CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DO AMAZONAS Atendimentos do Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas em 2006 2007. Universidade Federal do Amazonas. Hospital Universitário Getúlio Vargas. Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Elaboração, edição e distribuição: Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas Av. Apurinã, n° 4, Praça 14 CEP: 69020-170 Manaus AM Telefone: (92) 3621-6502 Fax: (92) 3621-6532 Telefone de Emergência: 0800 722 6001 / (92) 3622-1972 Site: www.cit.ufam.edu.br E-mail: [email protected] U58a Universidade Federal do Amazonas. Hospital Universitário Getúlio Vargas. Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas. Atendimentos do Centro de Informações Toxicológica do Amazonas em 2006 / Universidade Federal do Amazonas, HUGV, CIT.- Manaus : EDUA, 2007. 40 p. : il. Col. ; 22 cm ISBN 978-85-7401-282-7 1.Toxicologia 2. Estatística 3. Intoxições 4. Prevenção – Manaus, AM I. Centro de Informações Toxicológica do Amazonas II. Hospital Universitário Getúlio Vargas III Galvão, Taís (Org.) IV. título CDU 615.9:31(811.3) CDD 615.9:318.113 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Flaviano Lima de Queiroz - CRB 255/11ª Tiragem: 2.000 exemplares Impresso em papel reciclado Universidade Federal do Amazonas Hospital Universitário Getúlio Vargas Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas Atendimentos do Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas em 2006 I Sumário Sumário Apresentação ........................................................................................................................... 01 Atendimentos do CIT/AM em 2006 ........................................................................................ 02 Organização: Taís Galvão Exposições Humanas ..................................................................................................... 05 Referências .................................................................................................................. 16 Prevenção de Intoxicações ........................................................................................................ 17 João Galvão e Taís Galvão 1. Introdução .............................................................................................................. 21 2. Como ocorrem as intoxicações ............................................................................... 22 3. Aspectos gerais de prevenção de intoxicações ...................................................... 25 4. Como evitar as intoxicações ................................................................................... 26 5. Cuidados específicos com determinados produtos químicos .............................. 27 6. Recomendações gerais ............................................................................................ 28 7. Bibliografia consultada ......................................................................................... 30 Sumário Apresentação Apresentação As substâncias químicas estão presentes diuturnamente em nossa rotina, seja de origem natural animal, vegetal, mineral ou sintética, todas com capacidade de causar dano aos organismos vivos (toxicidade), como previu Paracelsus no século XV. A ocorrência de eventos adversos decorrentes da exposição é determinada pelos fatores: organismo vivo, agente tóxico e a circunstância dessa interação, e é denominada intoxicação. Para prevenir e colaborar nos casos de intoxicação, a partir de meados do século passado, surgiram no mundo todo serviços especializados em coletar as informações disponíveis sobre os diferentes produtos químicos, sua composição, efeitos e tratamento. Tais serviços, denominados Centros de Controle de Intoxicações, Centros de Atendimento Toxicológico e Centro de Informações Toxicológicas estão acessíveis 24 horas por dia, sete dias por semana por qualquer cidadão, gratuitamente. Regionalmente, trazem respostas às demandas locais; por sua capilaridade possibilitam diagnóstico fidedigno da realidade, permitindo a prevenção e controle de situações de risco. Representam estratégias de estado para saúde, ambiente e segurança, sendo recomendados pelo Programa das Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde, Organização Mundial do Trabalho, dentre outros órgãos de âmbito mundial. Em nosso estado, pioneiramente na região norte, o Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT/AM) teve seu projeto iniciado na Universidade Federal do Amazonas em 1985, e, em 1991 instalado no Hospital Universitário Getúlio Vargas, onde funciona em plantão permanente. Desempenhando diversas atividades que envolvem: atendimento e acompanhamento de exposições humanas e animais, divulgação do serviço, prevenção de intoxicações, cursos e treinamentos em toxicologia, o CIT/AM busca proporcionar à população amazonense serviço de qualidade que colabore com a Assistência Toxicológica do Estado. A presente publicação tem objetivo de disseminar as informações sobre exposição a agentes tóxicos do Estado do Amazonas, em uma forma convidativa à leitura e interpretação. Os dados aqui ilustrados representam o trabalho desenvolvido pelo CIT/AM no ano de 2006 e proporcionam conhecimento dessas exposições, evidenciando parte da situação do Estado referente à toxicologia. Cidadãos comuns, profissionais da saúde, gestores e pesquisadores podem definir metas que colaborem na prevenção e assistência das intoxicações, a partir do reconhecimento da existência do problema e sua relevância. 01 Apresentação Atendimentos Atendimentos do do CIT/AM CIT/AM em em 2006 2006 Atendimentos Atendimentospelo pelotipo tipo No ano de 2006, o Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT/AM) atendeu 818 solicitações entre Exposição Humana, Exposição Animal e Solicitação de Informação Toxicológica. Os casos de exposição são acompanhados até resolução do quadro, prestando assistência necessária até recuperação do paciente. As informações toxicológicas aqui registradas são referentes a consultas à toxicologia das substâncias, como: mecanismo de ação, toxicidade e riscos. Você sabia? Exposição é o contato do organismo vivo com um agente externo. A partir deste contato podem ocorrer desequilíbrios fisiológicos levando a processos patológicos, caracterizando intoxicação. Nem toda exposição leva à intoxicação, e os CITs ajudam nestas situações, evitando que danos maiores possam ocorrer através da orientação da melhor conduta a ser tomada. Humana 716 87,5% Informação 83 10,1% Popularmente podemos dizer que intoxicação é a doença causada por substâncias químicas. Animal 19 2,3% Atendimentos Atendimentospor pordia diada dasemana semana O plantão permanente do CIT atende a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer dia da semana, as solicitações via telefone. Observamos que em 2006 os dias da semana com maior número de solicitações foram a sexta-feira e o sábado, porém sem significância estatística (Qui-quadrado 0,53). 100 106 118 118 108 120 124 124 Quarta Quinta Sexta Sábado 50 0 Domingo Atendimentos do CIT/AM em 2006 Segunda 02 Terça Atendimentos Atendimentos do do CIT/AM CIT/AM em em 2006 2006 Atendimentos Atendimentosrealizados realizadospor porturno turnodo dodia dia 350 316 300 O turno do dia mais prevalente foi a tarde, dado que se repete em outros centros nacionais e internacionais. 