Série Javari:
educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais
para povos indígenas do Vale do Javari – volume 1
Isĩ Tëai Vana
Maruvo
Falando sobre prevenção
às DST/Aids e hepatites virais
Marubo
Brasília, 2012
Esclarecimento
A UNESCO mantém, no cerne de suas prioridades, a promoção da igualdade de gênero, em todas as suas atividades e ações. Devido
à especificidade da língua portuguesa, adotam-se nesta publicação, os termos no gênero masculino, para facilitar a leitura,
considerando as inúmeras menções ao longo do texto. Assim, embora alguns termos sejam grafados no masculino, eles referem-se
igualmente ao gênero feminino.
Esta publicação é fruto da parceria entre a Representação da UNESCO no Brasil e o UNAIDS, no âmbito do Plano Integrado das
Nações Unidas para o estado do Amazonas (Amazonaids), com o objetivo de elaborar e disponibilizar material educativo multilíngue
e intercultural, para o trabalho de prevenção das DST/Aids e hepatites virais nas escolas indígenas. A parceria contou com a colaboração
da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI), do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), da Fundação Alfredo da
Mata (FUAM) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões nele expressas,
que não são necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO a respeito da condição jurídica
de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, tampouco da delimitação de suas fronteiras ou limites.
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Série Javari:
educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais
para povos indígenas do Vale do Javari – volume 1
Isĩ Tëai Vana
Maruvo
Falando sobre prevenção
às DST/Aids e hepatites virais
Marubo
© UNESCO 2012
Todos os direitos reservados.
Elaboração: Luciane Ouriques Ferreira
Tradução: Manoel Barbosa da Silva
Revisão técnica: Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Setor de Educação e Setor de Cultura da Representação da UNESCO no Brasil
Revisão gramatical e atualização ortográfica: Rodrigo Rodrigues Araújo
Diagramação e projeto gráfico: Unidade de Comunicação Visual da Representação da UNESCO no Brasil
Ilustração: participantes de povo Marubo
Fotografias: Luciane Ouriques Ferreira e Enrico Marone
Is tëai vana Maruvo. Falando sobre prevenção às DST/Aids e hepatites virais:
Marubo. – Brasília : UNESCO, UNAIDS, 2012.
57 p. -- (Série Javari : educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites para
povos indígenas do Vale do Javari; 1).
ISBN: ISBN: 978-85-7652-152-5
1. Educação para Saúde 2. Educação em Aids 3. Aids 4. Hepatites Virais 5. Doenças
Venéreas 4. Doenças Infecciosas 5. Vírus 6. Povos Indígenas 7. Amazonia 8. Brasil I. UNESCO
II.Série
UNESCO – Representação no Brasil
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Impresso no Brasil
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“Nokẽ kaya nokẽ shovo. Nokĕ vakap shovo. Nokĕ shovo roa akĩ no vësoma këskai,
isĩ ichna nokë mĕ weia, shovo ichna mainõ nõ posho kõa këskais, nokĕ vaka kaya kaĩa.
Aska misi iki chinãki nõ vësoti nokë kaya, isĩtëaki”
(Yovëvõ nokĕ kaya oĩa).
Isi Teai Vana • Falando Sobre Prevenção às DST-Aids e Hepatites Virais
“O corpo da gente é uma maloca. É a morada dos nossos espíritos. Assim como a maloca,
nosso corpo tem estruturas que desempenham várias funções para sustentar e regular a
sua existência. Se a pessoa não cuida do corpo, suas funções são prejudicadas pelas
doenças, e os espíritos o abandonam. Por isso, precisamos cuidar do nosso corpo.”
(O corpo na visão dos xamãs Marubo).
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Sumário
Na Vale do Javari namã Isĩ Tëai Vanaá Wicha – Isĩ ichna (txëwë/shëna/hepatite) aka tëai vana
Apresentação da Série Educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais para povos indígenas do Vale do Javari ..............................................................................................................9
Maruvo
Os Marubo ...................................................................................................................................15
Wicha tanamai yavorasĩ, raõn iki yavo, to imayavo, romeyavo, kenchintxivo atish më iti
O trabalho dos professores, agentes indígenas de saúde (AIS), parteiras, romëya e kënchintxo nas
aldeias Marubo.............................................................................................................................18
Isĩ shovia: Nokẽ isĩ, rama nõ oia ivo isi aká: Rakatinisho nene tana tanimai shokoa, askavai
isi yai shokoyavo
Origem das doenças: as doenças antigamente e as atuais ...........................................................24
Iskõ Koa Sheni – A pari shëna meramtaya
O primeiro a contrair uma DST ..................................................................................................26
Teáma
Vulnerabilidade.............................................................................................................................27
Isĩ ichnarasi shëtayavo, shoa shëtayavo, txëwe akaivo aka mëë nanãtõsh mëraa nokëpamtõ yoãa
Os conhecimentos dos não índios sobre as DST, HIV/Aids e hepatites virais ....................................28
Isĩ ichnarasi, txëwë, shëta aka (aká tõsh tëkia) – Shëna/txëwëa
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) ....................................................................................30
Isĩ ichna, yorãnaa mësh mëraa
HIV/Aids .......................................................................................................................................32
Hepatite shëtayavo
Hepatites virais .............................................................................................................................38
Maruvo isĩ vësotaa
Prevenção Marubo........................................................................................................................54
Nokë tana tinsho, nokë rakatisho a ivo isĩ ichna, nõ tëkit vësoka ivo
Práticas culturais e risco de transmissão de doenças ......................................................................55
Më nanãtosh mëra isi rasi aids hepatite shëtayavo nokë mëramisi inã chinã
Estratégias de prevenção às hepatites virais...................................................................................56
Romëyã isi tëai, raoĩ ati chinãa
Prevenção e tratamento na perspectiva do römaya .........................................................................59
“Maruvo” yura kakayavo chinã
Reflexões de uma liderança Marubo..............................................................................................61
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Na Vale do Javari namã Isĩ Tëai Vana Wicha –
(txëwë/shëna/hepatite) aka tëai vana
Na isĩ Tëa Vana Wicha yora Vale do Javari namã shokoyavo, atõ
vanã yomĕ ayakëshõ, wichatanamaivo Maruvo, Matís, Mayoruna
aka atõ, wichatanama namãsho a anõ vananovo, atõ shavapashõ atõ
vësokõa këskaki. Na papiri, yora ashkãsho oĩti, vakërasĩ, aĩvo rasĩ
wichatanayavo aka rasĩni oĩti.
Foto: © UNESCO/Enrico Marone
Na isĩ Tëa Vana Wicha, raõ ikiyavo, nĩ rao oĩyavo, kĕchĩtxovo,
Romëyavo, to imayavo, kakayavo, yoramĕ rakëyavo aka ato takë ati
chinãi shovia. Na yoã askasivi, aska onãt akĩ oĩsho yora rasĩni avë
chinãnovo, nokë mĕ ësëyakĩ nokë atsoma, nokë vësoki iki anõ
vananovo inã ato takë ati chinãi shovia.
Na papiri shovimamakatsinã, oficina rave vakĩ avaivo. Na 2011 vari
txitaviatõ waka tëayavo shoko namã kãtxivarãsho atõ shovimavai.
Yora rasĩ vana nĩkãi, isĩ awësakĩ tëatirá, atõ rakatĩ vësokõsho atõ
shënipavõ tanatinĩ akĩ nawã raõa txiwasho a vësotanovo inã. Aska akĩ
chinãki, yora shoko wëtsa kãtxivarãsho ato nĩkãi, kakayavo, raõn
ikiyavo, wichatanamaivo, romëyavo, shõ ikiyavo, to imayavo akarasĩ
kãtxivarãvaik, nĩkãsho atõ shovimavai.
9
Isĩ ichna nawã yoã nĩkãi, yorã yoã nĩkãi ashõ tëaki nõ nëska atimarã iki chinãnovo. Ësë isĩ
vësoyavõ tanati nĩkãsho, ni tëro shokosho atõ rao yosia ato taketi, ari avë vësotanovo akĩ chinãki.
Yora vana õsi õsipa chinãsho, ã papiri shoviti vëvo nawã vana yoranatõ tëki ayakëshõ nõ
shovimanõ, nawã vanaro yomãka ikĩ chinãki. Onãti yomĕ akĩ avë tananovo, nawã vana wicha
inã, Maruvo rasĩniro atõ kĕnchĩtxo vana txiwa-txiwa takĩ atõ shovimavai. Askaki, yosiyavo takë
amasho, atõ vanãsho wichakëni, papirinĩ yochĩ akãi, yochĩti yochĩ akãi akĩ ato shovimavai na
Isĩ Tëa Vana Wicha.
Na mëti takë avaya projeto Plano Integrado das Nações Unidas para o Estado do Amazonas
– Projeto Amazonaids – UNESCO, UNAIDS atisho yonoki Vale do Javari ato takë arina, Isĩ
Tëa Vanaá Wichaatõ ikitõsho shovivai. Aska takë avayavoro: SESAI, Departamento de
DST/Aids e Hepatites Virais, Coordenação-geral dos Índios Isolados e recém contatos/Frente
de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari/FUNAI, SEMAI, SBDST/FUAM, CTI aka.
Anõ kãtxivarãsho nëska ivo vana avë wichanovo inã takë avaya Frente de Contato, Yora rasĩ
anõ oshati, atõ piti, atõ técnico akarasĩ takë amaoi ã avai.
Isĩ Tëa Vana Wicha nëska: Txitakai yoãna yora ari vësokõa õsi-õsip chinãsho, atõ rakatinĩsho
ari vësokõyavo, ari vanayavo, ari isĩ vësotayavo, isĩ shovia mã tana këskaki, mari kakana iki
vana ivo wicha. Aska vaisë, nawã isĩ yoã vana. Ã ënë kãi wicharo, awësai vësotatirá, awësakĩ
tëa tirá aska ivo isĩ rasĩnã. Isĩyavoro raõnarivi, ësë tanati kiri chinãsho. Aska chinãsho, nawã
yoã nĩkãi, yorã yoã nĩkãi ashõ doutor, kĕchĩtxovo atisho takëvaĩsho a roa ati chinãnovo akĩ
chinãi vana.
