Estrutura instalada para o atendimento dos pacientes com intoxicação aguda nos serviços hospitalares de urgência/emergência da região da Secretaria Regional de Desenvolvimento de Tubarão. Saúde Coletiva Grasiane Nunes Mayer ¹; Flávio Liberali Magajewski² ; Medicina, UNISUL, Tubarão, SC (¹)Aluno Bolsista de PUIC (²) Professor orientador Introdução Animais Peçonhentos, Medicamentos, Animais Não Peçonhentos, Produtos Químicos Domissanitários, Agrotóxicos, Produtos Químicos Industriais, Raticidas, Drogas de Abuso, Agrotóxicos de uso doméstico, Plantas, Cosméticos, Produtos Veterinários, Metais e Alimentos. Vários desses produtos estão presentes no dia-a-dia da maioria das pessoas. Ao mesmo tempo, são estes os fatores que, pelo mau uso – proposital, no caso de danos autoinflingidos, ou acidentalmente – acabam por provocar casos de intoxicação aguda com elevado risco de óbito em nosso meio. No Estado de Santa Catarina, no ano de 2007, foram registrados pelo CIT – Centro de Informações Toxicológicas - 8567 intoxicações humanas. Considerando que a população catarinense é composta por 5.866.252 habitantes, segundo o IBGE, a taxa de risco para a intoxicação em SC foi de uma para cada 685 habitantes em 2007. Porém, essa baixa incidência não reflete a realidade. O quadro clínico do paciente intoxicado pode ser confundido com outras doenças como infarto agudo do miocárdio ou patologias neurológicas, por exemplo, tornando o subregistro um forte componente do problema. Assim, a real incidência das intoxicações e da mortalidade a elas associada é bem maior do que o número registrado, situação que não é específica do sistema de saúde brasileiro. O CIT/SC é um serviço patrocinado pela Secretaria Estadual de Saúde com o objetivo de fornecer informações em casos de emergência, auxiliando no diagnóstico e no tratamento de envenenamentos e intoxicações. A decisão clínica inclui medidas de suporte e redução imediata da absorção e dos efeitos dos produtos, além do correto diagnóstico e indicação oportuna do antídoto. Porém, o apoio a tal decisão se torna ineficaz se no local de atendimento não existir a estrutura adequada para tornar disponível ao paciente o equipamento ou o medicamento necessário ao pronto atendimento da situação diagnosticada. Apesar dos Centros de Informação Toxicológica normalmente possuírem um banco de antídotos à disposição da rede de serviços de saúde, a distância entre o CIT – SC, localizado em Florianópolis, e o local de atendimento das vítimas de intoxicação nem sempre torna o seu uso oportuno. Segundo a Revista Cubana de Farmácia, a disponibilidade dos antídotos nos hospitais é limitada por fatores demográficos, geográficos e econômicos. O preço elevado destes produtos, a sua demanda relativamente pequena e a sua validade limitada em geral se constituem em contingências que reduzem a qualidade da atenção oferecida aos pacientes intoxicados. Avaliar a estrutura das unidades hospitalares com serviços de urgência/emergência, especificamente, para o atendimento adequado dos pacientes intoxicados agudamente é importante para identificar restrições ao acesso a equipamentos e insumos críticos para a atenção eficaz a essas situações de emergência clínica. Com o diagnóstico da situação desses serviços, é possível elaborar proposta de recuperação dos mesmos definindo de forma mais racional e consistente as unidades efetivamente qualificadas para assistência a esta situação crítica. Resultados Dos seis estabelecimentos da SDRT, apresentados na Tabela 3, o hospital com maior porte e foi quem apresentou melhores resultados quanto à disponibilidade de antídotos e antagonistas. Tabela 1: Disponibilidade de antídotos e antagonistas nos hospitais e pronto-atendimentos da Secretaria Regional de Desenvolvimento de Tubarão, classificados como essenciais segundo CIT e Ministério da Saúde (RENAME). Quanto aos médicos plantonistas, todos afirmaram já terem sido exigidos a atender casos de intoxicação aguda na prática de urgência, como demonstra o Gráfico 1. Porém, dois deles relataram não sentir segurança quanto à estrutura oferecida pelo hospital onde atuam, e dois afirmaram não confiar no próprio conhecimento adquirido em formação acadêmica para assistência ao paciente intoxicado. Gráfico 1: Posição do médico plantonista quanto ao atendimento a vítimas de intoxicação aguda na prática de urgência. 