elaboração e implantação de banco de dados para viveiros de

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Anais 5º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (21 a 23 de junho 2016)
ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE BANCO DE DADOS PARA VIVEIROS DE
MUDAS DA MATA ATLÂNTICA NA REGIÃO DE SILVA JARDIM - RJ
Tainá Novello Avelino; André Luís Soares Smarra, Daniel Rodrigues de Silos Moraes,
Rafael Ulisses Dias dos Santos, Cesar Augusto Lotufo
(Universidade Estácio de Sá - Campus Nova América, Av. Pastor Martin Luther King
Junior, 126 - Del Castilho, Rio de Janeiro - RJ [email protected]. Discente
do Curso de Gestão Ambiental)
RESUMO
A Mata Atlântica ocorre em 17 estados do território brasileiro, contém cerca de 35% das espécies vegetais brasileiras e uma
grande quantidade de espécies endêmicas, como o mico-leão dourado. Entretanto, atualmente somente 7% deste bioma estão
bem conservados, o que torna imperativo os esforços para o reflorestamento e a criação de ferramentas de gestão para esta
atividade. O presente trabalho tem como objetivo a criação de um banco de dados de mudas nativas da Mata Atlântica
produzidas por agricultores e comunidades da região de Silva Jardim – RJ. Posteriormente, através de pesquisa bibliográfica,
foi feita a catalogação das mudas considerando as características morfológicas de cada planta, sua área de ocorrência e dados
gerais. A partir destas informações foi criado um banco de dados relacional e uma aplicação Web, utilizando as ferramentas
BRModelo, Power Design, o Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) PostgreSQL. Foi realizado o levantamento
das espécies existentes no viveiro localizado na Fazenda Santo Antônio dos Cordeiros e seus respectivos quantitativos, como
projeto Piloto e posteriormente o banco atenderá a todos os viveiros da cidade e região.
Palavras-chave: Mudas; Reflorestamento; Reserva de Patrimônio Cultural.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é formada por um grande conjunto florestal sendo: Florestas
Ombrófila Densa, Mista e Aberta, Estacional Semidecidual e Decidual e vários ecossistemas
como as restingas, manguezais e uns campos de altitude, que normalmente se estendiam por
aproximadamente 1.300.000 km2 em 17 estados do território brasileiro. Hoje, os
remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos por volta de 22% de sua cobertura original
e encontra-se em variados estágios de regeneração. Cerca de 7% estão bem conservados em
fragmentos um pouco acima de 100 hectares. Sendo reduzida, calcula-se que na Mata
Atlântica contenha 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil),
incluindo uma variedade de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Essa riqueza é
maior que a de vários continentes (17.000 espécies na América do Norte e 12.500 na Europa)
e sendo assim a região da Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da
biodiversidade mundial (Ministério do Meio Ambiente 2016).
O conhecimento que temos sobre a biodiversidade da Mata Atlântica e de seus
hábitats associados ainda é bem restrito. (Lewinsohn & Prado 2002). Em tal situação, o
primeiro passo para a preservação da biodiversidade consiste em conhecer quais espécies
existem, onde vivem os principais elementos críticos para a sua sobrevivência no ambiente
natural (Wilson 1994). No entanto, o Brasil está bem longe de ter um inventário que contenha
tudo sobre as espécies animais e vegetais que hospeda. Como exemplo, podemos citar um
grupo de estudiosos dirigido pelo botânico Harri Lorenzi, Instituto Plantarum, de Nova
Odessa (SP), revelou no ano de 2006, que se descobrem por volta de seis novas espécies
vegetais todo ano em um ambiente de floresta atlântica (Rocha et al 2003; Varjabedian 2010).
Esta situação se repete em relação às espécies de fauna, havendo inúmeros exemplos de
descoberta de espécies novas, envolvendo aves, insetos, anfíbios, répteis e muitos outros
organismos (Rocha et al 2004).
A Mata Atlântica hoje se tornou a segunda maior floresta pluvial tropical do
continente americano, que se estende de forma contínua ao longo da costa brasileira, indo até
o leste do Paraguai e nordeste da Argentina em sua porção sul. No passado chegou a cobrir
mais de 1,5 milhões de km2 – com 92% desta área no Brasil (Fundação SOS Mata Atlântica
& INPE, 2001; Galindo Leal & Câmara 2003). A Mata Atlântica é um dos 25 hotspots (um
hotspot de biodiversidade é uma região biogeográfica que é uma reserva de biodiversidade,
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que pode estar ameaçado de destruição) mundiais de biodiversidade (Segieth 2006). Embora
tenha sido praticamente destruída, ela ainda acolhe mais de 8.000 espécies endêmicas de
plantas vasculares, anfíbios, répteis, aves e mamíferos (Myers et al 2000).
O total de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que ocorrem ali alcançam por volta de
1.361 espécies, sendo que 567 são endêmicas, sendo estas, que só vivem ali, representando
2% de todas as espécies do planeta, somente para esses grupos de vertebrados (Senna et al
2013).
O Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008 (Regulamenta dispositivos da Lei nº
11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação
nativa do bioma Mata Atlântica.) estabelecendo os requisitos mínimos que deverão orientar a
elaboração dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, tendo
como objetivo estimular e ampliar o envolvimento de todos os municípios na conservação e
recuperação da Mata Atlântica. A Lei nº 11.428, de 2006 e o Decreto nº 6.660, de 2008,
procuram proteger efetivamente o que restou da Mata Atlântica ao estabelecer que quaisquer
novos empreendimentos na região abrangida, sejam preferencialmente implementados em
áreas já substancialmente alteradas ou degradadas. Destacamos que o regime jurídico da Lei e
deste Decreto somente se aplica aos remanescentes de vegetação nativa, não interferindo em
áreas já ocupadas legalmente com agricultura, cidades, pastagens e florestas plantadas ou
outras áreas desprovidas de vegetação nativa (MMA 2016; Casa Civil 2008).
A qualidade de vida de mais ou menos 70% da população brasileira depende da
conservação dos remanescentes da Mata Atlântica, esses que mantêm nascentes e fontes,
regulando sempre o fluxo dos mananciais de água que abastecem as cidades e comunidades
do interior, ajudando a regular o clima, a conservação do solo e protegem escarpas e encostas
dos morros. (MMA 2016). A Mata Atlântica é considerada Patrimônio Nacional pela
Constituição Federal (art. 225) (BRASIL 1988). Existem inúmeras publicações que
referendam a sua importância e a necessidade de sua proteção, tanto nacionais como
internacionais. Tratando-se, inequivocamente, de um bioma brasileiro muito ameaçado de
extinção e que está entre os biomas mais importantes e ameaçados do mundo (Varjabedian
2010).
Hoje, temos em Silva Jardim no Rio de Janeiro, a RPPN Rabicho da Serra que se
encontra na Fazenda Santo Antônio dos Cordeiros onde contém um viveiro com mudas de
Mata Atlântica, onde se instala o Projeto Salve o Mico Leão Dourado para evitar a extinção
da espécie Leontopithecus rosalia (Filho 1969)- Mico-leão-dourado.
Um dos problemas enfrentados em relação ao bioma Mata Atlântica é que restam
cerca de apenas 7% da cobertura original, para recuperar, existem várias técnicas de
recuperação, dentre elas destacamos duas, a regeneração espontânea que seria a recuperação
sem a intervenção humana, e o reflorestamento onde podemos interferir e assim recuperá-la.
Este projeto tem como finalidade a criação de um banco de dados de informações sobre
espécies produzidas em viveiros de Silva Jardim – RJ que possam ser utilizada na ampliação
dos fragmentos de Mata Atlântica, contribuindo para a preservação da espécie endêmica e a
recuperação.
O processo de reflorestamento vai ser otimizado através de um banco de dados que
seja capaz de informar onde localizar mudas de espécies nativas de Mata Atlântica existentes,
suas características, respectivas quantidades, dentre outras informações. O presente trabalho
foi realizado com base nas mudas de Mata Atlântica existentes no viveiro da Fazenda Santo
Antônio dos Cordeiros em Imbaú, Silva Jardim - RJ.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado o levantamento das espécies das mudas produzidas nos viveiros e seus
respectivos quantitativos. Posteriormente, através de pesquisa bibliográfica, as características
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de cada planta, sua área de ocorrência e dados gerais, como: Família, Origem, Local de
Ocorrência, Nome Científico e Popular, se Exótica ou Nativa.
Nosso acervo de informações foi criado a partir das mudas produzidas no viveiro da Fazenda
Santo Antônio dos Cordeiros e as características de cada espécie foram obtidas através de
pesquisa bibliográfica. No banco de dados estão disponíveis, dentre outras, informações sobre
a muda, quantidades disponíveis e localização.
A partir das informações existentes foi criado um banco de dados relacional e uma
aplicação Web, permitindo a criação de um sistema de informação que possibilite a coleta e o
gerenciamento da informação. A ferramenta BRModelo foi utilizada na criação do modelo
Conceitual de Banco de Dados (BD) e a ferramenta Power Design, na geração do Modelo
Lógico Relacional de BD.
O modelo físico relacional do BD foi implementado no Sistema Gerenciador de Banco
de Dados (SGBD) PostgreSQL, por ser o software livre mais robusto de sua categoria. A
ferramenta SQL Manager for PostgreSQL será utilizada para edição da linguagem SQL.
Para a modelagem do sistema, a ferramenta Astah Community foi utilizada, por
também ser um software livre. Finalmente, a aplicação Web foi desenvolvida na linguagem
Java, tecnologia amplamente utilizada para este fim. O sistema foi construído de acordo com
as especificações presentes nas modelagens de sistema e de dados.
