Série Javari: educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais para povos indígenas do Vale do Javari – volume 1 Isĩ Tëai Vana Maruvo Falando sobre prevenção às DST/Aids e hepatites virais Marubo Brasília, 2012 Esclarecimento A UNESCO mantém, no cerne de suas prioridades, a promoção da igualdade de gênero, em todas as suas atividades e ações. Devido à especificidade da língua portuguesa, adotam-se nesta publicação, os termos no gênero masculino, para facilitar a leitura, considerando as inúmeras menções ao longo do texto. Assim, embora alguns termos sejam grafados no masculino, eles referem-se igualmente ao gênero feminino. Esta publicação é fruto da parceria entre a Representação da UNESCO no Brasil e o UNAIDS, no âmbito do Plano Integrado das Nações Unidas para o estado do Amazonas (Amazonaids), com o objetivo de elaborar e disponibilizar material educativo multilíngue e intercultural, para o trabalho de prevenção das DST/Aids e hepatites virais nas escolas indígenas. A parceria contou com a colaboração da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI), do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), da Fundação Alfredo da Mata (FUAM) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões nele expressas, que não são necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, tampouco da delimitação de suas fronteiras ou limites. 2 Série Javari: educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais para povos indígenas do Vale do Javari – volume 1 Isĩ Tëai Vana Maruvo Falando sobre prevenção às DST/Aids e hepatites virais Marubo © UNESCO 2012 Todos os direitos reservados. Elaboração: Luciane Ouriques Ferreira Tradução: Manoel Barbosa da Silva Revisão técnica: Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Setor de Educação e Setor de Cultura da Representação da UNESCO no Brasil Revisão gramatical e atualização ortográfica: Rodrigo Rodrigues Araújo Diagramação e projeto gráfico: Unidade de Comunicação Visual da Representação da UNESCO no Brasil Ilustração: participantes de povo Marubo Fotografias: Luciane Ouriques Ferreira e Enrico Marone Is tëai vana Maruvo. Falando sobre prevenção às DST/Aids e hepatites virais: Marubo. – Brasília : UNESCO, UNAIDS, 2012. 57 p. -- (Série Javari : educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites para povos indígenas do Vale do Javari; 1). ISBN: ISBN: 978-85-7652-152-5 1. Educação para Saúde 2. Educação em Aids 3. Aids 4. Hepatites Virais 5. Doenças Venéreas 4. Doenças Infecciosas 5. Vírus 6. Povos Indígenas 7. Amazonia 8. Brasil I. UNESCO II.Série UNESCO – Representação no Brasil SAUS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6 Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9º andar 70070-912 – Brasília – DF – Brasil Tel.: (55 61) 2106-3500 • Fax: (55 61) 2106-3697 Site: www.unesco.org/brasilia E-mail: [email protected] Facebook: facebook.com/unesconarede twitter: @unescobrasil Impresso no Brasil 4 “Nokẽ kaya nokẽ shovo. Nokĕ vakap shovo. Nokĕ shovo roa akĩ no vësoma këskai, isĩ ichna nokë mĕ weia, shovo ichna mainõ nõ posho kõa këskais, nokĕ vaka kaya kaĩa. Aska misi iki chinãki nõ vësoti nokë kaya, isĩtëaki” (Yovëvõ nokĕ kaya oĩa). Isi Teai Vana • Falando Sobre Prevenção às DST-Aids e Hepatites Virais “O corpo da gente é uma maloca. É a morada dos nossos espíritos. Assim como a maloca, nosso corpo tem estruturas que desempenham várias funções para sustentar e regular a sua existência. Se a pessoa não cuida do corpo, suas funções são prejudicadas pelas doenças, e os espíritos o abandonam. Por isso, precisamos cuidar do nosso corpo.” (O corpo na visão dos xamãs Marubo). 5 Sumário Na Vale do Javari namã Isĩ Tëai Vanaá Wicha – Isĩ ichna (txëwë/shëna/hepatite) aka tëai vana Apresentação da Série Educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais para povos indígenas do Vale do Javari ..............................................................................................................9 Maruvo Os Marubo ...................................................................................................................................15 Wicha tanamai yavorasĩ, raõn iki yavo, to imayavo, romeyavo, kenchintxivo atish më iti O trabalho dos professores, agentes indígenas de saúde (AIS), parteiras, romëya e kënchintxo nas aldeias Marubo.............................................................................................................................18 Isĩ shovia: Nokẽ isĩ, rama nõ oia ivo isi aká: Rakatinisho nene tana tanimai shokoa, askavai isi yai shokoyavo Origem das doenças: as doenças antigamente e as atuais ...........................................................24 Iskõ Koa Sheni – A pari shëna meramtaya O primeiro a contrair uma DST ..................................................................................................26 Teáma Vulnerabilidade.............................................................................................................................27 Isĩ ichnarasi shëtayavo, shoa shëtayavo, txëwe akaivo aka mëë nanãtõsh mëraa nokëpamtõ yoãa Os conhecimentos dos não índios sobre as DST, HIV/Aids e hepatites virais ....................................28 Isĩ ichnarasi, txëwë, shëta aka (aká tõsh tëkia) – Shëna/txëwëa Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) ....................................................................................30 Isĩ ichna, yorãnaa mësh mëraa HIV/Aids .......................................................................................................................................32 Hepatite shëtayavo Hepatites virais .............................................................................................................................38 Maruvo isĩ vësotaa Prevenção Marubo........................................................................................................................54 Nokë tana tinsho, nokë rakatisho a ivo isĩ ichna, nõ tëkit vësoka ivo Práticas culturais e risco de transmissão de doenças ......................................................................55 Më nanãtosh mëra isi rasi aids hepatite shëtayavo nokë mëramisi inã chinã Estratégias de prevenção às hepatites virais...................................................................................56 Romëyã isi tëai, raoĩ ati chinãa Prevenção e tratamento na perspectiva do römaya .........................................................................59 “Maruvo” yura kakayavo chinã Reflexões de uma liderança Marubo..............................................................................................61 8 Na Vale do Javari namã Isĩ Tëai Vana Wicha – (txëwë/shëna/hepatite) aka tëai vana Na isĩ Tëa Vana Wicha yora Vale do Javari namã shokoyavo, atõ vanã yomĕ ayakëshõ, wichatanamaivo Maruvo, Matís, Mayoruna aka atõ, wichatanama namãsho a anõ vananovo, atõ shavapashõ atõ vësokõa këskaki. Na papiri, yora ashkãsho oĩti, vakërasĩ, aĩvo rasĩ wichatanayavo aka rasĩni oĩti. Foto: © UNESCO/Enrico Marone Na isĩ Tëa Vana Wicha, raõ ikiyavo, nĩ rao oĩyavo, kĕchĩtxovo, Romëyavo, to imayavo, kakayavo, yoramĕ rakëyavo aka ato takë ati chinãi shovia. Na yoã askasivi, aska onãt akĩ oĩsho yora rasĩni avë chinãnovo, nokë mĕ ësëyakĩ nokë atsoma, nokë vësoki iki anõ vananovo inã ato takë ati chinãi shovia. Na papiri shovimamakatsinã, oficina rave vakĩ avaivo. Na 2011 vari txitaviatõ waka tëayavo shoko namã kãtxivarãsho atõ shovimavai. Yora rasĩ vana nĩkãi, isĩ awësakĩ tëatirá, atõ rakatĩ vësokõsho atõ shënipavõ tanatinĩ akĩ nawã raõa txiwasho a vësotanovo inã. Aska akĩ chinãki, yora shoko wëtsa kãtxivarãsho ato nĩkãi, kakayavo, raõn ikiyavo, wichatanamaivo, romëyavo, shõ ikiyavo, to imayavo akarasĩ kãtxivarãvaik, nĩkãsho atõ shovimavai. 