30 ANOs dE INOVAÇÃO TECNOLóGICA

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INOVAÇÃO E TECNOLOGIA | NOVEMBRO2012
Tema de Capa
30 anos de Inovação
tecnológica
08 |
Tendências
18 |
Entrevista
o desafio das
oportunidades de nearshore
a gestão financeira mais eficiente
www.altran.pt
©rea/2012 for Philippe and Alexis
Philippe Salle (left) and Alexis Kniazeff (right)
“By drawing on its capacity to manage complex problems,
its specialization and its international presence, Altran will
strengthen its position as an indispensable innovation partner
for all future international projects. “
Philippe Salle, Chairman and Chief Executive of the Altran Group
“Yes, we invented high-tecnology consulting. We were not supplying classic IT services. Our value-added lay in using computer science to solve technology problems, and that has not
changed.”
Alexis Kniazeff, Co-founder of Altran
2
INNOVATE
Nº 01
José Ramón Magarzo
PRESIDENTE EXECUTIVO ALTRAN IBERIA
30 anos
de
inovação
FOTOGRAFIA ©HAMILTON/REA
EDITORIAL
A Inovação está no nosso ADn.
Innovation Makers, o nosso slogan.
TEXTO de JOSÉ RAMÓN MAGARZO
A
inovação é uma força motriz
para a maioria das empresas,
dado que diferencia os seus
produtos ou serviços no mercado. No entanto, nestes últimos
anos, este tem sido um caminho
bastante agitado.
Ao mesmo tempo que o mercado está a transformar-se num verdadeiro campo de batalha
de inovação e criatividade, o avanço tecnológico desafia-nos e permite-nos ir mais além.
Há algumas décadas atrás nenhum de nós sonhava que tão rápida evolução seria possível.
A nova era digital de marketing e de redes
sociais, criou uma sociedade que se tornou
mais e mais aberta à mudança e à inovação.
Os consumidores tornaram-se impacientes
na sua constante busca pelo melhor e mais
rápido! A crise política, económica e ambiental que tem afligido o mundo também contribuiu na aceleração e na necessidade de criar
algo diferente nas empresas, a necessidade
de inovar.
Assim, por exemplo, se as energias renováveis, há uns anos atrás, eram apenas uma
teoria, um desafio e uma paixão científica
para alguns, hoje, são uma necessidade real!
Projetos dedicados a esta temática, tal como
o Solar Impulse (um avião que ambiciona dar
a volta pelo mundo apenas utilizando energia
solar) captam a atenção de todos, sem excepção.
A Altran estabeleceu uma posição sólida no
mercado da inovação. E hoje estamos orgulhosos em ter uma história de 30 anos de
inovação para contar. Projetos como o Solar
Impulse, o carro desportivo e eléctrico - Quimera, o Projeto de Sophia (uma nova plataforma ligada ao sector da saúde) e o Connected Car são apenas alguns dos exemplos dos
nossos projetos inovadores que acreditamos
que vão mudar o mundo de amanhã.
Atualmente, as nossas atividades de R&D representam 70% do nosso volume de faturação global e, no momento do nosso aniversário de 30 anos, temos o prazer de partilhar
convosco o lançamento da nossa nova revista
INNOVATE.
Através da revista INNOVATE pretendemos
partilhar a visão e alguns dos conhecimentos
que temos do “mercado de inovação”. Quer
sejam os nossos próprios projetos, quer os
dos nossos clientes ou parceiros; não pretendemos fazer nenhuma diferenciação neste
campo. Com a missão de inovar, acreditamos
que o trabalho em equipa é um dos ingredientes secretos e estamos satisfeitos por
saber que desenvolvemos em Portugal nos
últimos 14 anos parcerias que permitiram o
desenvolvimento de grandes projetos.
Esta revista ambiciona assim, partilhar algumas destas notícias, sempre com a ambição e
certeza que há muito mais para vir.
O nosso capital humano é o nosso maior património! Com o lançamento da revista INNOVATE não só desejamos partilhar a nossa
maior motivação, como também esperamos
fortalecer os nossos laços de forma a traçar
o futuro!
INNOVATE
Nº 01
3
ÍNDICE
10 |
isinov e a maturidade das organições
© Robert Kneschke - Fotolia.com
© Sergej Khackimullin - Fotolia.com
O desafio das
oportunidades de nearshore
Inovação
06 |
Customer Experience Management
Um olhar sobre o que está para vir no setor
das telecomunicações.
07 |
Aumente o bottom-line
As estratégias integradas de processos de
negócio e de tecnologias de informação
aplicadas ao setor financeiro.
O ISINOV é uma aplicação informática que se
destina a ser utilizada pelas organizações,
dando auxílio à tomada de decisões quanto
às prioridades na melhoria dos processos,
através da utilização da framework COBIT.
Edição, nº1
Revista propriedade da Altranportugal, SA
Diretora: Maria da Luz Penedos
Editora: Sheyda Sazedj
4
INNOVATE
Nº 01
12 |
Tema de Capa
três décadas de
inovação
© Pshenichka - Fotolia.com
08 |
Têndencias
Quando Alexis Kniazeff e Hubert Martigny
se juntaram para criar a Altran, em 1982
vivia-se a alvorada da revolução digital,
microprocessadores e novas tecnologias,
com vários programas industriais a começar.
Reveja connosco os maiores sucessos de
inovação tecnológica dos últimos 30 anos.
Equipa Editorial: Bruno Coelho, Luis Alves,
Luis Baptista, Marco Ferreira, Pedro Castro, Pedro
Furtado
Colaboradores: Bruno Casadinho, Bruno
Coelho, Célia Reis, Luis Baptista, Luis Monteiro,
ÍNDICE
CAPÍTULO
O setor da saúde tem uma importânica
fulcral na qualidade de vida das pessoas, e
no almejado aumento da esperança de vida,
com vigor e vitalidade.
18 |
Prof. Dr. João
Carvalho das Neves
20 |
Os avanços na telemedicina
Entrevista a Jerôme Faggion, responsável por
um dos maiores projetos de telemedicina em
França - projeto Sophia.
22 |
Internacional
o carro do futuro
- connected car
© ag visuell - Fotolia.com
© Luis Louro - Fotolia.com
saúde e tecnologia de mãos dadas
Entrevista
© ACSS - Prof. Dr. João Carvalho das Neves
16 |
Em Destaque
O carro do futuro é o connected car.
Um carro que permite aos condutores e
passageiros estar ligado a todos os seus
outros dispositivos eletrónicos, GPS,
telemóvel, e-mail, etc. - de forma segura e
eficiente.
