AGOSTINHO DE HIPONA E TOMÁS DE AQUINO (3ª SÉRIE

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AGOSTINHO DE HIPONA E TOMÁS DE AQUINO (3ª SÉRIE, REVISÃO TESTÃO)
PERÍODOS DA FILOSOFIA MEDIEVAL
1º Patrística: século II (ou do V) ao VIII (Agostinho de Hipona).
2º Escolástica: século IX ao XV (Tomás de Aquino).
Produção cultural e intelectual regulada pela Igreja.
Investigação filosófica ou científica não poderia contrariar as verdades estabelecidas pela fé.
Os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade (já havia sido revelada por Deus aos homens):
demonstrar racionalmente as verdades da fé.
FILOSOFIA GREGA E PENSAMENTO CRISTÃO
Início da Era Cristã: penetração da filosofia grega entre as autoridades e as camadas mais cultas de Roma
(posteriormente províncias e toda a Europa Medieval).
Há religiosos que rejeitaram a filosofia: forma pagã de pensamento, porta aberta para o pecado.
E pensadores cristãos que defenderam e acolheram a filosofia grega: instrumento a serviço do
cristianismo.
Agostinho de Hipona (Santo Agostinho, Bispo de Hipona): Platão (427-347 a.C.).
Tomás de Aquino (São Tomás, Doutor Angélico, Aquinate): Aristóteles (384-322 a.C.).
PRINCIPAL REPRESENTANTE DA PATRÍSTICA: SANTO AGOSTINHO DE HIPONA (354 - 430)
Conciliação entre o cristianismo e o pensamento filosófico pagão.
Platão (427 – 347 a.C.) e neoplatonismo: influencia o pensamento, a filosofia de Agostinho: adapta
algumas ideias e teorias de Platão ao Cristianismo.
Razão e Fé se complementam.
Homem: Corpo e Alma. Superioridade da alma.
Alma criada por Deus para controlar o corpo (dirigindo-o para o bem, que consiste no amor a Deus).
O PROBLEMA DO MAL: AGOSTINHO CRISTÃO
Deus: eterno e imutável do qual procede toda natureza material ou espiritual.
Toda natureza criada é um bem.
Se Deus criou todas as coisas, ele teria criado também o mal?
Homem: livre e criativo, vontade livre (livre arbítrio).
Não seguir o bem por imposição, mas por livre escolha.
O homem, fazendo uso errado do seu livre-arbítrio (liberdade) criou o mal.
As más ações provêm das paixões humanas.
Todo mal consiste na carência ou ausência do bem: bem e não bem.
AGOSTINHO DE HIPONA (354 - 430). TRATADO POLÍTICO: CIVITAS DEI
Humanidade dividida em 2 grupos: os que vivem segundo o Homem (Cidade dos Homens); os que vivem
segundo Deus (Cidade de Deus).
Cidade: sociedades de homens.
A Cidade de Deus: comunidade cristã, os membros da Igreja, os indivíduos que prezam os interesses
espirituais.
Libertos do pecado, em peregrinação ao céu e muito próximos do ser divino.
A Cidade dos homens: comunidade política, o Estado, os indivíduos movidos por interesses materiais.
Pessoas marcadas pelo pecado, não vivem na fé.
AMOR A DEUS X AMOR À RIQUEZA
Dois amores fizeram as duas cidades: o amor a Deus e aos valores espirituais (Cidade de Deus);
O amor aos bens materiais, aos interesses mundanos, riqueza, desejos (Cidade dos Homens).
Cidade de Deus: reinar eternamente com Deus; Cidade dos Homens: sofrer eterno suplício com o diabo.
Estado e Cidade de Deus: Estado subordinado à Igreja.
Igreja cristã: jurisdição sobre a Sociedade Política.
A autoridade que exerce o poder terreno só será perfeita se for um governante cristão.
TOMÁS DE AQUINO (1225 - 1274): A RAIZ ARISTOTÉLICA DO PENSAMENTO CRISTÃO
DIFERENTES MODOS DE CONHECIMENTO: CONCPÇÃO TOMISTA
1) O conhecimento por revelação de Deus ou pela fé: Ciência Divina (Revelação).
