II SEMANA UNIVERSITÁRIA DA UNILAB “Práticas Locais, Saberes Globais” I ENCONTRO DE PRÁTICAS DOCENTES E DISCENTES II ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA II ENCONTRO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA III ENCONTRO DE EXTENSÃO, ARTE E CULTURA IV ENCONTRO DE INICIAÇÃO CINTÍFICA I ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO INTERVENÇÕES EDUCATIVAS NA AUTOMEDICAÇÃO EM USUÁRIOS DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO – CE Francisco Clécio da Silva Dutra1, Nicásio Urinque Mendes1, Emanuella Silva de Melo1, Edmara Chaves Costa2, Francisco Washington Araújo Barros Nepomuceno2, Jeferson Falcão do Amaral2 1 Acadêmico de Enfermagem - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected]; 2Professor - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected]. RESUMO A automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, onde o próprio paciente decide qual fármaco vai utilizar. Mediante uma “epidemia” chamada de automedicação encontrada em todo o mundo, se vê a necessidade de uma informação de qualidade sobre medicamentos. O objetivo do presente projeto de extensão foi observar a automedicação no município de RedençãoCE e aplicar um trabalho de Educação em Saúde no uso correto e racional de medicamentos. O projeto foi executado em 3 fases: 1ª fase (diagnóstico situacional), 2ª fase (intervenção educativa) e 3ª fase (exposição dos resultados observados). Pudemos aferir durante as visitas a gravidade do problema que é a prática da automedicação irracional. Há por parte da população uma dependência emocional bastante enraizada em possuir medicamentos, em tê-los como bens de consumo. Isto pode ocasionar sérios problemas de saúde advindos de intoxicações medicamentosas e reações adversas. PALAVRAS-CHAVE: automedicação, uso racional, Educação, Farmácia-Caseira. INTRODUÇÃO A automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, onde o próprio paciente decide qual fármaco vai utilizar. Inclui-se nessa designação genérica a prescrição ou indicação de medicamentos por pessoas não habilitadas (IVANNISSEVICH, 1994). No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas da automedicação; a má qualidade da oferta de medicamentos, a não obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a carência de informação e instrução na população em geral justificam a preocupação com a qualidade da automedicação praticada no País; justificada pela carência de informação e instrução na população em geral (ARRAIS, 1997). Mediante essa “epidemia” chamada de automedicação encontrada em todo o mundo, se vê a necessidade de uma informação de qualidade sobre medicamentos, fazendo com que a automedicação seja realizada de forma responsável. A prática dos indivíduos em tratar doenças, sinais e sintomas e males menores, utilizando medicamentos aprovados e disponíveis para a venda sem prescrição médica, é recomendado pela OMS desde que sejam estes efetivos e seguros quando usados racionalmente (ANVISA, 2009). O objetivo, do presente projeto, de extensão, foi observar a prática da automedicação no município de Redenção-CE e aplicar um trabalho de Educação em Saúde visando o uso racional e coerente de medicamentos da “Farmácia Caseira”, possibilitando, dessa forma, a promoção da saúde dos indivíduos pela probabilidade da redução dos riscos da automedicação realizada de maneira inadequada, tais como intoxicações medicamentosas e reações adversas. MATERIAL E MÉTODO O presente projeto de extensão foi realizado por busca ativa dos usuários/ pacientes em suas próprias residências no município de Redenção-CE no período de julho de 2014 a julho de 2015. Foram realizadas 181 visitas domiciliares aplicando ações voltadas à promoção da saúde, enfatizando o uso racional de medicamentos e organização adequada da “Farmácia Caseira” (ARRAIS, 2005). Antes do início das visitas aos domicílios o projeto foi apresentado e apreciado pelo Secretário Municipal de Saúde para que o mesmo aprovasse a sua realização. Após a devida aprovação do Secretário Municipal de Saúde, foi realizada uma visita a Estratégia Saúde da Família (ESF) que abrange o perímetro urbano da cidade para que o projeto fosse explicado à coordenadora do próprio ESF juntamente com a farmacêutica responsável. Mediante esse contato, foi possível a aproximação com as Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs), pois foram elas o veículo por nós utilizado para a realização das visitas em domicílio. Foi realizada uma oficina organizada pelos professores responsáveis pelo projeto e pelos alunos envolvidos no projeto em questão, onde o público alvo foram todas as ACSs responsáveis pela região urbana do município. A oficina objetivou apresentar os problemas recorrentes da prática da automedicação pela população, capacitar as ACSs para que pudessem auxiliar o aluno e por fim o devido convite para que participassem juntamente com o bolsista e os voluntários durante as práticas educativas. Sistematicamente o projeto foi dividido em 3 (três) fases de execução: 1ª fase (diagnóstico situacional): Durante as visitas foi utilizado um instrumento de entrevista, para a identificação dos medicamentos que existiam na residência (“Farmácia Caseira”). 