MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected]; [email protected] INFLUÊNCIA DAS INCONFORMIDADES EM PRESCRIÇÕES MÉDICAS NA QUALIDADE DO SERVIÇO DE SAÚDE EM UM HOSPITAL PÚBLICO Nayara Kelly Gomes Brito (discente do PIBIC/CNPq), Maria das Graças Freire Medeiros (Orientadora, Departamento de Bioquímica e Farmacologia – UFPI) ___________________________________________________________________ INTRODUÇÃO A farmácia hospitalar é um órgão de abrangência assistencial técnico-científico e administrativo, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, armazenamento, controle, dispensação e distribuição de medicamentos e correlatos às unidades hospitalares, bem como a orientação de pacientes internos e ambulatoriais visando sempre à eficácia da terapêutica, além da redução dos custos, voltando-se também, para o ensino e a pesquisa, propiciando um vasto campo de aprimoramento profissional (GOMES; REIS, 2003). Erro de prescrição com significado clínico é definido como um erro de decisão ou de redação não intencional, que pode reduzir a probabilidade do tratamento ser efetivo ou aumentar o risco de lesão no paciente, quando comparado com as práticas clínicas estabelecidas e aceitas (ANACLETO, et al, 2010). Objetivou-se no presente estudo identificar e analisar a ocorrência de inconformidades em prescrições médicas no serviço de farmácia hospitalar do Hospital de Urgência de Teresina Dr. Zenon Rocha (HUT), visando implementar ações que possam prevenir estes erros. METODOLOGIA Para a pesquisa utilizou-se o estudo observacional do tipo transversal com abordagem descritiva quantitativa do serviço de prescrição e dispensação de medicamentos na farmácia hospitalar do HUT entre os setores de Emergência Masculina (EM), Feminina (EF) e Infantil (EI). Os sujeitos da pesquisa foram as prescrições médicas das emergências, utilizando um questionário na forma de tabela para a sua avaliação. O período de coleta definitiva foi de 31 dias (1 mês), realizada no mês de maio de 2013, a fim de submeter o estudo à realidade semanal da farmácia. Este estudo foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUT, sendo aprovado com o número de protocolo 08/13, em 16 de Abril de 2013. RESULTADOS E DISCUSSÃO No sistema de dispensação combinado ou misto, a farmácia distribui alguns medicamentos, mediante solicitação, e outros por cópia da prescrição médica (GOMES; REIS, 2003). O sistema de distribuição de medicamentos da farmácia hospitalar do HUT é considerado misto, pois algumas medicações são dispensadas separadamente por paciente e outras são liberadas pelo sistema de entrega de material por setor. De acordo com a Lei 5991/73 e a RDC 80/06 a prescrição deve ser escrita sem rasura, em vernáculo, por extenso, legível e de acordo com nomenclatura e sistema de pesos e medidas oficiais. No âmbito do Sistema Único de Saúde, adota-se a Denominação Comum Brasileira e, em sua ausência, a Denominação Comum Internacional. Na prescrição deve constar o nome e quantidade total de cada, de acordo com dose e duração do tratamento, a via de administração, intervalo entre as doses, dose máxima por dia e duração do tratamento. Em alguns casos pode ser necessário constar o método de administração; cuidados a serem observados na administração; horários de administração ou cuidados de conservação (PEPE; CASTRO, 2008). O gráfico 1 mostra o tipo de prescrição utilizada, subdividindo-as em: totalmente digitada, totalmente manuscrita ou mista (digitada e manuscrita), onde verificou-se que 162 prescrições (23,14%) eram manuscritas, 538 eram mistas (76,86%) e nenhuma prescrição foi totalmente digitada. GRÁFICO 1: Classificação dos tipos de prescrição: totalmente digitadas, totalmente manuscritas ou mistas (digitada e manuscrita) dos setores de Emergência Masculina, Feminina e Infantil do HUT. Fonte: Dados da Pesquisa Outro critério analisado foi preenchimento adequado das prescrições, onde observou-se se as mesmas estavam totalmente preenchidas (constando nome do paciente, data, número do prontuário, setor de internação, nome legível do medicamento, forma farmacêutica, concentração, via de administração, posologia e assinatura do médico, do responsável pela dispensação e pelo recebimento). Considerou-se incompleta a prescrição que não continham qualquer um dos itens descritos, conforme visualiza-se no Gráfico 2. A ausência de algum dos itens da prescrição demonstra uma possível desatenção do prescritor ou de quem transcreveu a prescrição médica podendo levar a um aumento no risco de problemas relacionados a medicamentos para os pacientes, o que acarreta maiores custos para o SUS. Os erros podem reduzir a probabilidade de o tratamento ser efetivo ou aumentar o risco de lesão no paciente quando comparados com as práticas clínicas estabelecidas e aceitas (ANACLETO et al., 2010). GRÁFICO 2: Classificação das prescrições dos setores de Emergência Masculina, Feminina e Infantil do HUT, conforme o preenchimento dos dados indispensáveis. Fonte: Dados da Pesquisa Observou-se que o item que encontrava-se mais ausente em todos os setores avaliados é o nome do setor de internação (85,4%), um dado importante, pois a ausência do setor inviabiliza a dispensação do medicamento podendo causar complicações ao paciente caso a medicação não seja administrada em tempo viável. Em seguida tem-se a ausência do número do prontuário (82,6%), forma farmacêutica (29,7%), data (8,6%), concentração (1,4%), nome do paciente (1,4%), via de administração (0,9%) e posologia (0,9%). CONCLUSÃO Verifica-se que o sistema de prescrição do tipo misto implantado no HUT apresenta falhas, tornado-se importante o uso de um sistema interno de notificação, comprometimento da equipe multidisciplinar e programas educacionais. Nesse cenário, conclui-se que a redução das inconformidades em prescrições médicas deve ser prioridade na implementação de um sistema de atendimento com qualidade do serviço de saúde neste hospital público. REFERÊNCIAS ANACLETO, T. A.; et al. Erros de medicação. Rev Pharm Bras, 2010. GOMES. M.J.V.M.; REIS, A.M.M. Ciências Farmacêuticas: Uma abordagem em Farmácia Hospitalar. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2003. PEPE, V. L. E.; CASTRO, C. G. S. O. Textos Básicos de Saúde: Prescrição de Medicamentos. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos/Ministério da Saúde – Formulário Terapêutico Nacional. Brasília, 2008. PALAVRAS-CHAVE: Erros de medicação. Farmácia Hospitalar. Prescrição.