análise da decomposição estrutural da cadeia produtiva via matriz

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ANÁLISE DA DECOMPOSIÇÃO ESTRUTURAL DA CADEIA
PRODUTIVA VIA MATRIZ INSUMO PRODUTO DO MUNICÍPIO
DE TOLEDO-PR, BRASIL, 2009.
Cleverson Neves
Mestrando em Economia Regional - UEL
e-mail: [email protected]
Emerson Guzzi Zuan Esteves
Doutorando em Economia - UEM
e -mail: [email protected]
Marcos Aurélio Brambilla
Mestrando em Economia Regional - UEL
e-mail: [email protected]
Umberto Antonio Sesso Filho
Professor Doutor do Programa de Mestrado Economia Regional - UEL
e-mail: [email protected]
Márcia Regina Gabardo da Câmara
Professora Doutora do Programa de Mestrado Economia Regional - UEL
e-mail: [email protected]
ÁREA TEMÁTICA: 2. Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente.
RESUMO
O objetivo da pesquisa é estimar para o ano de 2009 a Matriz Insumo Produto
Municipal de Toledo-PR, situado na região oeste do estado do Paraná, representando
cerca de 12,5% do total dos municípios, Toledo está entre as três regiões do oeste
com maior número de habitantes. A metodologia aplicada no estudo agrega-se as 42
categorias da MIP 2009 para 20 setores, pois este ajuste foi necessário tendo em vista
as aptidões locais e também para compatibilizar com os dados das 87 categorias da
CNAE. Na pesquisa foi identificado que o setor: (8) Industrias Químicas e
Farmacêutica, é o setor motriz da economia toledana, contendo o maior poder de
encadeamento entre os setores da cadeia produtiva local. Foram também analisados
os efeitos sobre os multiplicadores da produção, emprego e remunerações. É
importante observar os grandes desafios que a economia regional proporciona em
termos de riqueza, estabilidade econômica, prosperidade e concentração de
segmentos de mercados. A identificação dos melhores multiplicadores e dos setores
chave é o primeiro passo para formulações estratégicas de políticas setoriais que
fomentam de fato o crescimento econômico, e, por conseguinte, ganhos reais nas
remunerações.
Palavras-chave:
Matriz
Desenvolvimento Regional.
Insumo-Produto,
Emprego,
Renda,
Produção,
ABSTRACT
The objective of the research is to estimate for the year 2009 to the Input Product
Toledo Municipal-PR, located in western Paraná state, representing about 12.5% of all
municipalities, Toledo is among the three regions of the west with larger populations.
The methodology applied in the study assembles the 42 categories of the MIP 2009 to
20 sectors, because this adjustment was necessary in view of the local skills and also
to match with the data of the 87 categories of the NCEA. In the survey it was identified
that the sector: (8) Chemical and Pharmaceuticals, Industry is the driving sector of the
economy toledana containing the highest power of linkage between sectors of the local
supply chain. We also examined the effects on multipliers of output, employment and
wages. It is important to note the major challenges that the regional economy provides
in terms of wealth, economic stability, prosperity and concentration of market
segments. The identification of the best multipliers and key sectors, is the first step to
strategic formulation of sectoral policies that actually promote economic growth and
therefore real gains in wages.
Keywords : Matrix Input-Output , Employment , Income , Production and Regional
Development .
INTRODUÇÃO
O objetivo desse artigo é estimar a matriz Insumo-produto do município de
Toledo-Pr, a partir da matriz de insumo-produto do Brasil estimada para o ano de 2009
pela metodologia de Guilhoto e Sesso Filho (2005).
O Município de Toledo está situado na Região do Oeste Paranaense, em uma
área de colonização recente. Sua efetiva ocupação deu-se nas décadas de 1940 e
1950, tanto que, em 1960, havia apenas cinco Municípios na Região: Foz do Iguaçu,
Cascavel Toledo, Guaíra e Guaraniaçu, porém atualmente conta com 9 distritos:
Concórdia do Oeste, Dez de Maio, Dois Irmãos, Novo Sarandi, São Luiz do Oeste,
São Miguel, Vila Ipiranga, Vila Nova e Novo Sobradinho. O município toledano tem
aproximadamente (1,5%), um e meio por cento do PIB paranaense, e uma renda per
capita média de R$ 20.571,00, acima da média nacional que foi de R$ 19.700,00.
(IBGE, 2013).
