caderno de resumos iii ciel

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 CADERNO DE RESUMOS III CIEL Apoio: FAP/DF CAPES UnB SUMÁRIO SESSÕES DE COMUNICAÇÃO .............................................................................................. 4 Rita Manzini (University of Firenze)Definite/animate (DOM) objects and the morphological dative ........................................................................................................................................................................................ 5 Teresa Cristina WACHOWICZ (UFPR) Aquisição de massivos e contáveis em posição de objeto no português brasileiro ........................................................................................................................................................... 6 Carlos Muñoz Pérez (Universidad de Buenos Aires) There is no need for Late Merger ...................... 7 Patrícia Rodrigues (UFPR) Non-­‐finite complements of perception verbs and Aspect ......................... 8 Juana M. Liceras (University of Ottawa, Canada); Raquel Fernández-­‐Fuertes (Universidad de Valladolid, Spain) e Rachel Klassen (University of Ottawa, Canada) Formal accounts of subjet-­‐
verb switches and the representation of language in the mind of the bilingual ................................... 10 Sonia Kaminszczik (Universidad de Buenos Aires, CONICET) e Romina Trebisacce (Universidad de Buenos Aires, CONICET) Reflexive and pseudo-­‐reflexive constructions in Spanish .................... 12 Yanina Boria (Universidad de Buenos Aires) & Laura Stigliano (Universidad de Buenos Aires). Multiple Copy Realization in Argentinian Sign Languages. ............................................................................ 14 Guilherme Lourenço (UFMG) Sentential negation in Brazilian Sign Language ..................................... 15 Bruna Pereira (UFVJM) Post-­‐nominal possessives and sentential agreement – .................................. 17 Lívia de Mello Reis (UFSC) e Sandra Quarezemin (UFSC) Clivadas e Pseudoclivadas Extrapostas no Português Brasileiro ................................................................................................................................................. 18 Cristina de Souza Prim (UNICAMP) A especificidade do DP e o movimento dos adjetivos qualificativos ...................................................................................................................................................................... 19 Danniel da Silva Carvalho Failed agreement as feature relativization ..................................................... 20 Paula Roberta Gabbai Armelin (Universidade de São Paulo) O duplo estatuto da consoante /z/ nas formações diminutivas e aumentativas do português brasileiro ........................................................ 21 Julio William Curvelo Barbosa (USP) Parametric hierarchies and surface Morphosyntax: connecting serial verbs, datives and applicatives .............................................................................................. 23 Ezekiel J. Panitz (UCL) Null Objects in Brazilian Portuguese, Revisited ................................................... 24 Vitor Augusto Nóbrega (USP) The essential lexical-­‐grammatical alternation in syntax ................... 27 Simone Guesser (UFRR) e Marcelo Giovannetti Ferreira Luz (UFRR)Considerações de interface sintaxe-­‐semântica sobre a omissão da cópula em sentenças copulares do PB ..................................... 28 Fernando Martín Carranza (Universidad de Buenos Aires, FONCyT) e Sonia Tamara Kaminszczik (Universidad de Buenos Aires, CONICET) On patient-­‐beneficiary accusative constructions ......... 29 Philip Miller (Universidade de São Paulo e Université Paris Diderot), Pascal Amsili (Université Paris Diderot), Gabriel Flambard (Université Paris Diderot) e Barbara Hemforth (Univrersité Paris Diderot) Missing antecedents found ............................................................................................................ 30 Ana Muller (USP) & Marta Donazzan (Universität Köln) Numerais distributivos ............................... 31 Marcello Modesto Inflected infinitives and the theory of control: a unified account of BP null subjects..................................................................................................................................................................................33
Maria José Foltran (UFPR/CNPq), Vitor Augusto Nóbrega (USP), Livia Oushiro (USP) Multiple determiners in Brazilian Portuguese indefinite noun phrases: intensification reading and agreement marker distribution..................................................................................................................................34 Timothy Gupton, University of Georgia (USA) Challenges for encoding focus in the syntax: experimental evidence from Spanish .....................................................................................................................35 Aroldo L. de Andrade (Unicamp)A unified analysis for marked topic constructions and their restrictions .........................................................................................................................................................................36 SESSÕES DE POSTER ........................................................................................................ 37 1 Edite Consuêlo da Silva Santos (UFPE) e Helena da Silva Guerra Vicente (UnB)O papel do input no aprendizado do uso do sujeito nulo na escrita por alunos da educação básica ............................ ........39 Bruno Pilastre de Souza Silva Dias (Universidade de Brasília) A ambiguidade dos predicados psicológicos da classe de assustar: o caso das passivas verbais e adjetivais .......................................... 39 Lilian Coelho PIRES (UFRR) Aquisição da escrita-­‐padrão do português brasileiro em esfera escolar ................................................................................................................................................................................... 40 Joyce Maria Sandes-­‐da-­‐Silva (UESB) e Adriana S. C. Lessa-­‐de-­‐Oliveira (UESB)A estrutura argumental no processo de aquisição do português escrito por surdos .................................................. 42 Aline Jéssica Pires (UNICAMP) Differential Object Marking no português: uma análise diacrônica .................................................................................................................................................................................................. 43 Alane Luma Santana Siqueira (UFPE)Uma discussão acerca da concordância de gênero em construções predicativas adjetivais no português do brasil ......................................................................... 44 Thayse Letícia Ferreira (UFSCar)Uma proposta semântica para a análise da causativização dos verbos de movimento em PB ....................................................................................................................................... 44 Lizandra Caires do Prado (UnB) e Adriana S. C. Lessa de Oliveira (UESB) A categoria dos determinantes na Língua Brasileira de Sinais ..................................................................................................... 45 Luciana Sanchez Mendes Degree constructions in Portuguese and in Karitiana: a cross-­‐linguistic study ....................................................................................................................................................................................... 46 Lara Frutos (USP) Mecanismos de intensificação adverbial no Guarani Paraguaio ........................... 48 Aspectos da interlíngua de surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais na aquisição do Layane Rodrigues de Lima Santos (UFG/UnB)Português como Segunda Língua: o contexto universitário.
.................................................................................................................................................................................................. 49 Fernanda Rosa da Silva (USP) Tópico contrastivo em sentenças com deslocamento no português brasileiro .............................................................................................................................................................................. 50 Harley Toniette (UNICAMP) Da estrutura de sintagmas preposicionados adverbiais no português brasileiro – questões para uma teoria da gramática. ........................................................................................ 51 Anderson Almeida da Silva (UNICAMP) Classificadores em LIBRAS: morfemas ou núcleos? ........ 52 Karin Camolese Vivanco (Universidade de São Paulo) Ordem de constituintes e prosódia em karitiana: o caso das orações relativas de objeto ............................................................................................... 53 Zenaide Dias Teixeira (UEG) e Heloísa M. M. L. de A. Salles (UnB) O licenciamento de locativos na posição de sujeito no PB ................................................................................................................................................ 54 Letícia da Cunha Silva (UnB) e Rozana Reigota Naves (UnB) Verbos de Trajetória: Teoria gramatical e ensino de gramática na Educação Básica .................................................................................... 55 Hely Cesar Ferreira (UnB) A expressão sintática da estrutura argumental na interlíngua dos surdos aprendizes português de L2..........................................................................................................................55 Denise Miotto Mazocco (UFPR) “Presente histórico” e classes accionais................................................56 Wagner Luiz Ribeiro dos Santos Orações Relativas de Grau em PB: Implicações sintático-­‐
semânticas...........................................................................................................................................................................57 Lara Ribeiro da Silva (UNICAMP) As diferenças entre o que se fala e o que se escreve no português do Brasil: a aquisição de clíticos de terceira pessoa como L1 e L2 ...................................... 58 Manoel Bomfim Pereira (UnB) O estatuto sintático dos pronomes reduzidos no português dialectal de Minas Gerais e Goiás ............................................................................................................................... 59 Moacir N. F. Junior "Você abre o livro" -­‐ aspectos sintáticos de sentenças imperativas no PB: licenciamento de sujeitos (S-­‐V) vs sentenças declarativas ............................................................................ .60 Daniel Machado (UnB) Prepositions as complementizers in brazilian portuguese: modal markers and obviators ..................................................................................................................................................................... 61 Ticiana Andrade de Sena (UNICAMP)Reflexões sobre estrutura argumental com base em exemplos do Kadiwéu .................................................................................................................................................... 62 Fábio Bonfim Duarte (UFMG) e Christiane Miranda Buthers (UFMG) Português Brasileiro: uma língua de sujeito nulo ou de sujeito obrigatório? ............................................................................................... 63 2 Talita G. Mensades Silva (UnB) e Eloisa Nascimento Silva Pilati (UnB) O gerativismo e a sala de aula: contribuições para ensino de línguas ........................................................................................................... 64 Alzira Neves Sandoval (Universidade de Brasília) e Eloisa Nascimento Silva Pilati (Universidade de Brasília)VARIAÇÃO NA CONCORDÂNCIA VERBAL COM DPs COMPLEXOS ...................................... 65 Stefania Caetano Martins de Rezende Zandomênico (UnB) e Eloisa Nascimento Silva Pilati Estratégias de preenchimento do sujeito e manifestação da concordância verbal em produções escritas de alunos de EJA: uma análise preliminar comparativa ................................................................. 66 Juliana Carolina Argenta Carlos Lopes da Silva – UnB e Eloisa Nascimento Silva Pilati – UnB Estudo de caso sore o desenvolvimento da consciência sintática em sala de aula .............................. 67 Alex de Britto Rodrigues (UFPR) Decomposição lexical em primitivos semânticos e a problematização da analiticidade ............................................................................................................................. 68 Wallace Soares Barboza (UnB) Interface sintaxe – fonologia: um estudo acerca da percepção oral de aprendizes de inglês como língua estrangeira .............................................................................................. 69 Paula Guedes Baron (UnB) e Rozana Reigota Naves (UnB) Uma investigação sobre a natureza locativa do Experienciador em predicados psicológicos no português brasileiro .............................. 69 Rafael Martins Rocha (UnB) A semântica intensificacional dos “diminutivos” e suas implicações morfológicas ....................................................................................................................................................................... 70 Jane Adriana Ramos Ottoni de Castro (Universidade de Brasília) ECM vs default accusative Case in Latin .................................................................................................................................................................................. 71 Bruna Moreira (UnB) Dispositional adjectives: different sizes .................................................................... 72 Camila Parca Guaritá (UnB) e Eloisa Nascimento Silva Pilati (UnB) Orações gerundivas com sujeito oracional no Português do Brasil ............................................................................................................... 73 Elisabete Morais (UnB) Contribuições da Linguística Gerativa ao “ensino” de concordância na Educação Básica: intuição linguística, eliciação e “aprendizagem” de língua materna ..................... 74 3 SESSÕES DE COMUNICAÇÃO 4 Sessão de Comunicação 1
Definite/animate (DOM) objects and the morphological dative - Rita Manzini
(Un. Florence)
Aquisição de massivos e contáveis em posição de objeto no português
brasileiro - Teresa Cristina Wachowicz (UFPR)
There is no need for late merge - Carlos Perez (Un. de Buenos Aires,
CONICET)
Non-finite complements of perception verbs and Aspect – Patricia Rodrigues
(UFPR)
Definite/animate (DOM) objects and the morphological dative Rita Manzini (University of Firenze) Under Differential Object Marking (DOM), animate/definite objects appear in the
dative/oblique in Indo-European (IE) languages, for instance in Southern Italian (1) where
they are introduced by a, like a goal. The IE-wide distribution of the phenomenon does not
seem compatible with the conclusion that the coincidence of goal and DOM dative is a mere
matter of homophony.
In order to capture the generalization we are interested in (goal=DOM=dative) we need
a framework theory of case. Since this work is concerned with oblique, a fairly obvious
intuition, originally formalized by Fillmore (1968), is that oblique cases are the inflectional
equivalent of prepositions. We assume that a preposition is a predicate introducing a relation
between the argument it selects and another argument; the same will then be true of so-called
oblique case. We take ‘inclusion’ (part-whole) to be the primitive content of the ‘to’
preposition; we take dative case to have the same content. We notate inclusion with (⊆),
though the inclusion relation is to be construed not mathematically but as a looser zonal
inclusion one (Belvin and den Dikken 1997). In English (2), P(⊆) takes as its internal
argument its sister DP me and as its external argument the sister to its projection, i.e. the DP it.
Correspondingly, the second internal argument of ‘give’, i.e. the traditional dative, denotes a
superset including the first internal argument, i.e. the accusative, cf. (2c).
(2)
a.
They give it to me
b.
give [PredP it [[P( ) to] me]]
c.
[they give [it [PART OF/IN POSSESSION OF me]]]
Going back to (1), given the assumption that the deictic/definite object DPs are
morphologically dative, the question is what this means semantically. We propose that in this
⊆
5 instance the two arguments of P(⊆) are the object DP, e.g. ‘that woman’ and – we assume – an
eventive constituent. Intuitively, transitive predicates can be paraphrased as consisting of an
elementary predicate associated with an eventive name. Hale and Keyser (1993), Chomsky
(1995) formalize this intuition by assuming that they result from the incorporation of an
elementary state/ event into a transitivizing predicate v. Within such a conceptual framework
it becomes clearer what we mean when we say that P(⊆) takes as its arguments the
(elementary) state/event and the object DP. Informally, (1) can be rendered as ‘I gave that
woman a call’. Thus in (3), dative ‘to’ establishes a relation between the animate/specific
argument ‘that woman’ and the VP event ‘call’.
(3)
a.
They call ‘to’ that woman
cf. (1)
b.
[v CAUSE [VP call [[P( ) to] that woman]]
c.
[they CAUSE [call PART OF/IN POSSESSION that woman]]
⊆
In short, while a goal dative is a P(⊆) constituent required by the event (the predicate) – the
DOM dative is a P(⊆) constituent required by the referential properties of the internal argument.
Languages with DOM datives are those where an argument with certain referential properties can
never be inserted VP-internally except under P(⊆).
Aquisição de massivos e contáveis em posição de objeto no português brasileiro Teresa Cristina Wachowicz (UFPR) Este trabalho tem como objetivo investigar as produções de termos massivos e contáveis em posição de
objeto direto em dados de experimentos com crianças nativas do português brasileiro (PB), tais como
em: (Experimentador) “O que ele deu pra ela?”; (Criança) “(o/um) carrinho” ou “(a/uma) massinha”.
As questões iniciais que motivaram o experimento podem ser assim sintetizadas: 1) As crianças são
sensíveis à interpretação massivo/contável em posição de objeto? 2) Termos massivos e contáveis
motivam respostas com ou sem determinantes? 3) Há diferentes contextos composicionais da sentença
que motivam construções diferentes? Do ponto de vista da discussão teórica, Pires & Rothstein (2011)
defendem que os singulares nus no PB são semanticamente massivos e diferem dos plurais nus.
Dobrovie-sorin et. al. (2012), por outro lado, mostram que algumas línguas românicas, tais como o
espanhol e o romeno, aceitam nomes nus em posição de objeto. No que se refere à aquisição,
especialmente do inglês, é comum a hipótese de que os contextos gramaticais quantificadores definem
a semântica massivo VS. contável (NICOLAS, 1996). Nesse quadro teórico, a presente pesquisa,
filiada ao Laboratório de Aquisição da Universidade Federal do Paraná, desenvolveu experimentos de
produção iliciada (CRAIN & THORTON, 1998) em 45 crianças falantes nativas do PB, entre 3 e 5
anos de idade, em que três variáveis foram controladas: (i) a semântica do argumento interno (o
indivíduo massivo “massinha” e o contável “carrinho”); (ii) a accionalidade verbal (o verbo pontual
“dar” e o verbo durativo “pintar”; (iii) contextos de perspectiva aspectual (o evento episódico, com a
flexão perfectiva “deu/pintou” e o evento habitual, com a flexão do presente “dá sempre/pinta sempre”.
O experimento consistiu de cenas filmadas em seis arquivos de vídeo que combinaram essas variáveis,
intercalados por cenas distratoras. Ao ver cada cena, a criança era questionada por sentenças que
provocavam o preenchimento da posição de objeto: “O que ele deu pra ela/pintou?” ou “O que ele dá
pra ela sempre/pinta sempre?”. Os mesmos experimentos foram testados em 16 adultos. Os resultados
mostraram tendência de as crianças produzirem singulares nus com termos massivos, mais
concentradamente em contextos com o verbo “dar” e “pintar” na leitura habitual. Os adultos, por outro
lado, mesmo que os objetos mudassem durante o experimento (as cenas continham carrinhos diferentes
6 e massinhas com cores diferentes), tenderam praticamente em 100% a preencher o NP objeto com
determinantes definidos (o/a) quando o indivíduo carrinho ou massinha já estavam apresentados no
contexto do experimento. As diferenças entre os resultados das crianças e dos adultos nos sugerem
saliência semântica (HIRSH-PASEK et. al., 2006) para a distinção massivo/contável nessa faixa etária,
mesmo sendo considerada a hipótese maturacional (RADFORD, 1990) ou continuísta (PINKER, 1984)
de aquisição de categorias funcionais, tais como determinantes, em produções infantis. Os adultos, por
outro lado, demonstram saliência discursiva (STEEDMAN, 1996), ao preencherem definitude em NPs
já apresentados no contexto dos experimentos.
There is no need for Late Merger Carlos Muñoz Pérez (Universidad de Buenos Aires) Copy Theory (Chomsky 1993) presupposes a Non-Distinctiveness relation between a “moved”
constituent and its unpronounced occurrences: they must be “the same” somehow. Typically, this
requirement is fulfilled by assuming a derivational mechanism marking as non-distinct constituents
related by Internal Merge (cf. Chomsky 1995, Nunes 1995, 2004). However, there are several cases of
interpretative asymmetries between copies showing that overt and silent versions of a constituent may
be not “the same”. A classic example involves adjuncts inside A’-moved phrases bleeding Condition
C.
(1) [Which argument [that John1 made]] did he1 believe?
Lebeaux (1988) proposed explaining this particular pattern by assuming that some constituents
(adjuncts, according to him) can be merged counter-cyclically inside the displaced phrase after
movement takes place: Late Merger. Under Copy Theory, this analysis involves assuming an A’dependency between two copies marked as non-distinct with an index ι (2a), and the introduction of
the adjunct in the higher copy (2b).
(2) a. A’-movement [Which argument]ι did he believe [which argument]ι ?
b. Late Merger [Which argument [that John1 made]]ι did he1 believe [which argument]ι ?
This kind of account has been extended to quantifier scope (Fox 1999), adjunct extraposition (Fox &
Nissenbaum 1999), antecedent contained deletion (Fox 2002), comparatives (Bhatt & Pancheva 2004),
reconstruction asymmetries on A-movement (Takahashi & Hulsey 2009), preposition stranding
(Stanton 2014), among other phenomena. The obvious common drawback posed by these approaches
is their plain violation of strict cyclicity, a theoretical desideratum in generative linguistics since, at
least, Chomsky (1965).
This paper argues that representations as (2b), where a higher copy is “richer” than its lower
counterparts, can be cyclically derived by assuming a principled definition of “sameness”. Basically, it
is proposed that Non-Distinctiveness of copies does not involve any kind of marking during the
syntactic derivation, but it is computed post-syntactically by inspecting the featural content of
constituents. The essential assumption is understanding uninterpretable features (uFF) as inaccessible
to the PF and LF; so, for example, a set of features {<Att1,α>, <Att2,β>, <Att3, _>}, where <Att3, _>
is valueless (uninterpretable), will be “seen” just as the set {α, β} at the interfaces. Under this
7 conjecture it is possible to define Non-Distinctiveness at the interfaces as a complex result of Last
Resort and Locality: since higher copies in the structure are generated to check uFF, the interfaces will
see “additional” features on them; and since movement is local, no elements of the same structural type
are expected to intervene between copies. Therefore, the definition in (3) follows.
(3) Twoconstituentsαandβarenon-distinctif:(i)αc-commandsβ,(ii)thefeaturesofβare a subset of the
features of α, and (iii) there is no δ between α and β being a subset of α or a superset of β.
According to (3), two constituents do not require being actual copies to be interpreted as a movement
dependency. Thus, the structure in (4), where the wh-phrase in [Spec,C] is base- generated, would be
interpreted at the interfaces as involving movement since, due to feature checking, the higher whphrase properly contains the features of the lower wh-phrase.
(4) [CP [Which argument [that John1 made]] did [TP he1 [VP believe [which argument]]]]. {Q, ...}
{...}
Non-­‐finite complements of perception verbs and Aspect Patrícia Rodrigues (UFPR) In Brazilian Portuguese (BP), and also in English, the verb ver / see, when conveying a “direct”
reading, can take either an infinitive (1a) or a gerundive (1b) complement.
(1) a Eu vi Maria chorar. / I saw Maria cry.
b Eu vi Maria chorando. / I saw Maria crying.
Felser (1999) argues that the English complements exhibit an aspectual difference: while the gerundive
complement describes the perceived event as an incomplete action, the infinitive complement implies
that the depicted event was seen in its entirety (cf. (2)). According to Felser, these complements are
headed by the functional category Aspect specified for the feature [±prog]: Asp head of the gerundive
complement is [+prog] and Asp head of the infinitive complement is [-prog].
(2) a I saw her drowning, but I rescued her.
b #I saw her drown, but I rescued her.
For Gelderen (2004), however, the infinitive complement in sentences like (2b) and (3) bears
perfective aspect, not because it is inherently perfective, but because it cannot have an independent
aspect. She argues that in (3) the stative ‘see’ is an evidential auxiliary in Asp (always perfective) and
that the sentence forms a mono-clausal structure. For her, stative ‘see’ can also be a lexical verb, as in
(4). In this case, the sentence forms a bi-clausal structure.
(3) I saw / *see him cross the street.
8 (4) I saw/see him crossing the street.
In this paper, we also analyze the non-finite complements of perceptions verbs in BP as a projection of
Aspect. Nonetheless, we argue that ver ‘see’ is always a full verb and that the aspect of the infinitive
complement is not inherently perfective. On the basis of the example in (5), we defend that the
infinitive complements are aspectually dependent of the matrix, which means that they can denote an
imperfective event if the matrix event is imperfective.
(1) Eu estava vendo Maria se afogar, mas alguém salvou ela.
I was seeing Maria drown, but someone saved her
Based on Dermidache and Uribe-Etxebarria (2007), we propose that Aspect relates the reference time
to the event time, and that the reference time of the complement is bound by the reference time of the
matrix, since Tense is not projected. In the case of the gerundive, as Asp is morphologically marked
for the progressive, it will pick out an interval in the temporal contour of the event described by the
embedded predicate. Hence the aspect of the embedded clause can be independently progressive. In the
case of the infinitive, which is not morphologically marked for aspect, the reference time binds the
event time. Considering that the reference time is bound by the matrix reference time, the complement
“inherits” the aspectual value of the perception verb.
