fundação oswaldo cruz/escola nacional de saúde pública sérgio

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“Perfil epidemiológico da doença diarréica aguda no estado
de Rondônia, no período de 2007 a 2009, baseado no
Programa de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas
(MDDA)”
por
Ivone Ferreira da Costa
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre
Modalidade Profissional em Saúde Pública.
Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Adriana Hamond Regua Mangia
Segunda orientadora: Prof.ª Dr.ª Sonia Duarte de Azevedo Bittencourt
Rio de Janeiro, março de 2011.
Esta dissertação, intitulada
“Perfil epidemiológico da doença diarréica aguda no estado
de Rondônia, no período de 2007 a 2009, baseado no
Programa de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas
(MDDA)”
apresentada por
Ivone Ferreira da Costa
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes
membros:
Prof.ª Dr.ª Elenice Machado da Cunha
Prof.ª Dr.ª Elizabeth Glória Oliveira Barbosa dos Santos
Prof.ª Dr.ª Adriana Hamond Regua Mangia – Orientadora
Dissertação defendida e aprovada em 31 de março de 2011.
3
Dedico este trabalho à minha
amada e inesquecível mãezinha
Maria Clementino (in memorian)
que sempre me incentivou a estudar
e me ensinou a lutar e nunca desistir diante dos obstáculos...
4
Maravilhosos são Teus feitos
e imensa é Tua grandeza,
pois só Tu és Deus.
Salmos, 85:10
5
AGRADECIMENTOS
Ao Eterno meu Elohim por me amar tanto e me sustentar nos momentos de dor, desespero e
desânimo permitindo que eu chegasse à conclusão desse trabalho.
À Dra. Adriana Hamond Regua Mangia pela orientação, paciência e estímulo indispensáveis
para a concretização desse sonho.
À Dra. Sônia Bittencourt pelas contribuições fundamentais para a realização deste estudo.
À Dra. Sheila Maria Ferraz Mendonça de Souza e à Dra. Ana Lúcia Escobar pela
oportunidade, generosidade e compreensão em momentos difíceis.
Às minha amigas Maria Darcília Rodrigues Araújo e Maria Zilda Barroso Soares pela
indispensável participação neste trabalho.
À minha grande amiga Berenice Gomes Bernardo pelo ombro sempre estendido e pelas
palavras de ânimo e incentivo quando tudo parecia tão difícil .
Ao Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Agência Estadual de Vigilância em Saúde de
Rondônia pelos dados fornecidos.
À minha família, principalmente aos meus irmãos Isaque e Geasí que são meus exemplos de
caráter e dignidade e à minha irmã Cláudia, por todo carinho e apoio a mim dispensados .
Ao meu esposo Márcio Guimarães dos Santos pela cumplicidade, paciência, compreensão e
amor incondicionais.
6
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE MAPAS
LISTA DE ABREVIATURAS
RESUMO.....................................................................................................................11
ABSTRACT.................................................................................................................13
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................14
2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................16
2.1. DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS (DIPs)....................................16
2.1.1. Doenças Infecciosas e Parasitárias como problema de Saúde
Pública......................................................................................................................16
2.1.2. Doenças Infecciosas e Parasitárias X Doenças Diarréicas
Agudas.....................................................................................................................16
2.2. Doença Diarréica Aguda (DDA)........................................................................…17
2.2.1. Descrição e etiologia...........................................................................................17
2.2.2. Classificação do quadro clínico..........................................................................17
2.2.3. Morbimortalidade por DDA................................................................................18
2.2.4. Fatores de risco para DDA..................................................................................19
2.2.5. Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas.................................................20
2.2.6. Estudos baseados no banco de dados da MDDA...............................................23
3. OBJETIVOS ..........................................................................................................26
3.1. Objetivo Geral........................................................................................................26
3.2. Objetivos Específicos........................................…………….……….….…..........26
4. METODOLOGIA…………......…………....………….…...……........................27
4.1. Desenho do Estudo….………..….....................…….............................................27
7
4.2. Localização e caracterização da área do estudo.............…...................................28
4.3. Fonte de dados das Doenças Diarréicas Agudas....................................................29
4.4. Análise dos dados..................................................................................................30
4.5. Considerações éticas..............................................................................................30
5. RESULTADOS........................................................................................................32
5.1. Casos de DDA registrados pela MDDA por ano e mês segundo a GRS...............32
5.2 . Casos de DDA registrados pela MDDA segundo local de residência .................38
5.3. Casos de DDA registrados pela MDDA segundo a faixa etária............................42
5.4. Casos de DDA registrados pela MDDA plano de tratamento utilizado................48
6. DISCUSSÃO............................................................................................................52
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................55
8. RECOMENDAÇÕES.............................................................................................56
9. ANEXO I..................................................................................................................57
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................59
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por ano e mês de ocorrência.
Rondônia, Brasil, 2007-2009....................................................................................................33
Tabela 2- Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA. Rondônia,
Brasil, 2007-2009 .....................................................................................................................34
Tabela 3- Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA, segundo
GRS . Rondônia, Brasil, 2007...................................................................................................35
Tabela 4 - Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA, segundo
GRS. Rondônia, Brasil, 2008....................................................................................................36
Tabela 5 - Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA, segundo
GRS. Rondônia, Brasil, 2009....................................................................................................36
Tabela 6 - Distribuição da freqüência dos casos de diarréia aguda por ano e segundo local de
residência. Rondônia, Brasil, 2007-2009..................................................................................39
Tabela 7 - Distribuição dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por GRS,
segundo local de residência. Rondônia, Brasil, 2007...............................................................39
Tabela 8 - Distribuição dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por GRS,
segundo local de procedência. Rondônia, Brasil, 2008............................................................40
Tabela 9- Distribuição dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por GRS, segundo
local de residência. Rondônia, Brasil, 2009..............................................................................40
Tabela 10- Distribuição da população por zona urbana e rural, segundo GRS. Rondônia,
Brasil, 2007...............................................................................................................................41
Tabela 11- Distribuição da população por zona urbana e rural, segundo GRS. Rondônia,
Brasil, 2008...............................................................................................................................41
Tabela 12- Distribuição da população por zona urbana e rural, segundo GRS. Rondônia,
Brasil, 2009...............................................................................................................................42
9
Tabela 13- Taxa de incidência de diarréia aguda registrada pela MDDA, segundo faixa etária
(por 1.000 habitantes). Rondônia, Brasil, 2007-2009...............................................................43
Tabela 14- Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1000 habitantes). GRS de Ji-Paraná, Rondônia, Brasil, 2007-2009.........................................45
Tabela 15- Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1000 habitantes). GRS de Cacoal, Rondônia, Brasil, 2007-2009.............................................46
Tabela 16- Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1000 habitantes). GRS de Vilhena, Rondônia, Brasil, 2007-2009..........................................46
Tabela 17- Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1000 habitantes). GRS de Ariquemes, Rondônia, Brasil, 2007-2009.......................................47
Tabela 18 - Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1000 habitantes). GRS de Rolim de Moura , Rondônia, Brasil, 2007-2009.............................47
Tabela 19 - Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1000 habitantes). GRS de Porto Velho , Rondônia, Brasil, 2007-2009...................................48
Tabela 20 - Distribuição dos casos de diarréia aguda por plano de tratamento. Rondônia.
Brasil, 2007-2009......................................................................................................................48
Tabela 21- Distribuição da freqüência dos casos de diarréia aguda por plano de tratamento,
segundo as GRS de Rondônia. Rondônia, Brasil, 2007............................................................50
Tabela 22- Distribuição da freqüência dos casos de diarréia agudas por plano de tratamento,
segundo as GRS. Rondônia, Brasil, 2008.................................................................................50
Tabela 23- Distribuição da freqüência dos casos de diarréia agudas por plano de tratamento,
segundo GRS. Rondônia, Brasil, 2009.....................................................................................51
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por mês e ano de ocorrência.
Rondônia, Brasil, 2007-2009....................................................................................................33
Gráfico 2- Distribuição dos casos de diarréia aguda por ano e semana epidemiológica.
Rondônia, Brasil, 2007-2009....................................................................................................34
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Divisão dos municípios de Rondônia segundo as Gerências Regionais de Saúde.29
Quadro 2- Distribuição das semanas epidemiológicas sem informações por Gerências
Regionais de Saúde.........................................................................................................37
12
LISTA DE MAPAS
Mapa 1- Localização dos municípios de Rondônia..................................................................27
13
LISTA DE ABREVIATURAS
AGEVISA - Agência Estadual de Vigilância em Saúde
Alv. d’Oeste - Alvorada d’Oeste
A. A. do Parecis - Alto Alegre do Parecis
A. F. d’Oeste - Alta Floresta d’Oeste
C. Novo de RO - Campo Novo de Rondônia
C. do Jamari - Candeias do Jamari
Color. d’Oeste - Colorado d’Oeste
C. Marques - Costa marques
DDA - Doença Diarréica Aguda
DIP- Doença Infecciosa e Parasitária
E. d’Oeste - Espigão d’Oeste
GRS - Gerência Regional de Saúde
Gov. J. T. - Governador Jorge Teixeira
HAB - Habitantes
Mach. d’Oeste - Machadinho d’Oeste
MDDA - Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas
M. Andreazza - Ministro Andreazza
M. Serra - Mirante da Serra
N. B. d’Oeste - Nova Brasilândia d’Oeste
14
N. H. d’Oeste - Novo Horizonte d’Oeste
N. Mamoré - Nova Mamoré
NVEH - Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Hospitalar
O. P. d’Oeste.- Ouro Preto d’Oeste
P. Bueno - Pimenta Bueno
Pim. do Oeste - Pimenteiras do Oeste
POP- População
Pres. Médici - Presidente Médici
Primav. de RO - Primavera de Rondônia
R. de Moura - Rolim de Moura
S. F. d’Oeste - São Felipe d’Oeste
S. F. Guaporé - São Francisco do Guaporé
S. L. d’Oeste - Santa Luzia d’Oeste
S. M. Guaporé - São Miguel do Guaporé
Teixeir - Teixeirópolis
TRO - Terapia de Reidratação Oral
TX - Taxa
V. do Anari - Vale do Anari
V. do Paraíso - Vale do Paraíso
11
RESUMO
Ivone Ferreira da Costa. Perfil epidemiológico da doença diarréica aguda no estado de
Rondônia, no período de 2007 a 2009, baseado no programa de monitorização das doenças
diarréicas agudas (MDDA). Dissertação Mestrado Profissional de Vigilância em Saúde da
Amazônia da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Rio de Janeiro, 2011.
