Noções Básicas sobre o Meio Ambiente

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Noções Básicas sobre o Meio Ambiente
Com apoio:
Maputo, Abril de 2015
Noções Básicas sobre o Meio Ambiente
Dinís A. Mandevane
Publicado pelo Centro Terra Viva – Estudos e Advocacia Ambiental
Maputo, Abril de 2015
Capa: 1ª foto – Cultivo de milho numa zona montanhosa (Dinis Mandevane), 2ª
foto - Preparação de uma horta ecológica na Escola Primária Completa A Luta
Continua, Comunidade de Mungazine, Distrito de Matutuíne, Província de
Maputo (Arcenio Chemane).
Para fins bibliográficos, por favor cite: Mandevane, D. A. (2015) Noções
Básicas Sobre o Meio Ambiente, 31 pp. Centro Terra Viva, Maputo.
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Ficha Técnica:
Autor: Dinis Mandevane
Revisão: Marcos A. M. Pereira
Coordenação: Marcos A. M. Pereira
Maquetização: Manuela Wing
Apoio: Terre des Hommes – Alemanha
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Tabela de Conteúdos
Capítulo I ............................................................................................................................ 6
1. Conceitos Básicos ....................................................................................................... 6
1.1. Componentes do Meio Ambiente ............................................................................ 7
1.1.1. Classificação dos Recursos Naturais ............................................................... 7
1.2. Relações entre os seres vivos e o meio ambiente .................................................... 7
1.3. Classificação dos seres vivos segundo os hábitos alimentares ............................... 11
2. Importância do Meio Ambiente .................................................................................... 12
Capítulo II ......................................................................................................................... 14
3. Cuidados a ter com o meio ambiente........................................................................... 14
3.1. Resíduos Sólidos ................................................................................................ 14
3.1.2. Problemas Causados pela Acumulação de Resíduos Sólidos ............................... 15
3.1.2.1. 1. Reduzir ......................................................................................................... 16
3.1.2.2. Reutilizar........................................................................................................... 16
3.1.2.3. Reciclar ............................................................................................................ 17
Capítulo III ........................................................................................................................ 18
4. Ecossistemas das Florestas ............................................................................................ 18
4.1. Ecossistema das Florestas....................................................................................... 18
4.1.1. Definição e Caraterísticas ................................................................................. 18
4.1.2. Importância das florestas na preservação do meio ambiente ................................ 18
4.1.2.1. Importância Ecológica ........................................................................................ 18
4.2.1. Regularização dos Regimes Hidrológicos ........................................................... 19
4.2.2. Estabilização do Clima ...................................................................................... 19
4.3. Fatores Humanos que Ameaçam a Existência das Florestas ...................................... 21
4.3.1. Agriculta Itinerante ................................................................................................ 21
4.3.2. Queimadas Descontroladas............................................................................... 21
5. Medidas para uma Melhor Conservação e Gestão Sustentável das Florestas ..................... 22
5.1. Agricultura de Conservação ..................................................................................... 23
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Apresentação
Na abordagem de questões sobre o meio ambiente e gestão de recursos naturais, bem como
eventos extremos tem-se usado linguagem que dificulta a perceção de conceitos nas escolas.
Esta constatação foi identificada na realização de um inquérito elaborado para aferir o nível de
perceção das questões ambientais pelos professores, no início do projeto sobre apoio á gestão
sustentável de recursos naturais.
Neste contexto, esta brochura tem por objectivo ajudar os professores, sobretudo das escolas
primárias, a compreenderem e a abordarem com alguma clareza os conceitos básicos de
ecologia e de gestão de recursos naturais com os quais deparam no processo de ensino e
aprendizagem.
As caracterizações e/ou definições foram elaborada a partir de literatura diversa,
nomeadamente, manuais, artigos científicos, dissertações de teses para obtenção de graus
académicos, combinadas com imagens obtidas de várias fontes para elucidar melhor as
questões em análise.
Para além dos quatro capítulos virados para os conceitos básicos de ecologia, meio ambiente
incluiu-se o ecossistema das florestas tido como um dos mais importantes na Comunidade de
Mungazine, Distrito de Matutuíne, Província de Maputo, local onde o projecto foi implementado.
A floresta caracteriza-se pela abundância de plantas medicinais que são colhidos e exportados
para as cidades e países vizinhos mas a forma de exploração não é sustentável. Além deste
mal, registam-se queimadas descontroladas, agricultura itinerante entre outras formas não
recomendadas que se associam ao desconhecimento da importância deste ecossistema.
Ainda neste material foram inclusas algumas sugestões de atividades práticas com intuito de
auxiliar a visão do professor e estimular a perceção dos alunos sobre o meio ambiente bem
como o uso de racional de recursos naturais incluindo resíduos sólidos.
Esperamos que seja uma ferramenta útil para a mudança de comportamento em relação ao uso
racional de recursos naturais, particularmente as florestas e o solo.
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Capítulo I
1. Conceitos Básicos
O termo meio ambiente, ou simplesmente ambiente, é muitas vezes usado para designar a
natureza. No entanto, os dois termos não são sinónimos, pois a natureza é tudo o que tem vida,
vegetal ou animal, e é independente da intervenção dos seres humanos. Por seu turno, o meio
ambiente é tudo o que existe à nossa volta, incluindo as coisas não vivas que ocorrem na terra.
Por exemplo, as matas, os edifícios, incluindo as pessoas que vivem numa comunidade, fazem
parte do meio ambiente. Pode-se portanto dizer que a natureza é parte do meio ambiente.
O meio ambiente é também definido como sendo o meio em que os seres humanos e outros
seres vivos interagem entre si e com o próprio meio (Serra, 2007).
O meio ambiente pode ser dividido em três componentes: natural, artificial e social.
Meio Ambiente Natural – é o meio criado sem a intervenção dos seres humanos. Exemplos: a
natureza, as florestas, as montanhas, os rios, os lagos, etc. (Monjane, 2007; Figura 1).
Figura 1: Ilustração de um meio ambiente natural (CTV)
Meio Ambiente Artificial – compreende o meio ambiente natural transformado e criado pelos
seres humanos. Por exemplo: escolas, estradas, aldeias e cidades (Monjane, 2007; Figura 2).