Marco Ferreira, Pedro Furtado, Sheyda Sazedj
Design, Composição e Produção:
Altranportugal, SA
Internet: www.altran.pt
CONTACTOS: Altranportugal, SA
Av. Forças Armadas, 125, 3º
1600 - 079 Lisboa. Portugal.
| INNOVATE NA INTERNET
www.altran.pt
(Notícias/Innovate)
| Publicação gratuita
INNOVATE
Nº 01
5
TENDÊNCIAS
© Aaron Amat - Fotolia.com
Uma das formas que um operador tem para
garantir o retorno do seu investimento é sem
dúvida garantir ao cliente uma experiência
de utilização de excelência, fica ainda mais
evidente quando se tem em mente que “custa menos manter um cliente que acrescentar
um novo” e que “em todo o ciclo de vida do
cliente grande parte da expectativa do cliente
materializa-se nos primeiros contactos com o
serviço”.
Customer
experience
management
Um olhar sobre o que está para vir
TEXTO de Bruno Coelho
Os operadores de telecomunicações e media
têm apostado recentemente em desenvolver
novas formas de entregar os seus serviços
em tablets, smartphones e inovando novas
formas de entrega no tradicional aparelho de
Televisão.
Nas comunicações móveis o lançamento
do 4G é sem dúvida a grande novidade para
este ano. Em contraposição, não é novidade
a aposta na relação com o cliente em plataformas sociais como o Facebook.
Estas novidades são acima de tudo desafios
para os operadores e agentes de media que
se encontram espartilhados em termos de
investimento, de custos operacionais e sob
6
INNOVATE
Nº 01
a ameaça sempre presente do aumento do
churn. Mas não se pense que só existem desafios para o lado dos operadores e agentes
de media, o cliente corre um sério risco de
ficar assoberbado por jargões tecnológicos
e consequentemente não conseguir adquirir
ou usufruir do serviço de acordo com as suas
expectativas, ou em caso de necessidade de
assistência técnica nem sequer conseguir
transmitir o problema que tem em mãos.
Em suma, sob um cenário de austeridade
económica, espera-se um retorno no investimento de quem investe ao mesmo tempo que
a maioria dos clientes investem esforços para
perceber qual o fornecedor de serviços que
melhor satisfaz o binómio custo-qualidade.
Em termos de gestão de experiência de cliente, serão 5 as principais
áreas de maior atenção.
1
Na gestão da relação com o cliente
deverá existir a necessidade ambivalente da adaptação e racionalização
de custos dos atuais CRMs (movimento para a cloud) e o mapeamento da necessidade de ajuda ao cliente no seu
ciclo de vida para os processos internos da
organização.
2
3
4
5
No feedback através da medição da
“voz do cliente” a aposta nas plataformas sociais dada a exposição e
influência atuais deverá verificar-se.
Na recuperação do serviço, as aplicações de suporte ao diagnóstico e
selfhealing serão uma aposta segura, embora cada vez mais complexa.
No desenvolvimento dos serviços
em si a aposta deverá ser no design
simples e fácil de usar.
Por fim, replicar a ideia de tornar
mais fácil para o cliente o acesso
a técnicos experientes, como por
exemplo a criação de zonas específicas de esclarecimento técnico em algumas
lojas, deve ser tomada em conta.
TENDÊNCIAS
© wrangler - Fotolia.com
Devidos às alterações do mercado, e atuais
custos, é imperioso centrarmo-nos nos
objetivos core de negócio, e melhorar o
desempenho da receita, margem, controlo
interno e gestão de risco, produtividade,
satisfação de clientes e processo de decisão.
aumente o
bottom-line
ganizações implementarem estratégias integradas de processos de
negócio e de tecnologias de informação, para aumentar a produtividade,
melhorar a qualidade do serviço,
reduzir custos, integrar soluções, e
criar agilidade organizacional.
TEXTO de LuÍs Baptista
É vital que a modelação do negócio e a correspondente arquitetura da informação sejam alinhadas para satisfazer os inúmeros
requisitos de negócio, e atingir os objetivos.
A qualidade dos dados e a modelação de negócio são a base da geração de receita (ou
melhoria de margem), controlo de custos e
gestão de risco.
O setor financeiro tem um nível de confiança elevado na eficiência da gestão de dados,
gestão de regras de negócio, que está disseminada pelas estruturas aplicacionais, sem
estarem adequadamente documentadas, e
de difícil acesso, manutenção, e gestão, dificultando também os processos de tomada de
decisão aos diversos níveis. Uma inadequada
gestão de regras de negócio e de qualidade
de dados, tem impacto direto no EBIT, e impacto na reputação e imagem.
A Altran baseia-se numa perspectiva end-to-end das transações, na totalidade, exatidão e timing, bem como na maximização das receitas quer pela eliminação das
perdas, quer através de oportunidades de
receita. Caracterizando-se por iniciativas
que produzem um rápido ROI e aumento
do bottom-line.
O aumento dos incidentes de sobrefaturação
e/ou de subfaturação devem-se à constante
alteração em produtos e serviços, aumentando a complexidade, e maior dificuldade de
controlo, com impacto negativo na margem.
A gestão de regras de negócio e de qualidade
de dados, proporciona a correta implementação de estratégias e táticas de integridade da
receita, ou seja, obter a totalidade da receita
a que têm direito e maximizar oportunidade
de receita por explorar.
© fox17 - Fotolia.com
No contexto atual é essencial as or-
A implementação de estratégias de gestão
integrada de processos e tecnologia, com
gestão de regras de negócio e de qualidade
de dados, é possível aumentar o valor para
o acionista, aumentar o nível de integridade corporativa, aumentar a eficiência, e
aumentar o valor percecionado pelo cliente e reputação corporativa, aumentado a
retenção dos clientes, reduzir o churn, e
maximizar a margem por cliente.
INNOVATE
Nº 01
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TENDÊNCIAS
© N-Media-Images - Fotolia.com
um desafio interessante
O DESAFIO DAS
OPORTUNIDADES
DE NEARSHORE
A empresa que cresce num mercado em
retração é uma empresa que tem uma história
para contar, um mercado sólido conquistado
e sem dúvida alguma, uma equipa de
sucesso. Explorar as exportações na
conjuntura nacional atual e crise no mercado
internacional é, no entanto, um desafio muito
mais gratificante.
TEXTO de LuÍs Monteiro
8
INNOVATE
Nº 01
Para um bom gestor vender num mercado em
recessão é sempre um desafio interessante. É
uma oportunidade de mudança e diferenciação do negócio e da oferta que quando bem
sucedida se transforma numa grande oportunidade de crescimento e sucesso. A empresa
que cresce num mercado em retração, é uma
empresa que tem uma história para contar,
um mercado sólido conquistado e sem dúvida alguma, uma equipa de sucesso!
Explorar as exportações na conjuntura nacional atual e crise no mercado internacional é,
no entanto, um desafio muito mais gratificante!