9 Isĩ ichna nawã yoã nĩkãi, yorã yoã nĩkãi ashõ tëaki nõ nëska atimarã iki chinãnovo. Ësë isĩ vësoyavõ tanati nĩkãsho, ni tëro shokosho atõ rao yosia ato taketi, ari avë vësotanovo akĩ chinãki. Yora vana õsi õsipa chinãsho, ã papiri shoviti vëvo nawã vana yoranatõ tëki ayakëshõ nõ shovimanõ, nawã vanaro yomãka ikĩ chinãki. Onãti yomĕ akĩ avë tananovo, nawã vana wicha inã, Maruvo rasĩniro atõ kĕnchĩtxo vana txiwa-txiwa takĩ atõ shovimavai. Askaki, yosiyavo takë amasho, atõ vanãsho wichakëni, papirinĩ yochĩ akãi, yochĩti yochĩ akãi akĩ ato shovimavai na Isĩ Tëa Vana Wicha. Na mëti takë avaya projeto Plano Integrado das Nações Unidas para o Estado do Amazonas – Projeto Amazonaids – UNESCO, UNAIDS atisho yonoki Vale do Javari ato takë arina, Isĩ Tëa Vanaá Wichaatõ ikitõsho shovivai. Aska takë avayavoro: SESAI, Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Coordenação-geral dos Índios Isolados e recém contatos/Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari/FUNAI, SEMAI, SBDST/FUAM, CTI aka. Anõ kãtxivarãsho nëska ivo vana avë wichanovo inã takë avaya Frente de Contato, Yora rasĩ anõ oshati, atõ piti, atõ técnico akarasĩ takë amaoi ã avai. Isĩ Tëa Vana Wicha nëska: Txitakai yoãna yora ari vësokõa õsi-õsip chinãsho, atõ rakatinĩsho ari vësokõyavo, ari vanayavo, ari isĩ vësotayavo, isĩ shovia mã tana këskaki, mari kakana iki vana ivo wicha. Aska vaisë, nawã isĩ yoã vana. à ënë kãi wicharo, awësai vësotatirá, awësakĩ tëa tirá aska ivo isĩ rasĩnã. Isĩyavoro raõnarivi, ësë tanati kiri chinãsho. Aska chinãsho, nawã yoã nĩkãi, yorã yoã nĩkãi ashõ doutor, kĕchĩtxovo atisho takëvaĩsho a roa ati chinãnovo akĩ chinãi vana. 10 Foto: © UNESCO/Enrico Marone Apresentação da Série Educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais para povos indígenas do Vale do Javari A Série “Educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais entre os povos indígenas do Vale do Javari”1 constitui-se em material didáticopedagógico multilíngue e intercultural, que tem como finalidade subsidiar os professores Marubo, Matis e Mayoruna (Matsés) em ações de prevenção às doenças nas escolas indígenas e nos contextos comunitários em que estão situadas. O material disponibiliza aos professores conteúdos para trabalharem com as diferentes faixas etárias, gêneros e graus de escolaridade dos alunos. A Série apoiará também os agentes indígenas de saúde (AIS), praticantes das medicinas tradicionais – pajés, curandeiros e parteiras – e lideranças, para mobilização das comunidades no processo de prevenção às DST/Aids e hepatites virais. Contribuirá, assim, para instrumentalizá-los na luta pela efetivação das políticas de atenção diferenciada à saúde dos povos indígenas do Vale do Javari. Para abordar as especificidades linguísticas, socioculturais e étnicas desses povos, a publicação contempla três volumes: “Is Tëai Vana Maruvo”; “Tximu 1 A Terra Indígena (TI) Vale do Javari possui uma extensão de 8.544.480 ha e está situada no sudoeste do Estado do Amazonas. Além da sua megabiodiversidade, essa TI abriga povos indígenas de diferentes procedências étnicas e que mantêm distintos graus de contato com a sociedade não indígena. Os povos indígenas contatados são os Marubo, os Mayoruna (Matses), os Matis e os Kulina, pertencentes à família linguística Pano; os Kanamari, da família linguística Katukina. Além desses povos, também moram nessa TI povos isolados. Até julho de 2010, a população dos povos indígenas contatados do Vale do Javari foi estimada em 4.910 (SIASI, 2010). 11 Bekte Sinanek Onkekin Darawakit Matis”; e “Nënaid Bedenda Quequin Chiaid Nec DST/Aids e hepatites virais Matsés”. Por sua vez, cada um dos volumes está estruturado em três partes: a primeira apresenta cada etnia envolvida e os agentes que atuam em educação e saúde nas aldeias. Também traz a perspectiva indígena sobre a origem das doenças e os fatores que os tornam vulneráveis. A segunda parte aborda os conhecimentos não indígenas sobre as DST/HIV/Aids e hepatites virais, bem como informações sobre formas de prevenção e diferentes tipos de tratamentos. Por fim, a terceira parte propõe uma reflexão sobre as estratégias de prevenção que cada povo pode desenvolver para interromper a cadeia de transmissão, além de informações sobre as ações de prevenção que são de responsabilidade dos serviços públicos de saúde. Dessa forma, o diálogo intercultural entre os saberes e práticas indígenas e os conhecimentos operacionalizados pelos serviços de saúde constitui o eixo que sustenta a narrativa. O processo de elaboração do material se deu de forma participativa, contemplando duas oficinas de prevenção às DST/HIV/Aids e hepatites virais, que congregaram professores, agentes indígenas de saúde, pajés, curandeiros, parteiras e lideranças de diferentes povos indígenas da região. Tais atividades aconteceram entre os dias 1° e 15 de fevereiro de 2011, nas instalações da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari/FUNAI.2 A metodologia empregada nesses eventos foi pautada no diálogo intercultural. Assim, conhecimentos não indígenas sobre as DST/HIV/Aids e hepatites virais dialogaram com os saberes indígenas relativos aos processos de saúde e de doença, de modo a se construir estratégias de prevenção adequadas aos contextos socioculturais do Vale do Javari. Pelo fato de os participantes indígenas das oficinas serem falantes de diferentes línguas, foi necessário instaurar dinâmicas de traduções particulares para a elaboração e a produção dos conteúdos deste material. Assim, as informações abordadas foram traduzidas para os termos socioculturais com os quais cada povo ali representado opera. No caso Marubo, os participantes decidiram que a tradução para a língua 2 12 A FPEAVJ é a responsável por efetivar medidas de proteção aos povos indígenas em isolamento voluntário que habitam a TI Vale do Javari. A direção da Frente, ao acolher essa ação de prevenção às DST/HIV/Aids e hepatites virais, o faz na perspectiva de cuidar da saúde dos povos indígenas contatados como estratégia de proteção à saúde dos índios isolados da região. indígena não deveria ser literal, mas sim ser feita na “linguagem dos kechintxovo” (curandeiros), de modo a instrumentalizá-los no trabalho de promoção da saúde e prevenção, no contexto de suas comunidades. Sob a orientação dos participantes indígenas, foram produzidos os textos, os desenhos e as fotografias que compõem a presente Série. Esta ação se insere no Plano Integrado das Nações Unidas para o Estado do Amazonas – Projeto Amazonaids3. Implementada pela UNESCO e pelo UNAIDS, atende à solicitação de comunidades indígenas do Vale do Javari para a produção de materiais específicos em relação a seus contextos. A iniciativa contou com a parceria das organizações indígenas locais, da Secretaria Especial de Saúde Indígena e do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, da Coordenação-geral dos Índios Isolados e Recém-contatados/Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari e da Coordenação Regional de Atalaia do Norte da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), da Secretaria Municipal de Assuntos Indígenas de Atalaia do Norte (SEMAI), da Sociedade Brasileira de DST-AM/Fundação Alfredo da Mata (SBDST/ FUAM) e do Centro de Trabalho Indigenista (CTI). Possibilitando aos povos indígenas o acesso a informações sobre as formas de prevenção e tratamentos terapêuticos das DST/Aids e hepatites virais, a UNESCO e o UNAIDS acreditam estar cooperando para a implementação de fato das políticas que asseguram os direitos diferenciados dos povos indígenas. Tais direitos, constitucionalmente garantidos, correspondem, no caso, à atenção qualificada à saúde e à educação formal intercultural, configurada pela prática do ensino bilíngue – português e línguas indígenas – e pelos processos próprios de aprendizagem. Por meio do respeito e do reconhecimento dos saberes, das práticas e dos cuidadores indígenas, pretende-se contribuir para o combate ao estigma e ao preconceito vivenciados por esses povos e para a manutenção da sua integridade física e sociocultural no Vale do Javari. 