Sessão de Comunicação 2
Formal accounts of subject-verb switches and the representation of language in the mind
of the bilingual – Juana M. Liceras (University of Ottawa), Raquel Fernández-Fuertes
(Universidad de Valladolid) & Rachel Klassen (University of Ottawa)
Reflexive and pseudo-reflexive constructions in Spanish - Sonia Kaminszczik
(Universidad de Buenos Aires, CONICET) & Romina Trebisacce (Universidad de
Buenos Aires, CONICET)
Multiple copy realization in Argentinian sign language - Yanina Boria (Universidad de
Buenos Aires) & Laura Stigliano (Universidad de Buenos Aires)
Sentential negation in Brazilian Sign Language – Guilherme Lourenço (UFMG)
9 Formal accounts of subjet-­‐verb switches and the representation of language in the mind of the bilingual Juana M. Liceras, University of Ottawa, Canada Raquel Fernández-­‐Fuertes, Universidad de Valladolid, Spain Rachel Klassen, University of Ottawa, Canada More than three decades ago it was stated that pronouns are unable to be code-switched while DPs do
code-switch (Gumperz 1975, Lipski 1978, among others). Jake (1994) differentiated ‘grammatical’
(English-like) subject pronouns from ‘lexical’ (French or Arabic) strong pronouns showing that it is
only the former that cannot code-switch. More recently, Van Gelderen & MacSwan (2008) and
MacSwan and Colina (2014) have provided a Minimalist account of how the categorial nature of the
subject determines the viability of subject/verb switches by bilingual speakers so that switching
between the DP subject and the verb in (1) is a grammatical option while switching between the
subject pronoun and the verb as in (2) is ungrammatical.
(1) That teacher odia los exámenes
hates
(2) *She odia los exámenes
exams
hates
TP
TP
Spec
exams
T’
T’
vP
T
vP
D
VP
T
DP
VP
D’
That teacheri [that teacher]i odia los exámenes Shei 10 [shei] odia los exámenes Van Gerderen & MacSwan (2008) consider the switch in (2) to be ungrammatical because it violates
the P(honological) F(orm) Disjunction Theorem or Condition which rules out code-switching below
Xº. As shown in (1), lexical DPs check features in [Spec TP] while pronouns in (2) undergo D-to-T
movement. In the latter case, the mixed-language complex head crashes at PF. However, in the case of
strong pronouns (Cardinaletti & Starke 1999) such as the French or Moroccan Arabic strong pronouns
in (3) and (4), Van Gerderen & MacSwan (2008) argue that the PF Disjunction Theorem would not be
violated because they behave as DPs.
(3) Moi dxlt
[IFrench [went-in]Arabic ]
(French/Moroccan Arabic)
(4)a.Nta tu vas travailler
[youArabic [you go work]French ]
(French/Moroccan Arabic)
(4)b.Humaya vergelijken de mentaliteit met de islam
[theyArabic [compare the mentality with the islam]Dutch ]
(Dutch/Moroccan Arabic)
As for Spanish subject pronouns, and even though they have been considered to be strong (e.g.
Alexiadou & Anagnostopoulou 1988; Kato 1999), English-Spanish bilinguals do not seem to codeswitch freely between a Spanish subject pronoun and an English verb as in (5).
(5) ???Ella hates exams
Koronkiewicz (2012), based on the different code-switching behavior attributed to standard, as in (5),
versus non-standard subject position pronouns (prosodically stressed, coordinated or modified) as in
(6), calls for a further refinement and expansion of Cardinaletti & Starke’s (1999) strong, weak and
clitic pronominal systems.
(6) a.
ELLA hates exams
(6) b.
Ella y Marsias hate exams
(6) c.
La de sintaxis hates exams
According to this distinction, we would expect the same code-switching differences between standard
and non-standard position Spanish and English pronouns. Furthermore, since none of the proposals
make any prediction with respect to potential differences between first, second and third person
pronouns, we would also expect the same code-switching behavior for the three. In this paper, we
discuss code-switching acceptability judgment data elicited from a group of twelve child 2L1
(simultaneous English-Spanish) bilinguals, a group of eighteen child L2 (subsequent Spanish L1English L2) bilinguals. We show that: (i) there are significant differences between subject DPs and
subject pronouns both in English and Spanish, (ii) there are significant differences between both
English and Spanish third person standard position pronouns and first and second standard position
pronouns; (iii) Spanish third person standard position pronouns significantly differ from their English
11 counterparts with respect to code-switching; and (iv) Spanish third person standard position pronouns
are closer to DPs than to their first and second person counterparts.
In order to account for those differences, we propose an agreement version of the so-called
“analogical criterion” that has been shown to underlie code-switching preferences (Liceras et al. 2008)
in the case of concord structures such as those in (7) and (8).
(7) la house
fem. [casa, fem.]
(8) la book
fem. [libro, masc.]
Liceras et al. (2008) have shown that simultaneous English-Spanish bilinguals and Spanish dominant
bilinguals systematically reject clear-cut violations of the “analogical criterion” as in (8) where the
Spanish feminine determiner occurs with an English noun whose corresponding Spanish translation is
a masculine noun.
Thus, following Liceras et al.’s (2008), we argue that, as it is the case with concord structures,
with third person standard position pronouns, Pesetsky & Torrego’s (2001) double feature valuation
hypothesis leads native Spanish speakers and Spanish dominant bilinguals’ intuitions when judging
code-switching structures. Namely, both English and Spanish third person standard position pronouns
require the valuation of their agreement feature on the verb and the verb requires to value the
nominative feature on the pronoun. However, while the Spanish pronoun can value its agreement
feature on the English verb (it is morphologically marked with an –s), the English pronoun cannot
value its nominative feature because the Spanish third person verb lacks any morphological marking,
as shown in (9) and (10) respectively.
(9) Ella talk-S about syntax
(10) She habla-Ø de sintaxis
This implies that the need to value the agreement feature born by the Spanish pronoun (to abide by this
version of the “analogical criterion”) supersedes the PF Interface Condition.
Reflexive and pseudo-­‐reflexive constructions in Spanish Sonia Kaminszczik (Universidad de Buenos Aires, CONICET) Romina Trebisacce (Universidad de Buenos Aires, CONICET) Keywords: reflexives, pseudo-reflexives, eventive structure.
12 The goal of this work is to account for two different groups of se-constructions in Spanish: the wellknown “reflexive constructions” (1) and the group we call “pseudo-reflexive” (2) formed by changeof-position predicates.
(1) Juan se criticó (a sí mismo)
Juan SE criticized (himself)
‘Juan criticized himself’
(2) Juan se
paró (*a sí mismo)
Juan SE stood up (himself)
‘Juan stood up’
These predicates differ in structural and semantic issues: first reflexives but no pseudo-reflexives
license the anaphor a sí mismo. Second, pseudo-reflexive predicates do not have a strict reflexive
reading: sentences like (1) means ‘Juan criticizes Juan’ (Rxx), while sentences like (2) means that Juan
initiates and undergoes a change of state rather than “Juan stands up Juan”. Therefore, we claim that
predicates like (2) –e.g., arrodillarse (‘to kneel’), apoyarse (‘to lean’), sentarse (‘to sit down’),
acostarse (‘to lie down’), levantarse (‘to get up’)- form a particular class of se-constructions in
Spanish.
These constructions also differ in the scope of quantification:
(3) María se acostó
y se levantó otra vez.
María SE lay down and SE got up
again
‘María lay down and got up again’
a. María had got up before and then she got up again (iterative)
b. María was up, she lay down and then she was up again (stative)
(4) María se ensució y se
bañó
otra vez.
María SE got dirty and SE took a shower again
a. María had took a shower before and then she took a shower again (iterative)
b. *María was already clean, she got dirty and she took a shower again (stative)
The ambiguous scope in change-of-position predicates, we state, suggests a complex eventive
structure. So, we support the idea that this predicates involve a stative sub-event. In fact, as we can see
in (5) and (6), in these verbs, contrary to reflexive ones, the durative adverbial “durante” modifies the
resulting state of the event:
(5) Juan se acostó durante media hora
Juan SE lay down for half an hour
Relevant reading: Juan remained in the state “lying down” for half an hour
(6) Juan se
bañó
durante media hora
Juan SE took a shower for half an hour
Relevant reading: *Juan remained in the state “showered” for half an hour
13 OK: the event of taking a shower lasted half an hour.
Thus, assuming that functional heads are associated with optional categorial features (Müller, 2010),
different flavors of v (Folli & Harley 2005) and se as a PF expletive that checks an unsatisfied [D]
feature of v (Pujalte & Saab 2012, 2014 and Kaminszczik & Saab in press), we propose two different
derivations for the initial examples (1) y (2): a single event (vdo) for reflexive constructions and two
events (vdo and vbe) for pseudo-reflexive ones:
This proposal directly accounts for the syncretic pattern of se-constructions in Spanish being consistent
with the semantic and syntactic differences between the reflexive and pseudo-reflexive predicates.
Multiple Copy Realization in Argentinian Sign Languages. Yanina Boria (Universidad de Buenos Aires) & Laura Stigliano (Universidad de Buenos Aires). Keywords: sign language, multiple realization, copy.
As Sandler & Lillo Martin (2006) observed, sign languages’ morphological structure is simultaneous
in the sense that different morphemes are signed at the same time. Those morphemes are not only
manual signs but also non-manual: Space (in general), Axis, Eye Look, Eyebrow, Levels (of the
articulatory space), Mouth, among others. For the aim of this work we focus on Eye Look, Axis, Space
and the Q-particle.
The aim of this work is to analyze Argentinean Sign Language (LSA), a SOV language (Massone &
Curiel 2004). It is worth noting that in declarative sentences multiple copies are phonologically
realized. As in (1), two copies of the Object-Classifier (OCL) are pronounced: the first one by itself
and the second one incorporated to the verb. Note also that OCL and Verb occur simultaneously in the
14 1
2
Subject Space (3s) . If one of the copies is not pronounced, it yields ungrammaticality . If the copies
occur in some other Space different from the Third Person Subject Space, it also yields
ungrammaticality. This pattern has never been noticed before:
3
(1) a. JUAN3s *(OCL3s) *(OCL) -LEER3s John something something-read.3.sg
‘John reads (something)’
In WH-questions the basic word order remains and all the copies of the argument being asked are
realized in the same Space. Nevertheless, if one (or more than one) of the copies is not phonetically
realized, the sentence is ungrammatical:
q (2) a. JUAN3s *(OCL3s) *(OCL) -LEER3s *(OCL) -QUÉ -Q3s
John something something -read.3.sg something-what(acc)-Q ‘What does John read?’ (Lit. ‘John reads
something, what is that?’)
2
1 The Subject Space is formed by Axis, Eye Look and Space. This works with regular definite DPs
3
(e.g., the book) as well. We use the sub-index to note the signs that occur in the same Subject Space
(the Third Person Space: 3s).
Based on this evidence this work focuses on Multiple Copy Realization in LSA. Our aim is to account
for this phenomenon by showing that in LSA all the copies of the arguments (in the cases exemplified,
CL) need to be pronounced, otherwise, sentences are ungrammatical. We propose, following Nunes
(2004), that more than one copy can be phonetically realized because they undergo morphological
reanalysis. We propose that this multiple realization of copies is not optional: neither the Verb nor the
WH-word + Q-particle can appear alone. In those cases, copying the Classifier and incorporating it to
the Verb or to the WH+Q seems to be mandatory.
Sentential negation in Brazilian Sign Language Guilherme Lourenço (UFMG) Sign languages are natural languages but in a different modality. This difference in modality allows
them to convey meaning by using other visual information, not only the hands, such as body
movement and facial expressions (non-manual markers). Negation in many sign languages is expressed
by a combination of a negative sign (e.g. NO) and a specific facial expression (head shake, chin up or a
negative facial expression, see Zeshan 2006). In Libras (Brazilian Sign Language), there is the negative
sign NO and also a negative facial expression that marks negation in a sentence (example 1; see also
Quadros 1999; Arrotéia 2005). Some negative signs are also used in the language such as NOTHING,
ZERO, NOBODY, etc. (2). Additionally, the negative non-manual marker is obligatory, whereas the
manual sign is optional (3). In Libras, there is also an asymmetry between plain and agreement verbs
that has a consequence on the position of the manual negative sign (4-5). Following Arrotéia (2005), I
15 will demonstrate that Libras is a non-manual dominant language, adopting Zeshan’s typology (2006),
because the non-manual marker is always obligatory and its presence in the sentence allows the
negative sign to be dropped. Adopting a featural approach to sign language negation, as proposed by
Pfau (2015), I assume that there is a [neg] feature in the syntactic derivation and that this feature is
responsible for the change of the polarity of the sentence. Additionally, as we can see in example (2),
the presence of the non-manual marker plus an n-word does not change the polarity of the clause to
affirmative. So, Libras can be considered a Negative Concord language (Arrotéia 2005). Therefore, we
can assume Zeijlstra’s (2008) formulation which claims that Negative Concord is an Agree relation
between a single feature [iNEG] and one or more features [uNEG]. The proposal here is that the nonmanual marker is a suprasegmental affix {negaff} and that it carries a [uNEG] feature (as assumed by
Pfau 2002, 2015). Being an affix, {negaff} occupies the head of NegP and needs a lexical carrier.
However, the verb in Libras does not move to higher positions; it stays in situ (Quadros 1999;
Lourenço 2014). So we have a typical affix hopping situation and then [negaff] percolates down to the
verb (we can assume an Agree operation as proposed by Newton 2008, 2009) and then it spreads over
the verb’s c-command domain. As for the negative sign, it is base-generated in Spec,NegP and bears a
[iNEG] feature. If the manual sign is dropped, the Spec,NegP position is occupied by a negative
operator with an [iNEG] feature which c-commands the {negaff}, as proposed by Zeijlstra (2008).
Finally, the asymmetry between plain and agreement verbs can be explained by the fact that plain verb
constructions have a defective structure in terms of ϕ-probes. So, once there is no ϕ-feature agreement,
the edge feature of T is checked by moving the whole vP to Spec,TP. Therefore, there is no pre-verbal
negative manual sign in plain verb clauses.
Examples:
__________neg
1) MARY LOVE IX1 NO.
‘Mary doesn’t love me.’
________neg
2) MARY BUY ZERO.
‘Mary does not buy anything.’
‘Mary buys nothing.’
*(__________neg)
3) MARY LOVE IX1 (NO).
__________neg
4) a. MARY LOVE IX1 NO.
__________neg
b. *MARY NO LOVE IX1.
__________neg
5) a. MARYa aHELP1 IX1 NO.
__________neg
b. MARYa NO aHELP1 IX1.
‘Mary does not help me.’
16 Sessão de Comunicação 3 – Auditório do Instituto de Biologia
Post-nominal possessives and sentential agreement – Bruna Pereira (UFVJM)
Clivadas e pseudoclivadas extrapostas no português brasileiro – Lívia Reis (UFSC)
& Sandra Quarezemin (UFSC)
Especificidade do DP e o movimento dos adjetivos qualificativos – Cristina Prim
(Unicamp)
Failed agreement as feature relativization – Danniel Carvalho (UFBA)
O duplo estatuto da consoante /z/ nas formações diminutivas e aumentativas do
português brasileiro – Paula Armelin (USP)
Post-­‐nominal possessives and sentential agreement – Bruna Pereira (UFVJM) 17 Clivadas e Pseudoclivadas Extrapostas no Português Brasileiro Lívia de Mello Reis (UFSC) Sandra Quarezemin (UFSC) Este trabalho trata das sentenças clivadas canônicas e pseudoclivadas extrapostas do Português
Brasileiro (PB), como as sentenças em (1) e (2), respectivamente. O objetivo principal deste estudo é
investigar os contextos de ocorrência desses dois tipos de sentenças, levando em consideração uma
série de fenômenos sintáticos, semânticos e pragmático-dirscursivos que mostram que clivadas e
pseudoclivadas não devem ter a mesma estrutura (cf. MODESTO, 2001; MIOTO, 2003; RESENES,
2009).
(1) Foi um carro que o Pedro comprou.
(2) Foi um carro o que o Pedro comprou.
Além disso, esse estudo visa à investigação dos padrões de concordância nas clivadas e pseudoclivadas
invertidas, como em (3) e (4) (cf. BRAGA, KATO e MIOTO (2009, p. 282-283)).
18 (3) a. Dois cafezinhos é que eu quero.
b. *Dois cafezinhos são que eu quero.
(4) a. Dois cafezinhos é o que eu quero.
b. *Dois cafezinhos são o que eu quero.
Segundo Guesser e Quarezemin (2013), colocar o constituinte focalizado em diferentes posições de
foco permite oferecer uma explicação para as diferenças pragmático- discursivas entre clivadas
canônicas e invertidas do PB. Além disso, as autoras afirmam que o aparecimento das pseudoclivadas
extrapostas em contextos interrogativos está relacionado aos traços [+foco, +tópico]. Para fazer uma
investigação mais cuidadosa, foi aplicado um experimento para investigar se a pseudoclivada
extraposta é empregada nos mesmos contextos da clivada canônica. Os resultados indicam que os
falantes parecem não detectar diferenças entre uma clivada canônica e uma pseudoclivada extraposta.
Desse modo, foi elaborado um segundo experimento, que foi aplicado somente com uma amostra dos
participantes, a fim de verificar se os falantes distinguem as estruturas das clivadas canônicas e das
pseudoclivadas extrapostas. Essa diferenciação foi colocada em discussão, uma vez que a maioria dos
informantes optou pela sentença clivada canônica para responder os contextos pergunta-resposta e os
de correção, tanto os que focalizavam sujeito quanto os que focalizavam objeto. Também será
investigado a assimetria sujeito- objeto que se verifica na focalização não-contrastiva/de informação
nova nas clivadas canônicas (cf. QUAREZEMIN, 2014). Tal assimetria parece ser típica de contextos
com perguntas de pura nova informação. Essa mesma assimetria não ocorre nas pseudoclivadas. A
hipótese principal é que as estruturas clivadas no PB fazem uso de duas projeções foco diferentes de
acordo com o tipo de interpretação focal (foco contrastivo versus foco de informação nova). O presente
estudo está assentado na abordagem cartográfica (cf. RIZZI, 1997; BELLETTI, 2004).
A especificidade do DP e o movimento dos adjetivos qualificativos Cristina de Souza Prim (UNICAMP) Objetivamos entender quais são as regras sintáticas envolvidas no posicionamento dos
adjetivos qualificativos do Português Brasileiro. Defenderemos que o adjetivo é gerado em
adjunção à direita do nome, e que sua ocorrência na posição pré-nominal é resultado de
movimento do adjetivo, motivado pelo determinante.
São dois os traços do determinante que se mostram relevantes para a discussão, a
definitude e a especificidade. Ihsane & Puskás (2001, p. 40) esclarecem que definitude é
responsável por selecionar um objeto na classe de possíveis objetos; já especificidade é
relacionada a elementos pré-estabelecidos no discurso.
No português, os determinantes que selecionamos para esta pesquisa (o/a, um/uma e
DP nu) são sempre [+/-definidos], e podem ser específicos ou não. Os exemplos (1a), (2a) e
(3a) são específicos, porque o falante tem claro o indivíduo a que se refere, e os exemplos
(1b), (2b) e (3b) não são específicos. O que vemos nos exemplos (4), (5) e (6) é que o adjetivo
só pode ser prenominalizado se o falante souber quem é o referente em específico. Caso
contrário, o adjetivo só poderá ser pós-nominal.
Postulamos a separação de definitude e especificidade dos DPs em duas categorias. A
definitude estaria associada a Def, diretamente. Já a especificidade surge em uma categoria mais baixa,
em posição de Tópico: assim como Ihsane & Puskás (2001), argumentamos que o núcleo Top é
19 caracterizado somente pelo traço [+específico]. Os autores argumentam que não é o caso que um
sintagma possa ser relacionado ao discurso ou banido do discurso, mas sim que um não tópico
simplesmente não contém conexão relevante com o discurso. Por isto, vamos propor que quando há
especificidade no determinante, a projeção Tópico é selecionada por DP; se não há especificidade, não
há projeção de Tópico.
Os qualificativos, como dissemos, só podem ocorrer na posição pré-nominal se o
determinante que encabeça o DP for específico, ou seja, o que motiva o movimento do APqualificativo é o
traço [+específico] do determinante. A projeção Top viabiliza a subida do adjetivo, que encontra ali um
lugar de pouso. Quando não há especificidade no DP, TopP não é projetado, o que garante que o
adjetivo não se moverá se não for específico.
(1)
O estudante ganhará uma viagem a Miami.
a.
Um estudante em particular, familiar ao falante.
b.
Um estudante que poderemos identificar após o término do concurso.
(2)
Um estudante colou na prova.
(3)
(4)
(5)
(6)
a.
Um (certo) estudante
b.
Um estudante, que eu ainda tenho que descobrir qual
João viu menina bonita chorando na calçada.
a.
Uma certa menina
b.
Uma menina que não sei quem é.
a.
O professor mais votado ganhará um prêmio. (leitura não-específica)
b.
*O maravilhoso professor mais votado ganhará um prêmio.
c.
a.
O professor maravilhoso mais votado ganhará um prêmio
Um professor foi premiado. (leitura específica ou não-específica)
b.
Um professor maravilhoso foi premiado.
c.
Um maravilhoso professor foi premiado.
a.
A Maria comprou livro no shopping.(leitura específica ou não-específica)
b.
A Maria comprou famoso livro no shopping.
c.
A Maria comprou livro famoso no shopping.
Failed agreement as feature relativization Danniel da Silva Carvalho Person, number and gender are commonly associated with the activation of agreement relations
between grammatical subjects and its predicate. However, little attention is given to the behaviour of
the relation of gender and number in predicative sentences with generic subjects through literature. In
its urban variety, Brazilian Portuguese shows a non-canonical behaviour for gender agreement.
Sentences like (1) Maria bêbada é chato ‘Maria drunkFEM.SG copulaSG annoyingMASC.SG’ and (2)
Crianças é divertido ‘ChildrenFEM.PL copulaSG funnyMASC.SG’ are derived from different structures: in
the former, the agreement pattern is the result of a neuter agreement with a small clause in the subject
position, while in the latter, the lack of agreement is due to the presence of a DP subject whose
agreement features are absent (Livia and Rodrigues, 2013). It is key, however, to determine which
features are in fact involved in this agreement mechanism, delimit them and (re)define how syntax
20 cope with them. To shed light on the problem, I assume here that (1) and (2) are licensed via Agree.