316 250 239 229 239 229 50 33 Noite (18-24h) 100 Tarde (12-18h) Manhã (06-12h) 150 33 Madrugada (24-06h) 200 0 Atendimentos Atendimentosrealizados realizadospor pormês mêsdo doano anode de2006 2006 O mês de maio obteve o menor número de chamadas (39) e dezembro o maior número (107). Em alguns estados e países a sazonalidade é bem estabelecida, sendo o período do verão o mais prevalente. Em nosso estado não é possível fazer inferências com este dado. JAN 110 90 NOV S ET JUL JUN 70 OUT MAR AGO ABR 50 MAI 30 Jan Fev Mar Abr Mai Jun 03 Jul Ago Set Out Nov Dez Atendimentos do CIT/AM em 2006 Atendimentos Atendimentos do do CIT/AM CIT/AM em em 2006 2006 Atendimentos Atendimentospor porlocalidade localidadede deorigem origemda dachamana chamada Região Norte R Manaus 720 (88,0%) Atendimentos Atendimentos fora fora do do Estado Estado do do Amazonas Amazonas Pará Interior do AM 66 (8,1%) Outro estado 19 (2,3%) Desconhecido 13 (1,6%) 4 (20%) Tocantins 1 (5%) Rondônia 3 (15%) Roraima 6 (35%) Subtotal 14 (75%) Região Nordeste Maranhão Subtotal 1 (5%) 1 (5%) Região Centro Oeste Mato Grosso Subtotal 1 (5%) 1 (5%) Região Sudeste São Paulo 1 (5%) Espírito Santo 1 (5%) Subtotal 2 (10%) Outro País Colômbia Subtotal TOTAL 1 (5%) 1 (5%) 19 (100%) A cidade de Manaus concentra o maior número de solicitações ao CIT, com 88% do total. O interior do estado representou cerca de 8% das chamadas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dos 3.232.330 habitantes do Amazonas, 1.688.524 (52,2%) residem na capital. Parcialmente se explica esta predominância, porém há que se considerar a necessidade premente de divulgação do CIT, principalmente no interior do estado, a fim de que esteja disponível à toda população, vencendo as distâncias existentes. Outros estados, principalmente da região norte, também buscaram o serviço (2,3%). Atendimentos do CIT/AM em 2006 04 Atendimentos Atendimentos do do CIT/AM CIT/AM em em 2006 2006 Solicitante Solicitante dos dos atendimentos atendimentos por por classe classe O público que busca o CIT é classificado em dois tipos: o profissional da saúde e o leigo. Por leigo entende-se qualquer pessoa que não seja da área da saúde, que recebe atendimento do CIT. Muitas vezes é um parente ou o próprio paciente. A maioria das solicitações de 2006 foram dos profissionais da saúde (60,6%), com predomínio da classe médica (quase 80%). Outro Profissional da Saúde 17 3,4% Profissional da Saúde 496 60,6% Ign. 27 8% Farmacêutico 21 4,2% Enfermeiro 62 12,5% Outro 65 20% Próprio 102 32% Médico 396 79,8% Parente 128 40% Leigo 322 39,4% Exposições Exposições Humanas Humanas Local Localde deocorrência ocorrênciaeesolicitação solicitaçãodas dasexposições exposiçõeshumanas humanas Local Ocorrência Solicitação Foram atendidas 716 exposições humanas no ano de 2006. A residência foi o principal local de ocorrência (78,9%), entretanto, as solicitações foram originadas em sua maioria dos serviços de saúde (71,1%). Observando esses dados percebemos que muitos casos ocorrem na residência e o paciente desloca-se até a unidade de saúde, de onde o CIT é acionado. 05 Exposições Humanas Exposições Exposições Humanas Humanas Distribuição Distribuiçãodas dasexposições exposiçõeshumanas humanasquanto quantoààvia viade deadministração. administração. Oral 71,3% Outra 4,3% Mordedura/Picada 5,0% A exposição a agentes tóxicos pode se dar por uma ou mais vias. No ano de 2006, as exposições humanas foram mais comuns pela via oral (ingestão), Cutânea 10,4% seguida da via cutânea (pele e mucosas), respiratória e mordedura/ picada (por animais). Outras vias, menos comuns, foram: ocular, nasal, parenteral (intravenosa, intramuscular, subcutânea) e não informada. Respiratória 9,0% A grande maioria das exposições ocorreu em curto intervalo de tempo, sendo classificadas como agudas (680 casos, 95%). Exposições a longo prazo, denominadas crônicas, foram 23 casos, 3% e casos de exposição crônica com episódio agudo foram em número de 6 (1%). 1% das exposições não puderam ser classificadas quanto a este parâmetro. Distribuição Distribuiçãodo dogênero gêneroeeda dafaixa faixaetária etáriadas dasexposições exposiçõeshumanas humanas Não se pode observar predominância de gênero nas exposições humanas. Ambos os sexos mostraram equilíbrio nos casos atendidos. Quanto à faixa etária é muito clara a importância das intoxicações infantis. As crianças com idade entre 0 e 5 anos representaram 45% dos atendimentos de 2006, e quando estendemos até a idade de 12 anos observamos que estas crianças são 54,4% dos casos. Exposições Humanas F Idade < 24 meses 2 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 12 anos 13 a 18 anos 19 a 25 anos 26 a 44 anos 45 a 64 anos > 65 anos Desc. Total N 40 50 54 33 25 54 67 18 7 9 357 M % 5,6 7,0 7,5 4,6 3,5 7,5 9,4 2,5 1,0 1,3 49,9 N 54 57 66 32 17 41 58 11 8 7 351 % 7,5 8,0 9,2 4,5 2,4 5,7 8,1 1,5 1,1 1,0 49,0 Total % Cumulativo % N 95 13,3 13,3 108 15,1 28,4 120 16,8 45,2 66 9,2 54,4 42 5,9 60,3 95 13,3 73,6 125 17,5 91,1 29 4,1 95,2 15 2,1 97,3 21 2,9 100,0 716 100,0 - Nota: 8 informações sem identificação de sexo (missing values) 06 Exposições Exposições Humanas Humanas Distribuição Distribuiçãodas dasexposições exposiçõeshumanas humanasquanto quantoààcircunstância circunstância As exposições humanas de 2006 foram principalmente de razão não intencional (75,1%). Das exposições intencionais atendidas (20,4%), chama atenção a tentativa de suicídio, que foi a segunda causa de exposição (acidente individual = 60,8%; tentativa de suicídio = 14,8%). Outras circunstâncias somaram 4,5%. Circunstância Não intencional Acid. individual Uso terapêutico Acid. coletivo Ocupacional Erro de administração Presc. inadequada Intencional Tent. suicídio Automedicação Abuso Uso indevido Outra Ingest. de alimentos Outra Violência Tent. aborto Não informada Total % N % 435 30 29 26 16 2 60,8 4,2 4 3,6 2,2 0,3 60,8 65,0 69,0 72,6 74,8 75,1 106 28 8 4 14,8 3,9 1,1 0,6 89,9 93,8 94,9 95,5 10 8 7 1 6 716 1,4 1,1 1 0,1 0,9 100 96,9 98,0 99,0 99,1 100,0 Cumulativo As exposições atendidas em 2006 foram agrupadas em 15 tipos, dentro de 3 classes, abaixo especificadas: ? Não intencional: A exposição ocorre sem intenção da vítima ou do responsável; Acidente individual: acidente envolvendo uma só pessoa; Acidente coletivo: acidente envolvendo mais de uma pessoa; Erro de administração: erro na administração de produtos; Ocupacional: exposição proveniente da atividade laboral; Prescrição inadequada: prescrição médica em dose, via ou indicação não adequadas; Uso terapêutico: exposição advinda da terapia medicamentosa; ? Intencional: Exposição que se dá por vontade do próprio paciente; Abuso: uso de substâncias para obter efeitos prazerosos; Automedicação: uso de medicamentos ou plantas medicinais sem indicação médica, para tratamento de doenças ou sintomas; Tentativa de suicídio: exposição a substâncias em intenção de auto-extermínio; Uso indevido: uso de substâncias para finalidades diversas a correta; ? Outra: exposição por outros motivos; Ingestão de alimentos: exposição a substâncias decorrente da ingestão de alimentos; Tentativa de Aborto: uso de substâncias para promover interrupção da gravidez; Violência: exposição ocasionada com intenção de causar dano à vítima; Não informado: o motivo da exposição não foi revelado; Outra: exposição não adequada a outras classes. 