A partir de 2008, quando a crise económica
começou nos Estados Unidos, começou um
período difícil para muitas empresas. Ao longo dos dois anos seguintes, várias empresas
norte-americanas fecharam e muitas começaram por reduzir e cortar custos, consequência do menor poder de compra e da instabili-
Estamos a vender um produto
extraordinário
dade da situação económica. No entanto, não
foi este o caminho que todas as empresas
seguiram. Muitos gestores e CEOs inspirados
por visões diferenciadoras, seguros em resultados a longo-prazo optaram por estratégias
que se transformaram num marco de inspiração para outros.
Steve Jobs, CEO da Apple na época, destacou
que redução de custos não seria uma opção
para a sua empresa, antes iriam agarrar-se à
profunda convicção que vender um produto
extraordinário fosse continuar a inspirar o
consumidor a gastar do seu dinheiro.
É exatamente o que nós acreditamos quando falamos em oportunidades Nearshore.
Estamos a vender um produto extraordinário, com recursos e condições extremamente
competitivas – falamos de Portugal, das nossas equipas, dos serviços altamente especializados das nossas equipas!
TENDÊNCIAS
THE
CONNECTED
WORLD
Quando falamos de um mundo
onde cidades, carros, televisões,
sistemas de telemedicina estão
interligados, estamos a falar do
conceito de connected world uma das principais tendências
do setor das telecomunicações.
A Altran Portugal
consolidou a sua posição
como plataforma de
Nearshore dentro do
Grupo
Plataforma de nearshore
A Altran Portugal consolidou a sua posição
como plataforma de Nearshore dentro do
Grupo, um trabalho que vem sendo desenvolvido há alguns anos. A sua consolidação
durante este último ano e início do desenvolvimento de vários projetos internacionais em
Portugal é prova do sucesso desta estratégia,
da equipa que a tem apoiado e posto em prática. Este sucesso, não deixa de ser também,
resultado da profunda convicção do que nós
em Portugal podemos oferecer.
Não há como negar que Portugal comparativamente ao resto da Europa apresenta condições extremamente competitivas a nível
financeiro, no entanto, esta condição por si
só não é suficiente para clientes exigentes,
rigorosos, e que pretendem qualidade, reatividade e profissionalismo. Não obstante, aliado à qualidade técnica e funcional das nossas
equipas, a maturidade dos nossos processos
e experiência dos nossos consultores, é ga-
rantido ao cliente um serviço de grande qualidade, a um custo muito competitivo. Portugal, não só assegura estas condições, como
também apresenta outras vantagens: o fuso
horário praticamente igual ao resto da Europa
bem como o facto de ser um destino extremamente apetecível.
Apesar dos grandes sucessos já atingidos,
um dos principais obstáculos que ainda temos por combater, passa pelo desconhecimento dos clientes das capacidades do nosso
país, o que exige um esforço contínuo para
o demonstrar, no entanto é isto que torna o
nosso desafio tão gratificante. Felizmente,
porque em Portugal temos recursos altamen-
Apesar dos grandes sucessos
já atingidos um dos principais
obstáculos que ainda temos
por combater passa pelo
desconhecimento dos clientes
das capacidades do nosso
país
te qualificados e porque com a estratégia e
visão certa, criamos equipas vencedoras, tem
vindo a ser facilitado ultrapassar este desafio - executamos projetos e demonstramos o
que conseguimos fazer e com que qualidade
o fazemos!
Um mundo cada vez mais conectado traz consigo uma série de
novas questões para as quais os
operadores de telecomunicações
procuram intensamente respostas. Será necessário aumentar
claramente a capacidade da rede
o que implica tantos resultados
a curto prazo com modernização
e actualização da rede, como investimento a longo prazo no que
implica LTEs, FTTH e as novas
gerações de redes.
A principal questão do
momento
Um mundo conectado, requer
um ecossistema inteligente capaz de servir à diversidade de
infra-estruturas e dispositivos
disponíveis.
Uma das questões mais cruciais
do momento é, se os ecossistemas smart serão construídos
por um dos principais agentes
do ecossistema? Ou será novamente o modelo “over the top”
a dominar?
Para conhecer mais sobre o nosso projeto
“connected car”, veja o artigo da pág. 22
© James Thew - Fotolia.com
© Igor Mojzes - Fotolia.com
Resultados a curto e longo
prazo
INNOVATE
Nº 01
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© Sergej Khackimullin - Fotolia.com
INOVAÇÃO
isinov
e a Maturidade
das organizações
O ISINOV é uma aplicação informática que se destina
a ser utilizada pelas direções das organizações.
TEXTO de Pedro Furtado
O ISINOV ajuda as organizações a:
•Identificar quais os processos mais relevantes para o negócio;
•Identificar qual o nível de maturidade dos seus processos;
•Estabelecer um roadmap para a melhoria dos seus processos.
10
INNOVATE
Nº 01
INOVAÇÃO
E
xistem desde há vários anos
modelos e bibliotecas de melhores práticas a nível da gestão e desenvolvimento de sistemas de informação com grande
aceitação e reconhecimento no
mercado, nomeadamente o CMMI (Capability
Maturity Model Integration) e o ITIL (Information Technology Infrastructure Library). A vertente de alinhamento entre o negócio e o IT
é endereçada pela framework COBIT que foca
vários aspetos de IT Governance e risco.
Porém, alguns gestores hesitam em lançar
estas iniciativas, dado reconhecerem a complexidade e abrangência destes modelos e
frameworks. Definir por onde começar é sem
dúvida o primeiro desafio a ser ultrapassado,
e um dos mais importantes para se obterem
os maiores proveitos do investimento a realizar.
A Altran em parceria com uma universidade
portuguesa está a desenvolver um projeto
de inovação designado ISINOV – Information
Systems Innovation – que tem como objetivo
ajudar as organizações a darem os primeiros
passos num programa de melhoria de processos ligados aos sistemas de informação, e
acompanhar o ciclo de melhoria contínua que
é adotado pelas organizações com um bom
nível de maturidade.
O ISINOV é uma aplicação informática que
se destina a ser utilizada pelas direções das
organizações, dando auxílio à tomada de
decisões quanto às prioridades na melhoria
dos processos, através da utilização da Framework COBIT. A resposta a um questionário
inicial sobre o alinhamento estratégico entre
o IT e o Negócio determinará os processos
prioritários.
As direções utilizarão o ISINOV para estabelecer o nível de maturidade dos processos pré-selecionados por si, ou decorrentes da pré-avaliação realizada. O nível de maturidade é
determinado pela realização de um assessment com questões fechadas, de rápida resposta, totalmente alinhadas com os referidos
modelos de maturidade.
Com base nas respostas aos assessments e
na definição de objetivos pela organização,
a Altran desenvolveu algoritmos que permitem criar um roadmap para a implementação
e institucionalização de processos na organização.
