Terapia Cognitivo-Comportamental nos Transtornos de Humor

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Terapia Cognitivo-Comportamental
Comportamental nos
os Transtornos de Humor
Diego Rafael Schmidt (1) Cristina Pilla Della Méa (2)
(1) Acadêmico da Escola de Psicologia da IMED, Passo Fundo – RS.
RS
E--mail: [email protected]
(2) Psicóloga. Especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental
Cognitivo Comportamental (UNISINOS) e
Especialista em Psicologia Clínica (IMED). Professora Escola de Psicologia da IMED, Passo
Fundo – RS.
E
E-mail:
[email protected]
Terapia Cognitivo-Comportamental
Comportamental nos
os Transtornos de Humor
Resumo: A Terapia Cognitiva (TC) desenvolveu-se
desenvolveu a partir de estudos conduzidos com pacientes
deprimidos e ansiosos.. Porém, o campo de possibilidades de tratamento em TC ampliou-se
ampliou
significativamente e foi adaptado a fim de dar conta de diversas outras psicopatologias.
psicopatologias Trata-se
de uma abordagem ativa, de caráter educativo e que leva em conta a importância de uma aliança
terapêutica sólida, orientada a identificar e avaliar pensamentos,
pensamentos, sentimentos e comportamentos
disfuncionais a partir de técnicas específicas.
específicas A realização de Psicoterapia de Abordagem
Cognitivo-Comportamental para pacientes com diagnóstico de Transtornos de Humor constitui
um meio de obter mudanças significativas nesses quadros psicopatológicos, através da
contestação das crenças, pensamentos e pressupostos desenvolvidos
d
por estes indivíduos. Para
tanto, faz-se
se necessário educar os pacientes acerca do modelo cognitivo, a fim de que os mesmos
compreendam a relação existente entre pensamentos, sentimentos e ações. A partir disso, o
terapeuta adquire um papel mais ativo, mas sempre visando que o paciente avalie e modifique os
seus pensamentos distorcidos, promovendo
promov
soluções alternativas para pensar os seus problemas.
problemas
A utilização de abordagens Cognitivo-Comportamentais
Cognitivo Comportamentais coadjuvantes em pacientes com
Transtorno de Humor promove a adesão ao tratamento medicamentoso e o enfraquecimento de
algumas cognições que podem vir a desencadear novos episódios de humor.
Palavras-chave: Transtorno de Humor;
Humor Depressão; Transtorno do Humor Bipolar; Terapia
Cognitivo-Comportamental.
Abstract: The Cognitive Therapy (CT) was developed from studies conducted with depressed and
anxious patients. However, the field of possibilities of treatment in CT has expanded significantly
and has been adapted in order to account for several other psychopathologies. It is an active
approach, with an educational character,
character who takes into account the importance of a strong
therapeutic alliance, aimed to identifying and evaluating thoughts, feelings and dysfunctional
behaviors with specific techniques. The conducting of a Cognitive-Behavioral
Behavioral Psychotherapy
Approach for patients with a Mood Disorders diagnosis is a way to obtain significant changes in
these psychopathologies, by challenging the beliefs, thoughts and assumptions made by these
individuals. Therefore, it is necessary to educate patients about the cognitive model, so that they
may understand the relationship between thoughts,
th
feelings and behaviors.. From this, the
therapist should take a more active role, but always aiming that the patient will assess and modify
their distorted thinking, promoting alternatives ways to think about their problems. The use of
Cognitive-Behavioral
Behavioral approaches on
on the supporting of patients with Mood Disorder promotes the
therapy adherence and the weakening of some cognition that may trigger new episodes of mood.
Keywords: Mood Disorders; Depression;
Depression Bipolar Disorder; Cognitive Behavioral Therapy.
Therapy
1. INTRODUÇÃO
A Terapia Cognitiva (TC) desenvolveu-se,
desenvolveu
na década de 60, a partir dos estudos
conduzidos por Aaron Beck com pacientes
p
deprimidos e ansiosos. Beck identificou um
padrão de cognições em pacientes depressivos, ou seja, que a maioria deles apresentava
uma visãoo negativa de si, do mundo e do futuro. Assim, ele formulou sua teoria,
teoria de que as
síndromes psiquiátricas se originavam em função
função de transtornos do pensamento que se
refletiam nas percepções e interpretações individuais da realidade. Para Beck,
Beck a partir da
contestação dessas distorções do pensamento, obter-se-iam
obter iam ainda mudanças nos quadros
patológicos do sujeito. Nessa perspectiva, o campo de possibilidades de tratamento em
TC ampliou-se
se significativamente e foi adaptado a fim de dar conta de diversas outras
outra
psicopatologias, como as fobias, transtornos da personalidade, transtornos alimentares,
abuso de substância, entre outros (BECK,
(
2013).