07 Exposições Humanas Exposições Exposições Humanas Humanas Circunstância Circunstânciadas dasexposições exposiçõeshumanas humanaspelo pelosexo sexoeefaixa faixaetária etária F <12 a N (% da circ.) Circunstância Não Intencional Intencional Outra Total 167 (30,9) 5 (3,5) 5 (15,6) 177 (24,7) M >13 a N (% da circ.) Desc. 79 (14,6) 83 (58) 9 (28,4) 171 (23,9) 6 0 3 9 Total N (% da circ.) 252 (46,6) 88 (61,5) 17 (53,1) 357 (49,9) <12 a N (% da circ.) 200 (37) 4 (2,8) 5 (15,6) 209 (29,2) >13 a N (% da circ.) Desc. 77 (14,2) 49 (34,3) 9 (28,1) 135 (18,9) 5 2 0 7 Total N (% da circ.) Sexo Desc N (% do total) 7 0 1 8 541 (75,4) 143 (20,2) 32 (4,4) 716 (100) 282 (52,1) 55 (38,5) 14 (43,8) 351 (49) Total As variáveis idade, sexo e circunstância possuem algumas relações, observadas na presente análise. Das 541 exposições por causas não intencionais, 67,9% ocorreram na faixa etária abaixo de 12 anos, sem predominância de sexo. Já nas circunstâncias intencionais, 92,3% dos 143 casos ocorreram em pessoas acima de 13 anos, revelando que a predominância de razões intencionais, principalmente tentativas de suicídio, em adolescentes e adultos. Dentre as exposições intencionais, o sexo feminino foi o mais freqüente (61,5%), confirmando dados da literatura que mostram que as mulheres realizam mais investidas de autoextermínio que os homens. Evolução Evoluçãodas dasexposições exposiçõeshumanas humanaspor portipo tipode decircunstância circunstância Evolução Cura Não Intencional Intencional Outra Total N (% da evolução) N (% da evolução) N (% da evolução) N (% do total) 497 (76,0%) 129 (19,7%) 28 (4,3%) 654 (91,3%) 36 (78,3%) 7 (15,2%) 3 (6,5%) 46 (6,4%) Óbito 4 (80,0%) 1 (20,0%) - 5 (0,7%) Seqüela 3 (33,3%) 5 (55,6%) 1 (11,1%) 9 (1,2%) Cura suposta Desconhecido Total 1 (50,0%) 1 (50,0%) - 2 (0,3%) 541 (75,5%) 143 (20,0%) 3 (24,5%) 716 (100%) - Nota: - valor numérico igual a zero. A evolução das exposições atendidas em 2006 foram 91,3% cura; cura suposta, 6,4%, (a confirmação da cura não foi possível), óbito (1,2%) e seqüela (0,7%). Quando uma exposição ocorre por intenção do paciente, a gravidade do quadro pode ser bem maior: 55,5% dos óbitos foram por circunstâncias intencionais. Exposições Humanas 08 Exposições Exposições Humanas Humanas Distribuição Distribuiçãodas dasintoxicações intoxicaçõeshumanas humanasquanto quantoao aonúmero númerode deprodutos produtosenvolvidos envolvidos Intencional 57,1% 1 651 90,9% >3 21 2,9% 2 44 6,1% Não Intencional 42,9% As exposições podem ser por um ou mais produtos, sendo, nestes últimos, fatores complicadores no tratamento do quadro. Em 2006, 90,9% das exposições foram por um produto; 6,1%, por 2 produtos e 2,9%, por mais de 3 produtos (número máximo de 5 produtos). Observando as circunstâncias do grupo de mais de 3 produtos, verifica-se que a maioria delas é por razões intencionais. Distribuição Distribuiçãodos dosprodutos produtoscomerciais comerciaisenvolvidos envolvidosnas nasexposições exposiçõeshumanas humanas quanto à situação legal quanto à situação legal 9,7% das exposições humanas atendidas em 2006 envolvendo produtos comerciais foram por produtos clandestinos. Desconhecido 6 (0,8%) Legal 649 (89,5%) Clandestino 70 (9,7%) Tais produtos não possuem registro legal, sendo em algumas vezes produtos proscritos para o fim que estão sendo comercializados. Representam um grande risco para a população que os utiliza e uma especial preocupação no manejo da intoxicação, uma vez que não há segurança em se saber o real conteúdo do produto. 09 Exposições Humanas Exposições Exposições Humanas Humanas Distribuição Distribuição dos dos agentes agentes envolvidos envolvidos por por número número de exposições humanas atendidas de exposições humanas atendidas em em 2006 2006 Agentes Agentesenvolvidos envolvidosnas nasexposições exposiçõeshumanas humanas Os agentes tóxicos envolvidos nas exposições humanas atendidas pelo CIT/AM em 2006 foram distribuídos em 13 classes, abaixo especificadas: ? Alimentos: produtos de origem animal, vegetal ou mineral, utilizado para nutrição; ? Animais peçonhentos: animais que possuem peçonha, compreendida como mistura complexa de substâncias orgânicas, contendo diversos componentes químicos, que causam efeito nocivo ou morte a um organismo vivo; ? Cosméticos e produtos de cuidado pessoal: produtos para uso externo, destinados à proteção, higiene ou ao embelezamento das diferentes partes do corpo. ? Drogas de abuso: fármaco ou droga, que por agir sobre os mecanismos de gratificação do cérebro são usados de forma recreativa para obter efeitos estimulantes, euforizantes e/ ou tranqüilizantes; ? Medicamentos: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico ? Plantas: organismos ou produtos de origem vegetal, utilizados na ornamentação de ambientes ou em medicina popular/ alternativa; ? Praguicidas: produtos químicos destinados à prevenção, destruição ou ao controle de qualquer praga; ? Agrotóxico: praguicida de uso em agricultura; ? Inseticida de uso doméstico: praguicidas destinados ao controle de insetos, utilizados no perímetro domiciliar; ? Raticida ou rodenticida: praguicida destinado ao controle dos roedores; ? Produtos de limpeza doméstica: produtos destinados à limpeza dos diversos ambientes da residência; ? Produtos de manutenção doméstica e de automóveis: produtos utilizados em manutenção residencial (reparo, reforma e construção) e de automóveis; ? Produtos domésticos e de escritório (miscelânea): materiais de expediente, utilizados em ambiente residencial, escolar ou de escritório; ? Produtos químicos industriais: produtos químicos utilizados em processos industriais; ? Produtos veterinários: produtos destinados ao tratamento de animais; ? Outro: produtos diversos que não puderam ser classificados nas classes acima. Exposições Humanas 10 Exposições Exposições Humanas Humanas As 716 exposições humanas envolveram 817 agentes tóxicos, classificados a seguir conforme as classes previamente definidas. Classificação/Substância Medicamentos Fármacos que atuam no SNC Analgésicos de ação central Opióide não identificado Tramadol Anorexígenos Anfepramona, bromazepam, fluoxetina Femproporex Anticonvulsivantes Carbamazepina Fenitoína Fenobarbital Antidepressivos Amitriptilina Citalopram Cloridrato de tradozona Cloridrato de venlafaxina Fluoxetina Imipramina Paroxetina Antipsicóticos Haloperidol Levomepromazina Periciazina Risperidona Tioridazina Benzodiazepínicos Bromazepam Clonazepam Diazepam Funitrazepam Midazolam Orexígenos Ciproeptadina, Vitaminas B1, B2, B6, C, Nicotinamida Outros fármacos que atuam no SNC Biperideno Hidrato de cloral Fármacos que atuam na transmissão neuro-humoral periférica Analgésicos e antipiréticos Ácido acetilsalicílico Dipirona Paracetamol Antialérgicos e antigripais Bronfenidramina, pseudoefedrina Bronfeniramina, fenilefrina Clorfenamina, ácido ascórbico, dipirona Desloratadina Dexclorfeniramina Fenoxifenadina, pseudoefedrina Loratadina Pimetixeno Prometazina Antiinflamatórios não-esteroidais Diclofenaco Fenilbutazona Ibuprofeno Nimesulida Corticóides Dexametasona Hidrocortisona Prednisona Relaxantes musculares Carisoprodol, cafeína, diclofenaco de sódio, paracetamol Ciclobenzaprina Cicloproxalamina, ciclopiroxialamina Dipirona, cafeína, orfenadrina Classificação/Substância Nº 297 96 2 1 1 3 1 2 24 12 2 10 16 5 1 1 1 4 2 2 15 6 3 2 2 2 29 5 12 9 2 1 4 4 3 1 2 57 14 1 9 4 16 1 1 1 1 3 1 2 1 5 12 6 1 2 3 4 1 1 2 8 3 2 1 2 Outros fármacos que atuam na transmissão neuro-humoral periférica Betaistina Cinarizina Dipirona, cafeína, diidroergotamina Fármacos que atuam no sistema respiratório Antitussígenos Clobutinol, doxilamina Fosfato de codeína Broncodilatadores / Expectorantes Acebrofilina (teofilinato de ambroxol) Ambroxol Fenoterol Guaifenesina Salbutamol Sulfato de terbutalina Descongestionante nasal Nafazolina Fármaco que atuam no sistema cardiovascular Anti-hipertensivos Candesartan cilexetila Captopril Cloridrato de propranolol Losartano Metildopa Diuréticos Amilorida Amilorida, hidroclorotiazida Espironolactona Furosemida Hidroclorotiazida Outros Isossorbida Digoxina Fármacos que atuam no sistema digestório Antieméticos Dimenidrinato, piridoxina Domperidona Metoclopramida Anti-espasmódicos Hioscina, ergotamina, paracetamol Laxantes Aloína, óleo de capsico, extrato de beladona Bisacodil Glicerina Fármaco que atuam no sistema endócrino e metabolismo Anticoncepcionais Estradiol, progesterona