Estudo experimental da associação de Runcinioides argenteus (Araneae, Thomisidae) em Trichogoniopsis adenantha (DC) (Asteraceae) Gustavo Q. Romero Resumo Neste estudo, alguns aspectos da história natural das interações tritróficas do sistema: Trichogoniopsis adenantha (DC) (Asteraceae) – herbívoros e polinizadores – predador senta-e-espera, Runcinioides argenteus (Araneae, Thomisidae) foram investigados na Serra do Japi, Sudeste do Brasil. Objetivando compreender melhor esse sistema trófico, foram estudados a fenologia da planta, investimento na produção de aquênios e períodos sazonais de maior número de aquênios viáveis (intactos e fertilizados); fenologia de uma população do predador R. argenteus, e tipos de presa que estão capturando; e sítios de forrageamento utilizados por R. argenteus, em relação à disponibilidade de presas. Uma vez que essa aranha pode predar tanto polinizadores quanto predadores de aquênios e herbívoros de outros tecidos florais, podem interferir na assembléia desses herbívoros e afetar o sucesso reprodutivo da planta. O objetivo principal do presente trabalho foi verificar experimentalmente com plantas pareadas (com vs. sem aranhas) se plantas com aranhas têm menor taxa de co-ocorrência intra e interespecífica entre os insetos endófagos de capítulos, e maior número de aquênios intactos e não fertilizados. A planta T. adenantha produziu mais ramos reprodutivos e maior número de aquênios por capítulo no período chuvoso (setembro-março). A maior proporção de aquênios danificados ocorreu em outubro e em dezembro, e de aquênios fertilizados e intactos ocorreu em abril. A população da aranha R. argenteus começou a crescer no início do verão (dezembro), atingindo um pico em março, e decresceu no outono, atingindo densidades mais baixas no inverno e na primavera, quando os indivíduos chegaram à idade adulta. O maior recrutamento ocorreu a partir de novembro e dezembro. Análises de séries temporais (com até três meses de atraso) demonstraram sincronismo entre o início das chuvas, o período de floração de T. adenantha, um aumento da abundância de artrópodes (presas em potencial da aranha) e um aumento da densidade de R. argenteus. Entretanto, cada classe de organismo demorou de um a 3 meses para responder em abundância às condições diretamente relacionadas. Dos 595 indivíduos de R. argenteus observados, 76 (12,8%) estavam predando artrópodes pertencentes a várias guildas, como a dos herbívoros, polinizadores e predadores. Muitas dessas presas eram espécies ápteras, ou aquelas que permanecem nos ramos por mais tempo. R. argenteus http://www.biotaneotropica.org.br ocupou substratos com maior frequência de presas, indicando que, como outros tomisídeos já estudados, pode responder à qualidade dos sítios de forrageamento, conforme a Teoria do Forrageamento Ótimo. Em geral, no estudo experimental plantas com a ausência de R. argenteus tiveram maior número de indivíduos de Trupanea sp. (Diptera, Tephritidae) por capítulo, mas um outro herbívoro comum, Melanagromyza sp. (Diptera, Agromyzidae) não foi afetado. Plantas sem predadores apresentaram maior proporção de capítulos infestados e maior número de aquênios danificados. Entretanto, as aranhas exerceram efeito apenas contra uma espécie de predador de aquênio, o endófago Trupanea sp., não afetando as taxas de danos nos aquênios provocados por Melanagromyza sp. e por larvas de Geometridae sp. (Lepidoptera). As aranhas não afetaram a taxa de aquênios fertilizados, indicando que sua presença trouxe apenas benefícios para a planta. Palavras-chave: Assembléia de fitófagos, Asteraceae, efeitos diretos e indiretos, interações tri-tróficas, predação de sementes, Thomisidae. FICHA CATALOGRÁFICA: Romero, Gustavo Q. Estudo experimental da associação de Runcinioides argenteus (Araneae, Thomisidae) em Trichogoniopsis adenantha (DC) (Asteraceae) / Gustavo Q. Romero Dissertação vinculada ao projeto “Biodiversidade de Arachnida e Myriapoda no Estado de São Paulo”, do programa BIOTA/FAPESP, proc. no. 99/05446-8. Coordenador: Antonio D. Brescovit Orientador: Prof. Dr. João Vasconcellos Neto