Essa modalidade de terapia possui um caráter educativo, de sessões estruturadas e
tempo limitado, cujo foco e as metas são voltados a problemas presentes do sujeito. TrataTrata
se de uma abordagem ativa, que leva em conta a importância de uma aliança terapêutica
sólida e orientada a identificar e avaliar pensamentos, sentimentos e comportamentos
disfuncionais a partir de técnicas
técni
específicas (BECK, 2013; SAFFI; ABREU; LOTUFO
NETO, 2011).
Além disso, a realização de Psicoterapia Individual de Abordagem CognitivoCognitivo
Comportamental em pacientes com diagnóstico de Transtornos de Humor constitui-se
constitui um meio de
obter mudanças nesses quadros
ros psicopatológicos, em função da contestação das crenças,
pensamentos e pressupostos desenvolvidos por estes sujeitos. Estudos comprovaram que pacientes
com Transtorno de Humor, quando em psicoterapia, apresentam diminuição da intensidade e
recorrência dos seus sintomas (SAFFI;
SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011).
2011
Este artigo compreende uma revisão bibliográfica organizada com o objetivo de elencar
os principais aspectos relacionados à Terapia Cognitivo-Comportamental
Comportamental para os Transtornos de
Humor, especialmente a Depressão
essão e o Transtorno do Humor Bipolar. Trata-se
se de um material
desenvolvido durante o Estágio curricular em Psicologia Clínica e Saúde I,, com ênfase na
abordagem Cognitivo-Comportamental
Comportamental para Transtornos de Humor, vinculado à Clínica SINAPSI
– Sistema Integrado
grado de Atendimento em Psicologia da IMED/Faculdade
IMED Faculdade Meridional, Passo Fundo
– RS.
2. SOBRE A TERAPIA COGNITIVA
COGNITIV
A TC parte da premissa de que cognições disfuncionais influenciam de maneira
significativa na manutenção das psicopatologias. Desta forma, a modificação de pensamentos
automáticos, crenças intermediárias e centrais possibilitaria a flexibilização dos quadros
quadr
psicopatológicos observados nos pacientes (BECK,
(
2013; SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO,
2011).
Para a TC, aquilo que influencia as respostas emocional, comportamental e fisiológica
subsequentes é a interpretação que o sujeito tem de uma situação, denominada de
d pensamentos
automáticos. Trata-se
se de pensamentos breves ou imagens mentais que dizem respeito ao mundo,
aos outros e ao futuro e influenciam estados emocionais e/ou de comportamento (BECK, 2013;
SUDAK, 2008).
Normalmente, devido ao nível de distorção que representam, essa classe de pensamentos
compreendem inverdades parciais ou totais. Quer dizer, muito embora alguns pensamentos
automáticos sejam precisos, as conclusões que o paciente tira sobre eles podem estar distorcidas.
Avaliar a validade e a utilidade
de dos pensamentos automáticos distorcidos e responder a eles em
geral produz uma mudança positiva no afeto e nas psicopatologias. Essa identificação permite a
contestação dos fatos e o exame de evidências, a fim de promover a reestruturação cognitiva no
indivíduo (BECK, 2013;; SUDAK, 2008).
Esse processo implica em questionar ao paciente
ente o que passava pela sua cabeça quando
aconteceram modificações em seu afeto, para posteriormente avaliar a veracidade desses
pensamentos e promover formas alternativas de pensar
pe
(BECK, 2013;; SUDAK, 2008). Desta
forma, faz-se
se necessário educar os pacientes acerca do modelo cognitivo, a fim de que os mesmos
compreendam a relação entre pensamentos, sentimentos e ações. A utilização de ferramentas
como o Registro de Pensamentos
ensamentos Disfuncionais (RPD) e o ABC permite que o cliente desenvolva
perspectiva acerca desses elementos de modo a promover soluções alternativas e reestruturar
pensamentos distorcidos (SAFFI;
SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011).
