INOVAÇÃO E TECNOLOGIA | NOVEMBRO2012 Tema de Capa 30 anos de Inovação tecnológica 08 | Tendências 18 | Entrevista o desafio das oportunidades de nearshore a gestão financeira mais eficiente www.altran.pt ©rea/2012 for Philippe and Alexis Philippe Salle (left) and Alexis Kniazeff (right) “By drawing on its capacity to manage complex problems, its specialization and its international presence, Altran will strengthen its position as an indispensable innovation partner for all future international projects. “ Philippe Salle, Chairman and Chief Executive of the Altran Group “Yes, we invented high-tecnology consulting. We were not supplying classic IT services. Our value-added lay in using computer science to solve technology problems, and that has not changed.” Alexis Kniazeff, Co-founder of Altran 2 INNOVATE Nº 01 José Ramón Magarzo PRESIDENTE EXECUTIVO ALTRAN IBERIA 30 anos de inovação FOTOGRAFIA ©HAMILTON/REA EDITORIAL A Inovação está no nosso ADn. Innovation Makers, o nosso slogan. TEXTO de JOSÉ RAMÓN MAGARZO A inovação é uma força motriz para a maioria das empresas, dado que diferencia os seus produtos ou serviços no mercado. No entanto, nestes últimos anos, este tem sido um caminho bastante agitado. Ao mesmo tempo que o mercado está a transformar-se num verdadeiro campo de batalha de inovação e criatividade, o avanço tecnológico desafia-nos e permite-nos ir mais além. Há algumas décadas atrás nenhum de nós sonhava que tão rápida evolução seria possível. A nova era digital de marketing e de redes sociais, criou uma sociedade que se tornou mais e mais aberta à mudança e à inovação. Os consumidores tornaram-se impacientes na sua constante busca pelo melhor e mais rápido! A crise política, económica e ambiental que tem afligido o mundo também contribuiu na aceleração e na necessidade de criar algo diferente nas empresas, a necessidade de inovar. Assim, por exemplo, se as energias renováveis, há uns anos atrás, eram apenas uma teoria, um desafio e uma paixão científica para alguns, hoje, são uma necessidade real! Projetos dedicados a esta temática, tal como o Solar Impulse (um avião que ambiciona dar a volta pelo mundo apenas utilizando energia solar) captam a atenção de todos, sem excepção. A Altran estabeleceu uma posição sólida no mercado da inovação. E hoje estamos orgulhosos em ter uma história de 30 anos de inovação para contar. Projetos como o Solar Impulse, o carro desportivo e eléctrico - Quimera, o Projeto de Sophia (uma nova plataforma ligada ao sector da saúde) e o Connected Car são apenas alguns dos exemplos dos nossos projetos inovadores que acreditamos que vão mudar o mundo de amanhã. Atualmente, as nossas atividades de R&D representam 70% do nosso volume de faturação global e, no momento do nosso aniversário de 30 anos, temos o prazer de partilhar convosco o lançamento da nossa nova revista INNOVATE. Através da revista INNOVATE pretendemos partilhar a visão e alguns dos conhecimentos que temos do “mercado de inovação”. Quer sejam os nossos próprios projetos, quer os dos nossos clientes ou parceiros; não pretendemos fazer nenhuma diferenciação neste campo. Com a missão de inovar, acreditamos que o trabalho em equipa é um dos ingredientes secretos e estamos satisfeitos por saber que desenvolvemos em Portugal nos últimos 14 anos parcerias que permitiram o desenvolvimento de grandes projetos. Esta revista ambiciona assim, partilhar algumas destas notícias, sempre com a ambição e certeza que há muito mais para vir. O nosso capital humano é o nosso maior património! Com o lançamento da revista INNOVATE não só desejamos partilhar a nossa maior motivação, como também esperamos fortalecer os nossos laços de forma a traçar o futuro! INNOVATE Nº 01 3 ÍNDICE 10 | isinov e a maturidade das organições © Robert Kneschke - Fotolia.com © Sergej Khackimullin - Fotolia.com O desafio das oportunidades de nearshore Inovação 06 | Customer Experience Management Um olhar sobre o que está para vir no setor das telecomunicações. 07 | Aumente o bottom-line As estratégias integradas de processos de negócio e de tecnologias de informação aplicadas ao setor financeiro. O ISINOV é uma aplicação informática que se destina a ser utilizada pelas organizações, dando auxílio à tomada de decisões quanto às prioridades na melhoria dos processos, através da utilização da framework COBIT. Edição, nº1 Revista propriedade da Altranportugal, SA Diretora: Maria da Luz Penedos Editora: Sheyda Sazedj 4 INNOVATE Nº 01 12 | Tema de Capa três décadas de inovação © Pshenichka - Fotolia.com 08 | Têndencias Quando Alexis Kniazeff e Hubert Martigny se juntaram para criar a Altran, em 1982 vivia-se a alvorada da revolução digital, microprocessadores e novas tecnologias, com vários programas industriais a começar. Reveja connosco os maiores sucessos de inovação tecnológica dos últimos 30 anos. Equipa Editorial: Bruno Coelho, Luis Alves, Luis Baptista, Marco Ferreira, Pedro Castro, Pedro Furtado Colaboradores: Bruno Casadinho, Bruno Coelho, Célia Reis, Luis Baptista, Luis Monteiro, ÍNDICE CAPÍTULO O setor da saúde tem uma importânica fulcral na qualidade de vida das pessoas, e no almejado aumento da esperança de vida, com vigor e vitalidade. 18 | Prof. Dr. João Carvalho das Neves 20 | Os avanços na telemedicina Entrevista a Jerôme Faggion, responsável por um dos maiores projetos de telemedicina em França - projeto Sophia. 22 | Internacional o carro do futuro - connected car © ag visuell - Fotolia.com © Luis Louro - Fotolia.com saúde e tecnologia de mãos dadas Entrevista © ACSS - Prof. Dr. João Carvalho das Neves 16 | Em Destaque O carro do futuro é o connected car. Um carro que permite aos condutores e passageiros estar ligado a todos os seus outros dispositivos eletrónicos, GPS, telemóvel, e-mail, etc. - de forma segura e eficiente. Marco Ferreira, Pedro Furtado, Sheyda Sazedj Design, Composição e Produção: Altranportugal, SA Internet: www.altran.pt CONTACTOS: Altranportugal, SA Av. Forças Armadas, 125, 3º 1600 - 079 Lisboa. Portugal. | INNOVATE NA INTERNET www.altran.pt (Notícias/Innovate) | Publicação gratuita INNOVATE Nº 01 5 TENDÊNCIAS © Aaron Amat - Fotolia.com Uma das formas que um operador tem para garantir o retorno do seu investimento é sem dúvida garantir ao cliente uma experiência de utilização de excelência, fica ainda mais evidente quando se tem em mente que “custa menos manter um cliente que acrescentar um novo” e que “em todo o ciclo de vida do cliente grande parte da expectativa do cliente materializa-se nos primeiros contactos com o serviço”. Customer experience