Etinilestradiol, desogestrel Etinilestradiol, gestodeno Etinilestradiol, levonorgestrel Progesterona Hipoglicemiantes Glibenclamida Hipolipemiantes Sinvastatina Antiinfecciosos Antibacterianos Amoxicilina Cefalexina Claritromicina Cloranfenicol Dapsona Eritromicina Levofloxacino Norfloxacina Sulfametoxazol, trimetoprima Tetraciclina 11 Nº 3 1 1 1 15 2 1 1 11 1 1 2 1 5 1 2 2 13 6 1 2 1 1 1 5 1 1 1 1 1 2 1 1 12 8 1 1 6 1 1 3 1 1 1 13 10 1 1 2 5 1 1 1 2 2 35 21 4 3 1 1 2 2 1 1 2 4 Exposições Humanas Exposições Exposições Humanas Humanas Classificação/Substância Antifúngicos Cetoconazol Antiparasitários Albendazol Cloroquina Mebendazol Mebendazol, tiabendazol Piperazina Primaquina Secnidazol Antirretroviral Efavirenz Antiinfecciosos de uso tópico Antiparasitários Deltametrina Benzoato de benzila Antibacterianos Tobramicina, dexametasona Antifúngicos Miconazol Ácido salicílico, iodeto de potássio, licor de hoffmann Anti-sépticos Anti-sépticos de uso tópico Clorexidina Cresol Mercúrio cromo Permanganato de potássio Anti-sépticos do aparelho geniturinário Cloridrato de benzidamina Nº 3 3 10 1 1 3 1 1 1 2 1 1 12 8 4 4 1 1 3 1 2 10 7 2 2 1 2 3 2 Extrato de nozes de malva purpúrea, cânfora, monobrada, cloreto de metiltionínico 1 Fitoterápicos Cava-cava (Piper methysticum) 3 2 1 Ginseng (Panax ginseng), catuaba (Anemopaegma mirandum), marapuama (Ptychopetalum olacoides), polivitaminas Medicamentos de uso tópico Cânfora, timol, óleo de eucalipto Ácido salicílico, ácido láctico Domperidona Nafazolina (colírio) Vitaminas e sais minerais Cobamamida Sulfato ferroso Vitamina C Vitaminas A, B, C, D Outros medicamentos Acitretina Misoprostol Protamina Sildenafil Vincristina Beladona, viburno, algodoeiro, cloreto de cálcio Metionina, glicerina, nicotinamida, tintura de alcachofra, tintura de boldo Tintura canforada de ópio (Pipper callosum) Não identificado Exposições Humanas 3 1 1 1 11 1 7 2 1 17 1 1 1 1 1 1 1 3 7 12 Classificação/Substância Praguicidas Agrotóxicos Não identificado Anticolinesterásicos Não identificado Carbamatos Aldicarb Carbaril Organofosforados Diclorvós Malation Metamidafós Paration metílico Não identificado Inseticidas agrícolas Cipermetrina Deltametrina Herbicidas Dicloreto de paraquat Glifosato Fumigantes Fosfeto de alumínio Inseticidas de uso doméstico Piretróides Imiprotrina, permetrina Imiprotrina, ciflutrina Outros piretróides Repelentes de insetos Naftaleno Praletrina, surfactantes aniônicos e não iônicos Raticidas Não identificado Cumarínicos Brodifacum Cumatetralil Domperidona Outros cumarínicos Nº 159 86 1 66 5 47 46 1 14 1 1 2 2 8 12 10 2 6 2 4 1 1 47 32 8 16 8 15 14 1 26 5 21 6 6 9 Classificação/Substância Produtos de manutenção doméstica e de automóveis Hidrocarbonetos (lubrificantes de máquinas) Óxido de cálcio (cal) Óxido de cálcio, sílica e óxido de alumínio (cimento) Poliuretano (espuma p/ vedação) Combustíveis Gasolina Diesel Querosene Tintas e Solventes Hidrocarbonetos aromáticos, acetonas, álcoois (tinta óleo) Polímeros de metil-metacrilato (tinta acrílica) Aguarrás Tolueno, acetona, álcois superiores (thinner) Nº 39 3 1 2 1 14 8 3 3 18 7 2 1 8 Exposições Exposições Humanas Humanas Classificação/Substância Produtos de limpeza Desinfetantes Cresol (creolina) Hipoclorito de sódio Surfactantes catiônicos Etanol Desincrustantes Amônia Hidróxido de sódio (soda cáustica) Limpa forno Sabões Detergente Limpadores multiuso Sabão em barra Sabão em pó Produtos para limpeza de piscinas Hipoclorito de cálcio (cloro de piscina) Sulfato de alumínio (decantador) Outros Ácido oxálico (solução anti-ferrugem) Cera de piso Aromatizantes de ambiente - óleo de eucalipto Lustra móveis Não identificado Nº 102 48 4 36 4 4 23 4 18 1 19 3 4 5 7 6 3 3 6 2 1 1 1 1 Classificação/Substância Animais peçonhentos Serpentes Jararaca (Bothrops sp.) Surucucu (Laquesis sp.) Não identificada Aranhas Aranha caranguejeira (Theraphora blonde) Não identificada Escorpiões Tytius sp. Insetos Abelha (Apis millifera) Embuá (Lulus sabulosus cllindroiulus) Lacraia (Scolopendra sp.) Lagarta (Megalopyge sp.) Potó (Paederus amazonicus) Não identificado Outros Arraia (Potamortrygon sp.) Sapo - bufotoxinas Nº 41 6 3 2 1 4 1 3 4 4 25 5 3 2 12 1 2 2 1 1 13 Classificação/Substância Cosméticos e produtos de cuidado pessoal Produtos de uso corporal Perfumes e colônias Loções e óleos corporais Xampu Sabonete Talcos Tinturas e descolorantes de pelos e cabelos Tinturas Amônia e descolorantes de pelos e cabelos Peróxido Amônia de hidrogênio Peróxido Persulfatode dehidrogênio amônio, silicato sódico, bicarbonato de sódio Persulfato amônio, silicato sódico, bicarbonato de sódio Alisantes de cabelos Defrisantesde à cabelos base de formaldeído Alisantes Outros defrisantes Defrisantes à base de formaldeído Produtos para as unhas Outros defrisantes Produtos para as unhas Acetona (propanona) Acetona para (propanona) Esmalte unhas (tolueno) Outros para unhas (tolueno) Esmalte Creme dental Outros Creme dental Não identificado Xampu Não identificado Nº 46 12 6 2 13 16 3 16 10 10 4 2 4 2 4 4 3 1 3 1 6 5 6 5 1 9 1 8 1 13 3 4 4 Classificação/Substância Produtos químicos industriais Ácidos Ácido flurônico, ácido sulfônico Ácido fenólico Ácido fluorídrico Ácido sulfúrico Ácido sulfúrico, bromato de potássio Ácido tricloroacético Solventes Diacetona álcool Dibutiléter Hexano Pentano, heptano Metais Chapas metálicas (Pb, St, Sr, Cd, Hg, Al, Cu, As, Fe, Zn, Ag) Outros Amônia Butilglicol Dióxido de titânio, zinco e cálcio Enxofre Fibras de amianto Fluoroalcanos Formaldeído Metabissulfito de sódio Óxidos de minerais ácidos e básicos (solda elétrica) Resina Tetrafluorpropanol Nº 24 6 1 1 1 1 1 1 4 1 1 1 1 2 2 12 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 Exposições Humanas Exposições Exposições Humanas Humanas Classificação/Substância Produtos domésticos e de escritório (miscelânea) Colas Cianoacrilato (cola tudo) Acetato de vinila, aldeídos, tolueno (escolar) Explosivos de festejos Salitre (nitrato de potássio e sódio), carvão, enxofre Produtos escolares Tinta de caneta Massa de modelar Carbonato de cálcio (giz escolar) Outros Tintura de tecido Butano, nitrogênio, propano (gás de isqueiro) Mercúrio elementar (termômetro) Pilhas/ baterias Sílica (desumidificante) Nº 25 6 5 1 2 2 5 1 1 3 12 1 1 4 4 2 Nº 23 8 6 1 3 1 3 1 Classificação/Substância Alimentos Cafeína Cardol (em casca de castanha-de-caju) Glicosídeos cianogênicos (em tapioca) Fermento biológico (Saccharomyces cerevisiae) Toxinas bacterianas Não identificado Nº 11 2 1 1 1 3 3 Nº 9 1 8 1 1 2 1 1 2 Classificação/Substância Outros Produtos de uso hospitalar Etanol a 70% Formaldeído a 10% Fertilizante Uréia, NPK, sulfato de amônio e de magnésio Uso popular Banha de cascavel (Crolatus sp.) Nº 6 4 3 1 1 1 1 1 Classificação/Substância Plantas Plantas com Toxalbumina Pinhão-roxo (Jatropha curcas) Plantas com Oxalato de cálcio Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta) Tajá (Caladium bicolor) Outras plantas Urtiga (Urtica dioica) Cabacinha (Luffa operculata) Capeba (Pothomorphe umbellatum) Japana (Eupatorium triplinerve) Timbó (Tephaosia sp.) Salva de marajó (Hyptis incana) Trevo roxo (Hyptis atrorubens) Não identificado Nº 35 15 15 7 4 3 13 2 1 1 1 1 1 1 5 Classificação/Substância Drogas de abuso Cocaína Etanol Heroína Maconha (Cannabis sativa) Nicotina Solventes Não identificado Classificação/Substância Produtos veterinários Vitaminas A, D, E Inseticidas de uso veterinário Amitraz Carbarila, cipermetrina Cipermetrina Clorpirifós, violeta de genciana, óleo de pinho Deltametrina Inseticidas piretróides Exposições Humanas 14 Exposições Exposições Humanas Humanas O registro de casos pelo CIT/AM apresenta-se crescente nos últimos anos. Este resultado não significa que estão ocorrendo mais intoxicações em nosso Estado, mas sim que o serviço está sendo mais utilizado pela população, colaborando em melhor assistência ao paciente intoxicado e conseqüente redução de custos em saúde pública. 