Agrupamento de Escolas de S. João da Talha Escola Secundária Ficha de Trabalho Biologia/Geologia - 11º Ano Nome: __________________________________ Ano/Turma: ____ Assunto: Cocaína e neurotransmissores A cocaína é a droga que mais rapidamente devasta o consumidor. Bastam alguns meses ou mesmo semanas para que haja um emagrecimento profundo, insónia, sangramento do nariz, lesão da mucosa nasal e tecidos nasais, podendo inclusive causar perfuração do septo. Doses elevadas consumidas regularmente também causam palidez, suores frios, desmaios, convulsões e paragem respiratória. No cérebro, a cocaína afecta especialmente as áreas motoras, produzindo agitação intensa. A acção da cocaína no corpo é intensa, porém breve, durando cerca de meia hora, já que a droga é rapidamente metabolizada pelo organismo. Interagindo com os neurotransmissores, torna imprecisas as mensagens entre os neurónios. Sabe-se que neurotransmissores como a dopamina, noradrenalina e serotonina são sintetizados por certas células nervosas que agem em regiões do cérebro promovendo, entre outros efeitos, o prazer e a motivação. Depois de sintetizados, estes neurotransmissores são armazenados dentro de vesículas sinápticas. Quando chega um impulso eléctrico ao neurónio,as vesículas são direccionadas para a membrana pré-sináptica e libertam o conteúdo por exocitose, por exemplo, da dopamina, na fenda sináptica. A dopamina atravessa a fenda e liga-se aos receptores específicos na membrana pós-sináptica. Posteriormente é recaptada novamente por transportadores de dopamina, localizados no primeiro neurónio (neurónio présináptico). A recaptura dos neurotransmissores é um mecanismo fundamental para manter a homeostasia e capacitar os neurónios a reagir rapidamente a novas exigências, já que o trabalho do cérebro é constante. Quando a cocaína entra no sistema de recompensa do cérebro, bloqueia os transportadores dos neurotransmissores, que têm como função removê-los da sinapse. Desta forma, possibilita a ocorrência de um excesso de neurotransmissores na fenda sináptica à disposição dos receptores pós-sinápticos, o que contribui para estados psíquicos de sensações de magnificência, euforia, prazer, excitação sexual. Por este motivo, denomina-se o consumo da cocaína como"Síndrome de Popeye"numa analogia dessa droga com o espinafre do conhecido marinheiro da BD. Uma vez bloqueados estes transportadores, a dopamina e outros neurotransmissores específicos não são recaptados, ficando portanto,"soltos" no cérebro até que a cocaína saia. Por cada impulso nervoso que chega ao neurónio, são libertados mais neurotransmissores que se acumulam nas fendas sinápticas. Acredita-se que a presença anormalmente longa de dopamina no cérebro é que causa os efeitos de prazer associados ao consumo da cocaína. O uso prolongado da cocaína pode fazer com que o cérebro se adapte a ela, de forma que comece a depender desta substância para funcionar normalmente, diminuindo os níveis de dopamina no neurónio. Se o indivíduo parar de consumir cocaína, já não existe 1 dopamina suficiente nas sinapses e então ele passa a experimentar o oposto do prazer: fadiga, depressão e humor alterado. Após a análise atenta do texto responde às seguintes questões: 1- Quais os efeitos da cocaína no consumidor? A cocaína causa emagrecimento profundo, insónias, sangramento do nariz, lesão da mucosa nasal e tecidos nasais, podendo causar uma perfuração no septo. Se for consumida regularmente e em doses elevadas, pode causar palidez, suores frios, desmaios, convulsões e paragem respiratória. 2- Refere quais as áreas cerebrais mais afectadas pela cocaína As áreas cerebrais mais afectadas pela cocaína são as áreas motoras. 3- Qual a importância dos neurotransmissores na transmissão do impulso nervoso de neurónio para neurónio? Os neurotransmissores são substâncias químicas muito importantes que se encontram armazenados em vesículas. Com a chegada do impulso nervoso ao axónio pré-sináptico, ocorre a fusão dessas vesículas com a membrana do axónio - exocitose. Este fenómeno permite que os neurotransmissores sejam libertados para a fenda sináptica. Estas substâncias, ao ligarem-se a receptores específicos da membrana do neurónio pós-sináptico, levam à abertura de canais iónicos associados a esses receptores, permitindo assim a entrada de sódio na célula. Esta entrada provoca a despolarização da membrana, desencadeando-se então o impulso nervoso nessa célula (pós-sináptica). 4- Explica a relação existente entre o efeito da cocaína na transmissão do impulso nervoso. Quando o impulso nervoso atinge as extremidades do axónio pré-sináptico, libertam-se para a fenda sináptica neurotransmissores. A cocaína, ao entrar no sistema de recompensa do cérebro, vai bloquear os transportadores dos neurotransmissores que, por sua vez, têm como função removê-los (aos neurotransmissores) da sinápse. Assim, há a possibilidade de ocorrer um excesso de neurotransmissores na fenda sináptica o que leva a muitos mais impulsos nervosos, uma vez que há amplificação da mensagem. 5- Por que motivo um indivíduo que consuma cocaína fica, normalmente, com estados de euforia? Quando a cocaína entra no cérebro, os transportadores de neurotransmissores ficam bloqueados, pelo que há um excesso de neurotransmissores na fenda sináptica (já que a função dos transportadores é removê-los da fenda sináptica). O excesso de neurotransmissores na fenda sináptica contribui para estados psíquicos, nomeadamente a euforia. 2 6- Apresenta uma explicação para os estados depressivos que, por vezes, indivíduos consumidores de cocaína apresentam. O uso prolongado de cocaína pode causar ao cérebro uma certa dependência a esta substância para que funcione normalmente, diminuindo os níveis de dopamina (neurotransmissor sintetizado por células nervosas que promove, entre outros efeitos, prazer e motivação). O indivíduo, ao parar de consumir cocaína, já não possui dopamina suficiente nas sinapses e então passa (o individuo) a experimentar o oposto do prazer e da motivação, como por exemplo estados depressivos. 3