management Um olhar sobre o que está para vir TEXTO de Bruno Coelho Os operadores de telecomunicações e media têm apostado recentemente em desenvolver novas formas de entregar os seus serviços em tablets, smartphones e inovando novas formas de entrega no tradicional aparelho de Televisão. Nas comunicações móveis o lançamento do 4G é sem dúvida a grande novidade para este ano. Em contraposição, não é novidade a aposta na relação com o cliente em plataformas sociais como o Facebook. Estas novidades são acima de tudo desafios para os operadores e agentes de media que se encontram espartilhados em termos de investimento, de custos operacionais e sob 6 INNOVATE Nº 01 a ameaça sempre presente do aumento do churn. Mas não se pense que só existem desafios para o lado dos operadores e agentes de media, o cliente corre um sério risco de ficar assoberbado por jargões tecnológicos e consequentemente não conseguir adquirir ou usufruir do serviço de acordo com as suas expectativas, ou em caso de necessidade de assistência técnica nem sequer conseguir transmitir o problema que tem em mãos. Em suma, sob um cenário de austeridade económica, espera-se um retorno no investimento de quem investe ao mesmo tempo que a maioria dos clientes investem esforços para perceber qual o fornecedor de serviços que melhor satisfaz o binómio custo-qualidade. Em termos de gestão de experiência de cliente, serão 5 as principais áreas de maior atenção. 1 Na gestão da relação com o cliente deverá existir a necessidade ambivalente da adaptação e racionalização de custos dos atuais CRMs (movimento para a cloud) e o mapeamento da necessidade de ajuda ao cliente no seu ciclo de vida para os processos internos da organização. 2 3 4 5 No feedback através da medição da “voz do cliente” a aposta nas plataformas sociais dada a exposição e influência atuais deverá verificar-se. Na recuperação do serviço, as aplicações de suporte ao diagnóstico e selfhealing serão uma aposta segura, embora cada vez mais complexa. No desenvolvimento dos serviços em si a aposta deverá ser no design simples e fácil de usar. Por fim, replicar a ideia de tornar mais fácil para o cliente o acesso a técnicos experientes, como por exemplo a criação de zonas específicas de esclarecimento técnico em algumas lojas, deve ser tomada em conta. TENDÊNCIAS © wrangler - Fotolia.com Devidos às alterações do mercado, e atuais custos, é imperioso centrarmo-nos nos objetivos core de negócio, e melhorar o desempenho da receita, margem, controlo interno e gestão de risco, produtividade, satisfação de clientes e processo de decisão. aumente o bottom-line ganizações implementarem estratégias integradas de processos de negócio e de tecnologias de informação, para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do serviço, reduzir custos, integrar soluções, e criar agilidade organizacional. TEXTO de LuÍs Baptista É vital que a modelação do negócio e a correspondente arquitetura da informação sejam alinhadas para satisfazer os inúmeros requisitos de negócio, e atingir os objetivos. A qualidade dos dados e a modelação de negócio são a base da geração de receita (ou melhoria de margem), controlo de custos e gestão de risco. O setor financeiro tem um nível de confiança elevado na eficiência da gestão de dados, gestão de regras de negócio, que está disseminada pelas estruturas aplicacionais, sem estarem adequadamente documentadas, e de difícil acesso, manutenção, e gestão, dificultando também os processos de tomada de decisão aos diversos níveis. Uma inadequada gestão de regras de negócio e de qualidade de dados, tem impacto direto no EBIT, e impacto na reputação e imagem. A Altran baseia-se numa perspectiva end-to-end das transações, na totalidade, exatidão e timing, bem como na maximização das receitas quer pela eliminação das perdas, quer através de oportunidades de receita. Caracterizando-se por iniciativas que produzem um rápido ROI e aumento do bottom-line. O aumento dos incidentes de sobrefaturação e/ou de subfaturação devem-se à constante alteração em produtos e serviços, aumentando a complexidade, e maior dificuldade de controlo, com impacto negativo na margem. A gestão de regras de negócio e de qualidade de dados, proporciona a correta implementação de estratégias e táticas de integridade da receita, ou seja, obter a totalidade da receita a que têm direito e maximizar oportunidade de receita por explorar. © fox17 - Fotolia.com No contexto atual é essencial as or- A implementação de estratégias de gestão integrada de processos e tecnologia, com gestão de regras de negócio e de qualidade de dados, é possível aumentar o valor para o acionista, aumentar o nível de integridade corporativa, aumentar a eficiência, e aumentar o valor percecionado pelo cliente e reputação corporativa, aumentado a retenção dos clientes, reduzir o churn, e maximizar a margem por cliente. INNOVATE Nº 01 7 TENDÊNCIAS © N-Media-Images - Fotolia.com um desafio interessante O DESAFIO DAS OPORTUNIDADES DE NEARSHORE A empresa que cresce num mercado em retração é uma empresa que tem uma história para contar, um mercado sólido conquistado e sem dúvida alguma, uma equipa de sucesso. Explorar as exportações na conjuntura nacional atual e crise no mercado internacional é, no entanto, um desafio muito mais gratificante. TEXTO de LuÍs Monteiro 8 INNOVATE Nº 01 Para um bom gestor vender num mercado em recessão é sempre um desafio interessante. É uma oportunidade de mudança e diferenciação do negócio e da oferta que quando bem sucedida se transforma numa grande oportunidade de crescimento e sucesso. A empresa que cresce num mercado em retração, é uma empresa que tem uma história para contar, um mercado sólido conquistado e sem dúvida alguma, uma equipa de sucesso! Explorar as exportações na conjuntura nacional atual e crise no mercado internacional é, no entanto, um desafio muito mais gratificante! A partir de 2008, quando a crise económica começou nos Estados Unidos, começou um período difícil para muitas empresas. Ao longo dos dois anos seguintes, várias empresas norte-americanas fecharam e muitas começaram por reduzir e cortar custos, consequência do menor poder de compra e da instabili- Estamos a vender um produto extraordinário dade da situação económica. No entanto, não foi este o caminho que todas as empresas seguiram. Muitos gestores e CEOs inspirados por visões diferenciadoras, seguros em resultados a longo-prazo optaram por estratégias que se transformaram num marco de inspiração para outros. Steve Jobs, CEO da Apple na época, destacou que redução