A doença diarréica aguda é considerada um grave problema de saúde pública de países em
desenvolvimento atingindo, principalmente, crianças menores de cinco anos de idade. O
programa de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA), instituído pelo
Ministério da Saúde, tem por objetivo detectar alterações no comportamento das diarréias em
cada área, possibilitando a tomada de medidas de prevenção e controle. O objetivo geral dessa
pesquisa foi o de caracterizar o perfil epidemiológico das Doenças Diarréicas Agudas em
Rondônia, no período de 2007 a 2009, com base nos dados obtidos pelos serviços
participantes do Monitoramento das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA). A metodologia
caracterizou-se por um estudo descritivo documental das planilhas de controle do MDDA de
52 municípios do estado os quais foram agrupados em seis Regionais de Saúde: Ji-Paraná,
Cacoal, Vilhena, Ariquemes, Rolim de Moura e Porto Velho. No período estudado foram
registrados 120.375 casos de DDA com uma média anual de 40.125 (DP=5.429,14). A taxa de
incidência de diarréia no estado de Rondônia foi de 22,2 casos por 1000 habitantes em 2007,
elevando-se para 26 em 2008, alcançando 30,6 casos por 1000 habitantes em 2009, sendo
Vilhena a Regional de Saúde com a maior taxa de incidência em todo período de estudo. Na
distribuição por procedência, a média da proporção de casos na zona urbana (78,5%) foi
maior que na zona rural (20,0%) e, os casos com local de procedência ignorada atingiram
17,3%. O plano de tratamento mais utilizado foi o A com uma média de 52,3% seguido pelo
plano C (29,3%), assumindo diferentes percentuais nas diferentes regiões estudadas. A faixa
etária mais atingida foi a de menores de um ano cujas crianças tiveram em média 2,7 vezes
mais risco de adoecer do que as crianças de 1 a 4 anos e 8,9 vezes mais risco de adoecer do
que as crianças de 5 a 9 anos. Nossos resultados revelaram a elevada incidência da doença
diarréica nas diferentes regiões de RO, com taxas crescentes e quadros clínicos de grande
severidade em muitos municípios do estado. Esses dados aliados à observação do
preenchimento inadequado das planilhas do MDDA ou mesmo a inexistência dos registros,
alerta para a necessidade de capacitação e de formulação de políticas públicas locais em suas
12
ações estratégicas específicas para a vigilância em saúde no controle e na redução das DDAs
em Rondônia.
Palavras-chave: Doença diarréica aguda, MDDA, Rondônia, epidemiologia, monitoramento.
13
ABSTRACT
Acute diarrhea is considered a serious public health problem in developing countries mainly
affecting children under five years old. The Monitoring Acute Diarrheal Disease (MADD)
Programme, established by the Brazilian Ministry of Health, aims to detect changes in the
behavior of diarrhea in each area, allowing for measures of prevention and control. The
overall goal of this research was to characterize the epidemiological profile of acute diarrheal
diseases in Rondonia, in the period 2007 to 2009, based on data obtained by the municipal
services participating in the Monitoring Acute Diarrheal Disease Programme. The
methodology was characterized by a descriptive documentation of the MADD form of 52
municipalities in the state which were grouped into 06 Regional Health: Ji-Parana, Cacoal,
Vilhena, Ariquemes, Rolim de Moura and Porto Velho. In the period studied 120,375 acute
diarrheal cases were registered with an annual average of 40,125. The incidence rate of
diarrhea in Rondonia state was 22.2 cases per 1000 inhabitants in 2007, rising to 26 in 2008,
reaching 30.6 cases per 1000 inhabitants in 2009 and the Regional Health Vilhena presented
the highest incidence rate throughout the study period. According to the distribution of cases
by origin, the average proportion of cases in urban (78.5%) was higher than in rural (20.0%),
and cases with unknown place of origin corresponded to 17.3%. The treatment plan A was the
most frequent with an average of 52.3% followed by Plan C (29.3%), assuming different
percentages in different regions. The age group most affected included children under 01 year
of age with an average 2.7 times greater risk of illness than children from 01 to 04 years old
and 8.9 times higher risk of illness than children from 05 to 09 years. Our results indicate the
high incidence of diarrheal disease in different regions of RO, with rising rates, and clinical
severity in several municipalities in the state. These data together with the observation of
inadequate completion of MADD form as well as lack of records alert to the need for training
and development of local public policies in their specific strategic actions for health
surveillance in control and reduction of acute diarrheal diseases in Rondonia.
Keywords: Acute diarrheal disease, Rondônia, epidemiology, surveillance
14
1-INTRODUÇÃO
A doença diarréica aguda configura-se como uma das principais causas de
morbimortalidade infantil, principalmente nos países em desenvolvimento (Brasil, 2005). No
Brasil é a segunda maior causa de consultas médicas, logo depois das doenças respiratórias
agudas (Façanha e Pinheiro, 2005).
Esse agravo causa impactos de forma direta, através da desidratação e desnutrição
crônica levando ao óbito, e de forma indireta, afetando a economia pelos custos das
internações, perda de horas de trabalho e redução da renda familiar (Vanderlei et al., 2003).
As complicações mais freqüentes decorrem do prejuízo na absorção intestinal de
macronutrientes e micronutrientes que a médio e longo prazos pode levar a deficiências no
desenvolvimento físico e cognitivo do ser humano (Sazawal et al., 2006). Pode atingir
qualquer faixa etária, mas é na infância que esta infecção causa maior mortalidade, sendo
responsável por cerca de um terço de todas as hospitalizações entre os menores de cinco anos
(Pereira e Cabral, 2008).
Os fatores de risco relevantes para o quadro diarréico são de ordem ambiental,
nutricional, social, econômica e cultural (Vanderlei et al., 2003). As doenças diarréicas se
apresentam de forma diferente entre espaços geográficos e grupos socioeconômicos distintos,
sendo mais comuns em sociedades em que existem maiores desigualdades sociais
(Vasconcelos e Filho, 2008).
As doenças diarréicas agudas (DDAs) são de difícil monitorização, pois envolve
questões complexas como o incorreto entendimento, de parte da população e de profissionais
de saúde, de que não é necessário procurar atendimento médico (Brasil, 2002). A Secretaria
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde criou o Programa de Monitorização das
Doenças Diarréicas Agudas (MDDA) com o objetivo de conhecer seus números reais no
Brasil permitindo a detecção precoce de surtos e de epidemias, tornando possível a
implantação de medidas de controle e prevenção. Por não ser uma doença de notificação
compulsória e sendo grande parte dos casos tratados em casa, acredita-se que no Brasil há
uma considerável subnotificação dos casos de DDA, mascarando o número/dados das
ocorrências de adoecimento por essa doença (Brasil, 2002).
No estado de Rondônia apesar do programa da MDDA estar implantado em
unidades de saúde dos 52 municípios, os estudos sobre o perfil epidemiológico da doença
diarréica ainda são escassos (Santos et al., 1991; Haverro et al., 2003; Haverro 2004). O
conhecimento da magnitude das DDAs poderá fornecer subsídios para a implantação e a
15
implementação de estratégias de prevenção e controle, a melhoria da assistência e redução dos
custos, repercutindo assim na diminuição da morbi-mortalidade por DDA no estado.
Diante do exposto formulamos as seguintes perguntas:
- Qual o padrão clínico-epidemiológico da doença diarréica aguda (DDA) no Estado de
Rondônia?
- Quais são as regiões críticas de morbidade por DDAs no estado de Rondônia?
16
2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIPs)
2.1.1 Doenças Infecciosas e Parasitárias como problema de Saúde Pública
As doenças infecciosas e parasitárias (DIP) estão intimamente relacionadas a
fatores socioeconômicos e ambientais, estando sua ocorrência relacionada às precárias
condições de vida (Thapar e Sanderson, 2004; Cheng et al. 2005; Caldeira et al., 2005). Até o
final do século XIX, eram responsáveis por elevadas taxas de mortalidade infantil, mas, a
partir do século XX, houve uma queda acentuada na mortalidade por DIPs, principalmente na
infância, devido à melhora de indicadores como ampliação de saneamento urbano, maior
nível de escolaridade, melhores condições de nutrição, implantação de novas tecnologias
médicas com maior cobertura dos serviços (Beaglehole e Bonita, 1997).
Em 1977, as doenças infecciosas e parasitárias ocupavam o segundo lugar em
número de óbitos no Brasil, caindo para a sexta colocação em 1996 (Gerolomo e Penna,
2004); em 2004 estavam na sétima posição (Brasil, 2004). Apesar dessa significativa queda,
as DIPs ainda representam uma das principais causas de internações hospitalares e
mortalidade infantil no Brasil (Guimarães et al., 2001; Caldeira et al., 2005) e no mundo
(Thapar e Sanderson, 2004; Cheng et al., 2005). Em 2005, ocuparam o 3º lugar entre os
grupos de causa de mortalidade infantil, excluindo-se o grupo de sinais e sintomas mal
definidos, sendo responsáveis por 3707 óbitos em menores de um ano (Brasil, 2008).
2.1.2 Doenças Infecciosas e Parasitárias X Doenças Diarréicas Agudas
Estudos conduzidos na década de 90 relataram que dos 10,4 milhões de crianças
menores de cinco anos de idade que morriam por ano no mundo, 99% residiam em países em
desenvolvimento sendo as DIPs responsáveis por 70% das mortes e a diarréia, a segunda
maior causa, estimando-se cerca de dois milhões de óbitos nessa faixa etária (OMS, 1998).
No Brasil como causa de internações por DIPs, para o ano de 2001, destacam-se as
doenças infecciosas intestinais, que representaram 59,6% do total de internações no país; e
69,5%, na região nordeste (Carmo et al., 2003). Um estudo realizado em Teresina sobre a
mortalidade por DIP, nos últimos trinta anos do século XX aponta que, com relação às causas
básicas levantadas, no período de 1971-1980, as doenças intestinais representavam 60-75% do
total das mortes por DIP. Na década seguinte (1980-1990), observou-se que a doença
17
infecciosa intestinal reduziu seu percentual de 60-75% para 51% do total das mortes por esse
grupo. Barros (1981) descreveu que, dentre as doenças infecto-parasitárias, a diarréia ocupava
a segunda posição, com 79,6%, logo atrás da pneumonia (96,7%). Lebrão et al. (1993) em um
estudo sobre a morbidade de pacientes internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP, verificaram que em termos de magnitude, as DIPs ocupavam o segundo
lugar, sendo responsáveis por 16% das internações, das quais quase metade (47,4%), foram
decorrentes da doença diarréica. No Hospital Universitário de Maringá, no Paraná, no ano de
1994, a diarréia aguda foi a causa mais freqüente de internação entre as DIPs, correspondendo
a 77,2% do total destas (Bercini e Mazzo, 1997). Em 2000, a doença infecciosa intestinal foi
responsável por 21,6% do total das mortes por DIPs em Teresina (Campelo et al., 2005).
2.2 Doença Diarréica Aguda (DDA)
2.2.1 Descrição e etiologia
A diarréia aguda é caracterizada por alterações do volume, consistência e
frequência das fezes, geralmente associada com a liquidez das fezes e o aumento no número
de evacuações. Pode estar acompanhada de vômitos, febre, cólicas e dor abdominal.
Eventualmente apresenta muco e sangue. Em geral tende à cura espontaneamente, podendo
ter duração de 2 a 14 dias (Brasil, 2002). A gravidade da doença relaciona-se diretamente aos
fatores de virulência do agente etiológico envolvido e ao estado imunológico do paciente
(Subashkumar et al., 2006), bem como à adoção de procedimentos terapêuticos inadequados,
fatores estes que podem induzir ao agravamento do quadro ou contribuir para que a doença
evolua para formas mais graves e persistentes, demandando cuidados intensivos da
hospitalização (Vasconcelos e Filho, 2008). Nos casos mais severos, podem estar associados a
outros sinais e sintomas, como diarréia sanguinolenta e quadros invasivos (Karim et al.,
2001). A diarréia infecciosa pode ser causada por diferentes bactérias, vírus e parasitas e pode
ocorrer associada com co-morbidades como a malária e o sarampo. A diarréia também pode
ser causada por agentes químicos, fúngicos e antibióticos (Brasil, 2002).
