Tema: Sociedade, Mercado e Sustentabilidade. Análise de Desenvolvimento Agroindustrial Paraense segundo a Matriz InsumoProduto - Ano 2002 Introdução: O processo de desenvolvimento econômico local está diretamente relacionado com o desenvolvimento e com a eficiência econômica das cadeias produtivas locais. A formação da cadeia produtiva até o estágio final da produção, ou seja, até a industrialização, agrega maior valor à produção, que terá efeitos diretos e indiretos, bem como impactos positivos sobre a renda, o produto e o emprego. Nesse sentido, o planejamento do desenvolvimento tem como ferramenta a matriz de insumo produto criada por Leontief (1988), que permite visualizar o retrato da economia e as relações inter setoriais. Desse modo é possível identificar os setores estratégicos que impulsionam o desenvolvimento, o crescimento econômico e os setores que poderão ser estimulados para uma melhor dinâmica econômica na região. Objetivo O objetivo desse trabalho foi avaliar a importância da agroindústria, com base nos multiplicadores de produto, emprego, renda e de importação, assim como averiguar se este segmento pode ser considerado como setor-chave na economia paraense. Utilizouse como modelo de análise a MIP do Pará de 2002. Metodologia A metodologia utilizada para identificar o nível de relações setoriais no estado será a Matriz Insumo-Produto do ano de 2002 do estado do Pará, elaborada a partir de dados secundários do IBGE. Dessa forma, a partir do setor agroindustrial foram analisados os efeitos diretos e indiretos; os efeitos dos multiplicadores sobre o emprego, a renda e a importação; e a matriz de coeficientes técnicos. A matriz insumo produto foi criada pelo economista russo Wassily W. Leontielf (1988) por atender as análises de impactos específicos dos setores em estudo e viabilizar instrumentos de planejamento econômico. De acordo com Vasconcellos (2006), a matriz de insumo produto representa uma radiografia da estrutura da economia, pois mostra o que cada setor de atividade compra e vende para outros setores. Assim, considera também bens e serviços intermediários (inter-setoriais). Na Matriz Insumo-Produto, cada setor é relacionado duas vezes: Em linha (para onde cada setor vende); Em coluna (o que cada setor compra). Portanto, a Matriz Insumo-Produto permite estabelecer os coeficientes técnicos de produção, calculados pelo total de gastos com insumos de cada setor pelo Valor Bruto da Produção (VBP). O conhecimento desses coeficientes permite fazer previsões da produção de cada setor, de acordo com os parâmetros direcionados pela demanda de cada mercado. Dessa forma, a análise da matriz insumo-produto permite duas análises da matriz, que resultam na determinação do produto ou do PIB de cada setor em análise, pela ótica da renda e do produto. Na análise vertical, obtém-se o PIB pela ótica da renda, determinado pelas compras ou gastos na composição do produto e pela remuneração dos fatores de produção (salários, lucros e impostos líquidos). Na análise horizontal, obtém-se o PIB pela ótica do produto, determinado pelas vendas, de determinado setor aos demais setores da economia, bem como, pela demanda das famílias, das empresas e do resto do mundo, compondo dessa forma o Produto ou PIB setorial Xi. (Santana, 2005) Nesse sentido, o fluxo circular da renda dentro de uma economia aberta representa o fluxo da renda entre as famílias, as unidades produtivas, o governo e o resto do mundo. Esse é representado pelo fluxo real e fluxo monetário; o fluxo real representa a produção de bens e serviços das unidades produtivas para atender às demandas das famílias e do mercado externo. O fluxo monetário representa a remuneração do fluxo real, expressa pela remuneração dos fatores de produção (valor adicionado) das empresas às famílias (salários, lucros, royaltes, aluguéis), que é reinvestido nas unidades de produção, pelas demandas finais. (Vasconcellos, 2006). Análises de resultados: A matriz de efeitos globais mostra os impactos nos setores econômicos do estado, quando demandados por uma unidade monetária exógena. A interpretação da tabela de impacto de Leontief (1988), apresenta os respectivos impactos, determinados pelos efeitos para frente e para trás. A identificação de atividades chaves é feita com base nos efeitos de ligação inter setorial para frente