A região oeste concentra uma população de mais de um milhão e cem mil
habitantes, distribuídos em 51 municípios. Destes municípios destacamos as que
possuem uma população superior a 100.000 habitantes, dentre elas estão; Foz do
Iguaçu, Cascavel e Toledo, sendo esta última possuidora de uma população de
119.313 mil habitantes, em média 100 habitantes/km2, ou seja, 1 a 3 pessoas por
família. Segundo estudo apresentado pelo IPARDES (2013), o IDH médio do
município de Toledo é de 0,768, acima da média brasileira que é 0,749, de acordo
com o relatório da PNUD (2013), demonstrando que o município contribuiu
positivamente no índice.
Em 2012, o cenário alarmante de uma possível crise econômica mundial sem
precedentes impõe limites e diferentes possibilidades para o atual modelo de
desenvolvimento e crescimento brasileiro, pois o principal problema contemporâneo
enfrentado por muitos países gira em torno da desindustrialização e da
competitividade. O desenvolvimento regional e as estruturas produtivas locais
passaram a ter um novo papel na geração de emprego e renda da sociedade brasileira
com as estruturas voltadas para o comércio inter e intra-regional. Os investimentos em
educação, tecnologia e na redução das desigualdades de renda são extremamente
necessários para um modelo de desenvolvimento e crescimento sustentável.
O artigo discute a relevância do setor privado na reestruturação da
capacidade produtiva paranaense na região de Toledo, destacando a atual redução do
poder público na conformação espacial das atividades econômicas. A estratégia de
crescimento envolve análise dos efeitos de políticas econômicas e sociais voltadas
para o desenvolvimento de setores que incrementaram o ritmo de crescimento da
produção e estimularam o crescimento e desenvolvimento local e regional, tornando a
região mais dinâmica e produtiva, contribuindo para alterar significativamente a
posição competitiva da região estudada, atraindo e fomentando novos investimentos
nas cadeias produtivas instaladas na região de Toledo.
O crescimento econômico do oeste paranaense foi expressivo no início do
século XXI. A evolução da economia regional contrastou com dois fenômenos
espaciais: a polarização e a difusão percolativa. A polarização se reflete na
concentração das atividades produtivas dos municípios paranaenses, dentre podemos
destacar: Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu. A difusão percolativa surge dos ganhos
em produtividade e da expansão de determinado setor nos municípios periféricos,
paralelo ao fortalecimento da capacidade de polarização que determinado município
possui. Entretanto, Toledo mantém uma economia dinâmica apesar da periferia
avançar no processo de desenvolvimento econômico.(IPARDES, 2013).
A justificativa do estudo da região de Toledo é proporcionar a identificação
dos setores chaves e das indústrias motrizes do crescimento regional e agregar
maiores conhecimento sobre a economia do oeste paranaense, bem como, suas
características, aptidões, mostrando os resultados de investimentos de longo prazo.
Adicionalmente, há poucos estudos analisando municípios no Brasil. Ao estimar as
MIPs (Matriz Insumo-Produto) revela-se o potencial regional, possibilitando a
identificação os efeitos derivados do investimento tecnológico e o potencial de
especialização regional, bem como, suas principais tendências.
O objetivo geral desse artigo é estimar a matriz insumo-produto do município
de Toledo-Pr. A metodologia adotada possibilita a identificação dos setores-chave e a
mensuração do efeito transbordamento do crescimento, a partir da adoção de novas
tecnologias nas indústrias dinâmicas. Serão calculados os indicadores: Índice de
ligação para frente e para trás, Geração de emprego direto e indireto e os
Multiplicadores emprego tipo I, Gerador de remuneração direto e indireto e os
Multiplicadores de remuneração do tipo I e Multiplicadores de produção do tipo I.
Existe um limitado número de estudos sobre matrizes de insumo-produto municipais e
o presente trabalho adota a metodologia proposta por Brene et. al. (2010), neste artigo
foi feito uma agregação das 42 categorias das MIPS do Brasil disponibilizadas em
www.usp.br/nereus, para 20 setores - considerando-se a construção e estimativa de
sistemas estaduais e para países. A metodologia é replicável para outros municípios
brasileiros. O estudo é inovador porque através da proxy produção, emprego e renda
conseguem-se estimar as matrizes de Insumo-Produto dos municípios, identificando
os setores-chave. É efetuada uma desagregação da produção do município ao
restante do estado, visto que, usualmente estimam-se as matrizes de países e
estados.