2.2.2 Classificação do quadro clínico
Segundo o manual de MDDA (Brasil, 2002, p.2), a doença diarréica pode ter
diferentes classificações:
18
1) diarréia simples - controlada através da reidratação oral com solução contendo água, glicose e
eletrólitos, não importando sua etiologia, a não ser que configurem surtos;
2) diarréia sanguinolenta (disenteria) - causada por organismos como a Shigella, a E. coli O157:H7 e
outras bactérias produtoras de toxina tipo Shiga;
3) diarréia prolongada – quando persiste por, no mínimo por 14 dias, e freqüentemente causada por
parasitas;
4) diarréia aquosa profusa e purgativa –semelhante ao quadro do Cólera ;
5) diarréia mínima - associada a vômitos, típica de algumas gastroenterites virais ou de doenças
produzidas por toxinas como as do Staphylococcus aureus, Bacillus cereus ou Clostridium
perfringens;
6) colite hemorrágica - diarréia líquida com grumos de sangue, geralmente sem febre e com a presença
de leucócitos. As características das fezes e outros sintomas apresentados podem estabelecer o
diagnóstico diferencial, na solicitação dos exames laboratoriais e nas medidas de tratamento, controle
e prevenção.
2.2.3 Morbimortalidade por DDA
A diarréia aguda ainda é uma das principais causas de morbimortalidade infantil,
afetando aproximadamente 1,3 bilhões de crianças menores de cinco anos levando a óbito
quatro milhões de crianças dessa faixa etária (Brasil, 2005). Apesar da tendência de queda na
mortalidade por diarréia em todo o mundo, esta ainda se configura como um dos principais
problemas que afetam a qualidade de vida das crianças nos países em desenvolvimento
(Unicef, 2005), com uma incidência de seis a dez episódios de diarréia por criança por ano
(Kosek et al., 2003; Thapar e Sanderson, 2004) configurando-se como uma das principais
causas de consultas e internações e representando uma importante demanda para a rede de
serviços de saúde (Unicef, 2005). Nos países subdesenvolvidos, a diarréia ocupa o terceiro
lugar como causa de morte em crianças menores de cinco anos, seguindo apenas as causas
neonatais e a pneumonia (Unicef, 2008). Nos países desenvolvidos, por outro lado, estima-se
que cada criança apresente a incidência de um a dois episódios diarréicos por ano (Kosek et
al., 2003;Thapar e Sanderson, 2004).Nos Estados Unidos, em doze meses, foram registradas
16.700 hospitalizações em crianças menores de cinco anos por doenças diarréicas agudas
(Parashar et al., 2003).
Quanto ao impacto nas consultas médicas e hospitalizações, estudos realizados no
Brasil, ano de 2000, revelaram que a doença diarréica constituiu a primeira causa de
hospitalização na região norte e a segunda, na região nordeste (Brasil, 2001). Em 2005, o
Brasil ainda possui taxas significativas de morbidade por DDA, com um registro de mais de
19
28 mil internações em crianças de até cinco anos de idade na rede do Sistema Único de Saúde
(SUS) (Brasil, 2006).
Uma significativa diminuição da morbimortalidade por doença diarréica na
infância vem sendo observada nas últimas décadas em todo o mundo, incluindo o Brasil
(Victora et al., 2000) que apresentou uma queda de 93,9% no número de mortes por diarréia
aguda em menores de cinco anos de idade em um período de 25 anos
passando de
32.704(1980), para 1.988 ( 2005), caindo de segunda causa de mortalidade infantil (24,3% em
1980) no país para a quarta causa (4,1% em 2005), em uma escala de seis causas principais
(Brasil, 2008). Essa redução na morbimortalidade por diarréia está relacionada,
principalmente, à melhoria de indicadores socioeconômicos, demográficos e de saúde como a
ampliação da cobertura dos serviços de saneamento básico, acesso à atenção médica,
diminuição da desnutrição infantil, aumento da cobertura vacinal (Victora et al., 2000),
incentivo ao aleitamento materno, melhoria da escolaridade materna, acesso a serviços de
saúde e melhoria da informação em saúde (Benício e Monteiro, 2000).
É fato que uma das principais formas de transmissão das doenças diarréicas é a
água contaminada. Por isso, a adoção de medidas de saneamento básico em diferentes países
no mundo, incluindo-se aqueles em desenvolvimento, contribuiu para um declínio importante
das taxas de mortalidade e de morbidade dessas doenças (Brasil, 2002). Outra medida
primordial para a redução da mortalidade por diarréia foi a introdução da Terapia de
Reidratação Oral (TRO), levando a doença diarréica ao cuidado efetivo domiciliar e no nível
da atenção primária à saúde (Victora et al., 2000; Brasil 2002).
2.2.4 Fatores de risco para DDA
A baixa idade da criança tem sido apontada como um fator de risco para a evolução
desfavorável do episódio diarréico (Fuchs e Victora, 2002), e as doenças diarréicas agudas
oferecem maior risco às crianças de até cinco anos de idade, sendo a mortalidade por este
agravo mais comum naquelas menores de dois anos (Teixeira, 2003).
O perfil epidemiológico da doença diarréica é também influenciado pelo padrão
econômico-social e demográficos da população (Vanderlei et al., 2003). O ambiente
desempenha um papel importante na determinação das condições de vida, sendo assim, as
DDAs estão diretamente relacionadas com a qualidade do abastecimento hídrico, saneamento
básico e higiene (Brasil, 2006). Na população carente, as características da doença seguem o
padrão observado nos países em desenvolvimento, onde as demandas oriundas de diarréias
são mais elevadas, evidenciando sua estreita relação com as condições socioeconômicas e
20
ambientais (Teklemariam et al., 2000; Vasconcelos e Filho, 2008). Nas regiões onde a
população apresenta baixo poder aquisitivo e precárias condições de saneamento, a diarréia
aguda é responsável por mais de 50% dos óbitos em crianças menores de cinco anos.Nas
regiões onde o poder aquisitivo é maior e há melhores condições de vida, água encanada e
esgoto sanitário, a diarréia é responsável por menos de 1% dos óbitos (Sabrá, 2002).
Heller et al. (2003) observaram, em um estudo realizado em Betim-MG, que a
incidência de diarréia está diretamente associada com a ausência de esgotos sanitários nas
comunidades.
A doença diarréica também tem sido associada com a renda familiar, educação
materna, aleitamento materno, e a idade da criança (Fuchs e Victora, 2002; Karim et al.,
2001). A renda familiar influencia diretamente as condições de saúde infantil, pois uma
condição econômica favorável permite o acesso à educação, saneamento básico, ao serviço de
saúde de qualidade e a condições adequadas de vida e moradia (Lins et al., 2003). Quanto à
educação materna, vem sendo demonstrado que a qualidade dos cuidados prestados aos filhos
está diretamente relacionada ao nível de escolaridade da mãe. Nas Américas, um estudo de
revisão sobre doença diarréica em menores de cinco anos mostrou que a incidência de da
doença diminuía na ordem de 7% a cada ano adicional de escolaridade da mãe (Lima et al.,
2000). Supõe-se que quanto maior o grau de escolaridade da mãe, melhor será a compreensão
que esta terá das orientações repassadas pelos profissionais de saúde como: noções de higiene,
manejo, imunização, terapia de hidratação oral assim como maior sensibilização sobre a
importância do aleitamento materno (Lins et al., 2003).
2.2.5 Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA)
Diferentemente de outros agravos, as diarréias não são doenças de notificação
compulsória nacional, o que gera um desconhecimento da sua real dimensão no Brasil. Em
1991, ocorreu uma epidemia de cólera no Peru, o que foi um alerta para a necessidade de um
maior conhecimento do comportamento das diarréias agudas e da detecção precoce da
introdução da cólera em uma determinada região geográfica. Como os primeiros atingidos
pela cólera são os adultos, formulários de registro dos casos foram elaborados e padronizados
para todo o país, sendo implementados com informações para a faixa etária dos maiores de
dez anos de idade, sobre o plano de tratamento adotado e o local de residência. (Brasil, 2002).
Assim, visando o monitoramento da demanda espontânea das doenças diarréicas agudas
atendidas nas Unidades de Saúde, o Ministério da Saúde criou o Programa de Monitorização
das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA) (Queiroz et al., 2009).
21
O principal objetivo da MDDA é detectar alterações no comportamento das
diarréias direcionando medidas de prevenção e controle dessa doença. Também atua como
programa sentinela possibilitando o conhecimento da incidência dos casos de diarréias por
semana epidemiológica no país (Silva, 1999). Esse formulário fornece assim uma análise
dirigida para a detecção de surtos de diarréia.
Segundo o Ministério da Saúde os planos de tratamentos podem ser divididos em
três categorias conforme parâmetros clínicos: planos de tratamentos A, B, C:
- Plano A: para quadros de diarréia leve sem sinais de desidratação em que o tratamento pode
ser feito a nível domiciliar com a ingestão de líquidos adicionais e principalmente através de
sais de reidratação oral;
- Plano B: para diarréia com desidratação leve a moderada, em que o paciente é mantido em
observação na sala de TRO, em média por 4 horas, para a administração de sais de reidratação
oral, sob supervisão da unidade de saúde, permitindo avaliar a evolução do quadro clínico. Se
houver melhora da desidratação, o paciente receberá alta com orientações de cuidados
domiciliares, mas no caso de complicações, deve-se adotar o plano C.
- Plano C: para pacientes com diarréia com quadro grave, apresentando desidratação em alto
grau cujo tratamento deve ser realizado ao nível hospitalar com rehidratação endovenosa.
Os casos que não se enquadram em nenhum desses planos, por falta de
informações ou até mesmo por outros critérios, passam a fazer parte dos planos ignorados
(Brasil, 2002).
Através da MDDA é possível o conhecimento da média mensal, semanal ou diária
dos casos de diarréia atendidos pelos serviços de saúde participantes do programa e quando há
a suspeita de um surto esses dados anteriores podem ser comparados com os números de
casos atuais mostrando se houve realmente aumento de casos no período suspeito do surto. Se
houve aumento, deve-se desencadear a investigação desses casos. É possível também
conhecer os percentuais e avaliar se houve mudança de faixa etária e calcular a incidência por
faixa etária. A MDDA permite ainda, através da sua tendência histórica, avaliar o impacto das
medidas de saúde pública implantadas para o controle e redução da diarréia “(...)
especialmente aquelas relacionadas às condições de vida da população, à qualidade dos
sistemas de abastecimento de água, ao acesso a saneamento básico, à introdução de vacinas
(por exemplo, contra o rotavírus), programas de atenção à saúde, programas educativos,
22
regulamentos sanitários e ações da vigilância sanitária para qualidade e segurança dos
alimentos, entre outras desenvolvidas pela gestão municipal”. (Brasil, 2008, p.24).
Não existe obrigatoriedade de notificação de diarréias e o programa de MDDA
encontra-se inserido apenas nas unidades de atenção básica do SUS (Costa et al., 2005),
refletindo apenas uma parte da população, tornando os dados incompletos e subestimados.
