4.2- PROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL 4.2.1 Programa de Monitoramento de Fauna O Programa de Monitoramento da Fauna tem como objetivo maximizar o conhecimento sobre as alterações nas populações e comunidades da fauna local, ameaçada em decorrência dos impactos advindos da implantação do empreendimento. Relato Mensal de Atividades Para verificar o uso das zoopassagens pela fauna, foram instaladas armadilhas fotográficas (modelo: Little Acorn Ltl-5210) na zoopassagem 2 da estrada parque RJ-163 (Trecho Capelinha – Visconde de Mauá). Para complementar o levantamento da fauna da região, foi instalada uma armadilha fotográfica próxima à estrada, em região de floresta, na entrada de uma caverna. As armadilhas fotográficas ficaram instaladas de 01 a 30 de setembro de 2011. Registros consecutivos de animais da mesma espécie com menos de uma hora de intervalo foram desconsiderados. Os métodos utilizados estão de acordo com o plano de trabalho do Monitoramento e levantamento da Fauna existente na região de implantação das obras de pavimentação nas rodovias RJ-163 (Trecho Capelinha – Visconde de Mauá) e RJ-151 (Trecho Visconde de Mauá – Maromba), conforme exigência do Plano Básico Ambiental. Diante dos diversos furtos de equipamentos ocorridos, não foi possível monitorar a zoopassagem 1. Uso das zoopassagens pela fauna No levantamento da fauna da região, na entrada da caverna, foram obtidos três registros de uma espécie de aves (Tabela abaixo). ___________________________________________________________________________________________ GESTÃO AMBIENTAL DA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE MAUÁ – RJ–163/151 .33. Tabela – Espécie de ave registrada na área de influência da Estrada Parque Visconde de Mauá, trecho da RJ-163, ao longo do período de monitoramento de 01 a 30 de setembro de 2011. Espécie Turdus leucomela Sabiá-barranco Local Número de Registros Horário Entrada da caverna 3 Diurno Estaca 719 1 Diurno Foto Família: Turdidae Ordem: Passeriformes Coendou prehensilis Ouriço-cacheiro Família: Erethizontidae Ordem: Rodentia Classe: Mammalia O sabiá-barranco Turdus leucomela é o sabiá mais comum do interior do Brasil, mede entre 23-25 cm de comprimento e possui hábito alimentar generalista, consumindo insetos, oligoquetas, frutos e sementes. É uma ave solitária, de habitats abertos, inclusive borda de mata, sempre associada a corpos d’água. O ouriço-caxeiro Coendou prehensilis é um roedor de pequeno a médio porte, pode atingir até 5 kg, que tem o dorso totalmente coberto por espinhos que se destacam facilmente de seu corpo, usado como forma de defesa. Muito frequentes na fauna brasileira, são animais arborícolas, de habito noturno com dieta generalista. No levantamento do uso da zoopassagem, foram obtidos 21 registros de oito espécies diferentes de mamíferos. Foi possível identificar cinco espécies diferentes (Tabela abaixo). Também foi verificada a presença de uma espécie de aves próxima da zoopassagem. ___________________________________________________________________________________________ GESTÃO AMBIENTAL DA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE MAUÁ – RJ–163/151 .34. Tabela – Espécies de mamíferos registradas utilizando a zoopassagem 2 da Estrada Parque Visconde de Mauá, trecho da RJ-163, 163, ao longo do período de monitoramento de 01 a 30 de setembro de 2011. Espécie Didelphis aurita Gambá comum Local Número Horário de registros Zoopass 9 Noturno 2 Foto Família: Didelphidae Ordem: Didelphimorphia Monodelphis americana Zoopass 2 4 Diurno e noturno Philander frenatus Zoopass 1 Noturno 1 Noturno Cuíca-de-trêslistras Família: Didelphidae Ordem: Didelphimorphia Cuíca 2 Família: Didelphidae Ordem: Didelphimorphia Leopardus tigrinus Zoopass Jaguatirica 2 Família: Felidae Ordem: Carnivora ___________________________________________________________________________________________ GESTÃO AMBIENTAL DA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE MAUÁ – RJ–163/151 63/151 .35. Guerlinguetus ingrami Zoopass 2 1 Diurno Caxinguelê Família: Sciuridae Ordem: Rodentia O gambá comum Didelphis aurita é um marsupial de pequeno a médio porte, podendo atingir até 3 kg. Habita áreas de floresta primária e secundária, assim como áreas de capoeira e fragmentos florestais próximos a áreas urbanas. É um animal noturno com dieta generalista. Quando jovem é arborícola, mas quando adulto é preferencialmente terrestre. É uma espécie relativamente abundante em áreas degradadas e muitas vezes é favorecida em ambientes onde espécies de predador de topo foram retiradas. O uso frequente da zoopassagem, equivalente a 73,6% dos registros, pode indicar que o gambá comum está excluindo a passagem de outras espécies pela zoopassagem. A cuíca-de-três-listras Monodelphis americana, com aproximadamente 160 cm de comprimento cabeça-cauda e 30 g de massa corporal, é um animal predominantemente terrestre e crepuscular. Ocorre próximo a corpos