3 Este trabalho foi elaborado no âmbito do Plano Integrado das Nações Unidas para o estado do Amazonas – o Amazonaids: uma iniciativa do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) –, em parceria com agências da ONU, Embaixada dos Países Baixos, setor privado, sociedade civil, governo federal, governo do estado do Amazonas e governos dos municípios de Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga. O Plano visa a fortalecer as capacidades locais, bem como harmonizar as intervenções das agências da ONU e de outros parceiros para otimizar o uso dos recursos técnicos e financeiros, alinhando as atividades com as prioridades dos governos locais. O Plano também é um instrumento para a mobilização de novos recursos para apoiar as respostas locais à aids no estado. 13 Maruvo Maruvo atõ akaro. Yora õsi õsip shokoa asãki vana iki yavo ipawa mëki, ramaro chai nauavõ vana via këaivo. Nauã tanaro 1.668 yorasho 20 rakati anipa tõ vësokõyavo. Atõ shokoro, Soi potxini, Soi rëvõ, Txëshë potxini, Txëshë rëvõ aka. Atõ anõ vësokõro shovo. Anõ oshai, anõsh piti kashma ashõ pi, poktaivo vësoi, anõsh nĩcamaki nãnãi, anõsh chinãmaki nanãi, anõsh isĩ vesonanãi, anõsh yora aĩ yamai vanai, anõsh sai iki, anõsh romëi ini imai aki atõ ano vësokõa. Atõ mëitiro, piti mërama, yoin mëra, yapa aka, vimi iti txini vimi atai oshõ kënã vëiosh ato amai aki anõ vësokõvo. Shëwa më iti iki yavo, voshti aki, yoa aki, awë mëi akaivo. Os Marubo Os Marubo são yura (gente) de vários clãs que falam a língua dos Chainawavos, pertencente à família linguística Pano de origem Asãki. Sua população perfaz um total de 1.668 pessoas, distribuídas em 20 aldeias localizadas em quatro sub-regiões da TI do Vale do Javari: médio e alto rio Curuçá, médio e alto rio Ituí. As famílias Marubo moram em grandes malocas onde dormem, preparam e comem os alimentos, recebem visitas, fazem reuniões, tomam decisões, fazem casamentos, entoam cânticos de cura e realizam sessões xamânicas. Em sua economia de subsistência, destacam-se a agricultura, a coleta de frutos, a caça e a pesca. Também produzem artesanatos, como pentes, cerâmicas, enfeites e colares. 15 O trabalho dos professores, agentes indígenas de saúde (AIS), parteiras, romëya e kënchintxo nas aldeias Marubo Wicha tanamai yavo Wicha tana maivõ wicha tanamaro vakërasĩ, vërõn vorasĩ, tanayavo akarasĩ atõ maĩsh vësokõsh atõ më iki. Atõ mëiti mëëro vëvokërasĩ, kakayavorasĩ, romëya-vorasĩ, kĕchĩtxovo, shëniwëtsarasĩ, vakẽpapavo, atõ ëwavo, raõn ikiyavo akarasĩ shovõsho mëë iti takënãnãi atõ mëë iki. Wicha tanamati tanat namãsho, wicha tanayavõ takë akaro, wai me iti, yoin mëraa, wëtaa, saiki, rao yosia akarasĩ shovõ shokosho, atõ mëtĩ tanatmẽ ësëyai, askasho, wicha tanayavo a yosinvo, atõ tanati, inã ato yosĩ yavo. Wicha tanamaivõ atõ wicha tanama vakërasĩ yosĩro, atõ shëniniwëtsã tanati yosit chinãi, atomẽ ësëyai, atõ tanat mëstẽ ati chinãi, nawã tanatinĩ atõ yosĩki, mã isĩ ichna mëramisi, nawã shava txiwasho nõ shokoa, akĩ ato yosĩya. 18 Os professores Os professores Marubo trabalham na educação de crianças, jovens e adultos que moram nas aldeias desse povo na TI do Vale do Javari. Suas atividades são desenvolvidas em conjunto com as lideranças, os caciques, os römeyavorasi e ˜ kechitxovo, os anciãos, os pais e mães de família e os AIS. No plano político-pedagógico das escolas, os alunos acompanham as atividades na roça, nas caçadas, na pescaria, nos rituais e na medicina tradicional de acordo com o calendário de cada comunidade. Assim, os alunos são incentivados a se dedicarem à sua cultura. Os professores ensinam seus alunos a valorizar, respeitar e fortalecer o sistema de vida tradicional Marubo e também os orientam sobre as coisas do mundo não indígena, incluindo como se protegerem das doenças provenientes do contato com os brancos. Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira Wicha tanamaivorasĩ, raõn iki yavo, to imayavo, romëyavo, kenchintxivo atish më iti Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira Raõn ikiyavo Raõn ikiyavo mëti askasvi, yorarasĩ isĩ tënëmisi akĩ chinãki ato vëvo aki vanayavo, shovõsho. Ato kãtxivarãsho vanai, isĩ ato yoãshoi, isĩ ichna mã mëra misi akĩ ato vanaki, shënaá, txëwëa, akarasĩ mã mëramisi akĩ ato vana akayavo. Mëiki askasvi: romëyavorasĩ, këchĩtxovo, to imayavo, wichá tanamaivo akarasĩnĩ takësho, yora isĩtënëa roapai më ikĩ yora vësoyavo. Os agentes indígenas de saúde Os AIS desempenham papel fundamental na prevenção das doenças que acometem as aldeias Marubo. Eles reúnem a comunidade para fazerem palestras sobre a importância de as pessoas prevenirem-se de vários tipos de doenças, especialmente das DST/Aids e das hepatites virais. É importante que eles desenvolvam o seu trabalho em parceria com os pajés, os curandeiros, as parteiras e os professores visando a reunir esforços para melhorar a situação da saúde das comunidades. 19 To imayarasĩro aĩvorasĩ isĩ vësoyavo shovõsho atõ toa namãsho. Atovro to vësoyavo, vakë imayavo, vakë mãcho vësoya aka. To yavorasĩ vësosho samatsoma, to ichnai pakëa iki yavo. Askakĩ a awẽ isĩ vësoi, ã vake isĩ vësoi akaivo. Wëtsa to tsëkë iki sama pikẽ maĩnõ këchĩtxovo yoã shoi avë shõ anõvo inã akaivo. Tô imayavo askasvi, shëna, txewë, hepatite akarasĩ mã mëramisi iki vanayavo. Aska chinãsho takë nanãsho më iti roaka, wichatanamaivo, raõn ikiyavo, romëyavorasĩ, kĕchĩtxovo akarasisĩni takësho. Aĩvorasĩ isĩ yoãktsi ravĩ yavo chinãsho, tô imayavõ raõn ikiyavo takë ati roaka, shënaa, txëwëaa akarasĩ avë raõnanovo inã Parteiras As parteiras nas comunidades Marubo são fundamentais para garantir a saúde das mulheres durante a gestação, o parto e o puerpério, e também dos recém-nascidos. Elas são responsáveis por assistir os partos que acontecem nas aldeias. 20 Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira To imayavo São elas que fazem o acompanhamento das gestantes, incentivando-as a se cuidarem e a observarem as dietas tradicionais necessárias para evitar complicações no momento do parto e para garantir a saúde da mãe e da criança. Quando surge algum problema durante a gravidez, as parteiras chamam os kechitxóvo para realizar a cura da gestante. As parteiras podem ser importantes agentes de prevenção às DST/Aids e hepatites virais, principalmente aquelas que acometem as mulheres indígenas. Como as mulheres têm vergonha de falar sobre o que sentem para os homens, as parteiras podem auxiliar os AIS no encaminhamento de casos de mulheres com “doenças de sexo” para receberem tratamento junto aos serviços de saúde. Römeyavorasi Foto: © UNESCO/Luciane Ouriques Ferreira Romëyavorasĩ më itiro, nënë tanai shokomisvo akĩ chinãki yora vëso yavo. Yovëvo pëshot amasho, rao yosin ikiyavo. Kẽchitxovo vana yoãshoaivo, yovëvo nitxĩpakësho. Avë seyá anõvo inã, yoã vana ato yoãshoi, avë yosinvo akĩ chinãki. Isĩ shovia atõ tana keskaki isĩ mëra yavosvi. Isĩ ichna votoktsa yoã yavo, ave vesota vainvo inã. Atovoro yora Romëyavo. Pajés Os Römeyavorasi desempenham um importante papel na manutenção da saúde das comunidades Marubo. Eles são um dos xamãs que atuam na medicina tradicional. É por meio deles que os espíritos se comunicam com os kenchintxovo, aqueles que realizam as curas. Os Römeyavorasi descrevem o universo para os kenchintxovo, de modo que eles possam tratar as doenças e transmitir os conhecimentos revelados pelos espíritos para o povo. Além de diagnosticar as causas das enfermidades e identificar os seres que as originam, os Römeyavorasi têm o poder de prever o futuro. Eles são os profetas Marubo. Assim, eles falam para as comunidades se prevenirem das doenças que podem estar chegando. 