Figura 2: Ilustração de um meio ambiente artificial (CTV)
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Meio Ambiente Social – é o meio que integra as pessoas e as relações que estas desenvolvem
com o meio ambiente (Monjane, 2007).
1.1. Componentes do Meio Ambiente
Os componentes do meio ambiente são os vários elementos e fatores físicos e químicos, que
integram o ambiente e cuja interação permite o seu equilíbrio (Salomão, 2006). Muitas vezes são
designados por recursos naturais, destacando-se o ar, a água, o solo, a energia do sol, a flora e
a fauna.
1.1.1. Classificação dos Recursos Naturais
Os recursos naturais podem ser classificados como renováveis e não renováveis.
Recursos naturais renováveis – são aqueles que, normalmente, não se esgotam facilmente,
devido à rápida velocidade de renovação e capacidade de manutenção. Estes podem ser
recolocados na natureza ou regenerarem-se através de processos naturais a uma taxa
equivalente ou maior à do consumo humano (Hugman apud Macucule, 2006). É o caso da
energia solar e da energia eólica (produzida pelo vento).
Recursos naturais não renováveis – abrangem todos os elementos do meio natural que se
esgotam à medida que são usados pelos seres humanos e que não têm capacidade de
regeneração. Quanto mais o recurso se extrai, menores serão as suas reservas (Hugman apud
Macucule, 2006).
Os recursos com tais características são os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural)
e minérios (pedras preciosas), cuja taxa de renovação é tão lenta que, para todos os efeitos, se
pode considerar como não renovável.
1.2. Relações entre os seres vivos e o meio ambiente
Os seres vivos realizam interações com o meio ambiente, estabelecendo relações de predação
ou de decomposição. Para permitir uma melhor perceção destas ligações, é necessário definir os
conceitos que os caracterizam.
Espécie
Entende-se por espécie, um grupo de indivíduos (animais ou plantas) que se podem cruzar entre
si, dando origem a uma descendência fértil (Pinto-Coelho, 2008). Geralmente, indivíduos da
mesma espécie apresentam características físicas e comportamentais semelhantes. A galinha
faz parte de uma espécie e o pombo é de outra. Do mesmo modo, as plantas também pertencem
a diferentes espécies, como, por exemplo, os ananaseiros, os cajueiros e as massaleiras.
Por seu turno população refere-se a um conjunto de indivíduos da mesma espécie que habitam
num território com limites definidos pelo ecossistema (Pinto-Coelho, 2008).
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As populações de plantas ou animais, na maioria dos casos, determinam o seu modo de vida
através da convivência entre elas num habitat. A relação que se estabelece depende de vários
fatores que contribuem para o bem-estar das espécies que convivem, nomeadamente a
necessidade de busca de alimentos, de obtenção de energia, de ligação com o habitat.
Comunidade
Uma comunidade é um conjunto de espécies (populações) que habitam numa determinada área
e estabelecem relações entre si (Pinto – Coelho, 2008). Por exemplo, na mesma floresta, podese encontrar populações de águias, coelhos e de acácias (Figura 3).
Figura 3: Comunidade de plantas de várias espécies (CTV)
Habitat
O habitat é o local específico, dentro do meio ambiente natural, que oferece condições
climáticas, físicas, alimentares, etc., ideais para o desenvolvimento de uma determinada espécie
(Pinto – Coelho, 2008).
Na maioria dos casos, o meio ambiente natural é o habitat de muitas espécies animais ou
vegetais, como por exemplo, as lagoas, os rios e as matas. Os animais ou plantas ocorrem em
determinados habitats em função das condições básicas para o seu desenvolvimento como
alimentação, dependência positiva ou negativa sobre outras espécies, segurança, etc.
Ecossistema
O ecossistema é um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e micro organismos
e o seu ambiente não vivo, que interagem no meio ambiente (Lei do Ambiente, Lei nº 20/97). O
conjunto dos ecossistemas da terra forma a biosfera. No ecossistema, existem componentes
bióticos - os seres vivos, e componentes abióticos - os fatores ambientais.
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Os lagos, as florestas e o mar constituem alguns exemplos de ecossistemas. (Figura 4)
Figura 4: Paisagens que ilustram ecossistemas (CTV)
Os hábitos alimentares dos diferentes seres vivos garantem o funcionamento e o equilíbrio dos
ecossistemas. As constantes trocas que ocorrem na natureza permitem a interligação entre
várias espécies formando uma cadeia alimentar.
Cadeia alimentar
Uma cadeia alimentar é uma sequência de seres vivos, numa comunidade ou ecossistema, na
qual uns dependem dos outros para se alimentarem. Geralmente, os animais consomem os que
os precedem na cadeia e são comidos por aqueles que os seguem (Pinto – Coelho, 2008).
Representação de uma cadeia alimentar
Capim
gafanhoto
ave
raposa
Numa cadeia alimentar, a transferência de energia é feita dos produtores para os consumidores
primários, destes para os secundários e assim sucessivamente. Nesta cadeia específica o capim
é consumido pelo gafanhoto, este pela ave que por seu turno é devorado pela raposa. Segundo
o papel que desempenham no ecossistema, os seres vivos podem ser classificados em
produtores, consumidores e decompositores.
Produtores
Os produtores são todos os seres vivos que têm a capacidade de fabricar o seu próprio alimento.
A produção é feita a partir da transformação da luz solar e do gás carbónico na presença da luz
em energia, processo chamado fotossíntese. Todas as plantas pertencem a este grupo, bem
como algumas algas e bactérias. Exemplos: milho, cajueiro, mafurreira, entre outras (Pinto –
Coelho, 2008).
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Figura 5 - Processo da fotossíntese (www.webensino.com.br)
Consumidores
Os consumidores são seres vivos que, não tendo a capacidade de produzir o seu próprio
alimento, dependem dos produtores e de outros consumidores para a sua alimentação.
Na figura 6, pode-se ver um predador (leão) e uma presa (zebra).
Figura 6: Leões a alimentarem-se de uma zebra (http://www.brasilescola.com/biologia/relacoesinter-especificas.htm)
Decompositores
Os decompositores compreendem organismos que atuam na transformação da matéria orgânica
em inorgânica, reduzindo compostos complexos em moléculas simples. O produto obtido é
usado novamente no solo por outro produtor, criando uma nova cadeia alimentar. Os
decompositores mais importantes são as bactérias e os fungos. Por se alimentarem de matéria
em decomposição, são também chamados de saprófitos (Pinto – Coelho, 2008).