2011
Quando o paciente já aprendeu a examinar os pensamentos automáticos, parte-se
parte para a
identificação, avaliação e contestação das Crenças Intermediárias e Centrais. Estas dizem respeito
a ideias ou entendimentos mais profundos que os pacientes têm e que também dão origem a
pensamentos automáticos específicos. As Crenças Intermediárias
ntermediárias compreendem regras e
suposições derivadas de Crenças
renças Centrais que, por sua vez, representam níveis mais profundos
pr
e
cristalizados de cognição, mantidos e reforçados através das nossas vivências (BECK,
(
2013;
SUDAK, 2008).
Para Beck (2013),
), essas Crenças são incontestadas pelo indivíduo,
indivíduo normalmente
possuindo algum significado que envolve um conteúdo, como desamor,
desamor, desvalia e desamparo. As
Crenças Centrais que podem ser acessadas através da flecha descendente e outras técnicas, a fim
de compreender o conteúdo da cognição e as suposições centrais ou subjacentes ao pensamento.
Dentro da TCC, ainda, as sessões possuem uma estrutura que serve de norte para o
trabalho com os pacientes. Como explica Saffi; Abreu; Lotufo Neto (2011), dessa estrutura podepode
se citar a verificação do humor, a atualização da sessão anterior, estruturação da agenda, revisão
da tarefa de casa, discussão dos tópicos da agenda, prescrição de uma nova tarefa, resumo da
sessão e o feedback.. O objetivo de tal metodologia de trabalho é possibilitar que o processo
terapêutico torne-se
se compreensível tanto para o terapeuta
ter
quanto para o cliente.
2.1. Terapia cognitivo-comportamental
comportamental para a depressão
A depressão é uma doença caracterizada pelo humor deprimido e/ou tristeza, perda do
interesse, anedonia, isolamento, alterações de peso e/ou sono, sentimentos de desesperança,
pensamentos suicidas e uma visão pessimista dos fatos recorrente. Ela é resultado da interação de
fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Seu funcionamento cognitivo torna-se
torna
comprometido e esses sujeitos passam a apresentar dificuldades de atenção, memória e
aprendizagem, pelo período mínimo de duas semanas (APA, 2002; SUDAK, 2008; WAINER;
PERGHER; PICCOLOTO, 2003). No Brasil, a prevalência da depressão é em torno de 10% da
população ao longo da vida e no mínimo 3%
3 em um ano, afeta tanto mulheres quanto homens, de
diferentes idades e causa sofrimento significativo no âmbito afetivo, social e laboral (FLECK
(
et
al., 2009).
Beck demonstrou-se
se bastante insatisfeito com a teoria psicanalítica da depressão e,
e por
fim, com a estrutura inteira daa psicanálise. A crença Freudiana de uma hostilidade retrofletida
expressada como “necessidade de sofrer” levou-o
levou o a reformular totalmente a psicopatologia dos
d
quadros depressivos,, enfatizando a interpretação equivocada da realidade, as autocríticas cruéis, e
chegando a conclusão de que o paciente deprimido possui uma visão negativa de si mesmo, do
mundo externo e do futuro,, expressada através das distorções cognitivas (BECK et al., 1997;
1997
BECK, 2013). Em seu livro Terapia Cognitiva da Depressão (BECK et al.,., 1997), definiu-se
definiu uma
série de técnicas com o objetivo de intervir em pacientes com quadros depressivos e modificar
essas percepções.
Quando um paciente com sintomas depressivos chega para avaliação,
avaliação é importante
identificar a intensidade dos sintomas. Um dos instrumentos que podem auxiliar nesse processo
são as Escalas Beck. Pode ser que haja necessidade de associar a utilização de fármacos
juntamente com a TC. Essa combinação traz resultados eficazes, inclusive na prevenção da
recaída (RODRIGUES; HORTA,
HORTA 2011).
No caso de pacientes deprimidos, em que o uso da medicação possa tornar-se
tornar
menos
dispendioso do que a psicoterapia, nem todos eles
e es respondem adequadamente aos psicotrópicos.