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Foto: © UNESCO/Enrico Marone
Apresentação da Série Educação preventiva
para DST/HIV/Aids e hepatites virais
para povos indígenas do Vale do Javari
A Série “Educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais entre
os povos indígenas do Vale do Javari”1 constitui-se em material didáticopedagógico multilíngue e intercultural, que tem como finalidade subsidiar os
professores Marubo, Matis e Mayoruna (Matsés) em ações de prevenção às
doenças nas escolas indígenas e nos contextos comunitários em que estão
situadas. O material disponibiliza aos professores conteúdos para trabalharem
com as diferentes faixas etárias, gêneros e graus de escolaridade dos alunos.
A Série apoiará também os agentes indígenas de saúde (AIS), praticantes
das medicinas tradicionais – pajés, curandeiros e parteiras – e lideranças,
para mobilização das comunidades no processo de prevenção às DST/Aids e
hepatites virais. Contribuirá, assim, para instrumentalizá-los na luta pela
efetivação das políticas de atenção diferenciada à saúde dos povos indígenas
do Vale do Javari.
Para abordar as especificidades linguísticas, socioculturais e étnicas desses
povos, a publicação contempla três volumes: “Is Tëai Vana Maruvo”; “Tximu
1
A Terra Indígena (TI) Vale do Javari possui uma extensão de 8.544.480 ha e está situada no sudoeste do Estado do Amazonas. Além da sua
megabiodiversidade, essa TI abriga povos indígenas de diferentes procedências étnicas e que mantêm distintos graus de contato com a
sociedade não indígena. Os povos indígenas contatados são os Marubo, os Mayoruna (Matses), os Matis e os Kulina, pertencentes à família
linguística Pano; os Kanamari, da família linguística Katukina. Além desses povos, também moram nessa TI povos isolados. Até julho de 2010,
a população dos povos indígenas contatados do Vale do Javari foi estimada em 4.910 (SIASI, 2010).
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Bekte Sinanek Onkekin Darawakit Matis”; e “Nënaid Bedenda Quequin Chiaid Nec DST/Aids e hepatites
virais Matsés”. Por sua vez, cada um dos volumes está estruturado em três partes: a primeira apresenta
cada etnia envolvida e os agentes que atuam em educação e saúde nas aldeias. Também traz a perspectiva
indígena sobre a origem das doenças e os fatores que os tornam vulneráveis. A segunda parte aborda os
conhecimentos não indígenas sobre as DST/HIV/Aids e hepatites virais, bem como informações sobre
formas de prevenção e diferentes tipos de tratamentos. Por fim, a terceira parte propõe uma reflexão sobre
as estratégias de prevenção que cada povo pode desenvolver para interromper a cadeia de transmissão,
além de informações sobre as ações de prevenção que são de responsabilidade dos serviços públicos de
saúde. Dessa forma, o diálogo intercultural entre os saberes e práticas indígenas e os conhecimentos
operacionalizados pelos serviços de saúde constitui o eixo que sustenta a narrativa.
O processo de elaboração do material se deu de forma participativa, contemplando duas oficinas de
prevenção às DST/HIV/Aids e hepatites virais, que congregaram professores, agentes indígenas de saúde,
pajés, curandeiros, parteiras e lideranças de diferentes povos indígenas da região. Tais atividades
aconteceram entre os dias 1° e 15 de fevereiro de 2011, nas instalações da Frente de Proteção
Etnoambiental do Vale do Javari/FUNAI.2 A metodologia empregada nesses eventos foi pautada no diálogo
intercultural. Assim, conhecimentos não indígenas sobre as DST/HIV/Aids e hepatites virais dialogaram
com os saberes indígenas relativos aos processos de saúde e de doença, de modo a se construir estratégias
de prevenção adequadas aos contextos socioculturais do Vale do Javari.
Pelo fato de os participantes indígenas das oficinas serem falantes de diferentes línguas, foi necessário
instaurar dinâmicas de traduções particulares para a elaboração e a produção dos conteúdos deste material.
Assim, as informações abordadas foram traduzidas para os termos socioculturais com os quais cada
povo ali representado opera. No caso Marubo, os participantes decidiram que a tradução para a língua
2
12
A FPEAVJ é a responsável por efetivar medidas de proteção aos povos indígenas em isolamento voluntário que habitam a TI Vale do Javari. A direção da Frente, ao acolher essa ação de prevenção
às DST/HIV/Aids e hepatites virais, o faz na perspectiva de cuidar da saúde dos povos indígenas contatados como estratégia de proteção à saúde dos índios isolados da região.
indígena não deveria ser literal, mas sim ser feita na “linguagem dos kechintxovo” (curandeiros), de modo
a instrumentalizá-los no trabalho de promoção da saúde e prevenção, no contexto de suas comunidades.
Sob a orientação dos participantes indígenas, foram produzidos os textos, os desenhos e as fotografias
que compõem a presente Série.
Esta ação se insere no Plano Integrado das Nações Unidas para o Estado do Amazonas – Projeto
Amazonaids3. Implementada pela UNESCO e pelo UNAIDS, atende à solicitação de comunidades indígenas
do Vale do Javari para a produção de materiais específicos em relação a seus contextos. A iniciativa contou
com a parceria das organizações indígenas locais, da Secretaria Especial de Saúde Indígena e do
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, da Coordenação-geral dos Índios
Isolados e Recém-contatados/Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari e da Coordenação
Regional de Atalaia do Norte da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), da Secretaria Municipal de Assuntos
Indígenas de Atalaia do Norte (SEMAI), da Sociedade Brasileira de DST-AM/Fundação Alfredo da Mata
(SBDST/ FUAM) e do Centro de Trabalho Indigenista (CTI).
Possibilitando aos povos indígenas o acesso a informações sobre as formas de prevenção e tratamentos
terapêuticos das DST/Aids e hepatites virais, a UNESCO e o UNAIDS acreditam estar cooperando para a implementação de fato das políticas que asseguram os direitos diferenciados dos povos indígenas. Tais direitos,
constitucionalmente garantidos, correspondem, no caso, à atenção qualificada à saúde e à educação formal
intercultural, configurada pela prática do ensino bilíngue – português e línguas indígenas – e pelos
processos próprios de aprendizagem. Por meio do respeito e do reconhecimento dos saberes, das práticas
e dos cuidadores indígenas, pretende-se contribuir para o combate ao estigma e ao preconceito vivenciados
por esses povos e para a manutenção da sua integridade física e sociocultural no Vale do Javari.
3
Este trabalho foi elaborado no âmbito do Plano Integrado das Nações Unidas para o estado do Amazonas – o Amazonaids: uma iniciativa do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids
(UNAIDS) –, em parceria com agências da ONU, Embaixada dos Países Baixos, setor privado, sociedade civil, governo federal, governo do estado do Amazonas e governos dos municípios de
Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga. O Plano visa a fortalecer as capacidades locais, bem como harmonizar as intervenções das agências da ONU e de outros parceiros para otimizar
o uso dos recursos técnicos e financeiros, alinhando as atividades com as prioridades dos governos locais. O Plano também é um instrumento para a mobilização de novos recursos para apoiar
as respostas locais à aids no estado.
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Maruvo
Maruvo atõ akaro. Yora õsi õsip shokoa asãki vana iki yavo ipawa mëki, ramaro chai nauavõ
vana via këaivo. Nauã tanaro 1.668 yorasho 20 rakati anipa tõ vësokõyavo. Atõ shokoro,
Soi potxini, Soi rëvõ, Txëshë potxini, Txëshë rëvõ aka. Atõ anõ vësokõro shovo. Anõ oshai,
anõsh piti kashma ashõ pi, poktaivo vësoi, anõsh nĩcamaki nãnãi, anõsh chinãmaki nanãi,
anõsh isĩ vesonanãi, anõsh yora aĩ yamai vanai, anõsh sai iki, anõsh romëi ini imai aki atõ ano
vësokõa. Atõ mëitiro, piti mërama, yoin mëra, yapa aka, vimi iti txini vimi atai oshõ kënã
vëiosh ato amai aki anõ vësokõvo. Shëwa më iti iki yavo, voshti aki, yoa aki, awë mëi akaivo.
Os Marubo
Os Marubo são yura (gente) de vários clãs que falam a língua dos Chainawavos, pertencente
à família linguística Pano de origem Asãki. Sua população perfaz um total de 1.668 pessoas,
distribuídas em 20 aldeias localizadas em quatro sub-regiões da TI do Vale do Javari: médio e
alto rio Curuçá, médio e alto rio Ituí. As famílias Marubo moram em grandes malocas onde
dormem, preparam e comem os alimentos, recebem visitas, fazem reuniões, tomam decisões,
fazem casamentos, entoam cânticos de cura e realizam sessões xamânicas. Em sua economia
de subsistência, destacam-se a agricultura, a coleta de frutos, a caça e a pesca.
Também produzem artesanatos, como pentes, cerâmicas, enfeites e colares.
15
O trabalho dos professores, agentes indígenas de saúde (AIS),
parteiras, romëya e kënchintxo nas aldeias Marubo
Wicha tanamai yavo
Wicha tana maivõ wicha tanamaro vakërasĩ, vërõn vorasĩ, tanayavo akarasĩ atõ maĩsh
vësokõsh atõ më iki.
Atõ mëiti mëëro vëvokërasĩ, kakayavorasĩ,
romëya-vorasĩ, kĕchĩtxovo, shëniwëtsarasĩ,
vakẽpapavo, atõ ëwavo, raõn ikiyavo akarasĩ
shovõsho mëë iti takënãnãi atõ mëë iki.
Wicha tanamati tanat namãsho, wicha tanayavõ takë akaro, wai me iti, yoin mëraa, wëtaa,
saiki, rao yosia akarasĩ shovõ shokosho, atõ
mëtĩ tanatmẽ ësëyai, askasho, wicha tanayavo
a yosinvo, atõ tanati, inã ato yosĩ yavo.