O artigo está estruturado em seis seções: a primeira seção de natureza
introdutória apresenta o objetivo e a justificativa da pesquisa; a segunda discute
contribuições teóricas e empíricas no campo de matriz insumo–produto que abordam
os municípios, na terceira temos as explanações metodológicas e as fontes de dados
utilizadas, na quarta seção apresentamos os resultados e contribuições, e, por
conseguinte as considerações finais e as referências utilizadas.
2. MÉTODOS DE ECONOMIA REGIONAL E MATRIZES DE INSUMO PRODUTO:
TEORIA E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS.
O desenvolvimento econômico regional é primordial para a estabilidade da
atividade econômica e social do país. A análise regional permite identificar as
estruturas voltadas para o comércio inter e intra-regional, para a análise produtiva e
seus encadeamentos para frente e para trás, assim como verificar o transbordamento
desse crescimento. Há diversas abordagens no campo regional e muitas
transformações têm sido verificadas, como destacam Filho (2001), Araújo(1999),
Sesso Filho(2010) e Guilhoto e Sesso Filho(2011).
Nos últimos anos as teorias de desenvolvimento regional sofreram grandes
transformações, de um lado provocadas pela crise e pelo declínio de muitas regiões
tradicionalmente industriais e, de outro, pela emergência de regiões portadoras de
novos paradigmas industriais. (FILHO, 2001).
O novo contexto no qual se situa a economia e a sociedade brasileiras, que
começa a redefinir sua estrutura econômica, as relações de trabalho e as formas de
inserção do país no contexto internacional, deve constituir-se um ponto de partida e
condicionante significativo para uma política de desenvolvimento regional.(ARAUJO,
1999).
A reestruturação produtiva da economia brasileira ocorrida a partir da década
de 1990 em conjunto com a desconcentração industrial e a maior inserção do Brasil no
comércio internacional promoveu o aumento dos fluxos de bens e serviços entre as
regiões do país. A maior interdependência entre setores de diferentes regiões faz com
que o aumento da produção em um determinado setor da economia tenha efeitos
sobre produção, emprego e renda na economia local e em outras partes do país em
setores relacionados direta ou indiretamente à atividade econômica que sofreu o
impacto inicial do aumento de sua demanda final. Assim, torna-se importante conhecer
o efeito transbordamento, o efeito indireto do aumento de produção de um
determinado setor fora de sua região de origem.(SESSO FILHO, 2010).
Guilhoto e Sesso (2011), afirmam que a identificação de setores-chave para a
geração de produção, emprego e valor adicionado e a mensuração dos fluxos de
produtos e serviços entre a região e o restante do Brasil tornará possível estabelecer
estratégias de desenvolvimento da região e projetos que proporcionem o maior retorno
em termos de desenvolvimento econômico e social.
Segundo Rodrigues et al. (2008) alguns trabalhos foram desenvolvidos para
o Brasil com o objetivo de estudar a sinergia entre regiões, como os de Guilhoto et al.
(1998), Guilhoto et al. (1999), Guilhoto et al. (2001), e/ou o transbordamento do
multiplicador de produção (Sesso et al., 2003). Para o Paraná, estudos sobre sinergia
foram realizados por Moretto (2000) e Simões et al. (2003). Para os municípios Brene
et. al. (2010) estimou a Matriz insumo-produto de São Bento do Sul-SC.
3. FONTE DE DADOS E METODOLOGIA
Utiliza-se a matriz de insumo-produto inter-regional Estado-Restante do Brasil
para o ano de 2004 construída a partir da estimativa da matriz nacional cuja
metodologia definida em Guilhoto e Sesso Filho (2005). Estes autores apresentam a
metodologia para estimativa da matriz de insumo-produto do Brasil para 2009, a partir
de dados preliminares das contas nacionais.
Outra fonte de dados utilizada foi a RAIS – Relação Anual de Informações
Sociais e a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), na qual, com
esses dados é possível estimar a massa salarial de cada setor e as atividades do
município estudado.
Neste artigo foram agregadas 42 categorias para o desenvolvimento das
MIPS do Paraná para 20 setores1. Este ajuste foi necessário tendo em vista as
aptidões locais e também para compatibilizar com os dados das 87 categorias da
CNAE. Aplicou-se também o método do quociente locacional. (MILLER; BLAIR, 2009).