860 ! 818 660 ! 460 260 ! ! 60 ! ! 1998 1999 2000 ! 2001 2002 ! 2003 ! 2004 2005 2006 Os CITs comprovadamente diminuem gastos em saúde, através da provisão da conduta mais adequada frente às exposições as substâncias químicas, o que evita instalação de processos patológicos, procedimentos de alta complexidade, além de colaborar no restabelecimento mais rápido dos pacientes e diminuição do tempo de internação. Além deste impacto na qualidade da assistência, os CITs proporcionam conhecimento dos riscos que os produtos trazem, permitindo ações de vigilância que garantam a segurança necessária aos mesmos. Investimentos em serviços deste porte significam estratégias eficazes na prevenção de intoxicações e assistência toxicológica de qualidade, importantes na manutenção da saúde e 15 Exposições Humanas Referências Referências BRASIL. Lei nº 5991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências. In: Diário Oficial da União, Brasília, 19 dez. 1973. BRASIL. Lei nº 6360, 23 de setembro de 1976. Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá outras providências In: Diário Oficial da União, Brasília, 24 set. 1976. GALVÃO, T. F. Estatística de Atendimento do Centro de Informações Toxicológicas de Manaus 2005. Manaus: CIT, 2006. HARRISON, D. L.; DRAUGALIS, J. R.; SLACK, M. K.; LANGLEY, P. C. Cost-effectiveness of regional poison control centers. Arch Intern Med, Chicago, v. 156 (22), p. 2601-2608, dez. 1996. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades@. 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acesso em 08 mai. 2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estados@. 2005. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/> Acesso em 08 mai. 2007. KEARNEY, T. E.; OLSON, K. R.; BERO, L. A.; HEARD, S. E.; BLANC, P. D. Health care cost effect of public use of a regional poison control center. West J Med, v.162, p. 499-504, 1995. LAI, M.W.; KLEIN-SCHWARTZ, W.; RODGERS G.C.; ABRAMS J.Y.; HABER D.A.; BRONSTEIN A.C.; WRUK, K.M. 2005 Annual Report of the American Association of Poison Control Centers' national poisoning and exposure database. Clin Toxicol (Phila). 44(6-7):803-932, 2006. NICOLELLA, A.; FERREIRA, E.; LESSA, C. A. S. Dados de Atendimento. In: RS. SES. FEPPS. CENTRO DE INFORMAÇÃO TOXICOLÓGICA. Toxicovigilância - Toxicologia Clínica: dados e indicadores selecionados Rio Grande do Sul, 2005 (org.: Alberto Nicolella). Porto Alegre: CIT/RS, 2006. OGA, Seizi. Fundamentos de toxicologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Directrices para la lucha contra las intoxicaciones. Genebra: OMS PNUMA OIT, 1998. SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICAS. Manual de Preenchimento da Ficha de Notificação e Atendimento - Centros de Informação, Controle e Atendimento Toxicológico. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001. VASSILEV, Z.P.; MARCUS, S.M. The impact of a poison control center on the length of hospital stay for patients with poisoning. J Toxicol Environ Health A. v. 70(2) p. 107-110, jan. 2007. WATSON, W. A.; LITOVITZ , T. L.; RODGERS JR, C. G.; KLEIN-SCHWARTZ, W., NICOLE REID, N.; YOUNISS, J.; FLANAGAN, A. MS, M. WRUK, M. K. 2003 annual report of the American Association of Poison Control Centers Toxic Exposure Surveillance System. Amer J Emerg Med. v. 22 (5) p. 335-404, set. 2004. WATSON, W. A.; LITOVITZ , T. L.; RODGERS JR, C. G.; KLEIN-SCHWARTZ, W., NICOLE REID, N.; YOUNISS, J.; FLANAGAN, A. MS, M. WRUK, M. K. 2004 Annual Report of the American Association of Poison Control Centers Toxic Exposure Surveillance System. Amer J Emerg Med. v. 23 (5) p. 589-666, set. 2005. Referências 16 João Galvão* Taís Galvão** “Prevenir é o melhor remédio” (Ditado Popular) Prevenção de Intoxicações *Professor Titular da UFAM. Mestre e Doutor em Toxicologia/USP. **Farmacêutica. Coordenadora do CIT-AM/ HUGV/ UFAM. Sumário Sumário 1. Introdução .......................................................................................................................... 21 2. Como ocorrem as intoxicações ........................................................................................... 22 3. Aspectos gerais de prevenção de intoxicações .................................................................. 25 4. Como evitar as intoxicações ............................................................................................... 26 5. Cuidados específicos com determinados produtos químicos .......................................... 27 6. Recomendações gerais ........................................................................................................ 28 7. Bibliografia consultada ..................................................................................................... 30 Sumário Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações 1.1.Introdução Introdução A história da toxicologia é muito rica e registra muitos fatos que mostram claramente que desde cedo houve preocupação com a prevenção de intoxicações. Destacamos apenas três fatos para ilustrar: “Somente a dose determina que uma substância seja ou não veneno.” Paracelsus (1493-1541) “Medicamentos e venenos são às vezes as mesmas substâncias administradas com diferentes intenções.” Peter M. Latham (1789-1875) “Não existem substância inócuas. Somente existem maneiras inofensivas de manejá-las.” Jeyaratam (1980) De início é importante ressaltar que existe uma relação muito estreita do homem com as substâncias químicas e a necessidade que temos de aprender desde cedo a lidar com elas de forma segura, evitando a ocorrência de intoxicações. Não seria nenhum exagero afirmar que vivemos em um mundo químico. E os agentes químicos alcançam nosso organismo através do ar, da água, dos alimentos e medicamentos. Literalmente respiramos, bebemos e comemos substâncias químicas, o que pode ser observado no relato de Goliszer (2004): Basta dar uma olhada no mundo que nos cerca para rapidamente percebermos o impacto que os produtos tiveram em praticamente cada aspecto de nossas vidas. Estamos literalmente cercados por um mar de compostos orgânicos e inorgânicos. Nossos corpos são formados de milhares de substâncias químicas, cada uma feita de bilhões de moléculas que reagem umas com as outras e se juntam para criar formas complexas que tornam a vida possível. Comemos substâncias químicas, bebemos substâncias químicas, respiramos substâncias químicas, colocamos substâncias químicas sobre e dentro dos nossos corpos e tomamos substâncias químicas sempre que estamos doentes. Do momento que nascemos até o dia que morremos, somos tão dependentes das substâncias químicas, que não saberíamos o que fazer sem elas. A figura 1 ilustra a presença generalizada das substâncias químicas no nosso cotidiano e as diversas relações que o homem estabelece com elas: Produtos Domésticos Trabalho Contaminantes Água Contaminantes Medicamentos Agente químico Fármaco/drogas Medicamentos Xenobióticos Alimentos Aditivos Contaminantes Plantas Medicinais Social Lazer Ar Contaminantes Figura 1. Presença das substâncias químicas no nosso cotidiano. 21 Prevenção de Intoxicações Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações Além disto, o enorme aumento da disponibilidade e o emprego de substâncias químicas em todas as esferas da atividade humana acentua a importância da prevenção de intoxicações. O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar os principais aspectos e recomendações para evitar o aparecimento de intoxicações. 