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ESTUDO DO EFEITO DE FIBRAS DE COCO EM ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO
Deborah Grasielly Cipriano da Silva(1); Ângelo Just da Costa e Silva(2), Dione Silva (3), Bruno
Alexandre Cipriano da Silva (4)
(1)
Mestranda em Engenharia Civil – Universidade de Pernambuco - UPE. [email protected].
Professor do curso de Engenharia Civil – Universidade de Pernambuco – UPE. [email protected].
(3)
Mestranda em Engenharia Civil - Universidade de Pernambuco - UPE. [email protected].
(4)
Graduando em Engenharia Civil – Faculdade Estácio do Recife. [email protected].
(2)
1. INTRODUÇÃO
O coqueiro é uma planta de elevada importância econômica e social nas regiões intertropicais
do mundo, onde encontra condições favoráveis de clima e solo para se desenvolver.
Caracteriza-se por ser uma cultura de muitas aplicações, tanto no consumo “in natura”, como
na indústria e no artesanato. O Brasil possui cerca de 280 mil hectares cultivados com
coqueiro, distribuídos, praticamente, em quase todo território nacional com produção
equivalente a dois bilhões de frutos (FAO, 2011). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística – IBGE (2009), percebe-se um aumento vertiginoso da produção de coco a partir
do final da década de 1990. O Nordeste se destaca Apesar de o cultivo do coqueiro estar
sendo estimulado e introduzido em várias regiões do país, a faixa litorânea do Nordeste e
parte da região Norte do Brasil, favorecidas pelas condições de tropicalidade climática,
concentram as maiores plantações e produções, sendo ambas, responsáveis por
aproximadamente 70% da produção do coco brasileiro.
Inúmeros estudos vem sendo realizados no país na área de aproveitamento de fibra de coco,
seco ou verde na construção civil, como reforço na produção de compósitos de matrizes
frágeis. Mattoso et. al. (1996 apud Bedin, 2014) descrevem a utilização de fibras vegetais em
substituição de fibras sintéticas como uma escolha muito importante, pois é biodegradável, de
baixo custo em relação as fibras sintéticas, é uma fonte renovável e o mais importante,
provoca um menor impacto no meio ambiente. O Brasil é um dos países que possuem a maior
extensão territorial cultivável e biomassa do mundo, e se tais recursos forem bem explorados,
o mesmo se torna um grande potencial. As fibras vegetais; possuem menor densidade do que
as fibras sintéticas e causam menor desgaste nos equipamentos de processamento de
compósitos.
Visto o potencial das fibras de coco, estudos que envolvem a aplicação dessas fibras na
construção civil são imprescindíveis, Desta forma, o presente trabalho tem a proposta da
análise do efeito do uso de fibras de como em argamassas de e visa a criação de novos
materiais e tecnologias alternativas e sustentáveis para o meio ambiente.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados no laboratório Avançado de Construção Civil - LACC da
Universidade de Pernambuco - UPE. Os estudos realizados envolveram a produção de
argamassas de revestimento em três famílias, família 1 - argamassa de revestimento sem
fibras de coco, família 2 – argamassa com 0,5% de fibras de coco e família 3 – argamassa
com 1% de fibras de coco. As fibras utilizadas nas argamassas das famílias 2 e 3 foram
retiradas do mesocarpo do coco e utilizadas em comprimento aproximado de 15mm. Para o
estudo das argamassas foram moldados 10 corpos de prova em formato cilíndrico (5x10), 6
corpos de prova em formato prismáticos e aplicação das argamassas em blocos cerâmicos.
Para análise do efeito da adição das fibras nas argamassas foram feitos ensaios de resistência à
compressão NBR 7215 (ABNT, 1995), resistência à tração na flexão NBR 13279 (ABNT,
2005) e resistência de aderência à tração NBR 13528 (ABNT, 2010). A partir dos resultados
obtidos, foram organizados os dados e calculados os resultados médios de resistência à
compressão, tração na flexão e resistência potencial de aderência de cada uma das três
famílias. Em seguida foram feitas as comparações entre as argamassas com fibras – família 2
e 3 e a argamassa de referência sem fibras – família 1.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos resultados observaram-se diferenças significativas nas argamassas com adição
de fibras – família 2 e 3 e a argamassa de referência – família 1(Tabela 1).
Tabela 1 - Resultados médios do comportamento das argamassas..
Descrição
Resistência à compressão em corpos
de prova cilíndricos (MPa)
Resistência à compressão em corpos
de prova prismáticos (MPa)
Resistência à tração na flexão (MPa)
Resistência Potencial de aderência à
tração (MPa)
Família 1
Família 2
Família 3
11,33
7,26
5,11
7,75
6,79
6,51
1,57
1,84
1,74
0,30
0,18
0,11
Fonte: Autoria Própria
Nos corpos de prova cilíndricos ensaiados à compressão, observou-se que o compósito sem
fibras de coco – Família 1 - apresentou maior resistência do que os compósitos com fibras –
família 2 e 3 os resultados apresentados na tabela 1 deixam claro que à medida que se
aumenta o teor de fibras ao compósito, ocorre um decréscimo da resistência a compressão em
relação a argamassa de referência, havendo-se perda de 36% e 55%, respectivamente, nas
famílias 2 e 3.
