ANÁLISE DA DECOMPOSIÇÃO ESTRUTURAL DA CADEIA PRODUTIVA VIA MATRIZ INSUMO PRODUTO DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR, BRASIL, 2009. Cleverson Neves Mestrando em Economia Regional - UEL e-mail: [email protected] Emerson Guzzi Zuan Esteves Doutorando em Economia - UEM e -mail: [email protected] Marcos Aurélio Brambilla Mestrando em Economia Regional - UEL e-mail: [email protected] Umberto Antonio Sesso Filho Professor Doutor do Programa de Mestrado Economia Regional - UEL e-mail: [email protected] Márcia Regina Gabardo da Câmara Professora Doutora do Programa de Mestrado Economia Regional - UEL e-mail: [email protected] ÁREA TEMÁTICA: 2. Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente. RESUMO O objetivo da pesquisa é estimar para o ano de 2009 a Matriz Insumo Produto Municipal de Toledo-PR, situado na região oeste do estado do Paraná, representando cerca de 12,5% do total dos municípios, Toledo está entre as três regiões do oeste com maior número de habitantes. A metodologia aplicada no estudo agrega-se as 42 categorias da MIP 2009 para 20 setores, pois este ajuste foi necessário tendo em vista as aptidões locais e também para compatibilizar com os dados das 87 categorias da CNAE. Na pesquisa foi identificado que o setor: (8) Industrias Químicas e Farmacêutica, é o setor motriz da economia toledana, contendo o maior poder de encadeamento entre os setores da cadeia produtiva local. Foram também analisados os efeitos sobre os multiplicadores da produção, emprego e remunerações. É importante observar os grandes desafios que a economia regional proporciona em termos de riqueza, estabilidade econômica, prosperidade e concentração de segmentos de mercados. A identificação dos melhores multiplicadores e dos setores chave é o primeiro passo para formulações estratégicas de políticas setoriais que fomentam de fato o crescimento econômico, e, por conseguinte, ganhos reais nas remunerações. Palavras-chave: Matriz Desenvolvimento Regional. Insumo-Produto, Emprego, Renda, Produção, ABSTRACT The objective of the research is to estimate for the year 2009 to the Input Product Toledo Municipal-PR, located in western Paraná state, representing about 12.5% of all municipalities, Toledo is among the three regions of the west with larger populations. The methodology applied in the study assembles the 42 categories of the MIP 2009 to 20 sectors, because this adjustment was necessary in view of the local skills and also to match with the data of the 87 categories of the NCEA. In the survey it was identified that the sector: (8) Chemical and Pharmaceuticals, Industry is the driving sector of the economy toledana containing the highest power of linkage between sectors of the local supply chain. We also examined the effects on multipliers of output, employment and wages. It is important to note the major challenges that the regional economy provides in terms of wealth, economic stability, prosperity and concentration of market segments. The identification of the best multipliers and key sectors, is the first step to strategic formulation of sectoral policies that actually promote economic growth and therefore real gains in wages. Keywords : Matrix Input-Output , Employment , Income , Production and Regional Development . INTRODUÇÃO O objetivo desse artigo é estimar a matriz Insumo-produto do município de Toledo-Pr, a partir da matriz de insumo-produto do Brasil estimada para o ano de 2009 pela metodologia de Guilhoto e Sesso Filho (2005). O Município de Toledo está situado na Região do Oeste Paranaense, em uma área de colonização recente. Sua efetiva ocupação deu-se nas décadas de 1940 e 1950, tanto que, em 1960, havia apenas cinco Municípios na Região: Foz do Iguaçu, Cascavel Toledo, Guaíra e Guaraniaçu, porém atualmente conta com 9 distritos: Concórdia do Oeste, Dez de Maio, Dois Irmãos, Novo Sarandi, São Luiz do Oeste, São Miguel, Vila Ipiranga, Vila Nova e Novo Sobradinho. O município toledano tem aproximadamente (1,5%), um e meio por cento do PIB paranaense, e uma renda per capita média de R$ 20.571,00, acima da média nacional que foi de R$ 19.700,00. (IBGE, 2013). A região oeste concentra uma população de mais de um milhão e cem