e para trás. Através desses indicadores consegue-se identificar os setores que apresentam maior poder de encadeiamento dentro da economia, assim sendo a regra de cada efeito tanto para trás como para frente sejam iguais ou superiores à unidade. Dessa forma, constatou-se 5 setores chave para a dinamização da economia local, em 2002. Segundo Santana (2006), essa dinamização já estava relacionada aos setores considerados essenciais (lavoura temporária, pecuária de pequeno porte, madeira, mineral e transformação) na matriz insumo produto do estado do Pará em 1999, identificados como insumos e formadores de encadeamentos à montante para agroindústria do estado. Nesse sentido, a agroindústria representa maior valor agregado ao produto final e dinamiza a economia através de seus efeitos multiplicadores. Dessa forma, na tabela 1, a agroindústria no estado do Pará tem efeitos para trás expressivos de 1,19, ou maior que 1. Esse resultado já era esperado pela característica da própria atividade, que demanda diversos setores para trás na sua cadeia produtiva. No entanto, tem fraco efeito para frente, visto que o processo de industrialização na agricultura já é caracterizado como estágio final da cadeia de produção. Análise de Multiplicador de produto: O multiplicador do produto para o setor foi de 1,59, isso mostra que em resposta ao incremento na demanda exógena de R$1,00 por produto na agroindústria, o efeito multiplicador do produto em toda economia é de 1,59, ou seja deve-se crescer o VBP na magnitude de 1,59. Análise de Multiplicador de Renda e Emprego: Os multiplicadores da renda e do emprego do setor agroindustrial foram de 2,17, isso mostra que para atender a demanda exógena de R$1,0, a massa de renda e emprego deve crescer 2,17 como resultado da reação interna do setor. Análise de Multiplicador de Importação: O multiplicador de importação do setor agroindustrial foi de 1,5, isso representa que em resposta ao crescimento de R$1,0 na demanda exógena, o setor deve aumentar a importação em 1,5. Representando alto grau de dependência com o setor externo. Conclusão: Com base nas análises dos multiplicadores de produto, renda, emprego e importação, conclui-se que a agroindústria possui importância significativa e estratégica para a economia paraense, uma vez que as relações inter setoriais à montante, ou seja, para as atividades de fornecedores de insumos e serviços são fortes, de forma a encadear um forte impacto e dinamização na economia local. No entanto o efeito multiplicador de importação revela uma grande dependência do setor agroindustrial com os setores externos. Sinalizando nesse ponto uma maior atenção para políticas públicas. Dessa forma a análise dos multiplicadores de produto, renda e importação foram maiores que 1, representam assim, valores expressivos e de impactos significativos na economia do estado. Chama-se atenção aos efeitos dos multiplicadores da renda e do emprego, de 2,17. Dessa forma os multiplicadores da renda e de emprego possuem impactos diretos sobre o crescimento e desenvolvimento do estado. Portanto conclui-se que a agroindústria no estado do Pará representa setor estratégico na dinâmica do desenvolvimento e crescimento do estado, gerando impactos diretos e indiretos expressivos sobre o emprego e a renda. No entanto o multiplicador de importação de 1,5, sinaliza que o setor agroindustrial é dependente de insumos externos. Portanto políticas públicas deverão incentivar a cadeia produtiva da agroindústria no estado do Pará, com especial observação para os insumos importados, que se incorporados e produzidos no Pará, determinaram uma melhoria dos efeitos multiplicadores sobre o desenvolvimento do estado. Referência Bibliográfica: Filgueiras, Gisalda Carvalho; Santana, Antonio Cordeiro de; Amin, Mário Miguel: ADinâmica da agroindústria animal no estado do Pará, uma análise de insumoproduto, Amazônia: Ci & Desenv., Belém, v.2, n.3, julh/dez.2006. Vasconcellos, Marco Antonio Sandoval de, Manual de macroeconomia: nível básico e intermediário. 2 ed. SP: Atlas, 2006. Santana, Antonio Cordeiro de, et, al: Matriz de contabilidade social e crescimento intersetorial da Amazônia, Belém, ADA, 2005.175p. Cunha, Altivo R. A. de Almeida: Uma metodologia de análise do desenvolvimento agroindustrial, texto para discussão n. 114, BH, UFMG/CEDEPLAR, 1997.