Estima-se
se que um número aproximado de 65% dos pacientes apresentam melhoras
melho
definitivas
com intervenção medicamentosa. Contudo, a TC procurou ocupar-se
se com os demais 35% que não
são auxiliados pelos antidepressivos, que fazem objeções ou interrompem o uso da medicação
(BECK et al., 1997).
Rodrigues; Horta (2011) destacam que o objetivo da TC com pacientes deprimidos é
identificar e corrigir pensamentos e crenças distorcidas. Para tal, é necessário lançar mão da
reestruturação cognitiva, através de técnicas de automonitoramento.
As Técnicas Comportamentais
omportamentais são frequentemente utilizadas com o objetivo de tornar o
paciente mais eficiente através de experimentos que testem suas ideias negativas. Normalmente
elas são utilizadas nos primeiros momentos da terapia. O Agendamento de Atividades serve para
neutralizarr a perda de motivação, a inatividade, e preocupação do sujeito com ideias distorcidas.
Após engajar-se
se em uma atividade o paciente pode registrar o nível de Domínio – ou conquista
(D) e Prazer (P) que ele experimenta. Esses itens podem ser classificados em
em uma escala de 1 a 5.
Esta técnica ainda tende a neutralizar pensamentos distorcidos do paciente do tipo tudo ou nada
(BECK et al., 1997).
Além disso, realiza-se a Prescrição de Tarefas Graduadas,, que consiste em dividir uma
tarefa grande em partes pequenas
as com um primeiro passo relativamente fácil, garantindo que o
paciente tenha domínio sobre a atividade desempenhada. Com o Ensaio Cognitivo,
Cognitivo o terapeuta
auxilia o paciente a identificar e desenvolver soluções para os problemas antes que se produza
uma falha
ha indesejada de experiência. É importante o terapeuta ressaltar que não está testando o
paciente, mas sim, suas ideias negativas (BECK et al., 1997).
Porque a depressão consiste em componentes afetivos, motivacionais, cognitivos,
comportamentais e fisiológicos, o terapeuta pode concentrar-se
concentrar se em qualquer um desses
componentes ou de uma combinação destes, para introduzir uma mudança na síndrome
total da depressão.
depressão. Cada um dos componentes tem uma relação recíproca com os outros,
portanto, uma melhora em uma área-problema
área problema maior geralmente se espalha para as
outras (BECK et al., 1997, p. 121).
Os Sintomas Fisiológicos casualmente são alvo no tratamento da depressão.
pressão. Beck et al.,
(1997) postulam que distúrbios do sono, da alimentação e do desejo sexual diminuem
diminu assim que o
nível de depressão do paciente cede. É importante informar que esses sintomas são característicos
do quadro e possivelmente derivam do humor
humor deprimido. Desta forma, a reestruturação cognitiva
pode servir para a finalidade de avaliar e corrigir os pensamentos disfuncionais causadores do
transtorno.
Muitas vezes, o desejo de um paciente deprimido de escapar da vida pode ser tão grande
que a ideia
ia de suicídio representa o único alívio para a situação presente. A primeira meta ao
ajudar um paciente suicida é encontrar o motivo que o leva a pensar em morte. Algumas pessoas
declaram
am que sua meta é desistir, escapar da vida e buscar um ponto final. Outros sujeitos que
tentaram suicídio relatam que jogaram com a morte para produzir efeitos interpessoais
manipulativos. Por
or exemplo, o motivo poderia ter sido desencadeado por um desejo de amor e
afeto, por uma necessidade de vingança, etc. Uma característica
característica que demarca os pacientes suicidas
é a noção da aceitabilidade ou desejabilidade de resolver seus problemas através da morte. Por
isso, trata-se
se de um assunto que precisa ser trabalhado em sessão (BECK et al., 1997; SAFFI;
ABREU; LOTUFO NETO, 2011;
2011 SUDAK, 2008).
Desde o início do tratamento com pacientes potencialmente suicidas, é importante que o
terapeuta ganhe tempo até que o perigo tenha passado, numa tentativa de tomar medidas de
proteção. Uma técnica possível de ser utilizada pelo terapeuta é instigar
instigar a curiosidade do paciente
acerca da terapia ou da sua abordagem terapêutica. Na sequência, solicita-se
solicita se ao cliente que
verifique os prós e os contras do suicídio, ou seja, as razões de ambos os lados. É interessante
apontar que o sujeito frequentemente anula os fatores positivos da sua vida: (a) ele os esquece, (b)
os ignora, ou (c) desconsidera seu valor (BECK et al., 1997; SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO,
2011).