Uma parte importante da aplicação está na
capacidade de efetuar múltiplos assessments
que permite às organizações comparar resultados em períodos sucessivos.
A Altran acredita que o ISINOV irá permitir às
organizações, não só uma diminuição de esforço financeiro, como o aumento da sua autonomia, em relação a iniciativas de melhoria
de processos, que beneficiarão a produtividade, planeamento, qualidade, custo, e nível de
serviço das organizações.
Este projeto foi apoiado pelo programa QREN
no âmbito de I&D.
Simulação de um Strategic Path obtido pelo ISINOV
O ISINOV é uma aplicação
informática que se destina
a ser utilizada pelas
direções das organizações,
dando auxílio à tomada
de decisões quanto às
prioridades na melhoria
dos processos, através da
utilização da framework
COBIT.
INNOVATE
Nº 01
11
ARTIGO DE CAPA
tema de capa
três décadas
de inovação
Em 2012, o Grupo Altran celebra 30 anos.Três décadas de
história que foram sempre marcados pela Inovação. A Inovação
que caracteriza o mercado tecnológico dos últimos anos e que
caracteriza a Altran como consultora que acompanhou e apoiou
os seus clientes nesta evolução.
© Pshenichka - Fotolia.com
TEXTO de CÉLIA rEIS
12
INNOVATE
Nº 01
ARTIGO DE CAPA
“Queremos construir o mundo de
amanhã, num mercado nacional
e internacional que se destaca e
prova que a evolução tecnológica
é vital para o desenvolvimento de
uma sociedade sustentável.”
Q
uando falamos da história
da Inovação nas últimas décadas, é fácil identificar a
enorme revolução tecnológica com que o mundo se tem
deparado, desde a invenção
da internet, e-mail, telemóvel, GPS, fibra óptica, etc. A tecnologia, incluíndo os seus mais recentes avanços tem-se
tornado de tal modo indispensável no nosso
dia-a-dia, que se torna difícil acreditar o quão
recente é este mundo dos dispositivos tecnológicos e cada vez mais conectado.
De facto a história da inovação tecnológica
nas últimas três décadas, engloba avanços
fundamentais, muito anteriores à invenção
do telemóvel, internet ou outros bens tecnológicos sem os quais hoje não saberíamos
viver.
Quando Alexis Kniazeff e Hubert Martigny se
juntaram para criar a Altran, em 1982, vivia-se a alvorada da revolução digital, microprocessadores e novas tecnologias, com vários
programas industriais a começar, como o
TGV, Concorde, Airbus, a indústria aeroespa-
INNOVATE
Nº 01
13
© Yuri Arcurs - Fotolia.com
© marek_usz - Fotolia.com
© Sergej Khackimullin - Fotolia.com
ARTIGO DE CAPA
1985
1990
O Sistema de Antibloqueio de
Travagem (ABS) está disponível
em carros norte-americanos.
1984
1987
Primeira operação a laser a uma
córnea humana. Realizada por Steven Trokel após aperfeiçoar a sua
técnica num olho de vaca.
© dimedrol68 - Fotolia.com
Num esforço conjunto da Phillips e
Sony é introduzido o CD-ROM.
O Telescópio Espacial
Hubble é colocado em
órbita a 25 de Abril.
| Alguns marcos de inovação relevantes dos últimos 30 anos
© Sergej Khackimullin - Fotolia.com
1983
ARPANET e todas as redes ligadas à mesma
adotam oficialmente o TCP/IP protocolo de
rede. O primeiro grande passo da Internet.
Quando Alexis Kniazeff e Hubert Martigny se juntaram para criar a Altran,
em 1982 vivia-se a alvorada da revolução digital, microprocessadores e
novas tecnologias, com vários programas industriais a começar, como o TGV,
Concorde, Airbus, a indústria aeroespacial, etc.
cial, entre outros. O mercado estava pronto
para receber engenheiros altamente especializados que pudessem acompanhar e concretizar com sucesso esta revolução industrial.
Recordar a história da inovação
Em 1983, são desenvolvidos na California
as primeiras estações de geração de energia
solar. Em 1990, testa-se o primeiro sistema
totalmente digital para a televisão, lançado
ao mercado um ano mais tarde (HDTV). Dez
anos após a fundação da Altran é aprovada
a política de encorajamento a combustíveis
alternativos para os veículos, incluíndo o gás
natural ou energia elétrica. Estes são apenas
alguns dos exemplos dos grandes avanços
realizados e que permitiram à Altran especializar-se num mercado tecnológico emergente
trabalhando hoje grandes projetos como o
Solar Impulse, um avião solar, ou o Quimera,
o primeiro carro desportivo elétrico, ou vários
serviços integrados para a televisão que nos
vão permitir viver num mundo cada vez mais
conectado.
Foi ainda nestes últimos 30 anos, mais espe14
INNOVATE
Nº 01
cificamente nos últimos 21 anos, que se deu
“O principal desafio é saber
acompanhar o ritmo de
inovação do mercado.”
uma das invenções mais marcantes da atual
era digital. Em 1982, foi introduzido o conceito de world-wide network e o protocolo para
a Internet estandardizado. Fornecedores comerciais de serviços de internet começaram
a surgir nos finais da década 80, inícios de
1990. Em 1995, foi finalmente comercializada totalmente, retirando as últimas restrições
para o tráfego de conteúdos comerciais.
Desde os meados de 1990 a internet tem
tido um impacto extraordinário na cultura e no comércio, proporcionando todo um
novo mundo de possibilidades de comunicação instantânea, que começa com o e-mail,
mensagens instantâneas, VoIP, e vai até aos
fóruns, blogs, e além do vasto mundo das redes sociais.
Porque o sucesso está sempre inevitavelmen-
te relacionado com o timing certo, não há duvida que criar uma empresa de inovação tecnológica há 30 anos atrás, foi o timing ideal.
Um mercado em evolução a esta velocidade
traz, no entanto, com grandes vantagens
também grandes desafios. O principal desafio é saber acompanhar o ritmo de inovação
do mercado. De facto, uma análise da história da evolução tecnológica permite-nos intuitivamente constatar que esta tem tido uma
velocidade exponencial. Ainda mais podemos
dizer que o desafio ultrapassa a inovação em
si, e cada vez importa mais o quão rápido, o
quanto e mesmo como inovamos!
Inovar não é suficiente para nos diferenciarmos, a inovação tem de ser rápida, útil, diferenciadora e recentemente com crescente
peso, responsável e sustentável.
Não obstante o desafio que apresenta para as
empresas, é um sinal de maturidade quer do
tecido empresarial quer da sociedade - inovação só por si já não é suficiente para garantir um destaque no atual mercado!