21 Kẽchitxovo Kẽchĩtxovo tanati nënë tanamaĩnvo ato matsi akayavo. Isĩ õsi õsipa roa akayavo atõ rakatĩsho. Atõ isĩ roa akaro shõõti atõ aka, ravëro rao, moka akarasĩ yosi yavo atõ anosh yora vësoa. Kẽchĩtxovo askasvi yosi õsi õsipa. Vëvokë rasĩro, chinã vana tsasiyavo. Aska mẽki atõ isĩ vëso namãro, arimamẽ yosi nanãi, nĩkamaki nanãi aki atõ shõki, takë nanãi. Kẽchĩtxovo isĩ shovia katsës nĩkayavo. Shõ ikĩ isĩ yoã tõ, atõ aoa, isĩ õsi õsipa shovia. Askasho atõ aka isĩ ichnarasĩ roaki shokõkoĩ ato shovit namã, akayavo. 22 Curandeiros Os kechitxóvo são os curandeiros Marubo. São eles que realizam as curas das diferentes doenças que acontecem nas aldeias. Para curarem, eles rezam, cantam (shõki) e usam plantas medicinais, de acordo com o caso a ser tratado. Há diferentes níveis de conhecimento. Os mais velhos são os que mais sabem sobre os conhecimentos. Para curar um doente, eles trabalham conjuntamente, e seus conhecimentos são complementares. Os kechitxóvo conhecem a origem de todas as coisas que existem no universo. Por meio de seus cantos, eles narram como os diferentes seres que causam as doenças surgiram no mundo. Por isso é que eles têm o poder de controlar e de curar as diferentes enfermidades que ocorrem nas aldeias. Wichá tana maiya anõsh chinãma: Romëyavorasĩ, këchitxovo, tô imaya, yora vëvokë akarasĩ awësatõsho nõ vësotaktsa, isi ichna nokë tëkimisi, nokẽ rakatinisho ikĩ kashma aka Sugestão de atividade para o professor: reunir-se com pajés, curandeiros, parteiras, AIS e lideranças, para construir um plano de prevenção às DST/Aids e hepatites virais. 23 Isĩ shovia: Nokẽ isĩ, ni tëro shokosh nõ anõ ipawa, rama nawã isĩ akarasĩ yoã Nokẽ shënirasĩ waka rëvõ shokaa tiãro, nënë tanaimai shokopaovo. A tiãro Natĩ Kënëwai (morada tradicional do Marubo do rio Ituí) namã, nokẽ tanatinĩ iki nõ shokopaoa. Anoro teã rëvo wakapasha aki shokosho, nêne tanatanímai nõ vesokõ paoa. A tiãro nokẽ pitise yani aki. Manã yoĩnivo, enẽyoini aka ranoma namã, ni pei raoya aka namã nõ vesokõ paoa. Aska namãsho metsai vesõkõi nõ apaua. Awesatimai shokosho metsai vesõkõ paovo. A tiãro, kakaya westise, askasho ashkã me ivaĩ ivaĩchnavo. Aska namãsho isĩ pashai nõ shoko paua. A tiãro isĩ onãnai, samakima piá nê mainõ, ni peĩ rao ashõ roaki, vake mãchorasĩ yochĩnka ashõrivi ato nachi mai, kẽchitxovo akĩvis isĩ roaki ava avaĩchnavo. Askai nõ shokoa namãsho nokepamavo rasĩ noke tachĩki isĩ mera mati txewe, rõ oko (catapora, sarampo, coqueluche) shana akarasĩ. Aska namãsho, pae akaivo, kõsha akayavo, nawa osho nokoti. A tiãsvi yora rawe anõ inã 24 FUNAI nokoti, waka revo noke ene makĩ, waka kaya ketsampashõ noke enemtavo. Mato nõ vesoktsa, wichatanamay, raõ vesoi akĩ parãsho waka kaya ketsamashõ noke enetivo. Rama isĩro nokepamvo shava nõ txiwa tõsho isĩ ichna noke mẽ votoai. Nokepamvonĩ tava nanã iki, atõ yosi yosiktsi, atõ awẽ kẽei, nõ isĩ roanõ inã atõ shavapa noke kawi pakei pakei, nokepamtõ awe ichna meranoshkav aki atõ mapoa. Venerasĩ, aĩvo rasĩ, vakerasĩ akaras poke keni, Atalaia, Benjamin, Tabatinga, Ipixuna, Guajará Cruzeiro akanamã atõ mapoa. Aska namãsho nokẽ shavorasĩ nokepam mẽ kẽ keni, vakerasĩ nokepam shavo mẽ kẽ keni, pae ichna yani akãi, askaki, isĩ ichna tekisho atõ rakati vivaishõ, ã shavorasĩ tekimkãi. As nõ oĩno nõ iki mẽki nokepamvo rasĩni nokẽ rakati mê inõ inã voshõ atõ shavorasĩ vene rasĩ oĩkeni, atõ vene rasiñro nokẽ shavo me keni akĩ isĩ ãtsa aki akavo. Askatõsho, txewei, shenai, hepatite ikaĩ akavotõsho, isĩ atsamaivõ. Origem das doenças: as doenças de antigamente e as atuais Antigamente, quando nosso povo vivia nas cabeceiras dos rios, havia saúde na comunidade. Naquele tempo, a aldeia se chamava Nati Kenewai, e vivíamos de forma tradicional. Lá, tínhamos fontes de água limpa que garantiam a qualidade da vida das pessoas. A alimentação era natural. Tinha muita caça, muito peixe e muitas plantas nativas. Fazíamos festa. O povo tinha força e vivia alegre. Só tínhamos um chefe e trabalhávamos juntos para produzir roça. Nessa época, a comunidade tinha como se proteger. As poucas doenças que existiam eram conhecidas. Grande parte delas era causada pela quebra das dietas tradicionais. Nossos avós tiravam folha do mato e davam banho nas crianças. Nossos poderosos kechitxóvo curavam, facilmente, todas as doenças que apareciam. Com a chegada dos Nawa (não índio) na região, começaram a surgir novas doenças: catapora, sarampo, coqueluche e gripe. Chegaram seringueiros, madeireiros e missionários. Chegou também a FUNAI, que nos convenceu a abandonar as nossas aldeias tradicionais nas cabeceiras dos igarapés para morar nas margens dos afluentes dos grandes rios. Em troca, ela cuidaria do nosso povo, construindo escolas e postos de saúde. Hoje, a maior parte das doenças que existem na comunidade vêm da cidade. Nos últimos tempos, aumentou muito o número de parentes que vão para a cidade estudar, buscar trabalho, tratamento médico e benefícios sociais, ou mesmo para passear. São homens, mulheres e crianças. Às vezes, famílias inteiras se deslocam para Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Ipixuna, Guajará e Cruzeiro do Sul. Lá, os parentes passaram a se envolver com os Nawa, participando de suas festas, tomando bebidas alcoólicas e mantendo relações sexuais. Assim, adquiriram doenças e as levaram para as aldeias, contaminando os seus parentes. Também, muitos Nawa, que vão para a aldeia trabalhar, acabam se envolvendo com homens e mulheres Marubo, trazendo doenças para a comunidade. É dessa forma que as DST/Aids e as hepatites virais começaram a chegar, e ainda estão chegando, até as aldeias Marubo. 25 Saiti Iskõ Koa Sheni – Iskõ koa, a pari shëna meramtaya Isko koa sheni ẽ awẽ kakĩ nĩka ẽ Vai waka risho ẽ Osamane mane ẽ ẽ ẽ Osai yama we ẽ Yora Koĩ akesho ẽ Ẽ iso teka e ẽ Verõ ashoĩ kawã wẽ ẽ Awẽ aki aoa ẽ ẽ ẽ Aki ava iniki ẽ Awẽ kaki nikã ẽ Vai potxia ĩkaĩ ki ẽ Awẽ no onika ẽ Awẽ kai txipo sho ẽ Mai mane manei ẽ Tachika ĩya o ẽ ẽ ẽ Awẽ aska maino ẽ Mia tsoa nuke sho ẽ Amĩ ikira awẽ ẽ Aki aoa ẽ ẽ Tsoarivi raora ẽ Txitxo sẽpa ichná ẽ Osairiv amẽkĩ ẽ Yora koĩ akesho ẽ Ẽ iso teka ẽ Vero ashoĩ kawã wẽ ẽ Ea anõ aikĩ ẽ ẽ ẽ E chiná ayona ẽ Mai txikoriti ro ẽ Shevi raõ yononã ẽ 26 A akiaoi ẽ ẽ ẽ Awẽ aki aoa A anõ isoro ẽ E akarivi na ẽ Aki aoi ẽ ẽ ẽ Aska nikã sameinã ẽ A rakã pakesho ẽ Awẽ ava inaki ẽ ẽ ẽ Shevi sheta vanai ẽ Tsatsasepa tsatsase ẽ A iki aoi ẽ ẽ ẽ A matsi shose ẽ Atirao amẽkĩ ẽ Shevi kene yarao ẽ E shevi akakĩ ẽ A iki aoi ẽ ẽ ẽ Akĩ mashte vaĩ vai ẽ Awẽ weni ina maino ẽ Atxõ achpa itãki ẽ Ina torẽvarãi ẽ ẽ ẽ Shevi ravĩ kaĩ ĩ ẽ Nai parorino ẽ Ikai ini kaita ẽ ẽ ẽ Nai shavi wetsanõ ẽ Shãtso roakaĩsho ẽ Tsaoi kaoi ẽ ẽ ẽ Awẽ ina torẽa ẽ Mai panã pei ki ẽ Voshto pake vetãshoẽ Tetõ ake akevai ẽ Ina tĩapai ẽ A aki aoi ẽ ẽ ẽ Ina tetõ teweyai ẽ Varĩ ota tipai ẽ Tsao kaĩ karaĩ ẽ ẽ ẽ Awẽ ina sinaĩ ẽ Tsao kaĩ karaĩ ẽ Yãta mako varaĩ ẽ ẽ ẽ Yãta kawama inõ ẽ Koikoti sheshasho ẽ Ina tetõ teweyai ẽ A ereiko aoi ẽ ẽ ẽ Arakainasho ẽ Chinã noko yamasi ẽ A aki avai ẽ ẽ ẽ Atõ pari ki ẽ Shava meravaĩ ẽ Koikoti sheshasho ẽ Ina teto teweya ẽ Kaya kaĩ aoi ẽ ẽ ẽ Vari sana karama ĩ ẽ Varĩ otatipa i ẽ Awẽ ina senai ẽ Tsao tsao kawã ĩ ẽ Awẽ anõ niká ẽ Naitaerisho ẽ Shãiii ẽ Wa amatxi ki ẽ Sete ini oia ẽ ẽ ẽ Yostasma shorao ẽ Iskõ koa shenĩ ẽ Vana aoi ini ki ẽ ẽ ẽ Awe yochĩ nirai ẽ Ea ina torẽĩ ẽ Ea roa ari na ẽ Awẽ aki aoa ẽ Vana matsi varãsho ẽ Sete sete vaiki ẽ ẽ ẽ Wa ari amese ẽ Shãiii ẽ Reshni wei taniki ẽ Matsi voã voãsi ẽ A aki atãi ẽ Tachi varã aoi ẽ ẽ ẽ Wa a matxiki ẽ Sete ini aosho ẽ Atõ isismõti ki ẽ A atõ kepẽa ẽ A varĩ otatipai ẽ Ina tapĩ atãsho ẽ Awẽ tsao maino ẽ ẽ ẽ Vitxi kene tsintsone ẽ One pake ao ki ẽ Wa varĩ otapa ẽ Ina tapĩ atãsho ẽ Awẽ tsao maino ẽ ẽ ẽ Awẽ ina ki ẽ Piã ake vaĩ ki ẽ Ina shatẽvaĩ ẽ Yẽ iskaĩ ẽ ẽ ẽ Mai tapõ shakini ẽ Veva veva kaĩ ẽ Awẽ maõ vaka ki ẽ Rakã rakãvaĩ ẽ ẽ ẽ Mai tapõ shakini ẽ Veva veva kaĩ ẽ Awẽ maõ vaka ki ẽ Rakã rakãvaĩ ẽ ẽ ẽ Yẽ pani pei ẽ Peso tana irino ẽ Pesĩ venãkaĩsho ẽ Rakai kaoi ẽ ẽ ẽ Ave anõ shorao ẽ Yẽ aka merano ẽ ẽ ẽ Isĩ Teáma tõ vana Isĩ tëáma (sëyaki tama), nori isĩ nõ yomẽshoa, nokẽ rakati vesô tamasho, isĩ ichna nõ mëramisi (shëna/txëwëa) iki vana. • Isĩ tëamash nokë ã nokoro • Nokëpamtõ shava namã ashkã nõ mapoa • Isĩ yoãna nõ nĩkama • Raõna kuĩmai nõ shokoa • Raõn iki yavo rasĩni nokë raõ kuĩma • Katxas nokĕ shovõ nõ vivaĩa • Isĩ ichna rakeshtãimai aĩvo nĩ nõ më nanã • Wakapasha roapa yama Vulnerabilidade Conjunto de fatores/situações que aumentam ou diminuem a proteção ou o risco de uma comunidade adquirir uma determinada doença (DST/Aids): • Fatores de vulnerabilidade Marubo; • Trânsito aldeia-cidade-aldeia; • Falta de informação; • Pouco acesso aos serviços de saúde; • Baixa qualidade dos serviços; • Uso de bebidas alcoólicas; • Sexo sem proteção; • Saneamento básico. Na ivo isĩ rakë kĩ chinãshmismavo: vëronëchta, kanivënachta 11 vari rasĩchta. Segmento populacional mais vulnerável: jovens a partir dos 11 anos. Nokë yora wicha tana maitõ tanatiro: Verõnavo rasi, txipo kaniavo oish mësko tsoma, shava ainip namã akĩ ato vãna akaya, ato yosĩki, raka tinisho vëso kõyavo ato yoã shoki ato anõ vakëya avë vãna anõvo inã. Papel dos professores marubo na prevenção: atuar como formadores e agentes multiplicadores da prevenção às DST/Aids e hepatites virais, preparando os jovens para se protegerem nas relações sexuais e para andarem na cidade. 27 28 Foto: © UNESCO/Edson Fogaça Isĩ ichnarasĩ (shëtayavo, shoa shëtayavo, txëwë akaivo) aka mëë nanãtõsh mëraa nokëmpatõ yoãa Os conhecimentos dos não índios sobre as doenças sexualmente transmissíveis (DST), HIV/Aids e hepatites virais 29 Isĩ ichnarasĩ (txëwë, shëta akarasĩ) aká tõsh tëkia Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) Awe yoãrki aĩvo mëëa tosh isĩ mëranã? Isĩ ichna rakështaĩmai yorãnaa mẽsh mëra. O que são DST? São doenças transmitidas por meio de relações sexuais sem proteção (camisinha). Shëtayavo rasĩro: ko imaya, shoa shëta, txëwëa akaya, Ia aka. Agentes (seres) da doença: micro-organismos (vírus, bactérias e fungos). Isĩ nati shokosh atõ Isĩ akaro Ko imaiyavo Txëwë akaivo Shëtayavo/toshpia 30 Principais síndromes (conjunto de sintomas e sinais) Corrimentos: candidíase, tricomoníase, gonorreia, clamídia Feridas: sífilis, herpes genital, cancro duro Verrugas: condiloma acuminado (HPV) Foto: © UNESCO/Enrico Marone • Isĩ mëramisi inã, vëvo oĩana shava tana tini: Vakë nãti oĩnai (txëwë mëra misi inã, toi vësotati). • Isĩ ichna tana këasnã raõn iki yavo raya yoãshotsoma, mato avë isĩ mëki ashõno. • Rao mashtëk atsoma, matõ aĩ, matõ vënë atisho. • Faça exames de rotina: preventivo do câncer de colo de útero (PCCU) e pré-natal • Procure a equipe de saúde quando estiver doente ou quando tiver dúvidas • Siga o tratamento de saúde até o fim, juntamente com o(s) seu(s) parceiro(s) sexual(is) 31 Isĩ ichna, yorãnaa mẽsh mëraa Isĩ ichnarasĩ nokë mẽ këyowëisho, nokẽ eshpõ, nokẽ imi, aka shëtayavo wëisho nokẽ nami mënoa. HIV/Aids Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids). Doença resultante da infecção pelo HIV, vírus que ataca e destrói as células de defesa do corpo. Sistema imunológico: Nokẽ kayã imi pasha rakasho isĩ teaya, glóbulos (células) brancos linfócitos, akĩ nokepamtõ anero nokẽ kayã wachitaya. Sistema imunológico: forma como o nosso corpo se organiza para enfrentar diversas agressões, entre elas as doenças. Os glóbulos brancos, chamados linfócitos, são as células guerreiras do sangue que defendem o nosso organismo. 32 Yora a ivo isiĩya, nënëtana tanima nismãtsawã. Isiĩ wëtsakëska marivi, ikivis kaya kavisma. à isiĩ aka rasiĩro: võshãki, yonáa, mapõ tënã, tëpõ isiĩa, rakë nami isiĩa, nami oshtõ oshtõ a tãi, paeĩshi, shaãtoi, aska akĩ pëtxishriv kayakëi akaya. à isiĩ takëkrãro õsi õsiptõ imaya: oko ichna rasiĩ, shõtoaki, noro imai, txëwë ichnatõ imai, sateĩ tëka këskai amiska. A pessoa pode ser infectada pelo HIV e não apresentar sintomas ou sinais. Os sintomas e sinais não se manifestam da mesma forma em todas as pessoas. Geralmente, eles são comuns a outras doenças: febre, dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares, manchas na pele, gânglios e ínguas debaixo do braço, no pescoço e na virilha. Com o agravamento da aids, surgem as doenças oportunistas: tuberculose, pneumonia, câncer, candidíase etc. Rao anõ matsi akas aya (roa akairo yama). Existem medicamentos para tratar e controlar o HIV/Aids. 33 Toi vësoro isiĩ ichna ayasho aweĩ to iki, aweĩ vakë tëki mamisi, ã pakëa namãsho, ã shoma amanamãsho aka, shëna, txëwë, hepatite aka mëra misi inã vësoa. • Mëtos aka HIV (ayarkiĩ wiĩnoshõ inã) • Mëtos aka VDRL (ayarkiĩ wiĩnsho inã) • Imi tsëka, hepatite B ayarkiĩ oiĩnsho Iná (aya oĩnã hepatite D ivo aosh oĩa) Imi tsëkash oĩa HIV, sífilis aka aya oĩaná, aĩvo ã vënë nĩ raya rãonai shoviti. Imitsëkash oĩa hepatite B aya oĩnaro, raõtirá inã ã to pakëvai txini doutor oĩoa. Aska maĩnõ ã vakëro raya shava wëtsa take makimas vacinai, raya awĕ imi mëstĕ akãi ati (imunoglobulina). Raõn iki tanati ësë Yora isĩ ichna aya inã yoã tima, rãon iki ivo ësë kiri chinãsho.Yora isĩ vësoyatõs tanash shokoti. 34 É importante que as mulheres grávidas façam o pré-natal para identificar se são portadoras do vírus HIV, de modo a evitar a transmissão vertical para o seu filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. Outras doenças que podem ser transmitidas verticalmente são a sífilis e as hepatites B e D. Por isso, é necessário fazer os seguintes exames: • Teste anti-HIV • Teste para sífilis (VDRL) • Sorologia para hepatite B (em caso positivo, realizar para hepatite D). Se os exames para HIV e sífilis derem positivo, a mulher precisa iniciar o tratamento o quanto antes, juntamente com o(s) seu(s) parceiro(s) sexual(is). No caso da sorologia da hepatite B positiva, a necessidade de tratamento é avaliada após o parto, mas deve-se garantir que o recém-nascido receba a primeira dose da vacina contra a hepatite B e a imunoglobulina anti-hepatite B nas 12 primeiras horas de vida. Atenção Não comente com a sua comunidade a situação de parentes com DST e aids. Também é dever dos profissionais de saúde observar o principio ético do sigilo. Os casos de DST e aids devem ser abordados apenas pelos envolvidos no tratamento do doente. 35 Os agentes indígenas de saúde Os AIS desempenham papel fundamental na prevenção das doenças que acometem as aldeias Marubo. Eles reúnem a comunidade para fazerem palestras sobre a importância de as pessoas prevenirem-se de vários tipos de doenças, especialmente das DST/Aids e das hepatites virais. É importante que eles desenvolvam o seu trabalho em parceria com os pajés, os curandeiros, as parteiras e os professores visando a reunir esforços para melhorar a situação da saúde das comunidades. Formas de transmissão das DST/Aids e hepatites virais • Relações sexuais sem proteção (vaginal, anal e oral) • Compartilhamento de seringas, agulhas e outros objetos perfurocortantes usados, por exemplo, para fazer tatuagens e escarificações • Da mãe infectada para seu filho, durante a gravidez, o parto e a amamentação • Transfusão de sangue, ao se receber sangue contaminado (não testado) 36 Assim não pega Nëskaro tëkisma • Esëyashõĩ mëë nanãa (ina rakotinisho) • Sexo protegido (com camisinha) • Mëkí akáa • Beijos • Atxi vaiĩ-a, mëtëë akáa • Abraço ou aperto de mão • Niskãa, vëõ • Suor e lágrimas • Vi, chio, txëpë akarasi ĩn piá • Picada de insetos • Tsano, kanikorasiĩ • Talheres e copos • Kamiõn tsaoti, kënã, tsaoti • Assento de ônibus, bancos, cadeiras • Poi shovorasiĩ, niwë • Em banheiros ou pelo ar • Avo, raskiti • Sabonetes ou toalhas • Yora imi inãa (isĩ ma ivõ) • Doação de sangue Tëki misi inã: Ina rakot tiniĩsho mëë nanãa. Forma de prevenção: uso de preservativo nas relações sexuais. 