Beck et al. (1997) compreendem a ideação suicida como uma oportunidade e não um
retrocesso: a terapia
rapia pode ser auxiliada pelas recorrências de desejos
desejos suicidas, os quais podem ser
“trabalhados” nas situações terapêuticas. “Quantas vezes você já pensou em se matar? E você
acha que 1 hora de conversa comigo vai reverter o que aconteceu tão frequentemente
frequentemen no passado?
Por isso acho que você deveria me dar uma chance de te ajudar”.
Em intervenções dee crise, o terapeuta adquire um papel mais ativo e procura obter dados
que contradigam as crenças do paciente. Nas abordagens normais das sessões de TC, o terapeuta
ainda assume um papel mais ativo, mas visando sempre que o paciente assuma a responsabilidade
em esclarecer e projetar soluções possíveis para os seus problemas (BECK et al., 1997).
À medida que a depressão do paciente cede, o foco do tratamento implica
ca em transformar
as Crenças Intermediárias e Centrais
entrais – as quais predispõem a pessoa à depressão. Esse trabalho
exerce efeito direto sobre a habilidade do paciente para evitar depressões futuras. Pressuposições
mal adaptativas diferem das adaptativas no sentido de serem inapropriadas, rígidas e excessivas.
excess
Essas regras se ativam em situações que afetam áreas relevantes às vulnerabilidades específicas da
pessoa, ou seja, eventos estressores. Elas são aprendidas durante a infância e raramente o paciente
examina ou duvida destas opiniões espontaneamente. Por essa razão, desafios às pressuposições
dos pacientes devem ser apresentados na forma de perguntas e pressuposições alternativas, e não
imposições.
ções. Em seu livro, Beck et al. (1997) utilizam o termo “contrato pessoal” para referir-se
referir às
crenças intermediárias.
árias. Por exemplo, ao longo do seu desenvolvimento muitas pessoas
estabelecem regras do tipo “Se eu faço X, então Y vai acontecer”.
Na TC,, diversos autores enfatizam a importância do uso de experimentos para testar
muitas das crenças e pensamentos negativos
negativos do paciente. É necessário que o terapeuta especifique
o problema, identifique uma hipótese sobre a causa do problema, projete um teste das hipóteses,
avalie os resultados do teste, e, aceite, rejeite ou modifique a hipótese para explicar os resultados
doo teste. “O que é que você tem a perder se tentar?”, “Vejamos se podemos descobrir um modo de
checar estes pensamentos” ou “Por que não experimentar para ver se funciona?” constituem
intervenções frequentemente utilizadas para explicar a racionalidade da tarefa
tarefa (BECK et al.,
1997).
Ao prescrever um experimento, o terapeuta pode estipular um número X de Pensamentos
Automáticos a serem observados. Frequentemente é útil fazer o paciente repetir a tarefa em suas
próprias palavras e descrever quaisquer problemas que ele poderia antecipar. Beck et al. (1997)
sugerem que o terapeuta dê a si mesmo uma tarefa, aumentando, por meio disso, os valores
cooperativos em terapia. Sempre que o paciente não tenta fazer o experimento, deve-se
deve verificar
se as instruções foram claras
laras e se o paciente compreendeu como a tarefa era relevante para ajudáajudá
lo com seus problemas. Uma técnica eficaz de enfrentamento utilizada por alguns pacientes para
ajudá-los a fazer experimentos comportamentais envolve aprender a “Falar
Falar com seus músculos”.
múscul
À medida que a terapia evoluir, chegará um momento em que a tarefa do paciente será projetar a
sua própria tarefa (SAFFI;
SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011).
2011 Outras intervenções como a prática
de atividade física regular, um padrão de sono regular, hábitos de higiene e alimentação saudáveis
podem ser trabalhadas durante a TC, pois auxiliam muito na melhora dos sintomas dos pacientes
deprimidos (RODRIGUES; HORTA, 2011).
Ao longo de toda a terapia, é aconselhado que o terapeuta abordasse ocasionalmente o
caráter finito das sessões. Quer dizer, torna-se
torna se necessário discutir com os pacientes aspectos
relacionados ao término e a recaída. Temas como doença versus cura, a visão de “erro”, a
dependência
endência para com a figura do terapeuta e a eficácia “mágica” da TC devem ser abordados
continuamente (BECK et al., 1997).