É esta a consequência de um mercado de
inovação em crescimento, temas de respon-
ARTIGO DE CAPA
© RLG - Fotolia.com
O nosso caminho de inovação...
2001
1998
Aeronáutica: A Altran desenvolve funcionalidades para a Airbus A320 - A
equipa responsável desenhou e desenvolveu a disponibilização de dados de assis-
Telecomunicações em Portugal - A Altran
constroi uma rede dual GSM / DCS 1800
para um operador português.
Aquisição da Cambridge Consultants Ltd
Caminhos Ferroviários: desenvolvimento de uma rede de comunicação para
comboios de alta velocidade.
Guerra do Golfo - A Altran manteve a sua
quota de mercado no setor de defesa,
consolidando o seu trabalho com a autoridade de energia atómica francesa.
© sogmiller - Fotolia.com
sabilidade social, sustentabilidade em termos
do ambiente, entre outros são cada vez mais
relevantes, pois os consumidores estão cada
vez mais exigentes. As empresas que conseguem conciliar a sua inovação com base
nestas estão, sem dúvida alguma, na linha da
frente.
Em 2012, a Altran tem o prazer de celebrar
três décadas de inovação e diferenciação nos
vários mercados em que atua, podendo, hoje
apresentar ao mercado uma série de projetos
realmente inovadores nos quais está envolvida.
Mas é com plena consciência que delineamos
uma visão clara para os próximos anos, que
certamente irão requerer mais investimento e
esforço das equipas dedicadas à atividade de
investigação e desenvolvimento. Juntos queremos construir o mundo de amanhã, num
mercado nacional e internacional que se destaca e prova que a evolução tecnológica é vital para o desenvolvimento de uma sociedade
sustentável em todas as esferas e dimensões
e do futuro.
1990/91
1993
O início da expansão europeia - A Altran
começou por expandir para a Bélgica, Espanha, Suécia, Suiça, Alemanha e Reino
Unido. Em 1997 a Altran já estava em 10
países.
Parceria com a Renault F1
A Altran colabora com a Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas de Harvard e
o Professor David Edwards
2004
Os primeiros desenvolvimentos na Ásia
2009
Criação do Altran Research - A Altran Research vem reforçar e consolidar o posicionamento do Grupo no ramo da Consultoria
de Inovação.
© grandeduc - Fotolia.com
1987
© kalafoto - Fotolia.com
© AstroBoi - Fotolia.com
2002
tência ao piloto.
2012
Parceria estratégica com a PSA Peugeot
Citroën - Como parte do seu plano de desempenho para 2012, a PSA Peugeot Citroën escolhe a Altran como parceiro estratégico para o desenvolvimento de produto
e processo.
© verticalarray - Fotolia.com
2003
A Toyota lança o seu primeiro carro híbrido Prius.
© vichie81 - Fotolia.com
© Sergej Khackimullin - Fotolia.com
A Apple revoluciona o mercado ao lançar o seu leitor
de música portátil. O iPod.
1982
1996
Fundação Altran para a Inovação - Começou a Fundação Altran que ano após
ano demonstra como a tecnologia pode
ser e é para o benefício de todos.
INNOVATE
Nº 01
15
EM DESTAQUE
o Setor da saúde em destaque
saúde e
tecnologia de
mãos dadas
O setor da saúde tem uma importância fulcral na qualidade
de vida das pessoas, e no almejado aumento da esperança de
vida, com vigor e vitalidade.
© Štepán Kápl - Fotolia.com
TEXTO de marco ferreira
16
INNOVATE
Nº 01
N
a primeira edição da Innovate
parece-me bastante adequado
que a Saúde mereça uma posição de destaque, uma vez que à
data em que escrevo este artigo
tudo o que o leitor e eu dávamos como certo no Serviço Nacional de Saúde (SNS), está a ser repensado em função das
reais possibilidades financeiras do país.
Passou um primeiro momento em que se
poupou nas “compressas”, consolidaram-se
fornecedores, cortou-se nas horas extraordinárias e reestruturam-se carreiras, replanificaram-se mapas de urgências, cuidados
primários e hospitalares, e os ganhos foram
tremendos… mas não chega. Estranhamente
a dificuldade que enfrentamos agora ao nível
da sustentabilidade do SNS tem origem numa
das maiores vitórias que conseguimos enquanto sociedade, e que tem a ver com este
simples facto da vida que nos sabe tão bem,
que é o de em teoria, cada um de nós estar
estatisticamente destinado a viver mais tempo do que os que nos precederam há duas
e três gerações. Este efeito de longevidade
está a ter um impacto direto na pirâmide de-
mográfica, e todas as projeções do Instituto
Nacional de Estatística apontam um inevitável
envelhecimento da população Portuguesa nas
próximas quatro décadas, o que como consequência levará a mais gastos em saúde. Isto
é um facto incontornável e isto deve ser considerado por todos como um parâmetro de
entrada no problema, uma variável na equação que somos chamados a resolver neste
momento.
Em momentos de redefinição como o atual, é
sempre bom ter presente uma célebre frase
atribuída a Einstein, em que este define insanidade como “doing the same thing over
and over again, expecting different results”.
Sábio conselho, a partir daqui não bastará
melhorar o que se fazia, terá de se fazer de
forma diferente, e a história ensina-nos que
neste tipo de pontos de inflexão, a tecnologia
tem um papel determinante nos processos de
transformação. No final, como sempre, serão
as pessoas a resolver o problema da sustentabilidade do SNS que temos em mãos, e a
tecnologia terá um papel preponderante no
sucesso dessa tarefa.
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EMCAPÍTULO
DESTAQUE
As tecnologias vão ser determinantes para
apoiar programas de Telemonitorização
de apoio à gestão de doenças crónicas que
nos permitam manter a população saudável
durante mais tempo, em vez de gastarmos
muito mais dinheiro a tratar dessa mesma
população quando a sua condição de saúde
está irremediavelmente deteriorada. É a tecnologia que nos vai permitir promover cada
vez mais teleconsultas de especialidades hospitalares para pacientes que em vez de perderem um dia de trabalho a deslocarem-se ao
hospital, apenas terão de se deslocar ao seu
centro de cuidados primários local, para na
companhia do seu médico de família poderem ser consultados por um médico remoto
(poupando tempo e dinheiro ao estado a par
de contribuir para a redução do absentismo).
É com tecnologia que poderemos dotar a gestão hospitalar de informação sobre o desempenho da organização em tempo útil para
serem tomadas medidas corretivas. É com
tecnologia que poderemos ser mais eficientes em partilhar informação do paciente en-
tre diferentes centros de cuidados primários
e hospitalares, tornando o diagnóstico mais
eficiente e evitando desperdício de tempos e
recursos para se chegar ao mesmo diagnóstico, uma e outra vez. É com tecnologia que poderemos garantir mais segurança no acesso
aos dados clínicos dos pacientes. É com tecnologia que devemos libertar os profissionais
da saúde de processos burocráticos, para
que estes tenham tempo para se dedicarem a
aquilo que mais gostam de fazer, cuidar dos
pacientes.