The difference lies on the fact that a DP may have a different feature configuration and that leads to
different outputs. Such mechanism deals with a DP as the result of feature composition and the
consequence of such composition entails a relativized syntax. Preminger (2014) observes that person
and number probes in Kichean are relativized to look for the marked members on their respective
feature geometries ([participant] e [plural], respectively). I claim that the same occurs with gender in
the data above, which search for peer features on the probe. The subset/superset notion captured in
Béjar's work (Béjar, 2003, 2008) can be applied on the feature valuation and the impossibility of
valuing such features is what entails the superficial failed agreement. This is so by the fact that there is
a node which is responsible for the representation of any referring element independently, namely [π]
and it dominates the additional φ-features. Adopting a feature geometry, the subset/superset relation
would be responsible for the feature activation in the probe. The copula subjects in (1) and (2) do not
have the D layer in their feature hierarchy, which results in a non-valued predicative. The licensing of
such element is done by valuing the available dominant node, [π]. Since the DP subject is
determinerless, it does not trigger any specification on the predicate and its reading is generic (Borer,
2005). This generalization is captured from the very motivation for Agree. The possibility of plural
marking with no specific reading in (2) is due to the absence of the node D on D0. D0 having only the
root node responsible to license the DP subject, would activate the number feature on this #0 by the
subset/superset relation with the probe. Then, the contingent relation between number and gender then
can be explained by means of movement inside this structure, assuming Borer’s (2005) DP structure.
O duplo estatuto da consoante /z/ nas formações diminutivas e aumentativas do português brasileiro Paula Roberta Gabbai Armelin (Universidade de São Paulo) Este trabalho investiga, a partir de uma perspectiva sintática (cf. HALLE e MARANTZ, 1993;
MARANTZ, 1997), o estatuto da consoante /z/ nas formações de diminutivo e aumentativo do
português brasileiro (PB), construídas com os pares -inho/-zinho e -ão/-zão. Dada a semelhança
fonológica entre eles, a pergunta que emerge é se estamos diante de formas independentes ou de
realizações diferentes de um único morfema (cf. BACHRACH e WAGNER 2007, BISOL, 2010;
MENUZZI, 1993; VILALVA, 2000). A pergunta fica mais saliente diante do fato de a consoante /z/
ser um dos recursos epentéticos empregados no PB para satisfazer requerimentos fonotáticos da língua.
A hipótese deste trabalho é que, nas formações diminutivas e aumentativas do PB, a consoante /z/
apresenta um estatuto duplo, sendo ora parte de um morfema independente, ora um recurso epentético.
O diagnóstico para identificar um e outro caso se dá no seguinte sentido: quando /z/ é parte do
morfema de grau, os formadores -zinho/-zão apresentam propriedades fonológicas, morfológicas e
semânticas que as distinguem de suas respectivas contrapartes iniciadas por vogal. Por outro lado,
quando /z/ é um recurso epentético, -zinho/ -zão apresentam propriedades formais semelhantes a inho/-ão.
Do ponto de vista semântico, os formadores -inho/-ão podem desencadear leitura não- composicional,
enquanto as suas contraparte encabeçadas por consoante não podem fazê-lo (cf. ‘beijijnho’ vs.
‘beijozinho’ e ‘sapatão’ vs. ‘sapatozão’). Essa situação se modifica, no entanto, diante dos nominais
atemáticos. Nesses casos, a leitura não-composicional é licenciada, apesar da presença da consoante /z/
(cf. ‘cajuzinho’ e ‘mãezona’).
Do ponto de vista morfológico, há uma assimetria entre os formadores -ão e -zão, sendo o primeiro
21 capaz de formar aumentativos masculinos a partir de bases femininas (cf. ‘tigela’-‘tigelão’; ‘unha’‘unhão’), enquanto o segundo não pode fazê-lo (cf. ‘tigela’- *‘tigelazão’; ‘unha’-*‘unhazão’). Esse
cenário se altera, diante dos nominais atemáticos. Nesses casos, apesar da presença da consoante /z/, é
possível que haja discrepância de gênero entre as formas aumentativas e não-aumentativas (cf. ‘pá’‘pazão’; ‘colher’-‘colherzão’). Ainda do ponto de vista morfológico, entre as propriedades
apresentadas pelos formadores -zinho/-zão, destaca-se o fato de eles preservarem eventuais alterações
morfofonológicas desencadeadas pelo plural (cf. ‘mulheres’-‘mulherezinhas’/ ‘mulherezonas’). Por
outro lado, o mesmo não se verifica nas formações construídas com -inho/-ão (cf. *‘mulhereinhas’/
*‘mulhereonas’). É possível, no entanto, que as alternâncias desencadeadas pelo plural estejam
ausentes da formação diminutiva ou aumentativa, apesar da consoante /z/ (cf. ‘mulherzinhas’ e
‘mulherzonas’).
Do ponto de vista fonológico, as formações com -inho seguem o algoritmo de acentuação previsto para
palavras. Por outo lado, nas formações com -zinh, o algoritmo de acentuação é dúbio: -zinh segue o
algoritmo acentual atuante no domínio da palavra quando se anexa a nomes não-temático, mas segue o
algoritmo atuante em sintagmas quando se concatena a nominais temáticos (cf. MENUZZI, 1993).
Por um lado, as assimetrias detectadas entre as formas -inho/-zinho e entre os formadores -ão/-zão
apontam para a hipótese de que se tratam elementos diferentes, que demandam análises independentes.
Por outro lado, os contextos nos quais tais diferenças de comportamento são sublimadas evidenciam os
casos em que a consoante /z/ emerge como recurso epentético.
Sessão de Comunicação 4 – Auditório do Instituto de Letras
Parametric hierarchies and surface morphosyntax: connecting serial verbs, datives
and applicatives – Julio Barbosa (USP)
Null objects in Brazilian Portuguese, revisited – Ezekiel Panitz (Un. College
London)
What items can merge manipulate? The essential lexical-grammatical alternation in
syntax – Vitor Nóbrega (USP)
Considerações de interface sintaxe-semântica sobre a omissão da cópula em
sentenças copulares do PB – Simone Guesser (UFRR) & Marcelo Giovannetti
Ferreira Luz (UFRR)
On patient-beneficiary accusative constructions – Fernando Martín Carranza
(Universidad de Buenos Aires, FONCyT) & Sonia Tamara Kaminszczik
(Universidad de Buenos Aires, CONICET)
22 Parametric hierarchies and surface Morphosyntax: connecting serial verbs, datives and applicatives Julio William Curvelo Barbosa (USP) This paper presents arguments towards a common set of properties that can be derived from the
structures in (1)-(4), in which there is a connection between the morphosyntactic complexity (i.e., the
possible lack of functional elements connecting distinct lexical items in syntax) and the semantics of
dative and applicative (benefactive) interpretation.
The hypothesis presented in this paper is that the various types of preposition-related expressions
associated to dative, applicative and benefactive readings crosslinguistically are distributed based on
the possibility of phonologically omitting the preposition, along the lines of the contrast found in the
dative/double-object alternation between Brazilian Portuguese (1) and English ((2), cf. Barbosa 2012).
In the same sense, there is a contrast between serial verb constructions with dative verbs in languages
such as Cantonese (3) and the phenomena presented here as “pseudo-serial verbs”, seen in Brazilian
Portuguese (4). In both cases, the constructions present benefactive/applicative readings, yet present
distinct syntactic properties of clausal domains and preposition realization (optional in Brazilian
Portuguese).
To account for the discrepancies of the data in (1)-(4), the Brazilian Portuguese data is contrasted to
other serializing languages, in order to show that the surface similarities in data such as (3) and (4)
relate to the phonological realization of the preposition, yet semantic interpretations seem to be the
same in both serializing and non-serializing languages. The distinctions between pseudo-serial
constructions and serial constructions are based on four main properties, namely (i) Tense/Aspect
dependencies, (ii) object sharing, (iii) grammaticalization effects, and (iv) the number of events
encoded in the clause. Comparing the defining properties of serial verb constructions across the
literature, it is claimed that serial verb constructions are an epiphenomenon, due to the
morphosyntactic properties of serializing languages, and its disparities based on typological framing
(Talmy, 2000).
In order to give a unified structure for the surface phenomena discussed, the analysis presented in this
paper expands the conclusions given in Scher & Barbosa (2014), which show, based on Haspelmath
(2013) and Polinsky (2013), that the presence of applicatives constructions is significantly associated
to the presence of datives where there is some degree of morphosyntactic complexity, i.e., realize the
23 dative argument through an affix or a case marker. These properties allow for the suggestion of a
Parameter Hierarchy (Sheehan 2014), in which the absence of relational heads have more or less
effects, according to the co- dependencies of the parameters presented.
Null Objects in Brazilian Portuguese, Revisited Ezekiel J. Panitz (UCL) Keywords: Null objects, Brazilian Portuguese, Ellipsis
When discussing the topic of null objects in Brazilian Portuguese, it is expedient to distinguish two
classes of sentences: those in which the verb preceding the null object is identical to the verb preceding
the null object's antecedent, and those in which these two verbs are distinct.
(1) Class #1: Verb-Identical Null Object Sentences
a. O João assinou os documentos e o Pedro assinou __ também. b. O João assinou os documentos antes do Pedro assinar __. (2) Class #2: Verb-Distinct Null Object Sentences
a.
O João assinou os documentos e a Maria carimbou __. b. O João assinou os documentos antes da Maria carimbar __. It is generally agreed that Class #1 involves Verb-stranding Verb Phrase Ellipsis (VVPE), a subspecies of Verb Phrase Ellipsis in which the verb raises to Io, stranding the elided VP.
(2) O João assinou+ Io [VP tV os documentos] e
o Pedro assinou+ Io [VP tV os documentos] também.
There is, however, little agreement regarding the proper treatment of Class #2. One source of
disagreement concerns the nature of the empty category. Generally, three positions can be discerned:
(i) the empty category is pro (Farrell 1990 a.o.); (ii) the empty category is derived via ellipsis (Cyrino
1994); (iii) the empty category corresponds to two different derivations: one, involving pro, the other,
ellipsis (Ferreira 2000, Modesto 2000).
(4) a. ... e a Maria carimbou pro.
b. ... e a Maria carimbou os documentos
c.
... e a Maria carimbou pro / os documentos
Furthermore, there is disagreement internal to the third position regarding the extent to which ellipsis is
available. Ferreira proposes that the ellipsis option is available when the null object is embedded
within a coordinate structure (as in (2a)), but not when it is embedded within a non-coordinate
structure (as in (2b)). By contrast, Modesto argues that ellipsis is available in both structures. A final
source of disagreement concerns the size of the ellipsis site: for Cyrino, the site is DP, for Modesto, it
is VP (i.e., for Modesto, VVPE takes place).
(5) a. ... e a Maria carimbou+ Io [VP tV os documentos]
24 b. ... e a Maria carimbou+ Io [VP tV os documentos]
In this talk, I present novel empirical evidence in support of the following three
claims:
(6) a.
The empty category in Class #2 corresponds to two different derivations: one involving
pro, the other, ellipsis.
b.
Both derivations are available in both structures (i.e., coordinate structures and noncoordinate structures).
c.
The ellipsis option does not target DP (contra Cyrino); nor does it involve VVPE (contra
Modesto).
Evidence in support of (6a) and (6b) comes from (9), whose ambiguity indicates that the empty
category can be either pronominal or elliptical, and moreover, that both strategies are available in both
structures.
(7) Strict Reading, only
a.
A Maria pintou o cabelo e/mas a Júlia cortou ele. b.
A Maria pintou o cabelo antes da Júlia cortar ele. (8) Sloppy Reading, only
a.
A Maria pintou o cabelo e/mas a Júlia cortou o cabelo. b.
A Maria pintou o cabelo antes da Júlia cortar o cabelo. (9) Strict and Sloppy Readings a.
A Maria pintou o cabelo e/mas a Júlia cortou __.
b.
A Maria pintou o cabelo antes da Júlia cortar __.
(10) Derivations of (9)
a. ... Júlia cortou/cortar pro.
→ Strict Reading b. ... Júlia cortou/cortar o cabelo. → Sloppy Reading Additional evidence in support of (6a) and (6b) comes from the following paradigm. (11) illustrates
that object pronouns give rise to an E-type reading (i.e., the professor/millionaire decided to buy the
apartments that the students had decided to rent). The sentences in (12) demonstrate that repeating the
direct object from the previous clause gives rise to a reading in which the professor/millionaire decided
to buy one apartment – not all of the apartments. Tellingly, the empty category in (13) allows both the
pronominal reading and the "one apartment" reading. (Understandably, the relative salience of the two
readings depends upon whether the individual buying the apartment(s) is a professor or a millionaire.)
(11) E-type Reading, only
a.
Cada (um dos) aluno(s) decidiu alugar um apartamento e/mas o professor/milionário
decidiu comprar eles. 25 b. Cada (um dos) aluno(s) decidiu alugar um apartamento antes do
decidir comprar eles. professor/milionário
(12) "One apartment" Reading, only
a.
Cada (um dos) aluno(s) decidiu alugar um apartamento e/mas o professor/milionário
decidiu comprar um apartamento. b.
Cada (um dos) aluno(s) decidiu alugar um apartamento antes do professor/milionário
decidir comprar um apartamento. (13) E-type and "One apartment" Readings.
a.
Cada (um dos) aluno(s) decidiu/ia alugar um apartamento e/mas o professor/milionário
decidiu comprar __ (antes). b.
Cada (um dos) aluno(s) decidiu alugar um apartamento antes do professor/milionário
decidir comprar __. Turning to the claim in (6c), the following data discredit a DP-ellipsis account, which
would have to stipulate that DP-ellipsis can take animate antecedents only when the antecedent is itself
a direct object – clearly, an awkward stipulation. (This account would also have to stipulate that pro
cannot take animate antecedents; however, since this stipulation is independently required, it does not
damage the DP-ellipsis account.)
(14) a.
b.
O João beijou a Mariai mas o Pedro só abraçou __i.
*A Mariai estava na festa mas não agrediram __ i.
(cf. O meu carroi estava no estacionamento mas não roubaram __i.)
As for Modesto's VVPE account, most of my consultants accept VVPE only in sentences in which the
verb preceding the ellipsis site is identical to the verb in the previous clause. Since all of the testsentences I have utilized involve pairs of distinct verbs (e.g., pintar/cortar), it follows that the ellipsis
option employed by (most of) my consultants cannot by VVPE, contra Modesto. (Promissory note: At
III CIEL, I will offer a novel proposal regarding what the ellipsis option actually involves.)
Summarizing, this talk presents an array of novel evidence in support of a novel conclusion:
independent of the structure within which it is embedded, the empty category in Class #2 sentences
corresponds to two derivations, one involving pro and the other, an elliptical process distinct from
VVPE and DP-ellipsis.
26 What items can Merge manipulate? The essential lexical-­‐grammatical alternation in syntax Vitor Augusto Nóbrega (USP) Keywords: roots, Merge, Phase-theory.
Recent studies on compounding suggest that non-compositional root compounds (RC) (1) are
made up of two bare roots directly merged in syntax (Zhang 2007, Bauke 2014, de Belder 2015). Such
assumption, inherently associated to a Marantzian approach to multiple Spell-Out, has some
undesirable consequences to a non-lexicalist approach to grammar and introduces a handful of
computational costs in the combinatorial space. We claim instead that first Merge applications only
concatenate a root with a category-assigning head or with a bundle of grammatical features, leading to
an obligatory lexical-grammatical alternation in syntax, in accordance with the Categorization
Assumption (Embick & Marantz 2008).
In view of the fact that roots are ontologically defined as feature-less objects, merging two
bare roots raises the following problems: (i) projection: feature-less items projecting; (ii) headedness:
since no root projects, it is impossible to determine the compound’s head; (iii) stress-assignment: once
RCs bear a single category-assigning head they should only display a single primary stress (Marvin
2002) – conflicting with empirical facts from Romance RCs (2), (iv) combinability: if Merge is
triggered by feature valuation, roots would never be merged to each other, and (v) grammatical
relations: in order to allow the merger of two bare roots it would be necessary to resort to an
underspecified Merge that applies freely, but this particular operation would not generate the varied
grammatical relations attested within compounds (3).
A primary consequence of this claim is that Merge applies in more than one way in syntax
(Chomsky 2000) and the way it applies has reflexes at both interfaces. On the LF side, it determines
the grammatical relations holding between the compound’s members (Nóbrega 2014) (3). On the PF
side, it governs vocabulary insertion. For instance, the suffixes -able and -ant form the words defi-able
and defi-ant, which have in principle the same syntactic structure (i.e., [a [v √DEFI]]). In order to
determine which phonological exponent wins the competition to occupy the relevant adjectival
terminal node, we assume that -able is the vocabulary item of a categorizer merged through feature
valuation, since it strictly selects verbal complements, differently from -ant, which is the vocabulary
item of a categorizer merged freely in grammar, due to its free combinatorial character (e.g., v à n:
defend-ant; v à a: defi-ant).
Finally, a second consequence is that the first category-assigning head is not a phase head,
hence does not determine domains for interpretation (Borer 2013, Harley 2014). Since Voice cannot be
considered either a phase head, due to the fact that it is included in non-compositional deverbal
compounds (Nóbrega 2015), we argue that the first functional head concatenated above a categoryassigning head determines domains for interpretation – i.e., Num or D in nominal domains and T in
verbal domains. Num, in particular, accounts straightforwardly for Bauke’s (2014) typology of noncompositional RCs from German, without resorting to the Marantzian approach.
(3) a. (English)
doghouse
27 b. (German)
liebesbrief
‘love letter’
(4) a. (Portuguese) pèixe espáda ‘sword fish’
(5) a. [Subordination]
love story
b. [Attribution] sword fish
c. [Coordination]
actor-director
Considerações de interface sintaxe-­‐semântica sobre a omissão da cópula em sentenças copulares do PB Simone Guesser (UFRR) Marcelo Giovannetti Ferreira Luz (UFRR) O clássico estudo de Higgins (1979) apresenta uma tipologia de sentenças copulares em que se
distinguem copulares predicativas, especificacionais, identificacionais e equativas. Sucessivamente,
foram apresentadas na literatura diversas propostas de redução da tipologia em Higgins (1979),
diminuindo número de classes para três, duas ou apenas uma (Cf. HEYCOCK e KROCH (1999), DEN
DIKKEN (2006), MIKKELSEN (2005), BIRNER, KAPLAN e WARD (2007), HELLER (2005)). O
debate em torno classificação das sentenças copulares está diretamente ligado à investigação sobre a
contribuição semântica da cópula. Mais especificamente, a questão crucial é se existem diferentes tipos
de cópula e, no caso em que existam cópulas com semânticas distintas, se elas refletem as diferentes
classes de sentenças copulares. A esse respeito, autores como Schlenker (2003), Romero (2005), e
Comorovski (2007) argumentam em favor da existência de três cópulas semanticamente distintas,
enquanto Mikkelsen (2005) e Heller (2005) assumem duas, e Partee (1986), Geist (2007) e Heycock e
Kroch (1999) propõem a existência de apenas uma (cf. HEUSINGER, MAIENBORN e PORTNER,
2011).
Este trabalho tem como objetivo contribuir para a discussão acerca da semântica das sentenças
copulares por meio de um estudo da sintaxe do apagamento da cópula. Para chegar a tal objetivo, é
analisado o comportamento de diferentes tipos de sentenças com cópula quanto a fenômenos sintáticos
como topicalização argumental e não argumental, focalização contrastiva e de informação nova e
inserção de advérbio altos e baixos. Os dados analisados sugerem a existência de dois grupos de
sentenças copulares quanto à omissão da cópula. Um deles é o das predicacionais e especificacionais,
que se caracterizam por restringir a omissão à posição inicial da sentença. O outro é o das copulares
equativas e identificacionais, que se acomunam por não permitirem apagamento. Para dar conta dessa
divisão, hipotetizaremos, nas linhas de Mikkelsen (2005), que ela resulta da existência três tipos de
sentenças copulares (predicativa, especificacional e equativa) e dois tipos de cópula. No que diz
respeito à semântica da cópula, esse autor propõe uma distinção entre uma cópula de identidade e uma
de predicação. A primeira é encontrada em sentenças equativas (e identificacionais), enquanto a
segunda em sentenças copulares predicativas e especificacionais. Além disso, assumindo a Abordagem
Cartográfica da Teoria Gerativa, propomos que cada uma dessas duas cópulas ocupa diferentes núcleos
funcionais, com suas respectivas projeções, os quais são responsáveis pelas leituras predicacional e
equativa. Nessa perspectiva, a possibilidade ou não de apagamento da cópula será uma consequência
das diferentes posições que cada tipo de cópula ocupa na estrutura. Por fim, a leitura especificacional
será analisada como resultante da combinação da semântica da cópula predicacional com a presença de
sintagmas focalizados nas duas diferentes projeções de foco ativas no PB, a da periferia esquerda e de
vP, propostas, respectivamente, por Rizzi (1997, 2001) e Belletti (2004).
28 On patient-­‐beneficiary accusative constructions Fernando Martín Carranza (Universidad de Buenos Aires, FONCyT) Sonia Tamara Kaminszczik (Universidad de Buenos Aires, CONICET) Keywords: Theta-role assignment, argument structure, patient-beneficiary accusative
construction.
The aim of this work is to account for a novel pattern in Spanish (1), compatible with predicates like:
convidar (to invite), adjudicar (to award), obsequiar (to give a present), among others. These
constructions seem similar to the so-called fulfilling construction (Levin 1993) – already identified in
English by Jespersen (1927) and analyzed by Pesetsky (1995) among others – but differ in one crucial
point: in Spanish (1b) does not accept an overt beneficiary.
(1)
(a) Pedro
le
Pedro CL-DAT
(b) Pedro
(lo)
Pedro (CL-ACC)
convidó cerveza a Juan.
invited
beer
to Juan.
convidó con cerveza
invite
with beer
a
Juan (*para María).
DOM Juan. (*for María)
(c) Juan fue convidado con cerveza (por Pedro).
Juan was invited
with beer
(by Pedro).
The impossibility of adding an oblique beneficiary to (1b) hints that, like in (1a), Juan receives a
beneficiary role. However, as in common transitive clauses, it preserves the meaning of affected object,
suggesting simultaneous presence of a patient role. Therefore, we propose a patient-beneficiary
accusative construction for sentences like (1.b) and provide a proper derivation that also accounts for
the possibility of passivization (1.c). This talk argues for the necessity of relaxing the strict merge
condition on θ-assignment to account for (1). Especially, we assume a long-distance θ-role assignment
proposal (Saab 2015; Pujalte & Saab 2012, 2014; Kaminszczik & Saab in press): a DP can receive a θrole iff it is active and local with respect to the relevant thematic head (a thematic head being a head
that subcategorizes a DP).
Under this approach, we propose that constructions as (1.b) include a PP in which the P head
subcategorizes two DPs, in complement and specifier positions, and θ-marks them as the instrument
and patient respectively, as postulated for verbs like put (Hale & Keyser 2002). Thus, for (1.b), we
propose the following:
(2)
29 Then, an Applicative Phrase (Pylkkännen 2002, Cuervo 2003) merges with the PP and assigns Juan the
beneficiary role. Spanish beneficiary roles, we claim, can only be assigned by App.P or para
preposition (Pujalte 2009). When little v merges, Juan checks accusative case via Agree (Chomsky
2001). The present analysis, that allows thematic hybrids under certain configuration, predicts the
possibility of passivization and extends long-distance θ-assignment proposal coverage to new cases.