2.2. Terapia cognitivo-comportamental
comportamental para o transtorno bipolar
O Transtorno Bipolar (TB)
(TB) constitui uma doença psiquiátrica comum, mas que
qu produz
impacto significativo em diferentes segmentos de vida dos seus portadores. Trata-se
Trata
de um
problema grave cujo tratamento depende de diversas abordagens relacionadas, como intervenções
psicológicas e com psicofármacos. Sua principal característica diz respeito à constantes oscilações
no humor intercaladas, que também acabam culminando em alta reatividade comportamental,
agitação, impulsividade, hipervigilância, curso de pensamento acelerado e o envolvimento em
comportamentos de risco (APA, 2002; CORDIOLI;
CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER, 2004;
DELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2009; JURUENA, 2004; OLIVEIRA;
LIMA, 2000).
xiste uma subdivisão dos episódios de humor que caracterizam o TB, podendo ser de
Existe
cunho maníaco ou hipomaníaco. Ambos configuram-se como períodos de humor elevado ou
irritável, apresentando diminuição na necessidade de sono, aumento da libido, distração, taquilalia
ou logorreia. A principal distinção implicada entre esses dois episódios está no nível de severidade
apresentado pelos
os sujeitos durante o episódio maníaco, podendo haver inclusive quebras no
contato com a realidade. Segundo as classificações diagnósticas, este componente psicótico não é
encontrado em episódios hipomaníacos (APA, 2002; CORDIOLI; ZIMMERMANN; KESSLER,
2004;; DELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003; OLIVEIRA; LIMA, 2000).
A utilização de abordagens Cognitivo-Comportamentais
Cognitivo
coadjuvantes em pacientes com
TB
B promove a adesão ao tratamento medicamentoso e o enfraquecimento de algumas cognições
que podem vir a desencadear novos episódios de humor. Salienta-se
Salienta se ainda a importância da TCC
no tratamento do TB, a fim de diminuir fatores de risco ao desenvolvimento de novos episódios de
humor. Sabe-se
se ainda que quando não contidos adequadamente,
adequadamen em função do erro de diagnóstico
ou pela contenção química inadequada ou insuficiente, estes pacientes podem apresentar
dificuldades em manter os estados de humor eutímico (DELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003;
FIGUEIREDO et al., 2009; SAFFI; ABREU; LOTUFO NETO, 2011; SUDAK, 2008).
Um estudo realizado
alizado por Judd et al. (2005) estima que em uma média de 13 anos,
pacientes com diagnóstico de TB podem passar cerca de 85% do tempo apresentando sinais e
sintomas sindrômicos e subsindrômicos da doença. No entanto, esse dado estatístico chega a
diminuir para 50% em pacientes em processo de psicoterapia (GONÇALVES; SANTIN;
KAPCZINSKI, 2008).
O objetivo da TCC para TB consiste em: psicoeducação (educar o paciente e seus
familiares sobre a doença), ensinar métodos para monitorar o humor do paciente; oportunizar
oportuni
técnicas não medicamentosas para lidar com sintomas da doença e problemas do cotidiano;
melhorar adesão ao tratamento medicamentoso. Para monitorar os sintomas podem ser utilizadas
as seguintes técnicas:: mapeamento da vida; folha de resumo dos sintomas;
sintomas gráfico do humor e
afetivograma (RANGÉ, 2011).
Em momentos de estabilidade, já durante o processo de avaliação inicial o terapeuta inicia
a educar seu paciente sobre o Modelo Cognitivo, enquanto está sendo estabelecido o vínculo
terapêutico. Trata-se de falar sobre como as cognições influenciam as emoções e os
comportamentos, e de como estes se relacionam com os problemas vividos pelo cliente, a fim de
diminuir a intensidade e a frequência dos seus episódios de humor (DELL’AGLIO JÚNIOR et al.,
2003; GONÇALVES;
LVES; SANTIN; KAPCZINSKI, 2008; SUDAK, 2008).