2.2.Como Comoocorrem ocorremas asintoxicações intoxicações A maioria das substâncias químicas consideradas agentes tóxicos são substâncias estranhas ao organismo, denominadas de xenobióticos. Entretanto, compostos endógenos, e mesmo elementos químicos essenciais, quando administrados em doses elevadas, como, por exemplo, o selênio, iodo e cobre, são tóxicos. O objeto fundamental de estudo da toxicologia é o agente tóxico, que é definido como todo e qualquer agente químico que, introduzido no organismo e absorvido, provoca efeitos considerados nocivos ao sistema biológico. Estes efeitos tóxicos podem ser leves (dor de cabeça, náuseas) ou graves (febre alta e convulsões) e nos casos mais graves, a pessoa intoxicada pode morrer. A dose é a quantidade de uma substância química que ingressa no organismo humano em um determinado momento. A dose é considerada tóxica quando é capaz de causar uma intoxicação ou algum efeito nocivo. Para maior segurança são estabelecidos os limites no uso de qualquer agente químico. Assim, a dose limite é a menor quantidade que exerce um efeito nocivo. Se o organismo humano fica exposto a uma quantidade inferior a dose limite, a intoxicação não acontece e inclusive em alguns casos pode ocorrer o efeito benéfico. É o caso dos medicamentos que exercem efeitos favoráveis quando administrados em doses recomendadas e quando a dose é excessiva pode produzir intoxicações. É sempre importante lembrar que “Não existem substâncias químicas inócuas. Somente existem maneiras seguras de utilizar as substâncias químicas”. Assim, todas as substâncias químicas são tóxicas em certas condições de exposição. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1980) “um corolário importante deste princípio é que para toda substância química deve existir alguma condição de exposição que seja segura no que se refere à saúde do homem, com a possível exceção dos carcinógenos e mutágenos químicos”. De uma maneira mais completa podemos dizer de acordo com a OMS que a Toxicologia é a ciência que estuda as interações nocivas entre as substâncias químicas e os seres vivos. É importante entender que toxicidade é a capacidade inerente a cada agente químico de produzir um efeito nocivo sobre os organismos vivos. A toxicidade é sempre estabelecida em relação com outros agentes químicos e varia entre as diversas espécies biológicas e dentro da mesma espécie. E de acordo com o que foi Prevenção de Intoxicações 22 Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações exposto acima, a toxicidade requer a inter-relação de três elementos: a) Um agente químico capaz de produzir um efeito; b) Um sistema biológico com o qual o agente químico possa interagir e produzir o efeito; e c) Um meio pelo qual o agente químico e o sistema biológico possam entrar em contato e interagir. E desta interação resulta o efeito nocivo. As intoxicações podem ser conceituadas como o conjunto de sinais e sintomas (sintomatologia) apresentados pelo organismo vivo (homem, animal) que evidenciam a alteração do seu estado natural, ou saúde levando a um desequilíbrio orgânico. Em outras palavras seria a quebra do equilíbrio dinâmico existente no organismo, resultante da interação agente tóxico-paciente e que é caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas que revelam um estado patológico (doença). Ou de maneira bastante simples a resposta do organismo quando exposto a dose tóxica acima dos limites suportáveis (figura 2). Introduzido PACIENTE (meio interno) AGENTE QUÍMICO (meio externo) Intoxicação Figura 2. Interação entre agente tóxico e organismo, resultando em intoxicação No sentido literal, o termo etiologia significa o estudo sobre a origem das coisas, em toxicologia, é a parte que estuda a origem ou motivação das intoxicações. De acordo com Repetto (1997) “é importante considerar se na sua produção tem havido ou não voluntariedade, quer dizer, se o sujeito ativo tem desejado realizá-la ou se a intoxicação se produz de forma acidental, sem que haja intenção alguma”. Assim, sucintamente, podemos dizer que as intoxicações podem ser classificadas em acidentais e intencionais. 2.1. 2.1.Intoxicações Intoxicaçõesacidentais acidentais As intoxicações acidentais propriamente ditas acontecem por imprudência, por equívoco, por ignorância e como conseqüência da utilização crescente de produtos químicos diversos (medicamentos, praguicidas, etc.) nos vários setores da indústria, agricultura, pecuária, no lar e no local de trabalho (Fungairiño, 1977). 23 Prevenção de Intoxicações Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações - Alguns exemplos podem ilustrar a diversidade das intoxicações acidentais: Praguicidas (fungicidas, raticidas) confundidos com farinhas; Contaminação do ar, da água e dos alimentos por praguicidas, metais pesados; Erros de etiquetagem dos produtos químicos; Brincadeiras de crianças com medicamentos, plantas, produtos de limpeza e outros. 2.2. 2.2.Intoxicações Intoxicaçõesintencionais intencionais Como o próprio termo diz, existe a intenção ou vontade no uso do agente tóxico, cabendo apenas distinguir se a intoxicação resulta em que o indivíduo é passivo (quem a sofre) é diferente ou é o mesmo que o ativo. No primeiro caso, temos os homicídios e os delitos contra a saúde pública. As intoxicações suicidas são caracterizadas nos casos em que a própria vítima, voluntariamente utiliza um agente tóxico para por fim à própria vida. O esquema a seguir ilustra a classificação recomendada por Repetto (1997), com pequenas modificações. VOLUNTÁRIA/ INTENCIONAL Homicídios Suicídios Farmacodependências: Álcool, Maconha, Anfetaminas... Doping: Trabalho, Esporte, Estudos Ambientais: SOx, NOx, Pb, Praguicidas, Águas: produtos químicos, petróleo Profissionais: pintores, mineiros, químicos, farmacêuticos Medicamentos ACIDENTAIS Por erro dose/fórmula/frasco Por interação Por intolerância: barbitúrico, procaína, penicilina, fenotiazina Alimento tóxico Alimentos Contam. Biológica pescado, vegetais envase: Pb, Plástico botulismo, aflatoxina Contam. Químicas Aditivos praguicidas, hormônios diversos autorizados fraudulentos acidentais Domésticas, infantis: confusões e excessos (inseticidas, medicamentos), plantas e animais peçonhentos. Figura 2. Classificação das intoxicações por sua etiologia (fonte: Repetto, 1997 - modificado) Prevenção de Intoxicações 24 Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações 3.3.Aspectos Aspectosgerais geraisna naprevenção prevençãode deintoxicações intoxicações Consultando o dicionário Aurélio iremos verificar o quanto é importante o conceito de prevenção: “ato ou efeito de prevenir (-se); disposição ou preparo antecipado e preventivo; modo de ver antecipado”. Ao falar de prevenção sempre nos vem a mente a palavra controle. E somente com um controle rigoroso é possível evitar as intoxicações. Infelizmente não existe controle perfeito. E para reforçar o que foi dito acima podemos utilizar o que nos diz a autora de “Controles Imperfeitos”, Judith Viorst (2003), sobre o termo controle: Controle é uma palavra rica e sonora, que desperta sentimentos fortes; é um termo constante na nossa fala, uma vez que se refere a questões perenes como poder e impotência, liberdade e restrições, ser ativo ou ser passivo, estar ou não por cima, ser do tipo que vai atrás do que quer ou que se contenta com o que lhe cai na mão. A palavra controle é dura; não contém, pelo menos aparentemente, o menor lirismo. É algo que queremos e do qual precisamos. Algo que conquistamos e perdemos, algo que teremos e do qual podemos desistir. Em nossa reflexões sobre o nosso lugar no mundo, em nosso autoconceito, em nossos relacionamentos pessoais e profissionais, consciente ou inconscientemente, positiva ou