Sessão de Comunicação 5 – Auditório do Instituto de Biologia
Missing antecedents found – Philip Miller (USP e Université Paris Diderot); Pascal
Amsili (Université Paris Diderot); Gabriel Flambard (Université Paris Diderot) &
Barbara Hemforth (Univrersité Paris Diderot)
Numerais distributivos – Ana Muller (USP) & Marta Donazzan (Universität Köln)
Inflected infinitives and the theory of control: a unified account of BP null subjects –
Marcello Modesto (USP)
Multiple determiners in Brazilian Portuguese indefinite noun phrases:
intensification reading and agreement marker distribution - Maria José Foltran
(UFPR/CNPq), Vítor Augusto Nóbrega (USP) & Livia Oushiro (USP)
Challenges for encoding focus in the syntax: experimental evidence from Spanish –
Timothy Gupton (University of Georgia)
A unified analysis for marked topic constructions and their restrictions - Aroldo L. de
Andrade (Unicamp)
Missing antecedents found Philip Miller, Universidade de São Paulo e Université Paris Diderot Pascal Amsili, Université Paris Diderot Gabriel Flambard, Université Paris Diderot Barbara Hemforth, Univrersité Paris Diderot Since their seminal paper of 1971, Grinder and Postal's ‘missing antecedent phenomena’ have been
one of the central arguments in favor of hidden syntactic structure underlying ellipsis and anaphora.
The argument is most often cited in the form given to it by Hankamer and Sag 1976, using examples
like (1). In (1a), the indefinite NP ‘under the scope of negation’ cannot serve as an antecedent for it;
(1b) escapes the problem because of the explicit occurrence of the antecedent in the non-negative
second clause; the acceptability of (1c) is taken to argue for the underlying syntactic presence of the
struck-out VP, which provides the necessary antecedent, showing that Verb Phrase Ellipsis (VPE) is a
case of surface anaphora; the putative ungrammaticality of (1d), on the other hand, is argued to show
that do it is a deep anaphor, i.e. that it is not obtained by substitution of the antecedent, but is present
as such in deep structure, offering no more of an antecedent for it than (1a). In the discussion, we call
30 I've never ridden a camel the ‘antecedent clause’, but Ivan has (done it) the ‘VP anaphor clause’ and
but he says it stank horribly the ‘it clause’
(1) a. *I've never ridden a camel, and it stank horribly.
b. I've never ridden a camel, but Ivan has ridden a cameli, and he says iti stank horribly.
c. I've never ridden a camel, but Ivan has [ridden a cameli], and he says iti stank horribly.
d. *I've never ridden a camel, but Ivan has done it, and he says iti stank horribly.
The purpose of this paper is to argue that these data have been completely misconstrued and that it is
impossible to use the contrast between (1c) and (1d) as an argument for hidden structure. Our
arguments will be based on both theoretical and empirical evidence (acceptability experiments).
Specifically, we argue first that the argument is self-contradictory, since the it of do it is analyzed as a
deep anaphor by H&S and should make the inference of a specific camel- type referent available.
Building on this, we argue that the difference in acceptability between (1c) and (1d) is in fact explained
by the different discourse conditions on the use of VPE and do it (cf. author 2011, 2014a,b), rather than
on a syntactic difference between the two. We corroborate this by an acceptability experiment run on
Amazon Mechanical Turk which shows that when discourse conditions are taken into account, there is
no difference in acceptability between VPE and do it with respect to missing antecedents.
Numerais distributivos Ana Muller (USP) & Marta Donazzan (Universität Köln) Foco. Este trabalho enfoca os numerais distributivos adverbiais (NDists) em chinês mandarin (SinoTibetana) e em karitiana (Tupi), duas línguas não relacionadas tipologicamente e que não marcam seus
nominais (DPs/NPs) para a distinção singular-plural.
Objetivos: Com base nessas línguas, nosso objetivo é investigar a semântica dos NDists e assim
contribuir para a compreensão da relação entre a distributividade e a individuação no domínio dos
eventos (Gil 1988, Balusu 2006).
NDists. Numerais reduplicados são a forma mais comum de NDists. Gil 1982 propõe a generalização
tipológica de que todas as línguas possuiríam NDists. Esses adverbiais têm sido analisados como
operadores distributivos sobre predicados (Beck & Stechow 2007, Cable 2014). Em mandarin, uma
língua de classificadores, NDists são formados pela reduplicação do Numeral+Classificador (1) e, em
karitiana, pela reduplicação do numeral (2).
31 NDists podem ser usados para descrever pelo menos três tipos de situações, que correspondem às
leituras (1a-c) e (2a-c). Essas leituras podem ser descritas como casos de distribuição sobre
participantes, tempo ou espaço. No entanto, apenas o Mandarin permite distribuição sobre o argumento
externo.
Questões. O trabalho se coloca as seguintes questões: (i) qual é a semântica dos NDists em mandarin e
em karitiana?; (ii) de que modo os NDists individuam eventos?; (iii) NDists ocorrem em todas as
línguas humanas?.
Teses. Defendemos que, tanto em mandarin como em karitiana, e possivelmente em todas as línguas
humanas, NDists adverbiais pluralizam relações entre entidades e eventos (Beck & Stechow 2007,
Cable 2014). Sua distributividade é analisada como uma consequência dessa operação. Assim, suas
interpretações distributivas dependem da maneira pela qual os participantes que individuam os eventos
são postos em correspondência com distintos tempos (‘vezes’) ou espaços (localizações) ou outros
participantes em cada contexto (Cable 2014). Pluralizar pressupõe individuar. Nossa análise propõe
que NDists individuam eventos através de seus participantes, que são organizados em grupos de uma
cardinalidade determinada pelo numeral. Defendemos também que NDists são bons candidatos a
universais semânticos.
Mais especificamente, propomos que a operação realizada por NDists é composicional. Primeiramente,
o Classificador (implícito ou explícito) divide o evento em subeventos de um certo tipo. A seguir o
numeral agrupa esses subeventos em grupos de eventos de quantidade determinada pelo numeral.
Finalmente, a reduplicação, marca a distribuição, ou seja, o pareamento de cada grupo de eventos a
tempos, locais ou participantes. A definição formal de NDist é apresentada em (3).O resultado da
aplicação do operador NDist a um predicado é ilustrado pela forma lógica (3) da sentença karitiana (2)
(‘Homens comeram macacos de dois em dois’).
onde: d, e, t: tipos semânticos de entidades, eventos e sentenças respectivamente; P: variável sobre
predicados; n: variável sobre números reais; x: variável sobre entidades; e: variável sobre eventos; |e|=
a cardinalidade de e; a<b: a é parte de b; s: supremo (a maior soma de entidades de um conjunto ou
32 reticulado.
Pluracionalidade e distributividade. Nossa análise implica que as dimensões sobre as quais a
distribuição ocorre – temporal, espacial ou baseada nos participantes do evento – são subprodutos da
distribuição sobre um dos participantes. Nesse sentido, ela é indeterminada.
Inflected infinitives and the theory of control: a unified account of BP null subjects
Marcello Modesto (USP)
In the field of generative grammar, inflected infinitives (IIs) have not been thoroughly
scrutinized. Raposo 1987 is a well-cited work that deals with only with certain aspects about
IIs in European Portuguese (EP). This presentation will discuss new data on Brazilian
Portuguese (BP) IIs that suggest a theory of control unlike any of the current available
accounts. The problem revealed by IIs in BP has two sides to it: on the one hand, IIs can be
controlled; on the other, IIs seem to participate in the licensing of lexical subjects in nonfinite
clauses. Those two seemingly contradictory properties (according to the standard analyses of
control) may be explained if we assume, with Chomsky 2005, that C is taken from the lexicon
with a set of ϕ-features that are then transferred to T. Differently from Chomsky, we need to
assume that C is not always specified with a complete set of ϕ-features so not every T
subcategorized by C will be a ϕ-complete T. As consensually assumed, a ϕ-complete T
licenses a lexical subject, but an incomplete T does not. Therefore, licensing of nonfinite
lexical subjects will depend on the matrix predicate subcategorizing a complete or an
incomplete C complement. We will argue that a ϕ-complete C in BP is lexicalized by the
preposition de ‘of’. The property of subcategorizing a ϕ-complete nonfinite C is not a
peculiarity of BP. In Italian, according to an updated reading of Rizzi 1982, there would also
be such ϕ-complete nonfinite Cs, which would trigger T-to-C movement (for morphological
reasons, I will assume). The same seems to happen in EP.
The fact that inflected nonfinite clauses are controlled in BP can be seen in (1) (cf.
Modesto 2010, 2011). Inflected infinitives have all the properties of Obligatory Control (de se
readings and sloppy readings in ellipsis) (see (2)). However, most contexts that license
inflected infinitives in BP also license overt subjects (3). This creates a theoretical problem
that can only be solved assuming (with Miyagawa 2010) that phi-features can be selectively
inherited by T in different ways in different languages. BP will be argued to have only the
feature [number] in T. The person feature stays in the C domain with the feature [topic]. This
theory, necessary to explain inflected infinitives, in fact reaffirms the analysis proposed in
Modesto 2000, 2008 (but also in Galves 1993, 2001) that subjects normally climb to the a
higher position in BP than in genetically close related languages. When a subject is lacking, or
in accord with discourse rules, an object, a locative or other constituents may occupy such
position, as seen by the reference of embedded subjects.
We will also argue that C itself may be defective, not containing all phi-features. This
is necessary both for Control and to explain the syntax and interpretation of generic subjects
(following Holmberg 2005, 2010). Lexical subjects will be licensed only by ϕ-complete Cs. A
ϕ-incomplete C will also transfer its features to T, but a lexical subject will not be licensed. If
the nonfinite subject (what is usually called PRO) does not possess valued ϕ-features, the only
possible derivation will be one in which nonfinite T Agrees with a matrix functional head in
order to value its own features (as in Borer 1989, Landau 2015). In this case, nonfinite T is
possibly pronounced inflected. The simplest theory of control able to account for the BP data
assumes that there is no PRO (an anaphoric pronoun) but minimal pronouns (in the sense of
33 Kratzer 2009) that end up controlled. In one possible derivation, the number feature values
nonfinite T as plural whereas the person feature is only valued by Agree (control) by a matrix
functional head. In this case, nonfinte T is pronounced inflected, deriving the possibility of
partial control, as in (4).
Multiple determiners in Brazilian Portuguese indefinite noun phrases: intensification reading and agreement marker distribution Maria José Foltran (UFPR/CNPq)
Vítor Augusto Nóbrega (USP)
Livia Oushiro (USP)
Keywords: determiner doubling, intensification, agreement.
Brazilian Portuguese (BP) exhibits multiple marking of indefinite determiners in the context of
adjectival and nominal intensifiers (1). This phenomenon parallels multiple indefinite determiners
attested in Germanic languages (2), differing in that the former displays a preposition (viz., “de”)
between the modified noun and the intensifier. In this talk, our goal is twofold: (i) describe the
intensification reading displayed by the indefinite article doubling in BP, and (ii) present the statistical
distribution of agreement markers (number and gender) in these complex DPs, subject to great
variation.
Foltran and Nóbrega (2015) provide a typology of the intensifiers that allow indefinite article doubling
in BP, namely: (i) innovative adjectives (e.g., tremendo ‘tremendous’, bruto ‘rude’), (ii) nominal
intensifiers (e.g., puta ‘whore’, senhor ‘sir’, baita), (iii) borrowed intensifiers (e.g., mega, hiper, super,
big) and (iv) adnominal degree modifiers (Morzicky 2012) (e.g., verdadeiro ‘true’, total ‘total’, grande
‘big’, completo ‘complete’, perfeito ‘perfect’). All behave quite in the same way: (a) they precede the
modified element, (b) they can be used in attributive position but not in predicative position, and (c)
they can concord with the modified noun.
In the context of complex DPs, agreement markers can be inserted in four potential loci: (i) in the first
and in the second indefinite articles, (ii) in the intensifier, and (iii) in the modified noun. Speakers tend
to mark some of these loci, but not all of them. To determine which loci are privileged to receive
agreement markers, and in which of them the lack of these markers leads to ungrammaticality we
developed two experiments in which 240 speakers judged a set of sentences with varied distribution of
agreement markers on the aforementioned intensifiers. The data were analyzed in mixed effects models
in the software R (Baayen 2008).
The preliminary results show that speakers tend to preserve the agreement markers of the determiners
(3), while the noun can remain unmarked due to the fact that BP allows lack of agreement markers
internal to the DP. The only context that leads to ungrammaticality is when the first article lacks
agreement markers. On other hand, we noted that the intensification reading present in these modifiers
is the responsible for triggering determiner doubling. However, it is not clear whether or not these
additional determiners are actually determiners or spurious articles. We present evidence for the
34 second assumption and question the analysis put forth by Alexiadou (2014) based on den Dikken’s
(2006) predicate structures, since this analysis cannot explain the emergence of a preposition in BP
data as opposed to Germanic cases.
(1) a. Ele comprou uma puta
de uma casa
he bought a
whore of a
house
‘He bought an incredible/amazing house’
b. Foi um tremendo de um vendaval
was a tremendous of a windstorm
‘It was a tremendous windstorm’
(2) en stor en kar
a big a man
(Northern Swedish; Delsing 1993)
(3) a. Ele comprou umas puta
de umas casa.
he bought
aPL whore of aPL house
‘He bought incredible/amazing houses’
Challenges for encoding focus in the syntax: experimental evidence from Spanish Timothy Gupton, University of Georgia (USA) Discourse-configurational languages present unique challenges to generative theory vis à vie their
apparently flexible word order. Although numerous studies (e.g. Rizzi 1997, Zubizarreta 1998) have
proposed syntactic features corresponding to information structure notions such as topic, focus, and/or
contrast to generate word order variation, a common objection to positing information structure
features in the lexicon (e.g. Szendrői 2004) is that it violates Chomsky’s (1995) Inclusiveness
Condition. Additionally, Kim & Avelino (2003) present evidence against a Cartographic-style
intonation-information structure correspondence (e.g. Frascarelli & Hinterhölzl 2007) in Mexican
Spanish. Proposals such as López (2009) have taken an alternative route, proposing the existence of a
Pragmatics module that inspects syntactic structures and assigns pragmatic features at phase-edge.
However, López (2009) and many other generative studies of Spanish syntax (e.g. Casielles-Suárez
2004) implicitly or explicitly assume Zubizarreta (1998), by which subject narrow focus necessarily
appears at the rightmost clausal edge (1a), coinciding with nuclear stress (indicated in bold). For
Zubizarreta, a stress shift to the subject (cf. 1b) imposes a contrastive focus reading on the subject. I
present challenges to this view of Spanish syntax, and will show evidence suggesting that Spanish is
not categorical with focus assignment at the left-edge (contrastive focus) and the right-edge (narrowfocus). Rather, it allows for optionality in focus assignment.
I present Spanish native-speaker results (N=20) from an experimental study on the L2 acquisition of
word order variation based on Hertel (2003), Lozano (2006), and Domínguez & Arche (2008),
supported by accompanying audio for all response options to control for intonation accommodation
following Kitagawa & Fodor (2006). Informants are primarily from Spain and Peru. Appropriateness
Judgment Task (AJT) results for subject narrow-focus contexts (4-point Likert plus “I don’t know”
option) indicated statistical differences among word order replies (Table 1). However, Word Order
Preference Task (WPT) data was more illustrative with respect to syntactic optionality in these
speakers. Approximately half of participant responses for subject contrastive contexts (48%) and
35 subject narrow-focus contexts (50%) indicated that SV and VS word order replies were equally
acceptable (SV=VS, Table 2).
This data is consonant with studies on information focus in Argentine Spanish (Gabriel 2007, 2010),
Andean Spanish (Muntendam 2009), and Mexican Spanish (Gupton & Leal-Méndez 2013; Hoot 2012;
Leal-Méndez & Slabakova 2011) that indicate that narrow-focus constituents need not appear in
clause-final position, contrary to the predictions of Zubizarreta (1998). My data is also consonant with
Domínguez’s (2004) contrastive focus (CF) data from Alicante, Spain, which suggested that CF may
occur in situ or in the left-periphery, a finding also not predicted by Zubizarreta (1998). The optionality
of forms indicated by this study and others (e.g. Titov 2012 for optionality with contrastive focus in
Russian) are indicative of the need in generative syntax to gather experimental data from native
speaker populations to falsify claims of categorical judgments with respect to information structure.
Until we take optionality seriously, it will continue to impede our progress in mapping information
structure to syntax.
A unified analysis for marked topic constructions and their restrictions Aroldo L. de Andrade (Unicamp) Marked topic constructions stay in an area of interface between syntax and pragmatics. They have been
tackled in a number of analyses, and have received a unified analysis in Grohmann (2003). This work
aims at revising this work, by considering the problem of the availability of different types of
constructions. The analysed constructions are: Topicalisation, Clitic Left Dislocation and Contrastive
Left Dislocation. Theoretical implications. I adopt Chomsky’s (2004/ 2008) proposal for syntactic
phases, adapted according to the theory of phase extension proposed in Den Dikken (2007). Proposal.
Unlike Grohmann (2003), we suggest that the emergence of resumptives (in dislocation constructions)
is connected to the operation copy spell-out taking place in a number of unlocal dependencies, instead
of anti-local (too local) ones. We concentrate on the fact that Portuguese has both Topicalization and
Clitic Left Dislocation, whereas all the other Romance languages only have Clitic Left Dislocation.
This difference is explained in terms of the postulation of an intermediary landing position for topics in
Spec,TP in Portuguese, due to the existence of two Tense projections in this language (due to evidence
discussed in Rouveret 1999; Galves & Sandalo 2012). Canonical null subject languages would not
have Spec,TP available because T’s EPP feature is checked by the verb agreement. This proposal
applies as well to Contrastive Left Dislocation, a construction that can be found in V2 languages.
Implications. The analysis predicts that Romance languages in general will always show cases of Left
Dislocation, except when there is no correspondent clitic form available (Casielles-Suárez 2004). Other
problems related to the hypothesis are discussed, such as the one regarding the difference between
ungrammatical derivations and those rescued by the last resort operation “copy spell-out”.
(1)
Esse homem eu conheço _.
(2)
Esse homem eu o conheço.
(3)
Diesen Mann, den kenne ich.
‘This man I know (him).’
36 SESSÕES DE POSTERS 37 O papel do input no aprendizado do uso do sujeito nulo na escrita por alunos da educação básica Edite Consuêlo da Silva Santos (UFPE) Helena da Silva Guerra Vicente (UnB) No presente estudo, a estrutura linguística investigada é o sujeito nulo, e a teoria de base é a gramática
Gerativa. Como é consenso entre os estudiosos do sujeito nulo no português do Brasil (NEGRÃO,
1990; DUARTE, 1995; CYRINO, DUARTE & KATO, 2000), o uso dessa estrutura está diminuindo
drasticamente, e o sujeito pleno já é predominante em diversos contextos de fala. Desde o início do
período escolar, portanto, a criança possui, em sua gramática interna, diversos contextos de fala que
favorecem o preenchimento da estrutura sujeito, porém, ao chegar à escola, se depara com outra forma
de expressão da linguagem – a escrita – que não favorece o preenchimento, e sim o nulo. Segundo
Magalhães (2000), os alunos do Ensino Fundamental no Brasil utilizam o sujeito nulo nas redações
escolares com eficiência – de acordo com o que a escola exige – apenas nos últimos anos (8º e 9º), e as
correções feitas pelos professores não são eficientes para adequar o uso do sujeito nulo na escrita a
curto prazo. O que propomos neste estudo é verificar o papel do livro didático no aprendizado do uso
do sujeito nulo na escrita, observando se ele oferece o input com a qualidade e a quantidade
necessárias para tal aprendizado por parte do aluno, bem como se os autores discorrem, no manual do
professor ou nas sugestões dadas ao professor no decorrer do livro, sobre técnicas como a “eliciação”
(eliciting), que aproveita o conhecimento prévio (a gramática internalizada) do aluno, fazendo com que
ele procure respostas a partir desse conhecimento. A fase inicial da metodologia consiste na busca (i)
de ocorrências do sujeito nulo nos textos e nas atividades propostas dos livros didáticos do 4º a 9º anos
do Ensino Fundamental, período no qual os alunos estão produzindo textos escritos, desde narrações,
no 4º ano, até dissertações, no 9º e (ii) de orientações para eliciação no manual do professor ou nas
sugestões dadas no decorrer do livro. Nossos resultados apontam que o input fornecido pelo livro
didático apresenta tanto o uso do sujeito nulo, característico da escrita mais formal, quanto do sujeito
pleno com as inovações da fala do português brasileiro. Na realidade, não há, por parte dos autores dos
livros didáticos, uma preocupação com input para o aluno ou com instruções direcionadas ao professor
para que ele possa aplicar técnicas de eliciação; a importância do input sequer é levada em
consideração.
38 A ambiguidade dos predicados psicológicos da classe de assustar: o caso das passivas verbais e adjetivais Bruno Pilastre de Souza Silva Dias Universidade de Brasília Palavras-chaves: predicados psicológicos; voz passiva; ambiguidade.
Neste trabalho discutimos a ambiguidade dos predicados psicológicos da classe de assustar
quanto à interpretação estativa/eventiva. Tal ambiguidade torna essa classe especial em
contexto de construção passiva verbal e adjetival. Ao se analisar os predicados do tipo
assustar, verifica-se que há a possibilidade de se construir tanto a passiva verbal quanto a
passiva adjetival (1a-b). No entanto, não obstante serem também predicados ExperienciadorObjeto (ExpObj), predicados do tipo preocupar rejeitam a passiva verbal e aceitam a passiva
adjetival (2a-b) e predicados do tipo acalmar aceitam apenas a passiva verbal (3a-b). O
comportamento de verbos como assustar apresenta-se como um problema teórico,
principalmente em relação às razões que levam esses verbos a apresentarem a dupla leitura,
estativa ou eventiva.
Defendemos que a ambiguidade de predicados do tipo assustar (e.g., animar, atemorizar e
amedrontar) pode ser explicada pela relação entre raiz e morfologia causativa. Para esses
predicados, a interpretação estativa adviria da raiz nominal (susto, ânimo, temor, medo) e a
interpretação eventiva, da morfologia causativa (a-raizest-arev). Os predicados da classe de
acalmar (e.g., alegrar, amansar) também são formados por raízes estativas e morfologia
causativa – esses predicados se distinguem dos predicados da classe de assustar por formarem
construções com a forma do adjetivo (João ficou calmo com os cuidados da enfermeira), em
que não se observa a morfologia causativa (nem a morfologia participial). Os predicados do
tipo preocupar (e.g. retrair, saturar, inibir), por fim, não são ambíguos em relação à
interpretação estativa/eventiva – são estativos. Esses verbos estão relacionados a nomes
estativos (preocupação), inexistindo morfologia eventiva relevante em sua estrutura.