de custos não seria uma opção para a sua empresa, antes iriam agarrar-se à profunda convicção que vender um produto extraordinário fosse continuar a inspirar o consumidor a gastar do seu dinheiro. É exatamente o que nós acreditamos quando falamos em oportunidades Nearshore. Estamos a vender um produto extraordinário, com recursos e condições extremamente competitivas – falamos de Portugal, das nossas equipas, dos serviços altamente especializados das nossas equipas! TENDÊNCIAS THE CONNECTED WORLD Quando falamos de um mundo onde cidades, carros, televisões, sistemas de telemedicina estão interligados, estamos a falar do conceito de connected world uma das principais tendências do setor das telecomunicações. A Altran Portugal consolidou a sua posição como plataforma de Nearshore dentro do Grupo Plataforma de nearshore A Altran Portugal consolidou a sua posição como plataforma de Nearshore dentro do Grupo, um trabalho que vem sendo desenvolvido há alguns anos. A sua consolidação durante este último ano e início do desenvolvimento de vários projetos internacionais em Portugal é prova do sucesso desta estratégia, da equipa que a tem apoiado e posto em prática. Este sucesso, não deixa de ser também, resultado da profunda convicção do que nós em Portugal podemos oferecer. Não há como negar que Portugal comparativamente ao resto da Europa apresenta condições extremamente competitivas a nível financeiro, no entanto, esta condição por si só não é suficiente para clientes exigentes, rigorosos, e que pretendem qualidade, reatividade e profissionalismo. Não obstante, aliado à qualidade técnica e funcional das nossas equipas, a maturidade dos nossos processos e experiência dos nossos consultores, é ga- rantido ao cliente um serviço de grande qualidade, a um custo muito competitivo. Portugal, não só assegura estas condições, como também apresenta outras vantagens: o fuso horário praticamente igual ao resto da Europa bem como o facto de ser um destino extremamente apetecível. Apesar dos grandes sucessos já atingidos, um dos principais obstáculos que ainda temos por combater, passa pelo desconhecimento dos clientes das capacidades do nosso país, o que exige um esforço contínuo para o demonstrar, no entanto é isto que torna o nosso desafio tão gratificante. Felizmente, porque em Portugal temos recursos altamen- Apesar dos grandes sucessos já atingidos um dos principais obstáculos que ainda temos por combater passa pelo desconhecimento dos clientes das capacidades do nosso país te qualificados e porque com a estratégia e visão certa, criamos equipas vencedoras, tem vindo a ser facilitado ultrapassar este desafio - executamos projetos e demonstramos o que conseguimos fazer e com que qualidade o fazemos! Um mundo cada vez mais conectado traz consigo uma série de novas questões para as quais os operadores de telecomunicações procuram intensamente respostas. Será necessário aumentar claramente a capacidade da rede o que implica tantos resultados a curto prazo com modernização e actualização da rede, como investimento a longo prazo no que implica LTEs, FTTH e as novas gerações de redes. A principal questão do momento Um mundo conectado, requer um ecossistema inteligente capaz de servir à diversidade de infra-estruturas e dispositivos disponíveis. Uma das questões mais cruciais do momento é, se os ecossistemas smart serão construídos por um dos principais agentes do ecossistema? Ou será novamente o modelo “over the top” a dominar? Para conhecer mais sobre o nosso projeto “connected car”, veja o artigo da pág. 22 © James Thew - Fotolia.com © Igor Mojzes - Fotolia.com Resultados a curto e longo prazo INNOVATE Nº 01 9 © Sergej Khackimullin - Fotolia.com INOVAÇÃO isinov e a Maturidade das organizações O ISINOV é uma aplicação informática que se destina a ser utilizada pelas direções das organizações. TEXTO de Pedro Furtado O ISINOV ajuda as organizações a: •Identificar quais os processos mais relevantes para o negócio; •Identificar qual o nível de maturidade dos seus processos; •Estabelecer um roadmap para a melhoria dos seus processos. 10 INNOVATE Nº 01 INOVAÇÃO E xistem desde há vários anos modelos e bibliotecas de melhores práticas a nível da gestão e desenvolvimento de sistemas de informação com grande aceitação e reconhecimento no mercado, nomeadamente o CMMI (Capability Maturity Model Integration) e o ITIL (Information Technology Infrastructure Library). A vertente de alinhamento entre o negócio e o IT é endereçada pela framework COBIT que foca vários aspetos de IT Governance e risco. Porém, alguns gestores hesitam em lançar estas iniciativas, dado reconhecerem a complexidade e abrangência destes modelos e frameworks. Definir por onde começar é sem dúvida o primeiro desafio a ser ultrapassado, e um dos mais importantes para se obterem os maiores proveitos do investimento a realizar. A Altran em parceria com uma universidade portuguesa está a desenvolver um projeto de inovação designado ISINOV – Information Systems Innovation – que tem como objetivo ajudar as organizações a darem os primeiros passos num programa de melhoria de processos ligados aos sistemas de informação, e acompanhar o ciclo de melhoria contínua que é adotado pelas organizações com um bom nível de maturidade. O ISINOV é uma aplicação informática que se destina a ser utilizada pelas direções das organizações, dando auxílio à tomada de decisões quanto às prioridades na melhoria dos processos, através da utilização da Framework COBIT. A resposta a um questionário inicial sobre o alinhamento estratégico entre o IT e o Negócio determinará os processos prioritários. As direções utilizarão o ISINOV para estabelecer o nível de maturidade dos processos pré-selecionados por si, ou decorrentes da pré-avaliação realizada. O nível de maturidade é determinado pela realização de um assessment com questões fechadas, de rápida resposta, totalmente alinhadas com os referidos modelos de maturidade. Com base nas respostas aos assessments e na definição de objetivos pela organização, a Altran desenvolveu algoritmos que permitem criar um roadmap para a implementação e institucionalização de processos na organização. Uma parte importante da aplicação está na capacidade de efetuar múltiplos assessments que permite às organizações comparar resultados em períodos sucessivos. A Altran acredita que o ISINOV irá permitir às organizações, não só uma diminuição de esforço financeiro, como o aumento da sua autonomia, em relação a iniciativas de melhoria de processos, que beneficiarão a produtividade, planeamento, qualidade, custo, e