37 Hepatite shëtayavo Hepatite taka soro akaya shëtayavo. Mëë nanã tõsh mërá. Takaro nokẽ ëshpõ shoko. à ëshpõro, tënë tënë tanima askatas mëë iki, imi vëna vëna asi, aki ãwë ronoa. 38 Hepatites virais A hepatite é uma inflamação no fígado. Existem diferentes tipos de hepatites, e algumas delas são consideradas DST. O fígado é formado por células chamadas hepatócitos. As células do fígado trabalham o tempo todo e estão sempre se renovando. Takaro nëskaya Algumas funções do fígado • Nami misteĩ akaya • Shopiĩ tana maia • Produz energia para a pessoa • Ajuda a absorver a comida Hepatite shëta yavoro õsi õsipa A, B, C, D aka Os diferentes tipos de vírus das hepatites: A, B, C e D Hepatite shëta yavo taka ĕshpõ piaya. Ano të sho rëvoya. Askai rëvoi, taka tio niki imi potá kõki a yora tioi isi akaiya. Taka më ã wëi mainõ, a ĕshpõrasi nokëmĕsh ikiya. Tëskë akayavo rasi këska. Askamëki a ivo tëskë akaya shëtayavo nõ këyono ato iki mëki atos nokë taka ëshpõ këyomtsãwa. Aska akaya hepatxitxiro. A ivo tëskë akaitõ nokĕ ëspõ këyoyã, shëtayavo atõ yamamaro, arimësë pota kõmtsawãvo, nokë namishõ. Askamainõ nori rãno táti, racai, më ikima, vari amama, samai rao nokë yosĩvo aki, rano táti nokë avë roanõ inã. Askai ranotaro yora roamtsãwã. Askasho, ã roatxinĩ, shëtaivo achiã akĩ atõ ãnëa. Askamainõ, vana tavamai vëso tama ã niaro, 06 oshë namãsë ãwe isi mai kawãmtsãwã. Ãwe pota kõ maro, shëta yavõsë orá amiska, roasma ivõ ã iki. As hepatites virais acontecem quando o vírus passa a morar nas células do fígado. Os vírus utilizam essas células para se reproduzirem. Cada novo vírus se instala em outra célula até tomar conta de todo o fígado. Dali, eles se espalham pelo sangue da pessoa. Quando o vírus se instala no fígado, o sistema de defesa do organismo se mobiliza para enfrentálo. Os guerreiros do sistema imunológico passam a atacar os vírus. Só que, enquanto eles não acertam o vírus, acabam machucando as células do fígado. É assim que acontecem as hepatites virais. Quando os guerreiros acertam a mira, o vírus passa a ser eliminado do nosso corpo. A pessoa então precisa ajudar no seu processo de cura, fazendo repouso e dieta. Se a pessoa não se cuidar, a doença pode tornar-se crônica. 39 40 Hepatite B mëstĕka ivo Hepatite B Yora tsasiya tõ hepatite B akaivo mëraro, hepatite mëstĕka mërat vësoka. Na ivo hepatite askasvi, yora mërai inã, ãwĕ vësota kãiro, nokĕ namĩ 6 oshë namãsho aris isi roa amiska. Aska mĕki isi katsëkas varismarivi. Askasho, ari vëso tayavo, aris atõ roa këskai txipokiri a ivo isin yo osma. Oshë ravë vaki tavaa namãsho, isi maki mainõ, nokë nãmiro, awĕ isi awã vai nokë, imi china asho ari matsi amiska. Awĕ aska maĩnro, nokĕ namĩ sãmatáti, samai, rao aki, roas ma ivo hepatite nokë txiri kai misi inã. à isi akaro nëska: yomë aki, ichnas tanamai, mapo ëwëka aki, anãn vëtsamai, anãmai, yonai, tõpi namã vëtsaka aki, yona akĩ shãna atxi mai, isõ õchin imai, poi oshoka tõ imai akaya. Quando o adulto contrai o vírus do tipo B, ele entra na fase da hepatite aguda. Essa fase dura aproximadamente seis meses, e nem sempre a pessoa apresenta sintomas. Quando surgem os sintomas, a pessoa precisa se cuidar para ajudar o sistema imunológico a eliminar o vírus do corpo. Esse cuidado deve ser mantido mesmo depois que os sintomas da hepatite desaparecem, porque os guerreiros ainda estão lutando para combater o vírus. Na maioria dos casos, a pessoa que faz repouso, cuida da dieta e não toma bebidas alcoólicas, se recupera e torna-se imune ao vírus. Os sintomas da hepatite aguda são: cansaço, mal-estar, tontura, enjoo e vômitos, febre, dor abdominal, icterícia (amarelão), urina escura e fezes claras. 41 Hepatite B sheta yavõ amain sama tairo 42 Cuidados com o doente de hepatite B • Ranotai • Repouso • Vëtsa ma • Não tomar bebida alcoólica • Piti õsi õsip piama • Dietas alimentares • Rao, nokë yosi náma ivo akama • A pessoa não deve tomar remédios sem indicação médica Hepatite B ari orá aka Ivo Hepatite B crônica Yora hepatite B ikia 06 oshë namã ã roama ivoro, isĩn ari orá amiska. A ivo isĩro yora isĩ yama këskakĩ nitxĩya. Aska mĕki, chinã ashõ taka korë akĩ yora tënãya. Taka ëshpõ a tsëwë aka tõsho ã iki, taka tsamii, taka korëi ã aka. Aska akĩ awĕ isĩ aka ëshpõ rasĩ, taka pono rasĩ aka këyoya. Aska akĩ ã yora tënãa, taka këyõki. Aska ivo isĩn nokë ora amisi akĩ chinãi, nori vësotati. Nokë roai inãs vësotai, samatai aki ënëmarvi. Quando a pessoa que tem hepatite aguda não se cura em até seis meses, a hepatite torna-se crônica. Geralmente, as hepatites não apresentam sintomas. Mesmo assim, podem machucar as células do fígado que, com o tempo, vão endurecendo e se tornando fibrosas. As fibroses são lesões celulares que podem matar as células do fígado, causando cirrose ou câncer de fígado. Por isso, a pessoa precisa tomar certos cuidados para não agravar as possíveis lesões hepáticas causadas pela hepatite, mesmo quando o vírus já foi eliminado do seu organismo. 43 44 Hepatite B vakë mãcho ã nënë tanamaro neska A hepatite B em crianças à pakë namãsho hepatite B ã tëkia ivoro, nõ anõ rakët roaka. Aska këskasivi, vakë ã vari nokoma, 05 vari namãshosë aka ã mëra ivo, isĩn ari orá akaya. Awësash ã ikima, vakë ã imi mëstëma, ã ëshpõ txiwa koĩma akasho awĕ aka. A criança recém-nascida que contrai o vírus da hepatite B durante o parto tem grande chance de desenvolver uma hepatite crônica. O mesmo ocorre com as crianças que têm contato com o vírus B antes de 1 ou mesmo 5 anos de idade. Isso acontece porque o sistema imunológico da criança ainda não está plenamente formado. Aska chinãsho aka, toi vësoi, vakë vacina aki, aiĩvo to aya ivo, isiĩ ichna aya onãt akĩ oĩsho ato vësoi. Vakë pakëa vësosho vacina aki awĕ imi mëstĕ akãki, shava wëtsa takë makĩ masë vëso vaĩti. Por isso, é importante que as gestantes façam o pré-natal e que a criança receba as vacinas corretamente. No caso de gestantes portadoras do vírus, é necessário que o recém-nascido receba a vacina e a imunoglobulina nas primeiras 12 horas após o parto. 45 Hepatite D ivõ isĩ akaro nëska Hepatite D akĩ anëvoro, wëtsa takëkarãsho ã isiĩ aki oarivi. Ari shovismarivi. Shëtayavo B akaivõ kenavarãa okĩ ã tenãa yora. A ivo shëtayavoro mëstĕka. Awe isĩ mashtëa ã tënaã asrivi. Yora hepatite B aya ivo wëtsa D aya nĩ ã më nanã tõsho tëkiya, a isĩro. Hepatite B, D aka votĩ nanãro nëskaya: Hepatite B aguda aka ivõ isĩ aka këskasë ã isĩ aka. Aska tanainãsë, raya vësotakaĩti: rakash tënëi, piti õsi õsip piama, katxas akama aki vari wëstikas tavai nõ ranota ivo roaya. Askmaĩnõ, D ivonĩ B takëkarãro nëskaya: Taka të imaki, yora vëstĕki tënaya. Isĩ akĩvis onãi vaiki vësovaĩro ã shava aka, aska mĕki doutor wëtsasë onãt aki oĩmarivi. 46 Hepatite D (Delta) O vírus da hepatite D só ataca quem tem a hepatite B. Ele é mais agressivo para o corpo do que o da hepatite B, e a gravidade da doença depende do momento da infecção. Infecção ao mesmo tempo dos vírus D e B: na maioria das vezes, os sintomas são iguais aos da hepatite B aguda. A recomendação consiste em repouso, dieta e proibição do uso de bebidas alcoólicas por um ano. A coinfecção pode ter completa recuperação. Infecção pelo vírus D em portadores do vírus B: nesses casos, o fígado pode sofrer danos graves, e a pessoa pode ficar muito doente. O diagnóstico da hepatite D deve ser feito o mais rápido possível, e o tratamento dos Nawa só pode ser indicado por médico especializado. A isĩ mërak tsinãro imi tsekati (sorologia). Para confirmar se a pessoa tem hepatite, é preciso fazer exame de sangue. (sorologia específica para hepatites). 