É tempo de fazer mais com menos, e tal só
será possível se nos apoiarmos em tecnologia, esse é o motivo pelo qual a saúde e a
tecnologia estarão necessariamente de “mãos
dadas”.
O setor da saúde merece
o nosso destaque porque
abraça ambas estas
vertentes, tanto necessita
da tecnologia para o
avanço científico da sua
atividade como para a
otimização da eficiência
da mesma.
INNOVATE
Nº 01
17
ENTREVISTA
Prof. doutor joão carvalho das neves
Presidente do Conselho Diretivo, ACSS
a gestão
financeira
mais eficiente
Entrevista com prof. Doutor joão carvalho das neves
Quais são os principais desafios da
ACSS no atual contexto político-económico?
O desafio principal é a implementação de
medidas que garantam a sustentabilidade financeira do Serviço Nacional de Saúde (SNS)
enquanto sistema universal, depois da redução de financiamento observada de € 8.600
milhões em 2010 para € 7.700 milhões em
2012, tendo entretanto sido integrados os
outros subsistemas públicos de saúde na
despesa do SNS e em simultâneo manter os
níveis de qualidade e de acesso.
Para isso, há que contribuir ativamente na
implementação da reforma hospitalar, no
aprofundamento dos cuidados de saúde
primários e no reforço da rede de cuidados
continuados, promovendo uma melhoria global em toda a rede e uma melhor integração
das suas diversas componentes, garantindo
o acesso dos cidadãos e a qualidade do sistema. Os restantes desafios decorrem deste,
havendo, por exemplo, necessidade de conceber e implementar novos mecanismos de
contratualização, conceber e implementar
um sistema de contabilidade analítica que
contribua de forma adequada para a formação dos preços, um sistema de planeamento
e controlo de gestão com informação atempada e de qualidade, sistemas de gestão de
recursos humanos com informação tempestiva e adequada à análise e planeamento das
necessidades e gestão da despesa, o desen-
18
INNOVATE
Nº 01
volvimento de um sistema de informação
adequado para efeitos de acompanhamento
e apoio à decisão na gestão de equipamentos
e instalações de toda a rede.
Tudo isto exige interoperabilidade adequada
dos sistemas de informação das entidades do
SNS com a ACSS, sendo fundamental neste
desígnio o contributo dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) . Ao nível
dos sistemas de informação o desafio dos
próximos anos será o de fazer convergir as
múltiplas aplicações hoje existentes e caminhar para um sistema cada vez mais integrado, que permita maior fiabilidade e eficiência
na recolha de informação.
Na perspetiva da gestão dos recursos financeiros do SNS realizada
pela ACSS, quais são os principais dados objeto de análise no contexto
atual?
A atuação da ACSS na gestão dos recursos
financeiros do SNS é bastante abrangente e
engloba vertentes muito diferenciadas. Note
que, de acordo com a sua Lei Orgânica, cabe
à ACSS definir as normas, orientações e modalidades para obtenção, distribuição e aplicação dos recursos financeiros, bem como
definir um sistema de preços e de contratação
da prestação de cuidados e, ainda, implementar acordos com outros agentes do sistema
de saúde.Logo, será natural que nesta multiplicidade de processos, os objetos de análise
© ACSS - Prof. Dr. João Carvalho das Neves
sejam também relativamente diferenciados.
Basta referir, a título de exemplo, que a gestão da contratação da prestação de cuidados
de saúde aos hospitais públicos com gestão
empresarial (HEPE), no âmbito dos respetivos
Contratos-Programa, implica um acompanhamento muito transversal, tanto de ponto de
vista institucional (que vai da própria ACSS
às respetivas Administrações Regionais de
Saúde), como do ponto de vista dos objetos
alvo de monitorização e reporte (que abarcam desde dados contabilísticos a dados de
produção clínica, passando por indicadores
qualitativos). Todavia, tendo em consideração os constrangimentos financeiros atuais
é essencial que o acompanhamento, avaliação, controlo e reporte incida muito sobre
a execução económico-financeira de cada
instituição hospitalar do SNS. Ainda assim,
importa referir que estes dados, alvo de recolha centralizada por sistema de informação
específico, abrangem diferentes perspetivas
– dados atuais, históricos e previsionais. No
que concerne a referência ao contexto atual,
e ainda dentro desta perspetiva estritamente financeira, não surpreenderá o maior foco
em relação ao controlo de dívidas em atraso
ENTREVISTA
e aos compromissos financeiros das instituições do SNS, tendo em consideração as medidas no Programa de Assistência Económica
e Financeira firmado entre Portugal, o Fundo
Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.
O sistema de informação utilizado
tem tido um papel relevante na atividade de gestão financeira? Que evoluções e melhorias têm sido possíveis
nos últimos anos neste campo?
No seguimento da resposta à pergunta anterior, é claro que não há só um sistema de informação a desempenhar tarefas essenciais à
gestão financeira do SNS. Todos os sistemas
têm um papel muito relevante para a atividade da ACSS. Dada a diversidade de sistemas
não é possível numa curta entrevista tratar a
evolução de todos. Mas se apenas equacionarmos a monitorização da execução económico-financeira das entidades do SNS, é possível identificar, de uma forma mais concreta,
as principais evoluções. Para além de termos
reforçado o próprio sistema de informação,
através de um redesenho da sua arquitetura
e posterior evolução tecnológica, estamos já
no fim de uma alteração de paradigma também bastante relevante, em que mudámos a
forma de receber a informação financeira das
instituições do SNS. De forma muito resumida, trata-se de universalizar as regras para
esse reporte, permitindo que as instituições
ora nos enviem dados muito granulares (balancetes contabilísticos), ora nos remetam
mapas com informação relativamente rica em
termos de análise (Balanços e Demonstrações
de Resultados). Este reporte é efetuado com
base em normas definidas pela ACSS, num
formato aberto (xml) e de forma neutra para
com os sistemas residentes nas instituições
do SNS.
Como é que a gestão financeira cada
vez mais eficiente promovida pela
ACSS se tem traduzido em benefícios
para o SNS?
A ACSS acredita que os processos de gestão
financeira de elevada qualidade são o suporte
a bons resultados, nomeadamente financeiros. Procuramos normalizar processos ao nível do planeamento, do reporte e do controlo.
Ou seja, as entidades que constituem o SNS,
ao terem de adotar determinados processos
que configuram boas práticas estão a melho-rar a sua própria gestão, contribuindo assim
para uma gestão global mais eficiente do SNS.
