Alternativo Metallica faz show emblemático no Rock In Rio. P. 5 [email protected] O ESTADO DO MARANHAO · São Luís, 21 de setembro de 2013 - sábado Comédia de dramaturgo italiano em cartaz no TAA A Cia LaMínima de São Paulo apresenta hoje e amanhã, no Teatro Arthur Azevedo, o espetáculo Mistero Buffo, com Domingos Montagner, Fernando Sampaio e Fernando Paz; peça mescla humor e sátira e é inspirada na obra de Dario Fo Fotos/Divugação Ricardo Alvarenga Da equipe de O Estado T rechos da obra Mistero Buffo, do italiano Dario Fo, um dos dramaturgos mais encenados no mundo, será apresentado hoje, às 21h, e amanhã, às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (TAA). No espetáculo, escrito na década de 1960, os atores Domingos Montagner e Fernando Sampaio se revezam em dezenas de personagens apresentando histórias baseadas em pesquisas sobre os jograis medievais. A peça foi adaptada por Neyde Veneziano para a Cia LaMínima a partir do texto de Fo, que conduz toda a narração em tom satírico. Mistero Buffo tem a produção local de Guilherme Frota. O texto já recebeu diversas montagens devido à fama de Dario Fo, que discute satiricamente as tragédias humanas, como a ganância, a fome, a exploração e a pobreza. Na montagem, são narrados fatos onde o passado torna-se uma metáfora do presente. O espetáculo é composto por histórias bíblicas que geralmente são contadas com seriedade e reverência, sempre com personagens sérios, enrijecidos e compenetrados. Porém, a comédia Mistero Buffo quebra esse formato. Composto por quatro pequenas histórias inspiradas em passagens bíblicas, à montagem tem um tom completamente diferente, o aspecto sério do assunto é transformado por meio da linguagem utilizada pelo autor, que emprega gírias, dialetos populares e situações que se mesclam à estética de Dario Fo. O texto é uma crítica ácida à espetacularização da fé. Os quadros que compõem o espetáculo são A Ressurreição de Lázaro, O Cego e o Paralítico, O Louco e a Morte e O Louco aos Pés da Cruz. Além disso, há uma comunicação direta com o público, que se diverte, mas também se informa por meio da apresentação cheia de informações históricas que os atores fazem em forma de jogral. Vinte personagens aparecem em cena. Domingos Montagner e Fernando Sampaio se desdobram para realizar as encenações. Além dos dois, o também ator e palhaço Fernando Paz, completam o elenco, em uma parceria sonora. Ele executa to- da a trilha sonora ao vivo. A direção musical fica por conta de Marcello Pellegrini. Montagem - Na montagem, além dos atores usarem a sátira própria de Dario Fo, buscam elementos da linguagem e performance do palhaço. Os atores usam a essência do corpo e da voz, muitas vezes sem os recursos de figurino e maquiagem. Falam com o corpo por meio de movimentos e expressões faciais. A peça também se mostra como uma reflexão sobre a arte e sua identidade. Na montagem, Neyde Veneziano usou gírias brasileiras, comuns no subúrbio para se adaptar à linguagem de autor original. O espetáculo, baseado na obra de Dario Fo, é uma das encenações mais prestigiada da Cia La Mínima. A montagem já conquistou os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Elenco pela Cooperativa Paulista de Teatro 2012. Foi ainda indicada ao Prêmio Shell de Melhor Ator, para Domingos Montagner; ao Prêmio Shell 2012 de Melhor Direção para Neyde Veneziano e a três categorias no Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro: Melhor Espetáculo, Melhor Elenco e Melhor Música original.A peça estreou em São Paulo e já passou pelas cidades de São José dos Campos, Sertãozinho, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre e Teresópolis. Atores – Domingos Montagner é ator e artista circense. Começou no teatro por meio do curso de interpretação de Myriam Muniz. Com Beto Andretta e Beto Lima, juntos criaram a PiaFraus Teatro. Iniciou no Circo Escola Picadeiro em 1989. Ator global, já realizou trabalhos como Salve Jorge (2012), O Brado Retumbante (2012), Cordel Encantado (2011), Divã (2011) e atualmente está no elenco de Joia Rara, novela global das seis. Fernando Sampaio desenvolve atividades como palhaço desde 1990. Participou de diversos espetáculos com as mais diferentes cias. de São Paulo. Entre seus trabalhos mais recentes destaca-se o espetáculo A Noite dos Palhaços Mudos (2008). O palhaço é também um dos fundadores do Circo Zanni, projeto que busca revitalizar a importância dos circos de pequeno e médio porte na vida cultural das cidades. Os atores Domingos Montagner, Fernando Sampaio e Fernando Paz estão no elenco do espetáculo Mistero Buffo, obra de Dario Fo “ São parábolas que provocam a reflexão profunda por meio do riso", Domingos Montagner, ator Serviço • O quê Espetáculo Mistero Buffo • Quando Hoje, às 21h, e amanhã, às 20h • Onde Teatro Arthur Azevedo • Quanto Plateia R$ 60,00; frisa e camarote R$ 50,00; balcão R$ 45,00 e galeria R$ 40,00 Domingos Montagner com o palhaço Fernando Paz em Mistero Buffo, que será apresentado hoje e amanhã, no Teatro Arthur Azevedo Abrindo o jogo O Estado - A inspiração para a montagem veio da obra de Dario Fo. Como foi o processo de adaptação do texto para o teatro? Domingos Montagner Mistero Buffo é um amor antigo. Porém, realmente esperamos o grupo ganhar maturidade para encarar este desafio. Para a adaptação, convidamos nossa diretora, Neyde Veneziano, que, além de conhecer profundamente a obra de Dario, trabalhou com ele em Milão. Lemos a maioria dos textos que compõem a obra, vimos grande parte dos registros de vídeo que existem, com Dario representando, e escolhemos os que achávamos mais pertinentes com a nossa linguagem. Depois de escolhidos os textos, Neyde fez a tradução juntamente com André Carrico, e durante os ensaios, juntos, fomos adaptando os textos à proposta do espetáculo. O Estado - Dario retorna à Idade Média para retratar a maneira como eram feitos os jograis. Quais elementos dessa forma de contar histórias estão presentes na encenação? Domingos Montagner Procuramos manter a essência da pesquisa de Dario sobre os jograis. O espetáculo está focado na forma narrativa dos jograis: presença dos atores em primeiro plano em relação aos outros recursos cênicos como luz, cenários e figurinos. São contadores de histórias que criam os universos a partir de recursos próprios e música ao vivo. O Estado – O que podemos esperar da produção do cenário e figurino? Domingos Montagner - Os cenários foram desenhados por mim e procuram somente dar um suporte, uma moldura para os atores, remetendo as arenas de espetáculos de rua, de onde vem a arte dos jograis. Ele revela os bastidores do teatro numa intenção explícita de dialogar e com espaço onde estamos nos apresentando. Os figurinos fazem uma transição entre o palhaço e os jograis. Iniciamos como palhaços e nos transformamos em jograis. O Estado - Essa é a primeira vez que a peça vem ao Maranhão. Qual a expectativa? Domingos Montagner Enorme. Vamos apresentar pela primeira vez no Maranhão e, como todo jogral, saltimbanco, palhaço ou qualquer outro artista de rua, gostamos de circular. E ter a oportunidade de apresentar nosso trabalho tão longe de nossa origem é sempre um desafio à abrangência da nossa linguagem.