47 Awësa tõsho mërará hepatite B, D akanã? • Yora a ivo isĩani më nanãtõsho (yoranã) • Wëtsã imi nõ tsakama namãsho (sënoa, shëõ nami yochĩ ikitai, a ivo rëtëti shëosë ãtsai rëtëi, këni wëshati ashkã kawãnãi, ashkiti kawã nanãi) • Tô nanëa namãsho, ã pakë namãsho, aka vakë ã ewã isĩ tëkima anëa, transmissão vertical Como se pega hepatite B ou D? • Relações sexuais desprotegidas com portador do vírus • Contato com secreções e sangue contaminado, por meio do compartilhamento de objetos perfurocortantes em escarificações e tatuagens, de agulhas, lâminas de barbear e escovas de dente • Transmissão vertical: da mãe para o filho, na gravidez e no parto 48 Awësai vësota tirá, hepatite B, D aka nõ mëramisi inãna? Como a pessoa pode evitar pegar as hepatites B e D? • Mëë nanã namãsho ina rakot sawëi • Usar camisinha nas relações sexuais • Këwã, këno akarasĩ yora wëtsa nĩ kawã nanãma • Não compartilhar objetos perfurocortantes • Vake ã ëwa isĩ mëra misi ã pakëa namãsho inã, vacina aki vakë mãcho, ã shava wëtsa takët vëvosë • Impedir que a mãe transmita para o filho, durante a gravidez ou no parto: vacina e imunoglobulina nas 12 primeiras horas após o nascimento Hepatite ari orá akai ivõ ikiyavo vesokiro Cuidados com doentes de hepatite crônica • Vëtsamama • Ari chinãnë rao akama • Raõn ikiyavõ vësoi, raõ mã misi inã • Não tomar bebida alcoólica • Não tomar remédios por conta própria • Ter acompanhamento do profissional de saúde 49 Hepatite B vacina ikiro • Ravë nĩ takëma rëtëa, txitavi rëtëa namãsho 30 shava tanash rëtëi, askavai, 5 oshë nãmã aka. • Vacina hepatite B tënãro, hepatite D mërasma. 50 Vacinas hepatites B • Três doses, com intervalo de 30 dias entre a 1ª e a 2ª, e de cinco meses entre a 2ª e a 3ª • A vacina da hepatite B, ao imunizar a pessoa, a protege também contra o vírus da hepatite D Hepatite rao ravë vaki aya Existem dois tipos de remédios para tratar as hepatites • Reteti: Interferon alfa ou Interferon peguilado • Injetável: Interferon alfa ou Interferon peguilado • à eshero: Lamivudina, Ribavirina, Adefovir, Entecavir • Via oral (comprimidos) – antirretrovirais: Lamivudina, Ribavirina, Adefovir, Entecavir Doutorivi a ivo rao atso akĩ yonoya, isĩ tënëyavo isĩ onãnt akĩ wĩsho. É o médico que, ao ter o resultado dos exames, indicará o tratamento adequado para cada pessoa. 51 52 Foto: © UNESCO/Edson Fogaça Isi Teai Vana • Falando Sobre Prevenção às DST-Aids e Hepatites Virais Maruvo isĩ Vësotaa Prevenção Marubo 53 Maruvo isĩ Vësotaa “Nokë Yoraro” õsi õsip akĩ isĩ tëaya. Nokĕ shëni pavo kirishosë, kĕchĩtxovo, romëyavo akarasĩ kãtxivarãsho, nanë seya aki, waka ichna aki ashõ yora rasĩ ato katsëki amai. Aska ashõ samatai, aĩvo nĩ më nãnãma, piti õsi õsip piama, akĩ ari vësotai, atõ wëtsamavo isĩ tëa akayavo. 54 Prevenção Marubo O povo Marubo possui muitas formas de prevenção às doenças. Tradicionalmente, os curandeiros e os pajés se reuniam para preparar a massa de jenipapo e o mingau de banana e cantar sobre eles. Depois, distribuíam para toda a aldeia essa massa rezada. Durante certos períodos da vida, a pessoa não pode manter relações sexuais nem comer certos alimentos. Assim, ela protege a si mesma e a sua família contra diversas doenças que existem no mundo. Nokĕ tanati nõ anõsho isĩ ichna nõ tëkit vësoka ivoro na ti 1. Yora wëtsa a ivo isĩyavo rasĩni më nanãi, ina rakot sawë masho 2. Chiõpia nachai, mĕtsisnĩ tochai yora a ivo isĩn ikiyavo 3. Yora vopia ënë tsakai, awĕ anã, ã keyõ akatõ tsakai 4. Yora a ivo isĩ iki ivõ kãpo paë këmo mëtxa aka 5. Yora a ivo isin iki ivo imĩ tsakai, ichi amainõ kokoi 6. Yora a ivo isĩn ikiyavo iya piãkãi 7. Ashkiti, këni wëshati kawã nanãi 8. Nokëpamtõ awe tashoti, këni vëchpiti akatõ vakë tõpi shatëa 9. To imainõ, mëvi racomash vakë iko nia 10. Aĩvo a ivo isĩn iki ivõ vakë wëtsa shoma ama 11. Romë rëwĕ a ivo isĩn ik ivo nĩ nõ anõ ashkã iki 12. Wani waka, atsa waka akarasĩ Práticas culturais e risco de transmissão de doenças 1.Relacionar-se sexualmente com pessoas com doenças do sexo, portadores do vírus HIV e aids ou das hepatites B e D, sem usar preservativo 2.Espocar picada de pium, com unha ou com dente, nas pessoas contaminadas 3.Contato com as secreções da pessoa que tem hepatite e que acaba de morrer 4.Preparar injeção de sapo com saliva para aplicação nas pessoas 5.Ter contato com sangue contaminado ao cuidar de cortes e ferimentos, ou sugar picada de cobra em pessoas portadoras dos vírus das hepatites 6.Espocar piolho de pessoas contaminadas 7.Utilizar escova dental ou aparelho de barbear de pessoas contaminadas 8.Uso de material Nawa (tesoura, gilete) para cortar cordão umbilical de crianças recém-nascidas 9.Fazer parto de gestante sem luvas 10. Amamentar a criança de outras pessoas sendo portadora do vírus B 11.Compartilhar o cano do rapé (rumê-rewê) com pessoa portadora 55 Më nanãtosh mëra isĩ rasĩ aids hepatite shëtayavo nokë mëramisi inã chinã kiro nëska ati roaka • Yora pasha shokayavo ato vana aki • Hepatite B ayarasi, D mëramisvo inã tëai • Yora isĩyavo rasĩ vana vësotash shokotsoma aki ato vana aki • Hepatite B, D aka ayarasĩ, wëtsa tëki matso maroa inã ato vana aki 56 Estratégias de prevenção às hepatites virais • Evitar que as pessoas, que não têm hepatites e não são imunes, adquiram a doença • Impedir que os portadores do vírus da hepatite B sejam infectados pela hepatite D • Incentivar os portadores do vírus a se cuidarem • Evitar que os portadores do vírus das hepatites B e D as transmitam para os demais parentes Ari rakat aya ivo rasĩni atiro nëska Ações da comunidade 1. Shovõ kakaya, nõ avë nachi iki nanã rasĩ, aĩvo rasĩ, vënërasĩ, aka ato kãtxivarãsho isĩ tëai vanai, isĩ ichna tëkia nëska tõsh iki inã ato yoãshoi. Hepatite B, D akarasĩ nëska akĩ nõ tëat aska inã chinãm akĩ nanãi 2. Hepatite B yoãa wicha rasĩ ato pëas ashõi (atõ isĩ akarasĩ, ã tëkia, nõ tëa tima aka, nõ raõna akarasĩ ato yoãshoi) 3. Yora a ivo isĩyavo ato vëso koii (mari ranotatsoma akĩ ato vana aki, atõ piti vësoi) shõ aki, waka ichna ashõi 4. Nane shõki, waka ichna aki, isĩ tëai 5. Shava Sai Aki ashkãsho 6. Samaki yoin õsi õsip piama, nori samatai 7. Catxas akama, álcool mashpãsh akama 8. Mĕtsis shatëtini kawã nanãma 9. Ina rakoti sawësho më nanãtsoma aki vanaii 1. Reunir os moradores da comunidade para orientá-los sobre as formas de transmissão das DST/Aids e hepatites virais e criar estratégias de prevenção 2. Divulgar informações sobre as hepatites virais (causas, cadeia de transmissão, prevenção e tratamentos) 3. Iniciar cuidados especiais com os portadores do vírus (repouso, alimentação, acompanhamento diário) e fazer pajelança 4. Fazer cantoria em massa de jenipapo e em papa de banana, para evitar que certas doenças cheguem à aldeia 5. Fazer cerimônia entre aldeias e manter informadas as outras comunidades dos parentes 6. Fazer dieta para os portadores, segundo a tradição 7. Evitar bebidas alcoólicas 8. Evitar o uso de material de manicure (cortador de unha etc.) 9. Incentivar o uso de preservativo nas relações sexuais 57 Raon ikiyavõ atiro 1. Nokëpamtõ isĩ ichna yoãa ato kakashki, nokĕ vanã yomĕ aya këshõ ato yoãshoi, na Vale do Javari namãsho vësokõyavo 2. Imi tsëkëyavo, mato nëskavërë oĩwĕ akĩ ato yoãshoi, imi tsëkëma rasi atõ tsëka osho ato vësokoĩ 3. Yora ashkã akĩ roapakĩ ato vacina aki 4. Vake mãcho rasĩ vacinai, ato ëshpõ, atõ aka mëstĕ akãki imunoglobulina akatõ ato rëtëi 5. Toivo rasĩ raõnat ato yomë ashõi, ato vesoi, imi tsëkasho isĩ ichna yamarkĩ ato oĩkëni 6. Ina rakoti shava tio akĩ potani 7. Rëtëti rao rasi, rao shëa tivo rasi, aka hepatite ikiyavo rasi ato kashma ashõi akayavo 58 Ações dos serviços de saúde 1. Divulgar informações válidas sobre DST/Aids e hepatites em linguagem adequada aos contextos socioculturais dos povos do Vale do Javari 2. Disponibilizar