Agregou-se o setor com valor do salário nominal zero na RAIS (Relação
Anual de Informações Sociais) de acordo com a CNAE. São setores de menor
importância em termos de formalidade do trabalho nos municípios estudados.
A utilização da remuneração média nominal é necessária, pois esse valor
será a Proxy de renda para a realização dos cálculos do multiplicador/gerador. Na
matriz estimada do Paraná 2009, os valores são dados em unidades monetárias (R$)
não em unidades de salários mínimos. A falta de valores em alguns setores apenas
representa que (formalmente - de acordo com os critérios da RAIS) não tem pessoas
"registradas" naquele setor.
Assumindo que os valores que representam a remuneração média nominal do
setor no Paraná e no município, estejam respectivamente nas colunas de BH e BI,
conforme
uma
planilha
de
Excel.
Por
exemplo:
no
setor
DIVISAO 01--
AGROPECUÁRIA, a remuneração média nominal no Paraná é R$1.000,00 e no
município é R$ 799,99. Já o valor na coluna BJ é o que foi chamado de "indicador de
produtividade", BI/BH, para o mesmo setor o valor é 0,799. Tal valor representa se o
município é mais (> 1) ou menos (< 1) produtivo, em relação à cadeia produtiva do
1
Disponível em www.usp.br/nereus,
Paraná. O indicador de produtividade será multiplicado pela participação do número
de trabalhadores
do
município
em
relação
ao
Estado,
demonstrando
uma
porcentagem para o cálculo da produção municipal.
A síntese, por setor seria:
• Índice de participação = (No. Trabalhador do município / No. Trabalhador do Paraná).
• Índice de produtividade = (Massa Salarial do município / Massa Salarial do Paraná).
• Multiplicador é igual = (Índice de participação x Índice de produtividade).
• A Produção do Município = (Produção do Paraná x Multiplicador).
A lógica tem base no raciocínio que a produção é dada por Capital e
Trabalho. Este último é analisado de forma direta pela primeira relação da fórmula, já o
capital é determinado pelo Índice de produtividade. O trabalho é determinado pelo
Índice de participação.
Para a análise dos dados do município foram calculados:
• Coeficientes locacional de impactos entre setores,
• Gerador de emprego e renda/remunerações
• Multiplicadores de produto, emprego e renda/remunerações.
• Índices de Rasmussen/Hirschman (para frente e para trás).
Para todos os cálculos e análises utilizaremos o Gerador e Multiplicadores do
tipo I, de Toledo e do Resto do Paraná.
3.1. MATRIZ INSUMO PRODUTO
As matrizes de insumo-produto podem ser estimadas ou construídas. Os
sistemas construídos demandam considerável volume de dados e tempo de trabalho,
enquanto as matrizes estimadas necessitam de uma base de dados menor. As
matrizes de insumo-produto inter-regionais permitem uma análise detalhada do
sistema econômico. Vejamos na ótica de alguns autores:
A estrutura matemática de um sistema de insumo-produto consiste em um
conjunto de n equações lineares com n incógnitas: portanto, representações de
matrizes podem ser facilmente utilizadas. Enquanto que as soluções para o sistema de
equações
de
entrada-saída,
através
de
uma
matriz
inversa,
são
simples
matematicamente, descobrimos que existem interessantes interpretações econômicas
para alguns resultados algébricos. (MILLER; BLAIR 2009).
A análise de insumo produto ou análise das relações interdependentes é,
atualmente, uma importante ramificação da economia difundida em todo o mundo e
amplamente
empregada,
tanto
em
economias
desenvolvidas
quanto
desenvolvimento. (RODRIGUES; MORETTO, SESSO FILHO, KURESKI, 2006).
em
O modelo de insumo-produto geral para a economia brasileira apresenta as
informações numa abordagem do tipo enfoque produto por setor a preços básicos
permitindo que cada produto seja produzido por mais de um setor e que cada setor
produza mais de um produto, ou seja, existe uma matriz de produção e outra de uso
dos insumos. (FERNANDO, 2003).
O uso da matriz insumo-produto é fundamental na implementação de políticas
públicas para o desenvolvimento local e regional, bem como, o direcionamento para o
desenvolvimento de outras regiões e até países, no intuito de reduzir as desigualdades
econômicas e, por conseguinte sociais.
3.2. MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO INTER-REGIONAL
O modelo inter-regional de insumo-produto, também chamado de “modelo
Isard”, devido à aplicação de Isard (1951), requer uma grande massa de dados, reais
ou estimados, principalmente quanto às informações sobre fluxos intersetorial, intraregional e inter-regional.