Consideramos, ainda, que o traço de eventividade é determinante para licenciar a passiva
verbal. É sabido, por exemplo, que certas construções pseudotransitivas (4a) não aceitam
passiva verbal (4b), uma vez que não há, nessas estruturas, complemento direto (4c). No
entanto, quando uma construção pseudotransitiva dispõe de uma variante causativa, em que há
a presença de um sujeito agente, admite-se passiva verbal (5a-c).
Estamos de acordo com Landau (2005) quanto à proposta de que as propriedades dos
psicológicos são anuladas quando há um argumento Agente na numeração. Seguimos,
também, o modelo de smuggling (COLLINS, 2005) para a passiva verbal (quando o predicado
ExpObj é eventivo e, consequentemente, transitivo) e a proposta de Meltzer-Asscher (2011)
para as passivas adjetivas (quando o predicado é estativo).
Sobre a restrição relacionada à classe de assustar, ambígua em termos de
estatividade/eventividade, defendemos que duas opções são apresentadas: (i) na presença de
um argumento Agente/Causador na numeração, o predicado torna-se eventivo e,
consequentemente, transitivo – o que o habilita a participar da construção passiva verbal; (ii)
39 inexistindo argumento Agente/Causador, o predicado é estativo (e inacusativo), sendo o
argumento Experienciador regido por Øψ – nesse caso, apenas a passiva adjetiva estará
disponível.
. (1) João foi assustado por Maria. João ficou assustado com Maria.
. (2) *João foi preocupado por Maria. João ficou preocupado com Maria.
. (3) João foi acalmado pela enfermeira. *João ficou acalmado pela enfermeira.
. (4) a. Eu pesava 50 kg no ano passado. b. * 50 kg foram pesados por mim no ano passado.
c. * Eu pesava-os no ano passado.
. (5) a. O vendedor pesou 20 kg de uva. b. 20 kg de uva foram pesados pelo vendedor. c. O
vendedor os pesou.
Aquisição da escrita-­‐padrão do português brasileiro em esfera escolar Lilian Coelho PIRES (UFRR) Palavras-chave: aquisição da escrita; objeto direto; bilinguismo.
Investiga-se o desenvolvimento da língua escrita-padrão do PB por indivíduos
brasileiros em contexto educacional. Adotando-se a teoria de Princípios e Parâmetros e o
Programa Minimalista (cf. CHOMSKY, 1995), assume-se a hipótese de que tal processo se
constitui como aquisição de segunda língua (L2). O objetivo do estudo é caracterizar o
desenvolvimento da gramática do indivíduo letrado buscando-se examinar a aquisição de
clíticos de 3ª pessoa, na língua escrita, dado que tais categorias não ocorrem na língua falada.
Conforme a descrição dos compêndios gramaticais adotados na escola, o objeto direto é
realizado pelo clítico, sendo a ênclise a posição ‘lógica, normal’ (CUNHA e CINTRA,
1985/2008). Assim, adotou-se a perspectiva transversal, pela análise da produção escrita de
estudantes do Ensino Fundamental, Médio e Superior. Na análise, parte-se do ‘Bilinguismo
Teórico’ de Roeper (1999), em que a ocorrência de regras contraditórias na gramática do
falante não implica opcionalidade, mas a coexistência de mini-gramáticas, o que leva à
conclusão de que todo falante é bilíngue. Assumimos ainda a abordagem de Kato (2005), de
que o conhecimento linguístico do adulto letrado se desenvolve como regras estilísticas, que
se situam na periferia, em oposição à gramática nuclear, manifestando o estatuto de segunda
40 gramática (G2). Focamos nossa análise na aquisição das propriedades morfossintáticas de
objeto direto. Nossa hipótese de trabalho parte de estudos prévios que apontam para as
seguintes propriedades do PB: perda do clítico acusativo de 3ª p.; aumento na ocorrência de
objeto nulo e de pronome lexical; próclise generalizada de clíticos de 1ª e 2ª pessoa; perda/
ausência do movimento longo do clítico (CYRINO, 1990; KATO, CYRINO e CORREA,
1994; GALVES, 2001; PAGOTO, 1993). Segundo a Hipótese do Acesso Parcial à GU
(STROZER, 1992), nos termos de Roeper (1999) e Kato (2005), assumimos que a escola,
sendo o ambiente formal das práticas de letramento, é o contexto privilegiado para oferecer o
input para a aquisição dos clíticos, e, no estágio inicial da aquisição da escrita-padrão, haverá
transferência de valores paramétricos do português oral (L1/G1). A produção escrita dos
estudantes é eliciada em narrativas com lacunas, cujo preenchimento implica a escolha entre o
clítico de 3ª pessoa e suas variantes (objeto nulo, pronome lexical e sintagma nominal). Os
resultados apontam similaridades entre a aquisição da língua escrita-padrão e a aquisição de
L2, já que as seguintes propriedades são encontradas: opcionalidade, que é associada com a
indeterminação lexical no mapeamento de traços formais (WHITE, 2003), assim com o
desenvolvimento linguístico, já que o uso de clíticos de 3ª pessoa aumenta, à medida que as
demais variantes diminuem. Constata-se que o input linguístico oferecido pela escola resulta
no uso de clíticos, porém, havendo competição de gramáticas que exibem formas da G1 e
formas inovadoras, que indicam aquisição da G2. Entre os objetivos da pesquisa, consta o
interesse em fornecer evidência quanto à natureza do conhecimento linguístico, confirmandose a hipótese de que a aquisição de L2 e o processo de letramento são fenômenos semelhantes
que se desenvolvem pelo acesso à Gramática Universal.
41 A estrutura argumental no processo de aquisição do português escrito por surdos Joyce Maria Sandes-­‐da-­‐Silva (UESB) Adriana S. C. Lessa-­‐de-­‐Oliveira (UESB) Palavras-chave: Estrutura Argumental; Português Escrito; Surdo.
Este estudo objetiva investigar a estrutura argumental na modalidade escrita do português adquirido
por pessoas surdas. Nossa análise tem como alicerce o quadro teórico gerativista (Chomsky, 1981,
1995), especificamente, as concepções de Kato (2005) acerca do processo de aquisição da escrita. No
processo de aquisição do português, o surdo se depara com um desafio que vai além dos desafios
típicos de um processo de aquisição de segunda língua (L2), uma vez que, por não ter acesso ao input
acústico do português, essa pessoa, na grande maioria dos casos, está limitada à aquisição do português
em sua modalidade escrita. Segundo Kato (2005), a aquisição da escrita, assim como a aquisição de
uma L2, se dá mediante acesso indireto à Gramática Universal (GU), o qual é mediado pela
modalidade falada dessa língua; algo que perdura até que o falante se aproprie dos valores
paramétricos da L2. Quando vivenciada por surdos, a apropriação da escrita do português tem se
revelado extremamente difícil, pois se trata de uma aquisição da modalidade escrita de uma língua
oroauditiva da qual os surdos não possuem a modalidade falada que lhes serviria como mediadora para
essa aquisição. Como resultado desse processo, nos deparamos com produções textuais escritas por
surdos nas quais evidenciamos sérios problemas de ordem gramatical capazes de comprometer a
interpretação do texto. Desse modo, nosso objetivo é verificar se há relação entre as construções
agramaticais encontradas nas produções textuais dos surdos e o processo de seleção categorial da
Libras (Língua Brasileira de Sinais), considerando que esse processo submete-se a aspectos
paramétricos. Para a composição do corpus dessa pesquisa, coletamos amostras de produção natural de
português escrito de sujeitos-informantes surdos. Os alunos que voluntariamente contribuíram para
este estudo têm entre 14 e 30 anos, são falantes de libras e cursam o Ensino fundamental 2 e o Ensino
Médio na rede regular de ensino. As produções são atividades escolares propostas pelos professores em
situação cotidiana de produção textual em ambiente escolar e atividades desenvolvidas no
acompanhamento especializado da sala de recursos multifuncionais para pessoas com deficiência.
Como este estudo é um trabalho em andamento, obtivemos resultados parciais, de acordo com os quais
a natureza gramatical de tais problemas é de grau profundo, atingindo a composição da estrutura
argumental no que se refere à seleção categorial, à seleção semântica e ao número de argumentos.
42 Differential Object Marking no português: uma análise diacrônica Aline Jéssica Pires (UNICAMP) Palavras-chave: DOM, linguística histórica, gramática gerativa.
Tomando o arcabouço de estudos de base gerativa (Chomsky, 1995), o presente trabalho analisa, no
português medieval, o fenômeno conhecido como Differential Object Marking (DOM), também
chamado de acusativo preposicionado, que consiste na marcação do objeto direto por preposição. Para
tanto, são tomados dados no período que compreende os séculos XVI a XIX, com o objetivo de
descrever e analisar quais são as particularidades que abrangem DOM no português, e tentar
estabelecer hipóteses para a estruturação de DOM.
A marcação diferencial do objeto seria um resquício dos sistemas de declinações latinas, e
pesquisadores como Gibrail (2003) afirmam que o fenômeno surgiu nas línguas românicas para marcar
o objeto direto na estrutura oracional de ordem livre, assim como diferenciar o objeto direto do sujeito
quando ambos tiverem os mesmos traços semânticos. O estudo de DOM se faz importante não apenas
para que se possa entender um capítulo da formação histórica das línguas românicas e do português,
mas para que se possa entender também um fenômeno em constante evolução em outras línguas.
Metodologicamente, são abordados apenas os casos de DOM em que o complemento direto é
acompanhado pela preposição a – ver (1) e (2), também sendo analisados os parâmetros da
animacidade e categorias referenciais, assim como características lexicais do objeto e a estrutura da
oração em que o objeto está presente, seguindo propostas como as de Bossong (1991), que postulam
que tais propriedades são marcantes em DOM. Para o desenvolvimento da pesquisa, são utilizados
dados obtidos no Corpus Histórico do Português Tycho Brahe, ligado ao IEL/UNICAMP.
(1)
a. Ele aconselhou o João
b. Ele aconselhou ao João
(2)
a. Ao professor, Pedro agradeceu, não ao aluno.
b. *O professor, Pedro agradeceu, não o aluno.
As análises realizadas até então apontam que a animacidade e definitude são relevantes para a
marcação diferencial, além disso, mostram uma queda expressiva da frequência de DOM, tal como já
indicam outros estudos. Os quais indicam, também, uma direção da mudança de DOM, com os dados
revelando uma tendência maior da ocorrência do fenômeno diante de pronomes, quantificadores e o
NP Deus.
43 Uma discussão acerca da concordância de gênero em construções predicativas adjetivais no português do brasil Alane Luma Santana Siqueira (UFPE) Palavras-chave: Concordância, Construções predicativas adjetivais, Teoria gerativa.
O português é uma língua que apresenta morfologia de concordância de gênero e número entre todos
os elementos flexionáveis no sintagma nominal (SN) (ex.: A-s menin-a-s bonit-a-s), bem como entre o
SN sujeito e um predicativo a ele relacionado (ex.: A-s menin-a-s estão cansad-a-s). No que tange
especificamente ao Português Brasileiro (PB), a concordância nominal de número não é uniforme, pois
há mais de uma possibilidade para indicar pluralidade (ex.: A-s menina-s bonita-s; A-s menina-s
bonita; A-s menina bonita.). Já em relação à concordância de gênero entre os elementos flexionáveis
internos ao SN é obrigatória (Ex.: *As meninos bonitos). Apesar de a concordância de gênero ser
fortemente marcada entre os elementos flexionáveis do SN, bem como entre o SN sujeito e o
predicativo a ele relacionado, algumas construções predicativas adjetivais apresentam um padrão
distinto de concordância de gênero, não havendo, entre o sujeito e o predicativo, uma concordância
visível de gênero (ex.: Maçã é gostoso). Portanto, o objetivo central deste trabalho será discutir a
concordância nominal de gênero em construções predicativas adjetivais com o verbo ‘ser’,
especificamente, partindo da proposta apresentada em Duek (2012), por exemplo, que aponta uma
correspondência, para o PB, entre o tipo de gênero do nome (se natural ou arbitrário) e o padrão de
concordância nominal que o nome nu pode estabelecer com o predicativo. A autora afirma que, nos
nomes com gênero natural, a concordância seria obrigatória (ex.: Atriz é vaidos-a /*Atriz é vaidos-o),
já em nomes com gênero arbitrário, a realização da marca de concordância de gênero no predicativo
não é verificada (ex.: Maçã é gostoso/ *Maçã é gostosa) – a não ser que haja a categoria funcional
NumP na estrutura (WECHSLER; ZLATIC, 2000). Em relação a dados com o verbo ‘ser’ no plural, a
autora não discute, o que é algo problemático, uma vez que quando temos um dado como “maçãs são
gostosas”, o adjetivo obrigatoriamente precisa estar concordando, em gênero, com o sujeito ao qual se
refere (mesmo se tratando de um nome com gênero arbitrário), caso contrário, teremos uma sentença
agramatical (ex.: *maçãs são gostosos).
Uma proposta semântica para a análise da causativização dos verbos de movimento em PB Thayse Letícia Ferreira (UFSCar) O fenômeno da causativização consiste em um processo de alternância verbal (LEVIN;
RAPPAPORT-HOVAV, 2011) que, de acordo com Pylkkänen (2008), insere o predicado semântico
CAUSE em estruturas que originalmente não o contém. Esse processo é também denominado
“transitivização” (KITILLÄ, 2006) e forma sentenças causativas a partir de bases não causais e
normalmente intransitivas, como no exemplo abaixo, em que A representa a sentença base intransitiva,
e não causal, e B sua contraparte causativa.
(1) A. O cavalo pulou pela cerca
44 $($e)[Pular(e) & Agente(e, cavalo)]
B. O jogador de polo pulou o cavalo pela cerca
$(e)[Agente(e, jogador de polo) & Tema(e,cavalo) & $($e')[pular(e') & Agente(e',
cavalo) & CAUSE(e, e')]]
Curiosamente, nem todos os verbos de movimento que são a priori não causativos aceitam a
inserção de CAUSE à sua estrutura (2) ou aceitam somente em determinados contextos (3):
(2) A. Os atletas foram pras Olimpíadas
B.*O treinador foi os atletas pras Olimpíadas
(3) A. O João caiu de cima do muro
B.*Eu caí o João de cima do muro
C. A prova caiu a nota do João
Pensando então no licenciamento da causativização de verbos de movimento inergativos e
inacusativos em PB, o presente trabalho tem como objetivo principal explicar a assimetria observada
nos exemplos de (1) a (3). Para tanto, partimos da hipótese de que a causativização altera a estrutura do
evento denotado por esses verbos e não sua estrutura argumental, como o fazem Cambrussi
(2009,2012) e Amaral (2009). Pensando nisso, desenvolveremos nosso trabalho dentro do quadro
teórico da semântica de eventos (PARSONS, 1990), utilizando especificamente o modelo
neodavidsoniano de Sintaxe de Primeira Fase (RAMCHAND, 2008), por considerarmos sua ontologia
suficientemente refinada para a análise das sentenças em questão. Esse modelo consiste em uma árvore
semântico-sintática, cuja relação entre os subeventos (Initiation [subevento de causa], Process [núcleo
dos predicados dinâmicos, denota o processo] e Result [subevento do estado resultante], que podem ser
combinados às noções de PATH e RHEME) é dada por uma única e mínima regra de derivação causal
(“leads to rule”) baseada em Hale e Keyser (1993). Para averiguar nossa hipótese, investigaremos, a
partir de dados de fala espontânea do PB, justamente o papel das noções de PATH e RHEME no
licenciamento da causativização dos verbos de movimento inergativos (atividades [init, proc]) e
inacusativos (achievements [init, proc, res]). Pois, em uma primeira análise, a causativização parece ser
licenciada somente para os inergativos que permitem a inserção de PATH em sua estrutura, cuja
interpretação será a de que houve algum tipo de deslocamento espacial forçado (cf. (1)). Por outro
lado, caso PATH se combine a um verbo inacusativo, a leitura de causa é bloqueada (3B), sendo a
causativização desses verbos licenciada pela associação de RHEME, cuja interpretação na sentença é
de uma mudança em uma dada escala (cf. (3C)). Assim, esperamos propor uma formalização
semântica para a interpretação da causativização que dê conta da assimetria encontrada no PB.
A categoria dos determinantes na Língua Brasileira de Sinais Lizandra Caires do Prado (UnB) Adriana S. C. Lessa de Oliveira (UESB) Palavras-chave: Dêixis, Geometria de traços, Localizadores.
45 Este estudo objetivou investigar a natureza categorial de elementos recorrentes na língua brasileira de
sinais, os quais tratamos como Localizadores (Loc/Locs). Estes elementos, caracterizados como
estruturas eminentemente dêiticas, são usados para a “apontação” de referentes no mundo físico.
Ancorando nosso estudo nos postulados gerativistas, defendemos a hipótese de que estes elementos são
núcleos determinantes (núcleos D), por terem a característica principal de marcação de referentes,
subcategorizando itens nominais (NPs) realizados, ou ocorrendo como proformas (com NPs vazios). O
corpus da pesquisa foi constituído por: sujeito-informante surdo de família ouvinte com aquisição da
libras na infância, depois dos 6 anos de idade; sujeito-informante surdo de família surda, com aquisição
da libras na primeira infância; e sujeito-informante surdo de família ouvinte, com aquisição da libras a
partir do início da adolescência. Para a transcrição de dados utilizamos o sistema de escrita de libras
SEL elaborado por Lessa-de-Oliveira (2012), além de glosas e interpretação das sentenças. Para a
análise das propriedades gramaticais dos Locs adotamos a hipótese da unidade mínima de articulação
dos sinais MLMov (Mão – Locação – Movimento), proposta por Lessa-de-Oliveira (2012). Assim, com
base nos estudos acerca da categoria dos determinantes realizados por Abney (1987) e Longobardi
(1994), propomos que os Locs em libras são elementos pertencentes à categoria DP. E, com base nos
estudos de Béjar (2003) e Carvalho (2008) acerca da geometria de traços que compõem os pronomes,
em línguas orais, propomos que as diversas ordens entre Locs, nomes, possessivos e quantificadores,
encontradas nos dados, são decorrentes da necessidade de checagem dos traços [D] e [φ], presentes na
sonda, pelos alvos Loc, Pos, Q ou por N, os quais devem ter a condição de checar o traço de [Dêixis].
Ainda, com base nos estudos de Torrego (1988) acerca da elipse nominal, legitimada por certos traços,
e de Lobeck (1995) que concebe a elipse nominal como um N vazio (pro), propomos que os Locs
proformas (pronomes) em libras são resultado de Loc+elipse nominal. Essa análise nos leva a
conclusão de que há em libras três tipos de Locs: tipo 1 – posposto ao nome, com baixa especificação;
tipo 2 – anteposto ao nome, com especificação mediana; e tipo 3 – proformas, altamente especificado.
Degree constructions in Portuguese and in Karitiana: a cross-­‐linguistic study Luciana Sanchez Mendes Keywords: semantics, degree, universals.
46 47 Mecanismos de intensificação adverbial no Guarani Paraguaio Lara Frutos (USP) Palavras chave: modificação, semântica escalar, eventos.
Neste trabalho, procuro descrever e analisar os dados em que expressões de grau ocorrem com
predicados verbais no Guarani Paraguaio dentro da perspectiva da semântica formal. Mais
especificamente, trabalharemos a partir da semântica de escalas, em KENNEDY 1999 e KENNEDY &
McNALLY 2005. Em Guarani, expressões de grau, além de ocorrer como modificadores de predicados
verbais e adjetivos, modificam também advérbios de tempo, frequência e intensidade, como mostra (1).
(1) a.
Juan
omba’apo
tapiaite
Juan
o-mba’apo-ø
tapia-ite
Juan
trabalhou-NFut sempre-ite
‘Juan trabalhou sempre/continuamente’
b.
Juan
oñani
hetaite
Juan
o-ñani-ø
heta-ite
Juan
3-correr-NFut
heta-ite
‘Juan correu muito’
A relevância para uma discussão teórica dos dados em (1) é que o modificador de grau em questão
‘ite’ ocorre apenas com adjetivos graduáveis e não co-ocorre com predicados verbais, a menos que
estejam modificados por advérbios de tempo e intensidade como ‘tapia’ frequentemente, ‘akói’ sempre
e ‘heta’ muito. As questões investigadas neste trabalho são: i) qual a contribuição semântica desses
intensificadores na predicação e ii) qual análise formal poderia ser capaz de explicar a ocorrência de
expressões com advérbios. As hipóteses levantadas aqui são que advérbios de tempo de intensidade do
Guarani Paraguaio, como em (1), inserem um significado graduável na predicação, ou seja, possuem
uma variável de grau em sua entrada lexical, tendo mecanismos semânticos de gradação semelhantes
aos dos adjetivos. Tradicionalmente os advérbios de tempo e intensidade, embora frequentemente
utilizados como expressões de grau não são analisados como expressões graduáveis. Por isso, num
segundo momento o trabalho analisa os tipos de escalas presentes em predicados verbais do Guarani,
buscando apresentar quais as dimensões escalares estão disponíveis nessas predicações. Partimos da
hipótese de que verbos que denotam eventos atômicos, como em (2) não podem ter uma dimensão
escalar de intensidade, mas apenas de quantidade, pois quando modificados por advérbios de grau
48 levam à pluralização dos eventos. Já verbos que denotam eventos não-atômicos como em (3), podem
ter uma dimensão de intensidade.
(2)
Juan
ogueru
yva
hetaite
Juan
o-gueru-ø
yva
heta-ite
Juan
3-trazer-NFut
fruta
heta-ite
Contextos:
Juan trouxe fruta muitas vezes
(3)
Juan
o-ñani-ø
heta-ite
Juan
3-correr-NFut
heta-ite
‘Juan correu muitíssimo’
Contextos:
1. Juan correu por muito tempo.
2. Juan correu muito intensamente.
3. Juan praticou corrida várias vezes durante a semana passada.
Sendo assim, verbos que denotam eventos não atômicos (3) podem denotar uma escala de tempo
(duração), uma escala de intensidade e uma escala de quantidade de eventos, se forem interpretados
como télicos. Já verbos que denotam eventos atômicos possuem denotar apenas uma escala de
quantidade de eventos.
Dessa maneira, os dados do Guarani lançam luz sobre uma perspectiva possível para a análise de
advérbios de intensidade em outras línguas naturais. Os dados apresentados neste trabalho foram
coletados em trabalho de campo originais através da metodologia de elicitação controlada.
Aspectos da interlíngua de surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais na aquisição do Português como Segunda Língua: o contexto universitário. Layane Rodrigues de Lima Santos (UFG/UnB) Palavras-chave: Interlíngua, Português, Surdos.