Zaparoli et al. 2000 realizaram um estudo com moradores de áreas do projeto de
Vigilância Ativa da DDTHA/CVE e constataram que apenas 40% dos pacientes com diarréia
procuram atendimento médico. Estudo semelhante conduzido no município de Botucatu em
2002 (Takimoto et al.) com moradores das áreas do projeto de Vigilância Ativa, apontou um
percentual próximo ao anterior (36%). Apesar das limitações o programa da MDDA é
utilizada em todo o Brasil para monitorar o comportamento das diarréias agudas. Diante disso,
para que haja uma maior qualidade desse sistema, é preciso que haja continuidade nas
notificações, a avaliação e correção das inconsistências e a implantação no maior número de
unidade de saúde possível (Dias et al., 2009).
Os formulários do MDDA devem ser preenchidos de forma a permitir a
constatação de mudanças no comportamento dos casos através da comparação das
informações da semana atual com as da semana anterior. Havendo mudanças, será necessária
uma investigação para avaliar se o aumento de casos ocorreu em uma faixa etária específica,
qual a localização geográfica atingida e o plano de tratamento mais utilizado. (Brasil, 2002)
Para que haja eficiência no Programa da MDDA, os profissionais envolvidos
diretamente com o atendimento à pacientes participam de capacitações em que são utilizados
materiais impressos, como apostilas, e materiais em áudio e vídeo. A metodologia utilizada é
a apresentação de palestras e a realização de trabalhos em grupo com a abordagem de temas
importantes para o conhecimento dos aspectos gerais das DDAs. Após o treinamento, é
realizada uma visita às unidades de saúde onde se pretende implantar a MDDA, a fim de
realizar a sensibilização de todos os funcionários daquela localidade para que seja feito o
efetivo registro de todos os casos de diarréia atendidos na unidade de saúde em questão
(Brasil, 2002).
A Programação Pactuada Integrada (PPI), introduzida na gestão do SUS pela NOB
96, é um instrumento de planejamento destinado à articulação das três esferas de gestão do SUS
permitindo a integração das áreas de promoção e da assistência à saúde, de epidemiologia,
controle de doenças e de vigilância sanitária (Oliveira, 2004). Esta, através de seus parâmetros,
estabelece o seguinte número mínimo de unidades de MDDA (Brasil, 2002, p.4):
1) Uma unidade de saúde realizando a MDDA em cada município menor de 30.000
habitantes;
23
2) Uma unidade de saúde realizando a MDDA a cada 30.000 habitantes excedentes em
cada município com população de 30.000 a 200.000 habitantes;
3) Uma unidade de saúde realizando a MDDA a cada 100.000 habitantes excedentes,
localizada em cada uma das realidades geográficas, sócio-econômicas e epidemiológicas para
cada município acima de 200.000 habitantes.
A escolha das unidades de saúde participantes da MDDA é baseada na sua
representatividade para atender a diarréia na área geográfica onde encontra-se inserida e na
sua capacidade de resposta. (Brasil, 2002).
Em 2006, foi criado, pelo Ministério da Saúde, o sistema informatizado da MDDA
– SIVEP-DDA, com o objetivo de facilitar a tabulação dos dados produzidos pela
monitorização. Como o referido sistema funciona eletronicamente, requer a instalação de
computador conectado à rede. Assim os dados do formulário II são repassados para o SivepDDA. Além de permitir o registro dos casos por faixa etária e por plano de tratamento, o
programa mostra a ocorrência de surtos e torna possível a emissão de relatórios e gráficos dos
casos (Brasil, 2006).
2.2.6 Estudos baseados no banco de dados da MDDA
Dados obtidos a partir de estudos realizados no Brasil sobre a epidemiologia de
DDAs e que utilizaram a base de dados do MDDA são registrados em revistas de circulação
nacional, mas, preferencialmente, em notas técnicas e em boletins eletrônicos do Ministério
da Saúde, conforme exemplificados abaixo:
Alguns desses estudos apontam para maior ocorrência dos casos de diarréia em
crianças de um a quatro anos de idade (Silva et al., 1997; Façanha e Pinheiro, 2005; Dias et
al., 2009;). Em relação ao plano de tratamento, o mais adotado é o plano A, o que sugere que
esses pacientes chegam para o atendimento com quadros diarréicos leves sem sinais de
desidratação (Silva et al., 1997; Façanha e Pinheiro, 2005). O programa da MDDA notificou
ao Ministério da Saúde no ano de 2004 um total de 2.395.485 ocorridos em todo o país,
estando distribuídos por região de procedência: 321.141 no Norte; 995.055 no Nordeste,
212.328 no Sul; 586.191 no Sudeste; 279.770 no Centro-Oeste. (Brasil, 2005c).
Outro estudo realizado com quatro estados brasileiros correlacionou o saneamento
e saúde, utilizando como indicador a morbidade por doenças diarréicas em crianças menores
de cinco anos (Costa et al. 2005). Esses resultados revelaram que a correlação desse indicador
com a mortalidade até cinco anos por doenças diarréicas é bem mais elevada que a correlação
24
entre a morbidade por doenças diarréicas decorrentes das internações hospitalares e
mortalidade por doenças diarréicas. Esses autores apontaram ainda que os registros de
morbidade por DDA coletados pela MDDA parecem ser mais consistentes que os dados de
morbidade relativa às internações hospitalares, sugerindo que os dados obtidos pela MDDA,
sejam considerados como potencias indicadores epidemiológicos. No trabalho apresentado
por Costa et al. (2005) foi ressaltado a importância do programa MDDA no fornecimento de
indicadores, de modo a permitir a ação preventiva contras doenças por intermédio da
integração com o setor de saneamento.
No estado do Acre, no ano de 2005, o MDDA implantado em 21 municípios
permitiu a identificação do aumento do número de casos em uma extensa área geográfica,
caracterizando a ocorrência de surtos em 18 municípios (Brasil, 2005a). De acordo com os
dados levantados, 65,3% dos casos acometeram a faixa etária de menores de cinco anos e os
principais sinais e sintomas apresentados pelos doentes que buscaram atendimento nos
serviços de saúde foram diarréia acompanhada de vômito e febre. No período do surto, foram
notificados 60 óbitos por diarréia, dos quais 18 foram crianças indígenas pertencentes às
etnias Kaxinawá, Shanianawá, Kaxarari, Katukina e Kulina. A detecção do surto possibilitou
um trabalho integrado entre os técnicos da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde do Acre, permitindo a adoção das medidas de
prevenção e controle do surto de doença diarréica aguda no estado, entre as quais estão a
assessoria técnica e/ou treinamento em Monitoramento das Doenças Diarréicas Agudas –
MDDA na maioria dos municípios do estado. A Força Aérea Brasileira apoiou os trabalhos no
deslocamento aos municípios de difícil acesso e o Departamento de Saúde do Índio da
Fundação Nacional de Saúde – DESAI/FUNASA/MS, apoiou com envio de insumos,
medicamentos e de técnicos para a atuação nas comunidades indígenas, para a prevenção e
controle das diarréias agudas.
Informações levantadas pela MDDA em Pernambuco sobre a incidência de
diarréia no período de 2001 a 2005, permitiu observar que, desde 2003, ocorreu um aumento
de casos nos primeiros meses do ano, sendo atribuídos em 2003 e 2004 ao excesso de chuvas
no período. Em 2005, foram registrados quatro casos de cólera pelo Vibrio cholerae O1
Ogawa toxigênico no município de São Beto do Una. A detecção do primeiro caso ocorreu na
semana epidemiológica (SE) 03, no dia 31 de janeiro, quando foram intensificadas as ações de
vigilância e controle do agravo no município. Os demais casos foram identificados na SE 04
(2 casos) e na SE 05 (1 caso em 2003 e 2004 ao excesso de chuvas no período. As taxas de
ataque de Doenças Diarréicas Agudas (DDA) por localidade indicaram que, de forma geral, a
25
incidência de diarréia diminuiu nos locais considerados de maior risco e onde foram
intensificadas as ações de prevenção e controle da cólera ( Brasil, 2005b).
Na Paraíba, o programa da MDDA permitiu o levantamento de DDAs no período
de 2001 a 2006 e notificou a SES/PB um total de 510.747 de casos de Doenças Diarréicas,
portanto uma média de 85.124 casos por ano. Através da MDDA também foi possível
verificar um acréscimo de 18% dos casos entre o ano de 2004 e o mesmo período de 2005,
aumentando de 98.271 para 115.939 casos notificados. Em quatro anos (2001-2005) foram
registrados 7.453 óbitos em menores de cinco anos dos quais 335 (4.5%) foram por DDA
(Brasil, 2006a).
Um estudo realizado no ano de 2010 em Roraima registrou, pela MDDA, 22.597
casos de diarréias. De acordo com os dados do Sistema de Informações de Vigilância
Epidemiológica (Sivep), em 2009, foram 21.539 registros. Um aumento de 1.058 casos, quase
5%. Segundo o Núcleo Estadual de Controle das Doenças de Transmissão Hídrica Alimentar,
os casos registrados em 2010 podem não corresponder à realidade, pois nem todos os
municípios realizam o registro dos casos em tempo hábil, o que impede a análise
epidemiológica e dificulta a detecção de surto. Segundo o Núcleo Estadual de Controle das
Doenças de Transmissão Hídrica Alimentar, a intensificação do monitoramento dos casos das
doenças diarréicas agudas poderá detectar a doença e o seu respectivo agente etiológico
(Brasil, 2010).
Este é o primeiro estudo baseado na MDDA em Rondônia e foi motivado pela
importância da doença neste estado. Apesar de ter o programa implantado em todos os
municípios, Rondônia nunca realizou uma análise do perfil epidemiológico da diarréia.
26
3- OBJETIVOS
3.1 – Objetivo Geral:
Descrever o perfil epidemiológico das Doenças Diarréicas Agudas em Rondônia no
período de 2007 a 2009, com base nas informações contidas nas planilhas do MDDA.
3.2 – Objetivos Específicos:
Caracterizar a incidência e a distribuição das DDAs por:
local de residência (urbana/rural)
grupo de idade,
mês e ano de ocorrência
plano de tratamento utilizado
Analisar o preenchimento dessas planilhas visando recomendar melhorias ao programa
MDDA no estado.
27
4- METODOLOGIA:
4.1. Desenho do estudo
Trata-se de um estudo descritivo sobre o perfil epidemiológico das DDAs,
ocorridas no estado de Rondônia, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009, com
base nas informações contidas nas planilhas de controle do MDDA.
Mapa 1
Localização dos Municípios de Rondônia
Fonte Governo do Estado de Rondônia, 2006.
28
4.2. Localização e caracterização da área do estudo
O estado de Rondônia localiza-se na Amazônia Legal e na região norte do Brasil,
com uma área de 237.576 km². Encontra-se com 4 horas a menos do fuso horário de
Greenwich, e 1 hora a menos de Brasília, D.F. A norte e nordeste do estado de Rondônia está
o estado do Amazonas; a leste e sudeste o estado de Mato Grosso; a oeste a república da
Bolívia e ao noroeste o estado do Acre. (Pinto, 2002; Kruel, 2004). De acordo com a
classificação de Köppen o clima predominante da região é o tropical quente e úmido, com
uma média anual de precipitação pluvial entre 1.400 e 2.500 mm/ano e média anual da
temperatura do ar entre 24 e 26 graus celsius. A vegetação predominante é a floresta
ombrófila aberta e o principal rio do estado é o Madeira. Possui ainda sete bacias
hidrográficas: Guaporé, Mamoré, Abunã, Machado, Madeira, Jamari e Roosevelt (Lima,
2007). Apresenta 52 municípios, estando 32 deles localizados na Amazônia Legal e 20 em
faixa de fronteira (Batista, 2007).