nível de serviço das organizações. Este projeto foi apoiado pelo programa QREN no âmbito de I&D. Simulação de um Strategic Path obtido pelo ISINOV O ISINOV é uma aplicação informática que se destina a ser utilizada pelas direções das organizações, dando auxílio à tomada de decisões quanto às prioridades na melhoria dos processos, através da utilização da framework COBIT. INNOVATE Nº 01 11 ARTIGO DE CAPA tema de capa três décadas de inovação Em 2012, o Grupo Altran celebra 30 anos.Três décadas de história que foram sempre marcados pela Inovação. A Inovação que caracteriza o mercado tecnológico dos últimos anos e que caracteriza a Altran como consultora que acompanhou e apoiou os seus clientes nesta evolução. © Pshenichka - Fotolia.com TEXTO de CÉLIA rEIS 12 INNOVATE Nº 01 ARTIGO DE CAPA “Queremos construir o mundo de amanhã, num mercado nacional e internacional que se destaca e prova que a evolução tecnológica é vital para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável.” Q uando falamos da história da Inovação nas últimas décadas, é fácil identificar a enorme revolução tecnológica com que o mundo se tem deparado, desde a invenção da internet, e-mail, telemóvel, GPS, fibra óptica, etc. A tecnologia, incluíndo os seus mais recentes avanços tem-se tornado de tal modo indispensável no nosso dia-a-dia, que se torna difícil acreditar o quão recente é este mundo dos dispositivos tecnológicos e cada vez mais conectado. De facto a história da inovação tecnológica nas últimas três décadas, engloba avanços fundamentais, muito anteriores à invenção do telemóvel, internet ou outros bens tecnológicos sem os quais hoje não saberíamos viver. Quando Alexis Kniazeff e Hubert Martigny se juntaram para criar a Altran, em 1982, vivia-se a alvorada da revolução digital, microprocessadores e novas tecnologias, com vários programas industriais a começar, como o TGV, Concorde, Airbus, a indústria aeroespa- INNOVATE Nº 01 13 © Yuri Arcurs - Fotolia.com © marek_usz - Fotolia.com © Sergej Khackimullin - Fotolia.com ARTIGO DE CAPA 1985 1990 O Sistema de Antibloqueio de Travagem (ABS) está disponível em carros norte-americanos. 1984 1987 Primeira operação a laser a uma córnea humana. Realizada por Steven Trokel após aperfeiçoar a sua técnica num olho de vaca. © dimedrol68 - Fotolia.com Num esforço conjunto da Phillips e Sony é introduzido o CD-ROM. O Telescópio Espacial Hubble é colocado em órbita a 25 de Abril. | Alguns marcos de inovação relevantes dos últimos 30 anos © Sergej Khackimullin - Fotolia.com 1983 ARPANET e todas as redes ligadas à mesma adotam oficialmente o TCP/IP protocolo de rede. O primeiro grande passo da Internet. Quando Alexis Kniazeff e Hubert Martigny se juntaram para criar a Altran, em 1982 vivia-se a alvorada da revolução digital, microprocessadores e novas tecnologias, com vários programas industriais a começar, como o TGV, Concorde, Airbus, a indústria aeroespacial, etc. cial, entre outros. O mercado estava pronto para receber engenheiros altamente especializados que pudessem acompanhar e concretizar com sucesso esta revolução industrial. Recordar a história da inovação Em 1983, são desenvolvidos na California as primeiras estações de geração de energia solar. Em 1990, testa-se o primeiro sistema totalmente digital para a televisão, lançado ao mercado um ano mais tarde (HDTV). Dez anos após a fundação da Altran é aprovada a política de encorajamento a combustíveis alternativos para os veículos, incluíndo o gás natural ou energia elétrica. Estes são apenas alguns dos exemplos dos grandes avanços realizados e que permitiram à Altran especializar-se num mercado tecnológico emergente trabalhando hoje grandes projetos como o Solar Impulse, um avião solar, ou o Quimera, o primeiro carro desportivo elétrico, ou vários serviços integrados para a televisão que nos vão permitir viver num mundo cada vez mais conectado. Foi ainda nestes últimos 30 anos, mais espe14 INNOVATE Nº 01 cificamente nos últimos 21 anos, que se deu “O principal desafio é saber acompanhar o ritmo de inovação do mercado.” uma das invenções mais marcantes da atual era digital. Em 1982, foi introduzido o conceito de world-wide network e o protocolo para a Internet estandardizado. Fornecedores comerciais de serviços de internet começaram a surgir nos finais da década 80, inícios de 1990. Em 1995, foi finalmente comercializada totalmente, retirando as últimas restrições para o tráfego de conteúdos comerciais. Desde os meados de 1990 a internet tem tido um impacto extraordinário na cultura e no comércio, proporcionando todo um novo mundo de possibilidades de comunicação instantânea, que começa com o e-mail, mensagens instantâneas, VoIP, e vai até aos fóruns, blogs, e além do vasto mundo das redes sociais. Porque o sucesso está sempre inevitavelmen- te relacionado com o timing certo, não há duvida que criar uma empresa de inovação tecnológica há 30 anos atrás, foi o timing ideal. Um mercado em evolução a esta velocidade traz, no entanto, com grandes vantagens também grandes desafios. O principal desafio é saber acompanhar o ritmo de inovação do mercado. De facto, uma análise da história da evolução tecnológica permite-nos intuitivamente constatar que esta tem tido uma velocidade exponencial. Ainda mais podemos dizer que o desafio ultrapassa a inovação em si, e cada vez importa mais o quão rápido, o quanto e mesmo como inovamos! Inovar não é suficiente para nos diferenciarmos, a inovação tem de ser rápida, útil, diferenciadora e recentemente com crescente peso, responsável e sustentável. Não obstante o desafio que apresenta para as empresas, é um sinal de maturidade quer do tecido empresarial quer da sociedade - inovação só por si já não é suficiente para garantir um destaque no atual mercado! É esta a consequência de um mercado de inovação em crescimento, temas de respon- ARTIGO DE CAPA © RLG - Fotolia.com O nosso caminho de inovação... 