Wicha tanamaivõ atõ wicha tanama vakërasĩ yosĩro, atõ shëniniwëtsã tanati yosit chinãi,
atomẽ ësëyai, atõ tanat mëstẽ ati chinãi, nawã
tanatinĩ atõ yosĩki, mã isĩ ichna mëramisi,
nawã shava txiwasho nõ shokoa, akĩ ato yosĩya.
18
Os professores
Os professores Marubo trabalham na educação
de crianças, jovens e adultos que moram nas aldeias
desse povo na TI do Vale do Javari.
Suas atividades são desenvolvidas em conjunto
com as lideranças, os caciques, os römeyavorasi e
˜
kechitxovo,
os anciãos, os pais e mães de família e
os AIS. No plano político-pedagógico das escolas,
os alunos acompanham as atividades na roça, nas
caçadas, na pescaria, nos rituais e na medicina
tradicional de acordo com o calendário de cada
comunidade. Assim, os alunos são incentivados a
se dedicarem à sua cultura.
Os professores ensinam seus alunos a valorizar,
respeitar e fortalecer o sistema de vida tradicional
Marubo e também os orientam sobre as coisas do
mundo não indígena, incluindo como se protegerem das doenças provenientes do contato com
os brancos.
Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira
Wicha tanamaivorasĩ, raõn iki yavo, to imayavo,
romëyavo, kenchintxivo atish më iti
Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira
Raõn ikiyavo
Raõn ikiyavo mëti askasvi, yorarasĩ isĩ
tënëmisi akĩ chinãki ato vëvo aki vanayavo,
shovõsho.
Ato kãtxivarãsho vanai, isĩ ato yoãshoi, isĩ
ichna mã mëra misi akĩ ato vanaki, shënaá,
txëwëa, akarasĩ mã mëramisi akĩ ato vana
akayavo. Mëiki askasvi: romëyavorasĩ,
këchĩtxovo, to imayavo, wichá tanamaivo
akarasĩnĩ takësho, yora isĩtënëa roapai më
ikĩ yora vësoyavo.
Os agentes indígenas de saúde
Os AIS desempenham papel fundamental na
prevenção das doenças que acometem as aldeias
Marubo.
Eles reúnem a comunidade para fazerem palestras sobre a importância de as pessoas prevenirem-se de vários tipos de doenças, especialmente
das DST/Aids e das hepatites virais.
É importante que eles desenvolvam o seu trabalho em parceria com os pajés, os curandeiros, as
parteiras e os professores visando a reunir esforços
para melhorar a situação da saúde das comunidades.
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To imayarasĩro aĩvorasĩ isĩ vësoyavo
shovõsho atõ toa namãsho. Atovro to vësoyavo,
vakë imayavo, vakë mãcho vësoya aka.
To yavorasĩ vësosho samatsoma, to ichnai
pakëa iki yavo. Askakĩ a awẽ isĩ vësoi, ã
vake isĩ vësoi akaivo.
Wëtsa to tsëkë iki sama pikẽ maĩnõ
këchĩtxovo yoã shoi avë shõ anõvo inã akaivo.
Tô imayavo askasvi, shëna, txewë,
hepatite akarasĩ mã mëramisi iki vanayavo.
Aska chinãsho takë nanãsho më iti roaka,
wichatanamaivo, raõn ikiyavo, romëyavorasĩ,
kĕchĩtxovo akarasisĩni takësho.
Aĩvorasĩ isĩ yoãktsi ravĩ yavo chinãsho, tô
imayavõ raõn ikiyavo takë ati roaka, shënaa,
txëwëaa akarasĩ avë raõnanovo inã
Parteiras
As parteiras nas comunidades Marubo são
fundamentais para garantir a saúde das mulheres
durante a gestação, o parto e o puerpério, e também dos recém-nascidos. Elas são responsáveis por
assistir os partos que acontecem nas aldeias.
20
Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira
To imayavo
São elas que fazem o acompanhamento das
gestantes, incentivando-as a se cuidarem e a observarem as dietas tradicionais necessárias para evitar
complicações no momento do parto e para garantir
a saúde da mãe e da criança. Quando surge algum
problema durante a gravidez, as parteiras chamam
os kechitxóvo para realizar a cura da gestante.
As parteiras podem ser importantes agentes de
prevenção às DST/Aids e hepatites virais, principalmente aquelas que acometem as mulheres
indígenas. Como as mulheres têm vergonha de
falar sobre o que sentem para os homens, as
parteiras podem auxiliar os AIS no encaminhamento de casos de mulheres com “doenças de
sexo” para receberem tratamento junto aos serviços de saúde.
Römeyavorasi
Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira
Romëyavorasĩ më itiro, nënë tanai
shokomisvo akĩ chinãki yora vëso yavo.
Yovëvo pëshot amasho, rao yosin ikiyavo.
Kẽchitxovo vana yoãshoaivo, yovëvo
nitxĩpakësho.
Avë seyá anõvo inã, yoã vana ato yoãshoi,
avë yosinvo akĩ chinãki.
Isĩ shovia atõ tana keskaki isĩ mëra
yavosvi. Isĩ ichna votoktsa yoã yavo, ave
vesota vainvo inã. Atovoro yora Romëyavo.
Pajés
Os Römeyavorasi desempenham um importante
papel na manutenção da saúde das comunidades
Marubo. Eles são um dos xamãs que atuam na
medicina tradicional. É por meio deles que os
espíritos se comunicam com os kenchintxovo,
aqueles que realizam as curas.
Os Römeyavorasi descrevem o universo para os
kenchintxovo, de modo que eles possam tratar as
doenças e transmitir os conhecimentos revelados
pelos espíritos para o povo.
Além de diagnosticar as causas das enfermidades e identificar os seres que as originam, os
Römeyavorasi têm o
poder de prever o futuro. Eles são os profetas Marubo. Assim,
eles falam para as
comunidades se prevenirem das doenças
que podem estar chegando.
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Kẽchitxovo
Kẽchĩtxovo tanati nënë tanamaĩnvo ato
matsi akayavo. Isĩ õsi õsipa roa akayavo atõ
rakatĩsho. Atõ isĩ roa akaro shõõti atõ aka,
ravëro rao, moka akarasĩ yosi yavo atõ
anosh yora vësoa.
Kẽchĩtxovo askasvi yosi õsi õsipa.
Vëvokë rasĩro,
chinã vana
tsasiyavo. Aska
mẽki atõ isĩ vëso
namãro, arimamẽ
yosi nanãi, nĩkamaki
nanãi aki atõ shõki,
takë nanãi.
Kẽchĩtxovo isĩ
shovia katsës
nĩkayavo. Shõ ikĩ
isĩ yoã tõ, atõ aoa,
isĩ õsi õsipa shovia.
Askasho atõ aka isĩ
ichnarasĩ roaki
shokõkoĩ ato shovit
namã, akayavo.
22
Curandeiros
Os kechitxóvo são os curandeiros Marubo. São
eles que realizam as curas das diferentes doenças
que acontecem nas aldeias. Para curarem, eles
rezam, cantam (shõki) e usam plantas medicinais,
de acordo com o caso a ser tratado.
Há diferentes níveis de conhecimento. Os mais
velhos são os que mais sabem sobre os conhecimentos.
Para curar um doente, eles
trabalham conjuntamente, e
seus conhecimentos são complementares.
Os kechitxóvo conhecem a
origem de todas as coisas
que existem no universo. Por
meio de seus cantos, eles
narram como os diferentes
seres que causam as doenças
surgiram no mundo. Por isso
é que eles têm o poder de
controlar e de curar as diferentes enfermidades que ocorrem nas aldeias.
Wichá tana maiya anõsh chinãma: Romëyavorasĩ, këchitxovo, tô imaya, yora vëvokë akarasĩ
awësatõsho nõ vësotaktsa, isi ichna nokë tëkimisi, nokẽ rakatinisho ikĩ kashma aka
Sugestão de atividade para o professor: reunir-se com pajés, curandeiros, parteiras,
AIS e lideranças, para construir um plano de prevenção às DST/Aids e hepatites virais.
23
Isĩ shovia: Nokẽ isĩ, ni tëro shokosh nõ
anõ ipawa, rama nawã isĩ akarasĩ yoã
Nokẽ shënirasĩ waka rëvõ shokaa tiãro, nënë
tanaimai shokopaovo. A tiãro Natĩ Kënëwai
(morada tradicional do Marubo do rio Ituí)
namã, nokẽ tanatinĩ iki nõ shokopaoa. Anoro
teã rëvo wakapasha aki shokosho, nêne
tanatanímai nõ vesokõ paoa. A tiãro nokẽ
pitise yani aki. Manã yoĩnivo, enẽyoini aka
ranoma namã, ni pei raoya aka namã nõ
vesokõ paoa. Aska namãsho metsai vesõkõi
nõ apaua. Awesatimai shokosho metsai
vesõkõ paovo. A tiãro, kakaya westise,
askasho ashkã me ivaĩ ivaĩchnavo. Aska
namãsho isĩ pashai nõ shoko paua. A tiãro
isĩ onãnai, samakima piá nê mainõ, ni peĩ
rao ashõ roaki, vake mãchorasĩ yochĩnka
ashõrivi ato nachi mai, kẽchitxovo akĩvis isĩ
roaki ava avaĩchnavo. Askai nõ shokoa
namãsho nokepamavo rasĩ noke tachĩki isĩ
mera mati txewe, rõ oko (catapora,
sarampo, coqueluche) shana akarasĩ. Aska
namãsho, pae akaivo, kõsha akayavo, nawa
osho nokoti. A tiãsvi yora rawe anõ inã
24
FUNAI nokoti, waka revo noke ene makĩ,
waka kaya ketsampashõ noke enemtavo.
Mato nõ vesoktsa, wichatanamay, raõ vesoi
akĩ parãsho waka kaya ketsamashõ noke
enetivo. Rama isĩro nokepamvo shava nõ
txiwa tõsho isĩ ichna noke mẽ votoai.