Com relação ao saneamento básico, a PNAD 2009 mostra os seguintes dados:
 Domicílios particulares permanentes - serviços - rede geral de abastecimento de água com canalização interna - 91,7 %
 Domicílios particulares permanentes - serviços - rede geral de abastecimento de água sem canalização interna - 8,3 %
 Domicílios particulares permanentes - serviços - rede coletora de esgoto:-4,5 %
 Domicílios particulares permanentes - serviços - fossa séptica - 22,3 %
 Domicílios particulares permanentes - coleta de lixo (coletado diretamente) - 74,1 %
 Domicílios particulares permanentes - coleta de lixo (coletado indiretamente) - 1,2 %
Tem uma população estimada de 1.453.756 habitantes no ano de 2007 (IBGE,
2007), sendo que a população urbana é de 1.001.082 habitantes e a população rural é de
452.674 habitantes. Densidade demográfica 6,12 hab/km².Taxa de crescimento anual, 2,89%.
Os maiores centros urbanos de Rondônia são: Porto Velho (capital) com uma população de
369.345 hab., Ji-paraná: com uma população de 107.679 hab., Ariquemes com uma população
de 82.388 hab., Cacoal com uma população de 76.155 hab., Vilhena com 66.746 hab., Rolim
de Moura com 48.894 hab., Jaru: com 52.453 hab., Guajará-Mirim com 39.451 hab., Pimenta
Bueno: com 32.893 hab. e Ouro preto do Oeste com população de 36.040 hab. (IBGE, 2007)
29
4.3- Fontes de dados das Doenças Diarréicas Agudas
Os dados do MDDA são originários dos atendimentos de casos de diarréia
registrados em 161 unidades de saúde distribuídas nos 52 municípios de Rondônia.
Considerou-se caso de diarréia todo o indivíduo que tenha procurado as unidades de saúde do
estado de Rondônia com o Programa da MDDA implantado, independente do sexo e idade,
estado febril ou não, apresentando fezes líquidas e aumento no número de evacuações.
A análise foi realizada de acordo com as seguintes Gerências Regionais de Saúde:
Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena, Ariquemes, Rolim de Moura e Porto Velho.
Quadro 1- Divisão dos municípios de Rondônia segundo as Gerências Regionais de Saúde.
Municípios
Municípios
Municípios
Municípios
Municípios
Municípios
da I GRS Ji- da II GRS da III GRS da IV GRS da V GRS da VI GRS
Paraná
Cacoal
Vilhena
Ariquemes
Rolim
de Porto Velho
Moura
Alv.d’Oeste
Cacoal
Cabixi
Alto Paraíso
A.A.
do C.do Jamari
Parecis
C. Marques
E. d’Oeste
Cerejeiras
Ariquemes
A.F. d’Oeste
GuajaráMirim
Gov. J.T
M.Andreazza Chupinguaia
Buritis
Castanheiras
Itapuã
d’Oeste
Jaru
P. Bueno
Color.d’Oest
Cacaulândia
Ji-Paraná
Primav.de
Corumbiara
C. Novo de N.H. d’Oeste
RO
RO
Pim.d’Oeste
Cujubim
Parecis
Vilhena
Mach.d’Oest
R. de Moura
O.P. d’Oeste
Monte Negro
S.L. d’Oeste
Pres.Médici
Rio Crespo
SM.Guaporé
M. Serra
NovaUnião
S. F. d’Oeste
Teixeir.
Theobroma
Urupá
V. do Anari
V. Paraíso
S. F. d’Oeste
N.B.d’Oeste
Seringueiras
N. Mamoré
Porto Velho
30
Foram utilizados os dados contidos no formulário II usado pelo MDDA (anexo I):
Município de ocorrência dos casos;
Mês e ano da ocorrência dos casos;
Idade (menor de um ano, um a quatro anos, cinco a nove anos, dez anos e mais);
Local de residência, sendo classificados como zona urbana os casos de diarréia de
pessoas residentes na zona central e nos bairros dos municípios, e como zona rural, os
casos de diarréia de pessoas residentes em chácaras, fazendas, sítios, linhas e área
indígena;
Plano de tratamento utilizado, classificados em A, B ou C.
Relacionam-se abaixo alguns indicadores criados para possibilitar a análise dos
dados deste estudo:
Taxa de DDA - Calculada mediante a divisão do total de casos de diarréia registrados
no MDDA pela população estimada disponível no site do
DATASUS
(www.datasus.gov.br acessado em 20/10/2010),
Foram especificados local de residência, idade e tipo de cuidado (segundo os planos
A, B e C), mês e ano de ocorrência.
Dados obtidos da MDDA foram agregados por GRS e consolidados pelo estado de
Rondônia.
Para cada uma delas, foi avaliado o número de registros ignorados ou em brancos
para avaliar a qualidade dos dados coletados.
4.4 - Análise dos dados
A análise estatística constou da distribuição de frequência para as variáveis
categóricas e o cálculo das medidas de tendência central e dispersão para as variáveis
contínuas.
Os dados foram tratados com o auxílio do programa EXCELL 2003.
4.5- Considerações éticas
O estudo foi conduzido em concordância com as recomendações e requisitos da
Resolução 196/96 do CNS e foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola
31
Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), CAAE 0116.0.031.000-10, com parecer
de aprovação sob protocolo no111/10.
32
5- RESULTADOS
5.1 – Casos de DDA registrados pela MDDA por ano e mês segundo a Gerência Regional
de Saúde
No período estudado foram notificados 120.375 casos de DDA através do
Programa de MDDA, com uma média anual de 40.125 (D.P=5.429,14) registros (Tabela 1).
Em janeiro de 2007, foram registrados 3.469 casos de diarréia aguda, com tendência de queda
de fevereiro a junho (excetuando o mês de abril, quando houve um pequeno aumento). A
partir de julho, o número de casos começa a aumentar, sendo observado maior número no mês
de novembro, entre as semanas 46 e 47 (Tabela 1, gráfico 1 e gráfico 2). No ano de 2008,
também se observa, nos primeiros meses do ano, maior número de casos, com destaque para o
mês de abril. A partir daí houve uma tendência de queda, ocorrendo novos picos em julho e
em dezembro. Os maiores picos foram registrados nas semanas 1, 28 e 50 (Tabela 1, gráfico 1
e gráfico 2). O ano de 2009 foi o que apresentou maior número de registros de casos de
diarréia aguda pelo MDDA, iniciando com um grande número de casos já em janeiro, com
tendência de queda até março, voltando a se elevar em abril e depois se manteve estável até a
semana 42 tendo um novo pico na semana 43 (Tabela 1, gráfico 1 e gráfico 2). No período
estudado a taxa de incidência de diarréia no estado de Rondônia foi de 22,2 casos por 1.000
habitantes em 2007, elevando-se para 26 em 2008, alcançando 30,6 casos por 1.000 habitantes
em 2009 (Tabela 2).
33
Tabela 1
Casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por ano e mês de ocorrência.
Rondônia, Brasil, 2007-2009.
Mês
2007
2008
2009
Total
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
3.469
2.866
2.746
3.039
2.212
1.923
2.555
2.470
3.334
3.103
4.134
3.560
3.942
3.063
3.484
4.122
2.637
2.511
3.559
2.463
2.924
2.625
2.698
4.875
5.886
4.384
3.275
3.985
3.447
3.066
3.806
3.064
3.427
3.359
3.754
4.608
13.297
10.313
9.505
11.146
8.296
7.500
9.920
7.997
9.685
9.087
10.586
13.043
Total
35.411
38.903
46.061
120.375
Gráfico 1.
Casos de diarréia aguda registrados pela
MDDA, por mês e ano de ocorrência. Rondônia,
Brasil, 2007-2009
2007
2008
br
o
No
ve
m
br
o
Se
te
m
Ju
lh
o
ai
o
M
ar
ço
M
Ja
ne
i
ro
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
2009
34
Gráfico 2.
Distribuição dos casos de diarréia aguda por ano e semana
epidemiológica. Rondônia, Brasil, 2007-2009.
5000
4000
3000
2000
1000
Ano 2007
Ano 2008
52
49
46
43
40
37
34
31
28
25
22
19
16
13
10
7
4
1
0
Ano 2009
Tabela 2.
Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA. Rondônia, Brasil,
2007-2009.
2007
Pop.
Nº
Resid. no
estado no Casos
ano
de
2007 *
1590.027
35.411
2008
Tx.
de
incid.
**
22,2
Pop.
Nº
Resid. no
estado no Casos
ano
de
2008 *
1493.566
38.903
2009
Tx.
de
incid.
26,0
Pop.
Nº
resid. no
estado no Casos
ano
de
2009 *
1503.911
Tx.
de
incid.
46.061 30,6
(* ) População 2007, 2008 e 2009 = Estimativas IBGE
(**) Taxa de incidência por 1.000 habitantes.
Ao desagregar as informações do registro de diarréia aguda segundo Gerência
Regional de Saúde (GRS) em Rondônia no ano de 2007, a GRS que apresentou a maior taxa
de incidência foi Vilhena, com 38,6 casos de diarréia aguda por 1.000 habitantes, e a menor
taxa de incidência foi apresentada pela GRS de Ji-Paraná com 18,7 casos por 1.000 habitantes
(Tabela 3).
35
Tabela 3.
Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA, segundo GRS.
Rondônia, Brasil, 2007.
GRS
Pop. residente por
Nº de Casos
GRS no ano de 2007
Coef. de incid. (por
1000 habitantes)
Ji-Paraná
391.531
7.339
18,7
Cacoal
158.973
3.131
19,7
Vilhena
128.664
4.967
38,6
Ariquemes
237.934
5.143
21,6
Rolim de Moura
194.115
4.047
20,8
Porto Velho
478.810
10.784
22,5
(*) População 2007= Estimativas IBGE
No ano de 2008, a GRS de Vilhena mais uma vez apresentou a maior taxa de
incidência: 30,1 casos por 1.000 habitantes e a GRS de Ji-Paraná a menor taxa com 22,2 casos
por 1.000 habitantes (Tabela 4). Em 2009 a GRS Vilhena alcançou a maior taxa de incidência
de todos os anos estudados, atingindo 45,1 casos por 1.000 habitantes, e a DRS de Ariquemes
ficou com a menor taxa de incidência 20,3 casos por 1000 habitantes (Tabela 5).
36
Tabela 4.
Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA, segundo GRS.
Rondônia, Brasil, 2008.
GRS
Pop. residente por
Nº de Casos
GRS no ano de 2008
Coef. de incid. (por
1000 habitantes)
Ji-Paraná
351.088
7.803
22,2
Cacoal
161.632
4.237
26,2
Vilhena
130.003
3.919
30,1
Ariquemes
216.432
5.133
23,7
Rolim de Moura
167.777
4.004
23,8
Porto Velho
466.634
13.807
29,5
(*) População 2008 = Estimativas IBGE
Tabela 5.
Taxa de incidência dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA, segundo GRS.