2001 1998 Aeronáutica: A Altran desenvolve funcionalidades para a Airbus A320 - A equipa responsável desenhou e desenvolveu a disponibilização de dados de assis- Telecomunicações em Portugal - A Altran constroi uma rede dual GSM / DCS 1800 para um operador português. Aquisição da Cambridge Consultants Ltd Caminhos Ferroviários: desenvolvimento de uma rede de comunicação para comboios de alta velocidade. Guerra do Golfo - A Altran manteve a sua quota de mercado no setor de defesa, consolidando o seu trabalho com a autoridade de energia atómica francesa. © sogmiller - Fotolia.com sabilidade social, sustentabilidade em termos do ambiente, entre outros são cada vez mais relevantes, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes. As empresas que conseguem conciliar a sua inovação com base nestas estão, sem dúvida alguma, na linha da frente. Em 2012, a Altran tem o prazer de celebrar três décadas de inovação e diferenciação nos vários mercados em que atua, podendo, hoje apresentar ao mercado uma série de projetos realmente inovadores nos quais está envolvida. Mas é com plena consciência que delineamos uma visão clara para os próximos anos, que certamente irão requerer mais investimento e esforço das equipas dedicadas à atividade de investigação e desenvolvimento. Juntos queremos construir o mundo de amanhã, num mercado nacional e internacional que se destaca e prova que a evolução tecnológica é vital para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável em todas as esferas e dimensões e do futuro. 1990/91 1993 O início da expansão europeia - A Altran começou por expandir para a Bélgica, Espanha, Suécia, Suiça, Alemanha e Reino Unido. Em 1997 a Altran já estava em 10 países. Parceria com a Renault F1 A Altran colabora com a Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas de Harvard e o Professor David Edwards 2004 Os primeiros desenvolvimentos na Ásia 2009 Criação do Altran Research - A Altran Research vem reforçar e consolidar o posicionamento do Grupo no ramo da Consultoria de Inovação. © grandeduc - Fotolia.com 1987 © kalafoto - Fotolia.com © AstroBoi - Fotolia.com 2002 tência ao piloto. 2012 Parceria estratégica com a PSA Peugeot Citroën - Como parte do seu plano de desempenho para 2012, a PSA Peugeot Citroën escolhe a Altran como parceiro estratégico para o desenvolvimento de produto e processo. © verticalarray - Fotolia.com 2003 A Toyota lança o seu primeiro carro híbrido Prius. © vichie81 - Fotolia.com © Sergej Khackimullin - Fotolia.com A Apple revoluciona o mercado ao lançar o seu leitor de música portátil. O iPod. 1982 1996 Fundação Altran para a Inovação - Começou a Fundação Altran que ano após ano demonstra como a tecnologia pode ser e é para o benefício de todos. INNOVATE Nº 01 15 EM DESTAQUE o Setor da saúde em destaque saúde e tecnologia de mãos dadas O setor da saúde tem uma importância fulcral na qualidade de vida das pessoas, e no almejado aumento da esperança de vida, com vigor e vitalidade. © Štepán Kápl - Fotolia.com TEXTO de marco ferreira 16 INNOVATE Nº 01 N a primeira edição da Innovate parece-me bastante adequado que a Saúde mereça uma posição de destaque, uma vez que à data em que escrevo este artigo tudo o que o leitor e eu dávamos como certo no Serviço Nacional de Saúde (SNS), está a ser repensado em função das reais possibilidades financeiras do país. Passou um primeiro momento em que se poupou nas “compressas”, consolidaram-se fornecedores, cortou-se nas horas extraordinárias e reestruturam-se carreiras, replanificaram-se mapas de urgências, cuidados primários e hospitalares, e os ganhos foram tremendos… mas não chega. Estranhamente a dificuldade que enfrentamos agora ao nível da sustentabilidade do SNS tem origem numa das maiores vitórias que conseguimos enquanto sociedade, e que tem a ver com este simples facto da vida que nos sabe tão bem, que é o de em teoria, cada um de nós estar estatisticamente destinado a viver mais tempo do que os que nos precederam há duas e três gerações. Este efeito de longevidade está a ter um impacto direto na pirâmide de- mográfica, e todas as projeções do Instituto Nacional de Estatística apontam um inevitável envelhecimento da população Portuguesa nas próximas quatro décadas, o que como consequência levará a mais gastos em saúde. Isto é um facto incontornável e isto deve ser considerado por todos como um parâmetro de entrada no problema, uma variável na equação que somos chamados a resolver neste momento. Em momentos de redefinição como o atual, é sempre bom ter presente uma célebre frase atribuída a Einstein, em que este define insanidade como “doing the same thing over and over again, expecting different results”. Sábio conselho, a partir daqui não bastará melhorar o que se fazia, terá de se fazer de forma diferente, e a história ensina-nos que neste tipo de pontos de inflexão, a tecnologia tem um papel determinante nos processos de transformação. No final, como sempre, serão as pessoas a resolver o problema da sustentabilidade do SNS que temos em mãos, e a tecnologia terá um papel preponderante no sucesso dessa tarefa. © Luis Louro - Fotolia.com © Alexander Raths - Fotolia.com © auremar - Fotolia.com EMCAPÍTULO DESTAQUE As tecnologias vão ser determinantes para apoiar programas de Telemonitorização de apoio à gestão de doenças crónicas que nos permitam manter a população saudável durante mais tempo, em vez de gastarmos muito mais dinheiro a tratar dessa mesma população quando a sua condição de saúde está irremediavelmente deteriorada. É a tecnologia que nos vai permitir promover cada vez mais teleconsultas de especialidades hospitalares para pacientes que em vez de perderem um dia de trabalho a deslocarem-se ao hospital, apenas terão de se deslocar ao seu centro de cuidados primários local, para na companhia do seu médico de família poderem ser consultados por um médico remoto (poupando tempo e dinheiro ao estado a par de contribuir para a redução do absentismo). É com tecnologia que poderemos dotar a gestão hospitalar de informação sobre o desempenho da organização em tempo útil para serem tomadas medidas corretivas. É com tecnologia que poderemos ser mais eficientes em partilhar informação do paciente en- tre diferentes centros de cuidados primários e hospitalares, tornando o diagnóstico mais eficiente e evitando desperdício de tempos e recursos para se chegar ao mesmo diagnóstico, uma e outra vez. É com tecnologia que poderemos garantir mais segurança no acesso aos dados clínicos dos pacientes. É com tecnologia que devemos libertar os profissionais da saúde de processos burocráticos, para que estes tenham tempo para se dedicarem a aquilo que mais gostam de fazer, cuidar dos pacientes. É tempo de fazer mais com menos, e tal só será possível se nos apoiarmos em tecnologia, esse é o motivo pelo qual a saúde e a tecnologia estarão necessariamente de “mãos dadas”. O setor da saúde merece o nosso destaque porque abraça ambas estas vertentes, tanto necessita da tecnologia para o avanço científico da sua atividade como para a otimização da eficiência da mesma. INNOVATE Nº 01 17 ENTREVISTA Prof. doutor joão carvalho das neves Presidente do Conselho Diretivo, ACSS a gestão