d’água e possui hábito alimentar insetívoro-onívoro. A cuíca Philander frenatus apresenta peso corporal de 200 a 660 g, pode ser encontrada na região costeira do Brasil, do norte do Paraná até a Bahia, e no interior do país nos estados de Minas Gerais e Goiás. É um animal solitário e noturno, preferencialmente terrestre, mas sobe em árvores eventualmente, com dieta composta basicamente por pequenos vertebrados, inclusive roedores, insetos, e frutos. Utiliza os habitats de maneira bastante flexível, além de matas primárias e secundárias, também é capturado ocasionalmente em campos antrópicos. A jaguatirica Leopardus pardalis é um felino de ampla distribuição, ocorrendo do sul dos Estados Unidos da América até o norte da Argentina. No Brasil, ocorre em todos os biomas. É uma espécie de porte médio, com peso corporal entre 7,2 e 16,5 kg, hábito solitário, terrestre e noturno-crepuscular. Possui dieta baseada em pequenos vertebrados, mas pode se alimentar de espécies maiores, como cutia e até veados. A caça predatória e a destruição de habitat são as principais ameaças à conservação dessa espécie. O caxinguelê Guerlinguetus ingrami é um esquilo de médio porte, com peso corporal de aproximadamente 200 g. O caxinguelê possui hábito diurno e arborícola-terrestre, habitando os estratos inferiores e intermediários de florestas primárias ou alteradas. É um animal frugívoro, com importante papel na dispersão e predação de sementes. ___________________________________________________________________________________________ GESTÃO AMBIENTAL DA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE MAUÁ – RJ–163/151 .36. A ave registrada próxima à zoopassagem foi o sabiá-laranjeira Turdus rufiventris, da família Turdidae, da ordem Passeriformes (Figura abaixo). O sabiá-laranjeira é uma das aves símbolo do Brasil. Mede aproximadamente 25 cm de comprimento e possui hábito alimentar generalista, consumindo insetos, frutos e sementes. É uma ave solitária, de habitats abertos, inclusive borda de mata, sempre associada a corpos d’água. Provavelmente, o sabiá-laranjeira não estava atravessando a zoopassagem, mas demonstra que a presença de zoopassagens aumenta a atividade biológica como um todo nas proximidades. Foto 44 – Sabiá-laranjeira Turdus rufiventris (Família Turdidae, Ordem Passeriformes) registrada na entrada da zoopassagem 1 da Estrada Parque Visconde de Mauá, trecho da RJ-163, ao longo do período de monitoramento de 01 a 30 de setembro de 2011. Considerações finais Os registros obtidos através das armadilhas fotográficas indicam que as zoopassagens estão sendo utilizadas pela fauna local, com crescente importância para o deslocamento da fauna local. O uso pela jaguatirica Leopardus pardalis é um indicativo que as zoopassagens da Estrada Parque Visconde de Mauá, trecho da RJ-163, também é eficiente para animais carnívoros de médio porte. A jaguatirica é uma das espécies que está listada como prioritárias para monitoramento no PBA. O pequeno número de registros obtidos na entrada da caverna, na área de influência da Estrada Parque Visconde de Mauá, diferiu dos meses anteriores. Apesar disso, não houve problema técnicos, uma vez que os registros obtidos foram no final do período de monitoramento, indicando que a armadilha fotográfica funcionou de acordo ao longo desse período. Uma possível explicação para o pequeno número de registros pode ser um aumento de atividade humana na residência próxima à caverna. Não foram registradas, na área de influência ou utilizando as zoopassagens, as espécies de mamíferos onça pintada Panthera onca, onça parda Puma concolor, gato maracajá Leopardus wiedii, bugio Alouatta guariba, saguis Callithryx spp. e muriqui Brachyteles arachnoides; pelas espécies de aves papagaio-de-peito-roxo Amazona vinacea, caneleirinho-de-chapéu-preto Piprites pileatus, pararu Claravis godefrida, papo-branco Biatas nigropectus e pixoxó Sporophila frontalis; e pelas espécies de anfíbios Physalaemus soaresi, ___________________________________________________________________________________________ GESTÃO AMBIENTAL DA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE MAUÁ – RJ–163/151 .37. Thoropa lutzi, Thoropa petropolitana e Holoaden bradei. Essas espécies são apontadas no PBA como importantes de serem monitoradas. A utilização crescente das zoopassagens, principalmente com registros de espécies de médio porte e indicadas pelo PBA, é um bom sinal. Para a contínua eficiência das zoopassagens, deve-se evitado ao máximo a utilização pelo homem e animais domésticos. Quando totalmente construídas e desobstruídas, as zoopassagens irão favorecer o deslocamento das espécies, aumentando o número de espécies registradas dentro das zoopassagens, e diminuirão os casos de atropelamentos. ___________________________________________________________________________________________ GESTÃO AMBIENTAL DA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE MAUÁ – RJ–163/151 .38.