Nokepamvonĩ tava nanã iki, atõ yosi
yosiktsi, atõ awẽ kẽei, nõ isĩ roanõ inã atõ
shavapa noke kawi pakei pakei, nokepamtõ
awe ichna meranoshkav aki atõ mapoa.
Venerasĩ, aĩvo rasĩ, vakerasĩ akaras poke
keni, Atalaia, Benjamin, Tabatinga, Ipixuna,
Guajará Cruzeiro akanamã atõ mapoa. Aska
namãsho nokẽ shavorasĩ nokepam mẽ kẽ
keni, vakerasĩ nokepam shavo mẽ kẽ keni,
pae ichna yani akãi, askaki, isĩ ichna tekisho
atõ rakati vivaishõ, ã shavorasĩ tekimkãi. As
nõ oĩno nõ iki mẽki nokepamvo rasĩni nokẽ
rakati mê inõ inã voshõ atõ shavorasĩ vene
rasĩ oĩkeni, atõ vene rasiñro nokẽ shavo me
keni akĩ isĩ ãtsa aki akavo. Askatõsho, txewei,
shenai, hepatite ikaĩ akavotõsho, isĩ
atsamaivõ.
Origem das doenças: as doenças
de antigamente e as atuais
Antigamente, quando nosso povo vivia nas
cabeceiras dos rios, havia saúde na comunidade.
Naquele tempo, a aldeia se chamava Nati Kenewai,
e vivíamos de forma tradicional. Lá, tínhamos
fontes de água limpa que garantiam a qualidade
da vida das pessoas. A alimentação era natural.
Tinha muita caça, muito peixe e muitas plantas
nativas. Fazíamos festa. O povo tinha força e vivia
alegre. Só tínhamos um chefe e trabalhávamos
juntos para produzir roça. Nessa época, a comunidade tinha como se proteger. As poucas doenças
que existiam eram conhecidas. Grande parte delas
era causada pela quebra das dietas tradicionais.
Nossos avós tiravam folha do mato e davam banho
nas crianças. Nossos poderosos kechitxóvo curavam, facilmente, todas as doenças que apareciam.
Com a chegada dos Nawa (não índio) na região,
começaram a surgir novas doenças: catapora,
sarampo, coqueluche e gripe. Chegaram seringueiros, madeireiros e missionários. Chegou também a FUNAI, que nos convenceu a abandonar as
nossas aldeias tradicionais nas cabeceiras dos
igarapés para morar nas margens dos afluentes
dos grandes rios. Em troca, ela cuidaria do nosso
povo, construindo escolas e postos de saúde. Hoje,
a maior parte das doenças que existem na
comunidade vêm da cidade. Nos últimos tempos,
aumentou muito o número de parentes que vão
para a cidade estudar, buscar trabalho, tratamento
médico e benefícios sociais, ou mesmo para passear. São homens, mulheres e crianças. Às vezes,
famílias inteiras se deslocam para Atalaia do Norte,
Benjamin Constant, Tabatinga, Ipixuna, Guajará e
Cruzeiro do Sul. Lá, os parentes passaram a se
envolver com os Nawa, participando de suas festas,
tomando bebidas alcoólicas e mantendo relações
sexuais. Assim, adquiriram doenças e as levaram
para as aldeias, contaminando os seus parentes.
Também, muitos Nawa, que vão para a aldeia
trabalhar, acabam se envolvendo com homens e
mulheres Marubo, trazendo doenças para a
comunidade. É dessa forma que as DST/Aids e as
hepatites virais começaram a chegar, e ainda estão
chegando, até as aldeias Marubo.
25
Saiti Iskõ Koa Sheni –
Iskõ koa, a pari
shëna meramtaya
Isko koa sheni ẽ
awẽ kakĩ nĩka ẽ
Vai waka risho ẽ
Osamane mane ẽ ẽ ẽ
Osai yama we ẽ
Yora Koĩ akesho ẽ
Ẽ iso teka e ẽ
Verõ ashoĩ kawã wẽ ẽ
Awẽ aki aoa ẽ ẽ ẽ
Aki ava iniki ẽ
Awẽ kaki nikã ẽ
Vai potxia ĩkaĩ ki ẽ
Awẽ no onika ẽ
Awẽ kai txipo sho ẽ
Mai mane manei ẽ
Tachika ĩya o ẽ ẽ ẽ
Awẽ aska maino ẽ
Mia tsoa nuke sho ẽ
Amĩ ikira awẽ ẽ
Aki aoa ẽ ẽ
Tsoarivi raora ẽ
Txitxo sẽpa ichná ẽ
Osairiv amẽkĩ ẽ
Yora koĩ akesho ẽ
Ẽ iso teka ẽ
Vero ashoĩ kawã wẽ ẽ
Ea anõ aikĩ ẽ ẽ ẽ
E chiná ayona ẽ
Mai txikoriti ro ẽ
Shevi raõ yononã ẽ
26
A akiaoi ẽ ẽ ẽ
Awẽ aki aoa
A anõ isoro ẽ
E akarivi na ẽ
Aki aoi ẽ ẽ ẽ
Aska nikã sameinã ẽ
A rakã pakesho ẽ
Awẽ ava inaki ẽ ẽ ẽ
Shevi sheta vanai ẽ
Tsatsasepa tsatsase ẽ
A iki aoi ẽ ẽ ẽ
A matsi shose ẽ
Atirao amẽkĩ ẽ
Shevi kene yarao ẽ
E shevi akakĩ ẽ
A iki aoi ẽ ẽ ẽ
Akĩ mashte vaĩ vai ẽ
Awẽ weni ina maino ẽ
Atxõ achpa itãki ẽ
Ina torẽvarãi ẽ ẽ ẽ
Shevi ravĩ kaĩ ĩ ẽ
Nai parorino ẽ
Ikai ini kaita ẽ ẽ ẽ
Nai shavi wetsanõ ẽ
Shãtso roakaĩsho ẽ
Tsaoi kaoi ẽ ẽ ẽ
Awẽ ina torẽa ẽ
Mai panã pei ki ẽ
Voshto pake vetãshoẽ
Tetõ ake akevai ẽ
Ina tĩapai ẽ
A aki aoi ẽ ẽ ẽ
Ina tetõ teweyai ẽ
Varĩ ota tipai ẽ
Tsao kaĩ karaĩ ẽ ẽ ẽ
Awẽ ina sinaĩ ẽ
Tsao kaĩ karaĩ ẽ
Yãta mako varaĩ ẽ ẽ ẽ
Yãta kawama inõ ẽ
Koikoti sheshasho ẽ
Ina tetõ teweyai ẽ
A ereiko aoi ẽ ẽ ẽ
Arakainasho ẽ
Chinã noko yamasi ẽ
A aki avai ẽ ẽ ẽ
Atõ pari ki ẽ
Shava meravaĩ ẽ
Koikoti sheshasho ẽ
Ina teto teweya ẽ
Kaya kaĩ aoi ẽ ẽ ẽ
Vari sana karama ĩ ẽ
Varĩ otatipa i ẽ
Awẽ ina senai ẽ
Tsao tsao kawã ĩ ẽ
Awẽ anõ niká ẽ
Naitaerisho ẽ
Shãiii ẽ
Wa amatxi ki ẽ
Sete ini oia ẽ ẽ ẽ
Yostasma shorao ẽ
Iskõ koa shenĩ ẽ
Vana aoi ini ki ẽ ẽ ẽ
Awe yochĩ nirai ẽ
Ea ina torẽĩ ẽ
Ea roa ari na ẽ
Awẽ aki aoa ẽ
Vana matsi varãsho ẽ
Sete sete vaiki ẽ ẽ ẽ
Wa ari amese ẽ
Shãiii ẽ
Reshni wei taniki ẽ
Matsi voã voãsi ẽ
A aki atãi ẽ
Tachi varã aoi ẽ ẽ ẽ
Wa a matxiki ẽ
Sete ini aosho ẽ
Atõ isismõti ki ẽ
A atõ kepẽa ẽ
A varĩ otatipai ẽ
Ina tapĩ atãsho ẽ
Awẽ tsao maino ẽ ẽ ẽ
Vitxi kene tsintsone ẽ
One pake ao ki ẽ
Wa varĩ otapa ẽ
Ina tapĩ atãsho ẽ
Awẽ tsao maino ẽ ẽ ẽ
Awẽ ina ki ẽ
Piã ake vaĩ ki ẽ
Ina shatẽvaĩ ẽ
Yẽ iskaĩ ẽ ẽ ẽ
Mai tapõ shakini ẽ
Veva veva kaĩ ẽ
Awẽ maõ vaka ki ẽ
Rakã rakãvaĩ ẽ ẽ ẽ
Mai tapõ shakini ẽ
Veva veva kaĩ ẽ
Awẽ maõ vaka ki ẽ
Rakã rakãvaĩ ẽ ẽ ẽ
Yẽ pani pei ẽ
Peso tana irino ẽ
Pesĩ venãkaĩsho ẽ
Rakai kaoi ẽ ẽ ẽ
Ave anõ shorao ẽ
Yẽ aka merano ẽ ẽ ẽ
Isĩ Teáma tõ vana
Isĩ tëáma (sëyaki tama), nori isĩ nõ
yomẽshoa, nokẽ rakati vesô tamasho, isĩ
ichna nõ mëramisi (shëna/txëwëa) iki vana.
• Isĩ tëamash nokë ã nokoro
• Nokëpamtõ shava namã ashkã nõ mapoa
• Isĩ yoãna nõ nĩkama
• Raõna kuĩmai nõ shokoa
• Raõn iki yavo rasĩni nokë raõ kuĩma
• Katxas nokĕ shovõ nõ vivaĩa
• Isĩ ichna rakeshtãimai aĩvo nĩ nõ më nanã
• Wakapasha roapa yama
Vulnerabilidade
Conjunto de fatores/situações que aumentam
ou diminuem a proteção ou o risco de uma
comunidade adquirir uma determinada doença
(DST/Aids):
• Fatores de vulnerabilidade Marubo;
• Trânsito aldeia-cidade-aldeia;
• Falta de informação;
• Pouco acesso aos serviços de saúde;
• Baixa qualidade dos serviços;
• Uso de bebidas alcoólicas;
• Sexo sem proteção;
• Saneamento básico.