Na área da gestão em geral, temos dado especial enfoque ao controlo de gestão, pois
acreditamos nas virtualidades deste processo
para que sejam alcançados os objetivos com
que se depara o SNS, nomeadamente o assegurar a sua melhor eficiência e sustentabilidade financeira. Também assentamos a nossa
atuação na transparência da informação. Assim, os “tableaux de bord” criados para monitorização mensal dos principais indicadores
de gestão das entidades do SNS estão disponiveis no site da ACSS para consulta pelos cidadãos e constituirão um meio de desenvolvimento regular.
Para o futuro quais são os próximos
passos em termos de evolução de um
sistema de gestão financeira mais eficiente? Quais os principais objetivos?
Apesar da evolução conseguida existe ainda
um grande caminho a percorrer pois uma
gestão financeira eficiente terá de passar
pela integração da informação, o que ainda
não acontece. É essencial que se alcance uma
adequada interoperabilidade entre sistemas
no SNS o que vai para além do sistema de
informação específico da ACSS. A par desta
evolução é fundamental ter um sistema eficaz de “business intelligence”, assente numa
plataforma que permita integrar as diferentes
perspetivas que atualmente concorrem para
a gestão dos recursos financeiros do SNS,
incluindo dados de recursos humanos, produção e outros ativos, nomeadamente investimentos. O objetivo último, para além de reforçar a fiabilidade, relevância e tempestividade
da informação, será assegurar uma versão
consistente e integrada do que seja a “situação financeira” do SNS, que muito contribuirá
para uma eficaz e eficiente gestão do mesmo.
INNOVATE
Nº 01
19
ENTREVISTA
Jerôme FAggion
Diretor da Unidade de Saúde, Altran França
os avanços na
telemedicina
O programa Sophia é um programa público financiado e gerido pelo CNAMTS, desenvolvido em parceria
com a Altran e Healthways.
Entrevista com Jerôme Faggion
Qual o âmbito da parceria entre
a Altran e a Healthways?
A parceria entre a Healthways Inc e a Altran
pretende juntar os 30 anos de experiência
global na entrega de soluções para a gestão de doenças com a experiência local do
ambiente TI da CNAMTS (fundo nacional de
seguros francês para trabalhadores) e a contextualização de provisionamento de serviços
TI no sistema de saúde francês e no próprio
CNAMTS. Esta parceria, apoiada pelos especialistas da nossa atividade a nível internacional, tem acesso a um nível de experiência
único na implementação e entrega de apoio
telefónico led para doenças crónicas.
A Healthways é uma organização mundial
dedicada à melhoria do bem-estar, com foco
na gestão da doença, melhoria dos cuidados
de saúde do paciente e na implementação de
programas com diferentes parceiros a nível
mundial que permitam tornar estes objetivos
numa realidade. Para o programa Sophia, a
Healthways contribuiu com a sua experiência
na construção de um programa de gestão de
doença à larga escala, ao trazer os seus especialistas para todas as áreas do programa (TI,
organização de centros de saúde, recursos
humanos, qualidade, ...) A Healthways fornece também o seu software de saúde e suporte
de cuidados, Embrace.
Em contrapartida a Altran contribuiu com os
seus especialistas em gestão de projeto e TI
20
INNOVATE
Nº 01
e ainda tem competências relativamente à
compreensão do ambiente da esfera de saúde social em França. Assim, a parceria com
a Healthways permite uma resposta ótima às
necessidades do CNAMTS e dos pacientes.
O projeto Sophia tem como objetivo
recrutar mais de 350mil pacientes.
Que pacientes podem beneficiar deste projeto, e , uma vez integrados no
projeto, quais os próximos passos?
Na seleção dos pacientes utilizamos uma
abordagem que segmenta os diversos tipos
de pacientes em cinco níveis de risco. Isto
permite-nos ter uma gestão mais eficiente
de acordo com o nível de ajuda que cada paciente necessita. Classificar o paciente em
diferentes níveis, permite-nos também realizar um melhor acompanhamento das suas
mudanças comportamentais, o que é fundamental para proporcionar benefícios para a
sua saúde.
Através do rápido acesso que temos ao programa, é possível intervir logo no estado
inicial da doença, o que é fundamental para
obter os melhores resultados para o paciente.
Neste momento, o nosso objetivo é promover
este programa nas populações elegíveis, garantindo que o acesso seja igual para todos.
Em França, organismos de saúde nacional e
médicos têm um papel fundamental no que
diz respeito à promoção do programa; explicando quais as oportunidades para os pacientes que desejem fazer parte do Projeto
Sophia.
Quando os pacientes entram para este programa e são envolvidos, através do preenchimento de um formulário pelo seu Médico de
Família, os enfermeiros contactam-nos para
lhes dar as boas-vindas. Seguidamente, o
plano de ação é definido e, futuramente, o
paciente passa a ser seguido através de telefonemas regulares, a fim de obter um melhor
acompanhamento.
Em que consiste exatamante o tratamento?
O nosso modelo de serviço para o Programa
Sophia é baseado em:
(1) Contacto telefónico proativo e programado com os pacientes (ao que chamamos “Care
Calls”) . Estes telefonemas são um elemento-chave para a interação entre o paciente e o
enfermeiro do projeto Sophia. Representam
uma oportunidade para criar um impacto
positivo na saúde dos pacientes, através do
apoio ou desenvolvimento de um plano de
ação, na educação e nas mudanças comportamentais dos pacientes. Para além disso,
este apoio tem como objetivo reforçar quais
as melhores práticas clínicas que o paciente
deve adotar.
(2) Apoio através de uma rede telefónica interna que permite a qualquer paciente contactar um enfermeiro do projeto Sophia.
(3) Oferta de conselhos de saúde e materiais
de coaching comportamental de alta qualidade criados especificamente para pacientes
em condições crónicas. Estes conselhos podem ser dados ao paciente através de e-mail
ou correio; dependendo da sua situação.
(4) Uma solução completa integrada de forma
eficaz com o ambiente tecnológico
ENTREVISTA
Quais os benefícios sociais e económicos deste projeto para a sociedade?
Os principais custos subjacentes a qualquer
sistema de saúde são as doenças crónicas
e as suas causas. Cuidados específicos para
pessoas com doenças crónicas correspondem a 60% dos custos totais de saúde franceses. Este número tem tendência a aumentar,
uma vez que não existem esforços generalizados e eficazes para prevenir e gerir estas
situações. Assim, inverter a curva dos custos
requer uma diminuição substancial na procura de cuidados de saúde.
O nosso modelo tem como objetivo central
estabilizar e melhorar a saúde e o bem-estar
do paciente. Isto, apenas é conseguido através de apoio e do desenvolvimento de um
plano de ação que leva o paciente a gerir
os seus próprios cuidados. Este modelo permite também que o enfermeiro do projeto
Sophia verifique e oriente o paciente através
de chamadas telefónicas. Através deste plano de assistências existe uma contribuição
conjunta de diferentes intervenientes: o paciente, o seu médico de família, o enfermeiro
do projeto Sophia e eventualmente de outros
profissionais de saúde.
