O problema da auto-restrição na instauração do pacto social hobbesiano Mateus de Lima Ramos (IC), Yara Adario Frateschi (Orientadora) Resumo O Estado é visto por Hobbes como resultado de uma auto-restrição, ou seja, de uma criação humana, de um artifício. Este projeto de pesquisa pretende investigar essa ideia de que a vida no Estado (a vida política) é resultado de uma restrição que os homens impõem a si mesmos (uma auto-restrição). Palavras Chave: Estado de Natureza, Natureza Humana e Auto-restrição Introdução Para compreender de maneira mais precisa a justificação do pacto social, analisou-se no Leviatã1 e no Do Cidadão2 a concepção hobbesiana de natureza humana e a caracterização do Estado de Natureza para se compreender a origem do Estado civil. Nesse sentido, examinou-se em pormenores o argumento hobbesiano que culmina na conclusão de que os homens instituem a sociedade civil pelo pacto social. O próprio Estado civil, desse modo, é visto como resultante da decisão dos homens que, em certas circunstâncias, impõem restrições sobre si mesmos, já que a natureza não lhes impõe tais restrições (levando-os à guerra de todos contra todos). Ora, mas se o Estado é uma convenção instituída pelos homens para obter benefícios, como então ele pode então ser resultado de uma auto-restrição? Para solucionar esse problema, fez-se necessário recorrer à caracterização hobessiana de natureza humana e também do Estado de Natureza. Resultados e Discussão Analisando a argumentação hobbesiana a respeito da Natureza Humana e de como o homens se comportam em Estado de Natureza, foi possível constatar que todos eles são guiados exclusivamente por suas paixões, através do benefício próprio de cada um. Para levar a cabo os desejos que lhe afetam constantemente, Hobbes argumenta que os homens utilizam-se da razão como meio para alcançar desejos que, muitas vezes, colidem com os interesses de outros sujeitos. Nesse sentido, ao sentir-se ameaçado por outro indivídio em Estado de Natureza, cada homem realiza um cálculo racional para proteger a própria vida, colocando uma restrição sobre si mesmo em benefício de uma vida mais satisfeita no Estado, onde os desejos são punidos e aprovados pelo soberano absoluto. Conclusões Através das análises realizadas, concluímos que, para Hobbes, o medo de ser prejudicado no Estado de Natureza e o cuidado com a própria conservação são os requisitos que levam o homem a colocar sobre si uma autorestrição, depositando sua esperança no Estado civil. Agradecimentos Ao Cnpq, à Professora Doutora Yara Frateschi, aos meus familiares e amigos. ____________________ HOBBES, T. Leviatã ou Materia forma e poder de um Estado Eclesiástico e Civil (1651), Trad. João Paulo Monteiro e Maria Nizza da Silava. São Paulo: Abril Cultural, 1999. (Os Pensadores) __________. Do Cidadão. Trad. Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 2 XXIII Congresso de Iniciação Científica da UNICAMP