O Quadro 1 a seguir apresenta, de forma esquemática, as relações dentro de
um sistema de insumo-produto inter-regional com duas regiões.
Quadro 1 - Relações de Insumo-Produto num sistema inter-regional.
Setores - Município L
Setores – Restante do
Brasil M
Demanda Final Y
Setores Município L
Produção
Insumos
Intermediários LL
Insumos
Intermediários LM
LL
LM
SetoresRestante do
Brasil M
Total L
Produção
Insumos
Intermediários ML
Insumos
Intermediários MM
ML
MM
Total M
Importação Resto
Mundo (M)
Importação Resto
Mundo (M)
M-L
M-M
M
Impostos Ind. Liq. (IIL)
Impostos Ind. Liq. (IIL)
IIL - L
IIL - M
IIL
Valor Adicionado
Valor Adicionado
Produção Total
Região L
Produção Total
Região M
Fonte: Adaptado de Moretto (2000).
Complementando o sistema regional, no sistema inter-regional há uma troca
de relações entre as regiões, exportações e importações, que são expressas por meio
do fluxo de bens que se destinam tanto ao consumo intermediário quanto à demanda
final.
De forma sintética, pode-se apresentar o modelo, a partir do exemplo
hipotético dos fluxos intersetoriais e inter-regionais de bens para as regiões L e M,
com 2 setores, como se segue:
Z ijLL - fluxo monetário do setor i para o setor j da região L,
ZijML - fluxo monetário do setor i da região M, para o setor j da
região L. Na forma de matriz, esses fluxos seriam representados por:
Z=
⎡ Z LL
⎢⎣ Z ML
Z LM ⎤
Z MM ⎥⎦
(1)
em que;
Z LL e Z MM , representam matrizes dos fluxos monetários intraregionais, e;
Z LM e Z ML , representam matrizes dos fluxos monetários interregionais. Considerando a equação de Leontief (1951 e 1986)
X i = z i1 + z i 2 + ... + z ii + ... + z in + Yi
(2)
em que, X i indica o total da produção do setor i, z in o fluxo monetário do setor i para
o setor n e Yi a demanda final por produtos do setor i, é possível aplicá-la conforme,
X 1L = z11LL + z12LL + ... + z11LM + z12LM + ... + Y1L
(3)
em que X 1L é o total do bem 1 produzido na região L.
Considerando os coeficientes de insumo regional para L e M, obtém-se os
coeficientes intra-regionais:
a
LL
ij
=
zijLL
X jL
⇒
zijLL = aijLL . X Lj
(4)
em que, pode-se definir os a ijLL como coeficientes técnicos de produção que
representam quanto o setor j da região L compra do setor i da região L e assim com os
demais quadrantes.
Estes coeficientes podem ser substituídos em (3), obtendo:
X 1L = a11LL X 1L + a12LL X 2L + a11LM X 1M + a12LM X 2M + Y1L
(5)
As produções para os demais setores são obtidas de forma similar. Isolando,
Y1L e colocando em evidência X 1L , tem-se:
(1− a11LL )X 1L − a12LL X 2L − a11LM
X M − a LM X M = Y L
1
12
2
1
(6)
As demais demandas finais podem ser obtidas similarmente. Portanto, de
( )
acordo com A LL = Z LL X$
L
−1
, constrói-se a matriz A LL , para os 2 setores, em que
ALL representa a matriz de coeficientes técnicos intra-regionais de produção.
LM
MM
ML
Saliente-se que esta mesma formulação valeria para A , A , A .
O sistema inter-regional completo de insumo-produto é representado por:
( I − A) X = Y ,
(7)
e as matrizes podem ser dispostas da seguinte forma:
⎧⎪⎡ I M 0 ⎤ ⎡ A LL M A LM ⎤ ⎫⎪⎡ X L ⎤
K K ⎥ ⎬⎢ L ⎥ =
⎨⎢L L L⎥ − ⎢ K
M
⎪⎩⎢⎣ 0 M I ⎥⎦ ⎢⎣ A ML M A MM ⎥⎦ ⎪⎭⎢⎣ X ⎥⎦
⎡Y L ⎤
⎢L⎥
⎢⎣Y M ⎥⎦
(8)
Efetuando estas operações, obtém-se os modelos básico necessário à
análise inter-regional proposta por Isard, resultando no sistema de Leontief interregional da forma:
X = ( I − A) Y .