2) O conhecimento pela razão humana: (ciência humana) ciências matemáticas, ciências da natureza e a
filosofia (que em si inclui uma teologia racional)
3) O conhecimento misto de fé e razão: ciência divino-humana: parte das verdades reveladas e delas
extrai, pelo raciocínio, novas verdades (Teologia).
Diferentes modos de conhecimento: fundamental relação de harmonia, porque toda a verdade tem a sua
fonte no único Deus.
FILOSOFIA E FÉ
Filosofia e fé: autonomia, concordância e subordinação.
Autonomia da Filosofia: seu próprio modo de conhecer e afirmar a realidade, que se funda na razão
natural.
Concordância: a verdade da filosofia não pode estar contra a da fé.
Subordinação: o conhecimento da fé é mais seguro que o da razão: em caso de conflito, a filosofia deve
procurar pôr-se de acordo com a verdade da fé e não ao contrário.
FILOSOFIA E TEOLOGIA
1 No plano epistemológico: duas ciências que se distinguem pelo diferente modo de conhecimento e
afirmação da verdade.
Uma apoia-se na fé ou na revelação de Deus, outra na razão natural.
No que se refere ao objeto material, ele coincide parcialmente: Deus como única fonte da verdade.
2) No plano funcional ou prático: a filosofia presta valiosos serviços à teologia:
Fornecendo-lhe os procedimentos racionais da sua lógica demonstrativa;
Explicando e aprofundando, com a ajuda da razão filosofante, os dados da fé.
O DIREITO DIVINO DE GOVERNAR
Idade Média e Moderna: aliança entre poder eclesiástico e poder político
Igreja católica: todo poder pertence a Deus: os governantes seriam representantes de Deus na Terra
(DIREITO DIVINO DE GOVERNAR).
Desobedecer ou desrespeitar o soberano seria uma ofensa a Deus (Tomás de Aquino é contrário a esta
ideia).
Não se deve seguir um príncipe que abandone a busca do bem comum.
Abuso do poder: dá direito ao povo sublevar-se e de nomear outro governante mais moderado e justo.
Dominação intolerável: não é lícito matar o tirano cruel, mas cabe ao povo reduzir os poderes ou destituir
o monarca.
Para Tomás, o poder do Estado não fica subordinado de forma absoluta ao poder da Igreja (como queria
Agostinho).
O poder da Igreja é superior em matéria espiritual.
TEORIA DO DIREITO: TIPOS DE LEIS
Lex Aeterna (Lei Eterna). Lex Naturalis (Lei Natural). Lex Humana (Lei Humana). E, acima delas, está a
Lex Divina.
LEI ETERNA: é o plano racional de Deus, a ordem do universo inteiro, pela qual a sabedoria divina dirige
todas as coisas para seu fim (finalidade, objetivo).
As estações do ano: chuva: sementes germinam, plantas, frutos, pássaros comem, espalham sementes,
mais plantas, oxigênio pro Homem.
LEI NATURAL
Homens e demais animais: a conservação, preservação.
Ensinamentos universais da natureza: união do macho e da fêmea, proteção e crescimento dos filhotes etc.
Princípio central da lei natural: “se deve fazer o bem e evitar o mal”.
Para o homem, enquanto ser racional é um bem conhecer a verdade, viver em sociedade.
LEI HUMANA
Lei humana é dividida em: Jus Gentium e Jus Civile.
Jus Gentium (direito das gentes): normas ou leis que derivam da lei natural por dedução (raciocínio).
Ex.: a proibição do homicídio.
Jus Civile (direito civil): normas ou leis que derivam da lei natural por especificação.
Ex.: sociedades diferentes podem aplicar penas diferentes aos homicidas.
LEI DIVINA
O Estado pode encaminhar os homens para o bem comum e pode favorecer algumas virtudes, mas não
permite ao homem alcançar o seu fim último: salvação espiritual.