Na ivo isĩ rakë kĩ chinãshmismavo: vëronëchta, kanivënachta 11 vari rasĩchta.
Segmento populacional mais vulnerável: jovens a partir dos 11 anos.
Nokë yora wicha tana maitõ tanatiro: Verõnavo rasi, txipo kaniavo oish
mësko tsoma, shava ainip namã akĩ ato vãna akaya, ato yosĩki, raka tinisho
vëso kõyavo ato yoã shoki ato anõ vakëya avë vãna anõvo inã.
Papel dos professores marubo na prevenção: atuar como formadores e agentes
multiplicadores da prevenção às DST/Aids e hepatites virais, preparando os
jovens para se protegerem nas relações sexuais e para andarem na cidade.
27
28
Foto: © UNESCO/Edson Fogaça
Isĩ ichnarasĩ (shëtayavo, shoa shëtayavo, txëwë akaivo)
aka mëë nanãtõsh mëraa nokëmpatõ yoãa
Os conhecimentos dos não índios sobre as
doenças sexualmente transmissíveis (DST),
HIV/Aids e hepatites virais
29
Isĩ ichnarasĩ (txëwë, shëta akarasĩ)
aká tõsh tëkia
Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST)
Awe yoãrki aĩvo mëëa tosh isĩ mëranã?
Isĩ ichna rakështaĩmai yorãnaa mẽsh mëra.
O que são DST?
São doenças transmitidas por meio de relações
sexuais sem proteção (camisinha).
Shëtayavo rasĩro: ko imaya, shoa shëta, txëwëa akaya, Ia aka.
Agentes (seres) da doença: micro-organismos (vírus, bactérias e fungos).
Isĩ nati shokosh atõ Isĩ akaro
Ko imaiyavo
Txëwë akaivo
Shëtayavo/toshpia
30
Principais síndromes (conjunto de sintomas e sinais)
Corrimentos:
candidíase, tricomoníase, gonorreia, clamídia
Feridas:
sífilis, herpes genital, cancro duro
Verrugas:
condiloma acuminado (HPV)
Foto: © UNESCO/Enrico Marone
• Isĩ mëramisi inã, vëvo oĩana shava tana
tini: Vakë nãti oĩnai (txëwë mëra misi
inã, toi vësotati).
• Isĩ ichna tana këasnã raõn iki yavo raya
yoãshotsoma, mato avë isĩ mëki ashõno.
• Rao mashtëk atsoma, matõ aĩ, matõ vënë
atisho.
• Faça exames de rotina: preventivo do câncer
de colo de útero (PCCU) e pré-natal
• Procure a equipe de saúde quando estiver
doente ou quando tiver dúvidas
• Siga o tratamento de saúde até o fim,
juntamente com o(s) seu(s) parceiro(s)
sexual(is)
31
Isĩ ichna, yorãnaa mẽsh mëraa
Isĩ ichnarasĩ nokë mẽ këyowëisho, nokẽ
eshpõ, nokẽ imi, aka shëtayavo wëisho nokẽ
nami mënoa.
HIV/Aids
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids).
Doença resultante da infecção pelo HIV, vírus que
ataca e destrói as células de defesa do corpo.
Sistema imunológico: Nokẽ kayã
imi pasha rakasho isĩ teaya,
glóbulos (células) brancos
linfócitos, akĩ nokepamtõ
anero nokẽ kayã wachitaya.
Sistema imunológico: forma como o nosso corpo se organiza para
enfrentar diversas agressões, entre elas as doenças. Os glóbulos
brancos, chamados linfócitos, são as células guerreiras do
sangue que defendem o nosso organismo.
32
Yora a ivo isiĩya,
nënëtana tanima
nismãtsawã. Isiĩ
wëtsakëska marivi,
ikivis kaya kavisma.
à isiĩ aka rasiĩro:
võshãki, yonáa, mapõ
tënã, tëpõ isiĩa, rakë
nami isiĩa, nami oshtõ
oshtõ a tãi, paeĩshi,
shaãtoi, aska akĩ
pëtxishriv kayakëi
akaya.
à isiĩ takëkrãro õsi
õsiptõ imaya: oko ichna
rasiĩ, shõtoaki, noro
imai, txëwë ichnatõ
imai, sateĩ tëka këskai
amiska.
A pessoa pode ser infectada pelo HIV e não apresentar sintomas ou sinais. Os
sintomas e sinais não se
manifestam da mesma forma em todas as pessoas.
Geralmente, eles são comuns a outras doenças: febre, dor de cabeça, dor de
garganta, dores musculares,
manchas na pele, gânglios e
ínguas debaixo do braço, no
pescoço e na virilha.
Com o agravamento da
aids, surgem as doenças oportunistas: tuberculose, pneumonia, câncer, candidíase etc.
Rao anõ matsi akas aya (roa akairo yama).
Existem medicamentos para tratar e controlar o HIV/Aids.
33
Toi vësoro isiĩ ichna ayasho aweĩ to iki, aweĩ vakë tëki mamisi, ã pakëa namãsho, ã shoma
amanamãsho aka, shëna, txëwë, hepatite aka mëra misi inã vësoa.
• Mëtos aka HIV (ayarkiĩ wiĩnoshõ inã)
• Mëtos aka VDRL (ayarkiĩ wiĩnsho inã)
• Imi tsëka, hepatite B ayarkiĩ oiĩnsho Iná
(aya oĩnã hepatite D ivo aosh oĩa)
Imi tsëkash oĩa HIV, sífilis aka aya oĩaná, aĩvo
ã vënë nĩ raya rãonai shoviti. Imitsëkash oĩa
hepatite B aya oĩnaro, raõtirá inã ã to pakëvai
txini doutor oĩoa. Aska maĩnõ ã vakëro raya shava
wëtsa take makimas vacinai, raya awĕ imi mëstĕ
akãi ati (imunoglobulina).
Raõn iki tanati ësë
Yora isĩ ichna aya inã yoã tima, rãon iki ivo
ësë kiri chinãsho.Yora isĩ vësoyatõs tanash shokoti.
34
É importante que as mulheres grávidas façam o pré-natal para identificar se são
portadoras do vírus HIV, de modo a evitar a transmissão vertical para o seu filho
durante a gestação, o parto ou a amamentação. Outras doenças que podem ser
transmitidas verticalmente são a sífilis e as hepatites B e D. Por isso, é necessário
fazer os seguintes exames:
• Teste anti-HIV
• Teste para sífilis (VDRL)
• Sorologia para hepatite B (em caso positivo, realizar para hepatite D).
Se os exames para HIV e sífilis derem positivo, a mulher precisa iniciar o
tratamento o quanto antes, juntamente com o(s) seu(s) parceiro(s) sexual(is).
No caso da sorologia da hepatite B positiva, a necessidade de tratamento é
avaliada após o parto, mas deve-se garantir que o recém-nascido receba a primeira
dose da vacina contra a hepatite B e a imunoglobulina anti-hepatite B nas 12
primeiras horas de vida.
Atenção
Não comente com a sua comunidade a situação de parentes com DST e aids. Também é dever dos
profissionais de saúde observar o principio ético do sigilo. Os casos de DST e aids devem ser
abordados apenas pelos envolvidos no tratamento do doente.
35
Os agentes indígenas de saúde
Os AIS desempenham papel fundamental na
prevenção das doenças que acometem as aldeias
Marubo.
Eles reúnem a comunidade para fazerem palestras sobre a importância de as pessoas prevenirem-se de vários tipos de doenças, especialmente
das DST/Aids e das hepatites virais.
É importante que eles desenvolvam o seu trabalho em parceria com os pajés, os curandeiros, as
parteiras e os professores visando a reunir esforços
para melhorar a situação da saúde das comunidades.
Formas de transmissão
das DST/Aids e
hepatites virais
• Relações sexuais sem proteção (vaginal,
anal e oral)
• Compartilhamento de seringas, agulhas e
outros objetos perfurocortantes usados, por
exemplo, para fazer tatuagens e
escarificações
• Da mãe infectada para seu filho, durante a
gravidez, o parto e a amamentação
• Transfusão de sangue, ao se receber sangue
contaminado (não testado)
36
Assim não pega
Nëskaro tëkisma
• Esëyashõĩ mëë nanãa (ina rakotinisho)
• Sexo protegido (com camisinha)
• Mëkí akáa
• Beijos
• Atxi vaiĩ-a, mëtëë akáa
• Abraço ou aperto de mão
• Niskãa, vëõ
• Suor e lágrimas
• Vi, chio, txëpë akarasi ĩn piá
• Picada de insetos
• Tsano, kanikorasiĩ
• Talheres e copos
• Kamiõn tsaoti, kënã, tsaoti
• Assento de ônibus, bancos, cadeiras
• Poi shovorasiĩ, niwë
• Em banheiros ou pelo ar
• Avo, raskiti
• Sabonetes ou toalhas
• Yora imi inãa (isĩ ma ivõ)
• Doação de sangue
Tëki misi inã: Ina rakot tiniĩsho mëë nanãa.
Forma de prevenção: uso de preservativo nas relações sexuais.
37
Hepatite shëtayavo
Hepatite taka soro akaya shëtayavo.
Mëë nanã tõsh mërá.
Takaro nokẽ ëshpõ shoko.
à ëshpõro, tënë tënë tanima
askatas mëë iki, imi vëna vëna
asi, aki ãwë ronoa.
38
Hepatites virais
A hepatite é uma inflamação
no fígado. Existem diferentes
tipos de hepatites, e algumas
delas são consideradas DST.
O fígado é formado por
células chamadas hepatócitos.
As células do fígado trabalham
o tempo todo e estão
sempre se renovando.