2008
Utilizam-se
se estratégias extrassessões, como as tarefas de casa, com o objetivo de que os
pacientes coletem evidências acerca da validade das suas cognições e desenvolvam novas formas
de pensar. Assim o terapeuta conduz seu paciente no processo de reestruturação cognitiva, isto é,
na modificação de crenças e pensamentos distorcidos/disfuncionais acerca dos fatos
(DELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003).
Trata-se
se de auxiliar o paciente a monitorar seus pensamentos
pensamentos de conteúdo grandioso,
possíveis preditores de episódios de mania ou hipomania. Através da automonitoração os
pacientes tornam-se
se mais sensíveis às oscilações de humor, permitindo a elaboração de estratégias
que contenham as flutuações de afeto e reconhecer
reconhecer eventos gatilhos (DELL’AGLIO JÚNIOR et
al., 2003; JURUENA, 2004; SUDAK, 2008).
2008
Desta forma, faz-se
se importante a presença de intervenções psicoeducativas para que o
paciente, seus familiares e as pessoas próximas compreendam as características da sua doença.
Trata-se
se de identificar sinais e sintomas de possíveis episódios de humor, ressaltando a
necessidade de condutas medicamentosas para a efetividade do tratamento (DELL’AGLIO
JÚNIOR et al., 2003; FIGUEIREDO et al., 2009; GONÇALVES; SANTIN; KAPCZINSKI,
KAPCZINSKI
2008).
se fazer uso de técnicas como: registro de pensamentos disfuncionais,
Pode-se
questionamento socrático, exame das evidências, balança decisacional, resolução de problemas,
exercícios de relaxamento, monitoração de atividades diárias e afetivograma, busca de soluções
alternativas, imagens mentais e role plays, inoculação ao estresse, treino de habilidades sociais
entre outros (BECK, 2013;; BECK et al., 1997; DELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003;
GONÇALVES; SANTIN; KAPCZINSKI, 2008; JURUENA, 2004; LEAHY, 2006; SAFFI;
ABREU; LOTUFO NETO, 2011; RANGÉ, 2011).
Uma técnica de suma importância no trabalho com pacientes com TB é a resolução de
problemas. Ela permite que os sujeitos identifiquem possíveis dificuldades e promovam
estratégias de comportamento saudáveis.
saudáveis No entanto, torna-se
se necessário iniciar com situaçõessituações
problema simples, de modo a aumentar a autoeficácia do paciente e reforçar seus aspectos
positivos, evitando a recorrência dos episódios e a diminuição de sintomas subsindrômicos
(DELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003; GONÇALVES; SANTIN; KAPCZINSKI, 2008;
2008 RANGÉ,
2011).
Em função dos diferentes prejuízos ocasionados pelo transtorno, pode-se
pode se fazer necessária
a utilização do Treino de Habilidades Sociais (THS),
(THS) auxiliando o paciente a desenvolver
comportamentos assertivos, para
par retomar a suas atividades diárias de forma socialmente
habilidosa (DELL’AGLIO
ELL’AGLIO JÚNIOR et al., 2003).
Na medida
edida em que situações problema e os objetivos do tratamento vão sendo resolvidos,
a terapia para
ara TB vai chegando ao fim. Inicia-se
Inicia se então um trabalho de prevenção a recaídas, a fim
de diminuir a frequência e a intensidade dos episódios maníacos/hipomaníacos e aumentar o
tempo de humor eutímico. O principal objetivo da prevenção é promover alterações
alteraçõe no estilo de
vida dos pacientes, a fim de diminuir o risco de desenvolver novos episódios. Trata-se
Trata
de
identificar sinais e sintomas prodrômicos de possíveis episódios de humor, aderir à farmacoterapia
e evitar comportamentos de risco, como a ingestão de álcool (DELL’AGLIO JÚNIOR et al.,
2003; GONÇALVES; SANTIN; KAPCZINSKI, 2008).
2008)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Terapia Cognitivo--Comportamental
Comportamental compreende um método de tratamento
desenvolvido e adaptado para o trabalho com diversas psicopatologias.
psicopatologias Através do uso de técnicas
específicas, realizam-se
se modificações em nível de pensamentos, comportamentos e sentimentos,
sentimentos
percebendo-se a eficácia da TCC nos quadros de depressão e Transtorno Bipolar.
Bipolar Além disso, a
abordagem possibilita melhor adesão ao medicamento e pode diminuir a intensidade dos sintomas
e a frequência dos episódios de humor.
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