Rondônia, Brasil, 2009.
GRS
Pop. residente por
Nº de Casos
GRS no ano de 2009
Coef. de incid. (por
1000 habitantes)
Ji-Paraná
350.577
8.647
24,6
Cacoal
162.295
4.183
25,7
Vilhena
130.944
5.905
45,1
Ariquemes
220.493
4.483
20,3
Rolim de Moura
167.299
4.099
24,5
Porto Velho
472.303
18.744
39,6
(*) População 2009 = Estimativas IBGE
Muitos municípios não enviaram informações sobre os casos de diarréia em
diversas semanas epidemiológicas do período estudado (Quadro 2).
37
Quadro 2- Distribuição das semanas epidemiológicas sem informações por GRS.
GRS
MUNICÍPIO
SEMANAS NÃO ENVIADAS
2007
JI-PARANÁ
CACOAL
Alv. d’Oeste
Ji-Paraná
M. Serra
Pres. Médici
Urupá
V. do Anari
E. d’Oeste
M.Andreazza
P. Bueno
Primav. de RO
S. F. d’Oeste
Cabixi
Colorado
2008
21,22,53
45,46
28 à 52
2009
01 à 52
10, 49 à 52
10,17,35,39,47,
49
05,18,31,45
41 à 52
45 à 52
42 à 52
45 à 52
45 à 52
48 à 52
31,53
10,à 13, 32 à 35
VILHENA
Corumbiara
ARIQUEMES
Alto Paraíso
Buritis
C. Novo de RO
Monte Negro
Rio Crespo
ROLIM DE
MOURA
PORTO
VELHO
05,14,22,31,37
à 39
A. F. d’Oeste
Castanheiras
N. B. d’Oeste
N. H. d’Oeste
R. de Moura
S. L. d’Oeste
S. M. Guaporé
Seringueiras
C. do Jamari
Guajará-Mirim
Itapuã d’oeste
N. Mamoré
07,17,29, ,39,
43, 47,52
48 à 52
48 à 52
48 à 52
48 à 52
48 à 52
48 à 52
48 à 52
45 à 52
45 à 52
16,19,20,26,27
42 à 44, 46,52
49 à 52
46 à 52
45 à 53
18 à 22 ,51
20,26
20,27,37
25,31,50
37 à 46
01 à 52
7,8
10,11,13,15,
17,18,20 à 22
25, 28, 31 a
39,41 a 45,
49,51,52
38
5.2 – Casos de DDA registrados pela MDDA segundo local de residência
Quanto à distribuição dos casos de DDA por local de residência no estado (Tabela
6), observa-se que os casos se concentram na zona urbana, com 61,2% em 2007, 65,2% em
2008 e 64, 8% em 2009. Em seguida os casos registrados foram originários da zona rural. Os
casos com procedência ignorada atingiram um alto percentual com 16,1% em 2007, 18,6%
em 2008 e 22 % em 2009, sendo maior que os casos oriundos da zona rural nos anos de 2008
e 2009.
A tabela 7 nos mostra a distribuição das DDAs por GRS, segundo o local de
residência. Com relação à GRS Vilhena, o ano de 2007 teve a maior taxa de incidência tanto
na zona urbana (36,5/1000 habitantes) quanto na zona rural (20,3/1000 habitantes), enquanto
que a GRS de Ariquemes apresentou uma taxa menor que as demais GRS: zona urbana
(8,1/1000 hab.) e zona rural (4,5/1000 hab.). Em 2008 (Tabela 08) novamente a GRS de
Ariquemes apresentou uma taxa de incidência bem abaixo das demais GRS (1,2/1000
habitantes na zona urbana e 1,3/1000 habitantes na zona rural) e a GRS de Porto Velho
apresentou a maior incidência na zona urbana (34,7/1000 habitantes). A maior incidência na
zona rural nesse ano foi obtida pela GRS de Rolim de Moura (21,3/1000 habitantes). Em
2009 (Tabela 9) a GRS de Porto Velho mais uma vez teve a maior incidência dos casos da
zona urbana (46,8/1000 habitantes) seguida pela GRS de Vilhena (38,5/1000 habitantes) que
também apresentou a maior incidência na zona rural (24,9/1000 habitantes) nesse ano. A GRS
de Ariquemes nesse ano não fez o registro de casos por local de procedência, o que
impossibilitou a classificação dos mesmos. Quanto à distribuição da população por local de
residência, observamos que, excetuando a GRS de Rolim de Moura, todas apresentaram um
percentual maior de população na zona urbana (Tabelas 10, 11 e 12).
39
Tabela 6.
Distribuição da freqüência dos casos de diarréia aguda por ano e segundo local de residência.
Rondônia, Brasil, 2007-2009.
Procedência
Casos
%
2007
Casos
%
2008
Casos
%
2009
Zona urbana
21.680
61,2
25.378
65,2
29.893
64,8
Zona rural
7.346
20,7
5.604
14,4
5.632
12,2
Não resid.
274
0,7
267
0,6
172
0,3
Área Indígena
397
1,1
412
1,0
78
0,1
02
-
03
-
110
0,2
7.239
18,6
10.176
22,0
Bolívia
Ignorados
5.712
Total
35.411
16,1
38.903
46.061
Não resid.: Não residentes . Casos oriundos de pacientes em trânsito e visitantes
Bolívia : Casos de Guayará Mirim
Ignorados: Não foi possível identificar o local de residência
Tabela 07.
Distribuição dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por GRS, segundo local de
residência. Rondônia, Brasil, 2007.
GRS
Pop.
Casos
Tx. Incid.
Pop.
Casos Z.
Tx. Incid.
Urbana
Z.Urbana
(por 1000
Rural
Rural
(por 1000
habitantes)
Ji-Paraná
habitantes)
214.806
4.439
20,7
176.725
2.200
12,4
Cacoal
99.638
1.354
13,6
59.335
700
11,8
Vilhena
97.989
3.581
36,5
30.675
624
20,3
Ariquemes
133.643
1.089
8,1
104.291
468
4,5
R. Moura
82.133
1.806
22,0
111.982
2.221
19,8
382.441
9.411
24,6
96.369
1.133
11,7
Porto Velho
40
Tabela 08.
Distribuição dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por GRS, segundo local de
procedência. Rondônia, Brasil, 2008.
GRS
Pop.
Casos
Tx. Incid.
Pop.
Casos Z.
Tx. Incid.
Urbana
Z.Urbana
(por 1000
Rural
Rural
(por 1000
habitantes)
habitantes)
Ji-Paraná
200.980
5.044
25,1
150.108
2.000
13,3
Cacoal
102.698
2.216
21,6
58.934
871
14,8
Vilhena
98.782
2.607
26,4
31.221
436
14,0
Ariquemes
122.592
145
1,2
93.840
122
1,3
R. Moura
74.410
1.945
26,1
93.367
1.994
21,3
372.552
12.931
34,7
94.082
691
7,3
Porto Velho
Tabela 09
Distribuição dos casos de diarréia aguda registrados pela MDDA por GRS, segundo local de
residência. Rondônia, Brasil, 2009.
GRS
Pop.
Casos
Tx. Incid.
Pop.
Casos Z.
Tx. Incid.
Urbana
Z.Urbana
(por 1000
Rural
Rural
(por 1000
habitantes)
habitantes)
Ji-Paraná
201.042
5.721
28,4
149.535
1.763
11,8
Cacoal
103.247
2.073
20,0
59.048
903
15,2
Vilhena
99.792
3.845
38,5
31.152
775
24,9
Ariquemes
124.792
0
0
95.701
0
0
R. Moura
74.380
2.076
27,9
92.919
1.853
19,9
376.898
17.641
46,8
95.405
764
8,0
Porto Velho
41
Tabela 10.
Distribuição da população por zona urbana e rural, segundo GRS. Rondônia, Brasil, 2007.
GRS
Pop. Geral
Pop.
%
Urbana
Pop.
%
Rural
Ji-Paraná
391.531
214.806
54,9
176.725
45,1
Cacoal
158.973
99.638
62,7
59.335
37,3
Vilhena
128.664
97.989
76,1
30.675
23,8
Ariquemes
237.934
133.643
56,2
104.291
43,8
Rolim de Moura
194.115
82.133
42,3
111.982
57,7
Porto Velho
478.810
382.441
79,9
96.369
20,1
Tabela 11.
Distribuição da população por zona urbana e rural, segundo GRS. Rondônia, Brasil, 2008.
GRS
Pop. Geral 2008
Pop. Urbana
%
Pop. Rural
%
Ji-Paraná
351.088
200.980
57,2
150.108
42,7
Cacoal
161.632
102.698
63,5
58.934
36,5
Vilhena
130.003
98.782
76,0
31.221
24,0
Ariquemes
216.432
122.592
56,6
93.840
43,3
Rolim de Moura
167.777
74.410
44,3
93.367
55,6
Porto Velho
466.634
372.552
79,8
94.082
20,2
42
Tabela 12.
Distribuição da população por zona urbana e rural, segundo GRS. Rondônia, Brasil, 2009.
GRS
Pop. Geral
Pop. Urbana
%
Pop. Rural
%
2009
Ji-Paraná
350.577
201.042
57,3
149.535
42,6
Cacoal
162.295
103.247
63,6
59.048
36,4
Vilhena
130.944
99.792
76,2
31.152
23,8
Ariquemes
220.493
124.792
56,6
95.701
43,4
Rolim de Moura
167.299
74.380
44,4
92.919
55,5
Porto Velho
472.303
376.898
79,8
95.405
20,2
5.3- Casos de DDA registrados pela MDDA segundo faixa etária
Na estratificação dos casos por idade (Tabela 13), constatamos que a faixa etária
com maior taxa de incidência no estado foi a dos menores de um ano (2007= 222,1/1000hab.,
2008= 245,1/1000 hab. e 2009 287,5/1000 hab.), seguida pela faixa etária de um a quatro anos
(2007= 100,1/1000 hab. , 2008= 114/1000 hab. e 2009= 124,6/1000 hab.). As crianças de
cinco a nove anos ocuparam a terceira colocação (2007= 28,2/1000 hab., 2008= 35,0/1000
hab. e 2009= 44,6/1000 hab. Os casos ocorridos em pessoas de 10 anos ou mais apresentaram
as menores taxas de incidência de DDA (2007=8,2/1000 hab. 2008=10,7/1000 hab. e
2009=13,7/1000 hab.).
Quanto aos casos que foram registrados com faixa etária ignorada no estado
(Tabela 13), temos os seguintes valores: em 2007 = 168 casos (0,47%) em 2008= 174 casos
(0,44%) e em 2009 = 121 casos (0,26%).
Em 2007, o risco dos menores de um ano apresentarem diarréia foi 2,8 vezes
maior que o das crianças de um a quatro anos e 10,8 vezes maior do que as crianças de cinco a
nove anos.
Em 2008 o risco dos menores de um ano apresentarem diarréia foi 2,7 vezes maior
do que as crianças de um a quatro anos e 8,9 vezes maior do que as crianças de cinco a nove
anos de idade.
43
Em 2009, o risco dos menores de um ano apresentarem diarréia foi 2,8 vezes
maior do que o das crianças de um a quatro anos e 8 vezes maior que as crianças de cinco a
nove anos de idade.
Tabela 13.
Taxa de incidência de diarréia aguda registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por
1.000 habitantes). Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Casos
Pop.