financeira mais eficiente Entrevista com prof. Doutor joão carvalho das neves Quais são os principais desafios da ACSS no atual contexto político-económico? O desafio principal é a implementação de medidas que garantam a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde (SNS) enquanto sistema universal, depois da redução de financiamento observada de € 8.600 milhões em 2010 para € 7.700 milhões em 2012, tendo entretanto sido integrados os outros subsistemas públicos de saúde na despesa do SNS e em simultâneo manter os níveis de qualidade e de acesso. Para isso, há que contribuir ativamente na implementação da reforma hospitalar, no aprofundamento dos cuidados de saúde primários e no reforço da rede de cuidados continuados, promovendo uma melhoria global em toda a rede e uma melhor integração das suas diversas componentes, garantindo o acesso dos cidadãos e a qualidade do sistema. Os restantes desafios decorrem deste, havendo, por exemplo, necessidade de conceber e implementar novos mecanismos de contratualização, conceber e implementar um sistema de contabilidade analítica que contribua de forma adequada para a formação dos preços, um sistema de planeamento e controlo de gestão com informação atempada e de qualidade, sistemas de gestão de recursos humanos com informação tempestiva e adequada à análise e planeamento das necessidades e gestão da despesa, o desen- 18 INNOVATE Nº 01 volvimento de um sistema de informação adequado para efeitos de acompanhamento e apoio à decisão na gestão de equipamentos e instalações de toda a rede. Tudo isto exige interoperabilidade adequada dos sistemas de informação das entidades do SNS com a ACSS, sendo fundamental neste desígnio o contributo dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) . Ao nível dos sistemas de informação o desafio dos próximos anos será o de fazer convergir as múltiplas aplicações hoje existentes e caminhar para um sistema cada vez mais integrado, que permita maior fiabilidade e eficiência na recolha de informação. Na perspetiva da gestão dos recursos financeiros do SNS realizada pela ACSS, quais são os principais dados objeto de análise no contexto atual? A atuação da ACSS na gestão dos recursos financeiros do SNS é bastante abrangente e engloba vertentes muito diferenciadas. Note que, de acordo com a sua Lei Orgânica, cabe à ACSS definir as normas, orientações e modalidades para obtenção, distribuição e aplicação dos recursos financeiros, bem como definir um sistema de preços e de contratação da prestação de cuidados e, ainda, implementar acordos com outros agentes do sistema de saúde.Logo, será natural que nesta multiplicidade de processos, os objetos de análise © ACSS - Prof. Dr. João Carvalho das Neves sejam também relativamente diferenciados. Basta referir, a título de exemplo, que a gestão da contratação da prestação de cuidados de saúde aos hospitais públicos com gestão empresarial (HEPE), no âmbito dos respetivos Contratos-Programa, implica um acompanhamento muito transversal, tanto de ponto de vista institucional (que vai da própria ACSS às respetivas Administrações Regionais de Saúde), como do ponto de vista dos objetos alvo de monitorização e reporte (que abarcam desde dados contabilísticos a dados de produção clínica, passando por indicadores qualitativos). Todavia, tendo em consideração os constrangimentos financeiros atuais é essencial que o acompanhamento, avaliação, controlo e reporte incida muito sobre a execução económico-financeira de cada instituição hospitalar do SNS. Ainda assim, importa referir que estes dados, alvo de recolha centralizada por sistema de informação específico, abrangem diferentes perspetivas – dados atuais, históricos e previsionais. No que concerne a referência ao contexto atual, e ainda dentro desta perspetiva estritamente financeira, não surpreenderá o maior foco em relação ao controlo de dívidas em atraso ENTREVISTA e aos compromissos financeiros das instituições do SNS, tendo em consideração as medidas no Programa de Assistência Económica e Financeira firmado entre Portugal, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia. O sistema de informação utilizado tem tido um papel relevante na atividade de gestão financeira? Que evoluções e melhorias têm sido possíveis nos últimos anos neste campo? No seguimento da resposta à pergunta anterior, é claro que não há só um sistema de informação a desempenhar tarefas essenciais à gestão financeira do SNS. Todos os sistemas têm um papel muito relevante para a atividade da ACSS. Dada a diversidade de sistemas não é possível numa curta entrevista tratar a evolução de todos. Mas se apenas equacionarmos a monitorização da execução económico-financeira das entidades do SNS, é possível identificar, de uma forma mais concreta, as principais evoluções. Para além de termos reforçado o próprio sistema de informação, através de um redesenho da sua arquitetura e posterior evolução tecnológica, estamos já no fim de uma alteração de paradigma também bastante relevante, em que mudámos a forma de receber a informação financeira das instituições do SNS. De forma muito resumida, trata-se de universalizar as regras para esse reporte, permitindo que as instituições ora nos enviem dados muito granulares (balancetes contabilísticos), ora nos remetam mapas com informação relativamente rica em termos de análise (Balanços e Demonstrações de Resultados). Este reporte é efetuado com base em normas definidas pela ACSS, num formato aberto (xml) e de forma neutra para com os sistemas residentes nas instituições do SNS. Como é que a gestão financeira cada vez mais eficiente promovida pela ACSS se tem traduzido em benefícios para o SNS? A ACSS acredita que os processos de gestão financeira de elevada qualidade são o suporte a bons resultados, nomeadamente financeiros. Procuramos normalizar processos ao nível do planeamento, do reporte e do controlo. Ou seja, as entidades que constituem o SNS, ao terem de adotar determinados processos que configuram boas práticas estão a melho-rar a sua própria gestão, contribuindo assim para uma gestão global mais eficiente do SNS. Na área da gestão em geral, temos dado especial enfoque ao controlo de gestão, pois acreditamos nas virtualidades deste processo para que sejam alcançados os objetivos com que se depara o SNS, nomeadamente o assegurar a sua melhor eficiência e sustentabilidade financeira. Também assentamos a nossa atuação na transparência da informação. Assim, os “tableaux de bord” criados para monitorização mensal dos principais indicadores de gestão das entidades