Levando-se em conta que segundo Gomes (2008, p. 8), argamassas destinadas a revestimento
não são primordialmente solicitadas à compressão. A perda dessa resistência mecânica não
afeta diretamente a função a qual os revestimentos de argamassa são destinados.
As metades dos corpos de prova prismáticos ensaiados a compressão também apresentaram
queda de resistência a compressão nas argamassas das famílias 2 e 3 em comparação com a
argamassa de referência - sem fibras. Dessa forma reitera-se que à medida que se aumenta o
teor de fibras ao compósito, ocorre um decréscimo da resistência à compressão. Verificaramse perdas de 12% e 16%, nas argamassas das famílias 2 e 3 em relação à família 1,
respectivamente.
Quanto à resistência à tração na flexão, observou-se que o compósito com adição de 0,5% de
fibras – família 2 apresentou maior resistência do que os compósitos – família 1 e Família 3.
Sendo assim pode se entender que até um certo percentual, a adição de fibras de coco
contribui para um crescente aumento na resistência à tração do compósito, porém após esse
percentual este aumento começa a decrescer. Analisando-se os dados pode-se constatar que a
adição de 0,5% de fibras de coco ao compósito desencadeou em um aumento na resistência a
tração de 17%, enquanto que o compósito com adição de 1% de fibras apresenta um
acréscimo de apenas 11%.
Considerando que de acordo com Henz (2009, p. 25), na análise do desempenho dos
revestimentos em argamassa, a resistência à tração tem uma grande importância por ser
responsável a resistir aos esforços de tensão, a adição de fibras até um certo percentual torna
crescente a o ganho de resistência à tração do compósito, contribuindo assim, positivamente,
no combate aos esforços de tensão e consequentemente contribuindo para a inibição do
aparecimento de fissuras no revestimento.
Os resultados do ensaio de resistência a aderência observou-se que a argamassa sem fibras –
família 1 apresenta uma maior aderência a base do que as argamassa com fibras – família 2 e
3. Em relação à argamassa de referência – família, verificou-se a perda de resistência de 39%
e 65%, nos compósitos da família 2 e família 3 , respectivamente. Considerando que a adição
de fibras torna a mistura mais consistente, as argamassas da família 2 e 3 apresentaram uma
menor trabalhabilidade e fluidez quando comparadas à argamassa de referência – família 1
sugere-se que a explicação para a queda da resistência à aderência nas famílias 2 e 3 decorre
do fato de que estas, por serem menos fluidas penetram com mais dificuldade nos poros da
base e consequentemente tem um menor ancoragem no substrato, enquanto que na argamassa
de referência – família 1, há uma maior penetração da argamassa ao substrato e
consequentemente uma maior ancoragem e melhor aderência. Analisando os resultados,
observa-se que o acréscimo de um aditivo específico para conferir uma maior trabalhabilidade
na mistura tornaria as famílias 2 e 3 igualmente aderidas a base como a argamassa da família1
Contudo, observaram-se variações físicas e químicas entre os tratamentos estudados
dependentes do manejo da fertilidade e tratos culturais utilizados. Tais efeitos demonstram a
necessidade de acompanhar mais detalhadamente do desenvolvimento das plantas e resposta
em produtividade, a fim de se aprimorar as técnicas de cultivo.
4. CONCLUSÕES
(i) os valores obtidos através do ensaio de resistência à compressão apresentaram perda de
resistência nos corpos de prova com adição de fibras de coco;
(ii) o ensaio de aderência nas argamassas estudadas apontaram para uma significativa perda
de resistência potencial à tração na medida em que se aumenta o percentual de fibras em
comparação com a argamassa de referência – sem fibras;
(iii) os resultados de resistência à tração das argamassas estudadas demonstram que a
argamassa de referência – sem fibras, é mais frágil do que as que receberam adição de fibras.
Isso se deve à grande ductilidade e alta elasticidade inerente às fibras vegetais, que tornaram
a argamassa mais dúctil.
(iv) levando-se em conta que os revestimentos são solicitados primordialmente à tração, a
utilização de fibras de coco em argamassas de revestimento apresenta-se como uma opção
com grande potencial de minimização do aparecimento de fissuras no revestimento.
REFERÊNCIAS
BEDIN, M.G. Compósito com polietileno de baixa densidade e fibra de coco IN NATURA e modificada.
Dissertação de mestrado, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 85p, 2014.
FAO 2015. World Production. Disponível em: <www.faostat.org.br>. Acesso em: 04 jun. 2015.
GOMES, A. O. Propriedades das argamassas de revestimento de fachada. Salvador, 2008.
HENZ, C.L. Análise experimental de compatibilidade das argamassas de revestimento e encunhamento.
Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009, 85p. Monografia (Trabalho de Conclusão de
Curso).
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2009. Produção Agrícola Municipal. Disponível em:
http:www.sidra.ibge.gov. br/bda/pesquisa. Acesso em: 04 jun. 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASIELEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7215: Cimento Portland Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1997.
____. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da
resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.
____. NBR 13528: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Determinação da resistência de
aderência à tração. Rio de Janeiro, 2010.
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