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O equilíbrio do ecossistema depende da realização de cada uma das fases da cadeia alimentar.
Por exemplo, caso haja uma redução acentuada dos predadores, pode daí resultar a proliferação
dos herbívoros e, a partir daí, ocorrer a escassez ou extinção de algumas espécies vegetais.
A interdependência entre organismos da comunidade pode ser vista num esquema mais
complexo, a teia alimentar, conforme se segue (Figura 7).
Figura 7: Exemplo de uma teia alimentar (http://genidaniel.blogspot.com/)
Frequentemente, numa cadeia alimentar, cada organismo alimenta-se de mais de um tipo de
animal ou planta, tornando as relações alimentares mais complexas, dando origem a teias, em
que as diferentes cadeias alimentares se inter-relacionam.
Na teia alimentar, para além da relação entre os organismos, demonstra-se o papel fundamental
das espécies no controle de algumas populações de outras espécies, através da redução das
taxas de crescimento, de reprodução e de mortalidade directa. Este equilíbrio do ecossistema
está profundamente ligado à realização de todas etapas da cadeia e da teia alimentar.
O desequilíbrio do ecossistema é um dos principais problemas ambientais da atualidade. Com a
extinção de algumas espécies animais e vegetais, ocorrem cada vez mais problemas em cadeias
alimentares e, consequentemente, prejuízos para o ecossistema. A caça de animais, a poluição
das águas e do ar, entre outros, são os fatores que influenciam diretamente este tipo de
problema ambiental.
1.3. Classificação dos seres vivos segundo os hábitos alimentares
Os seres vivos, dependendo do tipo de alimentos que preferem, podem ser classificados em
carnívoros, herbívoros e omnívoros.
Carnívoros são aqueles que se alimentam predominantemente de carne, proveniente de
animais vivos ou mortos. Os que se alimentam de animais vivos designam-se predadores (figura
8) e os que se alimentam de animais mortos denominam-se necrófagos. São exemplos de
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animais predadores os leões e crocodilos; as hienas, por seu lado, são exemplo de animais
necrófagos.
Figura 8: Animal carnívoro caçando herbívoro (Thomas Whetten/Caters/BBC Brasil)
Herbívoros são aqueles que consomem plantas vivas ou parte delas. Exemplos: cabrito, coelho,
cágado, etc.
Figura 9: Animal herbívoro (kytalpa)
Omnívoros – são aqueles que se alimentam de plantas e de animais. Exemplos: seres
humanos, ursos, ratos, etc.
2. Importância do Meio Ambiente
O meio ambiente natural desempenha várias funções que, de forma direta ou indireta,
beneficiam os seres humanos. De entre as várias utilidades do meio ambiente, destacam-se a
regulação, o suporte, a produção e a informação (Disponível no website “Gestão Costeira
Integrada”; Duraiappah, 2005).
a) Função de Regulação
O papel da regulação do meio ambiente está relacionado com a capacidade que os
ecossistemas têm de ajustarem processos ecológicos essenciais, contribuindo para a saúde do
ambiente, no seu todo, e para a sustentabilidade ambiental e económica de uma região. Entre os
processos de regulação, destacam-se: prevenção da erosão através das raízes da vegetação;
formação e manutenção da fertilidade do solo; regulação do controle das populações; e
purificação da água e do ar (Duraiappah, 2005).
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A reprodução das plantas, através da polinização, realizada por insetos, pássaros e outro tipo de
animais, faz parte desta função.
b) Funções de Suporte
É a capacidade do meio ambiente natural de fornecer espaço e substrato adequado para o
desenvolvimento de atividades dos seres vivos e para a sua sobrevivência. Esta função
comporta habitats para os animais e seres humanos, possibilita a prática da agricultura,
pecuária, aquacultura, etc., bem como a conversão de energia, recreação, turismo e proteção da
natureza.
c) Funções de Produção
É a capacidade do meio ambiente natural de fornecer recursos naturais necessários para a vida
dos seres vivos. Os recursos fornecidos podem ser usados imediatamente ou transformados.
As funções de produção compreendem a oferta de oxigénio, água, alimentos (frutas silvestres,
peixes, etc.), energia, recursos genéticos e medicinais, matéria-prima para vestuário e
construção de casas, fertilizantes e alimento para animais (Duraiappah, 2005).
d) Funções de Informação
O papel de informação consiste em contribuir para a obtenção de informações científicas,
históricas e culturais, manutenção da saúde mental, promoção de oportunidades de apreciação
da beleza cénica (características estéticas), enriquecimento espiritual, desenvolvimento de
características culturais e inspiração artística (Duraiappah, 2005).
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Capítulo II
3. Cuidados a ter com o meio ambiente
Todos os seres vivos são parte integrante do meio ambiente natural e dependem dele para a sua
sobrevivência. Os seres humanos em particular, têm o direito de viver num ambiente equilibrado
e o dever de o defender (Nr. 1, Art. 90, Constituição da República de Moçambique). Defender o
meio ambiente consiste, por um lado, na obrigação de não contribuir para a sua degradação, e
por outro, na reação contra qualquer ofensa contra o mesmo.
Associado a este, existe a obrigação de cada cidadão pautar pela utilização dos recursos
naturais de forma responsável, assim como o dever de encorajar outras pessoas a procederem
do mesmo modo (Art. 24, Lei do Ambiente). Assim, cada um de nós deve tornar-se um
consumidor ecológico, agindo ou ajudando os outros a terem atitudes positivas a favor do meio
ambiente.
Devemos evitar, tanto quanto possível, o uso de materiais que possam contribuir para a
proliferação do lixo, como é o caso de embalagens descartáveis e que não se degradam
rapidamente. Acumular lixo próximo dos locais frequentados por pessoas contribui para a
acumulação de pragas que podem provocar doenças às pessoas e alterar a qualidade do ar.
Certas espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, devido à sua exploração
excessiva, entre outros fatores. Assim, é importante reduzir ao máximo o uso de materiais
extraídos deles.
O petróleo, o carvão mineral e o gás natural são recursos naturais que levam milhões de anos a
formar-se. A sua exploração necessita de elevados investimentos, por isso deve-se evitar o seu
desperdício.