A lei natural e as leis humanas servem aos fins terrenos do homem. Mas o homem tem um fim
sobrenatural: a bem-aventurança, a felicidade eterna.
Lei natural e a lei humana não são suficientes para conduzir o homem a esse fim.
Para tanto, é necessária uma lei sobrenatural: a lei divina.
Lei Divina: é a lei revelada, a lei de Deus que encontramos nas escrituras sagradas.
Guia para alcançar a bem-aventurança e que, além disso, preenche as lacunas e imperfeições das leis
humanas.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS: 1ª PROVA DO PRIMEIRO MOTOR
Via do movimento. Tudo aquilo que se move é movido por outro.
Mover: levar da potência ao ato. Ora, uma coisa não pode ser levada de potência a ato senão em virtude
de um ente que já está em ato.
Por exemplo, aquilo que é quente em ato, como o fogo, torna quente a madeira, que estava quente em
potência, e assim a muda e a altera.
O primeiro motor terá de ser Deus.
Aristóteles: movimento é passagem da potência ao ato.
Tomás: mover é levar da potência ao ato.
2ª: PROVA DA PRIMEIRA CAUSA EFICIENTE
Causas Eficientes: uma coisa não pode ser a causa eficiente de si mesma, porque para tanto deveria ser
anterior a si mesma.
Cada coisa tem uma causa. Remontando de causa em causa, acabaremos por encontrar uma causa que
seja a original.
Não existindo uma primeira causa, não existirão causas intermédias e finais.
A razão induz-nos a crer que existe uma causa primeira e que essa causa é Deus.
Aristóteles: seres naturais não têm causa eficiente. A causa da mudança (potência-ato) seria uma
disposição natural.
Tomás: causa eficiente também para os seres naturais. Pois eles não passam (naturalmente) da potência ao
ato, eles são levados a isso pela causa eficiente.
3ª PROVA: CONTINGENTES E NECESSÁRIOS
Neste mundo: coisas mudáveis e que dependem de outras na sua existência.
As coisas possíveis existem como consequência das coisas necessárias. As necessárias têm a causa dessa
necessidade em si mesmas ou em qualquer outra.
Dependem da ação de princípios externos para dar as condições necessárias de sua atualização.
Necessitamos de encontrar algo nessa cadeia, que seja necessário por si. Esse Ser necessário por si é
Deus.
4ª: PROVA DOS GRAUS DE PERFEIÇÃO
A quarta via: graus de perfeição que se pode encontrar nas coisas.
É um fato que nas coisas se encontra o bem, o verdadeiro, o nobre e outras perfeições em grau maior ou
menor.
Mas o grau maior ou menor se atribui as diversas coisas conforme elas se aproximam mais ou menos a
algo de sumo e absoluto; assim, mais quente é aquilo que mais se aproxima do sumamente quente.
Dessa forma, existe algo que é verdadeiro, nobre e bom em grau máximo e, consequentemente, algo que,
em grau máximo, é ser.
O que é máximo em cada gênero é a causa de todos os que pertencem àquele gênero: por exemplo, o
fogo, que é máximo no calor, é causa de todas as coisas quentes.
Por isso, deve haver algo que para todos os entes é a causa de seu ser, de sua bondade e de toda outra
perfeição. E a isso chamamos Deus.
5ª: PROVA DO ORDENAMENTO OU DA FINALIDADE (FIM SUPREMO) DAS COISAS
Nós podemos ver que algumas coisas, que carecem de conhecimento, como os corpos naturais, agem em
função de um fim.
Eles não alcançam seu fim por acaso, mas por uma predisposição.
Tudo o que não tem inteligência não tende ao fim, a menos que seja dirigido por algum ente dotado de
conhecimento e inteligência, como a flecha lançada pelo arqueiro.
Por isso, existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas naturais para seu fim. E esse ser nós
chamamos Deus”.
Assim, constatamos a existência de uma ordem no Universo. Essa ordem deve depender de uma
Inteligência Suprema. As coisas privadas de inteligência têm uma finalidade, uma ordem, pressupondo
um Ser inteligente que as governa. Esse ser é Deus.
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