INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA ASSOCIADA A MASSAS ADRENAIS BILATERAIS DE GRANDES DIMENSÕES MESMO COM O TRATAMENTO DE TUBERCULOSE PULMONAR E HANSENÍASE Mesquita P, Maia J, Magalhães K, Ribeiro O, Bandeira F Unidade de Endocrinologia e Diabetes - Hospital Agamenon Magalhães MS/SES/UPE, Recife - Pernambuco, Brasil INTRODUÇÃO A Insuficiência adrenal (IA) primária ou Doença de Addison tem como principais causas a doença auto-imune seguida das doenças infecciosas, em especial a tuberculose (TB). Adrenalite tuberculosa resulta da disseminação hematogênica de uma infecção ativa presente no organismo. TB extra-adrenal é usualmente evidente, mas pode estar clinicamente latente. A destruição da glândula adrenal é gradual, com aumento do tamanho por infiltração de células inflamatórias do córtex e granulomas no início da doença. Em exame de imagem, calcificações da adrenal podem ser vistas em aproximadamente 50% dos pacientes. Após terapia antituberculosa eficaz, a recuperação da função adrenal pode ocorrer, porém usualmente isto não ocorre. RELATO DE CASO Paciente masculino, 32 anos, internado em serviço de pneumologia, com tosse produtiva, febre vespertina e perda ponderal, porém com baciloscopias negativas e radiografia de tórax normal. Devido quadro sugestivo de TB, foi iniciado tuberculostáticos empiricamente, com boa resposta. Após início do tratamento, evoluiu com hipotensão e hipoglicemias, respondendo ao uso de hidrocortisona, sendo levantada possibilidade de IA. Na tomografia computadorizada (TC) e na ressonância nuclear magnética (RNM) foram evidenciadas lesões em glândulas adrenais, a direita medindo cerca de 6,5 x 3,5cm e a esquerda, 5,0 x 3,0cm, sendo encaminhado para o HAM para investigação. Foi, então, realizado desmame do corticóide, e paciente voltou a apresentar clínica de IA, com medida do cortisol sérico na crise de 0,1µg/dL. Neste momento surgiram lesões de pele sugestivas de hanseníase multibacilar, com baciloscopia positiva, e histopatológico compatível com o diagnóstico. Foi então reiniciado o tratamento para IA (hidrocortisona, 15mg/d), com boa resposta, e instituído tratamento para hanseníase. Foi realizada punção aspirativa com agulha fina das lesões adrenais. A cultura do aspirado foi negativa para BK e o histopatológico evidenciou necrose. Foi decidido acompanhar o paciente clinicamente e com exames de imagem. Após aproximadamente 1 ano do término do tratamento da TB, foi repetida TC que evidenciou persistência dos processos expansivos discretamente heterogêneos, comprometendo glândulas adrenais, bilateralmente, à direita de 4,7x4,3x2,7cm e à esquerda de 4,3x4x3,2cm com calcificação de predomínio periférico e componente sugestivo de líquido/necrose. CONCLUSÃO Este caso ilustra uma apresentação incomum de insuficiência adrenal primária.