Takaro nëskaya
Algumas funções do fígado
• Nami misteĩ akaya
• Shopiĩ tana maia
• Produz energia para a pessoa
• Ajuda a absorver a comida
Hepatite shëta yavoro õsi
õsipa A, B, C, D aka
Os diferentes tipos de vírus das
hepatites: A, B, C e D
Hepatite shëta yavo taka ĕshpõ piaya. Ano
të sho rëvoya. Askai rëvoi, taka tio niki imi
potá kõki a yora tioi isi akaiya.
Taka më ã wëi mainõ, a ĕshpõrasi nokëmĕsh
ikiya. Tëskë akayavo rasi këska. Askamëki a
ivo tëskë akaya shëtayavo nõ këyono ato iki
mëki atos nokë taka ëshpõ këyomtsãwa. Aska
akaya hepatxitxiro.
A ivo tëskë akaitõ nokĕ ëspõ këyoyã,
shëtayavo atõ yamamaro, arimësë pota
kõmtsawãvo, nokë namishõ. Askamainõ nori
rãno táti, racai, më ikima, vari amama, samai
rao nokë yosĩvo aki, rano táti nokë avë roanõ
inã. Askai ranotaro yora roamtsãwã. Askasho,
ã roatxinĩ, shëtaivo achiã akĩ atõ ãnëa.
Askamainõ, vana tavamai vëso tama ã niaro,
06 oshë namãsë ãwe isi mai kawãmtsãwã.
Ãwe pota kõ maro, shëta yavõsë orá amiska,
roasma ivõ ã iki.
As hepatites virais acontecem quando o vírus
passa a morar nas células do fígado. Os vírus utilizam essas células para se reproduzirem. Cada novo
vírus se instala em outra célula até tomar conta de
todo o fígado. Dali, eles se espalham pelo sangue
da pessoa.
Quando o vírus se instala no fígado, o sistema
de defesa do organismo se mobiliza para enfrentálo. Os guerreiros do sistema imunológico passam
a atacar os vírus. Só que, enquanto eles não acertam o vírus, acabam machucando as células do
fígado. É assim que acontecem as hepatites virais.
Quando os guerreiros acertam a mira, o vírus
passa a ser eliminado do nosso corpo. A pessoa
então precisa ajudar no seu processo de cura,
fazendo repouso e dieta. Se a pessoa não se cuidar,
a doença pode tornar-se crônica.
39
40
Hepatite B mëstĕka ivo
Hepatite B
Yora tsasiya tõ hepatite B akaivo mëraro,
hepatite mëstĕka mërat vësoka.
Na ivo hepatite askasvi, yora mërai inã,
ãwĕ vësota kãiro, nokĕ namĩ 6 oshë namãsho
aris isi roa amiska. Aska mĕki isi katsëkas
varismarivi. Askasho, ari vëso tayavo, aris atõ
roa këskai txipokiri a ivo isin yo osma.
Oshë ravë vaki tavaa namãsho, isi maki
mainõ, nokë nãmiro, awĕ isi awã vai nokë,
imi china asho ari matsi amiska. Awĕ aska
maĩnro, nokĕ namĩ sãmatáti, samai, rao aki,
roas ma ivo hepatite nokë txiri kai misi inã.
à isi akaro nëska: yomë aki, ichnas
tanamai, mapo ëwëka aki, anãn vëtsamai,
anãmai, yonai, tõpi namã vëtsaka aki, yona
akĩ shãna atxi mai, isõ õchin imai, poi
oshoka tõ imai akaya.
Quando o adulto contrai o vírus do tipo B, ele
entra na fase da hepatite aguda. Essa fase dura
aproximadamente seis meses, e nem sempre a
pessoa apresenta sintomas. Quando surgem os
sintomas, a pessoa precisa se cuidar para ajudar o
sistema imunológico a eliminar o vírus do corpo.
Esse cuidado deve ser mantido mesmo depois que
os sintomas da hepatite desaparecem, porque os
guerreiros ainda estão lutando para combater o
vírus. Na maioria dos casos, a pessoa que faz repouso, cuida da dieta e não toma bebidas alcoólicas, se recupera e torna-se imune ao vírus.
Os sintomas da hepatite aguda são: cansaço, mal-estar, tontura, enjoo e vômitos, febre, dor abdominal, icterícia (amarelão), urina escura e fezes
claras.
41
Hepatite B sheta yavõ
amain sama tairo
42
Cuidados com o
doente de hepatite B
• Ranotai
• Repouso
• Vëtsa ma
• Não tomar bebida alcoólica
• Piti õsi õsip piama
• Dietas alimentares
• Rao, nokë yosi náma ivo akama
• A pessoa não deve tomar remédios
sem indicação médica
Hepatite B ari orá aka Ivo
Hepatite B crônica
Yora hepatite B ikia 06 oshë namã ã
roama ivoro, isĩn ari orá amiska.
A ivo isĩro yora isĩ yama këskakĩ nitxĩya.
Aska mĕki, chinã ashõ taka korë akĩ yora
tënãya.
Taka ëshpõ a tsëwë aka tõsho ã iki, taka
tsamii, taka korëi ã aka.
Aska akĩ awĕ isĩ aka ëshpõ rasĩ, taka pono
rasĩ aka këyoya. Aska akĩ ã yora tënãa, taka
këyõki.
Aska ivo isĩn nokë ora amisi akĩ chinãi,
nori vësotati. Nokë roai inãs vësotai, samatai
aki ënëmarvi.
Quando a pessoa que tem hepatite aguda não
se cura em até seis meses, a hepatite torna-se crônica.
Geralmente, as hepatites não apresentam sintomas. Mesmo assim, podem machucar as células
do fígado que, com o tempo, vão endurecendo e se
tornando fibrosas.
As fibroses são lesões celulares que podem matar
as células do fígado, causando cirrose ou câncer
de fígado.
Por isso, a pessoa precisa tomar certos cuidados
para não agravar as possíveis lesões hepáticas
causadas pela hepatite, mesmo quando o vírus já
foi eliminado do seu organismo.
43
44
Hepatite B vakë mãcho
ã nënë tanamaro neska
A hepatite B
em crianças
à pakë namãsho hepatite B ã tëkia ivoro,
nõ anõ rakët roaka. Aska këskasivi, vakë ã
vari nokoma, 05 vari namãshosë aka ã mëra
ivo, isĩn ari orá akaya.
Awësash ã ikima, vakë ã imi mëstëma, ã
ëshpõ txiwa koĩma akasho awĕ aka.
A criança recém-nascida que contrai o vírus da
hepatite B durante o parto tem grande chance de
desenvolver uma hepatite crônica. O mesmo ocorre
com as crianças que têm contato com o vírus B
antes de 1 ou mesmo 5 anos de idade.
Isso acontece porque o sistema imunológico da
criança ainda não está plenamente formado.
Aska chinãsho aka, toi vësoi, vakë vacina aki, aiĩvo to aya ivo,
isiĩ ichna aya onãt akĩ oĩsho ato vësoi. Vakë pakëa vësosho
vacina aki awĕ imi mëstĕ akãki, shava wëtsa takë makĩ masë vëso vaĩti.
Por isso, é importante que as gestantes façam o pré-natal e que a criança
receba as vacinas corretamente. No caso de gestantes portadoras do
vírus, é necessário que o recém-nascido receba a vacina e a
imunoglobulina nas primeiras 12 horas após o parto.
45
Hepatite D ivõ isĩ akaro nëska
Hepatite D akĩ anëvoro, wëtsa takëkarãsho
ã isiĩ aki oarivi. Ari shovismarivi. Shëtayavo
B akaivõ kenavarãa okĩ ã tenãa yora.
A ivo shëtayavoro mëstĕka. Awe isĩ mashtëa
ã tënaã asrivi. Yora hepatite B aya ivo wëtsa
D aya nĩ ã më nanã tõsho tëkiya, a isĩro.
Hepatite B, D aka votĩ nanãro nëskaya:
Hepatite B aguda aka ivõ isĩ aka këskasë ã
isĩ aka. Aska tanainãsë, raya vësotakaĩti:
rakash tënëi, piti õsi õsip piama, katxas akama
aki vari wëstikas tavai nõ ranota ivo roaya.
Askmaĩnõ, D ivonĩ B takëkarãro nëskaya:
Taka të imaki, yora vëstĕki tënaya. Isĩ akĩvis
onãi vaiki vësovaĩro ã shava aka, aska mĕki
doutor wëtsasë onãt aki oĩmarivi.
46
Hepatite D (Delta)
O vírus da hepatite D só ataca quem tem a
hepatite B. Ele é mais agressivo para o corpo do
que o da hepatite B, e a gravidade da doença
depende do momento da infecção.
Infecção ao mesmo tempo dos vírus D e B:
na maioria das vezes, os sintomas são iguais aos
da hepatite B aguda. A recomendação consiste em
repouso, dieta e proibição do uso de bebidas
alcoólicas por um ano. A coinfecção pode ter
completa recuperação.
Infecção pelo vírus D em portadores do
vírus B: nesses casos, o fígado pode sofrer danos
graves, e a pessoa pode ficar muito doente. O
diagnóstico da hepatite D deve ser feito o mais
rápido possível, e o tratamento dos Nawa só pode
ser indicado por médico especializado.
A isĩ mërak tsinãro imi tsekati (sorologia).
Para confirmar se a pessoa tem hepatite, é preciso fazer exame de sangue.
(sorologia específica para hepatites).
47
Awësa tõsho mërará
hepatite B, D akanã?
• Yora a ivo isĩani më nanãtõsho (yoranã)
• Wëtsã imi nõ tsakama namãsho (sënoa,
shëõ nami yochĩ ikitai, a ivo rëtëti
shëosë ãtsai rëtëi, këni wëshati ashkã
kawãnãi, ashkiti kawã nanãi)
• Tô nanëa namãsho, ã pakë namãsho,
aka vakë ã ewã isĩ tëkima anëa,
transmissão vertical
Como se pega
hepatite B ou D?