Este conjunto de medidas traduz-se em inúmeros benefícios sociais. Do ponto de vista
económico também existem numerosas vantagens, uma vez que a gestão precoce de
uma doença é sempre economicamente mais
benéfica. Se a doença for detetada no seu es-
Jerôme Faggion
Quantos enfermeiros, médicos e profissionais de saúde estão envolvidos
de forma a apoiar este extenso número de pacientes?
O serviço de gestão de doença telefónico do
projeto Sophia deve ser oferecido por enfermeiros qualificados. Estes profissionais que
já têm uma experiência consolidada no sistema de saúde francês e recebem ainda formação adicional para que a sua compreensão e
gestão das necessidades dos pacientes que
apoiam via telefone seja completa.
De momento, temos dois centros de apoio
em França, mais especificamente em Nice e
Albi. Há cerca de 70 enfermeiros que trabalham no programa sophia debaixo da responsabilidade de dois médicos. No plano de atividades o CNAMTS prevê a abertura de mais
3 a 5 centros de apoio na França com um deles nas ilhas francesas. O objetivo é ter cerca
de 300 enfermeiros que irão apoiar mais de
350.000 pacientes.
tado inicial não é necessário recorrer a intervenções “críticas”, que acabam por ser menos
económicas. Deste modo, até à conclusão
do programa, serão reduzidos custos, especialmente através da redução das admissões
hospitalares.
Este tipo de tratamento é viável para
outras doenças crónicas? Que passos
estão a ser tomados neste sentido?
Como temos sempre falado na gestão de
doenças crónicas no geral, é sem dúvida possível, e estamos já a trabalhar em alargar o
modelo do projeto Sophia para adaptá-lo a outras condições.
De momento, Sophia é apenas para pacientes
que sofrem de diabetes.
Esforços estão a ser feitos para apoiar pacientes que sofrem de cancro, problemas cardíacos, etc. Um paciente pode entrar no programa como diabético, mas uma vez utiliza a
plataforma Embrace, o seu plano de ação, objetivos pessoais, e serviços de apoio à doença
crónica são personalizados às suas necessidades do momento e circunstâncias pessoais; e
não simplesmente à condição de um diabéti-
co. Também endereçamos as co-morbidades
associadas à doença crónica.
quem financia este projeto?
O programa Sophia é um programa público
financiado e gerido pelo CNAMTS (o seguro
público francês). CNAMTS pretende no final do
contrato estabelecer-se como um operador de
gestão de doenças por si só.
Consegue destacar o que tem sido o
maior sucesso deste projeto desde que
a Altran começou a trabalhar nele?
O maior sucesso foi terminar o processo de elaboração e entrega da proposta. Foi um longo
processo: (1) mais de 6 meses para construir
uma parceria com a Healthways com viagens
até à Alemanha e os Estados Unidos depois (2)
outros 6 meses para o concurso com base no
processo público francês e o diálogo concorrencial que isso envolve.
Para já ainda é muito cedo para falar de outros sucessos, pois ainda estamos nas fases
iniciais. No entanto estamos confiantes, dada a
qualidade da nossa solução Embrace e a gestão
de cuidados específica baseada num processo
de coaching de um para um.
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INTERNACIONAL
O CARRO DO
FUTURO -
connected car
O carro do futuro é o connected car. Um carro que permite aos
condutores e passageiros estar ligado a todos os seus outros
dispositivos eletrónicos, GPS, telemóvel, email, ... - de forma segura e
eficiente.
TEXTO de BRUNO CASADINHO
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© Robert Filip - Fotolia.com
INTERNACIONAL
CAPÍTULO
I
magine um carro que muda automaticamente de mudanças conforme
indicações do GPS, que se liga a uma
cloud digital para ler os e-mails do
condutor ou relembrá-lo de compromissos marcados... não se trata de
ficção científica mas sim de uma visão do futuro próximo, quando falamos de um mundo
conectado e mais especificamente do conceito de connected car.
Esta tendência, é já uma aposta real dos setores automóvel e telecomunicações, que acreditam que em 2015 já 60% dos carros estarão
conectados, com as principais componentes
do veículo elétricos.
A QUESTÃO DA SEGURANÇA
Ao mesmo tempo que a simplicidade é indispensável quando falamos de dispositivos
elétricos no carro, a questão da segurança
de dados é também de extrema importância. A investigação da Altran no campo de
HMI (Human-Machine Interfaces), é uma contribuição de grande valor ajudando a tornar
os sistemas mais compreensíveis e intuitivos
para o utilizador. O protótipo atual da Altran
suporta um comando de direção do volante e
reconhecimento da voz e poderá vir a incluir
no futuro funcionalidades de ecrã táctil.
No entanto, a questão mais relevante que se
coloca neste momento é se se pode garantir o funcionamento impecável dos sistemas
conectados quando se trata de segurança de
dados e segurança do utilizador, protegido
contra ataques externos e outro tipo de ris-
cos.
A Altran desenhou uma plataforma para o
“veículo conectado” com base no processador Intel. Integrado com o sistema elétrico do
carro, torna o carro parte de um ecossistema
digital ao fornecer-lhe uma segurança embutida obrigatória. Apenas aplicações certificadas disponíveis de uma loja online podem ser
descarregadas e utilizadas no carro.
A PLATAFORMA DO FUTURO
A plataforma para o connected car tem uma
rica ligação com o mundo externo, abrindo as
portas do carro para todo um novo mundo e
permitindo os utilizadores a descarregar aplicações e serviços de uma loja de aplicações.
As aplicações que não são certificadas não
poderão ser utilizadas no carro garantindo
uma experiência “conectada” e segura na estrada.
Uma integração perfeita usando tecnologias
wireless relevantes é um dos fatores de sucesso chave. O dispositivo de integração
transparente da Altran utiliza uma tecnologia que permite uma integração perfeita das
aplicações móveis para o interior de um carro
mas também adapta o ambiente do veículo
garantindo que se obtém o máximo proveito
da experiência no carro.
A Altran é também um dos parceiros-chave
responsável pelo desenvolvimento de uma
plataforma para o “connected car”, onde contribui com a sua experiência para reduzir o
time-to-market, ter custos mais baixos e a
inovação acelerada.
O dispositivo
de integração
transparente da
Altran utiliza
uma tecnologia
que permite uma
integração perfeita
das aplicações móveis
para o interior de um
carro mas também
adapta o ambiente
do veículo garantindo
que se obtém o
máximo proveito da
experiência no carro.
INNOVATE
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