Etária
2008
Tx
Casos
Pop.
Incid.
2009
Tx.
Casos
Pop.
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
7.052
31.751
222,1
7.061
28.801
245,1
8.122
28.248 287,5
1a4
13.144
131.289
100,1
13.559
118.866
114,0
14.481
116.151 124,6
5a9
4.573
161.634
28,2
5.292
150.908
35,0
6.756
10.474 1.265.353
8,2
12.817 1.194.991
10,7
10+
151.389
44,6
16.581 1.208.123
13,7
Incidência por 1000 habitantes
Na estratificação por GRS (Tabelas 14 à 19),
podemos observar que,
semelhantemente aos resultados do estado, em todas as regionais, a maior taxa de incidência
foi nas crianças menores de um ano, seguida pelas de um a quatro anos, ficando em terceiro
lugar as crianças de cinco a nove anos e por último as de dez anos e mais. As menores taxas
de incidência encontradas entre os menores de um ano foram na GRS de Rolim de Moura
(2007= 154/1000 hab.; 2008= 204,7/1000 hab.; 2009= 191/1000 hab.).
Quanto a taxa de DDA em menores de um ano a GRS de Vilhena apresentou a maior
taxa em 2007= 282,5/1000 hab. e Porto Velho teve as maiores taxas em dois anos
(2008=303,1/1000 hab.; 2009= 424,8/1000 hab.).
Quanto aos casos que foram registrados com faixa etária ignorada temos as seguintes
distribuições por GRS:
- Ji-Paraná : 2007= 74 casos (1%) , 2008= 72 casos (0,9%) , 2009= 20 casos (0,2%)
- Cacoal : 2008= 4 casos (0,09%) , 2009= 18 casos (0,42%)
- Vilhena : 2007= 9 casos (0,1%) , 2008= 30 casos (0,7%) , 2009= 40 casos (0,6%)
44
- Ariquemes: 2007= 32 casos (0,6%) , 2008= 36 casos (0,7%) , 2009= 11 casos (0,2%)
-Rolim de Moura : 2007= 20 casos (0,4%) , 2008= 19 casos (0,4%) , 2009= 25 casos
(0,6%)
-Porto Velho : 2007= 25 casos (0,2%) , 2008= 13 casos (0,09%) , 2009= 12 casos
(0,06%)
Na GRS de Ji-Paraná em 2007, o risco dos menores de um ano apresentarem
diarréia foi 2,2 vezes maior do que o das crianças de um a quatro anos e 7,6 vezes maior do
que as crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2008 o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2,4 vezes maior do que o das crianças de um a quatro anos e 6,2
vezes maior do que as crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2009, o risco dos menores
de um ano apresentarem diarréia foi 2,4 vezes maior do que o das crianças de um a quatro
anos e 6,4 vezes maior do que as crianças de cinco a nove anos de idade.
Na GRS de Cacoal (2007), o risco dos menores de um ano apresentarem diarréia
foi 2,5 vezes maior do que o das crianças de um a quatro anos e 8,8 vezes maior do que as
crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2008, o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 1,8 vezes maior do que o das crianças de um a quatro anos e 5,8
vezes maior do que entre cinco a 09 anos de idade. Em 2009, o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 1,7 vezes maior do que o das crianças de um a quatro anos e 4,3
vezes maior do que as crianças de cinco a nove anos de idade.
Na GRS de Vilhena em 2007, o risco dos menores de um ano apresentarem
diarréia foi 1,7 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 6,8 vezes maior que nas de
cinco a nove anos de idade. Em 2008 o risco dos menores de um ano apresentarem diarréia foi
1,7 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 6,3 vezes maior que as crianças de
cinco a nove anos de idade. Em 2009 o risco dos menores de um ano apresentarem diarréia foi
1,9 vezes maior que as crianças de 1 a 4 anos e 7 vezes maior que as crianças de cinco a nove
anos de idade.
Na GRS de Ariquemes, em 2007, o risco dos menores de um ano em apresentar
diarréia foi 2,6 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 9,4 vezes maior que as
crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2008 o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2,4 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 6,6 vezes
maior que as crianças de cinco a nove anos. Em 2009, o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2,7 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 7,1 vezes
maior que as crianças de cinco a nove anos de idade.
45
Na GRS de Rolim de Moura, em 2007, o risco dos menores de 1 ano apresentarem
diarréia foi 2,1 vezes maior que as crianças de um a quatro anos de idade e 6,4 vezes maior
que as crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2008 o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2,4 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 7 vezes maior
que as crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2009 o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2,1 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 5,9 vezes
maior que as crianças de cinco a nove anos de idade.
Na GRS de Porto Velho, em 2007, o risco dos menores de um ano apresentarem
diarréia foi 2,1 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 7,8 vezes maior que as
crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2008, o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 8,1 vezes maior
que as crianças de cinco a nove anos de idade. Em 2009, o risco dos menores de um ano
apresentarem diarréia foi 2,4 vezes maior que as crianças de um a quatro anos e 6,7 vezes
maior que as crianças de cinco a nove anos de idade.
Tabela 14.
Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por 1000
habitantes). GRS de Ji-Paraná, Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Pop.
2008
Casos
etária
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
2009
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
7.648
1.337
174,8
6.610
1.358
205,4
6.420
1.352
210,5
1a4
31.941
2.459
76,9
27.546
2.347
85,2
26.672
2.332
87,4
5a9
39.313
894
22,7
35.044
1.154
32,9
34.968
1.136
32,4
10+
312.629
2.575
8,2
281.888
2.872
10,1
282.517
3.807
13,4
Incidência por 1000 habitantes
46
Tabela 15.
Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por 1000
habitantes). GRS de Cacoal, Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Pop.
Casos
etária
2008
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
2009
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
2.887
683
236,5
2.837
726
255,9
2.767
602
217,5
1a4
12.023
1.131
94,0
11.789
1623
137,6
11.452
1.420
124,0
5a9
14.946
400
26,7
15.103
660
43,7
15.079
757
50,2
10+
129.117
917
7,1
131.903
1.224
9,2
132.997
1.391
10,4
Incidência por 1000 habitantes
Tabela 16.
Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por 1000
habitantes). GRS de Vilhena, Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Pop.
Casos
etária
2008
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
2009
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
2.350
664
282,5
2.310
474
205,1
2.269
777
342,4
1a4
9.731
1559
160,2
9.540
1.105
115,8
9.334
1.636
175,2
5a9
12.038
499
41,4
12.096
389
32,1
12.138
588
48,4
10+
104.545
2.236
21,3
106.057
1.921
18,1
107.203
2.864
26,7
Incidência por 1000 habitantes
47
Tabela 17.
Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por 1000
habitantes). GRS de Ariquemes, Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Pop.
Casos
etária
2008
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
2009
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
5.200
1.181
227,1
4.566
1.039
227,5
4.537
919
202,5
1a4
21.334
1.809
84,7
18.732
1.766
94,2
18.541
1.361
73,4
5a9
25.844
621
24,0
23.496
801
34,0
23.900
679
28,4
10+
185.556
1.500
8,0
169.638
1.491
8,7
173.515
1.513
8,7
* Incidência por 1000 habitantes
Tabela 18.
Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por 1000
habitantes). GRS de Rolim de Moura , Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Pop.
Casos
etária
2008
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
2009
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
3.889
599
154,0
3.233
662
204,7
3.141
600
191,0
1a4
15.932
1.166
73,1
13.220
1.105
83,5
12.801
1.134
88,5
5a9
19.263
462
23,9
16.434
478
29,0
16.369
528
32,2
10+
155.031
1.800
11,6
134.890
1.740
12,9
134.988
1.812
13,4
* Incidência por 1000 habitantes
48
Tabela 19.
Taxa de incidência da diarréia registrada pela MDDA, segundo faixa etária (por 1000
habitantes). GRS de Porto Velho , Rondônia, Brasil, 2007-2009.
2007
Faixa
Pop.
Casos
etária
2008
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
2009
Tx.
Pop.
Casos
Incid.
Tx.
Incid.
<1ano
9.777
2.589
264,8
9.245
2.803
303,1
9.114
3.872
424,8
1a4
40.328
5.019
124,4
38.039
5.613
147,5
37.351
6.598
176,6
5a9
50.230
1.699
33,8
48.735
1.809
37,1
48.935
3.068
62,7
10+
378.475
1.452
3,8
370.615
3.569
9,6
376.903
5.194
13,7
* Incidência por 1000 habitantes
5.4– Casos de DDA registrados pela MDDA segundo o Plano de Tratamento
De um modo geral, o plano de tratamento (Tabela 20) mais utilizado no estado foi
o A com 54,5% em 2007, 50,5% em 2008 e 52,0% em 2009, seguido pelo plano C, que
apresentou uma freqüência muito alta e uma tendência de aumento nos anos estudados: 2007
(25,5%), 2008 (31,1%) e 2009 (31,4%). O plano B ocupou a terceira posição apresentando
uma freqüência de 19,9% em 2007, 18,2% em 2008 e 16,5% em 2009. 74 casos (0,2%) foram
registrados como plano de tratamento ignorado em 2007, 43 casos (0,1%) em 2008 e 134
casos (0,2%) em 2009
Tabela 20.
Distribuição dos casos de diarréia aguda por plano de tratamento. Rondônia. Brasil, 20072009.
Plano de
2007
2008
2009
Total
Tratamento
Casos
%
Casos
%
Casos
%
A
19.272
54,5
19.644
50,5
23.913
52,0
62.829
B
7.035
19,9
7.092
18,2
7.590
16,5
21.717
C
9.030
25,5
12.124
31,1
14.424
31,4
35.578
49
Na distribuição geral por Gerências Regionais de Saúde (Tabelas 21,22 e 23)
constatamos que, no ano de 2007, a GRS de Cacoal apresentou a maior freqüência (68,7%)
dos casos tratados pelo plano A e a menor frequência dos casos tratados pelo plano C em todo
o período estudado (2007= 3,8%; 2008= 7,1%; 2009= 5,3%). De acordo com as tabelas 22 e
23, observamos que a GRS de Ariquemes em 2008 (70,7%) e em 2009 (73,6%) mostrou a
maior freqüência de tratamento pelo plano A. O plano C teve o maior percentual na GRS de
Ji-Paraná em 2007 (38,8%) e na GRS de Rolim de Moura em 2008 (44,8%) e em 2009
(42,2%). A GRS Vilhena apresentou a menor frequência de tratamento pelo plano A (2007 =
34,8%; 2008= 34,9%; 2009 = 38,7%) e a maior pelo plano B ( 2007= 41%; 2008= 37,6%;
2009= 37%).
Os casos ignorados quanto ao registro do plano de tratamento apresentaram a
seguinte distribuição por GRS :
- Ji-Paraná: 2007= 11 casos (0,1%), 2008 = 23 casos (0,3%), 2009= 13 casos (0,2%);
- Cacoal: 2007= 4 casos (0,1%), 2008= 1 caso (0,02%), 2009 = 1 caso (0,02%);
-Vilhena: 2007= 12 casos (0,2%), 2008= 5 casos (0,1%), 2009= 36 casos (0,6%);
-Ariquemes: 2007= 13 casos (0,3%), 2008= 3 casos (0,1%), 2009 = 0;
-Rolim de Moura:2007 = 3 casos (0,1%), 2008= 5 casos (0,1%), 2009= 2 casos
(0,04%);
-Porto Velho: 2007= 31 casos (0,3%), 2008= 6 casos (0,04%), 2009= 82 casos =
(0,4%).