O modelo de banco de dados relacional tem a capacidade de trabalhar com grandes
volumes de informações, eliminando os dados redundantes. No modelo relacional existe
também a possibilidade de elaborar um relacionamento lógico entre as informações referentes
à cada espécie e as referentes ao devido indivíduo, evitando a necessidade de repetir
informações e agilizar as consultas feitas às duas fontes de dados (Kaufeld 1996).
Na prática, o modelo relacional oferece diversos benefícios: a) simplicidade e
uniformidade (o modelo relacional é compacto); b) independência dos dados físicos; c)
interfaces de alto nível para usuários finais; d) visões múltiplas dos dados; e) melhoria na
segurança dos dados; f) redução significativa do tempo gasto na manutenção da base de
dados; e g) possibilidade de expansão devido à flexibilidade do sistema (Dalcin 1994).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O levantamento realizado nos permitiu verificar que 75% das mudas produzidas no
viveiro são nativas da Mata Atlântica, e que na maioria delas seu local de ocorrência é na
América, além disso, foram plantadas 1.000 árvores para formar um corredor biológico, essas
árvores são provindas dos viveiros onde nosso banco de dados está instalado.
Esses dados são importantes para que se tenham todas as informações sobre cada uma,
sabendo assim, se elas são Nativas ou Exóticas. Sendo algumas: 22 (25%) exóticas: Leucaena
leucocephala do gênero Leucaena (Leucena) (Vilela 2016) Olea europaea do gênero Olea,
(Oliveira 2003), e 64 (75%) de nativas sendo algumas delas: Cybistax antisyphilitica (Ipê
verde) (Guilherme et al 2011), Luehea speciosa (Ivitinga)(Tanaka 2005).
Para assegurar a restauração de uma área totalmente degradada com essências nativas,
o plantio normalmente deve seguir normas, como selecionar as espécies adequadas para a
devida região, averiguar a qualidade das sementes e de mudas, preparando o solo para o
plantio e cuidando da manutenção da área. Se essas normas forem seguidas, os
reflorestamentos serão mais eficientes na remoção de gases do efeito estufa da atmosfera, com
reconhecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(UNFCCC) (Noffs et al 2000).
A destruição da Mata Atlântica chegou a tal ponto que hoje já se faz necessária tratar
de sua recuperação. Para que as ações nessa direção sejam coerentes, é preciso entender que
praticamente todas as áreas remanescentes dessa floresta devem ser preservadas. Essa
preservação, e recuperação são fundamentais para a conservação de sua biodiversidade. E ela
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só se dará através da ampliação da área de seus remanescentes e de suas Unidades de
Conservação que hoje são redutos insuficientes para garantir a proteção de todas as suas
espécies. Nessa mesma direção é de grande importância o plantio de corredores biológicos
entre áreas hoje isoladas que permitam o intercâmbio de vida entre elas (Noffs et al 2000).
A criação de um banco de dados relacional é fundamental para se evitar a redundância,
minimizar a inconsistência, garantir a integridade dos dados, segurança e controle de
concorrência, que permite o acesso aos dados a diversos usuários simultaneamente (Date
2000).
Um sistema de informação com a construção de um Banco de Dados é essencial na
vida da sociedade moderna. Os sistemas de informação atuais são baseados em computadores
e, grande parte, possui um sistema de banco de dados integrado. A maioria das pessoas
encontra tarefas diárias envolvidas com o uso de um banco de dados, mesmo que seja de uma
forma indireta a partir de uma aplicação integrada ao banco (Elmasri & Navathe 2011).
Portanto, a construção de um sistema de informação baseado em computador é necessária
para o armazenamento e futura consulta aos dados de mudas, viveiros e outros dados
coletados.
CONCLUSÃO
Concluímos que com esse banco de dados conseguimos auxiliar no processo de
reflorestamento, e temos muitas informações sobre vários tipos de espécies em um só lugar,
fazendo com que essas informações estejam ao acesso de todas as pessoas com mais
facilidade de qualquer lugar do mundo através da internet.
Os desafios para recuperar o grande percentual de Mata Atlântica, que já foi
degradado ao longo dos anos, são enormes, a começar pelas dificuldades técnicas, visto que
hoje não existem mudas suficientes para fazer a recuperação deste bioma. Mesmo se houvesse
grande disponibilidade de verba para esta finalidade, existe um limite em relação à quantidade
de viveiros suficientes para tal empreitada (Vieira 2015).
A importância da Mata Atlântica como uma das florestas mais diversificadas em
organismos e, ao mesmo tempo, ameaçada por extensos desmatamentos que remontam desde
o século XVI, tem sido amplamente noticiada (Galindo Leal & Câmara 2005).
A partir das informações coletadas foi possível elaborar um banco de dados que além
do viveiro em questão permitirá a inclusão das informações de todos os produtores de mudas
da Mata Atlântica da região de Silva Jardim – RJ e futuramente de viveiros de outros estados
e países.
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