• Relações sexuais desprotegidas com
portador do vírus
• Contato com secreções e sangue contaminado, por meio do compartilhamento de
objetos perfurocortantes em escarificações
e tatuagens, de agulhas, lâminas de barbear
e escovas de dente
• Transmissão vertical: da mãe para o filho, na
gravidez e no parto
48
Awësai vësota tirá, hepatite B,
D aka nõ mëramisi inãna?
Como a pessoa pode evitar
pegar as hepatites B e D?
• Mëë nanã namãsho ina rakot sawëi
• Usar camisinha nas relações sexuais
• Këwã, këno akarasĩ yora wëtsa nĩ kawã
nanãma
• Não compartilhar objetos perfurocortantes
• Vake ã ëwa isĩ mëra misi ã pakëa
namãsho inã, vacina aki vakë mãcho, ã
shava wëtsa takët vëvosë
• Impedir que a mãe transmita para o filho,
durante a gravidez ou no parto: vacina e
imunoglobulina nas 12 primeiras horas
após o nascimento
Hepatite ari orá akai ivõ
ikiyavo vesokiro
Cuidados com doentes
de hepatite crônica
• Vëtsamama
• Ari chinãnë rao akama
• Raõn ikiyavõ vësoi, raõ mã misi inã
• Não tomar bebida alcoólica
• Não tomar remédios por conta própria
• Ter acompanhamento do profissional de saúde
49
Hepatite B vacina ikiro
• Ravë nĩ takëma rëtëa, txitavi rëtëa
namãsho 30 shava tanash rëtëi, askavai,
5 oshë nãmã aka.
• Vacina hepatite B tënãro, hepatite D
mërasma.
50
Vacinas hepatites B
• Três doses, com intervalo de 30 dias entre a
1ª e a 2ª, e de cinco meses entre a 2ª e a 3ª
• A vacina da hepatite B, ao imunizar a
pessoa, a protege também contra o vírus da
hepatite D
Hepatite rao
ravë vaki aya
Existem dois tipos de remédios
para tratar as hepatites
• Reteti: Interferon alfa ou Interferon
peguilado
• Injetável: Interferon alfa ou Interferon
peguilado
• Ã eshero: Lamivudina, Ribavirina,
Adefovir, Entecavir
• Via oral (comprimidos) – antirretrovirais:
Lamivudina, Ribavirina, Adefovir, Entecavir
Doutorivi a ivo rao atso akĩ yonoya, isĩ tënëyavo isĩ onãnt akĩ wĩsho.
É o médico que, ao ter o resultado dos exames, indicará o
tratamento adequado para cada pessoa.
51
52
Foto: © UNESCO/Edson Fogaça
Isi Teai Vana • Falando Sobre Prevenção às DST-Aids e Hepatites Virais
Maruvo isĩ Vësotaa
Prevenção Marubo
53
Maruvo isĩ Vësotaa
“Nokë Yoraro” õsi õsip akĩ isĩ tëaya.
Nokĕ shëni pavo kirishosë, kĕchĩtxovo,
romëyavo akarasĩ kãtxivarãsho, nanë seya
aki, waka ichna aki ashõ yora rasĩ ato
katsëki amai. Aska ashõ samatai, aĩvo nĩ më
nãnãma, piti õsi õsip piama, akĩ ari vësotai,
atõ wëtsamavo isĩ tëa akayavo.
54
Prevenção Marubo
O povo Marubo possui muitas formas de prevenção às doenças. Tradicionalmente, os curandeiros e os pajés se reuniam para preparar a massa
de jenipapo e o mingau de banana e cantar sobre
eles. Depois, distribuíam para toda a aldeia essa
massa rezada. Durante certos períodos da vida, a
pessoa não pode manter relações sexuais nem
comer certos alimentos. Assim, ela protege a si
mesma e a sua família contra diversas doenças que
existem no mundo.
Nokĕ tanati nõ anõsho isĩ
ichna nõ tëkit vësoka ivoro na ti
1. Yora wëtsa a ivo isĩyavo rasĩni më
nanãi, ina rakot sawë masho
2. Chiõpia nachai, mĕtsisnĩ tochai yora a
ivo isĩn ikiyavo
3. Yora vopia ënë tsakai, awĕ anã, ã keyõ
akatõ tsakai
4. Yora a ivo isĩ iki ivõ kãpo paë këmo
mëtxa aka
5. Yora a ivo isin iki ivo imĩ tsakai, ichi
amainõ kokoi
6. Yora a ivo isĩn ikiyavo iya piãkãi
7. Ashkiti, këni wëshati kawã nanãi
8. Nokëpamtõ awe tashoti, këni vëchpiti
akatõ vakë tõpi shatëa
9. To imainõ, mëvi racomash vakë iko nia
10. Aĩvo a ivo isĩn iki ivõ vakë wëtsa
shoma ama
11. Romë rëwĕ a ivo isĩn ik ivo nĩ nõ anõ
ashkã iki
12. Wani waka, atsa waka akarasĩ
Práticas culturais e risco de
transmissão de doenças
1.Relacionar-se sexualmente com pessoas com
doenças do sexo, portadores do vírus HIV e
aids ou das hepatites B e D, sem usar
preservativo
2.Espocar picada de pium, com unha ou com
dente, nas pessoas contaminadas
3.Contato com as secreções da pessoa que tem
hepatite e que acaba de morrer
4.Preparar injeção de sapo com saliva para
aplicação nas pessoas
5.Ter contato com sangue contaminado ao
cuidar de cortes e ferimentos, ou sugar
picada de cobra em pessoas portadoras dos
vírus das hepatites
6.Espocar piolho de pessoas contaminadas
7.Utilizar escova dental ou aparelho de barbear
de pessoas contaminadas
8.Uso de material Nawa (tesoura, gilete) para
cortar cordão umbilical de crianças recém-nascidas
9.Fazer parto de gestante sem luvas
10. Amamentar a criança de outras pessoas
sendo portadora do vírus B
11.Compartilhar o cano do rapé (rumê-rewê)
com pessoa portadora
55
Më nanãtosh mëra isĩ rasĩ aids hepatite
shëtayavo nokë mëramisi inã chinã
kiro nëska ati roaka
• Yora pasha shokayavo ato vana aki
• Hepatite B ayarasi, D mëramisvo inã tëai
• Yora isĩyavo rasĩ vana vësotash
shokotsoma aki ato vana aki
• Hepatite B, D aka ayarasĩ, wëtsa tëki
matso maroa inã ato vana aki
56
Estratégias de prevenção
às hepatites virais
• Evitar que as pessoas, que não têm hepatites
e não são imunes, adquiram a doença
• Impedir que os portadores do vírus da
hepatite B sejam infectados pela hepatite D
• Incentivar os portadores do vírus a se
cuidarem
• Evitar que os portadores do vírus das
hepatites B e D as transmitam para os demais
parentes
Ari rakat aya ivo rasĩni atiro nëska
Ações da comunidade
1. Shovõ kakaya, nõ avë nachi iki nanã
rasĩ, aĩvo rasĩ, vënërasĩ, aka ato
kãtxivarãsho isĩ tëai vanai, isĩ ichna
tëkia nëska tõsh iki inã ato yoãshoi.
Hepatite B, D akarasĩ nëska akĩ nõ tëat
aska inã chinãm akĩ nanãi
2. Hepatite B yoãa wicha rasĩ ato pëas
ashõi (atõ isĩ akarasĩ, ã tëkia, nõ tëa
tima aka, nõ raõna akarasĩ ato yoãshoi)
3. Yora a ivo isĩyavo ato vëso koii (mari
ranotatsoma akĩ ato vana aki, atõ piti
vësoi) shõ aki, waka ichna ashõi
4. Nane shõki, waka ichna aki, isĩ tëai
5. Shava Sai Aki ashkãsho
6. Samaki yoin õsi õsip piama, nori
samatai
7. Catxas akama, álcool mashpãsh akama
8. Mĕtsis shatëtini kawã nanãma
9. Ina rakoti sawësho më nanãtsoma aki
vanaii
1. Reunir os moradores da comunidade para
orientá-los sobre as formas de transmissão das
DST/Aids e hepatites virais e criar estratégias
de prevenção
2. Divulgar informações sobre as hepatites virais
(causas, cadeia de transmissão, prevenção e
tratamentos)
3. Iniciar cuidados especiais com os portadores do
vírus (repouso, alimentação, acompanhamento
diário) e fazer pajelança
4. Fazer cantoria em massa de jenipapo e em
papa de banana, para evitar que certas doenças
cheguem à aldeia
5. Fazer cerimônia entre aldeias e manter
informadas as outras comunidades dos
parentes
6. Fazer dieta para os portadores, segundo a
tradição
7. Evitar bebidas alcoólicas
8. Evitar o uso de material de manicure (cortador
de unha etc.)