negativamente, estamos o tempo todo lidando com a questão do controle. Indiscutivelmente, como nos dizem Ariëns, Lehmann e Simonis (1978), a melhor maneira de prevenir as intoxicações é evitar a exposição aos agentes químicos tóxicos, o que nem sempre é possível. As estatísticas informam que as intoxicações continuam aumentando de forma alarmante o número de mortes por exposição a substâncias químicas presentes nos medicamentos, nos praguicidas, nas drogas de abuso e os diversos contaminantes do ambiente. Todos os indivíduos que manipulam ou de alguma forma ficam expostos aos agentes químicos tóxicos, a curto e longo prazo, devem compreender os principais aspectos que envolvem a utilização ou exposição voluntária ou involuntariamente a toda e qualquer substância química. O quadro a seguir ilustra os aspectos mais importantes que devem ser enfatizados na prevenção de intoxicações. Quadro 1 – Principais aspectos na prevenção de intoxicações e toxicidade 1 – Reconhecer agentes tóxicos potenciais a) Identificando-os b) Localizando-os c) Quantificando-os d) Etiquetando-os 2 – Evitar seu uso a) Descartando-os b) Modificando-os c) Substituindo-os 3 – Reduzir a exposição aos agentes tóxicos a) Evitando sua dispersão b) Evitando contato com eles 25 Prevenção de Intoxicações 2 – Evitar seu uso a) Descartando-os b) Modificando-os c) Substituindo-os Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações 3 – Reduzir a exposição aos agentes tóxicos a) Evitando sua dispersão b) Evitando contato com eles 4 – Reduzir seus efeitos tóxicos (se houve absorção) a) Limitando sua distribuição b) Neutralizando-os c) Usando antídotos gerais ou específicos d) Acelerando sua eliminação e) Oferecendo tratamento sintomático e de suporte Fonte: Ariëns, Lehmann e Simonis (1978) Infelizmente, diversos fatores contribuem para que os efeitos nocivos ou indesejados dos agentes químicos tóxicos utilizados sejam mais graves em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, tais como: 1 Pobreza generalizada; 2 Exposição maior às inclemências do ambiente; 3 Higiene pública deficiente; 4 Desnutrição ou nutrição deficiente; 5 Analfabetismo extenso e educação limitada; 6 Enfermidades não controladas; 7 Diferenças genéticas; 8 Aglomeração da população em certos locais; 9 Carência de Centros de Informações Toxicológicas; 10 Preponderância de jovens na população. De uma maneira geral todos os fatores acima contribuem para aumentar o número de intoxicações em nosso país. A redução do número de intoxicações implica em ações urgentes enfatizando os programas de prevenção de intoxicações. 4. 4.Como Comoevitar evitaras asintoxicações intoxicações De uma maneira geral podemos dizer que fazer prevenção é utilizar de todas as medidas para evitar aparecimento de uma doença (intoxicação) no homem (criança, jovem, adulto, idoso trabalhador, estudante, paciente, cidadão). As intoxicações, agudas e crônicas, em sua maioria podem ser evitadas. Evitar intoxicações é melhor que tratá-las, é também o meio mais seguro e barato. Todos, crianças, pais, agricultores, professores, profissionais, trabalhadores e agentes de saúde, podem ajudar para melhorar as condições de segurança no uso de qualquer substância química contribuindo Prevenção de Intoxicações 26 Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações para reduzir o número de intoxicações. Segundo Henry e Wiserman, (1998) três coisas podem ser feitas para melhorar a segurança nos lares, nos locais de trabalho e na comunidade em geral: 1 Identificar todos os casos de intoxicação que tenham sido produzidos na comunidade durante os últimos anos. Saber como se desenvolveram, onde foram produzidos e quais os agentes tóxicos implicados. Refletir sobre as possíveis causas dessas intoxicações. 2 Questionar como poderiam ser evitadas as intoxicações registradas na comunidade. Sugerir numerosas medidas para prevenir as intoxicações. Consultar o centro de informações toxicológicas local acerca dos casos registrados em sua comunidade. 3 Conversar com as pessoas sobre os meios de evitar intoxicações. Compartilhe suas informações com os outros e ajude-os a compreender porque se produzem intoxicações e o que se pode fazer para evitar que se repitam. Por outro lado, diversos casos de intoxicações podem ser evitados se os produtos químicos forem conservados em condições seguras, como as seguintes: ! Guarde os medicamentos, produtos de limpeza e praguicidas em locais onde as crianças não possam vê-los ou alcançá-los; ! Não guarde produtos químicos desnecessários ao uso; ! Não guarde produtos químicos em recipientes destinados a alimentos ou bebidas, pois inevitavelmente alguém pode beber ou comer tais produtos. 5.5.Cuidados Cuidadosespecíficos específicoscom comdeterminados determinadosprodutos produtosquímicos químicos Nesta primeira abordagem, trazemos as medidas de prevenção para duas classes de produtos químicos, de grande relevância nos registros de atendimentos do Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas (CIT/AM), ocorrendo em todas as faixas etárias e em especial na infância. 5.1. 5.1.Medicamentos Medicamentos Os medicamentos foram responsáveis por 36,4% das exposições/intoxicações humanas atendidas no CIT/AM no ano de 2006. É importante ressaltar que a utilização de medicamentos implica na relação risco/benefício. Algumas medidas preventivas ajudam na redução dos casos de intoxicações envolvendo medicamentos: ! Não utilize medicamentos sem orientação médica. Evite a automedicação; ! Informe-se, lendo a bula e consultando o médico e o farmacêutico, antes de consumir qualquer medicamento; ! Não aceite substituição do medicamento sem consultar o médico ou farmacêutico; ! Verifique se o nome do medicamento obtido corresponde ao prescrito; 27 Prevenção de Intoxicações Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações ! ! ! ! ! ! ! ! Utilize produtos com embalagens seguras e invioladas; Jamais utilize a medida de um medicamento para administrar outro; Não utilizar ou oferecer medicamentos no escuro; Verifique o prazo de validade e jamais faça uso de medicamento com data vencida; Não compre medicamentos por sugestão de parentes, amigos ou vizinhos; Respeite o horário e as dosagens prescritas; Antes de tomar o medicamento verifique bem o rótulo, evitando assim enganos que podem ser perigosos; Ao administrar um medicamento a uma criança nunca diga que é um doce, um suco, ou porção mágica. 5.2. 5.2.Produtos Produtosde deLimpeza Limpeza Os produtos de limpeza foram responsáveis por 12,5% dos casos de exposição/intoxicação em humanos, registrados no ano de 2006 no CIT/AM. Vale a pena observar alguns aspectos que dificultam a prevenção de intoxicações causadas por produtos de limpeza: ! Grande diversidade de produtos químicos para limpeza doméstica com elevado potencial de risco; ! A propaganda enganosa de produtos químicos; ! A falta de comunicação entre o fabricante e os profissionais da saúde; ! O embelezamento do produto comercializado; ! A falta de segurança e a carência de informações nas embalagens. Algumas medidas preventivas ajudam na redução dos casos de intoxicações envolvendo produtos de limpeza: ! Leia as instruções antes de usar qualquer produto químico; ! Não armazene qualquer produto químico junto a alimentos; ! Conserve os produtos químicos bem identificados, e em seus recipientes originais; ! Não acondicione produto químico em garrafas, copos e vasilhas que são utilizados para outros fins; ! Não misture produtos de limpeza; ! Não compre produtos de limpeza vendidos na rua, sem registro para comercialização; ! Ensine à criança a diferença entre os riscos que pode assumir daqueles que pode evitar; ! Não compre produto de limpeza fora da validade, com embalagem violada e que não atenda suas necessidades. 