do SNS estão disponiveis no site da ACSS para consulta pelos cidadãos e constituirão um meio de desenvolvimento regular. Para o futuro quais são os próximos passos em termos de evolução de um sistema de gestão financeira mais eficiente? Quais os principais objetivos? Apesar da evolução conseguida existe ainda um grande caminho a percorrer pois uma gestão financeira eficiente terá de passar pela integração da informação, o que ainda não acontece. É essencial que se alcance uma adequada interoperabilidade entre sistemas no SNS o que vai para além do sistema de informação específico da ACSS. A par desta evolução é fundamental ter um sistema eficaz de “business intelligence”, assente numa plataforma que permita integrar as diferentes perspetivas que atualmente concorrem para a gestão dos recursos financeiros do SNS, incluindo dados de recursos humanos, produção e outros ativos, nomeadamente investimentos. O objetivo último, para além de reforçar a fiabilidade, relevância e tempestividade da informação, será assegurar uma versão consistente e integrada do que seja a “situação financeira” do SNS, que muito contribuirá para uma eficaz e eficiente gestão do mesmo. INNOVATE Nº 01 19 ENTREVISTA Jerôme FAggion Diretor da Unidade de Saúde, Altran França os avanços na telemedicina O programa Sophia é um programa público financiado e gerido pelo CNAMTS, desenvolvido em parceria com a Altran e Healthways. Entrevista com Jerôme Faggion Qual o âmbito da parceria entre a Altran e a Healthways? A parceria entre a Healthways Inc e a Altran pretende juntar os 30 anos de experiência global na entrega de soluções para a gestão de doenças com a experiência local do ambiente TI da CNAMTS (fundo nacional de seguros francês para trabalhadores) e a contextualização de provisionamento de serviços TI no sistema de saúde francês e no próprio CNAMTS. Esta parceria, apoiada pelos especialistas da nossa atividade a nível internacional, tem acesso a um nível de experiência único na implementação e entrega de apoio telefónico led para doenças crónicas. A Healthways é uma organização mundial dedicada à melhoria do bem-estar, com foco na gestão da doença, melhoria dos cuidados de saúde do paciente e na implementação de programas com diferentes parceiros a nível mundial que permitam tornar estes objetivos numa realidade. Para o programa Sophia, a Healthways contribuiu com a sua experiência na construção de um programa de gestão de doença à larga escala, ao trazer os seus especialistas para todas as áreas do programa (TI, organização de centros de saúde, recursos humanos, qualidade, ...) A Healthways fornece também o seu software de saúde e suporte de cuidados, Embrace. Em contrapartida a Altran contribuiu com os seus especialistas em gestão de projeto e TI 20 INNOVATE Nº 01 e ainda tem competências relativamente à compreensão do ambiente da esfera de saúde social em França. Assim, a parceria com a Healthways permite uma resposta ótima às necessidades do CNAMTS e dos pacientes. O projeto Sophia tem como objetivo recrutar mais de 350mil pacientes. Que pacientes podem beneficiar deste projeto, e , uma vez integrados no projeto, quais os próximos passos? Na seleção dos pacientes utilizamos uma abordagem que segmenta os diversos tipos de pacientes em cinco níveis de risco. Isto permite-nos ter uma gestão mais eficiente de acordo com o nível de ajuda que cada paciente necessita. Classificar o paciente em diferentes níveis, permite-nos também realizar um melhor acompanhamento das suas mudanças comportamentais, o que é fundamental para proporcionar benefícios para a sua saúde. Através do rápido acesso que temos ao programa, é possível intervir logo no estado inicial da doença, o que é fundamental para obter os melhores resultados para o paciente. Neste momento, o nosso objetivo é promover este programa nas populações elegíveis, garantindo que o acesso seja igual para todos. Em França, organismos de saúde nacional e médicos têm um papel fundamental no que diz respeito à promoção do programa; explicando quais as oportunidades para os pacientes que desejem fazer parte do Projeto Sophia. Quando os pacientes entram para este programa e são envolvidos, através do preenchimento de um formulário pelo seu Médico de Família, os enfermeiros contactam-nos para lhes dar as boas-vindas. Seguidamente, o plano de ação é definido e, futuramente, o paciente passa a ser seguido através de telefonemas regulares, a fim de obter um melhor acompanhamento. Em que consiste exatamante o tratamento? O nosso modelo de serviço para o Programa Sophia é baseado em: (1) Contacto telefónico proativo e programado com os pacientes (ao que chamamos “Care Calls”) . Estes telefonemas são um elemento-chave para a interação entre o paciente e o enfermeiro do projeto Sophia. Representam uma oportunidade para criar um impacto positivo na saúde dos pacientes, através do apoio ou desenvolvimento de um plano de ação, na educação e nas mudanças comportamentais dos pacientes. Para além disso, este apoio tem como objetivo reforçar quais as melhores práticas clínicas que o paciente deve adotar. (2) Apoio através de uma rede telefónica interna que permite a qualquer paciente contactar um enfermeiro do projeto Sophia. (3) Oferta de conselhos de saúde e materiais de coaching comportamental de alta qualidade criados especificamente para pacientes em condições crónicas. Estes conselhos podem ser dados ao paciente através de e-mail ou correio; dependendo da sua situação. (4) Uma solução completa integrada de forma eficaz com o ambiente tecnológico ENTREVISTA Quais os benefícios sociais e económicos deste projeto para a sociedade? Os principais custos subjacentes a qualquer sistema de saúde são as doenças crónicas e as suas causas. Cuidados específicos para pessoas com doenças crónicas correspondem a 60% dos custos totais de saúde franceses. Este número tem tendência a aumentar, uma vez que não existem esforços generalizados e eficazes para prevenir e gerir estas situações. Assim, inverter a curva dos custos requer uma diminuição substancial na procura de cuidados de saúde. O nosso modelo tem como objetivo central estabilizar e melhorar a saúde e o bem-estar do paciente. Isto, apenas é conseguido através de apoio e do desenvolvimento de um plano de ação que leva o paciente a gerir os seus próprios cuidados. Este modelo permite também que o enfermeiro do projeto Sophia verifique e oriente o paciente através de chamadas telefónicas. Através deste plano de assistências existe uma contribuição conjunta de diferentes intervenientes: o