mil habitantes, distribuídos em 51 municípios. Destes municípios destacamos as que possuem uma população superior a 100.000 habitantes, dentre elas estão; Foz do Iguaçu, Cascavel e Toledo, sendo esta última possuidora de uma população de 119.313 mil habitantes, em média 100 habitantes/km2, ou seja, 1 a 3 pessoas por família. Segundo estudo apresentado pelo IPARDES (2013), o IDH médio do município de Toledo é de 0,768, acima da média brasileira que é 0,749, de acordo com o relatório da PNUD (2013), demonstrando que o município contribuiu positivamente no índice. Em 2012, o cenário alarmante de uma possível crise econômica mundial sem precedentes impõe limites e diferentes possibilidades para o atual modelo de desenvolvimento e crescimento brasileiro, pois o principal problema contemporâneo enfrentado por muitos países gira em torno da desindustrialização e da competitividade. O desenvolvimento regional e as estruturas produtivas locais passaram a ter um novo papel na geração de emprego e renda da sociedade brasileira com as estruturas voltadas para o comércio inter e intra-regional. Os investimentos em educação, tecnologia e na redução das desigualdades de renda são extremamente necessários para um modelo de desenvolvimento e crescimento sustentável. O artigo discute a relevância do setor privado na reestruturação da capacidade produtiva paranaense na região de Toledo, destacando a atual redução do poder público na conformação espacial das atividades econômicas. A estratégia de crescimento envolve análise dos efeitos de políticas econômicas e sociais voltadas para o desenvolvimento de setores que incrementaram o ritmo de crescimento da produção e estimularam o crescimento e desenvolvimento local e regional, tornando a região mais dinâmica e produtiva, contribuindo para alterar significativamente a posição competitiva da região estudada, atraindo e fomentando novos investimentos nas cadeias produtivas instaladas na região de Toledo. O crescimento econômico do oeste paranaense foi expressivo no início do século XXI. A evolução da economia regional contrastou com dois fenômenos espaciais: a polarização e a difusão percolativa. A polarização se reflete na concentração das atividades produtivas dos municípios paranaenses, dentre podemos destacar: Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu. A difusão percolativa surge dos ganhos em produtividade e da expansão de determinado setor nos municípios periféricos, paralelo ao fortalecimento da capacidade de polarização que determinado município possui. Entretanto, Toledo mantém uma economia dinâmica apesar da periferia avançar no processo de desenvolvimento econômico.(IPARDES, 2013). A justificativa do estudo da região de Toledo é proporcionar a identificação dos setores chaves e das indústrias motrizes do crescimento regional e agregar maiores conhecimento sobre a economia do oeste paranaense, bem como, suas características, aptidões, mostrando os resultados de investimentos de longo prazo. Adicionalmente, há poucos estudos analisando municípios no Brasil. Ao estimar as MIPs (Matriz Insumo-Produto) revela-se o potencial regional, possibilitando a identificação os efeitos derivados do investimento tecnológico e o potencial de especialização regional, bem como, suas principais tendências. O objetivo geral desse artigo é estimar a matriz insumo-produto do município de Toledo-Pr. A metodologia adotada possibilita a identificação dos setores-chave e a mensuração do efeito transbordamento do crescimento, a partir da adoção de novas tecnologias nas indústrias dinâmicas. Serão calculados os indicadores: Índice de ligação para frente e para trás, Geração de emprego direto e indireto e os Multiplicadores emprego tipo I, Gerador de remuneração direto e indireto e os Multiplicadores de remuneração do tipo I e Multiplicadores de produção do tipo I. Existe um limitado número de estudos sobre matrizes de insumo-produto municipais e o presente trabalho adota a metodologia proposta por Brene et. al. (2010), neste artigo foi feito uma agregação das 42 categorias das MIPS do Brasil disponibilizadas em www.usp.br/nereus, para 20 setores - considerando-se a construção e estimativa de sistemas estaduais e para países. A metodologia é replicável para outros municípios brasileiros. O estudo é inovador porque através da proxy produção, emprego e renda conseguem-se estimar as matrizes de Insumo-Produto dos municípios, identificando os setores-chave. É efetuada uma desagregação da produção do município ao restante do estado, visto que, usualmente estimam-se as matrizes de países e estados. O artigo está estruturado em seis seções: a primeira seção de natureza introdutória apresenta o objetivo e a justificativa da pesquisa; a segunda discute contribuições teóricas e empíricas no campo de matriz insumo–produto que abordam os municípios, na terceira temos as explanações metodológicas e as fontes de dados utilizadas, na quarta seção apresentamos os resultados e contribuições, e, por conseguinte as considerações finais e as referências utilizadas. 2. MÉTODOS DE ECONOMIA REGIONAL E MATRIZES DE INSUMO PRODUTO: TEORIA E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS. O desenvolvimento econômico regional é primordial para a estabilidade da atividade econômica e social do país. A análise regional permite identificar as estruturas voltadas para o comércio inter e intra-regional, para a análise produtiva e seus encadeamentos para frente e para trás, assim como verificar o transbordamento desse crescimento. Há diversas abordagens no campo regional e muitas transformações têm sido verificadas, como destacam Filho (2001), Araújo(1999), Sesso Filho(2010) e Guilhoto e Sesso Filho(2011). Nos últimos anos as teorias de desenvolvimento regional sofreram grandes transformações, de um lado provocadas pela crise e pelo declínio de muitas regiões tradicionalmente industriais e, de outro, pela emergência de regiões portadoras de novos paradigmas industriais. (FILHO, 2001). O novo contexto no qual se situa a economia e a sociedade brasileiras, que começa a redefinir sua estrutura econômica, as relações de trabalho e as formas de inserção do país no contexto internacional, deve constituir-se um ponto de partida e condicionante significativo para uma política de desenvolvimento regional.(ARAUJO, 1999). A reestruturação produtiva da economia brasileira ocorrida a partir da década de 1990 em conjunto com a desconcentração industrial e a maior inserção do Brasil no comércio internacional promoveu o aumento dos fluxos de bens e serviços entre as regiões do país. A maior interdependência entre setores de diferentes regiões faz com que o aumento da produção em um determinado setor da economia tenha efeitos sobre produção, emprego e renda na economia local e em outras partes do país em setores relacionados direta ou indiretamente à atividade econômica que sofreu o impacto inicial do aumento de sua demanda final. Assim, torna-se importante conhecer o efeito transbordamento, o efeito indireto do aumento de produção de um determinado setor fora de sua região de origem.(SESSO FILHO, 2010). Guilhoto e Sesso (2011), afirmam que a identificação de setores-chave para a geração de produção, emprego e valor adicionado e a mensuração dos fluxos de produtos e serviços entre a região e o restante do Brasil tornará possível estabelecer estratégias de desenvolvimento da região e projetos que proporcionem o maior retorno em termos de desenvolvimento econômico e social. Segundo Rodrigues et al. (2008) alguns trabalhos foram desenvolvidos para o Brasil com o objetivo de estudar a sinergia entre regiões, como os de Guilhoto et al. (1998), Guilhoto et al. (1999), Guilhoto et al. (2001), e/ou o transbordamento do multiplicador de produção (Sesso et al., 2003). Para o Paraná, estudos sobre sinergia foram realizados por Moretto (2000) e Simões et al. (2003). Para os municípios Brene et. al. (2010) estimou a Matriz insumo-produto de São Bento do Sul-SC. 3. FONTE DE DADOS E METODOLOGIA Utiliza-se a matriz de insumo-produto inter-regional Estado-Restante do Brasil para o ano de 2004 construída a partir da estimativa da matriz nacional cuja metodologia definida em Guilhoto e Sesso Filho (2005). Estes autores apresentam a metodologia para estimativa da matriz de insumo-produto do Brasil para 2009, a partir de dados preliminares das contas nacionais. Outra fonte de dados utilizada foi a RAIS – Relação Anual de Informações Sociais e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), na qual, com esses dados é possível estimar a massa salarial de cada setor e as atividades do município estudado. Neste artigo foram agregadas 42 categorias para o desenvolvimento das MIPS do Paraná para 20 setores1. Este ajuste foi necessário tendo em vista as aptidões locais e também para compatibilizar com os dados das 87 categorias da CNAE. Aplicou-se também o método do quociente locacional. (MILLER; BLAIR, 2009). Agregou-se o setor com valor do salário nominal zero na RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de acordo com a CNAE. São setores de menor importância em termos de formalidade do trabalho nos municípios estudados. A utilização da remuneração média nominal é necessária, pois esse valor será a Proxy de renda para a realização dos cálculos do multiplicador/gerador. Na matriz estimada do Paraná 2009, os valores são dados em unidades monetárias (R$) não em unidades de salários mínimos. A falta de valores em alguns setores apenas representa que (formalmente - de acordo com os critérios da RAIS) não tem pessoas "registradas" naquele setor. Assumindo que os valores que representam a remuneração média nominal do setor no Paraná e no município, estejam respectivamente nas colunas de BH e BI, conforme uma planilha de Excel. Por exemplo: no setor DIVISAO 01-- AGROPECUÁRIA, a remuneração média nominal no Paraná é R$1.000,00 e no município é R$ 799,99. Já o valor na coluna BJ é o que foi chamado de "indicador de produtividade", BI/BH, para o mesmo setor o valor é 0,799. Tal valor representa se o município é mais (> 1) ou menos (< 1) produtivo, em relação à cadeia produtiva do 1 Disponível em www.usp.br/nereus, Paraná. O indicador de produtividade será multiplicado pela participação do número de trabalhadores do município em relação ao Estado, demonstrando uma porcentagem para o cálculo da produção municipal. A síntese, por setor seria: • Índice de participação = (No. Trabalhador do município / No. Trabalhador do Paraná). • Índice de produtividade = (Massa Salarial do município / Massa Salarial do Paraná). • Multiplicador é igual = (Índice de participação x Índice de produtividade). • A Produção do Município = (Produção do Paraná x Multiplicador). A lógica tem base no raciocínio que a produção é dada por Capital e Trabalho. Este último é analisado de forma direta pela primeira relação da fórmula, já o capital é determinado pelo Índice de produtividade. O trabalho é determinado pelo Índice de participação. Para a análise dos dados do município foram calculados: • Coeficientes locacional de impactos entre setores, • Gerador de emprego e renda/remunerações • Multiplicadores de produto, emprego e renda/remunerações. • Índices de Rasmussen/Hirschman (para frente e para trás). Para todos os cálculos e análises utilizaremos o Gerador e Multiplicadores do tipo I, de Toledo e do Resto do Paraná. 3.1. MATRIZ INSUMO PRODUTO As matrizes de insumo-produto podem ser estimadas ou construídas. Os sistemas construídos demandam considerável volume de dados e tempo de trabalho, enquanto as matrizes estimadas necessitam de uma base de dados menor. As matrizes de insumo-produto inter-regionais permitem uma análise detalhada do sistema econômico. Vejamos na ótica de alguns autores: A estrutura matemática de um sistema de insumo-produto consiste em um conjunto de n equações lineares com n incógnitas: portanto, representações de matrizes podem ser facilmente utilizadas. Enquanto que as soluções para o sistema de equações de entrada-saída, através de uma matriz inversa, são simples matematicamente, descobrimos que existem interessantes interpretações econômicas para alguns resultados algébricos. (MILLER; BLAIR 2009). A análise de insumo produto ou análise das relações interdependentes é, atualmente, uma importante ramificação da economia difundida em todo o mundo e amplamente empregada, tanto em economias desenvolvidas quanto desenvolvimento. (RODRIGUES; MORETTO, SESSO FILHO, KURESKI, 2006). em O modelo de insumo-produto geral para a economia brasileira apresenta as informações numa abordagem do tipo enfoque produto por setor a preços básicos permitindo que cada produto seja produzido por mais de um setor e que cada setor produza mais de um produto, ou seja, existe uma matriz de produção e outra de uso dos insumos. (FERNANDO, 2003). O uso da matriz insumo-produto é fundamental na implementação de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, bem como, o direcionamento para o desenvolvimento de outras regiões e até países, no intuito de reduzir as desigualdades econômicas e, por conseguinte sociais. 