6. 6.Recomendações RecomendaçõesGerais Gerais Com a finalidade de contribuir com futuros programas e projetos de prevenção de intoxicações, e, desta forma, colaborar com uma melhor utilização dos recursos disponíveis e o aperfeiçoamento do controle no uso de substâncias químicas, fazemos as seguintes recomendações: ! Reavaliar e controlar todas as propagandas de fármacos/ drogas/ medicamentos/ produtos químicos diversos Prevenção de Intoxicações 28 Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações (nos meios de comunicação permitidos), no sentido de somente ser veiculadas informações fundamentadas “a luz dos conhecimentos atuais” sem levar ao engano do consumidor; ! Maior vigilância sobre a comercialização de qualquer produto químico; ! Exigência de embalagens seguras, ou “à prova de crianças” para produtos químicos de alta toxicidade ou de alta incidência em intoxicações; ! Inserir informações relacionadas à prevenção de intoxicações nos currículos do ensino fundamental e médio; ! Estabelecer um controle de qualidade rigoroso na formulação de qualquer produto químico, evitando assim a presença de contaminação indesejáveis e altamente tóxicos; ! Maior sensibilidade dos profissionais da área da saúde sobre os riscos de exposição/ intoxicação, voluntária e involuntariamente; ! O controle rigoroso do comércio de certas substâncias tóxicas que não devem e não podem ser utilizadas, exemplo agentes mutagênicos e carcinogênicos; ! Aperfeiçoar um sistema de coleta e destino adequado para os resíduos de produtos químicos e embalagens que são descartados, evitando a contaminação do ar, água, solo e alimentos. ! Fazer avaliação constante da relação risco/benefício no uso de produtos químicos pela comunidade utilizando os questionamentos recomendados pela OMS, 1998: - em que medida é útil o produto? - quais são os riscos? - pode contaminar o meio ambiente? - pode ser manipulado com segurança? - quantas pessoas irão utilizá-lo e quantas ficarão expostas por viver ou trabalhar próximo do lugar onde são empregados? - pode ser substituído por outro produto menos perigoso? - quanto dinheiro pode ser economizado utilizando ou deixando de utilizar o produto? Ao finalizar, gostaríamos de sugerir o que Grossman e Rivara (1992) apresenta como as três principais estratégias da prevenção, que são: a) Fazer as pessoas mudarem seu comportamento, adotando medidas preventivas através da persuasão e educação; b) Fazer as pessoas mudarem seu comportamento através da legislação e regulamentação; c) Proteger o indivíduo, modificando o produto e o ambiente. 29 Prevenção de Intoxicações Prevenção Prevenção de de Intoxicações Intoxicações 7.7.Bibliografia BibliografiaConsultada Consultada AL FALLAH, M.; BOLAND, M.; CROWLEY, D.; FITZPATRICK, P.; SCALLAN, E.; STAINES, A. Childresistant containers for preventing childhood poisoning (Protocol for a Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2007. Oxford: Update Software. ARIËNS, E. J.; LEHAMANN, P. A.; SIMONIS, A. M. Introdución a la toxicologia general. México: Editorial Diana, 1978. 337 p. FUNGAIRIÑO, L. V. Toxicología. Madrid: Gráficas Aguirre Campano, 1977. p. 371 GOLISZEK, A. Cobaias Humanas: A história secreta do sofrimento provocado em nome da ciência. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. 531 p. GROSSMAN, D. C.; RIVARA, F. P. Injury control in childhood. Pediatric Clin. North. Am. v. 39, p. 471-485, 1992. HENRRY, J.; WISERMAN, H. Tratamiento de las intoxicaciones: manual para agentes de atención sanitária. Genenbra: OMS, 1998. 331 p. OGA, S. Fundamentos de toxicologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. 474 p. KENDRICK, D.; COUPLAND, C.; MULVANEY, C.; SIMPSON J.; SMITH S. J.; SUTTON A.; WATSON, M.; WOODS, A. Home safety education and provision of safety equipment for injury prevention (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2007. Oxford: Update Software. ORGANIZACIÓN MULDIAL DE LA SALUD. Principios y métodos para evaluar la toxicidad de las sustancias químicas. Parte I. Washington DC: OMS, 1980. 287 p. REPETTO, M. Toxicología fundamental. 3. ed. Madrid: Díaz de Santos, 1997. 406 p. SCHVARSTSMAN, S. Intoxicações agudas. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 1991. 355 p. VIORST, J. Controles imperfeitos. São Paulo: Melhoramentos, 2003. 303 p. Referências 30 Equipe Equipe do do CIT/AM CIT/AM em em 2006 2006 Ficha Ficha Técnica Técnica Coordenadora Taís Galvão Organização Taís Galvão Consultores em Toxicologia Prof. Dr. João Ferreira Galvão Profa. Dra. Ana Cyra dos Santos Lucas Colaboração Ana Karla Lima Freire Nadja Pinto Garcia Colaboradores de Projetos de Pesquisa e Extensão - Divulgação e Atendimento Profa. Cynthia Tereza Corrêa da Silva Profa. Marlene Ramos Guedes Donadio - Projeto Renascer Prof. Fernando Kladt Spolidoro (Psiquiatra) Psic. Andréa Costa de Andrade Projeto Gráfico Rodrigo Verçosa Plantonistas CIT 2006 Aline Oliveira Barros (fev/dez) Ana Karla Lima Freire (jul/dez) Caroline Dallas C. Pará (jan/dez) Cynthia Roberta T. Barros (jul/dez) Flávia Rochelle G. Oliveira (jul/dez) Isa Mônica C. Andrade (jan/dez) Joquebede Nery Chaves (jan/dez) José Carlos de Lima Muniz (jul/dez) José Levy S. Santos (jul/dez) Júlia Coelho (jan/out) Keityane Rodrigues Vieira (jan/dez) Luciana Buzaglo (jul/dez) Nadja Pinto Garcia (jul/dez) Patrícia Mota da Silva (jul/dez) Priscila de Almeida Lago (jan/dez) Priscila Moreira Pinto (jan/dez) Robson Oliveira (jan/nov) Silvia Batista Nery (jan/dez) Tiago César Araújo Novais (jul/out) Wendy Leila M. Manrique (jan/dez) Farmacêuticos do Serviço de Farmácia - HUGV Andréa de Souza Carneiro Ester da Silva Sales Geyse Gleyse C. Galvão de Oliveira Marcélia Célia Couteiro Lopes Maria Betânia Paes Bustamante Maria Conceição Bulcão da Silva Maria Conceição C. Flores Bitencourt Olivan Silva Conceição Sany Mesquita de Carvalho Vívian do Nascimento Pereira Ilustrações Luiz Henrique Drummond da Paz Revisão Profa. Vânia Batalha Prof. Dr. João Ferreira Galvão Agradecimentos Agradecimentos À Reitoria da UFAM e à Direção do HUGV, igualmente aos funcionários que fazem esta grande instituição; A toda equipe do CIT/AM, pela dedicação permanente ao serviço e ao sonho; A o S er vi ço d e E r god es i gn d o H UGV, personificado na Profa. Vânia Batalha e sua equipe, catalisador de muitas realizações do CIT/AM e de todo o HUGV; Ao Secretário de Governo da Prefeitura Municipal de Manaus, Dr. Marcus Barros, pelo apoio no presente e no passado do CIT/AM; Aos Secretários Municipal e Estadual de Saúde, Dr. Manoel de Jesus Coelho e Dr. Wilson Duarte Alecrim, pela colaboração ao CIT/AM, dentro das limitações; Ao Secretário Municipal de Comunicação Social, Jefferson Coronel, e sua equipe; Aos Deputados Federais Marcelo Serafim e Vanessa Grazziotin, farmacêuticos que acreditam substancialmente no trabalho e competência do CIT/AM, HUGV e UFAM; A todo público que utiliza o serviço do CIT/AM, profissionais da saúde e população em geral, colaborando na consolidação de melhor assistência toxicológica no Estado do Amazonas. Universidade Federal do Amazonas Hospital Universitário Getúlio Vargas Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas Hidembergue Ordozgoith da Frota Reitor da UFAM Gerson Suguyama Nakagima Vice-Reitor da UFAM Raymison Monteiro de Souza Diretor do HUGV Dirceu Benedicto Ferreira Vice-Diretor do HUGV Taís Freire Galvão Coordenadora do CIT/AM Centro de Informações Toxicológicas do Amazonas Av. Apurinã, 04, Praça 14 de Janeiro, CEP: 69020-170 - Manaus / AM Fone (92) 3621-6502 Fax (92) 3621-6532 www.cit.ufam.edu.br Apoio: CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DO AMAZONAS ERGODESIGN Realização: