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ÓpticaPro 120 Artigo de Interesse
Doenças sistémicas e
implicações para a visão
O papel do Optometrista é cada vez mais de
importante, tanto na detecção de anomalias
como no acompanhamento das
previamente detectadas por médico. Muitas
destas anomalias têm reflexo no sistema
ocular sendo de crucial importância saber
reconhecer para poder encaminhar,
sabendo que hoje em dia muitas pessoas
recorrem ao optometrista para efectuarem a
sua primeira consulta de análise visual, este
facto torna-se mais relevante.
Aqui indico algumas das situações de
doenças sistémicas que afectam a visão com
graus de gravidade diferentes:
- Diabetes Mellitus, Hipertensão arterial,
Colesterol, AIDS, Metabólicas Hereditárias,
Reumáticas e do Colagénio, Nutricionais.
O comprometimento ocular na Diabetes
Mellitus é amplo e grave, com praticamente,
todas as estruturas oculares em maior ou
menor extensão e severidade atingidas:
Músculos extrínsecos: paralisia do III e/ou VI –
provocando entre outras a inibição de
movimentos oculares)
Córnea: dobras na membrana de Descemet.
Íris: Ectrópio da Úvea, rubeose e vascularização.
Pálpebras: xantelasma (caracterizado por
pequenas placas amareladas nas pálpebras)
Cristalino: catarata. Corpo ciliar:
espessamento da membrana basal.
Humor vítreo: crepúsculos asteróides. Nervo
óptico: atrofia (rara).
Conjuntiva: alterações na micro circulação
(vasodilatação, fluxo sanguíneo lento, etc.)
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Retina: retinopatia e lipemia.
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uma evolução da fase anterior para uma
etapa onde encontramos neoformações
vasculares.
O Diabetes Mellitus compromete, no
princípio, os pequenos vasos da retina,
provocando espessamento da membrana
basal e desaparecimento dos pericitos
intramurais dos capilares retinianos.
Como consequência directa desta
microangiopatia diabética, vamos ter uma
maior fragilidade capilar com
extravasamento de líquido, consequente
edema e menor aporte sanguíneo nas
regiões irrigadas por estes vasos. Com isto, o
tecido passa a sofrer hipoxia, com formação
e libertação de factor neovasogénico, ainda
não perfeitamente determinado, o qual irá
provocar a formação de vasos anormais na
intimidade e superfície da retina, podendo
estes crescer em direcção ao humor vítreo.
Na retinopatia diabética existem duas fases
distintas:
A retinopatia diabética é, hoje, uma das
principais causas de cegueira, pois, com a
evolução terapêutica a esperança de vida
destes pacientes aumentou. A incidência da
retinopatia, aumenta, com o passar dos anos,
estando presente em cerca de 50% dos
diabéticos com 15 anos e em cerca de 80%
com 25 anos de doença. Irá sempre
evoluindo, terminando por provocar
cegueira em cerca de 5% dos pacientes com
história de 30 anos de doença).
HIPERTENSÃO ARTERIAL
O comprometimento ocular, nesta patologia,
é de grande importância, uma vez que a
possibilidade de observação dos vasos
sanguíneos retinianos permitirá inferir as
condições vasculares dos pacientes e fazer o
estadiamento da doença.
FASE NÃO-PROLIFERATIVA,
caracterizada por:
Edema, hemorragias, micro aneurismas e
exsudados na retina.
FASE PROLIFERATIVA: caracterizada por
Num fundo de olho hipertensivo,
dependendo da gravidade, podemos
encontrar exsudados, hemorragias,
estreitamento arteriolar e tortuosidade,
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ingurgitamento venoso, cruzamentos
arteriovenosos patológicos, artérias em “fio
de cobre” e “fio de prata” e Papiledema. Estes
achados podem ser isolados, em conjunto e
com graus de severidade diversos. Qualquer
um deles nos pode dar indicação, caso o
paciente desconheça, de que algo vai mal no
que diz respeito à sua saúde circulatória.
MANIFESTAÇÕES OCULARES DA AIDS
Problemas relacionados com a AIDS podem
manifestar-se em diferentes estruturas do
globo ocular e seus anexos. Apesar de o vírus
da imunodeficiência humana (HIV) poder
ser isolado de todos os fluidos e tecidos
oculares, as principais manifestações
ocorrem por infecções oportunistas ou pela
reagudização de um processo pré-existente.
Aproximadamente metade dos pacientes
com AIDS apresenta uma microangiopatia,
com nódulos algodonosos (que indicam
enfarte isquémico das fibras nervosas
superficiais da retina), semelhante ao que
ocorre em determinadas fases das
retinopatias hipertensiva e diabética. Estes
pacientes não apresentam diminuição da
acuidade visual e os exsudados algodonosos
constituem achado ocasional.
sempre, comprometem o globo ocular ou
seus anexos. Algumas das mais frequentes, e
associação com a estrutura ocular afectada:
DOENÇAS REUMÁTICAS E DO COLÁGENO
- Estima-se que mais de 100 milhões de
europeus (um quarto da população total)
sejam afectados por doenças reumáticas.
- Em 1990, estimou-se em 1,7 milhões o
número de fracturas na anca ocorridas em
todo o mundo, esperando-se que este valor
seja superior a 6 milhões até 2050.
- Em 2003, a nível mundial, estimou-se
que 40% das pessoas com mais de 70 anos
de idade sofria de osteoartrite do joelho.
- Em 2003, em todo mundo, 80% dos
doentes com osteoartrite apresentavam
algum grau de limitação de movimento e
25% não conseguiam realizar as suas
actividades diárias principais.
- Em 2003, a Organização Mundial de
Saúde estimou que a nível mundial, após
uma década de evolução, a artrite
reumatóide conduzia à invalidez laboral,
definida como total cessação de actividade
profissional, 51 a 59% dos doentes.
- Em 2003, as raquialgias eram a segunda
causa de absentismo laboral, as lombalgias,
em particular, atingiram proporções
epidémicas, com aproximadamente 80% da
população mundial a declará-las em alguma
altura da sua vida.
ARTRITE REUMATÓIDE
- As manifestações oculares da AR são
múltiplas e podem surgir em qualquer
momento da evolução da doença.
DOENÇAS METABÓLICAS
HEREDITÁRIAS
São conhecidas mais de uma centena de
doenças metabólicas hereditárias (DMH)
sendo que metade delas, geralmente ou
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tratamento é feito através de uma dieta rica
em vitamina A e também pode haver o uso
de pomadas ou colírios contendo
antibióticos. Se a doença não for
devidamente tratada pode resultar em
cegueira permanente.
MANIFESTAÇÕES OCULARES MAIS
COMUNS
· Queratoconjuntivite seca (15%), a episclerite
e esclerite são o sinal eminente de
desenvolvimento de doença sistémica grave
com vasculite difusa .
ESPONDILITE ANQUILOSANTE
- Doença reumatóide inflamatória, crónica,
progressiva, atingindo sobretudo as
articulações Sacroilíacas.
Segmento anterior:
X1A - Xerose conjuntival: secura da
conjuntiva com perda do brilho e
enrugamento da mesma;
X1B - manchas de Bitot: formação elevada
que aparecem na conjuntiva bulbar interpalpebral;
X2 - xerose da córnea: semelhante à da
conjuntiva;
X3 - úlcera de córnea/ keratomalácia da
córnea, deixando lesão irreversível e
cegueira, quando não leva à perfuração do
globo ocular).
XS - cicatrizes na córnea.
COMPLICAÇÃO OCULAR - uveíte anterior
que pode chegar a 60% dos casos, é bilateral
e recorrente ( início agudo e doloroso).
DOENÇAS NUTRICIONAIS
A má nutrição é uma das principais causas
de cegueira nos países em desenvolvimento.
A deficiência específica de vitaminas do
complexo B, apesar dos achados
discordantes na literatura, leva à
vascularização e a distrofias no epitélio da
córnea e ao quadro chamado “ambliopia
nutricional”, condição endémica em certos
pontos do mundo. A hipovitaminose A
manifesta-se no olho, especialmente de
crianças em idade pré-escolar, através de
alterações xeroftálmicas.
(Xeroftalmia é uma avitaminose causada
pela deficiência do retinol (Vitamina A));
Caracterizando-se pela baixa produção de
lágrima, com consequente secagem da
córnea provocando secreções nos olhos e
dificuldade de visão; não sendo tratada
devidamente pode apresentar úlceras e
infecções bacterianas na córnea; O
Segmento posterior do olho:
XN - cegueira noturna : Nictalopia condição
caracterizada por demora ou
impossibilidade na adaptação visual em
ambientes escuros; devido a deficiência nos
bastonetes.
XF - fundo de olho “xeroftálmico”.
DOENÇAS HEMATOLÓGICAS
De modo geral, as leucemias, síndrome de
hiperviscosidade (macroglobulinemia,
mieloma múltiplo, ocasionalmente doença
de Hodgkin e outros linfomas), policitemias,
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anemias, etc. levam a hemorragias na retina
e coróide, decorrentes de dilatação venosa
com tortuosidade, presença de
cruzamentos patológicos, oclusão venosa,
que terminam nas hemorragias, exsudados
e atrofia da retina.
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS
A principal doença que envolve a pele e tem
manifestações oculares importantes é a
hanseníase. O Mycobacterium leprae
acomete o olho pela invasão directa do
segmento anterior ou indirectamente,
através das deficiências neurológicas e, ou
das lesões cutâneas.
As principais manifestações são: iridociclites,
opacificações corneanas (resultantes da
lagoftalmia e da diminuição da sensibilidade
da córnea), perda de sobrancelhas e de cílios,
alterações da pressão intra-ocular,
dacriocistites, episclerites e esclerites,
conjuntivites e cataratas. <
Henrique Nascimento
MSc. Em Investigação Clínica
em Optometria Avançada.
Departamento de Ciências da
Saúde da Universidade Europeia
de Madrid e P.C.O. – Filadélfia.
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