2ª fase (Intervenção educativa): Concomitantemente durante a visita ao domicílio os usuários/pacientes foram orientados e educados sobre o acondicionamento dos medicamentos, sobre o uso correto e racional dos mesmos. 3ª fase (exposição dos resultados): Os resultados do processo de educação no uso correto de medicamentos foram apresentados à Vigilância Sanitária Municipal, às ACSs e ao Secretário Municipal de Saúde de Redenção. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pudemos aferir durante as visitas a gravidade do problema que é a prática da automedicação irracional. Há por parte da população uma dependência emocional bastante enraizada em possuir medicamentos, em tê-los como bens de consumo. Muitos desses medicamentos na grande maioria das vezes não são utilizados em qualquer tratamento, somado ainda à ausência da prescrição médica. Seguindo esse pensamento o processo de intervenção sobre a população se tornou uma ferramenta intrínseca para que ocorresse uma mudança no pensar e no agir em torno da população sobre a prática da automedicação. As visitas casa-a-casa objetivaram justamente esse problema; dialogar com o morador sobre a automedicação irracional, debater e explicitar sobre os potenciais riscos que um indivíduo pode estar exposto quando realiza e pratica tal ato. A permuta de informações foi bastante rica, houve uma troca de saberes tanto pelas informações repassados bem como pelos anseios que o morador relatou ter em torno desse hábito de se automedicar; o que o direcionou a fazer uso de medicamentos sem orientação de um profissional da saúde capacitado e o que o levou a confiar em tal medicamento. Quando percebida a atenção do indivíduo em torno do assunto abordado e nas informações repassadas a respeito da gravidade do problema, pudemos perceber que de fato a intervenção foi recebida de maneira satisfatória, pois pudemos também observar as inúmeras interrogações e dúvidas que permeavam as pessoas que participaram das intervenções. Após o término das visitas as residências, foi realizado um Seminário sobre o Uso Racional de Medicamentos com a participação do Secretário Municipal de Saúde e com todas as Agentes Comunitárias de Saúde do município. Esse seminário culminou na apresentação das informações obtidas na execução do projeto e na discussão das mesmas pelo público presente no evento: professores coordenadores do projeto, aluno bolsista e alunos voluntários, ACSs e o então Secretário de Saúde da cidade de Redenção. O ponto chave da discussão foi a sugestão de firmar parcerias do Grupo de Pesquisa da UNILAB (GPUMed) com a secretaria de saúde, para pensarmos em projetos de educação em saúde mais amplos sobre uso racional de medicamentos, para que se possa atingir uma parcela ainda maior da população e, assim, reduzir a possibilidade de intoxicações medicamentosas e reações adversas advindos do uso irracional. CONCLUSÕES Podemos tomar por conclusão que o hábito de se automedicar ainda é muito enraizado na população acompanhada, que a prática de fazer uso de medicamentos sem o aconselhamento e orientação de um profissional devidamente capacitado ainda é um fator a ser combatido. Tendo em vista a imensidade do problema, um processo de intervenção pautado na educação em saúde se tornou indispensável para que houvesse de fato uma mudança de hábitos, uma mudança na forma de pensar sobre a utilização de medicamentos, levando a uma prática racional e prevenção de intoxicações medicamentosas. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Venda de medicamentos sem prescrição médica. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/profissional/ medicamentos/venda.htm>. Acessado em: 20/Abr/2009. ARRAIS, P.S.D.; BRITO, L.L.; BARRETO, M.L.; COELHO, H.L.L . Prevalência e fatores determinantes do consumo de medicamentos no Município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad. Saúde Pública, n.21, v.6, p.1737-1746, 2005. IVANNISSEVICH, A. Os perigos da automedicação. Jornal do Brasil , Rio de Janeiro, 23, jan., 1994. ______. ARRAIS, P.S.D.; et al. Perfil da automedicação no Brasil, Revista de Saúde Pública. n. 01, v. 31, 1997.