−1
(9)
3.3 QUOCIENTE LOCACIONAL.
Segundo Guilhoto (2006) outra técnica descrita em Miller; Blair (1985) referese ao quociente locacional. Os autores apresentam três abordagens distintas para
esta técnica. Todas as três procuram avaliar a tendência importadora dos setores.
O quociente locacional simples é definido pela relação:
⎡ XR /XR ⎤
LQiR = ⎢ iN
N ⎥
⎣ Xi / X ⎦
(10)
em que:
X iR é a produção total do setor i da região R;
XR é a produção total da região R;
X iN é a produção nacional total do setor i; e
XN é a produção nacional total.
Esta relação mede a participação relativa do setor i na economia da região R
em relação à participação do mesmo setor na economia nacional. Assim, procura
estimar o potencial importador da região em relação aos produtos do setor i. Se LQi for
menor que 1, significa que, em decorrência da região R ter uma produção
proporcionalmente menor de produtos do setor i, há uma tendência a se importar este
produto. Dessa forma, faz-se:
aijRR = aijN ( LQiR )
(11)
Se LQi for igual ou maior que 1, os setores que demandam os produtos
correspondentes ao setor i não terão necessidade de importá-los, portanto:
aijRR = aijN
(12)
O tratamento dado aos coeficientes regionais segue a metodologia do
quociente simples.
3.4 ÍNDICES DE RASMUSSEN/HIRSCHMAN.
A partir do modelo básico de Leontief, definido acima, e seguindo-se
Rasmussen (1956) e Hirschman (1958), consegue-se determinar quais seriam os
setores com o maior poder de encadeamento dentro da economia, ou seja, podem-se
calcular tanto os índices de ligações para trás, que forneceriam quanto tal setor
demandaria dos outros, quanto os de ligações para frente, que nos dariam a
quantidade de produtos demandada de outros setores da economia pelo setor em
questão.
Deste modo, definindo-se bij como sendo um elemento da matriz inversa de
Leontief B, B * como sendo a média de todos os elementos de B ; e B* j , Bi* como
sendo respectivamente a soma de uma coluna e de uma linha típica de B , tem-se,
então, que os índices seriam os seguintes:
Índices de ligações para trás (poder da dispersão):
.
U j = B* j / n / B*
(13)
Índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão):
.
U i = Bi* / n B*
(14)
Valores maiores que um (1) para os índices acima se relacionam a setores
acima da média, e, portanto, setores chave para o crescimento da economia.
Uma das críticas sobre estes índices é a de que eles não levam em
consideração os diferentes níveis de produção em cada setor da economia, o que é
considerado quando se trabalha com o Índice Puro de Ligações Interindustriais.
3.5 MULTIPLICADORES: EMPREGO, REMUNERAÇÕES E PRODUCÂO.
A partir dos coeficientes diretos apresentados na equação (20) e da matriz
inversa de Leontief, é possível estimar, para cada setor da economia, o quanto é
gerado
direta
e
indiretamente
de
emprego,
importações,
impostos,
salários/Remunerações, valor adicionado, etc. para cada unidade monetária produzida
para a demanda final. Ou seja:
n
GV j = ∑ bij vi
(15)
i =1
em que:
GV j é o impacto total, direto e indireto, sobre a variável em questão;
bij é o ij-ésimo elemento da matriz inversa de Leontief e
vi é o coeficiente direto da variável em questão.
A divisão dos geradores pelo respectivo coeficiente direto gera os
multiplicadores, que indicam quanto é gerado, direta e indiretamente, de emprego,
importações, impostos, salários/remunerações ou qualquer outra variável para cada
unidade diretamente gerada desses itens. Por exemplo, o multiplicador de empregos
indica a quantidade de empregos criados, direta e indiretamente, para cada emprego
direto criado no setor, já para remunerações o multiplicador de remunerações indicada
a valor das remunerações criadas direta e indiretamente para cada remuneração
gerada direto no setor.
O multiplicador do i-ésimo setor seria dado então por:
MVi =
GVi
vi
(16)
Em que MVi representaria o multiplicador da variável em questão e as outras
variáveis são definidas conforme feito anteriormente.