50
Tabela 21.
Distribuição da freqüência dos casos de diarréia aguda por plano de tratamento, segundo as
GRS de Rondônia. Rondônia, Brasil, 2007.
GRS
PTA
%
PTB
%
PTC
%
Total de
Ji-Paraná
3.036
41,4
1.442
19,6
2.850
38,8
casos
7.328
Cacoal
2.150
68,7
856
27,3
121
3,8
3.127
Vilhena
1.729
34,8
2.032
41,0
1.194
24,0
4.955
Ariquemes
3.192
62,2
1.171
22,8
767
14,9
5.130
Rolim
2.266
56,0
334
8,2
1.444
35,7
4.044
Porto Velho
6.899
64,1
1.200
11,1
2.654
24,6
10.753
Tabela 22.
Distribuição da freqüência dos casos de diarréia agudas por plano de tratamento, segundo as
GRS. Rondônia, Brasil, 2008.
GRS
PTA
%
PTB
%
PTC
%
Total de
Ji-Paraná
3.143
40,3
1.456
18,7
3.181
40,8
casos
7.780
Cacoal
2.456
57,9
1.479
34,9
301
7,1
4.236
Vilhena
1.368
34,9
1.474
37,6
1.072
27,3
3.914
Ariquemes
3.629
70,7
927
18,0
574
11,1
5.130
Rolim
1.946
48,6
259
6,4
1.794
44,8
3.999
Porto Velho
7.102
51,4
1.497
10,8
5.202
37,6
13.801
51
Tabela 23.
Distribuição da freqüência dos casos de diarréia agudas por plano de tratamento, segundo
GRS. Rondônia, Brasil, 2009.
GRS
PTA
%
PTB
%
PTC
%
Total de
Ji-Paraná
3.499
40,5
1.522
17,6
3.613
41,8
casos
8.634
Cacoal
2.639
63,1
1.318
31,5
225
5,3
4.182
Vilhena
2.274
38,7
2.172
37,0
1.423
24,2
5.869
Ariquemes
3.301
73,6
707
15,7
475
10,5
4.483
Rolim
1.990
48,5
375
9,1
1.732
42,2
4.097
10.210
54,7
1.496
8,0
6.956
37,2
18.662
Porto Velho
52
6- DISCUSSÃO
A adoção do Sistema de Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA)
tem permitido implementar a investigação epidemiológica e a avaliação da ocorrência da
doença em diversas regiões brasileiras. A MDDA representa uma estratégia para a redefinição
de ações da vigilância das doenças diarréicas agudas. Dessa forma, fortalecer e consolidar a
proposta da MDDA nas unidades básicas do município faz-se extremamente importante
também para a avaliação da eficácia das ações e estratégias de prevenção e de controle das
DDAs no estado.
Registros de dados oficiais do Programa de MDDA em Rondônia datam do ano de
1999. O estado possui 52 municípios e todos tem a MDDA implantada em pelo menos uma
unidade de saúde, totalizando 161 unidades de saúde com o programa implantado.
Nosso estudo mostrou que a média anual dos casos notificados (40.125 casos) foi
bem menor que a média encontrada (81.511,5) por um estudo semelhante realizado em
Fortaleza, Ceará, por Façanha e Pinheiro em 2005. Tais resultados foram justificados por duas
possíveis situações:
1º- Ausências de registros: Dados registrados em diversas semanas não foram
enviados, conforme quadro 2.
2º- Registros incompletos: Alguns municípios informaram diversas semanas como
negativas e outros apenas um caso na semana. Houve também o registro de apenas um caso
durante todo o mês.
A taxa de incidência de diarréia no estado mostrou tendência de crescimento
(2007= 22,2/1000 hab., 2008= 26/1000 hab., 2009= 30,6/1000 hab.) o que pode demonstrar
maior eficiência na cobertura do programa da MDDA. Isso poderia ter contribuído para uma
maior detecção dos casos em determinadas regiões como nas zonas urbanas, onde se espera
maior e melhor adequação do sistema de vigilância epidemiológica, através da qualificação de
pessoal e da implantação de uma infra-estrutura logística mais eficiente para o funcionamento
do programa. Entretanto, a observação da crescente incidência de DDAs requer também para
a sua análise a avaliação das condições de vida da população nos anos estudados.
Na distribuição por local de procedência, os registros por zona urbana superaram
os da zona rural em todos os anos, diferindo de vários outros estudos de indicadores de saúde
que, de forma sistemática, registram uma condição mais adversa no meio rural (Monteiro,
1995), o que, aliás, corresponde ao perfil sócioeconômico de desigualdade das populações
camponesas: baixo nível de renda e de escolaridade, condições insalubres dos domicílios e
53
acesso mais restrito aos serviços assistenciais. Trata-se, portanto, de uma questão ainda em
aberto no que se refere à compreensão dos resultados. O baixo registro de casos na zona rural
poderia ser justificado se considerarmos que a zona rural de Rondônia é formada por
fazendas, chácaras, distritos e linhas, as quais são muito afastados dos centros urbanos, onde
espera-se estarem concentradas e implantadas as ações de vigilância. Existem distritos que se
localizam há 356 Km de distância (Extrema) e na maioria destes só há atendimento pela
equipe de PSF nos finais de semanas (em três finais de semana por mês). Não podemos deixar
de também levar em consideração a cultura regional, o que muitas vezes leva parte da
população rural procurar atendimento local com as conhecidas “rezadeiras”, das quais recebe
orientação para tratamento domiciliar a base de chá de ervas.
Outro fato é que os casos registrados com local de residência ignorado tiveram um
percentual muito alto revelando a deficiência do programa MDDA, fazendo com que os casos
registrados com essa procedência não possam ser analisados de forma precisa e confiável. O
expressivo número de casos ignorados ocorreu devido ao incorreto preenchimento ou mesmo
não preenchimento do formulário pelos profissionais da saúde. Muitas unidades de saúde
preencheram a informação sobre a procedência dos casos com o nome da Unidade de Saúde
que atendeu o caso, ou com as iniciais do nome do paciente, impossibilitando o conhecimento
do local de ocorrência dos casos de DDA. Alguns municípios enviaram os dados no
formulário II que não possui espaço para o preenchimento do endereço. Esses dados podem
estar refletindo uma possível realidade em nosso estado, que é o envolvimento de
profissionais sem a devida capacitação para atuar na MDDA.
Além do correto registro dos dados para análise e envio para o sistema de
vigilância epidemiológica, essa prática poderia ser implementada com a integração ao
Programa Materno- Infantil, ao Programa da Saúde da Família, no qual os agentes de saúde,
ao detectarem casos de diarréia na população encaminham o paciente às Unidades de Saúde e
registram aqueles que necessitam de atendimento médico.
O plano de tratamento mais utilizado no estado, a exemplo de outros estudos
(Silva et al., 1999; Façanha e Pinheiro, 2005) foi o A, com uma média de 52,3% em 2009,
indicando a ocorrência de DDAs com quadros clínicos leves sem sinais de desidratação,
sendo o paciente orientado para conduta alimentar e adoção de hábitos de higiene. Segundo o
Manual de MDDA, é desejável que 80% dos casos de DDAs recebam tratamento com o plano
A. O tratamento pelo plano C apresentou uma freqüência elevada e com uma tendência de
aumento em todos os anos estudados (Gráfico 2). A DRS de Ji-Paraná ocupou por dois anos
consecutivos a menor taxa de incidência de diarréia por 1000 habitantes; entretanto,
apresentou as maiores proporções de casos mais graves (plano C) nos anos 2008 e 2009. Tal
54
fato alerta para a atenção de vigilância em saúde na região, o que requer orientação específica
para maior sensibilização e manejo das DDAs.
Quanto às faixas etárias mais acometidas (menor de um ano seguidas pelas
crianças de um a quatro anos) nossos resultados corroboram estudos prévios revelando a
vulnerabilidade dessa faixa etária como fator de risco para as DDAs (Falbo, 1995; Vanderlei,
1998; Campos et al., 1995; Jinadu et al., 1991). Porto Velho apresentou registros de maiores
taxas de incidência de diarréia em menores de um ano maior que o dobro da apresentada no
estado, fato que talvez possa ser explicado pela presença de um hospital infantil local que é
reconhecido pela população e é oficialmente categorizado como referência estadual. As DRSs
Vilhena e Porto Velho apresentaram as maiores taxas de DDAs em todas as faixas etárias nos
anos estudados, inclusive, nas áreas urbanas. Porém, Porto Velho apresentou casos menos
graves, o que possivelmente reflete um padrão melhor de escolaridade dos responsáveis e
disponibilização dos serviços de saúde - fato esperado, uma vez que Porto Velho é a capital
do estado e oferece melhores condições à população.
Os nossos resultados refletem as diferenças loco-regionais quanto ao perfil das
DDAs no estado, possivelmente refletindo os aspectos sócio-ambientais e a disponibilidade
dos serviços básicos de saúde. A detecção do incompleto ou incorreto preenchimento das
planilhas do MDDA assim como da ocorrência de situações epidemiológicas particulares das
DDAs alertam para a necessidade de ações específicas nos diferentes níveis da Vigilância em
Saúde visando atender às peculiaridades regionais de Rondônia.
55
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Nossos resultados revelaram que a doença diarréica é uma relevante causa de
morbidade na população, especialmente, em menores de um ano e, por isso,
deve ser considerada um grave problema de Saúde Pública em Rondônia;
 A análise do perfil epidemiológico das DDAs em Rondônia revelou que a
doença se manifesta ao longo de todo o ano e em todas as regiões do estado.
Entretanto, a observação de taxas mais elevadas em determinados períodos do
ano sugere a ocorrência de surtos alertando a adoção de medidas de prevenção
e controle.
 As diferentes taxas de DDAs detectadas nos diferentes municípios
possivelmente refletem as diferentes condições ambientais e sócio-econômicas
da população.
 A implantação de um sistema de monitoramento mais efetivo favorecerá a
detecção de um maior número de casos, inclusive, dos casos mais graves, o que
possibilitará determinar as taxas reais de morbi-mortalidade por DDA em
Rondônia.
56
8 – RECOMENDAÇÕES
Em virtude do impacto das DDAs no estado de RO, recomenda-se:
 Adotar estratégias específicas visando maximizar a cobertura das DDAs no
estado.
 Investir na contínua capacitação do profissional de saúde ligado ao programa
da MDDA.
57
9- Anexo I
58
Ficha de notificação de casos de diarréia-PLANILHA MDDA (Impresso II)
59
10-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL JJF. Atenção Integrada as Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI): avaliação
nas unidades de saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, cap. 6, p.63-76, 2002.
BARROS M.B.A . Morbidade e Mortalidade Hospitalar de Crianças Menores de um ano, em
Ribeirão Preto, SP (Brasil). Rev. Saúde Pública, São Paulo, 1981,15: 308-20
BATISTA W.C. Mapeamento de Arbovíroses no Estado de Rondônia, Manaus: UFAM, 2007.
BEAGLEHOLE R., BONITA R. Public health at the crossroads. Cambridge: Cambridge
University Press; 1997.
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