3.1. Resíduos Sólidos
Um dos principais problemas ambientais e de saúde pública que as áreas residenciais das
cidades enfrentam atualmente é a produção excessiva e acumulação de resíduos sólidos,
associadas à falta de tratamento e de locais adequados para o depósito.
O termo resíduo corresponde aos restos que sobram dos processos de consumo ou de produção
e que, ainda assim, possuem algum valor, podendo ser aproveitados. Por seu turno, lixo é tudo o
que se considera não aproveitável e sem nenhum valor (Pereira, 2004).
Os resíduos são produzidos por cada um de nós, desde que consumamos algo, do qual sobre
uma parte inicialmente considerada inútil levando-nos a classificar como lixo.
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3.1.2. Problemas Causados pela Acumulação de Resíduos Sólidos1
O processo de apodrecimento de resíduos (também chamado de decomposição) culmina com a
formação de um líquido escuro, chamado chorume, que pode contaminar o solo e o lençol
freático (Pereira, 2004).
Durante a decomposição da matéria orgânica, pode ocorrer também a formação de gases
tóxicos, capazes de se acumular no subsolo ou de evaporar para a atmosfera, espalhando mau
cheiro e possibilitando a ocorrência de doenças. O mesmo acontece quando o resíduo é
queimado, uma vez que pode haver a emissão de partículas para a atmosfera, alargando os
impactos desta ação para locais distantes do depósito final e afetando assim os seres vivos.
Os locais de acumulação e de deposição final do lixo e resíduos são os mais preferidos pelos
insetos e outros agentes transmissores de doenças (vetores), devido à abundância de alimentos,
humidade e abrigo, consideradas condições próprias para o seu desenvolvimento.
Existem dois tipos de vetores presentes no lixo: micro- e macro-vetores.
Os micro-vetores são animais de pequeno porte, dos quais fazem parte insetos, bactérias,
fungos, entre outros.
Os macro-vectores são constituídos por animais de maior porte, como ratos, cães, gatos, aves,
entre outros.
Além dos impactos imediatos para o ambiente no seu todo, a deposição de resíduos sólidos
pode contribuir de maneira significativa para o processo das mudanças climáticas, através das
substâncias gasosas libertadas para a atmosfera, que aumentam a vulnerabilidade da atmosfera
à radiação solar.
De forma particular, o lixo tem um impacto negativo na saúde pública, devido à libertação de
substâncias durante a acumulação, decomposição ou queima, que podem ser disseminadas pelo
solo e pelo ar, contribuindo para a multiplicação de doenças.
As pessoas que manejam diretamente o lixo correm sérios riscos de saúde, se não usarem
equipamento adequado de proteção e de segurança ocupacional.
Os resíduos sólidos podem conter substâncias tóxicas, perigosas para a saúde humana.
Dependendo dos componentes dos resíduos, podem encontrar-se as seguintes substâncias
químicas:
1 Gouveia, Nelson, Resíduos sólidos urbanos: impactos socio-ambientais e perspetiva de manejo sustentável com inclusão social, revista Ciência
e saúde coletiva vol.17 no.6 Rio de Janeiro Jun. 2012.
15




Cádmio e Níquel (material plástico e pilhas)
Zinco (material plástico, pilhas, papel e borracha)
Chumbo (metais ferrosos)
Mercúrio (papel)
As substâncias químicas indicadas acima podem contaminar o solo, o ar, a água e os lençóis
freáticos, acumulando-se em toda a cadeia alimentar (trófica), provocando intoxicação nos seres
humanos e outros animais, quando estes ingerem alimentos contaminados pelas substâncias
químicas.
3.1.2.1. A Regra dos 3R’s
Os resíduos sólidos constituem um problema cuja solução está associada à mudança de hábitos
de consumo, principalmente nas sociedades urbanas. A maior parte das ações que contribuem
para a mudança de costumes estão associadas à adoção da regra dos três erres 3R´s, que
querem dizer Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
3.1.2.1. 1. Reduzir
A redução do lixo passa pela limitação dos níveis de consumo ao que é necessário. É um hábito
cada vez mais urgente e deve começar com as escolhas que cada um faz (Hailes, 2008).
Cada um de nós deve programar o que precisa para o seu sustento, comprar apenas a
quantidade de alimentos necessária para o consumo. Isso evita o desperdício e reduz a
produção de resíduos.
Ao fazermos compras, devemos usar o menor número possível de embalagens, pois estas
depois de usadas são descartadas, contribuindo para o aumento de resíduos.
É importante assinalar que, quando descartamos algum material, não apenas nos livramos deste
mas, sobrecarregamos o meio ambiente para a sua eliminação. Existem casos em que o
material descartado pode constituir matéria-prima para novos materiais iguais ou diferentes dos
iniciais.
3.1.2.2. Reutilizar
A reutilização consiste em usar de novo componentes dos resíduos, antes de rejeitá-los. O fim a
que se destina pode ser o mesmo ou diferente do produto inicial. Nas residências é comum
encontrar embalagens que continham sumos, latas de conserva, etc, a serem usadas como
vasos para flores, bolsas para plântulas e para outros fins (Hailes, 2008).
Os envelopes velhos podem voltar a ser usados, para outros fins, as folhas usadas numa única
face podem ser reutilizadas para imprimir ou escrever na face que estiver limpa.
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Os pneus de carros e/ou recipientes plásticos podem ser usados para a decoração depois de
devidamente preparados.
A água usada para lavar hortícolas pode ser reutilizada para lavar o quintal, regar o jardim, ou
ainda para outros usos.
Deve usar-se, de preferência, embalagens ou materiais reutilizáveis ao invés de descartáveis,
como, por exemplo, sacola de pano ou cesto em vez de plástico, ou, no caso dos refrigerantes, a
garrafa, por existir a possibilidade de a devolver, ao passo que a lata se descarta.
3.1.2.3. Reciclar
A reciclagem é o processo de transformação de resíduos em outros materiais diferentes dos
iniciais, mas com características similares. O lixo reaproveitado é usado como matéria-prima
para um novo produto (Hailes, 2008).
O termo reciclagem é geralmente utilizado para designar processos de transformação de
materiais usados, como o papel, o vidro, o plástico em materiais novos, mas de características
diferentes dos iniciais.
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Capítulo III
4. Ecossistemas das Florestas
Existem vários tipos de ecossistemas, que podem ser classificados em dois grupos:
ecossistemas terrestres e aquáticos.