paciente, o seu médico de família, o enfermeiro do projeto Sophia e eventualmente de outros profissionais de saúde. Este conjunto de medidas traduz-se em inúmeros benefícios sociais. Do ponto de vista económico também existem numerosas vantagens, uma vez que a gestão precoce de uma doença é sempre economicamente mais benéfica. Se a doença for detetada no seu es- Jerôme Faggion Quantos enfermeiros, médicos e profissionais de saúde estão envolvidos de forma a apoiar este extenso número de pacientes? O serviço de gestão de doença telefónico do projeto Sophia deve ser oferecido por enfermeiros qualificados. Estes profissionais que já têm uma experiência consolidada no sistema de saúde francês e recebem ainda formação adicional para que a sua compreensão e gestão das necessidades dos pacientes que apoiam via telefone seja completa. De momento, temos dois centros de apoio em França, mais especificamente em Nice e Albi. Há cerca de 70 enfermeiros que trabalham no programa sophia debaixo da responsabilidade de dois médicos. No plano de atividades o CNAMTS prevê a abertura de mais 3 a 5 centros de apoio na França com um deles nas ilhas francesas. O objetivo é ter cerca de 300 enfermeiros que irão apoiar mais de 350.000 pacientes. tado inicial não é necessário recorrer a intervenções “críticas”, que acabam por ser menos económicas. Deste modo, até à conclusão do programa, serão reduzidos custos, especialmente através da redução das admissões hospitalares. Este tipo de tratamento é viável para outras doenças crónicas? Que passos estão a ser tomados neste sentido? Como temos sempre falado na gestão de doenças crónicas no geral, é sem dúvida possível, e estamos já a trabalhar em alargar o modelo do projeto Sophia para adaptá-lo a outras condições. De momento, Sophia é apenas para pacientes que sofrem de diabetes. Esforços estão a ser feitos para apoiar pacientes que sofrem de cancro, problemas cardíacos, etc. Um paciente pode entrar no programa como diabético, mas uma vez utiliza a plataforma Embrace, o seu plano de ação, objetivos pessoais, e serviços de apoio à doença crónica são personalizados às suas necessidades do momento e circunstâncias pessoais; e não simplesmente à condição de um diabéti- co. Também endereçamos as co-morbidades associadas à doença crónica. quem financia este projeto? O programa Sophia é um programa público financiado e gerido pelo CNAMTS (o seguro público francês). CNAMTS pretende no final do contrato estabelecer-se como um operador de gestão de doenças por si só. Consegue destacar o que tem sido o maior sucesso deste projeto desde que a Altran começou a trabalhar nele? O maior sucesso foi terminar o processo de elaboração e entrega da proposta. Foi um longo processo: (1) mais de 6 meses para construir uma parceria com a Healthways com viagens até à Alemanha e os Estados Unidos depois (2) outros 6 meses para o concurso com base no processo público francês e o diálogo concorrencial que isso envolve. Para já ainda é muito cedo para falar de outros sucessos, pois ainda estamos nas fases iniciais. No entanto estamos confiantes, dada a qualidade da nossa solução Embrace e a gestão de cuidados específica baseada num processo de coaching de um para um. INNOVATE Nº 01 21 © ag visuell - Fotolia.com INTERNACIONAL O CARRO DO FUTURO - connected car O carro do futuro é o connected car. Um carro que permite aos condutores e passageiros estar ligado a todos os seus outros dispositivos eletrónicos, GPS, telemóvel, email, ... - de forma segura e eficiente. TEXTO de BRUNO CASADINHO 22 INNOVATE Nº 21 01 © Robert Filip - Fotolia.com INTERNACIONAL CAPÍTULO I magine um carro que muda automaticamente de mudanças conforme indicações do GPS, que se liga a uma cloud digital para ler os e-mails do condutor ou relembrá-lo de compromissos marcados... não se trata de ficção científica mas sim de uma visão do futuro próximo, quando falamos de um mundo conectado e mais especificamente do conceito de connected car. Esta tendência, é já uma aposta real dos setores automóvel e telecomunicações, que acreditam que em 2015 já 60% dos carros estarão conectados, com as principais componentes do veículo elétricos. A QUESTÃO DA SEGURANÇA Ao mesmo tempo que a simplicidade é indispensável quando falamos de dispositivos elétricos no carro, a questão da segurança de dados é também de extrema importância. A investigação da Altran no campo de HMI (Human-Machine Interfaces), é uma contribuição de grande valor ajudando a tornar os sistemas mais compreensíveis e intuitivos para o utilizador. O protótipo atual da Altran suporta um comando de direção do volante e reconhecimento da voz e poderá vir a incluir no futuro funcionalidades de ecrã táctil. No entanto, a questão mais relevante que se coloca neste momento é se se pode garantir o funcionamento impecável dos sistemas conectados quando se trata de segurança de dados e segurança do utilizador, protegido contra ataques externos e outro tipo de ris- cos. A Altran desenhou uma plataforma para o “veículo conectado” com base no processador Intel. Integrado com o sistema elétrico do carro, torna o carro parte de um ecossistema digital ao fornecer-lhe uma segurança embutida obrigatória. Apenas aplicações certificadas disponíveis de uma loja online podem ser descarregadas e utilizadas no carro. A PLATAFORMA DO FUTURO A plataforma para o connected car tem uma rica ligação com o mundo externo, abrindo as portas do carro para todo um novo mundo e permitindo os utilizadores a descarregar aplicações e serviços de uma loja de aplicações. As aplicações que não são certificadas não poderão ser utilizadas no carro garantindo uma experiência “conectada” e segura na estrada. Uma integração perfeita usando tecnologias wireless relevantes é um dos fatores de sucesso chave. O dispositivo de integração transparente da Altran utiliza uma tecnologia que permite uma integração perfeita das aplicações móveis para o interior de um carro mas também adapta o ambiente do veículo garantindo que se obtém o máximo proveito da experiência no carro. A Altran é também um dos parceiros-chave responsável pelo desenvolvimento de uma plataforma para o “connected car”, onde contribui com a sua experiência para reduzir o time-to-market, ter custos mais baixos e a inovação acelerada. O dispositivo de integração transparente da Altran utiliza uma tecnologia que permite uma integração perfeita das aplicações móveis para o interior de um carro mas também adapta o ambiente do veículo garantindo que se obtém o máximo proveito da experiência no carro. INNOVATE Nº 01 23