9. Incentivar o uso de preservativo nas relações
sexuais
57
Raon ikiyavõ atiro
1. Nokëpamtõ isĩ ichna yoãa ato kakashki,
nokĕ vanã yomĕ aya këshõ ato yoãshoi,
na Vale do Javari namãsho vësokõyavo
2. Imi tsëkëyavo, mato nëskavërë oĩwĕ akĩ
ato yoãshoi, imi tsëkëma rasi atõ tsëka
osho ato vësokoĩ
3. Yora ashkã akĩ roapakĩ ato vacina aki
4. Vake mãcho rasĩ vacinai, ato ëshpõ, atõ
aka mëstĕ akãki imunoglobulina akatõ
ato rëtëi
5. Toivo rasĩ raõnat ato yomë ashõi, ato vesoi,
imi tsëkasho isĩ ichna yamarkĩ ato oĩkëni
6. Ina rakoti shava tio akĩ potani
7. Rëtëti rao rasi, rao shëa tivo rasi, aka
hepatite ikiyavo rasi ato kashma ashõi
akayavo
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Ações dos serviços de saúde
1. Divulgar informações válidas sobre DST/Aids
e hepatites em linguagem adequada aos
contextos socioculturais dos povos do Vale
do Javari
2. Disponibilizar os resultados das sorologias dos
pacientes e providenciar novas sorologias
quando necessário
3. Vacinar corretamente todas as pessoas das
aldeias
4. Vacinar e administrar a imunoglobulina nas
crianças recém-nascidas de mães portadoras
de hepatites B e B-D
5. Garantir o acesso das gestantes ao pré-natal
e às sorologias para HIV, sífilis e hepatite B
6. Disponibilizar preservativos para as
comunidades indígenas
7. Disponibilizar tratamentos medicamentosos –
injetáveis e orais – para todos os doentes
crônicos de hepatite B e com coinfecção B e D
Romëyã isi tëai, raoĩ ati chinãa
Nëno nõ vëvai, nokë maĩsho isĩ yoã nõ
nĩkanõ, isĩ awësa tõsho shovirá, HIV, aids
hepatite A, B, C, D aka nokĕ wëtsamavo nokë
këyõi na Vale do Javari namãsho. Askasho,
awësakĩ shëni wëtsa rasĩ, kĕchĩtxovo,
romërayavorasĩ, aka chinã kiro chinãivo,
askamëkĩ isĩ mëra ma ikivo. Ã shovia tanama,
awëtosh oara, awësash a isĩ tëkimara, nokĕ
takã në kosho ã akara, imĩ nësh ã akara ikĩ
nokë tanama. Awësasho, shovirá? Awësakĩ
isĩ wëtsa ã këna varã varãrá, akĩ ã yora tëkima
ãtsamachta akĩ nõ nĩkãi. Askai roakai nõ
mashtë vaĩ ai.
Ramaro, nõ nikãa
këski noke yora
ashkãsho, Kanamary,
Mayuruna, Matís,
Kulina, Marubo
akarasĩ, noke Marubo
rasĩniro nõ chinãktsa,
nokĕ kĕchĩtxov nĩsho.
Yora a ivo isĩn ikiyavo
kavĕsho atõ raõk nõ
tanaktsa. Atise.
Prevenção e tratamento na
perspectiva de um römaya
Nós viemos fazer essa oficina no interior da
nossa terra com o objetivo de tentar descobrir as
origens das doenças malignas, como HIV, aids e
hepatites, que estão dizimando o nosso povo do
Vale do Javari. Dessa forma, queremos colaborar
com os nossos curandeiros, velhos e pajés. Eles têm
um pouco de noção a respeito dessas doenças,
porém, não sabem de suas origens, de onde elas
vieram, como chegaram a nos contaminar, como
afetam o nosso organismo: elas atacam alojadas
no nosso sangue ou no nosso fígado? Como elas
surgiram? Como essas doenças atraem outros
tipos de doenças?
Nesta oficina, conhecemos a cadeia de transmissão e terminamos analisando essas situações
com bom aproveitamento. Agora, como tivemos
um pouco de conhecimento; todos nós, índios –
Kanamary, Mayoruna, Matís, Kulina, Marubo –
temos de pensar como trabalhar. Nós, Marubo,
temos de selecionar os portadores de hepatite para
trabalhar com os nossos kechitxovo, usando nossos
poderes xamanísticos. Finalizo.
59
Kakataipai chinãya Maruvo vana
chinãtskarvi. Askai nõ anõ vanatisë na papiri
shovimai anõsho nõ isĩ tëa vana kaka katsa
ivosë aki nõ aka. Yora vëvokërasĩni askasivi
aki, wichatanamaivo ato tanamakĩ, na papiri
wĩsho ato yosĩtsoma akĩ ato vana aki. Aska
tõ vanatanima nõ vësokõro nõ këyokatsarvi.
Ma nokë iki visi këyoi. Nëska ivo vanãshosë
nokĕ wëtsamavo rasĩ ato isĩ tëai, nõ anosho.
Nëska isĩ yoãna nõ nĩkãmarvi. Askashovisi,
nokë awĕ noko tachirivi tanai, awësãki
tanasho nokë yorarasĩmĕ nõ wachitakatsiki
iki nõ aka. Nëska tõshosë nõ chinã vait roaka,
isĩ ichnarasi tëavaĩki, na shavapashõ nokë
vakë txõtë akaya” (Manoel Chorimpa).
Foto: © UNESCO/Enrico Marone
“Na isĩ yoã yosinã namãsho, askatõ nokë
akarivirá iki anõsho nõ chinã ãtsaka.
Awesatõ nokë akará ikĩ nõ tanama ivo, isĩ
ichna yomĕ shoa tõ nõ akaivo tanai aki,
ramaro nõ nëska ati marã aki nõ chinãmaki
nanã noshõ, na vëvayavo tichtasho. Isĩ ichna
yosi karãsho nokë vakë këyoa tõ nokë aka.
Nëska akĩ nõ nĩkã këskaki, nokĕ wëtsamavo,
nõ ato nĩ vëso kõa, shovõ kakayavo aka nõ
tana këskachta akĩ nõ ato ashonõ yoãshoki.
Yora orasho pakëkësho nokë shava amatima
ivo isĩni nokë ikirivi, nëska isi ichnatõ nokë
këyo mainõ matsivarãsho shokoi nokë
akatĩpa. Nõ aska ati marã akĩ chinã kisë nõ
60
Reflexões de uma liderança Marubo
“Os ensinamentos desta oficina me deram muitas ideias e também muitos esclarecimentos quanto às dúvidas que tínhamos sobre a gravidade dos
problemas que estamos enfrentando: a nossa
própria vulnerabilidade e os riscos que corremos.
É uma responsabilidade a mais que assumimos.
[...] Pelo menos, esse pequeno grupo percebeu a
importância da prevenção e dos problemas que
afetam as nossas aldeias de forma silenciosa. [...]
Como somos multiplicadores da prevenção, a partir
do momento que recebemos todas essas orientações, nossa responsabilidade é fazer com que a
nossa família, as nossas aldeias, e os nossos
caciques tenham essa visão também. Se não
procurarmos fazer, ninguém de fora vai fazer.
Então, eu acho que cabe a nós assumirmos esse
papel, arregaçarmos as mangas e trabalharmos
mesmo. O material que está sendo produzido é
muito importante para subsidiar o nosso trabalho
nas aldeias. [...] Este é um momento para refletirmos sobre o que está acontecendo conosco. As
lideranças têm de estimular e incentivar aqueles
que estão trabalhando em sala de aula a usarem
a cartilha. [...] Se não pararmos para pensar, se não
pararmos para agir, nós realmente estamos nos
submetendo, como já aconteceram várias vezes, a
um processo de dizimação. Então, eu acho que com
esse evento que fizemos, temos como dar
esperança, pelo menos, para nossas aldeias. Nós
temos energia ainda para fazer alguma coisa e
principalmente por causa de vocês! É uma novidade para nós realizarmos um evento dessa
natureza. O que se faz geralmente é apenas
trabalhar com os profissionais de saúde que atuam
diretamente na parte curativa; não existe prevenção. Eu acho que se a gente organizar um
evento dentro da nossa aldeia para promover a
saúde, nós podemos ajudar a resolver nossos
problemas de saúde. Tem de ter essa mobilização
social em torno da prevenção. Eu aproveitei muito
desta oficina porque muitas coisas importantes
foram ditas. Temos meios para sair dessa situação.
Como nós somos grupos pequenos, precisamos
fazer com que esse conhecimento chegue a todos,
para que as próprias aldeias tenham o autocuidado e previnam-se das doenças que estão
acontecendo hoje em dia” (Manoel Chorimpa).
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Foto: © UNESCO/Edson Fogaça
Síndrome: isĩ õsi õsipa këyo wëisho, awëĩ
kayakavia.
Sinais: onãt yomëĩ kaya kavi pota inaa.
Sintomas: Ã isĩ aka tana.
Imunodefeciência: Shëtayavorasĩ, shoa
shëta rasĩ aka nokëĩ ëshpõn wëimainõ
viaktimá.
Adquirida: Isĩ mëraa.
Síndrome: grupo de sinais e sintomas que
caracterizam uma doença.
Sinais: manifestações visíveis de uma doença.
Sintomas: o que se sente com a doença.
Imunodeficiência: dificuldade do sistema de
defesa do organismo humano para se proteger
contra micro-organismos invasores, tais como
vírus e bactérias.
Adquirida: que a pessoa pega por um fator
externo.
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Foto: © UNESCO/Enrico Marone
Oficina Marubo para a elaboração de material de prevenção às DST/Aids e hepatites virais
Coordenação técnica
Luciane Ouriques Ferreira
Participantes Marubo
Hilton Marques Cruz Marubo
Alcimar Rodrigues Duarte Marubo
Tomas Dionisio Cruz Marubo
Alciney Rodrigues Dorlis Marubo
Manoel Nascimento Reis
Marilene Rufino Reis
Lucas Mariana Marubo
Jocélio Ferreira dos Santos
Robson Dionisio Doles Marubo
Leonara da Silva Ferreira Marubo
Aldeney Mario da Silva
Heli Adir Dionisio
Benedito da Silva Ferreira
Armando Mario da Silva
Antonio Rufino Parente
Paulo Nascimento Marubo
Paulo Dollis Barbosa da Silva
Arnaldo Domingo do Santo
Manuel Barbosa da Silva
Modesto Dionizio Cruz Marubo
Clóvis Marubo
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Para realizar esta oficina, a UNESCO
contou com a cooperação das seguintes
instituições:
Frente de Proteção Etnoambiental –
Fundação Nacional do Índio (FUNAI)
Fundação Alfredo da Mata (FUAM)
Centro de Trabalho Indigenista (CTI)
Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais
do Ministério da Saúde (DDST/Aids/HV-MS)
Distrito Sanitário Especial Indígena Alto
Solimões do Ministério da Saúde (DSEI)
para povos indígenas do Vale do Javari – volume 1 – Marubo
Série Javari: educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais
Isĩ Tëai Vana • Maruvo
Falando sobre Prevenção às DST/Aids e Hepatites Virais • Marubo