Nos ecossistemas terrestres, podemos encontrar as florestas, as montanhas, as savanas, os
desertos, entre outros.
Os ecossistemas aquáticos compreendem os mares e oceanos, os lagos, os rios, etc.
4.1. Ecossistema das Florestas
4.1.1. Definição e Caraterísticas
Florestas – Cobertura vegetal capaz de fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna
e exercer um efeito direto ou indireto sobre o solo, clima ou regime hídrico (Lei de Florestas e
Fauna Bravia, Lei nº 10/99, de 07 de Julho).
As florestas nativas, ou seja, naturais, podem apresentar árvores de grande porte, de copa larga
e arbustos (Figura 10).
Figura 10: Floresta (CTV)
4.1.2. Importância das florestas na preservação do meio ambiente
Tanto as florestas nativas como as plantações são importantes em termos ecológicos, sociais,
culturais e económicos.
4.1.2.1. Importância Ecológica
A floresta exerce influência direta sobre os fatores ecológicos, solo e clima, criando condições
para o desenvolvimento dos seres vivos. A floresta desempenha um papel importante na
regularização e estabilização dos regimes hidrológicos.
Outras funções ecológicas importantes da floresta são:
 Regular o fluxo e melhoria da qualidade da água em bacias hidrográficas;
 Equilibrar as populações de insetos e pragas agrícolas;
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 Produzir o oxigénio; e
 Sequestrar e fixar o carbono. (Fugihara, 2009)
4.2.1. Regularização dos Regimes Hidrológicos
A floresta retarda o escorrimento superficial da água, proporcionando mais tempo de infiltração
nas camadas subterrâneas que alimentam as nascentes.
Parte da água que não é recebida deste modo cai direta ou indiretamente nas águas
subterrâneas, lagos, rios e oceanos, regularizando assim o regime hidrológico e contribuindo
para a melhoria da qualidade da água (Fugihara, 2009; Figura 11)
Figura 11 – Demostração de regimes hidrológicos (gislainega.blogspot.com)
4.2.2. Estabilização do Clima
A floresta é considerada o grande “pulmão” do planeta Terra e dos seus mais diversos
ecossistemas. É através das florestas que a terra respira, sendo, por isso, um fator moderador
do clima. Dito de outra maneira, as florestas purificam o ar atmosférico através do processo de
fotossíntese, que ocorre quando as plantas absorvem o dióxido de carbono (CO2) do ar e
libertam o oxigénio, que os animais respiram (Fugihara, 2009).
De forma resumida, a floresta é considerada:
 Habitat de uma grande parte das espécies animais e vegetais;
 Um protetor importante do solo através de:

Raízes que protegem o solo da erosão, aumentando a porosidade na estrutura
do solo e melhorando assim a capacidade de infiltração e circulação da água;
 Copa das árvores, que forma um verdadeiro protetor contra a agressividade das
gotas da chuva, dos ventos e da intensidade da radiação solar;
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 Folhas, que absorvem a água, facilitam a sua infiltração no substrato para a
reciclagem de nutrientes;
 Conservarem a humidade, tornando o clima da região mais fresco; e
 Contribuem para a fertilidade dos solos, através do depósito de nutrientes.
4.2.3. Importância Social, Cultural e Económica
Nos países desenvolvidos, a exploração da madeira para o fabrico de mobiliário, construção de
civil, de meios de transportes como barcos, entre outros, é a principal utilidade da floresta,
enquanto que, nos países em vias de desenvolvimento (como é o caso de Moçambique), a
exploração da madeira para vários fins e também para obtenção de energia (lenha e carvão) é
tida como um dos principais usos.
O consumo e a venda de produtos e serviços associados às florestas como apicultura, frutos
silvestres e outros também constituem vantagens, nesta área.
São vários os benefícios que podem ser obtidos a partir das florestas, com destaque para:
 Obtenção de material de construção (Figura 12), como madeira, folhas, estacas, lacalacas, cordas, entre outros);
 Obtenção de alimentos e materiais aplicados em várias situações nas comunidades,
como destilação de bebidas alcoólicas (condensadores artesanais, colas, etc.), produção de
colmeias para a apicultura (Figura 12).
 Desenvolvimento de atividades turísticas para a visitas de estudo, lazer, benefícios a
saúde e outras;
 Realização de cultos religiosos e atos culturais;
 Extração da celulose existente nas plantas para o fabrico de diversos tipos de papel,
produtos sanitários e de higiene pessoal;
 Fonte de energia para diversos fins.
Figura 12: Casa feita de madeira e colmeia feita de caule de uma árvore (CTV)
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4.3. Fatores Humanos que Ameaçam a Existência das Florestas
4.3.1. Agriculta Itinerante
Agricultura itinerante é um tipo de sistema agrícola primitivo, em que se abate uma parte da
floresta, ou outros tipo de áreas, seguido de queimadas, como técnica de preparação da terra
para cultivo de subsistência, usando-a durante períodos curtos de tempo do que aqueles
destinados ao pousio (Conklin; Posey, Eden & Andrade, Kleinman et al. (apud Júnior, 2008).
Esta técnica que também é chamada de Agricultura de corte e queima é uma adaptação
altamente eficiente às condições onde o trabalho, e não a terra, é o fator limitante mais
significativo na produção agrícola (Boserup apud Júnior, 2008).
Consequências:
A agricultura itinerante contribui para a devastação de florestas, pois várias áreas florestais são
transformadas em áreas agrícolas, em consequência de as áreas de cultivo anteriores terem
perdido a sua fertilidade e terem sido abandonadas (Júnior, 2008).
O desflorestamento progressivo, causado pela necessidade de rotação da terra para a prática da
agricultura, pode ter as seguintes consequências:
 Rápido empobrecimento do solo;
 Extinção de espécies de seres vivos (plantas e animais);
 Escassez de lenha e carvão e (etc.).
4.3.2. Queimadas Descontroladas
As queimadas descontroladas são processos de queima da vegetação, realizados sem o
cumprimento de normas e práticas apropriadas, conduzindo à destruição de extensas áreas do
ecossistema incluindo florestas.
Causas
Existem duas causas que concorrem para as queimadas descontroladas: as naturais e as
resultantes das atividades humanas. As causas naturais compreendem os relâmpagos e faíscas,
que, caso ocorram em áreas secas, podem provocar incêndios.
