níveis de resistência à doença seguida pelas linhagens CNPA 97-5138, CNPA 96-227, CNPA 96-268 e CNPA 97-700 e pela cultivar BRS 201. 29 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário Tabela 6. Reação de variedades de algodoeiro inoculadas com Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum, sob condições controladas, em avaliação aos 90 dias após o plantio. Várzea Grande – MT. 2004. Tratamentos Severidade de Fusarium oxysporum f sp Reação da vasinfectum* variedade** ITA 90 4,56 def AS CD406 4,88 f AS CD 407 4,75 ef AS FMX 966 3,68 cd S FMX 977 3,44 bc S Fabrika 4,50 def AS Makina 4,50 def AS BRS Sucupira 3,87 cde S BRS Cedro 2,68 b MR Delta Opal 3,75 cd S Delta Penta 3,25 bc S Sure Grow 2,94 bc MR ST 474 3,06 bc S IAC 22 1,43 a R CV 10,58 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; *Escala de avaliação proposta por NASCIMENTO et al., (1995); ** R = resistente; MR = moderadamente resistente; S = susceptível; AS = altamente susceptível. 30 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 4.4 Avaliação do tratamento químico de sementes de algodoeiro no controle de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum Na avaliação “in vitro” os tratamentos que proporcionaram inibição total do crescimento micelial de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum foram os fungicidas Derosal Plus (300), Tegran (200) e a mistura Derosal + Euparen + Monceren (200 + 150 + 300), semelhantes estatisticamente ao fungicida Cercobin (Tabela 7). A mesma tendência foi observada no tratamento de sementes para os fungicidas Derosal Plus (300), Tegran (200) e a mistura Derosal + Euparen + Monceren (200 + 150 + 300), que proporcionaram nível de controle de 100% na ocorrência do patógeno nas sementes quando comparados com a testemunha sem fungicida (Tabela 8). Sabendo-se que no Mato Grosso Murcha de Fusarium não ocorre de forma generalizada, o tratamento de sementes com fungicidas apresenta-se como a técnica mais viável de controle desta doença, principalmente quando o risco de disseminação da murcha por meio de sementes infectadas é tão grande com variedades resistentes quanto com variedades suscetíveis. Deve-se ressaltar que a performance de um fungicida está condicionada não só ao tipo de patógeno, mas também ao seu nível de incidência nas sementes, evidenciando que a eficiência de controle é maior em lotes de sementes com baixa infecção. Deve-se ressaltar que a ação combinada de fungicidas com diferentes espectros de ação têm sido uma estratégia das mais eficazes no controle de um maior número de patógenos presentes nas sementes e/ou no solo. Desse modo, a utilização de misturas de fungicidas, vem garantir aos produtores maior segurança no que se refere à obtenção de um estande ideal de plantas. O tratamento de sementes de algodoeiro para o controle do tombamento trata-se de uma tecnologia de fácil execução e barata, onerando em apenas 0,17% o custo total de produção (GOULART & MELO FILHO, 2000), vindo de encontro à necessidade de se racionalizar o uso de produtos químicos na agricultura (GOULART, 2001). Julga-se oportuno 31 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário salientar que, principalmente quando se trata de algodão, cujo nível de tecnologia de produção de sementes no Brasil ainda não é considerado como um dos mais elevados, o tratamento químico de sementes torna-se indispensável. Tabela 7. Inibição do crescimento micelial de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum por meio do controle “in vitro” com diferentes fungicidas. Várzea Grande – MT. 2004. Tratamentos Cercobin Derosal Plus Vitavax + Thiram Derosal + Euparem + Moncerem Tegran Maxim Testemunha CV Crescimento micelial (cm) 0,34 a 0 a 2,00 b 0 a 0 a 6,86 c 8,55 d 12,91 Tabela 8. Controle químico de Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum, em sementes de algodoeiro da variedade delta opal inoculadas. Várzea Grande – MT. 2004. Tratamentos Cercobin Derosal Plus Vitavax + Thiram Derosal + Euparem + Moncerem Tegran Maxim Testemunha CV Porcentagem de ocorrência 0,50 a 0,00 a 19,90 b 0,00 a 0,00 a 68,50 c 85,70 c 18,24 Porcentagem de controle 99,60 100,0 76,78 100,0 100,0 20,10 - 32 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 4.5 Avaliação da ocorrência dos nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus em lavouras de algodoeiro infectadas por Fusarium oxysporum f sp vasinfectum no Mato Grosso De acordo com resultados obtidos todas as amostras analisadas apresentaram a presença do nematóide das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus. A presença do nematóide das galhas Meloidogyne incognita somente foi detectada na amostra do município de Alto Garças. Nenhuma das amostras analisadas foi positiva para o nematóide reniforme Rotylenchulus reniformis (Tabela 9). Baseando-se nos resultados deste trabalho não foi possível caracterizar a associação de Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum com os nematóides das galhas e reniforme, porém, houve associação entre o fungo e o nematóide das lesões radiculares, que foi detectado em todas as amostras analisadas (Tabela 9). A incidência da murcha de Fusarium tende a ser maior, proporcionalmente ao índice de infestação dos nematóides patogênicos à cultura do algodoeiro, uma vez que os traumatismos radiculares causados pelos nematóides facilitam a penetração do fungo. Tabela 9. Ocorrência dos nematóides Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus em lavouras de algodoeiro infectadas por Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum no Mato Grosso. Várzea Grande – MT. 2004. Municípios Amostras Jaciara Pedra Preta 1 1 2 1 1 2 3 4 1 1 Alto Garças Campo Verde Primavera do Leste Novo são Joaquim Nematóides em 200 mL solo Meloidogyne Rotylenchulus Pratylenchus incognita reniformis brachyurus 0 0 50 0 0 80 0 0 40 410 0 60 0 0 0 0 0 0 0 0 70 0 0 40 0 0 50 0 0 100 33 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 5 CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos e nas condições em que foi conduzido este trabalho podemos concluir que: • Os focos de infecção de Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum no estado do Mato Grosso continuam se disseminando pelas regiões produtoras de sementes, passando de 1 município na safra 2002-2003 para 6 munícipios na safra 2003-2004; • Todas as variedades de algodoeiro recomendadas para o estado do Mato Grosso apresentam alta taxa de transmissibilidade de Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum no processo semente-planta; • A maioria das variedades de algodoeiro recomendada para o estado do Mato Grosso apresenta alta susceptibilidade ao fungo Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum, com exceção dos materiais BRS Cedro e Sure Grow que apresentam resistência moderada; • O tratamento químico de sementes de algodoeiro para o controle de Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum é eficiente com o uso dos fungicidas Derosal + Euparen + Monceren (200 + 150 + 300 g ou mL/100 kg de sementes), Cercobin (150 mL/100 kg de sementes), Derosal Plus (300 mL/100 kg de sementes) e Tegran (200 mL/100 kg de sementes). • A associação do fungo Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum com nematóides patogênicos à cultura do algodoeiro não foi observada nas áreas infectadas pela murcha de Fusarium no Estado do Mato Grosso. 34 Grupo de Produção de Ciências Agrárias Centro Universitário 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. 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