7 6 5 4 3 2 1 0 Atenderam casos Segurança pelos de intoxicação na conhecimentos urgência que possui Objetivos Identificar os hospitais e serviços envolvidos com a atenção de pacientes intoxicados agudamente na Região da SDR – Tubarão; Avaliar a estrutura disponível para o atendimento de pacientes intoxicados nos hospitais e pronto-atendimentos dos municípios abrangidos pela Secretaria Regional de desenvolvimento Regional de Tubarão- SDRT (Capivari de Baixo, Gravatal, Jaguaruna, Pedras Grandes, Sangão e Treze de Maio e Tubarão). Verificar as normativas existentes quanto a banco de antídotos em hospitais e prontoatendimentos. Investigar, entre os que possuem banco de antídotos, quantos estão em conformidade com as recomendações governamentais referentes à qualidade das medicações. Avaliar o conhecimento dos profissionais da saúde desses hospitais (médico plantonista) quanto ao tratamento do paciente intoxicado. Metodologia Trata-se de uma pesquisa avaliativa normativa, de abordagem qualitativa. É um estudo exploratório cujos dados tiveram tratamento descritivo baseado no conjunto de serviços hospitalares da região da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Tubarão (SDRT). Coleta de dados epidemiológicos foi realizada junto ao CIT - Centro de Informações Toxicológicas, buscando quantificar e qualificar as notificações das intoxicações exógenas cuja origem foram os municípios de abrangência da SDRT (Capivari de Baixo, Gravatal, Jaguaruna, Pedras Grandes, Sangão e Treze de Maio e Tubarão). Em seguida foi feito levantamento junto ao CIT e Ministério da Saúde sobre quais antídotos são considerados fundamentais em um pronto-atendimento. Com esses dados, foi possível a elaboração de um questionário para detalhar medicações relacionadas à atenção ao paciente intoxicado oferecidas pela casa de saúde participante, sendo aplicado ao farmacêutico responsável pelo estabelecimento investigado. Também algumas perguntas foram dirigidas ao médico plantonista, com o objetivo de avaliar sua segurança durante o atendimento a vítimas de envenenamento. Após o levantamento de endereços dos hospitais e pronto-atendimentos dos referidos municípios fora feita uma visita aos estabelecimentos para aplicação dos questionários, os quais forneceram os dados publicados no presente artigo. Segurança pela infra-estrutura disponível no serviço Conhece o CIT Sabe como entrar em contato com CIT Conclusões Uma alternativa para amenizar a insuficiência na atenção ao paciente em situação de risco de vida pelas diversas formas de intoxicação implica em vários passos: informação contínua e clara à população para prevenção de acidentes, melhor preparo dos profissionais da saúde no tema, e a elaboração de um sistema de comunicação entre os estabelecimentos para troca de antídotos e antagonistas conforme a demanda. A disponibilização de todos os fármacos necessários para o atendimento de casos de intoxicação em todos os estabelecimentos de saúde é uma utopia no nosso sistema de saúde. Mas até que ponto vale manter estoque de antídotos sem saber ao certo se serão utilizados ao menos uma vez antes de perderem a validade? No momento que aparecer um único caso necessitado, já se terá a resposta desta questão: em se tratando de uma vida, todo esforço é válido. Por conta disso, é importante definir fluxos e referências para o atendimento especializado das intoxicações agudas, estruturando uma rede hierarquizada e regionalizada que tenha padrões e limites estabelecidos pelo porte, a população de referência a localização regional, tornando essa organização dos serviços de conhecimento de toda a população. Bibliografia 1.Benatto A 2002. Sistemas de informação em saúde nas intoxicações por agrotóxicos e afins no Brasil: situação atual e perspectivas. Dissertação de mestrado. Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp, Campinas. 2.Brasil 2004. Ministério da Saúde. Portaria n° 777, de 28 de abril de 2004. Dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador em rede de serviços sentinela específica, no Sistema Único de Saúde– SUS. 3.CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DE SANTA CATARINA - CIT – SC http://www.cit.sc.gov.br/estatisticas.php?pg_estatistica=Tabela1-N+Atendimentos-2007.htm. Acesso em 28/04/2008. 4.COLLADO COELLO, Anna Karelia, GONZALEZ GAMIZ, Gricel y GOMEZ CARRIL, Martha. Los antídotos en la lucha contra las intoxicaciones. Rev Cubana Farm, Mayo-ago. 2004, vol.38, no.2, p.1-1. ISSN 0034-7515. 5.IBGE. www.Ibge.gov.br. Acesso em 28/04/2008. 6. RENAME – Relação Nacional de Medicamentos essenciais – Ministério da Saúde – http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=25295. Acesso em 13/01/2009. Apoio Financeiro: Unisul