Esta comunicação analisa a interlíngua de estudantes surdos universitários, recém egressos do Ensino
Médio, aprendizes do Português como Segunda Língua (L2), tendo como hipótese a teoria da
Gramática Universal (GU), conforme proposta por Noam Chomsky (1986; 1995), que também tem
sido aplicada aos estudos de aquisição de L2 (cf. FLYNN, 1987; FLYNN & O’NEIL, 1988;
PHINNEY, 1987; TOMAS, 1991; WHITE, 1987, 1989, dentre outros). A partir de produções escritas
do gênero acadêmico resumo, identificaram-se três interlínguas, com base em Brochado (2003), a
saber: (i) predomínio de estrutura gramatical semelhante à Libras (Língua Brasileira de Sinais), com
49 poucas características do Português, como em “Então tem uma é muito alguma metodológica por algo
motivação sempre diferença conhecimento (...)”.; (ii) estrutura da frase ora com características
gramaticais da Libras, ora com características gramaticais da frase do Português, como em “O
processo de ensino/aprendizagem oportunidade desenvolvem na escola do método como qualquer
prefeito do professor.” e (iii) predomínio da gramática da Língua Portuguesa, como em “Vygotsky
discute aspectos escrita como processo que constrói longo da vida (...)”. Sendo assim, dadas as
diferenças paramétricas entre a Língua Portuguesa e a Libras no que se refere à morfossintaxe, discutese que, apesar da interferência da Língua de Sinais, o processo de interlíngua não viola os princípios da
GU, pois a má formação das sentenças na produção escrita em Português do surdo ocorre pelo fato de
o aprendiz ainda não ter fixado os valores paramétricos da L2, pois o input necessário e apropriado não
foi oferecido na educação básica. Os resultados indicam a necessidade de se desenvolver metodologia
de ensino voltada para a elaboração de textos de gêneros acadêmicos como L2 no contexto
universitário, com enfoque em questões morfossintáticas, como o uso da concordância e de conectivos
do Português.
Tópico contrastivo em sentenças com deslocamento no português brasileiro Fernanda Rosa da Silva (USP) Esta pesquisa tem como objetivo investigar as particularidades semânticas e pragmáticas de
sentenças do português brasileiro (PB) cujo sintagma na posição de objeto é deslocado para a periferia
esquerda da sentença. Mais precisamente, este trabalho procura identificar quais as consequências
lógicas e pragmáticas de sentenças cujo sintagma com função informacional de tópico contrastivo seja
deslocado para a periferia esquerda da sentença.
Consideramos que tópico contrastivo é uma marcação prosódica, com uma entonação
peculiar de curvatura descendente, que desencadeia um conjunto de perguntas (cf Büring (1999,
2003)). Além disso, assumimos que foco é uma marcação prosódica que desencadeia um conjunto de
alternativas contextualmente relevantes (cf. Rooth (1985)).
Consideramos, ainda, que deslocamento como um fenômeno sintático em que um sintagma é
deslocado para a periferia esquerda da sentença, deixando um vestígio no local de origem, ou este local
é preenchido por um pronome
Deslocamento de elementos como tópico e foco no português brasileiro já foram amplamente
investigados sob diversas perspectivas teóricas, desde funcionalistas (Pontes (1987), Ilari (1992)), até
mais formalistas, como as teorias gerativistas ((Kato (1989, 1998). Nossa pesquisa, entretanto, se torna
original por buscar uma proposta lógica na perspectiva da semântica formal em interface com a
pragmática. Observe o contexto abaixo, que representa o objeto de nosso estudo.
(1) A: Com quem o João tá namorando?
B: O João tá namorando com A MARIAF.
(2) A: O João tá namorando com a Maria?
B: Com a Maria, o João tá namorando.
50 Em comparação aos dois contextos acima, enquanto em (1), o falante em B responde
exatamente ao questionado, em (2), ao deslocar o sintagma “Com a Maria”, o falante indica que faz
uso de uma estratégia e deixa no ar que, além de namorar a Maria, o Joao tenha outros tipos de
relacionamento.
A proposta deste trabalho é contribuir com uma explicação lógica e uma formalização do
fenômeno de deslocamento de tópico contrastivo, a partir de teorias na interface da semântica e
pragmática formal (cf. Roberts (1996), Büring (1999, 2003), Prince(1979)), considerando as restrições
em implicaturas que tais contextos apresentam.
Da estrutura de sintagmas preposicionados adverbiais no português brasileiro – questões para uma teoria da gramática. Harley Toniette (UNICAMP) Palavras-chave: Sintagmas preposicionados adverbiais, Português brasileiro, Teoria da
gramática.
Este trabalho analisa a estrutura de sintagmas preposicionados adverbiais (SPAdvs) no português
brasileiro (PB), com o intuito de apresentar uma proposta que traga luz aos contrastes inerentes nos
tipos estruturais apresentados abaixo, e de investigar se é possível estabelecer uma derivação padrão
que abrigue tais tipos. Assume-se, como quadro teórico principal, o arcabouço dos estudos
minimalistas de base gerativa (Chomsky, 1995), e para as discussões e análises da estrutura dos
SPAdvs no PB, assume-se os trabalhos de Den Dikken (2010), que analisa a estrutura de sintagmas
preposicionados (SPrep) no holandês, e Svenonius (2010), que analisa as estruturas de SPrep do inglês.
Os tipos de SPAdvs do PB analisados são: (i) estruturas na qual aparecem preposições
órfãs/encalhadas – ver (1); (ii) estruturas em que a preposição pode ser omitida nos SPAdvs sem que
haja alteração aparente do sentido – ver (2); e (iii) estruturas formadas por PP + PP e PP + DP – ver
(3).
(1)
a. O João sempre gosta de falar contra.
b. O João foi na festa e bebeu até.
c. Pega logo a comida senão você vai ficar sem.
(2)
a. João foi viajar na semana passada/ a semana passada
b. O João vai viajar para casa da Maria em que semana/ que semana?
(omissão da preposição em um SPAdv temporal)
(3)
a. O carro está parado na estrada acima da colina
b. O João ficou em que lugar do palco do show de reggae?
Os pontos centrais para este trabalho são: (i) contrastes que as estruturas em (1) apresentam em termos
de licenciamento do isolamento de uma preposição no final da sentença – ver (1) e (4); (ii) as
51 (im)possibilidades de se omitir uma preposição em SPAdvs a depender do tipo de SPAdv – ver (2) e
(5); e (iii) características da constituição estrutural dos SPAdvs em relação à (im)possibilidade de
extração/movimento de constituintes – ver (3) e (6).
(4)
a. O João sempre gosta de falar *sobre/ *para/ *ante/ contra/ até
(apenas algumas preposições podem ficar no fim da sentença)
b. Pega logo o boloi senão você vai ficar sem eci
(a preposição encalhada pode depender da presença de um antecedente)
(5)
a. O João comprou roupas na loja da esquina/*a loja da esquina
b. O João comprou roupas em que loja da esquina/ *que loja da esquina?
(impossibilidade de omissão da preposição em SPAdvs locativos)
c. O João fala meu nome sempre desse jeito/*esse jeito
d. O João fala meu nome sempre de que jeito/que jeito?
(omissão em SPAdvs modais)
(6)
a. Na estrada, o carro está parado acima da colina
b. *Acima da colina, o carro está parado na estrada
c. Em que lugar o João ficou do palco do show de reggae?
d. ??O show de reggae, o João ficou em que lugar do palco?
Os resultados das análises apontam para uma estrutura categorial específica de SPAdvs no PB
comparável às estruturas cartográficas apresentadas por Den Dikken (2010) e Svenonius (2010),
atendendo aparentemente as necessidades do PB, e o ideal de uma estrutura universal, ponto
importante em termos do trabalho em sintaxe gerativa.
Classificadores em LIBRAS: morfemas ou núcleos? Anderson Almeida da Silva (UNICAMP) Palavras-Chave: Classificadores, Línguas de Sinais, LIBRAS.
Os Classificadores parecem ser unidades bastante complexas comuns entre as línguas de sinais
existentes no mundo (GLUECK & PFAU, 1998; PFAU, STEINBACH & WOLL, 2012;
ZWITSERLOOD, 2003; SANDLER 7 LILLO-MARTIN, 2006 E OUTROS). O fato de que os
classificadores podem se comportar na LIBRAS como: nomes (MENDONÇA, 2012), verbos (FELIPE,
2000; 2002; BERNARDINO, 2012, MAZUCHETTI, 2014; VELOSO, 2005; FERREIRA & NAVES,
2014) ou ainda predicados complexos em línguas de sinais não reflete o status da classificação para as
línguas orais, uma vez que eles são observados como morfemas recorrentes e de uso sistemático na
língua que aparecem ligados à uma raiz verbal, mudando ou classificando o significado contextual.
52 Para este estudo revisitamos as posições teóricas que consideram que nas línguas de sinais e na
LIBRAS: não se tem claramente a distinção entre nomes e verbos e a implicação disto para a noção de
classificação (PIZZIO, 2011), a posição de que o classificador seria na verdade um caso de Agreement
(GLUECK & PFAU, 1998), e ainda a possibilidade de que eles sejam fruto de incorporação sintático
ou semântica (BAKER, MITHUN, 2002 E OUTROS). Tivemos como objetivo no estudo
problematizar as relações de se pensar os classificadores como unidades estanques (morfemas ou
núcleos) na língua cotejando as diferentes posições assumidas. Ao final, consideramos sobre como as
diferentes posições teóricas não dão conta da recategorização do fenômeno da classificação em
LIBRAS, uma vez que esta análise é somente pontual e o assunto ainda encontra-se aberto para outras
intervenções.
Ordem de constituintes e prosódia em karitiana: o caso das orações relativas de objeto Karin Camolese Vivanco (Universidade de São Paulo) Palavras-chave: ordem de palavras, prosódia, relativas de núcleo interno
Essa apresentação busca discutir a interação entre ordens de constituintes e prosódia nas
orações relativas do karitiana. Falada por cerca de 400 pessoas no estado de Rondônia, o karitiana é a
única língua representante da família Arikém (tronco Tupi). Segundo Storto (1999), as relativas dessa
língua seriam de núcleo interno (i.e., o núcleo se encontraria dentro da própria oração encaixada).
Relativas de objeto teriam o verbo marcado com o morfema {ti-}, igualmente presente em construções
de foco do objeto e perguntas qu- de objeto.
Em um experimento de produção, os falantes produziram relativas de objeto com ordens OSV
e SOV (Vivanco, 2014):
(1)
Oração relativa de objeto com a ordem OSV
Yn
Ø-na-aka-t
1s
3-DECL-COP-NFUT
i-pyting-Ø
NOM-querer-CON.ABS.
[boet Luciana
ti-m‘a]-ty.
[colar
CFO-fazer- OBL
Luciana
‘Eu quero o colar que a Luciana fez.’
(2)
Oração relativa de objeto com a ordem SOV
Yn
Ø-na-aka-t
1s
3-DECL-COP-NFUT
i-pyting-Ø
NOM-querer-CON.ABS
[Ana
pykyp ti-pipãram<a>]-ty.
[Ana
roupa
CFO-costurou<v.e.>]-OBL
‘Eu quero a roupa que a Ana costurou.’
Em línguas com relativa variabilidade de ordens de constituintes (tradicionalmente chamadas
de “não configuracionais” - veja Hale 1983, 2013), a serialização dos NPs seria regulada por outros
53 fatores além de sua função sintática (Fanselow 1990). A prosódia seria um deles, pois ela interagiria
com a posição do objeto em línguas como o alemão e o ucraniano (Fanselow 2010; Antonyuk-Yudina
& Mykhaylyk 2013). O exame dos dados de Vivanco (2014) mostrou que a prosódia também parece
interagir com a ordem de constituintes em karitiana: em relativas de objeto SOV como (2), o sujeito é
prosodicamente saliente, enquanto o objeto é sempre não acentuado e forma um sintagma entoacional
com o verbo.
Visto que a ordem de constituintes default (visível em ambientes subordinados) seria SOV em
karitiana, assumimos que o objeto não se move para a periferia da oração em relativas de objeto SOV.
Nos contextos de produção dessas sentenças, o referente do núcleo da relativa tinha sido sempre
previamente estabelecido no discurso. Segundo Enç (1991), DPs definidos e específicos têm seus
referentes ligados a referentes discursivos previamente estabelecidos; assim, podemos considerar o
núcleo dessas relativas como definido e/ou específico seguindo essa visão. Por questões semânticas,
elementos dessa natureza precisam se mover para fora do sintagma verbal (Diesing & Jelinek 1995).
Nossa análise é de que, quando o deslocamento do objeto não ocorre (i.e., em relativas de objeto
SOV), o componente fonológico executaria uma restruturação prosódica que geraria o padrão
observado. Mostraremos ainda que esse cenário seria similar a alguns outros fenômenos de movimento
opcional, que apresentam uma prosódia marcada na ausência de movimento.
O licenciamento de locativos na posição de sujeito no PB Zenaide Dias Teixeira (UEG) e Heloísa M. M. L. de A. Salles (UnB) Palavras-chave: advérbio; locativo; posição de sujeito.
Pesquisas como as de Pontes (1986; 1987), Munhoz e Naves (2010), Pilati, Naves e Salles (2013)
demonstram que uma das estratégias utilizadas para o preenchimento do sujeito no PB é o alçamento
de advérbios locativos e/ou sintagmas locativos para a posição de sujeito. Entre os argumentos para a
hipótese de os locativos ocorrerem na posição de sujeito, constam: 1 – o desencadeamento de
concordância verbal “A Belina cabe 60l de gasolina”/ “*A Belina cabem 60l de gasolina” (Pontes,
1986:19); 2 – a ocorrência anteposta ao verbo (posição canônica de sujeito); 3 – a possibilidade de
serem coindexados a uma categoria (nula ou pronominal) que desempenha o papel de sujeito em
oração coordenada ou encaixada: “Essas casasi batem bastante sol e não ei possuem sistema de
captação de energia solar”, “Essas casasi batem bastante sol porque ei ficam distantes das árvores”
(Munhoz e Naves, 2010, p.2). Munhoz e Naves sustentam ainda que as estruturas de tópico-sujeito
locativo são licenciadas com verbos inacusativos biargumentais. Assim, tópicos-sujeito locativos não
ocorrem em contextos que envolvem o alçamento de sintagma modificador, como a seguir: “O carro
furou o pneu”/ “*Aqui furou o pneu”. Adotando Cinque (1999), notamos que a possibilidade de ocupar
a posição de sujeito interage com a tipologia sintática dos advérbios, pois está restrita aos advérbios
ditos de VP. Ao contrastarmos dados em que advérbios e NPs locativos ocupam a posição de sujeito no
PB, notamos também que NPs locativos comportam-se de maneira distinta de advérbios locativos. NPs
locativos são capazes de desencadear concordância, enquanto advérbios locativos não: “Essas casas
54 batem sol” (Pontes, 1986); “*Aqui e ali batem sol”. Concluímos que, diferentemente dos NPs plenos,
que possuem traços de número e pessoa, licenciando o desencadeamento de concordância no plural, os
advérbios locativos não manifestam a categoria „número‟, inerentemente, embora manifestem a
categoria „pessoa‟. Nesse sentido, a Sonda T identifica o traço (interpretável) de pessoa no sintagma
locativo, e ocorre a operação Agree, que permite a checagem do traço (não-interpretável) de 3a pessoa
em T. Na ausência do traço de número no advérbio locativo, o traço (não-interpretável) de número em
T é validado como singular, que é a opção default no sistema de flexão do verbo.
A expressão sintática da estrutura argumental na interlíngua dos surdos aprendizes português de L2 Hely Cesar Ferreira (UnB) Palavras-chave: L2 /L1, argumento, pronomes nulos, preposição.
O presente trabalho busca analisar as atividades de produções escritas pelos alunos surdos matriculados
em contexto educacional onde será a pesquisa de realização na Escola para Surdos de Uberaba-MG.
Este trabalho tem como objetivo principal fazer a verificação se há a variabilidade de argumentos
interno e externo nas sentenças produzidas por surdos em português como segunda língua,
considerando a interferência da L1 na interlíngua. Essa análise poderá ser apresentada como
fundamento teórico para a metodologia de ensino de português como segunda língua (L2). Partindo da
hipótese de que a aquisição de L2 é mediada pela primeira língua (L1), com acesso parcial à Gramática
Universal (GU) (cf. Chomsky 1986; 1995; White 2003), tem-se a observação de que, apesar da
interferência de LIBRAS, a interlíngua não viola os princípios da GU. Como metodologia foram
acolhidos os textos produzidos pelos alunos surdos, através de diferentes técnicas e recursos, a
criatividade e a capacidade dos alunos surdos de externar seus pensamentos de forma clara e objetiva;
utilizar vocabulário que esteja sendo trabalhado em aula (verbos, substantivos, adjetivos, pronomes,
preposições, conjunções) em português; criar a produção textual como histórias, frases
contextualizadas por meio da pedagogia visual. Após análise preliminar foram encontrados problemas
na realização de argumentos internos e externos, que podem ocorrer nulos ou sem as marcas formais da
língua-alvo (português). Os dados da interlíngua mostram interferência da L1, uma vez que não há
associação entre as marcas formais de LIBRAS na codificação da referência, e o sistema pronominal
do português ([Eles] [se]Conhece [desde] criança).
Verbos de Trajetória: Teoria gramatical e ensino de gramática na Educação Básica Letícia da Cunha Silva (UnB) Rozana Reigota Naves (UnB) Palavras-chave: Verbos de trajetória. Locativo. Competência linguística.
55 Esta pesquisa investigou o estatuto do sintagma preposicional com referência locativa relacionado a
verbos de trajetória, em estruturas como “João foi para casa” e tem por objetivo confrontar a
competência linguística do falante com o conhecimento gramatical explícito, transmitido por instrução
formal via livro didático, acerca do referido objeto de análise. O problema de pesquisa refere-se à
incoerência entre o conhecimento intuitivo do falante, que presume facilmente o locativo para a boa
formação de sentenças com verbos de trajetória, e a instrução formal, que insiste em ensiná-lo como
adjunto adverbial, a despeito de toda a discussão na teoria linguística a favor do caráter argumental do
locativo nesse tipo de estrutura. À luz dos trabalhos de Souto (2004); Corrêa (2005); Silva e Farias
(2011) e Naves e Lunguinho (2013), desenvolveu-se a hipótese de que o locativo com verbos de
trajetória desempenha uma leitura aspectual do evento, podendo ser apagado diante de certos
operadores gramaticais ou mediante um contexto discursivo prévio ou dêitico, comportando-se como
uma espécie de objeto nulo.
Para tanto, utilizou-se a distinção entre aquisição e aprendizagem, conforme Kato (2005) e as
concepções de conhecimento implícito da língua (CIL) e conhecimento explícito da língua (CEL),
segundo Duarte (2008) e Costa et al (2011). A metodologia apoiou-se na análise de materiais didáticos
e na aplicação de testes de julgamento de aceitabilidade junto a estudantes do 8º ano do Ensino
Fundamental, além de um teste de produção escrita eliciada a fim de verificar como a competência
sobre o fenômeno se revela. Os resultados obtidos confirmaram parcialmente a hipótese inicial,
apresentando variação entre os tipos de verbo e a exigência de um locativo nas estruturas investigadas.
“Presente histórico” e classes accionais Denise Miotto Mazocco (UFPR) Palavras-chave: evento; aspecto; tempo verbal.
Este trabalho investiga eventos que, mesmo com tempo verbal no presente, são interpretados como
passado, partindo de uma análise que leva em conta as classes accionais e os elementos, para além do
verbo, que garantem a localização temporal. Vendler (1967) observou que nos verbos achievements o
tempo verbal no presente quase sempre indica passado, por exemplo a sentença Now he finds the
treasure (VENDLER, 1967, p.103) não é utilizada para indicar um encontro do tesouro simultâneo a
um momento de fala; ela leva à interpretação de que o evento de encontrar já ocorreu. Esses verbos são
produtivos em textos de História (fontes de sentenças que compõem nosso corpus); são comuns
exemplos como Inglaterra invade a França, Rei Ricardo morre na batalha. Isso, porém, já não ocorre
com estativos como O presidente do Brasil sabe governar, com atividades João corre e com
accomplishments João constrói a casa, cuja interpretação temporal é de, respectivamente, presente de
predisposição, presente de hábito, ou iterativo, presente estreito, ou perfectivo (CASTILHO, 2010).
Defendemos aqui que a interpretação do tempo presente veiculando uma leitura de passado se dá pela
existência de outros elementos que “jogam” o evento para o passado, isto é, a leitura temporal não
depende somente o verbo. Nos exemplos, Getúlio Vargas sabe governar, A família real corre quando
Napoleão chega em Portugal e JK constrói Brasília, há nomes de indivíduos – Getúlio Vargas, família
real e JK – que expressam tempo. Chamamo-nos de indivíduos temporalizados (MAZOCCO, 2014),
que são constituídos por expressões denotadoras de intervalos (MÓIA, 2003). Observa-se que uma
sentença com um verbo achievement pode ter uma leitura ambígua como João chega tarde em casa –
presente histórico ou hábito –, mas quando há um indivíduo que marca tempo como em Napoleão
chega tarde na Rússia, mantém-se apenas a leitura do evento no passado. Logo, uma proposta de
representação que daria conta dessas sentenças não deveria levar em conta apenas momentos, ou
56 intervalos, de tempo – os momentos de fala, de evento e de referência de Reichenbach (1947), por
exemplo –, mas sim considerar o evento e os elementos que os constituem – como Link (1998) que
propõe uma representação de conjuntos com a tupla M = <A,E,T,H, Ɛ ,R, π, τ, σ>, em que o conjunto
de eventos E, de indivíduos I e de papéis R estão interrelacionados. Diante disso, este trabalho se
propõe a analisar a manutenção ou não de algumas propriedades accionais dos verbos (conforme a
classificação proposta por Rothstein (2004)) com o tempo verbal no presente, mas que indicam eventos
localizados no passado. Por exemplo, João luta é um evento atélico, lutar é uma atividade, já em João
luta na Segunda Guerra há a telicidade. A hipótese é, portanto, que algumas dessas propriedades de
determinados verbos se alteram em decorrência de sua combinação com o tempo histórico.
Orações Relativas de Grau em PB: Implicações sintático-­‐semânticas Wagner Luiz Ribeiro dos Santos Palavras-chave: Relativas; Maximalização; Interface sintático-semântica
O presente trabalho tem como objetivo discutir, à luz da Gramática Gerativa, as orações relativas,
propondo uma nova classificação semântica para tais orações: a classificação maximalizadora. Tendo
como base Grosu & Landman (1998), Grosu (2002), Bianchi (1999), Szczegielniak (2012) e De Vries
(2002), propomo-nos analisar as chamadas Relativas de Grau do Português Brasileiro, fazendo-o a
partir de uma proposta de maximalização do DP- Alvo. Tais relativas, em português, podem ser
divididas em dois subgrupos: as relativas existenciais e as relativas de quantidade, vistas nessa
pesquisa como orações que apresentam, com o nome relativizado, uma relação de quantificação de
grau.
Para Grosu & Landman (1998), as relativas maximalizadoras são aquelas que apresentam semântica
relacionada à quantidade especificada pela relativa, tomando o Núcleo da relativização (o N do DPAlvo) por completo. Além disso, na visão dos autores, a interpretação desse tipo de relativa se daria no
interior do CP-relativo, e não no domínio da oração matriz, conforme acontece com as relativas
restritivas e explicativas, como aponta a literatura sobre o tema. Para Szczegielniak (2013), a relação
de grau, no caso estudado, a maximalização, ocorreria pelo movimento de um DegP do interior da
relativa para a posição de Spec-CP, sendo foneticamente nulo.
De forma geral, as relativas são analisadas, tradicionalmente, como um conjunto semântico que se
relaciona com o conjunto denotado pelo NP-Alvo e, a partir dessa relação, tem-se a classificação
semântica da relativa. A proposta de análise maximalizadora diferencia-se da forma tradicional de
análise proposta pela Linguística (incluindo a Gramática Normativa), porque tais orações não
buscariam destacar parte de um conjunto maior por meio de uma intersecção, como acontece com as
relativas restritivas; ou demonstrar serem dois conjuntos iguais, como o faz uma relativa explicativa.
A aplicação dessa nova classificação semântica às relativas de grau se dá, pois, ainda segundo Grosu &
Landman (1998), tais orações não denotam indivíduos, mas “porções” desses indivíduos, agindo
diretamente sobre a ideia de quantidade, não do conteúdo do nome modificado. A ideia denotada é a de
que TODOS os indivíduos são influenciados pela noção trazida pela relativa.
57 As diferenças entre o que se fala e o que se escreve no português do Brasil: a aquisição de clíticos de terceira pessoa como L1 e L2
Lara Ribeiro da Silva (UNICAMP) Palavras-chave: aquisição de linguagem, gramática gerativa, clíticos.
Em estudos recentes de base gerativista sobre a sintaxe do português brasileiro, tais quais o de
Galves (2001), se observa que, por diversos motivos, o PB está se afastando do português europeu.
Embora a escrita ainda se mantenha conservadora e vertentes da Gramática Tradicional proponham um
padrão único para as duas variedades da língua portuguesa, Kato (2009) afirma que a distância entre o
português falado é tal em relação à norma escrita que esta só pode ser reconhecida como língua
estrangeira pelo falante do PB.
Enquanto certos aspectos dessas mudanças sintáticas recentes são verdadeiramente
estigmatizados, isso não ocorre com as mudanças em relação ao clítico de terceira pessoa “se”. De
acordo com estudos realizados por Galves (2001), “se” tem nítida tendência em desaparecer do PB.
Diante dessas constatações, este trabalho se propõe a testar a hipótese de que a aquisição de
clíticos de terceira pessoa para o PB se comporta como em L2 através de um panorama sobre os
estudos realizados até o momento sobre a aquisição de clíticos, com foco nos clíticos de terceira
pessoa, tanto com L1 e L2. Para tanto, pretende-se analisar alguns trabalhos já realizados sobre o
assunto tais como: o de Wexter et al (2003) sobre a omissão de clíticos em catalão e em espanhol; o de
Wexler&Tsakali (2003) sobre a possibilidade da omissão de clíticos ser universal durante o período da
aquisição de linguagem; e o de Costa & Lobo (2006) sobre a aquisição de clíticos em PE.
A análise a ser desenvolvida neste trabalho se baseia no trabalho de Nunes (1990), no qual o
autor estabelece o estatuto teórico das construções que envolvem o “se”, apassivador e indeterminador,
dentro do quadro da Teoria da Regência e Ligação (CHOMSKY, 1981) e traça o percurso diacrônico
dessas construções no PB.
O autor registrou alterações relativas principalmente à presença/ausência desse clítico e
também quanto à concordância entre o verbo e o argumento interno. Quanto às formas inovadoras
encontradas no PB, ele dá destaque para três delas:
1)
Preferência pela discordância entre o verbo e o argumento interno;
(a) Também desenterrou-se outras coisas semelhantes. (NUNES, 1990)
2)
Elisão do clítico “se” em sentenças finitas e;
(a) No Brasil, não se usa mais saia. (GALVES, 1987)
(b) No Brasil, não Ø usa mais saia. (idem)
3)
Inserção do clítico “se” em sentenças infinitas.
(a) João é difícil de Ø pagar. (GALVES, 1997)
(b) João é difícil de se pagar. (idem)
58 Por fim, este trabalho também se vale de outros trabalhos de Galves (1987, 1997, 2011) sobre
essas construções, em que ela aborda questões concernentes à variação do clítico “se” a fim de
comprovar que “as variações dialetais observáveis no Brasil constituem mais um argumento em favor
da hipótese da existência de uma sintaxe brasileira muito claramente distinta da sintaxe portuguesa”
(GALVES, 2001, p. 43). Nesse sentido, o que se espera é encontrar processos bastante diversos entre o
que ocorre na fala, tal qual descrito por Nunes (1990), e na escrita.
O estatuto sintático dos pronomes reduzidos no português dialectal de Minas Gerais e Goiás Manoel Bomfim Pereira (UnB) Palavras-Chave: Clítico, Pronome forte, Pronome reduzido.
A redução morfofonológica em formas pronominais do PB tem sido amplamente investigada,
principalmente no que se refere ao pronome cê, cujo estatuto na sintaxe do português brasileiro (PB)
contemporâneo recebe diferentes análises. Vitral (1996), a partir da noção de gramaticalização
(proposta por Meillet, 1958), examina o estatuto do item cê, no português atual, e propõe que essa
forma constitui uma etapa do processo de gramaticalização da forma vossa mercê. Segunda essa
proposta, o item lexical vossa mercê > passa a ser o item gramatical você > que se torna o clítico cê,
cujo estágio posterior seria, por hipótese, o de afixo flexional. Ramos (1997) concorda com essa
proposta e defende que o item cê é uma proforma em fase de gramaticalização. Petersen (2008) vai de
encontro à proposta de Vitral (1996) e Ramos (1997) e defende, em função da teoria da tripartição
pronominal de Cardinaletti e Starke (1999), que a forma cê é um pronome fraco, ou seja, não é um
clítico. Vitral & Ramos (2010) rebatem os contra-argumentos apresentados por Petersen e, embora
reconheçam os pontos fracos de sua análise, reafirmam a hipótese de que a visão da cliticização como
um processo é a mais promissora. Em tese, cê é, portanto, um tipo de pronome que não pode ser
identificado nem como pronome tônico (como é o caso de você), nem como pronome clítico, porque
tem distribuição sintática diferente desses pronomes. Nosso objetivo neste trabalho é investigar as
estruturas nas quais ocorrem os itens cê, ê/ea, ês (redução dos pronomes você, ele/ela e eles,
respectivamente) com vistas a verificar a relação entre a estrutura formal desses pronomes e sua
distribuição na estrutura oracional, tendo em vista a hipótese de que pronomes fortes, fracos e clíticos
manifestam estrutura distinta (Cardinaletti & Starke 1999). Para tanto, consideraremos sua distribuição
como sujeito ou objeto (argumento interno), como complemento de preposição, além de posição
adjacente ao verbo temático. O corpus analisado é composto por dados do português falado em Minas
Gerais (corpus do Projeto Mineirês, disponibilizado por Jânia Ramos (POSLIN/UFMG)) e em Goiás
(disponível em Rezende 2008). Em uma análise preliminar, identificamos vários fenômenos, em
particular a realização da proforma cê na posição de complemento de preposição na estrutura do VP
(Doraci falou assim “eu dô a vaga pro cê”) / (...agora eu prá fala isso com cê num vermeiei não),
contrariando a proposta dos autores supracitados, que não prevê cê nestes contextos. Quanto às
proformas reduzidas do pronome de 3ª pessoa, constatamos que elas ocorrem nos diferentes contextos
sintáticos citados, exceto como o segundo objeto em estruturas de objeto duplo (Salles 2013) (oCÊ que
vai busca ele pra mim; eu dô ê __de novo; e nós ficô cá fazeno ca velório ele/*ê). Buscamos discutir as
implicações da distribuição da forma reduzida desses pronomes, tomando por base o modelo teórico da
gramática gerativa, particularmente, no âmbito do Programa Minimalista (Chomsky 1995, 2001 e
2004).
59 “Você abre o livro” – Aspectos sintáticos de sentenças imperativas no PB: Licenciamento de sujeitos
(S-V) versus sentenças declarativas.
Moacir N. F. Junior PALAVRAS-CHAVE: imperativo; forma supletiva; traço optativo; ordem SV/VS.
O objetivo deste trabalho é investigar aspectos relacionados à estrutura sintática das sentenças imperativas no português brasileiro
(PB), na comparação com o português europeu (PE). A tradição gramatical classifica o PE como língua de imperativo verdadeiro,
por possuir morfologia verbal própria ao modo imperativo (RIVERO 1994; RIVERO & TERZI 1995; SCHERRE ET AL. 2007).
Além da morfologia própria, entre as particularidades do imperativo verdadeiro, consta a possibilidade de realização de sujeito
pré-verbal. Conforme proposto em Ferreira Junior (2011) e Ferreira Junior & Salles (2014), uma característica do modo imperativo
é o licenciamento de um traço optativo em C, responsável por não exigir o movimento do verbo para essa categoria, o que interage
com a possibilidade de o verbo ocorrer na série supletiva do indicativo e do subjuntivo, em virtude da neutralização da oposição
indicativo vs subjuntivo no sistema verbal no PB, em configurações de complementaçãoo com verbos volitivos (Quer que você/ele
ele entre/ entra aqui). Essa configuração além de não restringir a ocorrência de marcadores negativos, também licencia a ocorrência
de sujeito pré-verbal e pós-verbal em sentenças imperativas do PB. Esse licenciamento é apresentado em nossa proposta
considerando-se que na oração com sujeito pré- verbal, o verbo permanece em T, enquanto na oração com sujeito pós-verbal o verbo
se move para C – a opcionalidade na ordem SV/VS indica a opcionalidade do movimento, não havendo contraste semântico.
Considerando-se que o PB é uma língua de ordem VS restrita (cf. PILATI 2006), a ausência de restrição à ocorrência da sentença
imperativa com ordem VS é atribuída à codificação da força ilocucionária imperativa com a lexicalização do traço formal optativo
em C pelo movimento do verbo. Quanto às sentenças imperativas com ordem SV, nossa hipótese é a de que existe diferença em
relação à sentença declarativa com ordem SV, a qual é resolvida como a seguir: (i) sendo a forma verbal supletiva oriunda do
subjuntivo, não há ambiguidade, e o traço optativo em C é verificado na sintaxe fechada pelo verbo em T ([CP COPT [TP Você
entre aqui]]); (ii) sendo a forma verbal supletiva oriunda do indicativo, a força ilocucionária imperativa será deduzida do contraste
com a interpretação não habitual/ genérica de T. No intuito de investigar esse contraste semântico, consideramos a proposta de
Reichenbach (1947), que assume três pontos de localização temporal: ponto de fala S (point of speech), ponto de referência R
(point of reference) e ponto do evento E (point of event). Em nossa análise, investigamos a hipótese de que as sentenças imperativas
60 supletivas com a forma verbal oriunda do indicativo possuem uma configuração semântica diferente de sentenças no presente do
indicativo. Para o presente, o autor propõe que os três pontos de referência são coincidentes, o que gera uma configuração S-R-E.
Já as sentenças imperativas com formas verbais oriundas do indicativo possuem uma configuração com um ponto de discurso (S)
anterior ao ponto de referência (R) e ao ponto do evento (E), que ocorrem simultaneamente, gerando um sistema S---R, E.
Prepositions as complementizers in Brazilian Portuguese: modal markers and obviators Daniel Machado (UnB) Keywords: Prepositions, Complementizers, C projection.
This paper discusses the grammaticalization of prepositions introducing infinitival clauses in Brazilian
Portuguese (BP). Assuming that C projection bears features of modality and finiteness, as previously
proposed (cf. RIZZI 1997), we argue that prepositions introducing infinitival clauses in Brazilian
Portuguese carry lexical and irrealis properties, further encoding obviation effects (cf. SALLES 2009).
The irrealis feature of prepositional complementizers in BP can be attested by its finite counterpart,
which appears in a subjunctive form (see 1a-b;2). Morover the preposition ‘para’ in BP carries the
property of licensing the obviation effect (see 3a).
This phenomenon is also found with subject clauses (see 5), and the so-called ergative adjectives with
the copula verb to be (see 6) (cf. Cinque 1990). Given this pattern it is possible to say that the
preposition marks the reanalysis of the subject infinitival clause as a complement clause (see 7), as in
the presence of the preposition, the embedded clause cannot be found in the first position. We take this
restriction to interact with the SVO word order pattern of BP (MACHADO, 2013).
(1a) Eu pedi a Maria para sair daqui (=Eu pedi a Maria que saísse daqui)
(1b) Eu sugeri dela fazer o bolo (=Eu sugeri que ela fizesse o bolo)
(2) Estou surpreso de/em/?com (Daniel) estar aqui
(3) a. Eu disse a Mariai para somente mais tarde ei lavar o carro.
(5) Urge (d)ele aparecer aqui hoje.
(6) É audácia demais (d)ela vir aqui hoje.
(7) (*D)ela vir aqui hoje é audácia demais.
61 Reflexões sobre estrutura argumental com base em exemplos do Kadiwéu Ticiana Andrade de Sena (UNICAMP) Palavras-chave: Estrutura Argumental, Morfologia Distribuída, Kadiwéu.
A apresentação de trabalho aqui proposta versará sobre as ocorrências do morfema verbal d:na língua Kadiwéu, língua indígena brasileira que faz parte da família linguística Guaikurú. Morfemas
tipologicamente similares a estes têm sido chamados de relacionais por outros estudos brasileiros em
línguas indígenas. O morfema verbal d:- do Kadiwéu foi pesquisado por Sandalo (2009), que propõe
que, em certos casos, se trata de um morfema inverso. Mais especificamente, quando o objeto é
superior ao sujeito, de acordo com o padrão de hierarquia de pessoa dessa língua (2 > 1 > 3), um
sistema de voz inversa é desencadeado e esse morfema se faz presente no verbo. Contudo, foi
constatada, em narrativas Kadiwéu, a presença do mesmo morfema em situações na quais ele não
estava marcando a voz inversa.
Embora pretenda-se iniciar retomando o estudo desse morfema quando ele é um marcador de
voz inversa realizado por Sandalo (2009), o trabalho aqui proposto se centrará num estudo referente
aos casos em que o morfema d:- aparece no verbo, mas com uma função diferente da de marcador de
voz inversa. Os dados utilizados nessa investigação são provenientes de três fontes: (1) dez narrativas
Kadiwéu que fazem parte do banco de dados Kadiwéu, pertencente aos atuais Projetos de Pesquisa
coordenados por Sandalo — (a) Hierarquia de pessoa em línguas brasileiras: assimetrias e fronteiras
(sob financiamento do CNPq), (b) Fronteiras e Assimetrias em Fonologia e Morfologia (sob
financiamento da FAPESP); (2) os verbos registrados no dicionário Português - Inglês- Kadiwéu, em
anexo na tese de Sandalo (1996); (3) a lista de verbos conjugados presente no dicionário KadiwéuPortuguês / Português-Kadiwéu de Griffths (2002).
O primeiro objetivo desse estudo é identificar os tipos de verbo e/ou as classes verbais em que
a presença desse morfema se faz necessária nas situações em que ele não é um marcador de voz
inversa. A partir dessas informações, busca-se refletir sobre a estrutura argumental desses casos. As
reflexões acerca da estrutura argumental são elaboradas dentro do quadro da Morfologia Distribuída
(Harley, 1995; Marantz, 1997). A reflexão feita dialoga bastante com a proposta de estrutura
argumental apresentada por Harley & Noyer (2000). Considerando os dados do Kadiwéu, parece
adequado entender que condições de licenciamento listadas nos itens de vocabulário são determinantes
na estrutura argumental, como proposto por esses autores.
62 Português Brasileiro: uma língua de sujeito nulo ou de sujeito obrigatório? Fábio Bonfim Duarte (UFMG) Christiane Miranda Buthers (UFMG) Palavras chave: EPP, sujeito nulo, sujeito obrigatório
O português brasileiro atual, diferentemente do português europeu e do PB não- contemporâneo, tem
apresentado um gradativo aumento do preenchimento da posição à esquerda do verbo em orações
finitas, conforme é possível verificar pelos dados apresentados em 1 e 2:
(1) Porque você vê todo mundo desempregado. FALA ESPONTÂNEA) (2) Se constrói um país.
(FALA ESPONTÂNEA)
Em contextos como os apresentados em 1 e 2, se houver apagamento do sintagma XP que figura em
posição inicial, o resultado é uma sentença pouco aceitável, conforme deixam entrever os exemplos a
seguir:
(3) ?? Porque ___ vê todo mundo desempregado. (FALA ESPONTÂNEA) (4) ??__ constrói um país.
(FALA ESPONTÂNEA)
Com base em exemplos como esses, a hipótese testada no decorrer da análise foi a de que a pouca
aceitabilidade dos dados 3 e 4 está diretamente conectada com o fato de o PB contemporâneo
apresentar um significativo aumento no percentual de ocorrência da ordem sintática [XP V DP]. Um
dos objetivos do trabalho foi averiguar o estatuto gramatical dos sintagmas XPs que figuram em
primeira posição destas construções sintáticas. A pesquisa demonstra que alguns desses XPs têm
funcionado como puros expletivos, atendendo apenas a um requerimento da sintaxe estrita, como, por
exemplo, a valoração de EPP, em conformidade com Chomsky (1995). Para tal verificação, usamos
como pressuposto teórico Holmberg (2000), que analisa o fronteamento estilístico (Stylistic Fronting)
presente nas línguas escandinavas. Outro objetivo investigado foi se a emergência desta ordem estaria
correlacionada, ou não, com o enfraquecimento do sistema de concordância e com a maneira como o
PB satisfaz ao traço EPP em sentenças finitas.
Para explicar tal fenômeno, a proposta delineada no trabalho foi a fatoração de EPP em dois traços
distintos: [uD] e [uP], conforme a seguir:
Fatoração de EPP
Por meio dessa formulação, é possível dar conta da universalidade do EPP. Mais precisamente, essa
proposta lança a ideia de que EPP é uma propriedade sintática que pervaga em todas as línguas. O que
é novo nesta proposta é que os traços acima, que constituem o EPP, são parametrizáveis de língua para
língua, de sorte que podem entrar na derivação como fracos ou fortes. Esta análise nos permite analisar
o fenômeno do sujeito nulo de forma mais consistente, já que dá conta de explicar as variações
interlinguísticas referentes ao seu acionamento. De acordo com essa proposta, AGR tem apenas uma
função secundária no licenciamento de sujeitos nulos, já que nem sempre a sua presença no sistema
leva à ocorrência obrigatória do sujeito nulo. Em suma, a presente análise defende que o PB atual é
uma língua de sujeito nulo parcial. É essa propriedade gramatical que permite que a posição de sujeito
figure opcionalmente nula em certos contextos e sempre preenchida em outros. Dessa maneira, a
63 emergência da ordem [XP V (DP)] pode ser descrita como o efeito colateral da maneira como o traço
EPP é valorado no PB contemporâneo.
O gerativismo e a sala de aula: contribuições para ensino de línguas Talita G. Mensades Silva (Universidade de Brasília) Eloisa Nascimento Silva Pilati (Universidade de Brasília) Frente às grandes dificuldades encontradas na educação nos dias de hoje e a urgente necessidade de
inovação das práticas pedagógicas, o presente trabalho tem como objetivo relacionar os pressupostos
gerativistas e as possíveis colaborações que eles têm dado ao “ensino” de Língua Portuguesa. Com
uma metodologia de pesquisa e reflexão, investiga-se a contribuição dos conceitos da teoria gerativa e
dos estudos ligados a ela em três vertentes relacionadas à sala de aula: quanto (a) ao conteúdo
ministrado, ao que se entende por gramática; (b) à efetividade do material didático, dados os conceitos
que exprimem; e (c) às práticas docentes, suas dificuldades e questões no ensino de língua materna e a
metodologia de ensino adotada como causa ou consequência dos itens (a) e (b). A partir do
entendimento da relação entre o gerativismo e o ensino, expõe-se algumas metodologias sugeridas sob
o olhar gerativista para orientar a prática docente. Adota-se, como referenciais teóricos, as pesquisas de
Chomsky (1957 e trabalhos subjacentes) com os conceitos fundamentais da Teoria de Princípios e
Parâmetros, a teoria de Kato (2005) sobre a gramática do letrado, a proposta de VanPatten (2003)
sobre o input e o output, o trabalho precursor de Silva (2013) que relaciona o gerativismo e o ensino,
os trabalhos de Neves (1994), Costa (2003) e Pilati (2014) sobre a realidade atual da sala de aula, e os
trabalhos de Lobato (2003), Pilati et al. (2011), Vicente e Pilati (2012) e Silva (2015) sobre as
metodologias sugeridas.
Conclui-se que o gerativismo tem contribuído de fato com conceitos que podem mitigar os problemas
enfrentados no ensino de língua materna e trazer uma mudança significativa ao ensino. A necessidade
de inovação nas práticas pedagógicas é iminente e os estudos linguísticos têm comprovado o atraso e a
ineficiência das metodologias utilizadas na escola. Apesar de já existirem sugestões de propostas
metodológicas sob o olhar gerativista, ainda há a necessidade de uma sistematização das propostas para
que realmente haja mudança nas práticas docentes. A teoria e a reflexão estão postas, mas a orientação
prática ainda é deficitária.
64 VARIAÇÃO NA CONCORDÂNCIA VERBAL COM DPs COMPLEXOS Alzira Neves Sandoval (Universidade de Brasília) Eloisa Nascimento Silva Pilati (Universidade de Brasília) O intuito deste estudo é explicar, com base nos pressupostos da Teoria Gerativa, mais especificamente
na versão do Programa Minimalista (Chomsky 1995 e trabalhos posteriores), a variação na
concordância verbal com sujeitos constituídos de DPs complexos, tal como em (1)
(1)
a. [O valor das coisas] mudam] constantemente.
b. [O cabo das plantas] são verdes.
As perguntas a que desejamos responder são as seguintes: a) Quais são as caraterísticas sintáticas e
semânticas de orações com DPs complexos e concordância variável no PB? e b) Há semelhanças
sintáticas ou semânticas entre estruturas com DPs complexos e estruturas partitivas e pseudopartitivas?
e c) Quais as principais análises feitas sobre DPs complexos na literatura gerativista.
A concordância do verbo com sujeitos complexos é variável no PB (tanto falado quanto escrito),
conforme Naro e Scherre (1998, 2015), ou seja, o verbo pode ser flexionado no singular, concordando
com o núcleo nominal mais alto – o que é chamado de concordância canônica –, ou no plural,
concordando com o núcleo nominal mais baixo (ou encaixado) – o que Béjar (2003) denomina de
concordância parcial.