os resultados das sorologias dos pacientes e providenciar novas sorologias quando necessário 3. Vacinar corretamente todas as pessoas das aldeias 4. Vacinar e administrar a imunoglobulina nas crianças recém-nascidas de mães portadoras de hepatites B e B-D 5. Garantir o acesso das gestantes ao pré-natal e às sorologias para HIV, sífilis e hepatite B 6. Disponibilizar preservativos para as comunidades indígenas 7. Disponibilizar tratamentos medicamentosos – injetáveis e orais – para todos os doentes crônicos de hepatite B e com coinfecção B e D Romëyã isi tëai, raoĩ ati chinãa Nëno nõ vëvai, nokë maĩsho isĩ yoã nõ nĩkanõ, isĩ awësa tõsho shovirá, HIV, aids hepatite A, B, C, D aka nokĕ wëtsamavo nokë këyõi na Vale do Javari namãsho. Askasho, awësakĩ shëni wëtsa rasĩ, kĕchĩtxovo, romërayavorasĩ, aka chinã kiro chinãivo, askamëkĩ isĩ mëra ma ikivo. à shovia tanama, awëtosh oara, awësash a isĩ tëkimara, nokĕ takã në kosho ã akara, imĩ nësh ã akara ikĩ nokë tanama. Awësasho, shovirá? Awësakĩ isĩ wëtsa ã këna varã varãrá, akĩ ã yora tëkima ãtsamachta akĩ nõ nĩkãi. Askai roakai nõ mashtë vaĩ ai. Ramaro, nõ nikãa këski noke yora ashkãsho, Kanamary, Mayuruna, Matís, Kulina, Marubo akarasĩ, noke Marubo rasĩniro nõ chinãktsa, nokĕ kĕchĩtxov nĩsho. Yora a ivo isĩn ikiyavo kavĕsho atõ raõk nõ tanaktsa. Atise. Prevenção e tratamento na perspectiva de um römaya Nós viemos fazer essa oficina no interior da nossa terra com o objetivo de tentar descobrir as origens das doenças malignas, como HIV, aids e hepatites, que estão dizimando o nosso povo do Vale do Javari. Dessa forma, queremos colaborar com os nossos curandeiros, velhos e pajés. Eles têm um pouco de noção a respeito dessas doenças, porém, não sabem de suas origens, de onde elas vieram, como chegaram a nos contaminar, como afetam o nosso organismo: elas atacam alojadas no nosso sangue ou no nosso fígado? Como elas surgiram? Como essas doenças atraem outros tipos de doenças? Nesta oficina, conhecemos a cadeia de transmissão e terminamos analisando essas situações com bom aproveitamento. Agora, como tivemos um pouco de conhecimento; todos nós, índios – Kanamary, Mayoruna, Matís, Kulina, Marubo – temos de pensar como trabalhar. Nós, Marubo, temos de selecionar os portadores de hepatite para trabalhar com os nossos kechitxovo, usando nossos poderes xamanísticos. Finalizo. 59 Kakataipai chinãya Maruvo vana chinãtskarvi. Askai nõ anõ vanatisë na papiri shovimai anõsho nõ isĩ tëa vana kaka katsa ivosë aki nõ aka. Yora vëvokërasĩni askasivi aki, wichatanamaivo ato tanamakĩ, na papiri wĩsho ato yosĩtsoma akĩ ato vana aki. Aska tõ vanatanima nõ vësokõro nõ këyokatsarvi. Ma nokë iki visi këyoi. Nëska ivo vanãshosë nokĕ wëtsamavo rasĩ ato isĩ tëai, nõ anosho. Nëska isĩ yoãna nõ nĩkãmarvi. Askashovisi, nokë awĕ noko tachirivi tanai, awësãki tanasho nokë yorarasĩmĕ nõ wachitakatsiki iki nõ aka. Nëska tõshosë nõ chinã vait roaka, isĩ ichnarasi tëavaĩki, na shavapashõ nokë vakë txõtë akaya” (Manoel Chorimpa). Foto: © UNESCO/Enrico Marone “Na isĩ yoã yosinã namãsho, askatõ nokë akarivirá iki anõsho nõ chinã ãtsaka. Awesatõ nokë akará ikĩ nõ tanama ivo, isĩ ichna yomĕ shoa tõ nõ akaivo tanai aki, ramaro nõ nëska ati marã aki nõ chinãmaki nanã noshõ, na vëvayavo tichtasho. Isĩ ichna yosi karãsho nokë vakë këyoa tõ nokë aka. Nëska akĩ nõ nĩkã këskaki, nokĕ wëtsamavo, nõ ato nĩ vëso kõa, shovõ kakayavo aka nõ tana këskachta akĩ nõ ato ashonõ yoãshoki. Yora orasho pakëkësho nokë shava amatima ivo isĩni nokë ikirivi, nëska isi ichnatõ nokë këyo mainõ matsivarãsho shokoi nokë akatĩpa. Nõ aska ati marã akĩ chinã kisë nõ 60 Reflexões de uma liderança Marubo “Os ensinamentos desta oficina me deram muitas ideias e também muitos esclarecimentos quanto às dúvidas que tínhamos sobre a gravidade dos problemas que estamos enfrentando: a nossa própria vulnerabilidade e os riscos que corremos. É uma responsabilidade a mais que assumimos. [...] Pelo menos, esse pequeno grupo percebeu a importância da prevenção e dos problemas que afetam as nossas aldeias de forma silenciosa. [...] Como somos multiplicadores da prevenção, a partir do momento que recebemos todas essas orientações, nossa responsabilidade é fazer com que a nossa família, as nossas aldeias, e os nossos caciques tenham essa visão também. Se não procurarmos fazer, ninguém de fora vai fazer. Então, eu acho que cabe a nós assumirmos esse papel, arregaçarmos as mangas e trabalharmos mesmo. O material que está sendo produzido é muito importante para subsidiar o nosso trabalho nas aldeias. [...] Este é um momento para refletirmos sobre o que está acontecendo conosco. As lideranças têm de estimular e incentivar aqueles que estão trabalhando em sala de aula a usarem a cartilha. [...] Se não pararmos para pensar, se não pararmos para agir, nós realmente estamos nos submetendo, como já aconteceram várias vezes, a um processo de dizimação. Então, eu acho que com esse evento que fizemos, temos como dar esperança, pelo menos, para nossas aldeias. Nós temos energia ainda para fazer alguma coisa e principalmente por causa de vocês! É uma novidade para nós realizarmos um evento dessa natureza. O que se faz geralmente é apenas trabalhar com os profissionais de saúde que atuam diretamente na parte curativa; não existe prevenção. Eu acho que se a gente organizar um evento dentro da nossa aldeia para promover a saúde, nós podemos ajudar a resolver nossos problemas de saúde. Tem de ter essa mobilização social em torno da prevenção. Eu aproveitei muito desta oficina porque muitas coisas importantes foram ditas. Temos meios para sair dessa situação. Como nós somos grupos pequenos, precisamos fazer com que esse conhecimento chegue a todos, para que as próprias aldeias tenham o autocuidado e previnam-se das doenças que estão acontecendo hoje em dia” (Manoel Chorimpa). 61 Foto: © UNESCO/Edson Fogaça Síndrome: isĩ õsi õsipa këyo wëisho, awëĩ kayakavia. Sinais: onãt yomëĩ kaya kavi pota inaa. Sintomas: à isĩ aka tana. Imunodefeciência: Shëtayavorasĩ, shoa shëta rasĩ aka nokëĩ ëshpõn wëimainõ viaktimá. Adquirida: Isĩ mëraa. Síndrome: grupo de sinais e sintomas que caracterizam uma doença. Sinais: manifestações visíveis de uma doença. Sintomas: o que se sente com a doença. Imunodeficiência: dificuldade do sistema de defesa do organismo humano para se proteger contra micro-organismos invasores, tais como vírus e bactérias. Adquirida: que a pessoa pega por um fator externo. 62 63 Foto: © UNESCO/Enrico Marone Oficina Marubo para a elaboração de material de prevenção às DST/Aids e hepatites virais Coordenação técnica Luciane Ouriques Ferreira Participantes Marubo Hilton Marques Cruz Marubo Alcimar Rodrigues Duarte Marubo Tomas Dionisio Cruz Marubo Alciney Rodrigues Dorlis Marubo Manoel Nascimento Reis Marilene Rufino Reis Lucas Mariana Marubo Jocélio Ferreira dos Santos Robson Dionisio Doles Marubo Leonara da Silva Ferreira Marubo Aldeney Mario da Silva Heli Adir Dionisio Benedito da Silva Ferreira Armando Mario da Silva Antonio Rufino Parente Paulo Nascimento Marubo Paulo Dollis Barbosa da Silva Arnaldo Domingo do Santo Manuel Barbosa da Silva Modesto Dionizio Cruz Marubo Clóvis Marubo 64 Para realizar esta oficina, a UNESCO contou com a cooperação das seguintes instituições: Frente de Proteção Etnoambiental – Fundação Nacional do Índio (FUNAI) Fundação Alfredo da Mata (FUAM) Centro de Trabalho Indigenista (CTI) Departamento de DST e Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (DDST/Aids/HV-MS) Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Solimões do Ministério da Saúde (DSEI) para povos indígenas do Vale do Javari – volume 1 – Marubo Série Javari: educação preventiva para DST/HIV/Aids e hepatites virais Isĩ Tëai Vana • Maruvo Falando sobre Prevenção às DST/Aids e Hepatites Virais • Marubo