Por sua vez, o multiplicador de produção que indica o quanto se produz para
cada unidade monetária gasta no consumo final é definido como:
n
MPj = ∑ bij
(17)
i =1
Em que MPj é o multiplicador de produção do j-ésimo setor e as outras
variáveis são definidas segundo o expresso anteriormente. Quando o efeito de
multiplicação se restringe somente à demanda de insumos intermediários, estes
multiplicadores são chamados de multiplicadores do tipo I. Porém, quando a demanda
das famílias é endogenizada no sistema, levando-se em consideração o efeito
induzido, estes multiplicadores recebem a denominação de multiplicadores do tipo II,
que neste caso não abordaremos neste artigo.
4. RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES
A
efetiva
análise
dos
resultados
mensurados
no
artigo,
possibilita
identificarmos os setores que mais destacam-se na economia toledana e que detêm o
maior poder de encadeamento intersetorial. Ainda sim, é possível mensurar os setores
com melhores multiplicadores de: Produção, Emprego Remunerações
Analisamos neste estudo através da estimação da Matriz Insumo Produto
Municipal, os indicadores econômicos do município toledano para o ano de 2009, e,
contudo, esperamos contribuir positivamente com informações econômicas relevantes,
e que no futuro possa ser ponderada quando das formulações de políticas de fomento
dos setores da cadeia produtiva local.
O perfil sócio econômico da região oeste paranaense pautado basicamente nos
setores de comércio e serviços, ao longo de tempo encontrou na região de Toledo seu
diferencial, pois, foi possível constatarmos através dos indicadores da Tabela 1, que o
setor-motriz da economia toledana é setor de Indústrias Químicas e Farmacêutica (8),
seguido por outros setores em menor importância; Serviços (19), a Agropecuária (1), e
o setor de Transportes (16). Ressalva-se sobre estes índices é a de que eles não
levam em consideração os diferentes níveis de produção em cada setor da economia.
Tabela 1 - Índices de Ligação para Trás e para Frente do Município de Toledo-Pr 2009
N.
SETORES
Índice Para Trás Rank Índice Para Frente Rank
1 Agropecuária
2 Ext. Mineral e Min. não Metál.
3 Siderurgia e Metalurgia
4 Máquinas e Equipamentos
5 Madeira e Mobiliário
6 Celulose, Papel e Gráf.
7 Borracha e Plástico
8 Ind. Quím. e Farmacêutica
9 Ind. Têxtil
10 Vestuário e Calçados
11 Indústria de Alimentos
12 Indústrias Diversas
13 S.I.U.P.
14 Construção Civil
15 Comércio
16 Transportes
17 Comunicações
18 Instituições Financeiras
19 Serviços
20 Administração Pública
Fonte: Estimativas dos autores (2013)
0,93
1,04
1,07
1,17
1,04
1,05
1,09
1,15
1,06
1,06
1,29
1,02
0,93
0,97
0,78
0,97
0,94
0,81
0,82
0,81
15º
10º
5º
2º
9º
8º
4º
3º
6º
7º
1º
11º
16º
13º
20º
12º
14º
18º
17º
19º
1,09
0,56
0,64
0,57
0,62
0,58
0,74
1,60
0,84
0,59
0,79
0,57
0,55
0,57
0,79
0,87
0,72
0,85
1,15
0,56
3º
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11º
17º
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9º
1º
6º
13º
7º
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20º
16º
8º
4º
10º
5º
2º
19º
Em partes, o setor chave toledano pode ser explicado pelo sucesso da
empresa nascida em Toledo, no início dos anos 90, a Prati-Donaduzzi, que atualmente
é a maior fabricante de remédios genéricos do Brasil, e detém hoje 28% de
participação de mercado, mantendo um dos principais parques tecnológicos de
pesquisa do setor no país, faturando pouco mais de R$ 500 milhões/ano. Com 4 mil
funcionários e uma forte aposta em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, a
empresa cresce a taxas de 25% ao ano.
Entretanto, outro fator notável está na pluralidade estrutural da cadeia produtiva
toledana, que em períodos anteriores era baixa, e passou a ter em pauta no mínimo
cinco setores alavancando a economia local. É possível observar através do Gráfico 1,
abaixo, o grau de importância dos setores que possuem os maiores encadeamentos
ao longo da cadeia produtiva local, e são importantes setores na geração de emprego,
produção e renda do município de Toledo.
Gráfico 1 – Representatividade Setorial dos Índices de Ligação para Trás e para
Frente do Município de Toledo-Pr, 2009.