(3)
[ DPsing [ NPsing [ PP [ P de [ DPpl [ NPpl ]]]]]] [ vP [ VP [ V sing ]] – concordância
canônica
(4)
[ DPsing [ NPsing [ PP [ P de [ DPpl [ NPpl ]]]]]] [ vP [ VP [ V pl ]] – concordância parcial
Em relação às semelhanças sintáticas ou semânticas entre estruturas com DPs complexos e estruturas
partitivas e pseudopartitivas parece que tais construções não são sintaticamente idênticas. Uma
construção partitiva é uma estrutura bipartida, articulada em cabeça e coda, ligada pela preposição
“de”. A cabeça é formada por elemento quantificador e a coda por um sintagma determinante
encabeçado por um determinante definido. A coda expressa um conjunto de indivíduos
(extensionalmente determinado ou pressuposto) do qual a cabeça extrai um subconjunto próprio de
elementos (Brucart, 1997, apud Demonte e Jiménez, manuscrito).
(5)
a. A maioria das crianças dormiu/dormiram tarde ontem.
As estruturas pseudopartitivas, por sua vez, apresentam núcleo nominal quantitativo e diferenciam-se
das partitivas por apresentarem como modificador um sintagma nominal indefinido.
65 (6)
a. Um grupo de estudantes de escolas públicas foi aprovado/foram aprovados em
universidades internacionais.
As orações com DPs complexos diferenciam-se das construções partitivas e pseudopartitivas porque
não apresentam como núcleo nominal nome com valor partitivo ou quantitativo (maioria, parte,
metade, porção, grupo, monte etc.). Nos DPs complexos, os sintagmas nominais não são constituídos
de nomes quantificadores nem partitivos, ou seja, não denotam quantidade nem partibilidade. São
nomes compostos por um conjunto de traços, tais como [+/-humano], [+/-animado], [+/-comum] e [+/contável], conforme Scherre e Naro (2015).
ESTRATÉGIAS DE PREENCHIMENTO DO SUJEITO E MANIFESTAÇÃO DA CONCORDÂNCIA VERBAL EM PRODUÇÕES ESCRITAS DE ALUNOS DE EJA: UMA ANÁLISE PRELIMINAR COMPARATIVA Stefania Caetano Martins de Rezende Zandomênico (PG, UnB) Eloisa Nascimento Silva Pilati Este trabalho apresenta uma análise preliminar acerca das estratégias de preenchimento do sujeito e da
manifestação da concordância verbal presentes na produção escrita de discentes oriundos da Educação
de Jovens e Adultos – EJA. O presente estudo busca estabelecer relações entre princípios da Teoria
Gerativa (CHOMSKY 1957, 1981, 1986, 1988, 1998, 1999) e questões que envolvem o processo de
ensino-aprendizagem de línguas naturais (LOBATO 2003; KATO 1996, 2005, 2013; MAGALHÃES
2000; PIRES 2015; LICERAS 2015). Partimos da hipótese, defendida por Liceras (2015), de que a
forma adequada para a análise das gramáticas dos alunos deve ser um modelo teórico que contenha
uma base de comparação universal e que possa determinar como os princípios (e as regras) desse
componente são realizados na L1, na L2 e na interlíngua. Este trabalho apresenta uma análise
comparativa preliminar entre os dados encontrados em textos escritos do ENEM 2013 feitos por alunos
de EJA e os dados de fala de falantes cultos analisados por Berlink et al. (2009), nos mesmos contextos
destacados pelas autoras: com sujeitos nominais, com sujeitos pronominais plenos, com sujeitos
pronominais nulos, com sujeito coletivo, em orações adjetivas, em orações com verbo inacusativo, em
orações de ordem V-S e em construções passivas. Uma vez que os estudos atuais que trabalham as
relações entre os pressupostos do Gerativismo e o ensino o fazem sob a perspectiva do ensino regular,
a pesquisa a ser realizada a partir da análise feita pretende contribuir trazendo dados desse processo em
uma modalidade de ensino não contemplada anteriormente em estudos similares: a EJA. A produção
escrita de alunos provenientes da EJA é relevante como objeto de pesquisa, entre outros, para que se
analisem as influências do ensino formal durante o período crítico e o processo de aprendizagem de
uma nova variedade linguística, na modalidade escrita.
66 Estudo de caso sore o desenvolvimento da consciência sintática em sala de aula Juliana Carolina Argenta Carlos Lopes da Silva – UnB Eloisa Nascimento Silva Pilati – UnB Este trabalho tem objetivo de demonstrar de que forma os princípios relacionados à teoria
gerativista, aliados a metodologias que privilegiam a aprendizagem com metacognição, podem
contribuir para o ensino de gramática na educação básica. Trata-se da análise de um arcabouço teórico
a respeito de metodologias de ensino de aspectos linguísticos e gramaticais da língua portuguesa, de
metodologias de ensino de língua desenvolvidas no Brasil e em Portugal para verificar o que há de
material disponível para os professores e de que forma tais metodologias podem ser aplicadas em sala
de aula com vistas a tornar o ensino de língua portuguesa mais eficaz e, com base nas ideias de Lobato
(2013), Costa et al (2011),Vicente & Pilati (2012) e Pilati (2014). Além disso, desenvolve, testa e
analisa uma atividade gramatical sobre identificação e classificação do sujeito e do predicado, com
base em Duarte (2007) e Raposo (2014),. A atividade tem como abordagem de ensino a concepção de
gramática interna, como exposto em Kato (2005), e o conhecimento explícito da língua adotado pelo
Guião (2011). A metodologia utilizada foi a da aprendizagem ativa e dos procedimentos de descoberta
e metacognitivos vistos em Lobato (2003), Costa et al (2011),Vicente & Pilati (2012) e Pilati (2014).
Com relação à técnica implementada, essa consiste na exposição e análise dos dados, para que sejam
tiradas conclusões com relação às regras aplicadas à formação das estruturas das orações. Os
conhecimentos desenvolvidos são então aplicados ao texto, a partir da revisão textual, e os conteúdos
são sistematizados na forma de esquema. Os alunos que tiveram contato com o material didático
desenvolvido demonstraram uma nítida associação do conteúdo estudado ao conhecimento de mundo
que possuem. Pode-se perceber que a abordagem do aprendizado pela descoberta, com metacognição,
revela-se um caminho promissor no ensino de língua materna, porque foi possível notar a evolução das
respostas dos alunos, com relação à complexidade e ao uso das terminologias e o desenvolvimento do
raciocínio destes diante das análises.
67 Decomposição lexical em primitivos semânticos e a problematização da analiticidade Alex de Britto Rodrigues (UFPR) Palavras-chave: primitivos semânticos, analiticidade, decomposição lexical.
Este trabalho tem como objetivo analisar alguns argumentos centrais no debate entre atomistas e
decomposicionistas a respeito do significado lexical. A perspectiva decomposicionista sugere um nível
de representação em que um item lexical pode ser decomposto em “unidades menores” abstratas, os
“primitivos” (também chamados de “primitivos conceituais”, “primes”, “predicados primitivos”, entre
outros termos). Já a perspectiva atomista, na qual o artigo de Fodor (1970) “Three reasons for not
deriving ‘kill’ from ‘cause to die’” pode ser considerado um dos primeiros trabalhos influentes,
defende a impossibilidade de se decompor itens lexicais em primitivos semânticos uma vez que um
“conceito” seria indivisível, e para cada item lexical haveria um conceito. Alguns argumentos gerais
atomistas contrários à decomposição lexical são levantados a fim de observarmos como as propostas
decomposicionistas respondem a eles. Nossa tese é que a analiticidade, relacionada às inferências das
quais os primitivos semânticos derivam, é central nesse debate e os argumentos das duas posições
dependem de como essa questão é tratada. As inferências das decomposições em primitivos seriam
analíticas, ou seja, teriam como base condições de verdade que não exigem verificação epistemológica;
por exemplo, a equivalência entre “kill” e “cause to die” não precisaria ser verificada, pois se trata de
um conhecimento a priori. Prosseguindo com nossos objetivos, discutimos o conceito de
“analiticidade” e o debate não consensual a respeito de sua validade. Posteriormente, analisamos
algumas abordagens decomposicionistas, principalmente no que diz respeito ao modo como elas
respondem às críticas atomistas (principalmente Fodor, 1970; 1980; 2003), entre elas a de Jackendoff
(1983; 1990; 2002) e a de Pietroski (2003). O que podemos notar é que essas abordagens
decomposicionistas desconsideram a problematização, apresentada pela posição atomista, a respeito da
validade da analiticidade. Com essa problematização, a analiticidade, base para as derivações
decomposicionistas, é posta sob suspeita. Por outro lado, a posição decomposicionista conta com a
análise de vários dados que sustenta a existência de primitivos semânticos. Porém, esses primitivos são
estipulados como elementos abstratos, cuja natureza é difícil de ser atestada, o que pode tornar não
falseáveis as propostas decomposicionistas.
68 Interface sintaxe – fonologia: um estudo acerca da percepção oral de aprendizes de inglês como língua estrangeira Wallace Soares Barboza (UnB) A partir da aplicação de testes de percepção, com gravações de áudio proferidas por quatro falantes de
língua inglesa (1 americano, 1 britânico e 2 brasileiros), para aprendizes de inglês como língua
estrangeira de nível avançado, regularmente matriculados em institutos de idioma do Distrito Federal,
este trabalho visa delinear um estudo acerca de aspectos sintáticos e/ou fonológicos que podem vir a
influenciar na compreensão oral, como por exemplo a palatalização e a epêntese de fonemas e sílabas.
Tais aspectos de compreensão serão analisados através da ótica dos estudos de aquisição de Christophe
et al. (1997), Ellis (2008) e Jenkins (2000, 2002), e, também, através dos estudos acerca da interface
sintaxe – fonologia de Downing (2013), Elordieta (2011), Frascarelli (2013), Selkirk (2002, 2009),
Truckenbrodt (2007) e Yahya (2013). Entretanto, não há resultados parciais, pois trata-se de um estudo
em andamento.
Uma investigação sobre a natureza locativa dos predicados psicológicos no português brasileiro Paula Guedes Baron (UnB) Rozana Reigota Naves (UnB) O presente trabalho tem origem em uma pesquisa em andamento cujo tema é a
investigação da natureza locativa dos predicados psicológicos no português brasileiro
(doravante, PB). Esses predicados são caracterizados semanticamente por expressarem algum
tipo de emoção ou sentimento, além de possuírem, impreterivelmente, um argumento
Experienciador, que representa o indivíduo que está em um estado emocional descrito pelo
verbo. Com relação ao mapeamento desse argumento, em estruturas transitivas, no português
brasileiro, os verbos psicológicos subdividem-se em dois grupos (NAVES, 2005): (i) verbos
que atribuem o papel-θ Experienciador apenas ao argumento na posição de sujeito – ExpSuj; e
(ii) verbos que possuem o argumento Experienciador na posição de objeto – ExpObj.
Landau (2010, p. 6) considera que “Experienciadores são locações mentais, isto é, locativos”.
Além disso, o autor postula que essa natureza especial implica, também, um comportamento
gramatical especial para os Experienciadores objetos, os quais são considerados oblíquos
(dativos).
Seguindo a ideia de que Experienciadores são cognitivamente locativos (LANDAU,
2010), buscamos desenvolver, no âmbito da teoria gerativa, uma análise que confirme ou
refute, para o PB, o postulado do autor de que todos os Experienciadores objetos são
oblíquos/dativos. Nossa análise tem como foco a formação de construções perifrásticas
psicológicas (verbo leve + nome de estados mental), como em (1b), as quais consideramos
como sendo semanticamente equivalentes às sentenças com verbos plenos, (1a):
(1) a. O aumento dos impostos estarreceu a população.
69 b. O aumento dos impostos causou estarrecimento na população.
A escolha desse tipo de construção justifica-se pelo fato de, em um primeiro
momento, o Experienciador (população, em (1b)) configurar-se gramaticalmente como um
locativo, visto que o argumento que possui esse papel temático é o complemento da
preposição em, que geralmente é utilizada para introduzir um sintagma locativo, como em
‘Maria está em casa’. Entretanto, precisamos, também, averiguar se os Experienciadores das
estruturas com verbos plenos (1a) são argumentos dativos, como estabelece Landau (2010).
Ainda com relação às perífrases, pretendemos constatar se a seleção dos verbos leves bem
como as preposições empregadas nas perífrases formam um padrão coeso, responsável por
caracterizar diferentes grupos dos verbos psicológicos e por manifestar os diferentes
comportamentos que esses predicados manifestam. Por exemplo, procuramos examinar se os
verbos e preposições distinguem-se ao representarem o uso agentivo de um predicado
psicológico, como o verbo assustar, que exibe verbos distintos para a sua leitura agentiva,
(2a), e para a não agentiva (2b):
(2) a. Os adolescentes deram um susto nas crianças.
b. O incêndio do prédio causou um grande susto nos moradores da redondeza.
A semântica intensificacional dos “diminutivos” e suas implicações morfológicas Rafael Martins Rocha (UnB) Conforme atestam os estudos tipológicos (BAUER, 1997; GRANDI, 2011; JURAFSKY, 1996;
KORTVÉLYESSY; STEKAUER; VALERA, 2012), a noção semântica “diminutivo” é universal. A
natureza dos processos morfológicos pelos quais os morfemas avaliativos são incorporados na
gramática das línguas constitui um objeto de grande interesse às pesquisas linguísticas. Este trabalho
aborda comparativamente a expressão do diminutivo sintético no português e no inglês, -inho/-zinho e
–ie/y, respectivamente.
Um dos grandes debates acerca do tema é a tentativa de classificação da morfologia avaliativa
em relação às categorias flexionais e derivacionais. Com o objetivo de contribuir à discussão, o
presente estudo tem como enfoque as implicações do critério da relevância sintática para a sufixação
de “diminutivos”. Abordado em Camara (1970), mas consagrado por Anderson (1982), tal princípio é
assumido na literatura como definidor da natureza mais derivacional que flexional da morfologia
avaliativa.
Primeiramente, propõe-se a reanálise de sufixos de diminutivo como morfemas
intensificadores. Em sua maioria, pesquisas linguísticas (para citar algumas: DRESSLER &
BARBARESI, 1994; GONÇALVES, 2008; LOURES, 2000) têm adotado um viés expressivoestilístico na abordagem dos diminutivos. Consideram a subjetividade do falante como fator principal,
se não único, para o acionamento desses morfemas, que podem significar, positivamente, afetividade,
aprovação, apreciação ou, negativamente, menosprezo, desaprovação e depreciação. No entanto, tais
análises desprezam a semântica intensificacional veiculada pelos sufixos em questão a nomes
deadjetivais (“Don’t be such a meanie!”), adjetivos (“O balde está cheinho d’água”), advérbios (“Eu te
devolvo agorinha mesmo!”, verbos (“Eu vou lá correndinho”). Apesar do diminutivo poder apresentar
certo teor polissêmico no que diz respeito à classe dos nomes, para as demais classes, em português, ou
70 para os nomes deadjetivais do inglês, o sufixo faz a palavra resultante significar ‘mais X que a base’
invariavelmente.
Discutem-se, assim, os desdobramentos do critério da obrigatoriedade sintática. Costuma-se
ressaltar como característica derivacional dos afixos gradativos a arbitrariedade envolvida no
acréscimo desses morfemas uma vez que são imotivados pela construção sintática. Entretanto,
semanticamente, considerando as formações em que o sufixo é um intensificador, é possível identificar
a atuação de princípios de natureza gramatical, isto é, fatores morfossemânticos presentes no
acionamento do grau. Ora, os sufixos -inho e –ie/y veiculam um significado regular, que é o de
comparação gradual em relação à base. Os pares cheio vs. cheinho/mean vs. a meanie, por exemplo,
demonstram que a forma sufixada representa alto grau de intensidade da propriedade descrita pela
base. Isso significa que não é possível uma mera intercambialidade entre as formas sem que haja
alteração semântica significativa. Dessa maneira, uma investigação mais aprofundada sobre a natureza
intensificacional dos sufixos ditos “diminutivos” pode vir a revelar mais informações sobre o alcance
da opcionalidade do falante no acionamento dos afixos gradativos.
ECM vs default accusative Case in Latin Jane Adriana Ramos Ottoni de Castro (Universidade de Brasília) The focus of this paper is the syntactic distribution of (3rd person) subject pronouns in the ‘accusative +
infinitive’ (AI) construction in Latin. To give concrete examples, we should initially consider an epistemic
verb such as putare (‘to judge’, ‘to evaluate’, ‘to estimate’, ‘to think over’) as a predicate that selects an
infinitive clause (cf. Ernoux & Thomas 1989):
(1) eam necesse putas
esse
in consulis corpore defigere (Cíc., I Cat. VI, 16)
Accus. Attrib. evaluate.2s to be.Inf.Pres. Adv + Gen.
to stab.Inf.Pres.
‘You think necessary to stab it [=a knife] in the consul’s body.’/ ‘You think necessary to stab the consul’s
body with it [=a knife]’
Assuming that the fulfillment of the subject as Nominative is associated to the phi-features marking and timefeature marking, within the framework of Generative Theory, it is natural to infer that the Accusative subject
is related to the absence of phi features on the infinitive. A question that arises is: what is the source of the
accusative on the (logical) subject of the completive clause? A natural answer is that it is linked to the
(transitive) verb in the main clause, as suggested by the structures in (2), in which the (logical) subject of the
embedded clause occurs as the (nominative) subject of the main clause, under passivization:
(2) Galli dicuntur in Italiam transisse (‘It was said that the Gauls crossed Italy.’)
However, as originally shown by Bolkestein (1979) (see also Roberts 2007), the same cannot be said of (3),
in which the verb in the matrix clause is passivized and the source of the accusative on Gallos cannot be the
main verb:
(3) Dicitur Gallos in Italiam transisse (‘It was said that the Gauls have crossed Italy.’)
Following previous work (Castro 2014), we propose that the accusative Case has two sources in Latin: (i) the
ECM one, in which (embedded) T is selected by matrix v-V, the embedded (logic) subject being licensed
under Agree, within a single strong phase – under passivization of matrix V, as in (2), v-V is unable to enter
an Agree relation, the (embedded logic) subject being licensed as nominative in the matrix specTP; and (ii)
the source in which C is selected in the numeration, in spite of the defective status of T, a possibility that is
restricted to tense-marked T (as in Latin); the embedded (logic) subject in turn is obligatorily licensed within
the (embedded) strong phase; in the absence of Agree (due to the defective status of embedded T), it is
realized as a (default) accusative, while the upper subject is realized by a 3rd person (null) expletive (as in (3))
71 (cf. Cecchetto & Oniga 2001). A natural consequence is that either strategy is available for constructions in
which the (matrix/ transitive) V displays active voice, as in (1).
Dispositional adjectives: different sizes Bruna Moreira (Universidade de Brasília) Dispositional adjectives, e.g., readable, deplorable, have been claimed to be lexically derived (Wasow 1977). From this lexicalist perspective, Wasow proposes a lexical rule (similar to a passive rule) to derive this class of adjectives in English. Crucially, lexical rules allow idiosyncrasies and exceptions, thereby accounting for the lack of uniformity between some adjectives and their passive counterpart (cf. 1). From a non-­‐lexicalist perspective, Oltra-­‐Massuet (2010, 2013) derives the aforementioned contrast from different heights of attachment of the modal suffix, arguing for two classes of adjectives, high and low. In this analysis, high -­‐ble involves verb derivation and bears a passive component, whereas low -­‐ble involves root derivation (cf. 2). In this paper, I argue in favor of a syntactic view of word-­‐formation, therefore rejecting an explanation in terms of lexical rules, though I will not explore different heights of attachment of the modal suffix. I claim dispositional adjectives are analogous to a passive operation, as defined by Bruening (2013). From this perspective, there is no high and low attachment, and the modal suffix will always target an unsaturated Voice (Initiator) projection. I implement this idea in Ramchand’s (2008) first phase syntax. I analyze the modal suffix as a dynamic modal, following Brennan (1993), with generic, quasi-­‐universal force (cf. Hackl 1998, Giannakidou e Staraki 2013). In the present analysis, the derivation of this class of adjectives involves the modalization of different verbal structures. I conclude dispositional adjectives correspond to structures of different sizes (e.g., washable encodes three verbal projections, initiation, process and result, roughly: washable [Mod [init’ [proc [res] ] ] ]; readable: [Mod [init’ [proc] ] ]; and deplorable [Mod [init’] ]). (1)
a. b. His handwriting can be read → his handwriting is readable ?The condition of the library can be deplored → The condition of the library is deplorable (Wasow 1977) (2) a. High -­‐ble [aP a [ModP [Mod w Rc] [AspP AspR [vP Vpass [√ROOT √ROOT DP ] ] ] ] ] b. Low -­‐ble [aP a [ModP [Mod w Rc] [AspP Asps [√ROOT √ROOT DP ] ] ] ] (Oltra-­‐Massuet 2014) 72 Orações gerundivas com sujeito oracional no Português do Brasil Camila Parca Guaritá (UnB) Eloisa Nascimento Silva Pilati (UnB) O presente estudo investiga as propriedades sintáticas de orações gerundivas nas quais a referência do
sujeito da oração encaixada depende do conceito expresso por toda a oração principal, como ocorre em
(1):
(1)
a.[O índice foi reduzido para zero]i, [i] tornando a lei mais eficaz
b. [O país tomou medidas sérias em relação à corrupção]i, [i] fazendo a nação crescer.
c. [A participação de todos é indispensável nessa luta contra as infrações]i, [i] reduzindo as
vítimas de álcool.
d. [A conscientização da população veio com a diminuição do número de mortes em acidentes
de trânsito]i, [i] mostrando os efeitos positivos dessa lei.
e. [Mostraremos a importância do café solúvel]i, [i] apresentando o porquê da compra desse
tipo de café.
Há poucos trabalhos que abordam diretamente esse tipo de oração. No PB, tais estudos são: Moutella
(1995): apresenta estruturas em que o sujeito do gerúndio não está coindexado ao sujeito da matriz,
mas se refere à situação descrita nessa oração como um todo; Lopes (2008): a autora usa a
terminologia de “orações gerundivas apositivas de foco” para se referir as orações gerundivas com
sujeito oracional, estruturas que possuem a característica de ter o sujeito da oração reduzida referente à
situação descrita na matriz e não um elemento nominal dela, o sujeito do gerúndio seria um PRO de
controle coindexado com a oração inteira.
Seguindo Guaritá (2015), neste trabalho, defende-se a hipótese de que tais orações são orações
relativas livres reduzidas de gerúndio (diferentemente das propostas de Moutella (1995) e Lopes
(2008)). Para desenvolver tal hipótese, são realizados testes para identificar as semelhanças entre
orações gerundivas com sujeito oracional e orações relativas livres e são apresentadas as estruturas
propostas para explicar as propriedades das orações em (1).
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