3.2. MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO INTER-REGIONAL O modelo inter-regional de insumo-produto, também chamado de “modelo Isard”, devido à aplicação de Isard (1951), requer uma grande massa de dados, reais ou estimados, principalmente quanto às informações sobre fluxos intersetorial, intraregional e inter-regional. O Quadro 1 a seguir apresenta, de forma esquemática, as relações dentro de um sistema de insumo-produto inter-regional com duas regiões. Quadro 1 - Relações de Insumo-Produto num sistema inter-regional. Setores - Município L Setores – Restante do Brasil M Demanda Final Y Setores Município L Produção Insumos Intermediários LL Insumos Intermediários LM LL LM SetoresRestante do Brasil M Total L Produção Insumos Intermediários ML Insumos Intermediários MM ML MM Total M Importação Resto Mundo (M) Importação Resto Mundo (M) M-L M-M M Impostos Ind. Liq. (IIL) Impostos Ind. Liq. (IIL) IIL - L IIL - M IIL Valor Adicionado Valor Adicionado Produção Total Região L Produção Total Região M Fonte: Adaptado de Moretto (2000). Complementando o sistema regional, no sistema inter-regional há uma troca de relações entre as regiões, exportações e importações, que são expressas por meio do fluxo de bens que se destinam tanto ao consumo intermediário quanto à demanda final. De forma sintética, pode-se apresentar o modelo, a partir do exemplo hipotético dos fluxos intersetoriais e inter-regionais de bens para as regiões L e M, com 2 setores, como se segue: Z ijLL - fluxo monetário do setor i para o setor j da região L, ZijML - fluxo monetário do setor i da região M, para o setor j da região L. Na forma de matriz, esses fluxos seriam representados por: Z= ⎡ Z LL ⎢⎣ Z ML Z LM ⎤ Z MM ⎥⎦ (1) em que; Z LL e Z MM , representam matrizes dos fluxos monetários intraregionais, e; Z LM e Z ML , representam matrizes dos fluxos monetários interregionais. Considerando a equação de Leontief (1951 e 1986) X i = z i1 + z i 2 + ... + z ii + ... + z in + Yi (2) em que, X i indica o total da produção do setor i, z in o fluxo monetário do setor i para o setor n e Yi a demanda final por produtos do setor i, é possível aplicá-la conforme, X 1L = z11LL + z12LL + ... + z11LM + z12LM + ... + Y1L (3) em que X 1L é o total do bem 1 produzido na região L. Considerando os coeficientes de insumo regional para L e M, obtém-se os coeficientes intra-regionais: a LL ij = zijLL X jL ⇒ zijLL = aijLL . X Lj (4) em que, pode-se definir os a ijLL como coeficientes técnicos de produção que representam quanto o setor j da região L compra do setor i da região L e assim com os demais quadrantes. Estes coeficientes podem ser substituídos em (3), obtendo: X 1L = a11LL X 1L + a12LL X 2L + a11LM X 1M + a12LM X 2M + Y1L (5) As produções para os demais setores são obtidas de forma similar. Isolando, Y1L e colocando em evidência X 1L , tem-se: (1− a11LL )X 1L − a12LL X 2L − a11LM X M − a LM X M = Y L 1 12 2 1 (6) As demais demandas finais podem ser obtidas similarmente. Portanto, de ( ) acordo com A LL = Z LL X$ L −1 , constrói-se a matriz A LL , para os 2 setores, em que ALL representa a matriz de coeficientes técnicos intra-regionais de produção. LM MM ML Saliente-se que esta mesma formulação valeria para A , A , A . O sistema inter-regional completo de insumo-produto é representado por: ( I − A) X = Y , (7) e as matrizes podem ser dispostas da seguinte forma: ⎧⎪⎡ I M 0 ⎤ ⎡ A LL M A LM ⎤ ⎫⎪⎡ X L ⎤ K K ⎥ ⎬⎢ L ⎥ = ⎨⎢L L L⎥ − ⎢ K M ⎪⎩⎢⎣ 0 M I ⎥⎦ ⎢⎣ A ML M A MM ⎥⎦ ⎪⎭⎢⎣ X ⎥⎦ ⎡Y L ⎤ ⎢L⎥ ⎢⎣Y M ⎥⎦ (8) Efetuando estas operações, obtém-se os modelos básico necessário à análise inter-regional proposta por Isard, resultando no sistema de Leontief interregional da forma: X = ( I − A) Y . −1 (9) 3.3 QUOCIENTE LOCACIONAL. Segundo Guilhoto (2006) outra técnica descrita em Miller; Blair (1985) referese ao quociente locacional. Os autores apresentam três abordagens distintas para esta técnica. Todas as três procuram avaliar a tendência importadora dos setores. O quociente locacional simples é definido pela relação: ⎡ XR /XR ⎤ LQiR = ⎢ iN N ⎥ ⎣ Xi / X ⎦ (10) em que: X iR é a produção total do setor i da região R; XR é a produção total da região R; X iN é a produção nacional total do setor i; e XN é a produção nacional total. Esta relação mede a participação relativa do setor i na economia da região R em relação à participação do mesmo setor na economia nacional. Assim, procura estimar o potencial importador da região em relação aos produtos do setor i. Se LQi for menor que 1, significa que, em decorrência da região R ter uma produção proporcionalmente menor de produtos do setor i, há uma tendência a se importar este produto. Dessa forma, faz-se: aijRR = aijN ( LQiR ) (11) Se LQi for igual ou maior que 1, os setores que demandam os produtos correspondentes ao setor i não terão necessidade de importá-los, portanto: aijRR = aijN (12) O tratamento dado aos coeficientes regionais segue a metodologia do quociente simples. 3.4 ÍNDICES DE RASMUSSEN/HIRSCHMAN. A partir do modelo básico de Leontief, definido acima, e seguindo-se Rasmussen (1956) e Hirschman (1958), consegue-se determinar quais seriam os setores com o maior poder de encadeamento dentro da economia, ou seja, podem-se calcular tanto os índices de ligações para trás, que forneceriam quanto tal setor demandaria dos outros, quanto os de ligações para frente, que nos dariam a quantidade de produtos demandada de outros setores da economia pelo setor em questão. Deste modo, definindo-se bij como sendo um elemento da matriz inversa de Leontief B, B * como sendo a média de todos os elementos de B ; e B* j , Bi* como sendo respectivamente a soma de uma coluna e de uma linha típica de B , tem-se, então, que os índices seriam os seguintes: Índices de ligações para trás (poder da dispersão): . U j = B* j / n / B* (13) Índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão): . U i = Bi* / n B* (14) Valores maiores que um (1) para os índices acima se relacionam a setores acima da média, e, portanto, setores chave para o crescimento da economia. Uma das críticas sobre estes índices é a de que eles não levam em consideração os diferentes níveis de produção em cada setor da economia, o que é considerado quando se trabalha com o Índice Puro de Ligações Interindustriais. 3.5 MULTIPLICADORES: EMPREGO, REMUNERAÇÕES E PRODUCÂO. A partir dos coeficientes diretos apresentados na equação (20) e da matriz inversa de Leontief, é possível estimar, para cada setor da economia, o quanto é gerado direta e indiretamente de emprego, importações, impostos, salários/Remunerações, valor adicionado, etc. para cada unidade monetária produzida para a demanda final. Ou seja: n GV j = ∑ bij vi (15) i =1 em que: GV j é o impacto total, direto e indireto, sobre a variável em questão; bij é o ij-ésimo elemento da matriz inversa de Leontief e vi é o coeficiente direto da variável em questão. A divisão dos geradores pelo respectivo coeficiente direto gera os multiplicadores, que indicam quanto é gerado, direta e indiretamente, de emprego, importações, impostos, salários/remunerações ou qualquer outra variável para cada unidade diretamente gerada desses itens. Por exemplo, o multiplicador de empregos indica a quantidade de empregos criados, direta e indiretamente, para cada emprego direto criado no setor, já para remunerações o multiplicador de remunerações indicada a valor das remunerações criadas direta e indiretamente para cada remuneração gerada direto no setor. O multiplicador do i-ésimo setor seria dado então por: MVi = GVi vi (16) Em que MVi representaria o multiplicador da variável em questão e as outras variáveis são definidas conforme feito anteriormente. Por sua vez, o multiplicador de produção que indica o quanto se produz para cada unidade monetária gasta no consumo final é definido como: n MPj = ∑ bij (17) i =1 Em que MPj é o multiplicador de produção do j-ésimo setor e as outras variáveis são definidas segundo o expresso anteriormente. Quando o efeito de multiplicação se restringe somente à demanda de insumos intermediários, estes multiplicadores são chamados de multiplicadores do tipo I. Porém, quando a demanda das famílias é endogenizada no sistema, levando-se em consideração o efeito induzido, estes multiplicadores recebem a denominação de multiplicadores do tipo II, que neste caso não abordaremos neste artigo. 4. RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES A efetiva análise dos resultados mensurados no artigo, possibilita identificarmos os setores que mais destacam-se na economia toledana e que detêm o maior poder de encadeamento intersetorial. Ainda sim, é possível mensurar os setores com melhores multiplicadores de: Produção, Emprego Remunerações Analisamos neste estudo através da estimação da Matriz Insumo Produto Municipal, os indicadores econômicos do município toledano para o ano de 2009, e, contudo, esperamos contribuir positivamente com informações econômicas relevantes, e que no futuro possa ser ponderada quando das formulações de políticas de fomento dos setores da cadeia produtiva local. O perfil sócio econômico da região oeste paranaense pautado basicamente nos setores de comércio e serviços, ao longo de tempo encontrou na região de Toledo seu diferencial, pois, foi possível constatarmos através dos indicadores da Tabela 1, que o setor-motriz da economia toledana é setor de Indústrias Químicas e Farmacêutica (8), seguido por outros setores em menor importância; Serviços (19), a Agropecuária (1), e o setor de Transportes (16). Ressalva-se sobre estes índices é a de que eles não levam em consideração os diferentes níveis de produção em cada setor da economia. Tabela 1 - Índices de Ligação para Trás e para Frente do Município de Toledo-Pr 2009 N. SETORES Índice Para Trás Rank Índice Para Frente Rank 1 Agropecuária 2 Ext. Mineral e Min. não Metál. 3 Siderurgia e Metalurgia 4 Máquinas e Equipamentos 5 Madeira e Mobiliário 6 Celulose, Papel e Gráf. 7 Borracha e Plástico 8 Ind. Quím. e Farmacêutica 9 Ind. Têxtil 10 Vestuário e Calçados 11 Indústria de Alimentos 12 Indústrias Diversas 13 S.I.U.P. 14 Construção Civil 15 Comércio 16 Transportes 17 Comunicações 18 Instituições Financeiras 19 Serviços 20 Administração Pública Fonte: Estimativas dos autores (2013) 0,93 1,04 1,07 1,17 1,04 1,05 1,09 1,15 1,06 1,06 1,29 1,02 0,93 0,97 0,78 0,97 0,94 0,81 0,82 0,81 15º 10º 5º 2º 9º 8º 4º 3º 6º 7º 1º 11º 16º 13º 20º 12º 14º 18º 17º 19º 1,09 0,56 0,64 0,57 0,62 0,58 0,74 1,60 0,84 0,59 0,79 0,57 0,55 0,57 0,79 0,87 0,72 0,85 1,15 0,56 3º 18º 11º 17º 12º 14º 9º 1º 6º 13º 7º 15º 20º 16º 8º 4º 10º 5º 2º 19º Em partes, o setor chave toledano pode ser explicado pelo sucesso da empresa nascida em Toledo, no início dos anos 90, a Prati-Donaduzzi, que atualmente é a maior fabricante de remédios genéricos do Brasil, e detém hoje 28% de participação de mercado, mantendo um dos principais parques tecnológicos de pesquisa do setor no país, faturando pouco mais de R$ 500 milhões/ano. Com 4 mil funcionários e uma forte aposta em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, a empresa cresce a taxas de 25% ao ano. Entretanto, outro fator notável está na pluralidade estrutural da cadeia produtiva toledana, que em períodos anteriores era baixa, e passou a ter em pauta no mínimo cinco setores alavancando a economia local. É possível observar através do Gráfico 1, abaixo, o grau de importância dos setores que possuem os maiores encadeamentos ao longo da cadeia produtiva local, e são importantes setores na geração de emprego, produção e renda do município de Toledo. Gráfico 1 – Representatividade Setorial dos Índices de Ligação para Trás e para Frente do Município de Toledo-Pr, 2009. Fonte: Estimativas dos autores (2013) No gráfico 2, é possível identificar que os setores mais impactantes nos indicadores de multiplicadores de produção, foram respectivamente: (11) Indústria de Alimentos, (8) Indústria Química e Farmacêutica, (4) Máquinas e Equipamentos e (7) Borracha e Plástico, indicando que estes setores são os que mais multiplicam suas produções ao longo da cadeia produtiva para cada unidade monetária gasta na sua demanda final. Gráfico 2 – Multiplicador de Produção, Toledo-Pr, 