As causas relacionadas com as atividades humanas são tidas como sendo as mais graves e
são, geralmente, originadas pela abertura de novas áreas para práticas agrícolas, caça furtiva,
limpeza das imediações das residências, defesa contra os animais ferozes. Há ainda a
considerar algumas causas acidentais, como beatas de cigarros não apagadas, abandono de
fogueiras após o uso na extração de mel ou mesmo na caça e na produção de carvão vegetal
(Figura 13).
21
Figura 13. A queima de uma área com vegetação (CTV)
Consequências:





Destruição de habitações, celeiros e outros bens de sobrevivência;
Morte de plantas e animais;
Perda de matéria orgânica e, consequentemente, da fertilidade do solo, devido à morte
de microrganismos que participam no processo de fertilização;
Emissão de excessivas quantidades de dióxido de carbono, diminuindo assim as
reservas de carbono na terra e, consequentemente, contribuindo para o aquecimento
global;
Redução da cobertura vegetal, expondo o solo aos fatores de erosão (Figura 14).
Figura 14: Área queimada (CTV)
5. Medidas para uma Melhor Conservação e Gestão Sustentável das Florestas
A maior parte das florestas é assolada por queimadas descontroladas que têm vindo a destruir
recursos naturais e infra estruturas de forma cíclica. Esta prática associada à agricultura
itinerante e à exploração insustentável de plantas medicinais constitui um fator que contribui para
o desequilíbrio ecológico.
22
5.1. Agricultura de Conservação
A agricultura de conservação baseia-se num conjunto de práticas2 que permitem o maneio do
solo agrícola com a menor mudança possível da sua composição, estrutura e biodiversidade3.
Este tipo de cultivo, de um modo geral, inclui qualquer prática que reduza, mude ou elimine a
mobilização do solo45 e que evite a queima de material orgânico, mantendo assim, ao longo do
ano, material à superfície do solo (ADPP).
A agricultura de conservação é uma alternativa à destruição, sobretudo das florestas, causada
pela prática da agricultura itinerante, queimadas descontroladas e outros hábitos que colocam
em risco as florestas e outros recursos naturais. Também chamada de agricultura sustentável,
esta prática permite que o agricultor alcance vários benefícios, tanto ambientais, sociais, como
económicos (Privavesi, 1992).
5.1.1. Vantagens da agricultura de conservação
As seguintes vantagens foram identificadas por Privavesi (1992):
a) Maior produção agrícola em relação à agricultura tradicional, sem recurso a adubos e/ou
fertilizantes industriais;
b) Manutenção da fertilidade do solo, através de uma cobertura permanente, que impede a
erosão do solo e ajuda a aumentar os níveis de fertilidade;
c) Controlo de pragas através da diversidade de culturas, uma vez que podem cultivar-se várias
espécies de uma vez. A diversidade confere segurança económica em caso de incidência de
doenças e pragas;
c) Reciclagem de nutrientes com destaque para o material orgânico. Os ciclos de nutrientes são
realizados com a ajuda de compostos, adubos verdes, rotações de cultura, etc.
2
Recuperação da fertilidade do solo através da melhoria das suas características físicas (manutenção ou melhoria da estrutura),
químicas (elevação do teor de matéria orgânica) e biológicas (criação e manutenção de condições favoráveis para os organismos
do solo), (Taimo, 2007);
(diversidade biológica) Variedade e variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens terrestres e marinhos nos
vários níveis de classificação (Salomão, 2006);
3
Um processo que consiste em lavoura que se limita na abertura das linhas de sementeira ou covachos destinados a colocação
de sementes. O ideal é plantar ou semear direto sem lavrar (Taimo, 2007).
4
23
Capitulo IV
6. Atividades Práticas
6.1. Passeio pelo ambiente escolar
Objetivo:
 Observar e reconhecer o espaço escolar;
Material necessário: Lápis de carvão, de cor e papel
Procedimentos de acordo com Branco (2010):
- Acompanhados pelo professor, os alunos realizam um passeio pela escola durante cerca de 25
minutos, observando as atividades que os seus colegas ou funcionários realizam no pátio;
- Depois do passeio, cada aluno deve desenhar o espaço de que mais gostou;
- De seguida, os alunos apresentam os seus desenhos, explicando as razões da escolha dos
locais;
- Na sala de aulas, o professor coloca os alunos sentados em forma de círculo e inicia uma
discussão sobre a importância da escola na vida das pessoas e sobre o respeito ao espaço
alheio.
- O professor deve conduzir a conversa no sentido de consciencializar os educandos sobre os
aspetos da área escolhida e as boas ações que devem ser realizadas para manter o ambiente
são.
6.2. Passeio ecológico
Objetivos:
 Descobrir quais são os elementos que fazem parte do meio ambiente natural;
 Perceber que o ser humano é parte integrante do meio ambiente natural.
Material necessário: Lápis de cor, papel, cartolina
Procedimentos de acordo com Branco (2010):
O professor deve organizar um passeio de alunos para uma floresta, um jardim ou uma praia que
não tenha modificações profundas;
 Os alunos devem organizar-se aos pares;
 Cada um deve identificar componentes do meio ambiente natural como é o caso dos seres
vivos (plantas e animais), ar, água, dunas, solos, etc, e encetar uma conversa com o
companheiro sobre a importância desses recursos;
 De volta à escola ou sentados em planária, os pares devem organizar as suas ideias sobre o
que viram no passeio;
 De seguida, o par deve montar um painel, com base na informação que colheu;
24
 No fim, cada dupla apresenta o seu painel, explicando o conteúdo ao professor e aos
colegas;
 Finalmente, o professor irá resumir o conteúdo de cada apresentação e realçar aspectos não
abordados pelos alunos.
6.3. Diálogo sobre o meio ambiente
Objectivos:
 Refletir sobre a responsabilidade de cada ser humano para a manutenção do meio
ambiente;
 Incentivar a adoção de ações pro-activas para com o meio ambiente;
Material:
Papel e Lápis
Procedimentos:
 Numa sala, os alunos devem sentar-se num grande círculo;
 O professor deve pedir aos alunos para que cada um relate o que gostaria de fazer pelo meio
ambiente para que seus recursos naturais sejam duradoiros;
 Cada aluno deve anotar, para além da sua, mais uma observação que considerar relevante;
 O professor deve moderar o diálogo aprofundado as questões mais relevantes de cada
intervenção;
 No final de um certo período (um mês ou mais), o professor deve repetir a atividade para
avaliar se os alunos realizaram seus desejos para melhoria do meio ambiente. Caso contrário,
deverão ser alistadas todas as razões que inviabilizaram a ação.
6.4. O que se faz com o lixo doméstico
Objetivos:
 Compreender que o lixo é uma produção do ser humano;
 Reconhecer a necessidade de promover a separação do lixo e o depósito em locais a
apropriados.
Material:
Cartolinas e canetas:
Procedimentos
 O professor deve reunir os alunos e instruir-lhes sobre iniciação à pesquisa. Em grupo,
podem entrevistar pessoas da escola ou da sua casa sobre o que costumam pôr no lixo. (desde
papéis, restos de comida, cascas de fruta, etc.);
 Cada grupo de alunos deve apresentar uma sugestão em relação ao tipo de lixo escolhido –
doméstico, de escritório, etc., que deve ser desenhado na cartolina e partilhado para a classe
toda.
25
 O professor deve observar se foram descritos os tipos de lixo e promover uma discussão
sobre como as pessoas poderiam minimizar o problema do excesso de lixo na cidade;
 Depois das anotações sobre as respostas e comparações entre grupos, o professor deve
orientar a seguinte discussão:
 Quais os materiais mais frequentes no lixo?
 Estes materiais poderiam ser reaproveitados ou reciclados?
 Será que o lixo está a ser depositado em locais apropriados?
26
Capitulo VI
7. Reciclagem orgânica (compostagem da matéria orgânica)
A compostagem é um processo biológico, através do qual os microrganismos convertem a parte
orgânica dos resíduos sólidos num material estável, tipo húmus, conhecido como composto
(Sartori, 2008).
Nos resíduos orgânicos, existem várias espécies de microrganismos que participam no processo
de compostagem. A reciclagem da matéria não orgânica (plásticos, metais, borracha, etc.) difere
da compostagem pelo facto de a primeira realizar a transformação de resíduo com auxílio de
energia elétrica (de Oliveira, 2008).
A matéria orgânica reciclável é constituída por restos de alimentos, frutas, verduras, cascas,
folhas, podas de árvores, etc. A compostagem é realizada com o uso dos próprios
microrganismos presentes nos resíduos, à temperatura ambiente. (de Oliveira, 2008).
Tabela de Materiais que podem ser compostados:
Verdes
Cascas
de
batata
Legumes
Hortaliça
Restos e cascas de frutos
Cascas de frutos secos
Restos
de
pão
Arroz,
massa
Cascas de ovos esmagados
Folhas e sacos de chá
Cereais, restos de comida
cozida
Castanhos
Palha
Aparas de madeira e serradura
Aparas de relva e erva secas
Folhas secas, ramos pequenos
Pequenas quantidades de cinzas de
madeira
7.1. Formas de Compostagem
a) Pilha de Compostagem
Na pilha de compostagem, o material a compostar é amontoado em forma de pirâmide ou é
encostado a um muro. A pilha deve ter aproximadamente dois metros de diâmetro e um metro de
altura (Compostagem: disponível em http://portal.smsbvc.pt/rsu/compostagem).
27
Figura 15: Compostor de parede (http://portal.smsbvc.pt/rsu/compostagem)
b) Buraco na Terra
O compostor de buraco consiste numa escavação na terra com cerca de 60 centímetros de
diâmetro e entre 25 a 65 centímetros de profundidade (Compostagem disponível em:
http://portal.smsbvc.pt/rsu/compostagem).
Figura 16: Compostor de buraco na terra (http://portal.smsbvc.pt/rsu/compostagem)
c) Malha de Rede
O compostor de rede é feito a partir de uma rede metálica ou plástica com 2 a 3 centímetros de
malha colocada em forma de cilindro com um metro de altura e 80 centímetros de diâmetro. Para
sustentar a rede podem-se usar estacas de madeira. Este compostor é utilizado somente para
resíduos
de
quintal/jardim
(Compostagem
disponível
em:
http://portal.smsbvc.pt/rsu/compostagem).
Figura 17: Compostor de rede (http://acompostagem.blogspot.com/)
7.2. Passos a observar durante a compostagem
Independentemente do tipo de compostor, o processo de compostagem segue a mesma
sequência, conforme a descrição adiante.
a) Coloque no fundo do recipiente ou do compostor, uma camada de aproximadamente 20
centímetros de palha ou ramos cortados, de forma a permitir o arejamento e a circulação de
água;
28
b) A camada seguinte deverá ser constituída por restos de alimentos cortados em pedaços
pequenos (para acelerar o processo de decomposição);
c) Os restos de comida devem ser misturados e ligeiramente cobertos por resíduos de jardim
secos para evitarem a aproximação de moscas;
c) Alterne sempre as camadas de resíduos verdes e material vegetal;
Depois de montar e ter adicionado os primeiros materiais ao compostor, pode continuar a
adicionar materiais do seguinte modo:
I. Separe os materiais orgânicos na cozinha;
II. Abra um buraco no material que está no compostor usando um ancinho ou uma pá, deite
os materiais da cozinha, castanhos e verdes do jardim, misture e cubra com material
castanho.
III. O compostor deve permanecer em maturação e periodicamente deve-se revirar, do
seguinte modo:
IV. Usando uma pá ou ancinho revire a pilha quinzenalmente, retirando todos os materiais e
encha novamente o compostor, começando pelo conteúdo que estava no topo.
V. Avalie o nível de humidade da pilha introduzindo um pau no interior da pilha que deverá
estar seco ou húmido. Se estiver demasiado seco, regue a pilha uniformemente,
adicione materiais verdes;
VI. Para ajudar a entrada de ar, revire os materiais com um ancinho;
VII. Caso tenha muita humidade ou tiver demasiados materiais verdes, adicione os
castanhos;
VIII. Sempre que misturar os materiais, cubra-os com materiais castanhos;
IX. Continue a colocar os materiais em camadas. Poderá usar o composto ao fim de
aproximadamente 4 meses. Se virar menos frequentemente, demorará mais tempo.
29
Anexo
30
1. Extratos da Legislação sobre o uso sustentável de recursos naturais
1.1. Constituição da República de Moçambique (CRM) de 2004
Os recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na
plataforma continental e na zona económica exclusiva são propriedade do Estado (Artigo 35º nº
1).
A terra é propriedade do Estado (Artigo 46º nº 1).
Como meio universal de criação da riqueza e do bem-estar social, uso e aproveitamento da terra
é direito de todo o povo moçambicano (Artigo 46º nº 3).
Alternativamente:
Artigo 35, número 1: Os recursos naturais situados no solo e no subsolo, nas águas interiores,
no mar territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva são propriedade do
Estado
Artigo 46, número 1: A terra é propriedade do Estado
Artigo 46, número 3: Como meio universal de criação da riqueza e do bem-estar social, uso e
aproveitamento da terra é direito de todo o povo moçambicano
1.2. Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei nº 19/97, de 01 de Outubro)
O titular de uso e aproveitamento da terra, quer por ocupação, quer por autorização do pedido,
carece de licença para exploração dos recursos florestais e faunísticos naturais existentes na
sua respetiva área, salvo quando for para consumo próprio.
É condenado a pena de prisão de até um ano e multa correspondente, aquele que,
voluntariamente puser fogo e por este meio destruir em todo ou em parte seara, floresta, mata ou
arvoredo.
Se o infrator tiver cometido uma infração contra espécies de flora e fauna raras, ameaçadas ou
em vias de extinção, assim declaradas por lei, a sua situação agrava-se.
1.3. Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Decreto nº 12/2002, de 6 de Junho)
A utilização dos recursos, nos termos da lei, não deve pôr em causa o ecossistema e o equilíbrio
ecológico da zona de proteção (Artigo 4º).
Constituem objeto de caça toda fauna bravia que habite ou transite pelo território nacional,
enquanto nele se encontrar, com exceção dos protegidos por lei (Artigo 43º).
É proibido o exercício da caça, nos seguintes locais e circunstâncias:
a) Zonas de proteção;
b) Queimadas ou terrenos enquanto durar o fogo ou a inundação, até um limite de 500
metros dos terrenos adjacentes (46º).
31
A exploração de fauna bravia pelas comunidades locais para consumo próprio será feita nas
seguintes zonas:
a) Caça nas zonas de uso e de valor histórico-cultural;
b) Caça nas zonas de utilização múltipla;
c) Caça nas coutadas oficiais;
d) Caça nas florestas produtivas.
Salvo nos casos expressamente referidos no regulamento da lei de florestas e fauna bravia, não
é permitido o uso de queimada de floresta, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e
criminal nos termos da lei (106º).
32
Bibliografia
Hailes, J., Elkington, J.; Guia do Jovem Consumidor Ecológico, Editora Gradiva, 2ª edição,
Lisboa, 2008.
Serra, C.; Coletânea de Legislação do Ambiente, Centro de Formação Jurídica e Judiciária –
Ministério da Justiça, 3ª Edição Revista e Aumentada, Maputo, 2007.
Salomão, A.; Lei do Ambiente Comentada, Centro de Formação Jurídica e Judiciária – Ministério
da Justiça, Maputo, 2006.
Da Silva, A.; D, Gramaxo F.; Mesquita J.; Santos M.; E. Cruz.; Biologia: O Homem na Biosfera:
8º Ano de Escolaridade, Porto editora, 3ª edição, Porto, 1990.
Duraiappah, A. K, Explorar as ligações, PNUA & IIDS, Nairobi, 2005.
Constituição da República de Moçambique (CRM), Escolar Editora, Maputo, 2004.7.
Serra, C. M.; Coletânea de Legislação Sobre a Terra, Centro de Formação Jurídica e Judiciária –
Ministério da Justiça, 3ª Edição Revista e Aumentada, Maputo, 2009.
Maia, C. M. B de.; F, Budziak, C. R.; Paixão, R. E. da; Mangrich, A. S.; Compostagem de
Resíduos Florestais: Um guia para produção de húmus através da reciclagem e
aproveitamento de resíduos florestais, Embrapa Florestas, Colombo, 2003.
Sartori, V.; Compostagem: produção de fertilizantes, a partir de resíduos orgânicos, dissertação
de mestrado: Universidade de Caxias do Sul, São Paulo, 2008.
De Oliveira, E. C.A.; Sartori, R. H.; Garcez, T.B.; Compostagem, dissertação de pós –graduação
em solos e nutrição de plantas, São Paulo, 2008.
Júnior, N. N. P.; Murrieta, R. S. S., Adams, C.; A agricultura de corte e queima: um sistema em
transformação, Universidade de São Paulo. Instituto de Biociências. São Paulo, Brasil,
2008.
Fujihara, M. A.; Cavalcanti, R.; Guimarães, A; Garlipp, R.; O Valor das Florestas, Terra das
Artes, São Paulo, 2009.
Pinto –Coelho, R. M.; Fundamentos em Ecologia, Artmed Editora S.A, São Paulo, 2000.
Pereira, G. R.; Programa de Gestão de Resíduos Sólidos, Cordenadoria de Comunicação Social
– FURB, Santa Catarina, 2004.
Macucule, A.; Introdução a Gestão Participativa de Recursos Naturais, IUCN, ML Graphics,
Maputo, 2006.
Privavesi, A.; Agricultura Sustentável: Manual do Produtor Rural, Ana Privavesi, Editora Nobil,
Brasil, 1992.
ADPP; Agricultura de conservação: Ajuda as crianças e ao meio ambiente, Zambia
Taimo, J. O.; Calegari, A.; Manual de Agricultura de Conservação para técnicos e agricultores,
Instituto de Gestão de Calamidades Naturais – Promoção Económica de Camponeses,
Beatrice TSCHINKEL, Beira – Viena, 2007.
Branco, S.; Meio ambiente e educação ambiental na educação infantil e no ensino fundamental,
Amir Piedade, Cortez editora, 2ª edição, Brasil, 2010
Sobiologia. Disponível em: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/Ecologia2.php.
Acedido em 16 de Fevereiro de 2015.
Gestão Costeira Integrada. Disponível em: http://www.aprh.pt/rgci/glossario/funcoes-esa.html.
Acedido em 29 de Janeiro de 2015.
33
Compostagem. Disponível em: http://portal.smsbvc.pt/rsu/compostagem. Acedido em 29 de
Janeiro de 2015
34
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