Fonte: Estimativas dos autores (2013)
No gráfico 2, é possível identificar que os setores mais impactantes nos
indicadores de multiplicadores de produção, foram respectivamente: (11) Indústria de
Alimentos, (8) Indústria Química e Farmacêutica, (4) Máquinas e Equipamentos e (7)
Borracha e Plástico, indicando que estes setores são os que mais multiplicam suas
produções ao longo da cadeia produtiva para cada unidade monetária gasta na sua
demanda final.
Gráfico 2 – Multiplicador de Produção, Toledo-Pr, 2009.
Fonte: Estimativas dos autores (2013)
Entretanto, existem outros setores que agregam positivamente no crescimento
econômico local, visto que, os multiplicadores de emprego e remunerações mensuram
o impacto de variações na demanda agregada final sobre o nível de emprego ou de
remunerações total da economia, pois conforme Gráfico 3, abaixo, em ambos
multiplicadores temos respectivamente pelo grau de representatividade os setores:
(12) Indústrias Diversas, (9) Indústria Têxtil, (7) Borracha e Plástico (17)
Comunicações e (1) Agropecuária, visto que, para cada 1 milhão de reais investidos
na economia, esses setores são os que mais multiplicariam empregos e remunerações
ao longo da cadeia produtiva, conseqüentemente tais ficam aptos a receber incentivos
dado seu maior potencial de fomentar o desenvolvimento econômico regional.
Gráfico 3 – Multiplicador de Emprego e Remunerações de Toledo-Pr, 2009.
Fonte: Estimativas dos autores (2013)
É pertinente enfatizar que além de alguns setores contribuírem positivamente
em ambos multiplicadores, existe uma similaridade positiva entre os pares mais
representativos, pois acreditamos que por possuírem uma maior população vinculada,
tal inferência possui uma relação positiva nos multiplicadores por terem maiores
ofertas de mão de obra, lembrando que altos multiplicadores de emprego e
remuneração, nem sempre é precedido de melhores ganhos remuneratórios nas
atividades.
Portanto, deverão ser despendidas mais energias, ou seja, uma formulação
eficiente na gestão de políticas voltada à geração de empregos com ênfase nos
ganhos de renda, visando à prosperidade do oeste paranaense, e de todo o resto do
Paraná.
Os dados utilizados como parâmetros desta análise, provém de fontes seguras
e de grande credibilidade acadêmica, pois propomos exemplificar e demonstrar a
realidade da economia regional do município de Toledo, que como os demais
municípios brasileiros têm suas características locais, culturais e sociais com
problemas de investimento, bem como, na educação, segurança, saneamento, infraestrutura, saúde, moradia, emprego entre outras.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Objetivo deste artigo foi para contribuir com informações, objetivas, eficientes e
eficazes, com relação a políticas de fomento para o melhor desenvolvimento regional,
visando elencar os principais setores e multiplicadores de emprego, renda e produção.
Buscando
soluções
alternativas
para
o
crescimento,
desenvolvimento
econômico do oeste paranaense e conseqüente do resto do Paraná, o estudo em
questão, contempla o crescimento e desenvolvimento regional, buscando soluções
através da metodologia proposta dos problemas brasileiros como desemprego,
desigualdade de renda, grandes concentrações urbanas, valor adicionado, inovação
tecnológica, ganhos reais de renda, diversificação do mix econômico, criação de
outras especialidades, entre outras, que são extremamente cruciais quando da
aplicação de políticas públicas estratégicas de fomento dos setores locais, de curto,
médio e longo prazo.
Fica evidente a partir dos resultados obtidos, que há necessidade de um
acompanhamento da evolução da economia toledana para períodos posteriores ao
analisado. A partir da elaboração de matrizes para períodos mais recentes, será
possível, inclusive, melhorar as análises a respeito da influência de diversos
fenômenos como, por exemplo, a instalação das montadoras, de industriais químicas e
farmacêuticas, e as oscilações no agronegócio, e seus impactos nos diversos
segmentos da economia local. Deste modo, com base mais sólida e atual, estaria
disponível um importante instrumento não só para a pesquisa, mas também para as
políticas públicas e privadas municipais.
O exercício da cidadania pela sociedade também corrobora com o
desenvolvimento regional e a formação de uma nova geração mais consciente,
responsável e preparada para os futuros desafios do século XXI.
6. REFERÊNCIAS
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Departamento de Economia, UFPE, 1999.
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