2009. Fonte: Estimativas dos autores (2013) Entretanto, existem outros setores que agregam positivamente no crescimento econômico local, visto que, os multiplicadores de emprego e remunerações mensuram o impacto de variações na demanda agregada final sobre o nível de emprego ou de remunerações total da economia, pois conforme Gráfico 3, abaixo, em ambos multiplicadores temos respectivamente pelo grau de representatividade os setores: (12) Indústrias Diversas, (9) Indústria Têxtil, (7) Borracha e Plástico (17) Comunicações e (1) Agropecuária, visto que, para cada 1 milhão de reais investidos na economia, esses setores são os que mais multiplicariam empregos e remunerações ao longo da cadeia produtiva, conseqüentemente tais ficam aptos a receber incentivos dado seu maior potencial de fomentar o desenvolvimento econômico regional. Gráfico 3 – Multiplicador de Emprego e Remunerações de Toledo-Pr, 2009. Fonte: Estimativas dos autores (2013) É pertinente enfatizar que além de alguns setores contribuírem positivamente em ambos multiplicadores, existe uma similaridade positiva entre os pares mais representativos, pois acreditamos que por possuírem uma maior população vinculada, tal inferência possui uma relação positiva nos multiplicadores por terem maiores ofertas de mão de obra, lembrando que altos multiplicadores de emprego e remuneração, nem sempre é precedido de melhores ganhos remuneratórios nas atividades. Portanto, deverão ser despendidas mais energias, ou seja, uma formulação eficiente na gestão de políticas voltada à geração de empregos com ênfase nos ganhos de renda, visando à prosperidade do oeste paranaense, e de todo o resto do Paraná. Os dados utilizados como parâmetros desta análise, provém de fontes seguras e de grande credibilidade acadêmica, pois propomos exemplificar e demonstrar a realidade da economia regional do município de Toledo, que como os demais municípios brasileiros têm suas características locais, culturais e sociais com problemas de investimento, bem como, na educação, segurança, saneamento, infraestrutura, saúde, moradia, emprego entre outras. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. Objetivo deste artigo foi para contribuir com informações, objetivas, eficientes e eficazes, com relação a políticas de fomento para o melhor desenvolvimento regional, visando elencar os principais setores e multiplicadores de emprego, renda e produção. Buscando soluções alternativas para o crescimento, desenvolvimento econômico do oeste paranaense e conseqüente do resto do Paraná, o estudo em questão, contempla o crescimento e desenvolvimento regional, buscando soluções através da metodologia proposta dos problemas brasileiros como desemprego, desigualdade de renda, grandes concentrações urbanas, valor adicionado, inovação tecnológica, ganhos reais de renda, diversificação do mix econômico, criação de outras especialidades, entre outras, que são extremamente cruciais quando da aplicação de políticas públicas estratégicas de fomento dos setores locais, de curto, médio e longo prazo. Fica evidente a partir dos resultados obtidos, que há necessidade de um acompanhamento da evolução da economia toledana para períodos posteriores ao analisado. A partir da elaboração de matrizes para períodos mais recentes, será possível, inclusive, melhorar as análises a respeito da influência de diversos fenômenos como, por exemplo, a instalação das montadoras, de industriais químicas e farmacêuticas, e as oscilações no agronegócio, e seus impactos nos diversos segmentos da economia local. Deste modo, com base mais sólida e atual, estaria disponível um importante instrumento não só para a pesquisa, mas também para as políticas públicas e privadas municipais. O exercício da cidadania pela sociedade também corrobora com o desenvolvimento regional e a formação de uma nova geração mais consciente, responsável e preparada para os futuros desafios do século XXI. 6. REFERÊNCIAS ARAÚJO, T. B. Por uma política nacional de desenvolvimento regional. Departamento de Economia, UFPE, 1999. BRENE, P. R. A. et al. Estimativa da matriz insumo produto do Município de São Bento do Sul Estado de Santa Catarina. 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